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Aula-04-51

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Direito Empresarial ± Exame OAB
Teoria e exercícios comentados
Prof. Gabriel Rabelo ± Aula 04 
Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 90 
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.............................................................................................................. 2
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................................ 2
NOÇÕES GERAIS ............................................................................................................. 2
DIFERENÇA ENTRE A COBRANÇA CONCURSAL DO DEVEDOR EMPRESÁRIO E DO DEVEDOR CIVIL3
DIFERENÇA BÁSICA ENTRE A FALÊNCIA E A RECUPERAÇÃO JUDICIAL .................................... 4
PRINCÍPIOS DA FALÊNCIA ................................................................................................ 5
PROCESSO DA FALÊNCIA EM SI......................................................................................... 6
PRIMEIRO PRESSUPOSTO - DEVEDOR EMPRESÁRIO............................................................. 6
AUTOFALÊNCIA............................................................................................................... 8
FALÊNCIA REQUERIDA POR CÔNJUGE SOBREVIVENTE, HERDEIRO, INVENTARIANTE................ 9
FALÊNCIA REQUERIDA POR ACIONISTA OU QUOTISTA ......................................................... 9
FALÊNCIA REQUERIDA POR CREDOR.................................................................................. 9
LOCAL PARA AJUIZAMENTO DO PEDIDO DE FALÊNCIA .......................................................... 9
DO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA ................................................................................ 10
SEGUNDO PRESSUPOSTO - INSOLVÊNCIA ........................................................................ 11
IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA .................................................................................. 12
EXECUÇÃO FRUSTRADA ................................................................................................. 15
ATOS DE FALÊNCIA ....................................................................................................... 16
PEDIDO DE FALÊNCIA .................................................................................................... 16
TERCEIRO PRESSUPOSTO ± SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA.................................. 17
TERMO LEGAL DA FALÊNCIA ........................................................................................... 19
DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA DE CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS ....................... 22
SUSPENSÃO DAS AÇÕES ................................................................................................ 22
RESTRIÇÕES PESSOAIS AO FALIDO ................................................................................. 23
ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA....................................................................................... 23
ATUAÇÃO DO JUIZ......................................................................................................... 24
ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ................................................................................ 24
ÓRGÃOS DA FALÊNCIA................................................................................................... 25
ADMINISTRADOR JUDICIAL ............................................................................................ 25
ASSEMBLÉIA GERAL DE CREDORES ................................................................................. 32
COMITÊ DE CREDORES .................................................................................................. 35
EFEITOS DA SENTENÇA QUE DECRETA A FALÊNCIA............................................................ 38
SÓCIOS COM RESPONSABILIDADE ILIMITADA .................................................................. 38
PERDA DO DIREITO DE ADMINISTRAR OS SEUS BENS........................................................ 39
INABILITAÇÃO PARA ATIVIDADES EMPRESARIAIS ............................................................. 39
APURAÇÃO DO ATIVO DO DEVEDOR................................................................................. 40
A RESTITUIÇÃO DE BENS DE TERCEIROS.......................................................................... 41
VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DOS CRÉDITOS.................................................................. 43
LIQUIDAÇÃO DO PROCESSO FALIMENTAR ........................................................................ 45
CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS ..................................................................................... 50
ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA........................................................................................ 52
ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA ....................................................................................... 57
RECUPERAÇÃO JUDICIAL................................................................................................ 63
SUJEITO ATIVO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL .................................................................... 64
MEIOS DE SE RECUPERAR A EMPRESA.............................................................................. 65
FORO PARA PEDIR A RECUPERAÇÃO JUDICIAL................................................................... 66
DO PEDIDO E PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ............................................. 66
PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL................................................................................. 69
O CRÉDITO TRIBUTÁRIO NO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL......................................... 70
FASE DELIBERATIVA DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ............................................................. 71
AULA 04: FALÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL.
Direito Empresarial ± Exame OAB
Teoria e exercícios comentados
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A RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM SI .................................................................................... 73
CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA................................................... 76
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL ...................................................................................... 80
QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA............................................................................ 84
GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA..................................................... 90
APRESENTAÇÃO
Olá, meus amigos. Como estão?! É com um imenso prazer que estamos aqui,
no Estratégia Concursos, para ministrar mais uma aula da disciplina de
Direito Empresarial para o Exame da OAB ± 1ª fase.
O fórum de dúvidas está funcionando.
Está ok?! É isso! Vamos começar a nossa batalha?!
Forte abraço!
GABRIEL LO
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Faremos um passeio pelos aspectos históricos, bem como pela legislação que
rege, arrematando com as questões comentadas.
NOÇÕES GERAIS
Como é sabido, dificilmente consegue na prática viver o empresário sem que se
utilize das compras e vendas a prazo.
Honrar as dívidas no vencimento indica que a empresa possui o que Rubens
5HTXLmR�FKDPD�GH�³normalidade econômica´��1mR�KRQUDU�FRP�DV�REULJDo}HV�
pode ter um efeito não muito desejado para o empresário, como, por exemplo,
a cobrança por execução judicial.
Com efeito, a regra é a execução singular por partes dos credores (ação de
cobrança). O credor X tem um valor a receber, entra em juízo para saldá-lo. O
credor Y tem um valor a receber, entra em juízo para liquidá-lo. Todavia,
quando essas dívidas tomam proporções atípicas, superando o total de
bens, a execução individual não atende critérios de isonomia, pois a
propositura antecipada da ação é que garantiria a satisfação do crédito
e não a importância do crédito. Assim, a falência existe justamente para que
se evite esse tipo de prejuízo.Agravando-se, quando a crise começa a tomar efeitos mais vultosos, atingindo
uma quantidade maior de credores, há que se perquirir se o empresário não foi
à bancarrota, sujeitando-se à decretação da falência.
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A falência, a um só tempo, é instrumento que garante:
- Igualdade entre os credores (princípio da par conditio creditorum);
- Exclusão do mercado de empresários com insucesso;
- Mecanismo de controle da economia.
Em tempos remotos, mais especificamente, à época da Lei das XII Tábuas, a
quantia confessada ou julgada deveria ser paga em trinta dias. Acabando-se o
prazo, aplicava-se a tomada da pessoa e dos bens do devedor, levando-o ao
magistrado. Persistindo a dívida, o devedor ficava preso. No caso de um
terceiro ou o próprio devedor não liquidar a obrigação as consequências podiam
ser a escravidão, morte ou esquartejamento. Observe-se que a garantia era,
literalmente, pessoal.
