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PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 98 $8/$��� 352&(',0(1726� (63(&,$,6 Sumário 1 - Considerações Iniciais................................................................................................. 3 2 - Introdução ao Estudo dos Procedimentos Especiais......................................................... 3 2.1 - Processo versus procedimento ............................................................................... 3 2.2 - Modelos de processo nos procedimentos específicos ................................................. 5 2.3 - Fungibilidade dos procedimentos............................................................................ 6 2.4 - Tipicidade, déficit e flexibilização procedimental ....................................................... 8 3 - Ação de Consignação em Pagamento ............................................................................ 9 3.1 - Hipóteses de cabimento ........................................................................................ 9 3.2 - Obrigações consignáveis ..................................................................................... 10 3.3 - Consignação extrajudicial.................................................................................... 11 3.4 - Consignação judicial ........................................................................................... 14 4 - Ação de Exigir Contas ............................................................................................... 21 5 - Ações Possessórias ................................................................................................... 24 5.1 - Introdução ........................................................................................................ 24 5.2 - Disposições Gerais ............................................................................................. 27 5.3 - Manutenção e da Reintegração de Posse ............................................................... 33 5.4 - Ação possessória em conflitos coletivos por imóvel................................................. 36 5.5 - Interdito Proibitório ............................................................................................ 39 6 - Inventário e partilha ................................................................................................. 41 6.1 - Disposições Gerais ............................................................................................. 42 6.2 - Legitimidade para Requerer o Inventário............................................................... 44 6.3 - Inventariante e das Primeiras Declarações ............................................................ 45 6.4 - Citações e Impugnações ..................................................................................... 53 6.5 - Avaliação e Cálculo do Imposto............................................................................ 55 6.6 - Colações ........................................................................................................... 56 6.7 - Pagamento das Dívidas....................................................................................... 57 6.8 - Partilha............................................................................................................. 60 6.9 - Arrolamento ...................................................................................................... 66 PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 98 6.10 - Disposições Comuns a Todas as Seções .............................................................. 68 7 - Embargos de Terceiro ............................................................................................... 69 8 - Ação Monitória ......................................................................................................... 73 9 ± Questões OAB ......................................................................................................... 80 10 - Questões extras ..................................................................................................... 85 11 - Considerações Finais............................................................................................... 98 PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 98 352&(',0(1726�(63(&,$,6 1 - Considerações Iniciais Em nosso 14º encontro vamos estudar os Procedimentos Especiais previstos no NCPC. Não traremos todos os procedimentos, pois não seria adequado para uma preparação rápida para a OAB. Traremos os procedimentos mais incidentes, aqueles que você não pode deixar de estudar. Bons estudos! 2 - Introdução ao Estudo dos Procedimentos Especiais Vamos analisar algumas regras que são aplicáveis a todos os procedimentos especiais, que (como o nome já indica) são procedimentos que fogem à regra do procedimento comum. 2.1 - Processo versus procedimento Primeiramente, cumpre observar que processo e procedimento são conceitos distintos. O processo constitui uma entidade complexa, composto por mais de um elemento. São dois elementos: a) relação jurídica processual; b) procedimento. A relação jurídica processual constitui o conjunto de direitos, deveres, ônus, obrigações e faculdades que relacionam os atores do processo (partes, juiz e auxiliares) entre si. Por exemplo, regras de suspeição e impedimento, a disciplina da coisa julgada, ônus da prova são exemplos do elemento relação jurídica processual no bojo do processo. Assim, a relação jurídica processual diz respeito ao conteúdo (elemento intrínseco) do processo. Trata-se da ³DOPD´ do processo. O procedimento (conhecido como rito), por sua vez, constitui a forma como os atos processuais se combinam no tempo e no espaço. Assim, a definição de cada ato do processo, de forma ordenada, é o procedimento. Por exemplo, a fixação da audiência da conciliação após a citação, apresentação da contestação, saneamento, audiência de instrução, representa o procedimento. Assim, o procedimento é o ³FRUSR´, o elemento extrínseco do processo. Atenção! PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 98 2.4 - Tipicidade, déficit e flexibilização procedimental Os procedimentos são típicos, porque estabelecidos em lei. Não há, portanto, uma liberdade de forma em relação à definição de ritos procedimentais. Contudo, ainda que o legislador intentasse ser completo, sempre existirão situações de déficit do procedimento. São situações em que não há procedimento capaz de tutelar adequadamente o direito material. Diante disso, é comum situações no processo em que não há uma regra procedimental para situação prática específica. Nesse caso de déficit, o juiz poderá flexibilizar o procedimento. Com fundamento no princípio da adaptabilidade de ritos, o juiz tem a prerrogativa de adequar o rito a eventuais particularidades. Essa teoria é fundada nos seguintes dispositivos do NCPC: ª flexibilização legal genérica mitigada (art. 139, VI); ª flexibilização voluntária do procedimento (art. 190); ª convenções processuais sobre situação jurídica (art. 190). O art. 139, VI, do NCPC, é uma cláusula geral que se aplica a qualquer processo e a qualquer tipo de procedimento e permite ao juiz, dentro da ideia de adaptação, ampliar prazos e inverter a ordem de produção de