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DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 55 5. GABARITO................................................................................................. 55 Ol, meu povo! Estudando muito? Hoje vamos estudar a PRISÌO. Vamos ver as modalidades de priso CAUTELAR (Em flagrante, preventiva e temporria). Veremos, ainda, as medidas cautelares diversas da priso, a liberdade provisria e a fiana. Bons estudos! Prof. Renan Araujo DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 55 1. PRISÍES CAUTELARES 1.1. Conceito Quando falamos em ÒprisoÓ, no bojo do Direito Processual Penal, s podemos estar diante de duas espcies de medidas privativas de liberdade: Priso pena Ð uma punio que decorre da aplicao da lei penal atravs de uma sentena penal condenatria irrecorrvel (imodificvel); Priso no-pena Ð Trata-se no de uma punio (pois ainda no h condenao irrecorrvel), mas de uma medida de NATUREZA CAUTELAR (cautela = cuidado, a fim de se evitar um prejuzo), cuja finalidade pode ser garantir o regular desenvolvimento da instruo processual, a aplicao da lei penal ou, nos casos expressamente previstos em lei, evitar a prtica de novas infraes penais. A modalidade de priso que nos interessa, e que vamos estudar, a priso Òno penaÓ, que a priso cuja finalidade no punir o acusado (pois ele ainda no pode ser considerado culpado, eis que o processo ainda est tramitando, lembram-se?). Se algum pratica um crime, deve responder a um processo criminal, no qual lhe seja assegurada ampla defesa, contraditrio e todos os demais direitos fundamentais, para que, ao final, o Estado possa dizer: Ò, realmente foi fulano quem praticou o crime, em tais circunstncias, por tais motivos e, por isso, lhe ser aplicada tal penaÓ. Essa a finalidade. Mas ento porque existem prises que no so forma de punio? A que est. Em determinados casos, a liberdade do suposto infrator pode ser prejudicial instruo criminal ou aplicao da lei penal. Imagine que h indcios fortes de que o indivduo pretenda sair do pas ilegalmente, ou, ainda, que ele esteja coagindo testemunhas a no deporem contra ele. Nestes casos, a aplicao futura da lei penal e a instruo criminal, respectivamente, podem ser prejudicadas se esse acusado no permanecer preso at que o perigo cesse. Portanto, a priso Òno penaÓ (priso cautelar) tem por finalidade evitar algum prejuzo, no podendo ser aplicada como forma de punir o acusado, pois essa no sua finalidade. Para punir o acusado, primeiro o Estado deve realizar todo o processo criminal. O nosso sistema processual penal ptrio estabelece trs modalidades de priso cautelar (ou priso provisria, pois no definitiva): a) Priso em flagrante b) Priso preventiva c) Priso temporria DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 55 As duas primeiras espcies esto regulamentadas no CPP. A ltima (priso temporria) est prevista e regulamentada na Lei 7.960/89. Vamos estudar, agora, cada uma destas espcies de priso e, ao final, analisarmos as medidas cautelares diversas da priso. 1.2. Espcies 1.2.1. Priso em flagrante 1.2.1.1. Natureza A priso em flagrante uma modalidade de priso cautelar que tem como fundamento a prtica de um fato com aparncia de fato tpico. Assim, quando a autoridade realiza a priso em flagrante do suspeito, no deve verificar se ele praticou o fato em legtima defesa, estado de necessidade, etc. Possui natureza administrativa, pois no depende de autorizao judicial1 para sua realizao, e s pode ser realizada nas hipteses previstas em Lei, que tratam dos momentos em que se considera a situao de flagrncia. O art. 301 do CPP diz: Art. 301. Qualquer do povo poder e as autoridades policiais e seus agentes devero prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. Vejam que qualquer de ns pode prender uma pessoa que esteja praticando um fato criminoso. Porm, a autoridade policial no PODE, ela DEVE efetuar a priso de quem quer que seja encontrado em situao de flagrante delito. Mas quem se considera em flagrante delito? O art. 302 do CPP nos traz a resposta: Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - est cometendo a infrao penal; II - acaba de comet-la; III - perseguido, logo aps, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situao que faa presumir ser autor da infrao; IV - encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papis que faam presumir ser ele autor da infrao. 1.2.1.2. Espcies A Doutrina distingue as situaes do art. 302 do CPP em: 1) Flagrante prprio (art. 302, I e II do CPP) Ð Ser considerado flagrante prprio, ou propriamente dito, a situao do 1 TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 10¼ edio. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 831 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 55 possui a smula n¡ 145 a respeito do tema.10 A Doutrina e a Jurisprudncia, no entanto, vm admitindo a validade de flagrante preparado quando o agente provocador instiga o infrator a praticar um crime apenas para prend-lo por crime diverso. Exemplo: Imagine o policial que sobe o morro para prender um vendedor de drogas. Ele pede a droga e o traficante o fornece. Nesse o momento o policial efetua a priso, mas no pela venda de droga, que seria crime impossvel, mas pelo crime anterior a este, que o crime de Òter consigo para vendaÓ substncia entorpecente. Nesse caso, o flagrante preparado vem sendo admitido, pois no h hiptese de crime impossvel, eis que o crime j havia ocorrido, sendo a preparao e instigao meros meios para que o crime consumado fosse descoberto; ¥ Flagrante forjado Ð Aqui o fato tpico no ocorreu, sendo simulado pela autoridade policial para incriminar falsamente algum. ABSOLUTAMENTE ILEGAL11. Se quem realiza esse flagrante autoridade, trata-se de crime de abuso de autoridade. Se quem pratica pessoa comum, poderemos estar diante do crime de denunciao caluniosa. Sabemos que coisas como estas no existem no Brasil, mas j ouvi dizer que na Finlndia isto muito comum... No confundam estas hipteses de flagrante com o chamado FLAGRANTE DIFERIDO (OU RETARDADO12). Nessa modalidade a autoridade policial retarda a realizao da priso em flagrante, a fim de, permanecendo Ò surdinaÓ, obter maiores informaes e capturar mais integrantes do bando. Trata-se de ttica da polcia. Est previsto expressamente na ao controlada de que trata o art. 8¡ da Lei 12.850/13 (Lei de organizao criminosa), bem como no art. 53, ¤ 2¡ da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas). O Auto de Priso em Flagrante Ð APF geralmente lavrado pela autoridade policial do local em que ocorreu a PRISÌO, ou, se no houver neste local, a autoridade do local mais prximo, pois a ela que o preso deve ser apresentado (art. 308 do CPP). No entanto, nada impede que um Juiz possa lavrar o Auto de Priso em Flagrante nos crimes cometidos em sua presena. Nos termos do art. 307do CPP: 10 ÒNÌO Hç CRIME, QUANDO A PREPARAÌO DO FLAGRANTE PELA POLêCIA TORNA IMPOSSêVEL A SUA CONSUMAÌO.Ó 11 TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit. p. 836 12 Tambm chamado de flagrante postergado, estratgico ou ao controlada. TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit. p. 835 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 55 Art. 307. Quando o fato for praticado em presena da autoridade, ou contra esta, no exerccio de suas funes, constaro do auto a narrao deste fato, a voz de priso, as declaraes que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se no o for a autoridade que houver presidido o auto. Percebam, meus amigos, que se um Juiz determinar a priso em flagrante de algum, poder ele mesmo lavrar o Auto de Priso em Flagrante, remetendo ao Juiz competente para apreciar o fato. Alm disso, a lei permite que o mesmo Juiz que lavrou o APF possa apreciar o fato! Cuidado com isso! Mas e se houver alguma ilegalidade no Auto de Priso em Flagrante? Sendo o Juiz que apreciar o caso, a mesma pessoa quem elaborou o APF, como fazer? Nesse caso, nada impede que o preso ou seu procurador impetrem Habeas Corpus, de forma a garantir a liberdade do preso. No caberia pedido de relaxamento de priso, pois se o Juiz entendesse ilegal sua conduta no teria lavrado o Auto. 1.2.1.5. Procedimento da lavratura do Auto de Priso em Flagrante Aps ser apresentado o preso em flagrante delito autoridade policial, esta dever adotar o seguinte procedimento: a) Ouvir o condutor b) Ouvir as testemunhas c) Ouvir a vtima, se for possvel d) Ouvir o preso (Interrogatrio) Essa a redao do art. 304 do CPP: Art. 304. Apresentado o preso autoridade competente, ouvir esta o condutor e colher, desde logo, sua assinatura, entregando a este cpia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, proceder oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatrio do acusado sobre a imputao que lhe feita, colhendo, aps cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. (Redao dada pela Lei n¼ 11.113, de 2005) E se no houver testemunhas do fato? Nesse caso, no est impossibilitada a priso em flagrante, mas devero assinar com o condutor, duas pessoas que tenham presenciado a apresentao do preso (e no sua priso!). Nos termos do ¤ 2¡ do art. 304 do CPP: ¤ 2o A falta de testemunhas da infrao no impedir o auto de priso em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, devero assin-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentao do preso autoridade. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 55 Aps ouvir estas pessoas, a autoridade policial, se entender que h fundada suspeita contra o infrator, decretar sua priso em flagrante (lavrando o APF), nos termos do art. 304, ¤ 1¡ do CPP: ¤ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandar recolh-lo priso, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiana, e prosseguir nos atos do inqurito ou processo, se para isso for competente; se no o for, enviar os autos autoridade que o seja. Lavrado o auto de priso em flagrante pelo Escrivo (ou por quem lhe faa as vezes, nos termos do art. 305 do CPP), sero os autos sero remetidos autoridade competente, caso no seja a que lavrou o auto. O art. 306 do CPP e seu ¤ 1¡ tratam da comunicao acerca da priso do apresentado: Art. 306. A priso de qualquer pessoa e o local onde se encontre sero comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministrio Pblico e famlia do preso ou pessoa por ele indicada. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). ¤ 1o Em at 24 (vinte e quatro) horas aps a realizao da priso, ser encaminhado ao juiz competente o auto de priso em flagrante e, caso o autuado no informe o nome de seu advogado, cpia integral para a Defensoria Pblica. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Vejam que se o preso no constituir nenhum advogado, o Auto de Priso em Flagrante ser encaminhado Defensoria Pblica, para que patrocine a causa, facultando-se sempre ao preso o direito de constituir advogado de sua confiana. No mesmo prazo de 24 horas o preso deve receber a Ònota de culpaÓ, que o documento mediante o qual a autoridade d cincia ao preso dos motivos de sua priso, o nome do condutor e os das testemunhas, conforme previso do art. 306, ¤ 2¡ do CPP. E se o preso se recusar a assinar qualquer coisa? Nesse caso, entende a Doutrina que se pode suprir a assinatura do preso pela assinatura de duas testemunhas, nos termos do art. 304, ¤ 3¡ do CPP: ¤ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, no souber ou no puder faz- lo, o auto de priso em flagrante ser assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presena deste. (Redao dada pela Lei n¼ 11.113, de 2005) Alm disso, o ¤4¼ do art. 304 traz a exigncia de que no APF conste expressamente a informao acerca da existncia de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficincia e o nome e o contato de eventual responsvel pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. Tal exigncia foi introduzida no CPP pela Lei 13.257/16. O art. 309 fala em Òlivrar-se soltoÓ. Vejamos: DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 55 Art. 309. Se o ru se livrar solto, dever ser posto em liberdade, depois de lavrado o auto de priso em flagrante. O que seria o Òlivrar-se soltoÓ? Essa uma expresso utilizada para definir os casos em que o infrator poderia ser colocado em liberdade sem nenhuma exigncia. Aplicava-se aos crimes aos quais no se previa pena privativa de liberdade e aos crimes cuja pena no ultrapassasse trs meses. Atualmente a Doutrina entende que no existe mais hiptese de Òlivrar-se soltoÓ, pois esta previso estava contida na redao antiga do art. 321. A nova redao do art. 321 nada fala sobre o Òlivrar-se soltoÓ. Hoje, tendo o ru sido preso em flagrante, independentemente da infrao penal, caber ao Juiz agir de acordo com o art. 310 do CPP.13 E quando o Juiz receber o Auto de Priso em Flagrante, o que deve fazer? Ao Juiz so facultadas trs hipteses: ¥ Relaxar a priso ilegal; ¥ Converter a priso em priso preventiva, desde que presentes os requisitos para tal, bem como se mostrarem inadequadas ou insuficientes as outras medidas cautelares; ¥ Conceder a liberdade provisria, com ou sem fiana, a depender do caso Isto o que consta da nova redao do art. 310 do CPP, trazida pela Lei 12.403/11: Art. 310. Ao receber o auto de priso em flagrante, o juiz dever fundamentadamente: (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). I - relaxar a priso ilegal; ou (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). II - converter a priso em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Cdigo, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da priso; ou (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). III - conceder liberdade provisria, com ou sem fiana. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Assim, a reforma promovidapela Lei 12.403/11 aboliu a possibilidade de manuteno da priso em flagrante. Quando o Juiz receber o APF, das duas uma: Ou ele aplica uma medida cautelar (Que pode ser a decretao da priso preventiva ou outra cautelar), ou ele coloca o camarada em liberdade, relaxando a priso (caso tenha sido ilegal) 13 Sobre o tema, importante destacar que a impossibilidade de priso em flagrante no que toca s infraes de menor potencial ofensivo no se confunde com o Òlivrar-se soltoÓ. A uma, porque os pressupostos so diversos; A duas, porque o livrar-se solto era aplicado num contexto de impossibilidade de manuteno da priso em flagrante (que atualmente j no cabvel mesmo, j que deve ser convertida em preventiva), enquanto a regra dos Juizados impede a lavratura do auto de priso em flagrante, cumpridos os requisitos. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 55 (FGV Ð 2012 - IX EXAME UNIFICADO DA OAB) O Cdigo de Processo Penal ptrio menciona que tambm se considera em flagrante delito quem perseguido, logo aps o delito, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situao que faa presumir ser o perseguido autor da infrao. A essa modalidade d-se o nome de flagrante A) imprprio. B) ficto. C) diferido ou retardado. D) esperado. COMENTçRIOS: O art. 302 do CPP nos diz quem se encontra em situao de flagrante delito: Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - est cometendo a infrao penal; II - acaba de comet-la; III - perseguido, logo aps, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situao que faa presumir ser autor da infrao; IV - encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papis que faam presumir ser ele autor da infrao. As duas primeiras so hipteses de flagrante prprio. A terceira delas, que idntica ao enunciado da questo, se refere ao FLAGRANTE IMPRîPRIO, pois embora o agente no tenha sido encontrado pelas autoridades no local do fato, necessrio que haja uma perseguio, uma busca pelo indivduo, ao final da qual, ele acaba preso. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA A. (FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) O deputado ÒMÓ um famoso poltico do Estado ÒYÓ, e tem grande influncia no governo estadual, em virtude das posies que j ocupou, como a de Presidente da Assembleia Legislativa. Atualmente, exerce a funo de Presidente da Comisso de Finanas e Contratos. Durante a reunio semestral com as empresas interessadas em participar das inmeras contrataes que a Cmara far at o final do ano, o deputado ÒMÓ exigiu do presidente da empresa ÒZÓ R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para que esta pudesse participar da concorrncia para a realizao das obras na sede da Cmara dos Deputados. O presidente da empresa ÒZÓ, assustado com tal exigncia, visto que sua empresa preenchia todos os requisitos legais para participar das obras, compareceu Delegacia de Polcia e informou ao Delegado de Planto o ocorrido, que o orientou a combinar a DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 55 entrega da quantia para daqui a uma semana, oportunidade em que uma equipe de policiais estaria presente para efetuar a priso em flagrante do deputado. No dia e hora aprazados para a entrega da quantia indevida, os policiais prenderam em flagrante o deputado ÒMÓ quando este conferia o valor entregue pelo presidente da empresa ÒZÓ. Na qualidade de advogado contratado pelo Deputado, assinale a alternativa que indica a pea processual ou pretenso processual, exclusiva de advogado, cabvel na hiptese acima. A) Liberdade Provisria. B) Habeas Corpus. C) Relaxamento de Priso. D) Reviso Criminal. COMENTçRIOS: Essa questo sensacional! Para desvend-la, precisamos saber, primeiro, de qual delito se trata. O Deputado M, no caso concreto, praticou o delito de concusso, previsto no art. 316 do CP. Este delito considerado formal, ou seja, consuma-se no momento em que o agente pratica a conduta, independentemente da ocorrncia do resultado. Assim, o delito se consumou no momento em que o Deputado exigiu do presidente da empresa a vantagem indevida. Desta forma, o momento do recebimento da vantagem indevida NÌO CONSIDERADO FLAGRANTE, eis que o delito no estava sendo praticado, pois j havia se consumado, sendo meramente um exaurimento do crime. Assim, no se tratando de momento da consumao do crime, nem logo depois desta consumao, no possvel a priso em flagrante, sendo, portanto, uma PRISÌO ILEGAL. Ora, a priso ilegal deve ser relaxada pelo Juiz, de modo que a pea cabvel o pedido de RELAXAMENTO DE PRISÌO. Caso o crime estivesse se consumando naquele momento, de fato, a priso seria legal, eis que haveria flagrante, e a pea cabvel seria o pedido de liberdade provisria. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA C. (FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM) O policial Fernando recebe determinao para investigar a venda de drogas em uma determinada localidade, prximo a uma reconhecida Faculdade de Direito. A autoridade judiciria autoriza que o policial, nesse primeiro momento, no atue sobre os portadores e vendedores de entorpecentes, com a finalidade de identificar e responsabilizar um maior nmero de integrantes na operacionalizao do trfico e de sua distribuio. A figura do flagrante diferido prevista em quais legislaes brasileiras? a) Na Lei de Drogas (11.343/06) e na Lei do Crime Organizado (9.034/95). DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 55 b) Somente na Lei de Drogas (11.343/06). c) Na Lei de Drogas (11.343/06) e na Lei de Crimes Hediondos (8.072/90). d) Na Lei do Crime Organizado (9.034/95) e na Lei de Crimes Hediondos (8.072/90). COMENTçRIOS: O caso em questo trata do chamado Òflagrante diferidoÓ, que ocorre quando a autoridade policial retarda a realizao do flagrante para realiza-lo em momento futuro, no qual poder alcanar resultados melhores. Tal modalidade de flagrante est prevista expressamente na Lei de Drogas (art. 53, II) e na Lei de organizao criminosa (art. 3¼, III e art. 8¼ da Lei 12.850/13). Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA A. 1.2.2. Priso preventiva 1.2.2.1. Natureza A priso preventiva o que se pode chamar de priso cautelar por excelncia, pois aquela que determinada pelo Juiz no bojo do Processo Criminal ou da Investigao Policial, de forma a garantir que seja evitado algum prejuzo. A priso preventiva continua descrita no art. 311 do CPP, com a seguinte redao: Art. 311. Em qualquer fase da investigao policial ou do processo penal, caber a priso preventiva decretada pelo juiz, de ofcio, se no curso da ao penal, ou a requerimento do Ministrio Pblico, do querelante ou do assistente, ou por representao da autoridade policial. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Como vocs podem ver, a priso preventiva pode ser decretada durante a investigao policial ou durante o processo criminal. Alm disso, pode ser decretada pelo Juiz, de ofcio, ou a requerimento do MP, do querelante ou do assistente da acusao, ou ainda mediante representao da autoridade policial. A alterao promovida pela Lei 12.403/11 incluiu o assistente da acusao no rol dos legitimadospara requerer a decretao da priso preventiva do indiciado ou acusado (conforme o momento em que se pede a priso). Alm disso, retirou do Juiz o poder de decretar, de ofcio, a priso preventiva durante a Investigao Policial (A decretao da preventiva, de ofcio, s pode ser realizada durante o processo penal, conforme a nova regulamentao). 1.2.2.2. Cabimento: pressupostos e requisitos DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 55 Quais os pressupostos para a decretao da preventiva? Os pressupostos para a decretao da preventiva so dois16: ¥ Prova da materialidade do delito (existncia do crime) ¥ Indcios suficientes de autoria Estes pressupostos formam o que se chama de fumus comissi delicti. Contudo, no basta o fumus comissi delicti para que a preventiva seja decretada. necessrio, ainda, o periculum libertatis17. A priso preventiva ser decretada em que situaes? Quais so as situaes em que se entende existir o periculum libertatis? As situaes que autorizam a decretao da priso preventiva esto elencadas no art. 312 do CPP, nas quais h receio concreto de que a liberdade do indivduo possa prejudicar o processo, a aplicao da lei penal, etc., trazendo algum prejuzo (periculum in libertatis). Nos termos do art. 312 do CPP: Art. 312. A priso preventiva poder ser decretada como garantia da ordem pblica, da ordem econmica, por convenincia da instruo criminal, ou para assegurar a aplicao da lei penal, quando houver prova da existncia do crime e indcio suficiente de autoria. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Vamos l: ¥ Garantia da ordem pblica Ð Muito criticada por boa parte da Doutrina, em razo de seu alto grau de abstrao (qualquer coisa pode ser considerada como garantia da ordem pblica), o que violaria inmeros direitos fundamentais do ru. No entanto, continua em vigor e vlida, para a maior parte da Doutrina e para os Tribunais Superiores. A perturbao da ordem pblica pode ser conceituada como o abalo provocado na sociedade em razo da prtica de um delito de consequncias graves. Assim, a priso preventiva se justificaria para restabelecer a tranquilidade social, a sensao de paz em um determinado local (um bairro, uma cidade, um estado, ou at mesmo no pas inteiro). A jurisprudncia, contudo, vem entendendo18 que possvel o reconhecimento da Òameaa ordem pblicaÓ quando haja alta probabilidade de que o agente volte a delinquir19 20. 16 TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit. p. 850 17 TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit. p. 849 18 (RHC 55.365/CE, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 06/04/2015) 19 A probabilidade ÒconcretaÓ de que o agente volte a delinquir deve estar fundamentada na existncia de fatos concretos que assim indiquem (existncia de diversos processos ou inquritos contra o ru, condenaes anteriores, etc.), ou seja, que indiquem a dedicao ao crime. 20 A prtica anterior de ATOS INFRACIONAIS apta a justificar a priso preventiva para a garantia da ordem pblica. (RHC 44.207-DF, Quinta Turma, DJe 23/5/2014; e RHC 43.350-MS, DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 55 ¥ Garantia da Ordem Econmica Ð Esta hiptese direcionada aos crimes do colarinho branco, quelas hipteses em que o agente pratica delitos contra instituies financeiras e entidades pblicas, causando srios prejuzos financeiros. Atualmente, com a possibilidade de decretao de medida cautelar de suspenso do exerccio de funo pblica, este fundamento (que j era pouco utilizado), perdeu ainda mais sua razo, eis que se o fundamento for a proximidade do indivduo com a funo pblica, na maioria dos casos o afastamento da funo ir bastar para que a ordem econmica no sofra prejuzos; ¥ Convenincia da Instruo Criminal Ð Tem a finalidade de evitar que o indivduo ameace testemunhas, tente destruir provas, etc. Em resumo, busca evitar que a instruo do processo seja prejudicada em razo da liberdade do ru; ¥ Segurana na aplicao da Lei penal Ð Busca evitar que o indivduo fuja, de forma a se furtar aplicao da pena que possivelmente lhe ser imposta. Assim, quando houver indcios de que o indivduo pretende fugir, estar presente esta hiptese autorizadora. Entretanto, a este art. 312 foi acrescentado um ¤ nico, que estabelece outra hiptese de decretao da priso preventiva, que o descumprimento de alguma das obrigaes impostas pelo Juiz como medida cautelar diversa da priso. O art. 313 limita as hipteses em que a preventiva pode ser decretada, mesmo diante da presena de seus requisitos: Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Cdigo, ser admitida a decretao da priso preventiva: (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade mxima superior a 4 (quatro) anos; (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentena transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto- Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Cdigo Penal; (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). III - se o crime envolver violncia domstica e familiar contra a mulher, criana, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficincia, para garantir a execuo das medidas protetivas de urgncia; (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Esta alterao foi realmente substancial, pois se passou a adotar o critrio de gravidade do crime para verificao da possibilidade de decretao da preventiva (gravidade aferida, a princpio, com base