Somente na Idade Contemporânea é que o direito passou a discernir
DGHTXDGDPHQWH�D�ILJXUD�GR�GHYHGRU�GD�GR�³FULPLQRVR´��JDQKDQGR�D�IDOrQFLD�XP�
aspecto patrimonial.
No Brasil, a legislação falimentar tem início no período colonial, ganhando uma
SDUWH�HVSHFtILFD�QR�&yGLJR�&RPHUFLDO�GH��������FKDPDGD�³GDV�TXHEUDV´��
O direito foi se aperfeiçoando até chegarmos à Lei 11.101/2005, que vige no
regime jurídico pátrio.
O importante aqui, para concursos, é que se note que a falência, ao longo da
história, deixou de ser um instituto forjado para consagrar a desonra dos
devedores, para ser um aparelho de satisfação das dívidas e obrigações que o
empresário toma no curso de suas atividades.
DIFERENÇA ENTRE A COBRANÇA CONCURSAL DO DEVEDOR EMPRESÁRIO E DO
DEVEDOR CIVIL
A falência é instituto que se aplica basicamente ao empresário e sociedade
empresária (vide artigo 1º abaixo). Para os devedores civis, resta o chamado
concurso de credores, regido pelo Direito Civil.
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E qual a vantagem da cobrança do rito empresarial sobre o concurso de
credores, do âmbito civil? Fábio Ulhoa cita basicamente duas:
Vantagens da lei de recuperação de empresas sobre o concurso de
credores
- Possibilidade de a empresa se recuperar;
- Extinção das obrigações do falido mesmo que as dívidas não sejam totalmente
quitadas (será visto adiante).
Assim, indubitável que o regime falimentar tem um aspecto diferenciado.
DIFERENÇA BÁSICA ENTRE A FALÊNCIA E A RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A lei 11.101/2005 dispõe que:
Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e
a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos
simplesmente como devedor.
Com efeito, o primeiro aspecto que devemos saber para concursos é distinguir a
figura da recuperação judicial da figura da falência. Sobre a recuperação
extrajudicial, deixaremos para o momento oportuno.
Vários aspectos são comuns à falência e à recuperação
judicial. Entretanto, o que por ora merece destaque é o de
que a falência se aplica nos casos em que a crise do
empresário é tão profunda que não restam alternativas que
não a extinção do negócio. Ao revés, a recuperação judicial é capaz de propiciar
a continuidade da empresa.
Na recuperação, o que se quer evitar é justamente a decretação da falência do
devedor.
Ademais, segundo a própria Lei de Falências e Recuperação Judicial (LRE ± Lei
de recuperação de empresas):
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Art. 64. Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus
administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob
fiscalização do Comitê, se houver, e do administrador judicial, (...).
Já na falência:
Art. 103. Desde a decretação da falência ou do sequestro, o devedor perde o
direito de administrar os seus bens ou deles dispor.
Na recuperação judicial, mantém-se o devedor no comando das atividades.
Contudo, na decretação da falência o que se tem é a indisposição dos bens por
parte do falido.
Falência Æ Devedor perde o direito de administrar os seus bens.
Recuperação Judicial Æ Devedor não perde o direito de administrar os
seus bens.
Falência Recuperação Judicial
Enseja o fim da atividade Não enseja o fim da atividade
Devedor perde o direito de administrar Devedor é mantido nas atividades
PRINCÍPIOS DA FALÊNCIA
Os princípios geralmente atrelados ao processo falimentar são:
- Par conditio creditorum: pelo qual todos os credores devem ter igualdade
de condições para receber seus créditos.
- Vinculação patrimonial: segundo o qual todos os bens e direitos do devedor
ficam afetados para que haja o efetivo pagamento dos credores.
- Maximização dos ativos e preservação da empresa: os ativos devem ser
alienados de maneira ótima, a fim de que se atinja o maior montante para a
satisfação dos créditos e, também, da forma que propiciem ao máximo o
aproveitamento dos fatores de produção para a produção de riqueza para a
economia, preservando postos de trabalho, recolhimento de tributos, etc.
Ambos estão insculpidos no artigo 75 da LRE:
Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas
atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens,
ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa.
- Viabilidade econômica da empresa: o princípio da preservação da empresa
propõe que os ativos devem ter o máximo possível de solução de continuidade.
Contudo, deve-se coadunar, ponderar, este princípio com o da viabilidade
econômica da empresa. Se a crise é irremediável, resta impossível que se
recupere a empresa pela recuperação judicial, por exemplo.
- Celeridade e economia processual: Tratado no artigo 75, parágrafo único
da LRE:
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A própria Lei de Recuperação de
Empresas propõe:
Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação
judicial, a recuperação extrajudicial e a
falência do empresário e da sociedade
empresária, doravante referidos
simplesmente como devedor.
As sociedades simples, os
profissionais liberais, as sociedades
de advogados, as cooperativas,
portanto, não se sujeitam aos efeitos
da Lei 11.101/2005.
Ressalte-se, também, que alguns
empresários, embora atendam a todos
os requisitos para a classificação como
tal, estão excluídos, total ou
parcialmente das aplicações da Lei
11.101/2005, aplicando-se a legislação
específica:
Art. 2o Esta Lei não se aplica a: (artigo cai muito!)
I ± empresa pública e sociedade de economia mista;
II ± instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio,
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras
entidades legalmente equiparadas às anteriores.
A lei de falências dispõe que as empresas públicas e sociedades de economia
mista não estão sujeitas à falência, sejam elas exploradoras de atividade
econômica, sejam prestadoras de serviço público.
Mas, devemos nos perguntar, também, quem poderá postular o pedido de
falência do devedor (pólo passivo). Quem será o sujeito (pólo) ativo desta
demanda?!
A resposta se encontra no artigo 97 da LRE, cuja redação transcrevemos:
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:
I ± o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei;
II ± o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante;III ± o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo
da sociedade;
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IV ± qualquer credor.
Assim, grave-se:
Polo passivo na falência Empresário ou sociedade empresária
Polo ativo na falência
Próprio devedor (autofalência)
Cônjuge sobrevivente, herdeiro, inventariante
Quotista ou acionista
Qualquer credor
Vamos lá! Analisemos o pólo ativo da demanda.
AUTOFALÊNCIA
A primeira hipótese (LRE, art. 97, I) é o requerimento da falência pelo próprio
devedor, caso em que teremos a autofalência. A autofalência está disciplinada
nos artigos 105, 106 e 107 da LRE.