provas. Essa flexibilização é mitigada porque o juiz não pode efetuar a adaptabilidade em qualquer situação, mas apenas no caso de ampliação de prazos e inversão da ordem de produçãode provas. O art. 190, do NCPC, por sua vez, estabeleceu a flexibilidade de procedimento e de convenções processuais sobre situações jurídicas. Assim, desde que as partes sejam plenamente capazes e desde que o direito em debate seja auto componível (admita-se composição), é possível que as partes promovam convenções processuais sobre situações jurídicas, ou flexibilização voluntária do procedimento. Temos, portanto, uma cláusula geral para as partes fixarem negócios jurídicos processuais em quaisquer tipos de relação jurídica processual e procedimentais. Questiona-se: Existem limites às convenções processuais pelas partes? São dois grupos de limites. O primeiro deles envolve os chamados limites específicos, quais sejam: a) partes capazes; e b) direito que permita a autocomposição. Esses limites estão expressos do art. 190, do NCPC. O segundo grupo de limites envolve limitações de direito material ao negócio jurídico. São quatro requisitos exigidos para todo e qualquer negócio jurídico: a) agente capaz; b) objeto lícito; c) forma prescrita ou não defesa em lei; e d) autonomia da vontade. Essas mitigações processuais e procedimentais ± seja pelo juiz, pela no exercício da autonomia das partes ± poder ser aplicada aos procedimentos especiais. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 98 Com isso finalizamos a primeira parte do conteúdo teórico referente à aula de hoje. 3 - Ação de Consignação em Pagamento A consignação em pagamento está disciplinada entre os arts. 539 a 549, todos do NCPC, e encontra algum regramento também na Lei nº 8.249/1991 (Lei de Locações). Evidentemente, vamos analisar os dispositivos do Código, objeto do nosso estudo. A ação de consignação em pagamento é um procedimento específico por intermédio do qual o devedor destaca uma parcela de dinheiro ou um bem para quitar determinada obrigação. Em regra, o cumprimento da obrigação ocorre junto ao credor. Contudo, em determinadas situações, o credor poderá não receber o valor devido (denominada de mora accipiens) ou podemos ter dúvidas sobre quem é o devedor (mora incognitio). Para esses casos, a forma do devedor VH�³OLYUDU´�GD�REULJDomR�p�D�FRQVLJQDomR�HP�SDJDPHQWR� De acordo com a doutrina, a consignação em pagamento1: é a ação que visa à liberação do devedor de determinada obrigação. O objetivo do demandante é a obtenção de declaração judicial no sentido de que não se encontra mais obrigado ± de que o depósito realizado satisfaz os requisitos legais do pagamento devido. Vamos começar o nosso estudo pelas situações nas quais será possível se valer dessa ação específica. 3.1 - Hipóteses de cabimento O cabimento da ação de consignação está disciplinado no Código Civil. Isso mesmo, conforme o art. 335, do CC, a ação em consignação de pagamento é cabível: ª no caso de mora accipiens (mora na aceitação), disciplinado nos incs. I a III do art. 335, do CC. Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor NÃO puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor NÃO for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; As hipóteses acima são três, que envolvem a aceitação do pagamento. Primeiro, a parte poderá consignar em pagamento caso o credor não puder ou se recusar injustificadamente a receber ou dar quitação. 1 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 676. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 98 1ª opção: levantamento do valor consignado; O levantamento implica a quitação, não sendo admissível cobrar, posteriormente, eventuais diferenças. 2ª opção: inércia Após o decurso do prazo de 10 dias, a lei atribui ao silêncio o efeito de quitação da dívida. 3ª opção: responder à notificação não aceitando o valor consignado. (VVH�³QmR�DFHLWH´�Lndepende de motivo. No caso de recusa, o devedor poderá, no prazo de um mês, propor a ação de consignação, sem que haja necessidade de atualizar o valor com correção monetária e juros. Assim, se ajuizado dentro do prazo de um mês, o valor considera-se atualizado desde o ajuizamento da ação. Após esse prazo, a parte poderá consignar judicialmente em pagamento, contudo, será necessário corrigir os valores e efetuar a integração dos valores relativos a juros no período. Confira os dispositivos relacionados: § 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o PRAZO DE 10 (DEZ) DIAS para a manifestação de recusa. § 2o Decorrido o prazo do § 1o, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada. § 3o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (UM) MÊS, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa. § 4o NÃO proposta a ação no prazo do § 3o, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante. Na forma de uma linha do tempo, temos: PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 98 cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. A alternativa B está incorreta. De acordo com os arts. 547 e 548, da Lei nº 13.105/15, se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito. Nesse caso, não comparecendo pretendente algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de coisas vagas; comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os presuntivos credores, observado o procedimento comum. A alternativa C está incorreta. Segundo o art. 545, §1º, da referida Lei, alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. A alternativa D está incorreta. Com base no §2º, do art. 545, do NCPC, a sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária. 3.4 - Consignação judicial A consignação em pagamento na forma judicial será efetuada nas seguintes hipóteses: ª Quando for frustrada a consignação em pagamento extrajudicial; ª Quando envolver obrigação de entrega; e ª Quando o devedor optar por tal modalidade diretamente. Nessas três situações, desde que dentro das hipóteses de cabimento estudadas no início, a ação de consignação em pagamento será realizada judicialmente. O art. 540, do NCPC, estabelece a regra de competência da ação de consignação em pagamento. A parte deve propor a ação no lugar do pagamento, conforme convencionado pelas partes. Por exemplo, se a obrigação tem por objeto imóvel, natural que estabelecem que o pagamento no local de situação do bem. Nesteforo, portanto, deverá ser ajuizada a ação. Além disso, esse art. 540, do NCPC, traz outra regra importante. A partir do momento em que é efetuado o depósito, consideram-se cessados juros e riscos para o devedor. Isso ocorre porque o devedor destacou o bem o valor devido para pagamento a dívida, alegando que não consegue efetuar o pagamento, seja porque o credor não quer receber, seja porque há dúvidas em relação a quem deve efetivamente pagar ou entregar a coisa. Apenas se a ação for julgada improcedente, esses juros e eventuais riscos não cessarão. Dito de outra forma, se o consignante (devedor) obtiver uma sentença que seja pela improcedência, responderá pela correção monetária, juros e PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 98 A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 545, combinado com o §1º, do NCPC, alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. No caso, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o art. 544, II, e IV, combinado com o parágrafo único, da referida Lei: Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que: II - foi justa a recusa; IV - o depósito não é integral. Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar o montante que entende devido. A alternativa D está incorreta. Com base no caput do art. 546, do NCPC, julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios. Sigamos! O art. 545, do NCPC, trata da alegação pelo réu (credor e consignado) de insuficiência do depósito. Uma vez apresentada a contestação, contestando o valor depositado e indicando o réu o valor que entende devido, o juiz irá determinar a intimação do autor para completar o valor do depósito no prazo de 10 dias. O autor poderá complementar o valor ou sustentar que o montante depositado é o efetivamente devido. Nesse caso, o réu poderá efetuar o levantamento do valor incontroverso. Na sentença, o juiz irá avaliar se o valor depositado está ou não de acordo com o valor devido. Veja: Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, EM 10 (DEZ) DIAS, SALVO se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. § 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. § 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover- lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária. O §2º trata da natureza dúplice da consignação em pagamento. Prevê a ação que a parte credora ao alegar que o valor é insuficiente e a sentença concluir que, de fato, o valor consignado foi insuficiente, o réu terá a seu favor um título executivo judicial para cobrar a diferença do crédito não consignado. Vejamos uma questão sobre esse assunto: PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 98 Questão ± CESPE/OAB ± Exame de Ordem ± 2009 ± Adaptada ao NCPC Acerca dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa, assinale a opção correta. a) Na ação de consignação em pagamento, uma vez alegada a insuficiência do depósito, o réu pode levantar desde logo a quantia ou a coisa depositada, prosseguindo o processo no que se refere à parcela controvertida. b) Na ação de depósito, uma vez efetuado o depósito do equivalente em dinheiro, é vedado ao autor promover a busca e apreensão da coisa. c) Na ação de exigir contas, as contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas nos mesmos autos do processo em que tiver sido nomeado. d) Na pendência de processo possessório, é permitido ao autor e ao réu intentar ação de reconhecimento de domínio. Comentários A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe o art. 545, §1º, do NCPC: Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. § 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. A alternativa B está incorreta. A ação de depósito não é mais um procedimento especial previsto no NCPC. A alternativa C está incorreta, pois nesses casos a prestação de contas deve ser feita em apenso aos autos, de acordo com o art. 553, do NCPC. A alternativa D está incorreta. De acordo com o art. 557, do NCPC, na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. Sigamos! Por outro lado, se julgada procedente a ação, o juiz irá declarar o processo extinto Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios. Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação. Sintetizando... PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 98 No segundo caso (contestação), o procedimento assume o procedimento comum para discussão das contas. Ao final, o magistrado irá condenar a parte ré na prestação ou não prestação das contas a depender das provas produzidas nos autos. Caso condene a parte a apresentar contas, ela terá prazo de 15 dias para fazê-lo, sob pena do próprio autor prestar as contas indicando os débitos da parte ré. Há uma terceira possibilidade: revelia. Se, citado, o réu não prestar contas nem mesmo contestar, o procedimento seguirá o seu curso com presunção de validade das informações trazidas pelo autor. Veja: Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS. § 1o Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem. § 2o Prestadas as contas, o autor terá 15 (QUINZE) DIAS para se manifestar, prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro [procedimento comum]. § 3o A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e específica, com referência expressa ao lançamento questionado. § 4o Se o réu NÃO contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355 [designação da audiência de conciliação e de mediação]. § 5o A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no prazo de 15 (QUINZE) DIAS, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar. § 6o Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5o, seguir-se-á o procedimento do § 2o, caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo de 15 (quinze) dias, podendo o juiz determinar a realização de exame pericial, se necessário. Vimos que, se contestado o pedido, haverá instauração do rito procedimental comum. Ao final, a decisão, se for de procedência,implicará na determinação para que o réu, no prazo de 15 dias, preste as contas. Caso não o faça, temos a apresentação das contas pelo autor. Com isso, finaliza-se a PRIMEIRA FASE da ação de exigir contas, que culmina com uma decisão interlocutória declarando se o réu deve ou não prestar as contas. O que o art. 551, do NCPC, estabelece que essas contas devem ser apresentadas de forma detalhada, com especificações. Caso contestada de forma fundamentada pelo autor, o juiz poderá pedir esclarecimentos da parte ré. Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver. § 1o Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o juiz estabelecerá prazo razoável para que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos individualmente impugnados. § 2o As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5o, serão apresentadas na forma adequada, já instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 98 menor. Em face disso, o adquirente poderá rescindir o contrato, pedir a redução do preço proporcionalmente ou ingressar com a ação para obter a área faltante. O pedido, portanto, é fundado na propriedade que foi adquiria anteriormente e não entregue pela outra parte. ª quando se tratar de defesa da posse devemos ingressar com uma AÇÃO POSSESSÓRIA. A posse é protegida no direito brasileiro para proteger a propriedade. Dito de outro modo, a proteção jurídica da posse foi criada para proteger o proprietário. Isso porque, em regra, a propriedade e posse estão na mesma pessoa. Na realidade, a prova da posse é mais fácil do que a prova da propriedade, que exige documentação específica (o título). O proprietário, desde que tenha a posse direta ou indireta, poderá se valer das ações petitórias como também poderá se valer das ações possessórias, que serão estudadas no decorrer desse capítulo. O proprietário tem, portanto, a possibilidade de utilizar as duas vias: ações petitórias ou ações possessórias. Assim, para a proteção da posse temos duas formas de proteção: A primeira delas é ação de direito material, com previsão no art. 1.210, §1º, do CC: § 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. É o desforço imediato da posse que consiste na possibilidade de o possuidor, uma vez sendo esbulhado ou turbado, independentemente de recorrer ao Poder Judiciário, reagir à injusta