Buscar

Secagem de Peças Cerâmicas USP

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Secagem de Peças Cerâmicas
Adaptado de um texto de Paschoal Giardullo - USP
O Processo de secagem é fundamental na fabricação de peças de cerâmica.
 Nesse artigo vamos abordar, de forma empírica, o que acontece durante a secagem das peças 
cerâmicas, e os defeitos que podem ocorrem durante esse processo.
 Normalmente, quando conformamos uma peça cerâmica usando massas plásticas, quer em torno 
ou por extrusão, e ainda por colagem, estamos trabalhando com pastas e barbotinas que, 
habitualmente, contém entre 25 a 50% de água, no caso das barbotinas.
 Toda essa água deverá ser retirada da peça antes da queima. Caso contrário, a peça vai explodir 
dentro do forno, do mesmo modo que grãos de milho explodem sob ação do calor, 
transformando-se em pipoca. A secagem é o estágio do processo cerâmico pelo qual retiramos 
essa água.
 Para se entender o mecanismo da secagem, precisamos ter algum conhecimento sobre as 
propriedades do ar no processo, que atua como elemento condutor de calor e transportador de 
vapor de água produzido. Para a água se evaporar, ela consome calor para passar do estado 
líquido para o estado de vapor. Esse consumo de energia faz com que a temperatura na superfície 
do corpo cerâmico diminua. O ar nas proximidades fica saturado de vapor d'água, e isso 
interrompe o processo.
 É o que acontece quando colocamos a peça dentro de um saco plástico fechado. Depois de 
um certo tempo, a secagem praticamente é interrompida, pois o ar no interior do saco fica 
saturado de umidade.
 Para a secagem continuar, precisamos fornecer calor à peça e remover a umidade de sua 
volta. E quem faz isso com bastante facilidade é o ar, principalmente se ele circular e for 
aquecido.
 Logo após a conformação da peça cerâmica, a água está distribuída quase que homogeneamente, 
entre as partículas de argila e outros componentes da massa cerâmica, que também precisa ser 
retirada homegeneamente, já que a saída da água faz com que as partículas se aproximem, 
diminuindo o tamanho da peça. Se essa diminuição não for igual poderá provocar trincas ou, em 
casos extremos a quebra da peça.
 A primeira água a sair da peça é aquela que se encontra na superfície ou muito próxima 
dela. Em seguida, esta água migra do interior da peça até a superfície para evaporar. Quanto 
mais espessa a peça, mais demorado e difícil é o seu processo de secagem.
 A velocidade de evaporação a água, em uma superfície livre, depende de vários fatores. Os 
principais são: temperatura do ar, velocidade do ar, teor de água no ar (umidade) e temperatura 
da água.
 No início da secagem, quando a água está na superfície ou próxima a ela, a velocidade de 
secagem é constante. No momento em que esta água é eliminada, a velocidade vai diminuindo, 
pois ela, antes de evaporar, tem que se deslocar até a superfície. Neste ponto, a peça muda de 
cor, passa do aspecto úmido para o aspecto seco.
Portanto até o ponto onde a velocidade de secagem começa a diminuir, há sobre a 
superfície da peça uma película contínua de água, que funciona como água livre. Abaixo desse 
ponto, porém, a água se encontra cada vez mais no interior dos poros de forma que a velocidade 
de secagem é cada vez menor.
 Na Fig. 1, temos as fases de secagem de uma argila úmida em uma seção transversal à 
superfície, e o gráfico da Fig. 2 também está mostrando esse fenômeno. As letras do gráfico 
correspondem às fases da secagem da Fig. 1.
1
Fig. 1 – Fases do processo de secagem. (A) Água interpartículas ou intercamadas, (B) água nos poros, (C) água adsorvida e (D) peça seca.
Fig. 2 – Etapas do processo de secagem.
As condições climáticas do local como a temperatura do ambiente, a umidade relativa do ar 
e a ventilação tem que ser levada em consideração, obrigatoriamente.
Nos parágrafos anteriores, ficou bem claro que na secagem as peças cerâmicas diminuem 
de tamanho, e isso indica que ela terá que se movimentar sobre o apoio, portanto, principalmente 
as peças grandes e pesadas devem ser colocadas sobre uma base que possibilite esse 
deslocamento; se a peça ficar presa à base, seguramente aparecerão trincas na secagem.
 Quanto maior a umidade com que a peça for feita, maior será a retração na secagem. Devemos 
nos preocupar, também, que a umidade saia homogeneamente de toda a peça, pois se a secagem 
for feita de modo desigual, ela diminuirá de tamanho desigualmente, causando tensões que 
poderão se transformar em trincas.
Peças com variação de espessura devem secar cuidadosamente. As parte mais finas 
secarão mais rapidamente, diminuindo de tamanho e perdendo a plasticidade. Quando a parte 
mais grossa secar e diminuir de tamanho, aparecerão trincas. Isso é importante em peças 
torneadas de fundo grosso, em placas ocas e em todas as peças que tenham espessuras 