O artigo 105 dispõe que:
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não
atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá
requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de
prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes
documentos:
I ± demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios
sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas
com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas
obrigatoriamente de:
a) balanço patrimonial;
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório do fluxo de caixa;
II ± relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e
classificação dos respectivos créditos;
III ± relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva
estimativa de valor e documentos comprobatórios de propriedade;
IV ± prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou,
se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de
seus bens pessoais;
V ± os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por
lei;
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VI ± relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os
respectivos endereços, suas funções e participação societária.
Note-se que a lei impõe ao devedor que, ao constatar a impossibilidade total
de continuidade das atividades, faça o requerimento da falência. Contudo, este
instituto é de pouquíssima utilização, já que a medição de quando a atividade
está bem ou mal é atividade que requer grande dose de subjetivismo.
FALÊNCIA REQUERIDA POR CÔNJUGE SOBREVIVENTE, HERDEIRO, INVENTARIANTE
A segunda hipótese é o pedido de falência por cônjuge sobrevivente, qualquer
herdeiro do devedor ou inventariante (LRE, art. 97, II). Esta hipótese se aplica
ao empresário individual, que, vindo a falecer, deixa herdeiros. Esses herdeiros,
então, ao perceberem que não mais é possível a continuidade do empresariado,
requerem a decretação da falência.
FALÊNCIA REQUERIDA POR ACIONISTA OU QUOTISTA
Outra hipótese de pedido de falência é aquele feito por acionista ou quotista de
sociedade, provando-se a condição de membro da sociedade.
FALÊNCIA REQUERIDA POR CREDOR
Por fim, a grande massa dos pedidos falimentares são aqueles
postulados por credor. Vejam que o artigo 97, IV, fala em qualquer credor.
Isto significa dizer que o credor pode ser empresário ou não empresário.
Sendo empresário, há uma condição para o pedido de quebra, qual seja o
credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que
comprove a regularidade de suas atividades (LRE, art. 97, §1º).
Assim, o credor empresário deve ser regular. Não sendo empresário,
não vale este tipo de exigência.
O pedido de falência quando feito por um credor deve estar acompanhado do
título executivo. Se o pedido for aforado por causa da impontualidade do
devedor em pagar, deverá estar vencido. Se o pedido de falência se basear nos
denominados atos de falência (LRE, art. 94, III), não se faz necessário o
vencimento do título, isto por que o título executivo apenas provará que o
credor possui realmente o direito ao pedido de quebra.
LOCAL PARA AJUIZAMENTO DO PEDIDO DE FALÊNCIA
Visto quem é o pólo ativo e passivo do processo falimentar, sabemos que deve
existir um ajuizamento desta ação. E onde se passa o processo falimentar? Um
contribuinte que tenha filiais por todo o Brasil, pode ser demandado em
qualquer destas comarcas?! Segundo a LRE:
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Este é o chamado princípio da unidade do juízo falimentar. Portanto, vejam,
amigos, que o foro competente é do local do principal estabelecimento do
devedor. E não se confunda a expressão local do principal estabelecimento com
a constituição jurídica destes estabelecimentos, a saber, matriz e filial.
O que a lei pretende dizer é que o juízo competente é aquele em que se possua
o maior volume de recursos. Não se trata necessariamente da matriz, repito.
A lógica é a de que o local onde o volume de transações for maior será aquele
em que haverá maior vulto de bens e direitos para satisfação dos credores.
Vejamos como foi cobrado:
(FGV/Auditor Fiscal da Receita Estadual/SEFAZ/RJ) O juízo competente
para decretação da falência é o do local em que se situa a sede do devedor, ou
da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.
Está incorreto. O correto é o juízo onde esteja o principal estabelecimento. O
principal estabelecimento é aquele em que está concentrado o maior volume
das operações empresariais. O que importa é o ponto de vista econômico,
e não o jurídico. Assim, não necessariamente será o local da sede.
Se for sociedade estrangeira, vale a mesma regra, deve-se buscar a filial
economicamente mais importante.
DO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA
Diz-se que o juízo da falência é universal e indivisível.
Indivisível significa dizer que, em regra, todas as ações referentes a bens,
interesses e negócios serão processadas e julgadas pelo juízo em que o feito da
falência tramita. Com fulcro na LRE:
Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as
ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas
trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar
como autor ou litisconsorte ativo.
Assim, como se depreende da leitura do próprio dispositivo, algumas causas
não são atraídas para o juízo falimentar, quais sejam:
- As que não sejam reguladas pela LRE, quando a massa falida for autora ou
litisconsorte ativa, que não sejam reguladas pela LRE.
- As causas trabalhistas até o encerramento do processo de
conhecimento.
- As causas fiscais, já que não estão sujeitas ao concurso de credores.
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- As ações que demandam quantia ilíquida (LRE, art. 6º, §1º).
Indivisibilidade do juízo falimentar
Regra: competente para conhecer todas as ações
Exceções
Causas trabalhistas
Causas fiscais
Aquelas em que o falido figure como autor/litisconsorte ativo, não reguladas na LRE
As ações que demandem quantia ilíquida
Já a universalidade diz respeito à imposição de uma regra única para os
credores, sendo eles submetidos ao mesmo juízo.
Uma anotação importante feita pelo professor Ricardo Negrão, é a seguinte:
³'HYHPRV� REVHUYDU� TXH� QHP� WRGRV� RV� FUHGRUHV� VXEPHWHP-se à verificação e
habilitação no juízo falimentar, porque excetuados quanto à regra da
indivisibilidade. Entretanto, quanto à classificação e ao pagamento, todos os
credores sujeitam-VH�DR�UHJUDPHQWR�HVWDEHOHFLGR�QD�OHL�IDOLPHQWDU´��
Ouseja, nem todos os créditos precisam ser habilitados para o processo
falimentar. Contudo, na hora do pagamento, teremos uma ordem a ser seguida
e todos os credores a ela estarão sujeitos.
SEGUNDO PRESSUPOSTO - INSOLVÊNCIA
O segundo pressuposto é a insolvência. Uma das situações em que a falência é
decretada se dá quando o passivo (obrigações) é superior ao ativo (bens e
direitos). Esta situação é conhecida na contabilidade como passivo a
descoberto. É descoberto haja vista que não há recursos suficientes para
saldá-lo com os bens e direitos de que a empresa dispõe.
Contudo, Fábio Ulhoa destaca que não basta a simples existência de passivo a
descoberto para que se faça a decretação da falência. A insolvência possui,
assim, caráter jurídico e não econômico. Praticando determinados atos
estatuídos pela lei, caracterizado está o estado de insolvência. Todavia, se não
praticar, mesmo que seja deficitário o ativo em relação ao passivo, não há
fundamento para a decretação da falência.