agressão. Naturalmente, o exercício da autotutela depende de algumas condições, estudadas no Direito Civil. Esse desforço imediato não é uma ação processual, mas uma ação material. Fala- se em ação material porque a parte irá reagir com fundamento na legislação civil, não com vistas às regras do NCPC ou com movimentação do Poder Judiciário para prestação da tutela jurisdicional. É importante registrar que a ação de direito material poderá ser utilizada tanto tão somente pelo possuidor como pelo proprietário e possuidor. Além disso, evidentemente, existem violações à posse que não podem ser repelidas pela ação de direito material. Se mesmo se valendo do desforço imediato, o possuidor não conseguir mantê-la em seu poder, deverá recorrer ao Poder Judiciário. Apenas nesse caso, temos a aplicação das ações possessórias, que serão estudadas por nós. São ações que possuem como causa de pedir e como pedido a posse. No direito brasileiro temos três espécies de ações possessórias: ¾ Ação de reintegração de posse; ¾ Ação de manutenção de posse; ¾ Interdito proibitório. Para a prova... PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 98 sentença essa ameaça pode ter progredido para uma turbação ou, inclusive, um esbulho. Logo, o art. 554, do NCPC, estabelece a fungibilidade das ações possessórias. Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra NÃO obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. Em relação aos §§ do art. 554, do NCPC, voltaremos a falar deles mais adiante! Vejamos uma questão sobre esse assunto: Questão ± VUNESP/OAB-SP ± Exame de Ordem ± 2007 Não é própria das ações possessórias a característica de a) caráter dúplice. b) infungibilidade. c) fungibilidade. d) jurisdição contenciosa. Comentários A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O art. 554, do NCPC, faz referência ao princípio da fungibilidade. Ou seja, uma ação proposta no lugar de outra cabível poderá ser conhecida pelo Juízo. Vejamos: Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. Cumulação de pedidos Esse assunto está disciplinado no art. 555, do NCPC. O NCPC estabelece uma regra própria de cumulação de pedidos que está no art. 327, do NCPC, ao falar que a parte pode cumular, em um mesmo processo, mais de uma ação ou pedido. Para que isso possa ocorrer é necessário observar três requisitos: a) a compatibilidade de pedidos; b) a competência do juízo; e c) a compatibilidade procedimental. O dispositivo abaixo é uma exceção ao art. 327, pois se admite a cumulação de pedidos diversos sem perder o rito especial. Isso é importante, pois a parte não perde a possibilidade de requerer a tutela de evidência na forma do art. 558 e 561, ambos do NCPC. Art. 555. É LÍCITO ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos; PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 98 Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 1.009, do NCPC, da sentença caberá a apelação. Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. Sigamos! O art. 559, do NCPC, trata da caução, que poderá ser determinada pelo magistrado caso o réu faça prova de que o autor, caso mantido na posse, não tem condições financeiras de arcar com a sucumbência do processo. Assim, antes de garantir a tutela de evidência, poderá determinar que, no prazo de 5 dias, o autor preste caução suficiente. Essa caução apenas não será devida se o autor for economicamente hipossuficiente. Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. Ação de reconhecimento de domínio O dispositivo abaixo trata da impossibilidade de discussão do domínio nas ações possessórias. Assim, as partes não poderão discutir o domínio sobre determinada propriedade enquanto estiver tramitando uma das ações possessórias previstas no NCPC. Art. 557. Na pendência de ação possessória é VEDADO, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, EXCETO se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa. O domínioé conteúdo da propriedade ou o exercício de um direito real de usar, gozar, dispor e reaver a propriedade. Por exemplo, a pessoa que obter declaração judicial de domínio sobre determinada propriedade, sobre a qual exerce a posse mansa e pacífica, poderá usucapir o imóvel. Com tal declaração a parte poderá proceder ao registro, tornando-se proprietário. Há, entretanto, uma exceção: admite-se discutir o domínio quando a pretensão for exercida em face de terceiro. Portanto... De acordo com o STF admite-se a utilização da usucapião como matéria de defesa em ações possessórias: Súmula STF 237 O usucapião pode ser arguido em defesa. De todo modo, não será possível o registro dessa propriedade caso haja reconhecimento da usucapião. Dito de outro modo, a transferência formal da propriedade para o réu que foi acionado em ação possessória irá exigir que ele ingresse com uma ação própria de usucapião. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 98 Rito especial e liminar O art. 558, do NCPC, disciplina que para as ações possessórias observem o rito especial é indispensável que o esbulho ou a turbação ocorram no período inferior a ano e dia. Por exemplo, se o esbulho ou a turbação ocorrerem até em um ano e um dia, a ação possessória segue o rito especial do NCPC. Nesse rito temos a possibilidade de concessão de tutela da evidência fora da previsão do art. 311, do NCPC. Se o autor da ação provar a posse e a turbação ou o esbulho dentro de um ano e um dia ele terá direito a uma liminar de tutela da evidência. Nesses casos, não há necessidade de provar a urgência ou perigo da demora. Por outro lado, se o esbulho ou a turbação acontecer há mais de ano e dia admite- se a utilização da ação possessória, que irá seguir o rito comum. Nesses casos, será admissível a concessão de medida liminar as ações possessórias que tramitem pelo rito comum, desde que efetue a prova dos requisitos do art. 300 (tutela de urgência) e do art. 311, do NCPC (tutela de evidência). Há, contudo, maior dificuldade para se fazer a prova. Veja: Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. Parágrafo único. PASSADO O PRAZO REFERIDO no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório. A ação não deixa de ter o caráter possessório, contudo, observará o rito comum. Em síntese... PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 98 ¾ a turbação ou o esbulho; ¾ a data da turbação ou do esbulho; e ¾ o pedido de cessação da turbação ou reintegração no caso de esbulho. Confira: Art. 561. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração. Vejamos uma questão sobre esse assunto: Questão ± FGV/OAB ± Exame de Ordem ± X ± Primeira Fase ± 2013 A proteção possessória pode se desenvolver por meio de diversos tipos de ações. No que se refere às espécies de ações possessórias e suas características, assinale a afirmativa correta. a) Em virtude do princípio da adstrição, a propositura de uma ação possessória em vez de outra impede que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção correspondente àquela cujos requisitos estejam provados. b) É defeso ao autor cumular o pedido possessório com condenação em perdas e danos, devendo optar por um ou outro provimento, sob pena de enriquecimento sem causa. c) As ações possessórias não possuem natureza dúplice. Sendo assim, caso o réu queira fazer pedido contra o autor, não poderá se valer da contestação, devendo apresentar reconvenção. d) Apenas o possuidor figura-se como parte legitima para a propositura das ações possessórias, tanto na hipótese de posse direta quanto na hipótese de posse indireta. Comentários A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 554, do NCPC, a propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 555, I, da referida Lei, é lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de condenação em perdas e danos. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 98 A alternativa C está incorreta. Com base no art. 556, da Lei nº 13.105/15, é lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Apenas o possuidor, seja ele possuidor direto ou indireto, é parte legítima para propor ação possessória. Vejamos o art. 561, I, do NCPC: Art. 561. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; Sigamos! O art. 562, retoma a regra que vimos acima acerca do rito especial da ação de manutenção ou reintegração de posse. Se ajuizada dentro do prazo de um ano e um dia, a contar da violação do direito possessório, temos a possibilidade de concessão da tutela liminar. Importante destacar que, de acordo com o parágrafo único do art. 562, do NCPC, não será possível a concessão dessa tutela quando no polo passivo da demanda estiver pessoa jurídica de direito público, tal como a União, um Estado membro da federação ou Município. Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, O JUIZ DEFERIRÁ, SEM OUVIR O RÉU, A EXPEDIÇÃO DO MANDADO LIMINAR DE MANUTENÇÃO OU DE REINTEGRAÇÃO, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público NÃO será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. Fique atento! O art. 562, do NCPC, exige que a petição inicial esteja suficientemente instruída para que a liminar inauditera altera pars (sem oitiva da parte contrária seja concedida) seja concedida. Assim, além de ser observado o prazo de um ano de um dia, a parte deve apresentar documentos robustos do direito que pretende tutela judicial. Em face disso, e também devido às consequências que a concessão da tutela de evidência representam, o magistrado poderá ao invés de conceder diretamente a tutela, determinar a intimação da parte autora para esclarecimentos. Prestadas as informações, se o juiz considerar suficiente a justificação, determinará a expedição do mandado de manutenção da posse (para o caso de turbação) ou de reintegração (para o caso de esbulho). É o que estabelece o art. 563, do NCPC: Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de reintegração. Independentemente da concessão ou não da medida, compete à parte autora promover a citação do réu no prazo de 5 dias, para que apresente contestação no prazo de 15 dias. Cuidado! PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 98 atualmente. Em face disso, fez necessário o enfrentamento do assunto pelo NCPC. Nessas ações evidencia-se o interesse público e social dos envolvidos no conflito possessório. Diante disso, faz-se necessária propiciar a participação do Ministério Público e da Defensoria. Além disso, em razãoda coletividade ± parte na demanda ± temos regras específica para a citação e para a comunicação dos atos processuais. O art. 554, do NCPC, determina que serão citados para a ação possessória coletiva: ª réus presentes no local; ª réu au ente erão citado por edital; ª citação do Ministério Público, porque nos termos do art. 178, III, do órgão deve atuar nos litígios coletivos por posse de terra rural ou urbana; e ª Defensoria Pública nos casos de hipossuficiência econômica. Confira: § 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. § 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local POR UMA VEZ, citando-se por edital os que não forem encontrados. § 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1o e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios. Ainda em relação ao §2º do art. 554, do NCPC, é importante deixar claro que a tentativa de citação pessoal pelo oficial de justiça ocorrerá por uma única vez. Caso não seja possível citar todos, os demais serão comunicados da forma ficta por edital. Uma vez integrados os réus à lide, temos que analisar a higidez das alegações (se a petição inicial está suficientemente instruída) e se a turbação ou esbulho ocorreram há mais de ano de dia. Se for em período inferior a ano e dia, temos a possibilidade de concessão de tutela de evidência. Por outro lado, se superior a esse período, aplicamos o art. 565, do NCPC, regra visando à autocomposição. Esse dispositivo determina que, nas ações possessórias que ocorreram há mais de um ano e dia, o juiz não poderá determinar a reintegração de posse antes de efetuar a audiência de medição. Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em ATÉ 30 (TRINTA) DIAS, que observará o disposto nos §§ 2oe 4o. Essa audiência deve ocorrer no prazo de 30 dias. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 98 Vejamos uma questão: Questão ± FGV/OAB ± Exame de Ordem ± V ± Primeira Fase ± 2011 Numa ação de reintegração de posse em que o esbulho ocorreu há menos de 1 ano e 1 dia, ao examinar o pedido de liminar constante da petição inicial, o juiz a) deve sempre realizar a inspeção judicial no local, sendo tal diligência requisito para a concessão da liminar. b) deve deferir de plano, sem ouvir o réu, se a petição inicial estiver devidamente instruída e sendo a ação entre particulares. c) deve sempre designar audiência prévia ou de justificação, citando o réu, para, então, avaliar o pedido liminar. d) pode deferir a liminar de plano, sem ouvir o réu, desde que haja parecer favorável do Ministério Público. Comentários A alternativa A está incorreta. A inspeção judicial não é um requisito para concessão de liminar em possessórias, mas sim uma discricionariedade do juiz. A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Cabe concessão sem ouvir o réu se a petição já trouxer provas indiscutíveis para deferimento da medida. A alternativa C está incorreta. A audiência prévia ou de justificação não é obrigatória. A alternativa D está incorreta. Não é obrigatória a presença do MP em ações possessórias. 5.5 - Interdito Proibitório Para estudarmos o interdito proibitório e, portanto, a última ação possessória, basta conhecer o art. 567, do NCPC. Antes, entretanto, veja um conceito3: O interdito proibitório é uma tutela possessória de caráter inibitório, destinada a inibir os atos de agressão à posse, concretizáveis em turbação ou em esbulho. 3 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 705. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 98 Logo, o conceito de interdito proibitório é simples: evitar que o proprietário possa ser turbado ou esbulhado. Para tanto, faz-se necessário provar a existência de um justo receio da violação a sua esfera jurídica patrimonial. Na sequência, leia o dispositivo e responda ao questionamento efetuado. Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. Que tutela a parte receberá? O juiz irá conceder uma medida inibitória (ou seja, que evite que o direito de posse seja violado), que se não for suficiente implicará em multa pecuniária pela turbação ou pelo esbulho. Fora isso, observamos o procedimento acima estudado, conforme remete o art. 568, do NCPC: Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo. Vejamos uma questão sobre as ações possessórias: Questão ± FGV/OAB ± Exame de Ordem ± IV ± Primeira Fase - 2011 A respeito das ações possessórias, assinale a alternativa correta. a) A propositura da ação de reintegração de posse, quando cabível manutenção de posse, torna impossível o acolhimento do pedido, impondo a extinção sem resolução do mérito. b) Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar contar- se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida liminar. c) É vedada a cumulação de pedidos com o pedido possessório. d) O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de esbulho e reintegrado no de turbação. Comentários A alternativa A está incorreta. O ajuizamento equivocado de uma em lugar da outra não gera indeferimento inicial. A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O marco para a contestação é a decisão que defere ou não a medida cautelar. A alternativa C está incorreta. O pedido possessório pode ser cumulado com outros pedidos. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 98 A alternativa D está incorreta. No caso de turbação falamos em manutenção de posse. E, no caso de esbulho, o termo adequado é reintegração. 6 - Inventário e partilha O procedimento especial de inventário e partilha está disciplinado a partir do art. 610 até o art. 673, do NCPC. São 64 dispositivos, com diversas regras. Algumas GHODV�SRGHPRV�³DSHQDV´�OHU��VHPSUH�FRP�D�Gevida atenção), outras exigem um esforço maior para a correta interpretação. O direito sucessório no Brasil observa o princípio da saisine, segundo o qual com o falecimento toda a herança é transmitida aos herdeiros de forma automática. Essa transmissão se dá, em um primeiro momento, para o espólio, pois os bens e direitos se encontram indistintos e precisam ser individualizados. Assim, forma- se o espólio, entidade sem personalidade jurídica que será administrada pelo inventariante ou pelos herdeiros. Ainda em relação a essas noções introdutórias, pergunta-se: Qual a diferença entre inventário e partilha? O inventário constitui a relação de bens de determinada pessoa, descrevendo-os e individualizando-os em relação ao conjunto. A partilhaenvolve a divisão desses bens entre os sucessores. Nesse contexto, conforme explicita a doutrina4 ao procedimento de inventário e SDUWLOKD� LQWHUHVVD� DSHQDV� D� VXFHVVmR� µFDXVD� PRUWLV¶�� VHMD� OHJtWLPD� RX� testamentária, seja a título singular ou universal. Vamos compreender bem essa informação!? A sucessão de bens pode ocorrer por ato inter vivos, por intermédio de um contrato de doação, ou causa mortis, quando há sucessão na titularidade dos direitos e obrigações que compunham o seu patrimônio. Essa sucessão causa mortis pode ser legítima, quando são chamados a suceder aqueles indicados no Código Civil, ou testamentária, quando o sucedido indica em testamento os sucessores. Além disso, a sucessão causa mortis pode ocorrer a título singular quando envolver determinados bens (legado) ou a universalidade de bens do patrimônio do falecido (herança). Serão essas as espécies e as formas de sucessão que estudaremos ao longo deste capítulo. 4 DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 19ª edição, rev. e atual., São Paulo: Editora Atlas S/A, 2016, p. 890. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 98 V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver distribuída em legados; VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; VII - o inventariante judicial, se houver; VIII - pessoa estranha idônea, quando NÃO houver inventariante judicial. Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (CINCO) DIAS, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a função. Essa ordem deve ser rigorosamente observada. Há jurisprudência do STJ5 prevendo a possibilidade de que tal ordem seja flexibilizada. Contudo, para a prova, a não ser que haja referência expressa à jurisprudência, você assinalará que a ordem deve ser respeitada. Em linhas gerais, aquele que tiver maior suscetibilidade de direitos sucessórios deve ser nomeado inventariante. Assim, se houver cônjuge ou companheiro convivente, ele será o inventariante (inc. I), não havendo cônjuge ou companheiro, nomeia-se inventariante o herdeiro que estiver na posse ou administração dos bens (inc. II). Contudo, se nenhum desses herdeiros estiver na posse, nomeia-se qualquer dos herdeiros para administração dos bens (inc. III). Se o herdeiro a ser nomeado for menor de idade, o inventariante será o representante legal desse incapaz (inc. IV) Na hipótese de haver testamento especificando a quem compete cada parcela dos bens do falecido, haverá legado, ou seja, cada herdeiro terá direito a um bem específico, de forma que cada um dos testamenteiros (inc. V) será investido na qualidade de inventariante dos bens indicados no testamento de acordo com a atribuição pretendida pelo falecido. Podem ser nomeados como inventariantes, ainda, o cessionário do herdeiro ou do legatário (inc. VI). Por fim, nomeia-se o inventariante judicial (inv. VII) se não houver possibilidade de preenchimento pelas hipóteses acima ou, por fim, pessoa estranha idônea (inc. VIII) à discussão sucessória na inexistência de inventariante judicial. Para a prova... 5 Por exemplo, REsp. 1.055.633/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 21/10/2008. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 98 b) os móveis, com os sinais característicos; c) os semoventes, seu número, suas espécies, suas marcas e seus sinais distintivos; d) o dinheiro, as joias, os objetos de ouro e prata e as pedras preciosas, declarando-se-lhes especificadamente a qualidade, o peso e a importância; e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, as quotas e os títulos de sociedade, mencionando-se-lhes o número, o valor e a data; f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, os títulos, a origem da obrigação e os nomes dos credores e dos devedores; g) direitos e ações; h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio. § 1o O juiz determinará que se proceda: I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era empresário individual; II - à apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que não anônima. § 2o As declarações podem ser prestadas mediante petição, firmada por procurador com poderes especiais, à qual o termo se reportará. Os herdeiros e interessados somente poderão argumentar que foram omitidos bens ou direitos do falecido, após a conclusão da descrição dos bens, conforme estabelece o dispositivo abaixo: Art. 621. Só se pode arguir sonegação ao inventariante depois de encerrada a descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar. Evidentemente que, uma vez escolhido, o inventariante poderá ser destituído do seu encargo. Assim, se o inventariante não cumprir com a sua função ou agir de qualquer modo de forma irregular, o juiz poderá de ofício ou por intermédio de requerimento dos interessados removê-lo da função. O art. 622, do NCPC, descreve em que situações o inventariante será removido: Art. 622. O inventariante será REMOVIDO de ofício ou a requerimento: I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas declarações; II - se não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvidas infundadas ou se praticar atos meramente protelatórios; III - se, por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem dano; IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, se deixar de cobrar dívidas ativas ou se não promover as medidas necessárias para evitar o perecimento de direitos; V - se não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas; VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio. Para a prova... PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 52 de 98 A alternativa A está incorreta. De acordo com o parágrafo único, do art. 623, do NCPC, o incidente de remoção de inventariante correrá em apenso aos autos principais e não nos próprios autos. Parágrafo único. O incidente da remoção correrá em apenso aos autos do inventário. A alternativa B está incorreta. Não há que se falar em afastamento imediato do inventariante. Ao receber o requerimento de remoção do inventariante, o juiz deverá intimá-lo para, no prazo de 15 dias, apresentar defesa e produzir provas. Vejamos o caput, do art. 623, da referida Lei: Art. 623. Requerida a remoção com fundamento em qualquer dos incisos do art. 622, será intimado o inventariante para, no prazo de 15 (quinze) dias, defender-se e produzir provas. A alternativa C está incorreta. O juiz deve observar a ordem de preferência estabelecida no art. 617, da Lei nº 13.105/15. Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem: I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste; II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados; III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio; IV - o herdeiro menor, por seu representante legal; V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver distribuída em legados; VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; VII - o inventariante judicial, se houver; VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial. O fato de Edgar ter formulado o requerimento de remoção não lhe garante prioridade para o exercício das funções de inventariante. A alternativa D está corretae é o gabarito da questão, conforme estabelece o art. 625, do NCPC: Art. 625. O inventariante removido entregará imediatamente ao substituto os bens do espólio e, caso deixe de fazê-lo, será compelido mediante mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de bem móvel ou imóvel, sem prejuízo da multa a ser fixada pelo juiz em montante não superior a três por cento do valor dos bens inventariados. Sigamos! Com isso encerramos o estudo da primeira parte do procedimento de inventário e partilha. Em síntese, vimos que com o falecimento deve ser instaurado o procedimento no prazo de 20 dias por aquele que detiver a posse ou administração dos bens ou pelos demais legitimados previstos no art. 616, do NCPC. Quem estiver na posse será o administrador provisório até que o juiz efetive a nomeação do inventariante que observa uma ordem legal para investidura na função, descrita no art. 617, do NCPC. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 56 de 98 § 2o Julgando procedente a impugnação, o juiz determinará que o perito retifique a avaliação, observando os fundamentos da decisão. Art. 636. Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu respeito, lavrar-se- á em seguida o termo de últimas declarações, no qual o inventariante poderá emendar, aditar ou completar as primeiras. Art. 637. Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no PRAZO COMUM DE 15 (QUINZE) DIAS, proceder-se-á ao cálculo do tributo. Art. 638. Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes no prazo comum de 5 (CINCO) DIAS, que correrá em cartório, e, em seguida, a Fazenda Pública. § 1o Se acolher eventual impugnação, o juiz ordenará nova remessa dos autos ao contabilista, determinando as alterações que devam ser feitas no cálculo. § 2o Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do tributo. Vamos à sucessão dos fatos?! AVALIAÇÃO E CÁLCULO DO IMPOSTO 1) Remessa ao avaliador judicial ou nomeação de perito. * não será nomeado perito se capazes as partes, a Fazenda Pública concordar com R�YDORU�LQGLFDGR�QDV�³SULPHLUDV�GHFODUDo}HV´� ** não se expede carta precatória para avaliação de bem fora da comarca se for bem de pequeno valor ou conhecido do perito nomeado 2) Laudo 3) Intimação das partes para se manifestarem no prazo comum de 15 dias 4) Decisão do juiz ���7HUPR�GH�³~OWLPDV�GHFODUDo}HV´�SHOR�LQYHQWDULDQWH ���,QWLPDomR�GDV�SDUWHV�GDV�³~OWLPDV�GHFODUDo}HV´�QR�SUD]R�FRPXP�GH����GLDV 7) Cálculo do tributo 8) Intimação das partes e da Fazenda Pública no prazo de 5 dias para ciência do valor do tributo. 9) Homologação do juiz do valor devido 6.6 - Colações Do art. 639 ao 641, todos do NCPC, temos a disciplina das colações. Esse procedimento é disciplinado no Direito Civil, a partir do art. 2.002 a 2.012, do Código Civil. Para fins do estudo de Direito Processual Civil cumpre conhecer o conceito do instituto e suas linhas gerais. A colação é o instrumento por intermédio do qual os herdeiros necessários indicam os bens que receberam por doação inter vivos do falecido. Assim, se o cônjuge ou filho recebeu ao longo da vida bens deverá indicá-los para que sejam computados no cálculo do inventário e da partilha. Esse deve se estender apenas aos herdeiros necessários, ou seja, aplica-se apenas aos descendentes e ao cônjuge a fim de que não haja violação da regra mínima a que tem direito esses herdeiros, a denominada legítima. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 57 de 98 Em face disso, serão convocados para indicar os bens ou, ao menos, o valor que fora doado em vida, conforme estabelece o art. 639, do CC: Art. 639. No prazo estabelecido no art. 627, o herdeiro obrigado à colação conferirá por termo nos autos ou por petição à qual o termo se reportará os bens que recebeu ou, se já não os possuir, trar-lhes-á o valor. Parágrafo único. Os bens a serem conferidos na partilha, assim como as acessões e as benfeitorias que o donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem ao tempo da abertura da sucessão. Quanto ao arts. 640 e 641, do NCPC, a leitura é o suficiente: Art. 640. O herdeiro que renunciou à herança ou o que dela foi excluído não se exime, pelo fato da renúncia ou da exclusão, de conferir, para o efeito de repor a parte inoficiosa, as liberalidades que obteve do doador. § 1o É lícito ao donatário escolher, dentre os bens doados, tantos quantos bastem para perfazer a legítima e a metade disponível, entrando na partilha o excedente para ser dividido entre os demais herdeiros. § 2o Se a parte inoficiosa da doação recair sobre bem imóvel que não comporte divisão cômoda, o juiz determinará que sobre ela se proceda a licitação entre os herdeiros. § 3o O donatário poderá concorrer na licitação referida no § 2o e, em igualdade de condições, terá preferência sobre os herdeiros. Art. 641. Se o herdeiro negar o recebimento dos bens ou a obrigação de os conferir, o juiz, ouvidas as partes no prazo comum de 15 (quinze) dias, decidirá à vista das alegações e das provas produzidas. § 1o Declarada improcedente a oposição, se o herdeiro, no prazo improrrogável de 15 (quinze) dias, não proceder à conferência, o juiz mandará sequestrar-lhe, para serem inventariados e partilhados, os bens sujeitos à colação ou imputar ao seu quinhão hereditário o valor deles, se já não os possuir. § 2o Se a matéria exigir dilação probatória diversa da documental, o juiz remeterá as partes às vias ordinárias, não podendo o herdeiro receber o seu quinhão hereditário, enquanto pender a demanda, sem prestar caução correspondente ao valor dos bens sobre os quais versar a conferência. Caso haja impugnação pela sonegação da colação, ou seja, pela não indicação de bens doados em vida que não foram indicados, haverá instauração de incidente que será decidido pelo juiz, após oitiva das partes no prazo de 15 dias. Contudo, caso seja necessária produção de provas ± para além das informações documentais trazidas nos autos ± tal matéria será discutida em processo pelo rito comum. 