na pena cominada). Alm disso, o inciso III ampliou o rol das vtimas de violncia domstica, de forma a abarcar outras pessoas vulnerveis (crianas, idosos, pessoas com deficincias, etc.). Sexta Turma, DJe 17/9/2014. RHC 47.671-MS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 18/12/2014, DJe 2/2/2015.) DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 55 O inciso I estabelece a impossibilidade de decretao da preventiva nos crimes culposos21 e nos crimes dolosos cuja pena mxima seja igual ou inferior a quatro anos. Veja, portanto, que o crime de furto simples, por exemplo, no admite mais a decretao da priso preventiva, pois a pena mxima cominada para este crime de quatro anos. Contudo, em relao a esta ltima hiptese, h exceo, prevista no inciso II. O inciso II trata do reincidente em crime doloso. Mas o que seria a Òressalva do art. 64, I do CPÓ? Essa ressalva diz respeito hiptese na qual a sentena condenatria anterior no gera reincidncia, em razo de ter sido extinta a punibilidade da primeira pena h mais de cinco anos. Assim, se o indivduo foi condenado por crime doloso e cumpriu pena, tendo sido extinta sua punibilidade em 2002, tendo cometido, em 2012, novo crime doloso, no haver reincidncia apta a justificar a decretao da preventiva. Portanto, no basta que estejam presentes os requisitos do art. 312 do CPP, pois necessrio que estejam presentes, ainda, as hipteses do art. 313 do CPP, que se referemao crime em si (art. 313 I e III do CPP) e ao indivduo (art. 313, II do CPP). O ¤ nico do art. 313, em outra inovao, permite a decretao da preventiva quando houver dvida sobre a identidade civil da pessoa: Pargrafo nico. Tambm ser admitida a priso preventiva quando houver dvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta no fornecer elementos suficientes para esclarec-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade aps a identificao, salvo se outra hiptese recomendar a manuteno da medida. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Parte da Doutrina ir entender, com razo, que a determinao da preventiva, nesta hiptese, viola o princpio da no-auto-incriminao, pois o ru no tem a obrigao de produzir prova contra si mesmo nem de fornecer quaisquer dados. A questo mais apimentada que se coloca : O descumprimento da medida cautelar diversa da priso gera a possibilidade da decretao da preventiva (art. 312, ¤ nico) em qualquer caso ou somente naqueles em que o Juiz poderia ter decretado a preventiva (art. 313 do CPP)? Duas correntes existem: v Havendo o descumprimento da medida cautelar diversa da priso, pode se decretar a preventiva, em qualquer caso Ð Fundamenta-se na necessidade de conferir s medidas cautelares diversas da priso certa credibilidade perante a sociedade e perante o infrator.22 21 Parte da Doutrina sustenta que poder ser decretada a preventiva em crime culposo na hiptese de haver dvida sobre a identidade civil do infrator. Outra parcela entende que mesmo nesse caso somente se admite a priso se o crime for doloso. TçVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Op. Cit. p. 853 22 Nesse sentido, GUILHERME NUCCI. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 567/568 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 55 v Havendo descumprimento da medida cautelar, s poder ser decretada a preventiva se o Juiz poderia decret-la antes (se estiver presente uma das hipteses do art. 313 do CPP) Ð Esta corrente entende que se o Juiz no est autorizado a decretar a priso preventiva antes, no poder estar autorizado a decret-la depois. O art. 314 do CPP traz uma vedao expressa possibilidade de decretao da preventiva: quando o agente praticar o fato acobertado por alguma excludente de ilicitude. Para quem no se lembra, as excludentes de ilicitudes so situaes nas quais o agente est autorizado a praticar o fato tpico, no praticando, entretanto, fato ilcito. EXEMPLO: Se algum comea a desferir tiros em minha direo e eu revido, vindo a mat-lo, no pratico crime de homicdio, pois agi em legtima defesa. Porm, mesmo assim responderei a um processo criminal, ao final do qual serei absolvido. Em casos como este, o CPP probe a decretao da priso preventiva. O art. 315 trata da necessidade de fundamentao das decises. Como j disse a vocs, a prpria Constituio, em seu art. 93, IX, exige que todas as decises do Poder Judicirio sejam fundamentadas. Essa exigncia existe para que as decises possam ser controladas, de forma a ser avaliado o fundamento que embasa a deciso judicial. Alm disso, a fundamentao essencial para permitir a ampla defesa, j que o prejudicado pela deciso deve saber exatamente os motivos que levaram o Juiz a tom-la, a fim de que possa atac-la em seu recurso. Nos termos do art. 315 do CPP: Art. 315. A deciso que decretar, substituir ou denegar a priso preventiva ser sempre motivada. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). A priso preventiva, conforme sua natureza cautelar, no uma punio, mas uma medida que visa a garantir alguma coisa (instruo criminal, aplicao da lei penal, ordem pblica, etc.). Assim, possvel que as circunstncias que autorizam sua decretao MUDEM ao longo do tempo, passando a existir, ou deixando de existir. Caso isso ocorra, dever o magistrado decret-la ou revog-la, no caso de surgirem as razes ou deixarem de existir as razes, respectivamente, nos termos do art. 316 do CPP. CUIDADO! A apresentao espontnea do acusado NÌO IMPEDE A DECRETAÌO DA PRISÌO PREVENTIVA, apenas a priso em flagrante. Vamos resumir o que foi dito acerca da priso preventiva de acordo com o esquema abaixo: DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 55 ou queixa, no poder ser decretada NEM MANTIDA a priso temporria. Alm disso, a priso temporria s pode ser decretada nas hipteses de crimes previstos no art. 1¡, III da Lei 7.960/89, a saber: Art. 1¡ Caber priso temporria: I - quando imprescindvel para as investigaes do inqurito policial; II - quando o indicado no tiver residncia fixa ou no fornecer elementos necessrios ao esclarecimento de sua identidade; III - quando houver fundadas razes, de acordo com qualquer prova admitida na legislao penal, de autoria ou participao do indiciado nos seguintes crimes: a) homicdio doloso (art. 121, caput, e seu ¤ 2¡); b) seqestro ou crcere privado (art. 148, caput, e seus ¤¤ 1¡ e 2¡); c) roubo (art. 157, caput, e seus ¤¤ 1¡, 2¡ e 3¡); d) extorso (art. 158, caput, e seus ¤¤ 1¡ e 2¡); e) extorso mediante seqestro (art. 159, caput, e seus ¤¤ 1¡, 2¡ e 3¡); f) estupro (art. 213, caput, e sua combinao com o art. 223, caput, e pargrafo nico)23; g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinao com o art. 223, caput, e pargrafo nico); h) rapto violento (art. 219, e sua combinao com o art. 223 caput, e pargrafo nico)24; i) epidemia com resultado de morte (art. 267, ¤ 1¡); j) envenenamento de gua potvel ou substncia alimentcia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Cdigo Penal25; m) genocdio (arts. 1¡, 2¡ e 3¡ da Lei n¡ 2.889, de 1¡ de outubro de 1956), em qualquer de sua formas tpicas; n) trfico de drogas (art. 12 da Lei n¡ 6.368, de 21 de outubro de 1976)26; o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n¡ 7.492, de 16 de junho de 1986). p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Includo pela Lei n¼ 13.260, de 2016) Quanto cumulao ou no dos requisitos previstos nos incisos I, II e III, algumas correntes doutrinrias se formaram. As principais so: 23 Os delitos de atentado violento ao pudor e estupro, atualmente, encontram-se ÒunificadosÓ no mesmo tipo penal, o tipo penal de ESTUPRO, previsto no art. 213 do CP. 24 O crime de rapto foi revogado do CP. Boa parte da Doutrina, entretanto, entende que o delito previsto no art. 148, ¤1¼, V do CP ÒsucedeuÓ o delito de rapto violento, pois tipifica basicamente a mesma conduta, de forma que este crime (art. 148, ¤1¼, V do CP Ð Sequestro ou crcere privado com fins libidinosos) estaria contemplado no rol dos crimes que admitem a priso temporria. 25 Uma observao: Este delito passou a se chamar Òassociao criminosaÓ, e sofreu algumas alteraes nos requisitos para sua configurao. Contudo, permanece sendo um crime que admite a decretao da temporria. 26 Tal delito, atualmente, est previsto no art. 33 da Lei 11.343/06. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 55 este momento, o Juiz dever decidir no prazo de 24 horas (¤ 2¡ do art. 2¡), ouvindoo MP caso tenha sido a autoridade policial quem representou pela priso. Exige-se, obviamente, que essa deciso (que decreta ou no a priso) seja fundamentada pelo Juiz. Antes de decidir, porm, o Juiz pode (de ofcio ou a requerimento do MP ou do advogado do indiciado) determinar que o preso lhe seja apresentado, submet-lo a exame de corpo de delito ou solicitar informaes autoridade policial (art. 2¡, ¤ 3¡). Decretada a priso, ser expedido mandado de priso, em duas vias, sendo uma delas destinada ao preso, e servir como nota de culpa (o documento mediante o qual se d cincia ao preso dos motivos de sua priso), art. 2¡, ¤ 4¡, s podendo ser efetuada a priso aps a expedio do mandado, nos termos do art. 2¡, ¤ 5¡ da Lei 7.960/89. Depois de efetuada a priso, a autoridade policial dever informar ao preso os seus direitos, previstos no art. 5¡ da Constituio (Direito de permanecer em silncio, contar com patrocnio de advogado, comunicar- se com seus familiares, etc.), conforme dispe o ¤ 6¡ do art. 2¡. Por fim, a lei 7.960/89 determina que os presos temporrios devam ficar separados dos demais detentos (art. 3¡ da Lei), bem como estabelece a obrigatoriedade de que, em cada comarca ou seo judiciria, haja um membro do Poder Judicirio e um do MP, em planto, 24 horas, para apreciao dos pedidos de priso temporria (art. 5¡ da Lei). (FGV Ð 2015 Ð OAB Ð XVI EXAME DE ORDEM) A priso temporria pode ser definida como uma medida cautelar restritiva, decretada por tempo determinado, destinada a possibilitar as investigaes de certos crimes considerados pelo legislador como graves, antes da propositura da ao penal. Sobre o tema, assinale a afirmativa correta. a) Assim como a priso preventiva, pode ser decretada de ofcio pelo juiz, aps requerimento do Ministrio Pblico ou representao da autoridade policial. b) Sendo o crime investigado hediondo, o prazo poder ser fixado em, no mximo, 15 dias, prorrogveis uma vez pelo mesmo perodo. c) Findo o prazo da temporria sem prorrogao, o preso deve ser imediatamente solto. d) O preso, em razo de priso temporria, poder ficar detido no mesmo local em que se encontram os presos provisrios ou os condenados definitivos. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 55 COMENTçRIOS: A) ERRADA: A priso temporria no pode ser decretada de ofcio pelo Juiz, nos termos do art. 2¼ da Lei. B) ERRADA: Em se tratando de crime hediondo o prazo ser de at 30 dias, prorrogveis por mais 30 dias, nos termos do art. 2¼, ¤4¼ da Lei 8.072/90. C) CORRETA: Esta a exata previso contida no art. 2¼, ¤7¼ da Lei 7.960/89. D) ERRADA: Item errado, pois os presos temporrios devero ficar separados dos demais detentos, nos termos do art. 3¼ da Lei. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA C. (FGV Ð 2011 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM) Como se sabe, a priso processual (provisria ou cautelar) a decretada antes do trnsito em julgado de sentena penal condenatria, nas hipteses previstas em lei. A respeito de tal modalidade de priso, correto afirmar que a) em nosso ordenamento jurdico, a priso processual contempla as seguintes modalidades: priso em flagrante, preventiva, temporria, por pronncia e em virtude de sentena condenatria recorrvel. b) a priso temporria tem como pressupostos a existncia de indcios de autoria e prova da materialidade, e como fundamentos a necessidade de garantia da ordem pblica, a convenincia da instruo criminal, a necessidade de garantir a futura aplicao da lei penal e a garantia da ordem pblica. c) o prazo de durao da priso temporria de cinco dias, prorrogvel por mais cinco em caso de extrema e comprovada necessidade. Em se tratando, todavia, de crime hediondo, a priso temporria poder ser decretada pelo prazo de trinta dias, prorrogvel por igual perodo. d) so requisitos da priso preventiva a sua imprescindibilidade para as investigaes do inqurito policial e o fato de o indiciado no ter residncia fixa ou no fornecer elementos necessrios ao esclarecimento de sua identidade. COMENTçRIOS: A) ERRADA: As prises Òda pronnciaÓ e decorrente de Òsentena condenatriaÓ foram abolidas do sistema. O Juiz, caso queira determinar a priso do acusado nestes momentos, dever se valer da priso preventiva, devidamente fundamentada. B) ERRADA: Estes so os requisitos e pressupostos da priso preventiva, no da priso temporria. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 55 C) CORRETA: Item correto, pois esta a exata previso do art. 2¼ da Lei 7.960/89 c/c art. 2¼, ¤4¼ da Lei 8.072/90. D) ERRADA: Estes so requisitos da priso temporria (art. 1¼, I e II da Lei 7.960/89) e no da priso preventiva. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA C. 2. DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVISîRIA. FIANA 2.1. Introduo Com o advento da Lei 12.403/11, que alterou o CPP em diversos pontos, surgiu a possibilidade de o Magistrado, atento a cada caso especfico, determinar a aplicao de uma medida cautelar QUE NÌO SEJA A PRISÌO, quando necessria e SUFICIENTE para assegurar a instruo criminal e os demais interesses da sociedade, que antes s seriam resguardados mediante a aplicao da gravosa e EXCEPCIONALêSSIMA (Agora, ainda mais excepcional), PRISÌO PREVENTIVA. Muitas destas medidas cautelares j eram previstas na nossa Legislao Penal como PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS, ou CONDIÍES PARA A SUSPENSÌO CONDICIONAL DA PENA, de forma que, por uma questo de lgica, se o Estado pode substituir a priso-pena (aquela decorrente de condenao transitada em julgado) por uma destas medidas, com muito mais razo seria possvel a substituio da priso- no-pena (a priso cautelar) por uma destas medidas, eis que, aqui, o camarada SEQUER FOI CONDENADO. Assim, vejamos como ficou a redao do art. 282 do CPP: Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Ttulo devero ser aplicadas observando-se a: (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). I - necessidade para aplicao da lei penal, para a investigao ou a instruo criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prtica de infraes penais; (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). II - adequao da medida gravidade do crime, circunstncias do fato e condies pessoais do indiciado ou acusado. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). ¤ 1o As medidas cautelares podero ser aplicadas isolada ou cumulativamente. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). ¤ 2o As medidas cautelares sero decretadas pelo juiz, de ofcio ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investigao criminal, por representao da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministrio Pblico. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Como disse a vocs, o art. 282, I e II, prev dois requisitos para a aplicao das medidas cautelares: ¥ Necessidade DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 55 ¥ Adequao (e suficincia) As medidas cautelares podem ser aplicadas ISOLADA OU CUMULATIVAMENTE, podendo ser aplicadas na fase processual ou pr- processual. Na fase processual, podem ser decretadas ex officio ou a requerimento das partes. Na fase pr-processual, poder ser decretada por representao da autoridade policial ou requerimento do MP, MAS NÌO PODERç SER DECRETADA DEOFêCIO. Os pressupostos para a aplicao das medidas cautelares so: ü Necessidade de aplicao da Lei Penal Ð Ex.: Infrator est ameaando fugir. ü Preservar a instruo criminal Ð Sempre que o infrator possa estar ameaando a regular instruo do processo. ü Em casos especficos, para evitar a prtica de infraes penais. Percebam que os dois primeiros tambm so requisitos para a decretao da priso preventiva, mas o ltimo no. Percebam, ainda, que os fundamentos da preventiva Ògarantia da ordem pblicaÓ e Ògarantia da ordem econmicaÓ no foram elevados categoria de situaes que ensejam a aplicao de uma medida cautelar diversa da priso. Desta forma, numa destas hipteses, s caber mesmo a priso preventiva. necessrio que haja prova da materialidade e indcios de autoria (fumus comissi delicti)? A pergunta s tem razo de ser no que se refere fase pr-processual, eis que na fase processual, j haver prova da materialidade e indcios de autoria, pois estes so pressupostos para o recebimento da ao penal. A Doutrina no unnime, havendo que entenda pela necessidade e quem entenda pela dispensabilidade destes requisitos (prova da materialidade e indcios de autoria). Quem defende a primeira tese alega que isso indispensvel num Estado Democrtico de Direito, no podendo ningum ser privado de quaisquer de seus direitos sem um mnimo de base ftica. Os defensores da segunda tese alegam que se possvel a decretao da priso TEMPORçRIA sem que estejam presentes estes requisitos, no h razo em exigi-los numa medida cautelar menos grave. Esquecem-se, estes autores, de que a priso temporria tem prazo de durao bastante curto. Eu fico com a primeira corrente, e aconselho vocs a ficarem com ela tambm (majoritria29), pois esses requisitos tambm so 29 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 3¼ edio. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 1003. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 55 necessrios para a decretao da PREVENTIVA, nos termos do art. 312 do CPP: Art. 312. A priso preventiva poder ser decretada como garantia da ordem pblica, da ordem econmica, por convenincia da instruo criminal, ou para assegurar a aplicao da lei penal, quando houver prova da existncia do crime e indcio suficiente de autoria. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Portanto, em termos sintticos, para a aplicao de uma medida cautelar diversa da priso ser necessria a presena dos pressupostos § Fumus comissi delicti Ð Prova da materialidade e indcios de autoria § Periculum libertatis Ð Risco que a liberdade plena do infrator gera (Caso a medida se mostre insuficiente, dever ser decretada a preventiva). Em regra, a parte contrria ser ouvida antes da decretao da medida, em respeito ao contraditrio e ampla defesa, conforme preconiza o ¤3¡ do art. 282 do CPP. Entretanto, quando a oitiva prvia possa frustrar a execuo da medida, a parte contrria s ser ouvida aps a execuo da medida, pois, nos termos do ¤5¡ do art. 282 do CPP, poder requerer sua revogao: ¤ 3o Ressalvados os casos de urgncia ou de perigo de ineficcia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinar a intimao da parte contrria, acompanhada de cpia do requerimento e das peas necessrias, permanecendo os autos em juzo. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). (...) ¤ 5o O juiz poder revogar a medida cautelar ou substitu-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decret-la, se sobrevierem razes que a justifiquem. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). E se for descumprida a medida? Caso no seja cumprida a medida cautelar diversa da priso, poder o Juiz cumul-la com outra, mais severa, substitu-la por outra, ou decretar a priso, em ltimo caso: ¤ 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigaes impostas, o juiz, de ofcio ou mediante requerimento do Ministrio Pblico, de seu assistente ou do querelante, poder substituir a medida, impor outra em cumulao, ou, em ltimo caso, decretar a priso preventiva (art. 312, pargrafo nico). (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). ¤ 5o O juiz poder revogar a medida cautelar ou substitu-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decret-la, se sobrevierem razes que a justifiquem. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). ¤ 6o A priso preventiva ser determinada quando no for cabvel a sua substituio por outra medida cautelar (art. 319). (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Como vocs viram, o Juiz poder, ainda, a qualquer tempo, revogar a medida, substitu-la (ou cumular com outra) ou voltar a DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 55 decret-la, desde que sobrevenham novos fatos que alterem as circunstncias at ento existentes. Assim, resumidamente, o Juiz poder, de acordo com as circunstncias: Ø Substituir a medida Ð Caso se mostre insuficiente ou inadequada Ø Revogar a medida Ð Caso se mostre desnecessria Ø Voltar a decret-la Ð Caso volte a se mostrar necessria Estas medidas cautelares (inclusive a priso), no entanto, s podem ser aplicadas caso a infrao penal cometida seja apenada com pena privativa de liberdade, nos termos do art. 283, ¤1¡ do CPP. Para a efetivao da priso (que, ao fim e ao cabo, uma medida cautelar) possvel a utilizao da fora, quando ESTRITAMENTE NECESSçRIO, e nos LIMITES NECESSçRIOS. Poder a priso, ainda, ser efetuada a qualquer dia e hora, respeitando-se a inviolabilidade do domiclio, nos termos do ¤1¡ do art. 283, art. 284 e 292 do CPP: ¤ 2o A priso poder ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restries relativas inviolabilidade do domiclio. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Art. 284. No ser permitido o emprego de fora, salvo a indispensvel no caso de resistncia ou de tentativa de fuga do preso. Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistncia priso em flagrante ou determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem podero usar dos meios necessrios para defender- se ou para vencer a resistncia, do que tudo se lavrar auto subscrito tambm por duas testemunhas. A utilizao de algemas questo sumulada pelo STF, que editou a smula vinculante n¡ 11, nos seguintes termos: Smula Vinculante n¼ 11 S lcito o uso de algemas em casos de resistncia e de fundado receio de fuga ou de perigo integridade fsica prpria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da priso ou do ato processual a que se refere, sem prejuzo da responsabilidade civil do Estado. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 55 A priso poder ser efetivada, ainda, quando o acusado se encontre em outra comarca, hiptese na qual poder ser requisitada a priso ao Juiz da localidade, mediante carta precatria, que, em caso de urgncia, poder ser expedida por qualquer meio de comunicao (inclusive e- mail!). Vejamos: Art. 289. Quando o acusado estiver no territrio nacional, fora da jurisdio do juiz processante, ser deprecada a suapriso, devendo constar da precatria o inteiro teor do mandado. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). ¤ 1o Havendo urgncia, o juiz poder requisitar a priso por qualquer meio de comunicao, do qual dever constar o motivo da priso, bem como o valor da fiana se arbitrada. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). ¤ 2o A autoridade a quem se fizer a requisio tomar as precaues necessrias para averiguar a autenticidade da comunicao. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). ¤ 3o O juiz processante dever providenciar a remoo do preso no prazo mximo de 30 (trinta) dias, contados da efetivao da medida. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). (...) Art. 299. A captura poder ser requisitada, vista de mandado judicial, por qualquer meio de comunicao, tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisio, as precaues necessrias para averiguar a autenticidade desta. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). O Juiz que determinar a priso dever determinar seja registrada em banco de dados mantido pelo CNJ, nos termos do art. 289-A do CPP. Com a incluso do mandado de priso neste banco de dados, QUALQUER AGENTE POLICIAL poder efetu-la, ainda que no esteja na competncia territorial do Juiz que a expediu (art. 289-A, ¤1¡ do CPP). 2.2. Da priso Especial Algumas pessoas, por sua condio, possuem direito a serem recolhidas a estabelecimento prisional especial, conforme preconiza o prprio CPP. Vejamos: Art. 295. Sero recolhidos a quartis ou a priso especial, disposio da autoridade competente, quando sujeitos a priso antes de condenao definitiva: I - os ministros de Estado; II - os governadores ou interventores de Estados ou Territrios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretrios, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polcia; (Redao dada pela Lei n¼ 3.181, de 11.6.1957) III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assemblias Legislativas dos Estados; IV - os cidados inscritos no "Livro de Mrito"; V Ð os oficiais das Foras Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios; (Redao dada pela Lei n¼ 10.258, de 11.7.2001) VI - os magistrados; DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 55 VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da Repblica; VIII - os ministros de confisso religiosa; IX - os ministros do Tribunal de Contas; X - os cidados que j tiverem exercido efetivamente a funo de jurado, salvo quando excludos da lista por motivo de incapacidade para o exerccio daquela funo; XI - os delegados de polcia e os guardas-civis dos Estados e Territrios, ativos e inativos. (Redao dada pela Lei n¼ 5.126, de 20.9.1966) Caso no haja estabelecimento distinto para o recolhimento priso, esta se far em CELA DISTINTA, no mesmo estabelecimento. Os presos especiais possuem os mesmos direitos e deveres dos presos comuns, no podendo, entretanto, ser transportados juntamente com os demais presos, nos termos dos ¤¤ 4¡ e 5¡ do art. 295 do CPP. O militar, caso preso EM FLAGRANTE DELITO, ser recolhido ao quartel da Instituio qual pertencer (PM, Exrcito, Marinha...), onde ficar disposio das autoridades. 2.3. Da priso domiciliar A Lei 12.403/11 trouxe mais uma inovao. Trata-se da possibilidade de, em alguns casos, o Juiz decretar a priso preventiva, mas substitu-la pela priso domiciliar. Nos termos do art. 318 do CPP: Art. 318. Poder o juiz substituir a priso preventiva pela domiciliar quando o agente for: (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). I - maior de 80 (oitenta) anos; (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). II - extremamente debilitado por motivo de doena grave; (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). III - imprescindvel aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficincia; (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). IV - gestante; (Redao dada pela Lei n¼ 13.257, de 2016) V - mulher com filho de at 12 (doze) anos de idade incompletos; (Includo pela Lei n¼ 13.257, de 2016) VI - homem, caso seja o nico responsvel pelos cuidados do filho de at 12 (doze) anos de idade incompletos. (Includo pela Lei n¼ 13.257, de 2016) Pargrafo nico. Para a substituio, o juiz exigir prova idnea dos requisitos estabelecidos neste artigo. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Estes requisitos so autnomos, ou seja, estando o indivduo em qualquer destas situaes (e no em todas ou algumas cumulativamente), poder ser substituda a priso preventiva pela priso domiciliar, que consiste no recolhimento do indivduo em sua residncia, s podendo sair dela com autorizao judicial. Nos termos do art. 317 do CPP: DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 55 Art. 317. A priso domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residncia, s podendo dela ausentar-se com autorizao judicial. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). CUIDADO! A jurisprudncia entende que possvel deferir ao preso domiciliar o direito de sair para frequentar cultos religiosos, desde que previamente autorizado pelo Juiz. No se trata de entendimento pacfico, mas h decises neste sentido. Com relao s hipteses que autorizam a substituio da preventiva pela priso domiciliar, alguns comentrios devem ser feitos: ¥ O inciso I reporta-se pessoa maior de 80 anos. Assim, no qualquer idoso (maior de 60) que poder receber o ÒbenefcioÓ, mas somente os maiores de 80 anos; ¥ O inciso II fala em pessoa portadora de doena grave, e que se encontre em extrema debilidade. Desta maneira, no basta ser portador de doena grave, devendo o indivduo se encontrar extremamente debilitado em razo da doena; ¥ O inciso III, ao falar da pessoa que imprescindvel aos cuidados de menor de seis anos ou deficiente, no diferencia homem e mulher. Desta forma, o Homem pode ser beneficiado com a priso domiciliar, em razo desta hiptese, desde que comprove, por exemplo, que a nica pessoa que pode cuidar de seu filho de 03 anos de idade; ¥ Os incisos IV, V e VI possuem redao dada pela Lei 13.257/16 Ð O primeiro deles (inciso IV) previa, anteriormente, que somente a gestante que estivesse a partir do stimo ms de gestao (ou no caso de gestao de alto risco), poderia ser beneficiada pela priso domiciliar. Atualmente isto no mais vigora. A gestante, seja em que circunstncia for, poder ter a preventiva substituda pela priso domiciliar. Os incisos V e VI so INCLUSÍES da Lei 13.257/16 (no estavam previstos anteriormente). Visam proteo da criana, a fim de que possam ter um contato maior com o pai (se for o nico responsvel) e com a me. 2.4. Das medidas cautelares diversas da priso Como vimos, a Lei 12.403/11 trouxe inmeras alteraes em institutos j existentes e inmeras INOVAÍES, ou seja, criou diversos outros institutos, dentre eles, as medidas cautelares diversas da priso. J estudamos os requisitos e hipteses que autorizam a aplicao destas medidas. Vejamos agora, quais so elas, nos termos do art. 319 do CPP: DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 55 Art. 319. So medidas cautelares diversas da priso: (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). I - comparecimento peridico em juzo, no prazoe nas condies fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). II - proibio de acesso ou frequncia a determinados lugares quando, por circunstncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infraes; (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). III - proibio de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). IV - proibio de ausentar-se da Comarca quando a permanncia seja conveniente ou necessria para a investigao ou instruo; (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). V - recolhimento domiciliar no perodo noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residncia e trabalho fixos; (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). VI - suspenso do exerccio de funo pblica ou de atividade de natureza econmica ou financeira quando houver justo receio de sua utilizao para a prtica de infraes penais; (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). VII - internao provisria do acusado nas hipteses de crimes praticados com violncia ou grave ameaa, quando os peritos conclurem ser inimputvel ou semi-imputvel (art. 26 do Cdigo Penal) e houver risco de reiterao; (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). VIII - fiana, nas infraes que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstruo do seu andamento ou em caso de resistncia injustificada ordem judicial; (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). IX - monitorao eletrnica. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Vejam que muitas destas medidas j eram previstas no nosso ordenamento jurdico, s que como penas restritivas de direitos ou outras medidas, de natureza no cautelar. O que a lei fez foi possibilitar que estas medidas pudessem ser aplicadas com carter CAUTELAR, sempre que puder ser evitada a aplicao da PRISÌO PREVENTIVA. Vejam que a FIANA foi classificada como uma MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA PRISÌO (inciso VIII do art. 319). Veremos mais sobre a fiana quando estudarmos a Liberdade Provisria. Vejam que o simples fato de estar o acusado sendo processado criminalmente no lhe retira o direito de se ausentar do pas. No entanto, esta pode ser uma medida cautelar a ser decretada pelo Juiz, quando for necessrio e adequado ao caso. Nesta hiptese, aplica-se a regra do art. 320 do CPP: Art. 320. A proibio de ausentar-se do Pas ser comunicada pelo juiz s autoridades encarregadas de fiscalizar as sadas do territrio nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 55 Essa regra s se aplica na medida cautelar do inciso IV do art. 319, pois, se o acusado no puder deixar a comarca, POR îBVIO, no poder deixar o pas. CUIDADO! O Òrecolhimento domiciliar noturnoÓ do art. 319, V, no se confunde com a PRISÌO DOMICILIAR, prevista no art. 317 do CPP. 2.5. Da liberdade provisria e da fiana 2.5.1. Conceito, cabimento e arbitramento A Liberdade provisria, na verdade, um termo ridculo. A liberdade no provisria, a liberdade a regra. Provisria a priso. Afora este desabafo, a Liberdade Provisria direito do acusado, sempre QUE NÌO ESTIVEREM PRESENTES OS REQUISITOS PARA A DECRETAÌO DA PRISÌO PREVENTIVA. Nos termos do art. 321 do CPP; Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretao da priso preventiva, o juiz dever conceder liberdade provisria, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Cdigo e observados os critrios constantes do art. 282 deste Cdigo. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Entretanto, a concesso da liberdade provisria no impede a fixao de alguma medida cautelar DIVERSA DA PRISÌO (aquelas previstas no art. 319 do CPP). A liberdade provisria pode ser concedida SEM FIANA (a regra), ou COM FIANA, nesse ltimo caso, sempre que o Juiz suspeite de que o ru no comparecer a todos os atos do processo e pretenda com isso (arbitramento da fiana), que o ru se sinta compelido a comparecer aos atos processuais, de forma a que no sofra reflexos no seu BOLSO. A autoridade policial s poder arbitrar a fiana nos crimes cuja pena mxima no seja superior a quatro anos. Caso o crime possua pena mxima superior a 04 anos, a fiana dever ser requerida ao Juiz, que a arbitrar em at 48 horas, nos termos do art. 322 do CPP: Art. 322. A autoridade policial somente poder conceder fiana nos casos de infrao cuja pena privativa de liberdade mxima no seja superior a 4 (quatro) anos. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Pargrafo nico. Nos demais casos, a fiana ser requerida ao juiz, que decidir em 48 (quarenta e oito) horas. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 55 Entretanto, o que vocs devem ter em mente que a possibilidade de arbitramento, ou no, de fiana, no tem nada a ver com a liberdade provisria. Ainda que no se possa arbitrar fiana, possvel a concesso de liberdade provisria. Entretanto, h parcela da Doutrina que entende que se a Lei probe o arbitramento da fiana e, logo, a liberdade provisria com fiana, com muito mais razo no se pode admitir a liberdade provisria sem fiana. O tema polmico, mas vem prevalecendo a PRIMEIRA CORRENTE. O valor da fiana ser arbitrado com base nos parmetros estabelecidos no art. 325 do CPP: Art. 325. O valor da fiana ser fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes limites: (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). a) (revogada); (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). b) (revogada); (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). c) (revogada). (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). I - de 1 (um) a 100 (cem) salrios mnimos, quando se tratar de infrao cuja pena privativa de liberdade, no grau mximo, no for superior a 4 (quatro) anos; (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salrios mnimos, quando o mximo da pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). ¤ 1o Se assim recomendar a situao econmica do preso, a fiana poder ser: (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). I - dispensada, na forma do art. 350 deste Cdigo; (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). II - reduzida at o mximo de 2/3 (dois teros); ou (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). III - aumentada em at 1.000 (mil) vezes. (Includo pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Para o arbitramento do valor da fiana dever a autoridade (autoridade policial ou Juiz) verificar algumas circunstncias, como as condies financeiras do acusado, sua vida pregressa, sua periculosidade, etc. Vejamos o que diz o art. 326 do CPP: Art. 326. Para determinar o valor da fiana, a autoridade ter em considerao a natureza da infrao, as condies pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstncias indicativas de sua periculosidade, bem como a importncia provvel das custas do processo, at final julgamento. A fiana poder consistir em dinheiro, metais preciosos, ttulos, etc., ou seja, quaisquer bens que possuam valor econmico: DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícioscomentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 55 Art. 330. A fiana, que ser sempre definitiva, consistir em depsito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, ttulos da dvida pblica, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar. ¤ 1o A avaliao de imvel, ou de pedras, objetos ou metais preciosos ser feita imediatamente por perito nomeado pela autoridade. ¤ 2o Quando a fiana consistir em cauo de ttulos da dvida pblica, o valor ser determinado pela sua cotao em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir- se- prova de que se acham livres de nus. O MP no ser ouvido previamente ao arbitramento da fiana, mas ter vista dos autos aps esse momento, para que requeira o que achar necessrio (art. 333 do CPP). 2.5.2. Destinao da fiana Findo o processo, o valor da fiana poder ter destinos bem diferentes: § Ser devolvido a quem pagou - Se absolvido o ru, se extinta a ao ou se for declarada sem efeito a fiana. Essa a previso do art. 337 do CPP. § Ser perdido em favor do Estado Ð Caso o ru seja condenado e no se apresente para o incio do cumprimento da pena definitivamente imposta. Servir, neste caso, para pagar as custas do processo, indenizar o ofendido, etc. Nos termos do art. 336 do CPP. O restante ser destinado ao FUNDO PENITENCIçRIO (art. 345). § Ser utilizado para pagar as despesas a que o ru est obrigado e o restante ser devolvido a quem pagou a fiana Ð Caso condenado o ru, mas se apresente para cumprimento da pena. Neste caso, ser utilizado o valor para pagar as custas do processo, indenizar o ofendido, etc. Aps a utilizao do valor da fiana para estes fins, o saldo ser devolvido a quem pagou a fiana, nos termos do art. 347 do CPP. 2.5.3. Quebramento e cassao da fiana 2.5.3.1. Quebramento A fiana ser considerada QUEBRADA, quando: ü Quando o acusado ou indiciado no comparecer a algum ato do IP ou da instruo criminal, tendo sido intimado. ü Mudar de residncia sem prvia autorizao da autoridade processante. ü Se ausentar de sua residncia por mais de 08 dias sem comunicar autoridade processante onde poder ser encontrado. DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 55 ü Resistir, injustificadamente, ordem judicial. ü Praticar, deliberadamente, ato de obstruo ao processo (tumultuar o processo). ü Descumprir medida cautelar imposta CUMULATIVAMENTE com a fiana. ü Praticar nova infrao penal DOLOSA. Caso seja reformada, em grau de recurso, a deciso que JULGOU QUEBRADA A FIANA, esta (fiana) se restabelecer em todos os seus aspectos. Ø Mas, quais as consequncias no caso de quebramento da fiana? As consequncias so vrias: § Perda de METADE do valor da fiana § Possibilidade de o Juiz fixar alguma outra medida cautelar ou decretar a priso preventiva § Impossibilidade de prestao de nova fiana no mesmo processo ATENÌO! A perda da totalidade do valor da fiana ocorrer caso o ru, condenado DEFINITIVAMENTE, no se apresentar para cumprimento da pena. ATENÌO II! Tanto no caso de perda total ou parcial do valor da fiana, o saldo (aps recolhidas as custas processuais e demais encargos aos quais esteja obrigado o acusado) ser recolhido ao FUNDO PENITENCIçRIO. CUIDADO! Antes da Lei 12.403/11 esse saldo era destinado ao TESOURO NACIONAL. Isso mudou!). Vejamos o que diz o art. 345 do CPP: Art. 345. No caso de perda da fiana, o seu valor, deduzidas as custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, ser recolhido ao fundo penitencirio, na forma da lei. (Redao dada pela Lei n¼ 12.403, de 2011). Agora este valor destinado ao FUNDO PENITENCIçRIO. 2.5.3.2. Cassao Poder, ainda, ser a fiana CASSADA, quando: § Verificar-se que ela foi arbitrada de maneira ilegal - Isso ocorrer quando ficar comprovado que no podia ser arbitrada (Ex.: fiana arbitrada para crime inafianvel ou arbitrada por autoridade incompetente, etc.). § Houver inovao na classificao do delito Ð Quando, posteriormente, houver inovao na classificao do deito que DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 55 3. RESUMO PRISÍES CAUTELARES Conceito - Trata-se de uma medida de NATUREZA CAUTELAR (cautela = cuidado, a fim de se evitar um prejuzo), cuja finalidade pode ser garantir o regular desenvolvimento da instruo processual, a aplicao da lei penal ou, nos casos expressamente previstos em lei, evitar a prtica de novas infraes penais. Espcies Priso em flagrante Natureza - A priso em flagrante uma modalidade de priso cautelar que tem como fundamento a prtica de um fato com aparncia de fato tpico. Possui natureza administrativa, pois no depende de autorizao judicial para sua realizao. Sujeitos Ð A priso em flagrante pode ser efetuada por: § Qualquer do povo (facultativamente) § A autoridade policial e seus agentes (obrigatoriamente) Espcies de priso em flagrante § Flagrante prprio (art. 302, I e II do CPP) Ð Ser considerado flagrante prprio, ou propriamente dito, a situao do indivduo que est cometendo o fato criminoso (inciso I) ou que acaba de cometer este fato (inciso II). Tambm chamado de flagrante real, verdadeiro ou propriamente dito. § Flagrante imprprio (art. 302, III do CPP) Ð Aqui, embora o agente no tenha sido encontrado pelas autoridades no local do fato, necessrio que haja uma perseguio, uma busca pelo indivduo, ao final da qual, ele acaba preso. Tambm chamado de imperfeito, irreal ou Òquase flagranteÓ. § Flagrante presumido (art. 302, IV do CPP) Ð Temos as mesmas caractersticas do flagrante imprprio, com a diferena que a Doutrina no exige que tenha havida qualquer perseguio ao suposto infrator, desde que ele seja surpreendido, logo depois do crime, com objetos (armas, papis, etc....) que faam presumir que ele foi o autor do delito. Tambm chamado de flagrante ficto ou assimilado. OBS.: Caso o infrator se apresente espontaneamente, no ser possvel sua priso em flagrante. Priso em flagrante em situaes especiais Crimes habituais - No cabe priso em flagrante, pois o crime no se consuma em apenas um ato, exigindo-se uma sequncia de atos isolados para que o fato seja tpico (maioria da Doutrina e da Jurisprudncia). DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXIII EXAME DA OAB Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 07 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 55 Parte minoritria, no entanto, entende possvel, se quando a autoridade policial surpreender o infrator praticando um dos atos, j se tenha prova inequvoca da realizao dos outros atos necessrios caracterizao do fato tpico (Minoritrio). H decises jurisprudenciais nesse ltimo sentido (possvel, desde que haja prova da habitualidade). Crimes permanentes - O flagrante pode ser realizado em qualquer momento durante a execuo do crime, logo aps ou logo depois. Crimes continuados - Por se tratar de um conjunto de crimes que so tratados como um s para efeito de aplicao da pena, pode haver flagrante quando da ocorrncia de qualquer dos delitos. Modalidades especiais de flagrante § Flagrante esperado Ð A autoridade policial toma conhecimento de que ser praticada uma infrao penal e se desloca para o local onde o crime acontecer. Iniciados os atos
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