Assim, só se decretará a falência de determinado devedor se ele:
1 ± Incorrer em impontualidade injustificada no cumprimento de obrigação
líquida (LRE, art. 94, I).
2 ± Incorrer em execução frustrada (LRE, art. 94, II).
3 ± Praticar determinados atos de falência (LRE, art. 94, III).
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Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
I ± sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;
II ± executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
III ± pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de
recuperação judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar
com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de
recuperação judicial.
IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA
Segundo a Lei de Falências:
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Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
I ± sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida
materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;
Assim, o pedido de falência de devedor com base em impontualidade
injustificada pressupõe:
a) Falta de pagamento sem relevante razão de direito de dívida no
vencimento. Se houver razão de direito para o atraso, não há fundamento para
o pedido, como, por exemplo, cobrança de dívida prescrita.
b) Que a dívida seja líquida.
c) Que a dívida ultrapasse 40 salários-mínimos. Contudo, caso a dívida seja
inferior, propõe a LRE que os credores poderão se juntar para atingir este valor
(LRE, art. 94, §1º).
d) Que o título esteja protestado. Esse protesto pode ser cambial, quando se
tratar de título de crédito, ou, então, de protesto especial para fins de falência,
nos demais casos.
Pedido de falência - Impontualidade Injustificada (LRE, art. 94, I)
Falta de pagamento, sem relevante razão de direito.
Dívida líquida
Dívida deve ultrapassar 40 salários mínimos (credores podem se juntar)
Título deve estar protestado.
Levantemos uma hipótese. Determinada pessoa (Alfa) prestou serviço para
Beta. Alfa emitiu uma duplicata. Todavia, Beta não a aceitou. O título venceu e
o credor o levou a protesto. Será o protesto suficiente para requerer o pedido
de falência, já que não há aceite? A resposta é não! Segundo o Superior
Tribunal de Justiça:
Súmula 248. STJ. Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não
aceita, mas protestada, é título hábil para instruir pedido de falência.
Portanto, deverá haver também a comprovação da prestação do serviço.
Vejam como isso foi cobrado em prova:
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1) (FGV/Exame/OAB/2015) São João da Baliza Transporte Rodoviário
Ltda. sacou duplicata de prestação de serviços no valor de R$ 32.000,00 (trinta
e dois mil reais) para recebimento do frete decorrente do transporte de cargas
entre ela e Supermercados Caracaraí Ltda. EPP. Diante do inadimplemento do
pagamento do frete, a sacadora levou a duplicata a protesto, sem aceite, com
vistas a instruir pedido de falência do sacado.
Com base nas informações do enunciado, assinale a afirmativa correta.
A) Essa duplicata não aceita não é título hábil para instruir pedido de falência,
ainda que protestada e comprovada a prestação dos serviços.
B) Essa duplicata não aceita, mas protestada, é título hábil para instruir pedido
de falência, comprovada a prestação dos serviços.
C) Essa duplicata de prestação de serviços é título hábil para instruir pedido de
falência, caso esteja aceita, protestada e tenha o sacador comprovado a
prestação dos serviços.
D) Essa duplicata não é título hábil para instruir pedido de falência do
destinatário porque o documento apropriado para a cobrança do frete é o
conhecimento de transporte.
Comentários:
A nossa questão está pautada na impontualidade injustificada. O valor do
salário mínimo em 2015 é R$ 788,00. Portanto, 40 salários mínimos equivalem
a R$ 31.520,00, valor inferior à dívida.
Súmula 248. STJ. Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não
aceita, mas protestada, é título hábil para instruir pedido de falência.
Gabarito Æ B.
Segundo a LRE:
Art. 94, § 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência
será instruído com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art.
9o desta Lei, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos
de protesto para fim falimentar nos termos da legislação específica.
A própria lei sugere os casos em que não será decretada a falência por
impontualidade injustificada. A saber:
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Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei,
não será decretada se o requerido provar:
I ± falsidade de título;
II ± prescrição;
III ± nulidade de obrigação ou de título;
IV ± pagamento da dívida;
V ± qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a
cobrança de título;
VI ± vício em protesto ou em seu instrumento;
VII ± apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação,
observados os requisitos do art. 51 desta Lei;
VIII ± cessação das atividadesempresariais mais de 2 (dois) anos antes do
pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de
Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato
registrado.
EXECUÇÃO FRUSTRADA
A execução frustrada está prevista no inciso II do artigo 94 da Lei de Falências,
que prega:
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
II ± Executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
Nesta hipótese, basicamente, o devedor é executado por qualquer quantia
líquida (veja que não precisa ser 40 salários mínimos) e, intimado a fazê-
lo em juízo:
- Não paga.
- Não deposita quantia para quitar a dívida.
- Não penhora bens suficientes para a quitação.
Execução frustrada
Não paga
Não deposita quantia para quitar a dívida
Não nomeia à penhora bens suficientes
Havendo o enquadramento nestes três itens, encerra-se a execução e o credor,
munido de uma declaração judicial da omissão, ingressa com ação pedindo a
falência. Ressalte-se, o título não precisa estar protestado e não há que
se atingir o montante de 40 salários mínimos.
O item foi cobrado no concurso para Auditor Substituto de Conselheiro do TCM
RJ (item incorreto):
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(FGV/Auditor/TCM/RJ) O protesto do título é condição especial para
decretação da falência com fundamento em execução frustrada.
ATOS DE FALÊNCIA
Por fim, a última hipótese caracterizadora da insolvência representa os
chamados atos de falência e estão previstos no artigo 94, III, que, por não ser
demais, repetimos:
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
III ± pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de
recuperação judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio
ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da
totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de
todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de
burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar
com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu
domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de
recuperação judicial.
Na ocorrência dos atos de falência, o pedido de falência descreverá os fatos que
a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que
serão produzidas (LRE, art. 94, §5º).
PEDIDO DE FALÊNCIA
Concebidos tais pressupostos, a pessoa de direito deve ajuizar o pedido de
falência. Quando a falência for requerida por terceiros, há para o devedor um
prazo para contestação do pedido.
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez)
dias.
Prazo para contestação do devedor Æ 10 dias
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Dissemos que a falência pode ser fundada na impontualidade injustificada, na
execução frustrada ou nos atos de falência.
Se o ajuizamento tiver se dado por impontualidade injustificada ou
execução frustrada, o devedor por elidir (eliminar, suprimir) a falência,
fazendo um depósito da quantia reclamada, correspondente ao valor total do
crédito, acrescido da correção monetária, juros e honorários advocatícios. Nesta
hipótese, o pedido de falência será denegado e o credor levará consigo os
valores obtidos para que haja satisfação da dívida.