variáveis.
Quanto maior a peça, mais pesada e mais irregular, maiores serão as possibilidades de 
acontecer problemas durante a secagem. Também se deve tomar cuidado ao fazer peças que 
demoram vários dias para se concluir, pois a umidade da massa, que estamos usando, pode 
variar e provocar problemas na secagem, principalmente nas emendas.
As massas chamotadas1, ou com materiais que não diminuem de tamanho, como quartzo, 
alumina, dolomita, feldspato, etc, tem menor retração de secagem e, portanto, são mais 
indicadas para peças grandes, irregulares e pesadas.
Secagem de Placas
Uma placa apoiada sobre uma das faces, perderá água pela parte superior e pelas laterais, 
mas não pela parte apoiada. Esse processo promoverá uma secarem mais pronunciada e, 
consequentemente, uma retração maior nos cantos, o que causará o levantamento dessas áreas 
(empenamento), e se ela não conseguir se movimentar na superfície na qual está apoiada, 
aparecerão trincas típicas no centro dos lados com está esquematizado na Fig. 3.
1 Com areia.
2
Fig. 3 – Empenamento durante a secagem de placas.
Isso pode ser atenuado, colocando-se as peças sobre jornais, pois ele ao mesmo tempo 
que retira umidade da parte de baixo da peça, permite sua movimentação.
Secagem de Pratos, Travessas, Tigelas e Peças Assemelhadas 
O problema é semelhante ao das placas, pois partes das peças, principalmente as abas, 
tem mais facilidade de perder umidade, retraindo-se mais rapidamente e causando trincas nas 
abas. Às vezes, as abas secam e o fundo com espessura maior, quando secar e retrair, trinca no 
meio ou circularmente, como no esquema da Fig. 4. 
Fig. 4 – Trincas de secagem em pratos.
Nesse caso, deve-se sempre que possível fazer a peça com espessura constante, e não o 
fundo mais espesso ou com ranhuras ou saliências que poderão interferir na secagem.
 Para minimizar esses problemas, devemos também colocar um material absorvente (jornal por 
ex.) sob as peças, para que elas possam se movimentar e perder a umidade o mais rapidamente 
possível. Recomenda-se, também, que o início da secagem seja feito de modo lento e, se 
necessário protegido.
Vasos e Esculturas
Vasos grandes, feitos em torno, ou com espagetes ou ainda com pedaços de argila, 
normalmente apresentam problemas de secagem, minimizados desde que se tomem algumas 
providências durante a sua confecção. A espessura do fundo e das paredes deve ser a mais 
homogênea possível. A concordância do fundo com as paredes não deve ser em ângulo reto, mas 
formando uma curva suave.
 Quando usamos pedaços de argila para compôr a nossa peça, devemos tomar cuidado com 
bolhas de ar, que podem destruir a peça durante a queima.
Quando são feitos vasos altos em torno, com vários segmentos torneados separadamente, 
temos que tomar cuidado para que, ao juntá-los, eles estejam com o mesmoteor de umidade, 
para evitar que cada segmento tenha contração diferente, durante a secagem, e apareçam trincas 
nas imediações das emendas.
Quanto mais pesada for a peça, e quanto mais espesso for o fundo, maior deverá ser o 
cuidado com a secagem e, sobretudo, com a movimentação da peça nesse período. 
3
No caso de peças grandes, pesadas e não-homogêneas, como por exemplo, bustos, 
corpos, animais ou peças abstratas, os problemas da secagem são ainda maiores, e agravados 
pelo tempo que demora fazer um trabalho desse tipo. 
O ambiente onde essas peças são feitas também é importante. Ambientes muito quentes e 
secos aceleram a secagem, enquanto as peças estão sendo feitas e, neste caso, é interessante 
que a peça seja umedecida de tempos em tempos, e também bem protegidda durante o período 
total que estiver sendo feita.
Peças como rostos, caras de animais, braços, pernas, nas quais existem partes finas e 
salientes, como por exemplo orelhas ou dedos das mãos, representa problemas na secagem, pois 
estas partes além de serem mais finas, têm mais superfície exposta e, portanto, secam muito 
mais rápido, diminuindo de tamanho e apresentando trincas de secagem nos contatos e até 
chegam a se separar do restante da peça. Para minimizar isso é importante manter essas partes 
fechadas em sacos plásticos e até, se necessário, umedecê-las.
Elementos como madeira, ferro, plásticos e outros materiais, usados como auxiliares na 
confecção das peças, não devem ser mantidos no seu interior, durante a secagem, pois o fato 
deles não mudarem de tamanho pode causar trincas e rachaduras no processo de secagem, 
quando a argila diminui de tamanho.
Portanto, os cuidados para evitar trincas de secagem devem começar durante a feitura das 
peças cerâmicas, principalmente as de grande porte. Espessuras muito desiguais, variações de 
umidade da argila durante o preparo da peça e muito tempo para confeccionar a peça são 
elementos que aumentam a chance de problemas durante a secagem.
4

Outros materiais