Art. 98. Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do
art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor
correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e
honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e,
caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento
do valor pelo autor.
Assim, ficam para o requerido (devedor) as seguintes possibilidades quando do
pedido da falência:
- Apenas contesta o pedido. Aqui, se o magistrado acolhe as teses da defesa,
denega a falência. Ao revés, declara a continuidade do procedimento.
- Contesta o pedido e deposita o valor. Nesta hipótese, o devedor não só
deposita o valor, mas, também, contesta o pedido. Se o magistrado julgar a
contestação procedente, o depósito será levantado em favor do requerido
(devedor). Caso contrário, se julgado o pedido procedente, não será declarada
a falência do devedor, posto que o depósito elisivo fora efetuado.
- Apenas deposita. Nesta hipótese, o juiz denega a falência e recolhe o valor
para o credor.
- Não contesta nem deposita. Neste caso, o juiz decreta a falência se
restarem atendidos os demais requisitos para tanto.
- Apresentar pedido de recuperação judicial.
Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua
recuperação judicial.
TERCEIRO PRESSUPOSTO ± SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA
De posse de tudo o que já foi dito, resta ao magistrado duas alternativas:
declarar ou denegar o pedido de falência.
A sentença que denegar o pedido de falência deve ter o cuidado de analisar o
comportamento do requerente quando do pedido. Agindo de má-fé, a lei estatui
que seja o requerido indenizado (LRE, art. 101).
Ademais, outra hipótese em que a decretação da falência será denegada é
quando houver o depósito elisivo.
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Falemos agora da sentença que decreta a falência procedente.
A Lei 11.101/2005 determina que:
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras
determinações:
I ± conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos
que forem a esse tempo seus administradores;
II ± fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90
(noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação
judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para
esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
III ± ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias,
relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e
classificação dos respectivos créditos, se esta já não se encontrar nos autos,
sob pena de desobediência;
IV ± explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no
§ 1o do art. 7o desta Lei;
V ± ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o
falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei;
VI ± proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de
bens do falido, submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do
Comitê, se houver, ressalvados os bens cuja venda faça parte das atividades
normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso
XI do caput deste artigo;
VII ± determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses
das partes envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de
seus administradores quandorequerida com fundamento em provas da prática
de crime definido nesta Lei;
VIII ± ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à
anotação da falência no registro do devedor, para que conste a
expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação de que
trata o art. 102 desta Lei;
IX ± nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na
forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na
alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;
X ± determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições
públicas e outras entidades para que informem a existência de bens e
direitos do falido;
XI ± pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do
falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos,
observado o disposto no art. 109 desta Lei;
XII ± determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-
geral de credores para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda
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autorizar a manutenção do Comitê eventualmente em funcionamento na
recuperação judicial quando da decretação da falência;
XIII ± ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às
Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor
tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência.
Esta sentença declaratória há que ser publicada no órgão oficial e, caso haja
possibilidade financeira, em jornal de grande circulação.
Segundo a Lei de Falências, art. 100: Da decisão que decreta a falência
cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe
apelação.
O agravo, na forma retida ou na de instrumento, é o recurso cabível contra
decisão interlocutória. Decisão interlocutória é o ato do juiz, com caráter
decisório, mas que não extingue o procedimento (no nosso caso, a falência).
Embora a Lei de Falências seja silente, o agravo cabível contra a sentença
que decreta a falência é o agravo de instrumento.
A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do
devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento
proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira para
a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos
(LF, art. 77).
Além da identificação completa do devedor falido e dos motivos que ensejaram
a falência, merecem destaque:
TERMO LEGAL DA FALÊNCIA
O artigo 99, II, fixa que:
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras
determinações:
II ± fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90
(noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação
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judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para
esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
Trata-se do termo legal da falência, que é o lapso temporal antes da
decretação de falência em que os atos praticados pelo devedor podem
vir a serem considerados como ineficazes. Assim, se houver evidências,
por exemplo, de que o empresário estava se desfazendo de seu patrimônio,
antes da decretação da quebra, de forma gradual para evitar a constrição
judicial, tal postura poderá ser considerada ineficaz.
Nesse sentido vai o artigo 129 da LRE, que prega:
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante
conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não
intenção deste fraudar credores:
I ± o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do
termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo
desconto do próprio título;
II ± o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo
legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato;
III ± a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do
termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados
em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a
parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada;
IV ± a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação
da falência;
V ± a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da
falência;
VI ± a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento
expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não
tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se,
no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem
devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e
documentos;
VII ± os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre
vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis
realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação
anterior.
E como saber qual o termo legal da falência?! Bem, vimos que a insolvência do
devedor pode se dar por: a) impontualidade injustificada (quando é necessário
o protesto); b) execução frustrada (o título não precisa estar protestado); e c)
atos de falência.
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Se o pedido de falência se basear em impontualidade injustificada, teremos
uma hipótese.
Imaginemos que em 31 de agosto de 2011 o magistrado decrete sentença que
declara a falência do empresário X, por pedido do credor Y, que protestou o
título em 15 de setembro de 2009. O juiz, ao sentenciar, deve olhar para
quando houve o primeiro protesto por falta de pagamento (não
necessariamente do credor Y). No nosso caso, olharemos para a data de 15 de
setembro de 2009 e andaremos 90 dias para trás, até 15 de junho de 2009.
Diz-se, então, que esse período, de 15/06/2009 a 31/08/2011 é considerado o
termo legal da falência.
Termo legal da falência ± Impontualidade Injustificada
Se o pedido se basear em execução frustrada ou atos de falência, esses
90 dias são tomados da data em que o pedido foi ajuizado.
2) (FGV/Exame/OAB/2011) A sociedade empresária denominada KLM
Fábrica de Móveis Ltda. teve a sua falência decretada. No curso do processo,
restou apurado que a sociedade, pouco antes do ajuizamento do requerimento
que resultou na decretação de sua quebra, havia promovido a venda de seu
estabelecimento, independentemente do pagamento de todos os credores ao
tempo existentes, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, e
sem que lhe restassem bens suficientes para solver o seu passivo.
(A) Revogável por iniciativa do administrador judicial.
(B) Ineficaz em relação à massa falida.
(C) Anulável por iniciativa do administrador judicial.
(D) Nula de pleno direito.
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Comentários
Segundo a Lei 11.101/2005:
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante
conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não
intenção deste fraudar credores:
VI ± a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento
expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não
tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se,
no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores,após serem
devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e
documentos;
Gabarito Æ B.
DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA DE CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS
A decretação da falência das concessionárias de serviços públicos
implica extinção da concessão, na forma da lei (LF, art. 195).
Esse item já foi cobrado no concurso para Juiz Substituto do TJDFT, em 2008
(item correto):
(TJDFT/Juiz Substituto/2008) A decretação da falência das concessionárias
de serviços públicos implica extinção de concessão.
SUSPENSÃO DAS AÇÕES
A lei de falências prescreve que:
Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da
recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e
execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do
sócio solidário.
Atenção! Esse artigo 6º é muito cobrado em prova,
principalmente no que diz respeito ao marco inicial
para a suspensão do curso da prescrição. Na falência,
é a decretação deste instituto; na recuperação
judicial, o deferimento do processamento.
Com efeito, se determinado credor tem valor a receber perante certo
empresário cuja quebra é declarada, o prazo prescricional para que esse valor
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seja cobrado é suspenso. Esse prazo, contudo, volta a fluir após a sentença que
der encerramento ao processo falimentar.
Art. 157. O prazo prescricional relativo às obrigações do falido recomeça a
correr a partir do dia em que transitar em julgado a sentença do encerramento
da falência.
Os credores que tiverem execuções correndo contra o devedor deverão
habilitar os créditos no processo falimentar.
§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste
artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180
(cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da
recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos
credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de
pronunciamento judicial.
RESTRIÇÕES PESSOAIS AO FALIDO
Com a decretação da falência, algumas conseqüências advêm para a pessoa do
falido, como, por exemplo:
Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres:
III ± não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e
comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas
cominadas na lei;
Destarte, não pode o falido se ausentar do local em que a falência é
processada, regra voltada para o empresário individual.
As correspondências do falido atinentes às atividades empresariais sofrem
parcial quebra do sigilo prevista pela Constituição Federal, vez que todas as
correspondências que concernem ao empresariado devem ser enviados ao
administrador judicial.
 Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do
Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:
III ± na falência:
d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o
que não for assunto de interesse da massa;
ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA
A administração da falência incumbe basicamente a(o):
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- magistrado;
- órgãos da falência: administrador judicial, comitê de credores, assembléia
geral de credores;
- ministério público.
ATUAÇÃO DO JUIZ
O magistrado é quem, eminentemente, conduz o processo falimentar.
Basicamente, ele:
- Conduz o processo falimentar;
- Pode autorizar a venda antecipada de bens;
Art. 111. O juiz poderá autorizar os credores, de forma individual ou coletiva,
em razão dos custos e no interesse da massa falida, a adquirir ou adjudicar, de
imediato, os bens arrecadados, pelo valor da avaliação, atendida a regra de
classificação e preferência entre eles, ouvido o Comitê.
Art. 113. Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável
desvalorização ou que sejam de conservação arriscada ou dispendiosa, poderão
ser vendidos antecipadamente, após a arrecadação e a avaliação, mediante
autorização judicial, ouvidos o Comitê e o falido no prazo de 48 (quarenta e
oito) horas.
- Nomeia e aprova as contas prestadas pelo administrador judicial;
- Entre outras tantas providências.
ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
A intervenção do Ministério Público se dá nos casos previstos em lei, ora como
fiscal da lei, ora com tarefas de cunho administrativo. O MP, em síntese, age
como fiscal da lei, em seu dia a dia. Na lei de falências, sua atuação maior se
dará em havendo evidências de tipos penais.
Vejamos algumas das hipóteses que podem contar com a participação do
Parquet:
Art. 8o No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no
art. 7o, § 2o, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou
o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de
credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra
a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado.
Art. 19. O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante
do Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou da
falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no
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Código de Processo Civil, pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação
de qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação,
fraude, erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento
do crédito ou da inclusão no quadro-geral de credores.
Art. 30, 2o O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá requerer
ao juiz a substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê
nomeados em desobediência aos preceitos desta Lei.
Art. 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser
proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério
Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da falência.
ÓRGÃOS DA FALÊNCIA
Além do juiz e do MP, a falência possui órgãos próprios, a saber: administrador
judicial, comitê de credores, assembléia de credores.
ADMINISTRADOR JUDICIAL
O administrador judicial é o principal auxiliar do juiz no processo
falimentar. A legislação falimentar lhe acometeu diversas atribuições
correlacionadas com a administração da falência. Atua ele sob
direcionamento do magistrado e fiscalização do Comitê de Credores (se
existente).
O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa
jurídica especializada (LF, art. 22).
Vejamos como isso é cobrado em certames:
(Ministério Público do Estado de SP/Promotor/2008) Não é admissível a
nomeação de pessoa jurídica para a função de administrador judicial, que deve
ser necessariamente desempenhada por profissional de nível universitário,
inscrito no órgão de classe competente.
Resta claramente incorreto o item, uma vez que o administrador judicial pode
ser pessoa física ou jurídica.
Lembre-se do que dissemos acima, quando falamos do conteúdo da sentença
declaratória da falência:
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras
determinações:
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IX ± nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funçõesna
forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na
alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;
Portanto, o administrador judicial é nomeado quando
for proferida a sentença que decretar a quebra.
Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica,
declarar-se-á o nome de profissional responsável pela
condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá
ser substituído sem autorização do juiz.
Caberá ao devedor ou à massa falida arcar com as despesas relativas à
remuneração do administrador judicial e das pessoas eventualmente
contratadas para auxiliá-lo (LF, art. 25).
O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador
judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de
complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o
desempenho de atividades semelhantes (LF, art. 24).
As remunerações dos auxiliares do administrador judicial serão fixadas pelo
juiz, que considerará a complexidade dos trabalhos a serem executados e os
valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes
(LF, art. 22, §1º).
A função do administrador judicial difere quando se tratar de recuperação
judicial ou de falência. Na recuperação extrajudicial não existe a figura do
administrador judicial.
A remuneração do administrador judicial não pode exceder a 5% do
valor devido. Se estivermos tratando de ME/EPP, esse montante fica
reduzido a 2%.
3) (FGV/Exame OAB XX/2016) Mostardas, Tavares & Cia Ltda. EPP
requereu sua recuperação judicial tendo o pedido sido despachado pelo juiz com
a nomeação de Frederico Portela como administrador judicial.
Em relação à remuneração do administrador judicial, será observada a seguinte
regra:
a) A remuneração não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos
credores submetidos à recuperação judicial.
b) Caberá ao devedor arcar com as despesas relativas à remuneração do
administrador judicial e das pessoas eventualmente contratadas para auxiliá-lo.
c) A remuneração deverá ser paga até o final do encerramento da verificação
dos créditos e publicação do quadro de credores.
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d) Será devida remuneração proporcional ao trabalho realizado quando o
administrador judicial for destituído por descumprimento dos deveres legais.
Comentários:
Comentemos item a item...
a) A remuneração não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido
aos credores submetidos à recuperação judicial.
Segundo a Lei 11.101:
Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa
jurídica especializada.
Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do
administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o
grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o
desempenho de atividades semelhantes.
§ 1o Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá
5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação
judicial ou do valor de venda dos bens na falência.
5o A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de
2% (dois por cento), no caso de microempresas e empresas de
pequeno porte. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
Item, portanto, incorreto.
b) Caberá ao devedor arcar com as despesas relativas à remuneração
do administrador judicial e das pessoas eventualmente contratadas
para auxiliá-lo.
Nos termos da Lei 11.101/2005:
Art. 25. Caberá ao devedor ou à massa falida arcar com as despesas relativas à
remuneração do administrador judicial e das pessoas eventualmente
contratadas para auxiliá-lo.
Gabarito.
c) A remuneração deverá ser paga até o final do encerramento da
verificação dos créditos e publicação do quadro de credores.
O item está incorreto. A Lei 11.101/2005 fixou o seguinte:
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Art. 24. § 2o Será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao
administrador judicial para pagamento após atendimento do previsto nos arts.
154 e 155 desta Lei.
Assim, 60% serão pagos durante o curso da recuperação judicial e 40% antes
do encerramento da recuperação judicial.
d) Será devida remuneração proporcional ao trabalho realizado quando
o administrador judicial for destituído por descumprimento dos deveres
legais.
Item incorreto. No caso de destituição do administrador judicial por
descumprimento de seus deveres, não há direito à remuneração.
Art. 24. § 3o O administrador judicial substituído será remunerado
proporcionalmente ao trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante
razão ou for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou
descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em que não terá
direito à remuneração.
Gabarito Æ B.
Na recuperação judicial, uma vez que o devedor não perde o direito de
administrar seus bens, ao administrador judicial caberá precipuamente
a fiscalização das atividades da empresa e o cumprimento da
recuperação judicial, conforme o artigo 22, II, da LF.
Já na falência, ele passará a administrar a sociedade, pois, como dito
acima, com a decretação da falência perde o devedor o direito de
administrar seus bens ou deles dispor.
As atribuições do administrador judicial estão previstas na lei, que assim
dispõe:
Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do
Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:
I ± na recuperação judicial e na falência:
a) enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o
inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II
do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação
judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada
ao crédito;
b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores
interessados;
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c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de
servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos;
d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer
informações;
e) elaborar a relação de credores de que trata o § 2o do art. 7o desta Lei;
f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei;
g) requerer ao juiz convocação da assembléia-geral de credores nos casos
previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada
de decisões;
h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas
especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções;
i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei;
II ± na recuperação judicial:
a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação
judicial;
b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no
plano de recuperação;
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades
do devedor;
d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que
trata o inciso III do caput do art. 63 desta Lei;
III ± na falência:
a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores
terão à sua disposição os livros e documentos do falido;
b) examinar a escrituração do devedor;
c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida;d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o
que não for assunto de interesse da massa;
e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo
de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e
circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a
responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186
desta Lei;
f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de
arrecadação, nos termos dos arts. 108 e 110 desta Lei;
g) avaliar os bens arrecadados;
h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial,
para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a
tarefa;
i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos
credores;
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j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou
sujeitos a considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou
dispendiosa, nos termos do art. 113 desta Lei;
l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a
cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação;
m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens
apenhados, penhorados ou legalmente retidos;
n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado,
cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de
Credores;
o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o
cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração;
p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10o (décimo) dia do mês
seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique
com clareza a receita e a despesa;
q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu
poder, sob pena de responsabilidade;
r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou
renunciar ao cargo.
A saída do cargo de administrador pode se dar por substituição ou
destituição.
Vejamos um caso de substituição:
Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador
judicial quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de
administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou recuperação
judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos
legais ou teve a prestação de contas desaprovada.
§ 1o Ficará também impedido de integrar o Comitê ou exercer a função de
administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3o
(terceiro) grau com o devedor, seus administradores, controladores ou
representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente.
Caso venha a ser nomeado e, somente depois, se constate tal situação, será o
administrador substituído do exercício do cargo.
Já a destituição tem caráter punitivo, como se comprova à leitura do
seguinte artigo legal:
Art. 31. O juiz, de ofício ou a requerimento fundamentado de qualquer
interessado, poderá determinar a destituição do administrador judicial ou de
quaisquer dos membros do Comitê de Credores quando verificar desobediência
aos preceitos desta Lei, descumprimento de deveres, omissão, negligência ou
prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros.
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E como fica a remuneração nestes casos?
Segundo o artigo 24 da LF: O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da
remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento
do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no
mercado para o desempenho de atividades semelhantes.
O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao
trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de
suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações
fixadas na Lei, hipóteses em que não terá direito à remuneração.
Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contas
desaprovadas.
Assim, se o administrador judicial for substituído por que renunciou, sem
relevante razão, não fará jus à remuneração, ou, então, se for destituído por
desídia, culpa, dolo, ou descumprimento, também não fará jus. Item incorreto.
Os créditos devidos ao administrador judicial e seus auxiliares serão
classificados como extraconcursais ± art. 84.
4) (FGV/Exame/OAB/2011) A respeito do Administrador Judicial, no
âmbito da recuperação judicial, é correto afirmar que:
(A) o Administrador Judicial, pessoa física, pode ser formado em Engenharia.
(B) somente pode ser destituído pelo Juízo da Falência na hipótese de, após
intimado, não apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias, suas contas ou os
relatórios previstos na Lei 11.101/2005.
(C) perceberá remuneração fixada pelo Comitê de Credores.
(D) será escolhido pela Assembleia Geral de Credores.
Comentários
O gabarito da questão é a letra a. Analisemos item a item...
(A) o Administrador Judicial, pessoa física, pode ser formado em
Engenharia.
Como dissemos:
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Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa
jurídica especializada.
Portanto, como há somente preferência pelas área elencadas no artigo 21, ele
pode, sim, ser engenheiro.
(B) somente pode ser destituído pelo Juízo da Falência na hipótese de,
após intimado, não apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias, suas contas
ou os relatórios previstos na Lei 11.101/2005.
Incorreto. Há outra possibilidade de destituição, prevista no artigo 24 da LRE:
Art. 24. Parágrafo. 3o O administrador judicial substituído será remunerado
proporcionalmente ao trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante
razão ou for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou
descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em que
não terá direito à remuneração.
(C) perceberá remuneração fixada pelo Comitê de Credores.
Errado. Como dissemos, o juiz fixará o valor e a forma de pagamento da
remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento
do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no
mercado para o desempenho de atividades semelhantes (LF, art. 24).
(D) será escolhido pela Assembleia Geral de Credores.
Lembremos o que dissemos na aula:
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras
determinações:
IX ± nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na
forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na
alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;
Portanto, é escolhido pelo juiz.
Gabarito Æ A.
ASSEMBLÉIA GERAL DE CREDORES
A assembléia-geral é o órgão que toma deliberações salutares nos processos de
recuperação judicial e falimentar.
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Trata-se de órgão colegiado, existente tanto na falência quanto na
recuperação judicial. É característica da nova legislação falimentar, que teve a
preocupação de assegurar aos credores maior participação no processo. Sua
principal função é a de deliberar sobre matérias que possam afetar os
interesses dos credores.
Suas atribuições estão arroladas no artigo 35 da lei defalências, in verbis:
Art. 35. A assembléia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre:
I ± na recuperação judicial:
a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial
apresentado pelo devedor;
b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua
substituição;
d) o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 desta Lei;
e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor;
f) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores;
II ± na falência:
b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua
substituição;
c) a adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do art. 145
desta Lei;
d) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.
O CESPE, no concurso para Defensor Público do Estado do Ceará, abordou o
assunto da seguinte forma:
(Cespe/Defensor Público do Ceará) Considere que determinada sociedade
empresária, em situação de crise econômico-financeira, tenha requerido sua
recuperação judicial e que o juízo competente, tendo verificado o cumprimento
dos requisitos legais, tenha deferido o processamento da referida recuperação.
Nesse caso, a sociedade empresária somente poderá desistir do pedido de
recuperação judicial se obtiver a aprovação da desistência na assembléia-geral
de credores.
Está certo, porquanto compete à Assembléia Geral de credores deliberar sobre
o pedido de desistência do devedor (LF, art. 35, I, d).
A assembléia será presidida pelo administrador judicial, que designará 1
(um) secretário dentre os credores presentes (LF, art. 37).
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Já nas deliberações sobre o afastamento do administrador judicial ou em outras
em que haja incompatibilidade deste, a assembléia será presidida pelo credor
presente que seja titular do maior crédito (LF, art. 37, §1º).
A composição da assembléia é basicamente a seguinte:
Art. 41. A assembléia-geral será composta pelas seguintes classes de credores:
I ± titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de
acidentes de trabalho;
II ± titulares de créditos com garantia real;
III ± titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio
geral ou subordinados.
IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa
de pequeno porte. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
A assembléia instalar-se-á, em 1a (primeira) convocação, com a presença de
credores titulares de mais da metade dos créditos de cada classe,
computados pelo valor, e, em 2a (segunda) convocação, com qualquer número.
Sobre o voto na Assembléia Geral de Credores. Adote-se o seguinte como
regra: o voto do credor será proporcional ao valor de seu crédito (LF, art.
38).
Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores
que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à
assembléia-geral (LF, art. 42).
Esquematizando, teremos:
Algumas exceções importantes surgem a essa regra, a saber:
- Composição do comitê de credores: será constituído por deliberação de
qualquer das classes de credores na assembléia-geral (LF, art. 26);
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- Forma alternativa de realização de ativo: a forma alternativa de realização do
ativo depende de deliberação de dois terços dos créditos presentes à
assembléia (LF, art. 46);
- Deliberação sobre o plano de recuperação judicial: todas as classes de
credores deverão aprovar a proposta (LF, art. 45).
- O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de
verificação de quorum de deliberação se o plano de recuperação judicial
não alterar o valor ou as condições originais de pagamento de seu
crédito.
COMITÊ DE CREDORES
Ademais, temos também o chamado comitê de credores, que é facultativo,
seja no processo de recuperação judicial, seja no processo falimentar.
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras
determinações:
XII ± determinará, quando entender conveniente, a convocação da
assembléia-geral de credores para a constituição de Comitê de
Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê eventualmente
em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência;
Art. 28. Não havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial ou,
na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições.
A composição estabelecida pela LF ao Comitê de Credores é a seguinte:
Art. 26. O Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das
classes de credores na assembléia-geral e terá a seguinte composição:
I) 1 representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois)
suplentes;
II) 1 representante indicado pela classe de credores com direitos reais de
garantia ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes;
III) 1 representante indicado pela classe de credores quirografários e com
privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes.
IV - 1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de
microempresas e empresas de pequeno porte, com 2 (dois) suplentes.
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
E mais, estabelece a lei ainda que:
Art. 44. Na escolha dos representantes de cada classe no Comitê de Credores,
somente os respectivos membros poderão votar.
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Todavia, se os representantes quirografários, por exemplo, deixarem de indicar
um representante, não restará prejuízo para o Comitê. A lei permite que o
órgão funcione com uma quantidade menor de membros.
Art. 26, 1º A falta de indicação de representante por quaisquer das classes não
prejudicará a constituição do Comitê, que poderá funcionar com número inferior
ao previsto no caput deste artigo.
Dentre suas atribuições, constantes do artigo 27 da Lei de Falências, as
principais são:
a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial;
b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei.
Art. 27. O Comitê de Credores terá as seguintes atribuições, além de outras
previstas nesta Lei:
I ± na recuperação judicial e na falência:
a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial;
b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei;
c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos
interesses dos credores;
d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados;
e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de credores;
f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei;
II ± na recuperação judicial:
a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada
30 (trinta) dias, relatório de sua situação;
b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial;
c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor
nas hipóteses previstas nesta Lei, a alienação de bens do ativo permanente, a
constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento
necessários à continuação da atividade empresarial durante o período que
antecede a aprovação do plano de recuperação judicial.
Existem, ainda, alguns impedimentos no que tange à ocupação dos cargos do
Comitê de Credores, transcrita:
Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador
judicial quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de
administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou recuperação

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