6.7 - Pagamento das Dívidas Note que o procedimento está evoluindo. Tivemos a nomeação do inventariante, D�SURGXomR�GDV�³SULPHLUDV�GHFODUDo}HV´��D�FLWDomR�GRs herdeiros, a avaliação e o FiOFXOR�GR�LPSRVWR��D�SURGXomR�GDV�³~OWLPDV�GHFODUDo}HV´�H�D�UHJXODUL]DomR�GDV� doações recebidas em vista para o cálculo da legítima (colação). Após tudo isso, ter-se-á claramente definido o valor dos bens do falecido. É possível, contudo, que haja dívidas. Se isso ocorrer devemos observas as regras abaixo: PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 58 de 98 Art. 642. ANTES DA PARTILHA, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis. § 1o A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por dependência e autuada em apenso aos autos do processo de inventário. § 2o Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor, mandará que se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens suficientes para o pagamento. § 3o Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento dos credores habilitados, o juiz mandará aliená-los, observando-se as disposições deste Código relativas à expropriação. § 4o Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, para o seu pagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, concordando todas as partes. § 5o Os donatários serão chamados a pronunciar-se sobre a aprovação das dívidas, sempre que haja possibilidade de resultar delas a redução das liberalidades.De acordo com o dispositivo acima haverá formação de um incidente processual com vistas à habilitação de eventual credor. Apresentada a petição, formam-se autos apensos/vinculados. Os herdeiros serão intimados para se manifestar e caso concordem com a existência da dívida, líquida e exigível, haverá o abatimento do valor total da herança. Se não houver concordância entre os herdeiros, o processo tramitará pelo rito comum. Art. 643. NÃO havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de pagamento feito pelo credor, será o pedido remetido às vias ordinárias. Parágrafo único. O juiz mandará, porém, reservar, em poder do inventariante, bens suficientes para pagar o credor quando a dívida constar de documento que comprove suficientemente a obrigação e a impugnação não se fundar em quitação. O art. 644, do NCPC, traz a possibilidade de os herdeiros autorizarem a habilitação de credor de dívida líquida e certa ainda não vencida. Esse dispositivo é relevante, pois os bens do falecido responderão por eventuais dívidas e responsabilidades pendentes. Desse modo, ainda que não seja autorizado o ingresso pelos herdeiros no procedimento de inventário e partilha, futuramente, quando vencida a dívida, os herdeiros serão chamados a responder com os bens do falecido proporcionalmente à quota-parte de cada um. Portanto, podem desde já determinar a separação de parte dos bens para pagamento de dívidas líquidas, certas e a vencer. Art. 644. O credor de dívida líquida e certa, AINDA NÃO VENCIDA, pode requerer habilitação no inventário. Parágrafo único. Concordando as partes com o pedido referido no caput, o juiz, ao julgar habilitado o crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro pagamento. A diferença do art. 644 para as dívidas vencidas é que nas dívidas vencidas, se os herdeiros não concordarem, haverá a instauração de processo pelo rito comum com reserva dos bens. No caso de dívida ainda não vencida, se não concordarem os herdeiros, o credor deverá aguardar o vencimento. Para a prova... PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 60 de 98 A alternativa A está incorreta. Como o crédito de Carlos está vencido e sendo ele exigível, o requerimento de habilitação deve ser feito até o momento da partilha, e não a qualquer tempo. Vejamos o art. 642, do NCPC: Art. 642. Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis. A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, pois se refere ao art. 644, da referida Lei: Art. 644. O credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode requerer habilitação no inventário. Parágrafo único. Concordando as partes com o pedido referido no caput, o juiz, ao julgar habilitado o crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro pagamento. A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 616, VII e VIII, da Lei nº 13.105/15, o Ministério Público e a Fazenda Pública possuem legitimidade concorrente para requerer a abertura do inventário judicial por ocasião do falecimento de Márcio. Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente: VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse; A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 616, VI, da referida Lei, o credor de Antonieta tem legitimidade concorrente para requerer a abertura do inventário judicial. Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente: VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; Sigamos! Confira, ainda, os arts. 645 e 646, do NCPC: Art. 645. O legatário é parte legítima para manifestar-se sobre as dívidas do espólio: I - quando TODA a herança for dividida em legados; II - quando o reconhecimento das dívidas importar redução dos legados. Art. 646. Sem prejuízo do disposto no art. 860, é lícito aos herdeiros, ao separarem bens para o pagamento de dívidas, autorizar que o inventariante os indique à penhora no processo em que o espólio for executado. 6.8 - Partilha A partir do momento que temos o inventário dos bens, com a descrição minudenciada de todos os bens e a definição do cálculo do imposto devido é possível passar à partilha. Antes disso, temos que considerar as colações e o pagamento de dívidas, na forma como estudamos acima. Após, os herdeiros poderão requerer o valor que lhe é devido (pedido de quinhão) no prazo de 15 dias. De acordo com o art. 647, do NCPC, o juiz poderá deferir antecipadamente aos herdeiros o exercício do direito de usar e fruir do bem até a efetiva transferência. Veja: PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 62 de 98 I - dívidas atendidas; II - meação do cônjuge; III - meação disponível; IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho. Para que você compreenda o art. 651, do NCPC, é necessário que façamos algumas considerações acerca do casamento. Não vamos aprofundar o conteúdo, pois é assunto de Direito Civil, contudo, alguns conceitos são pressuposto para o estudo do direito processual. Inventariado o conjunto de bens do espólio, resolvidas as impugnações, habilitados os credores, pagos os impostos, chegamos à partilha. Para a partilha, devemos investigar se o falecido era casado e, se casado, em que regime de bens. O regime de bens é fundamental para determinação da meação. A meação nada mais é do que parte dos bens do casal que cabe ao cônjuge e que, portanto, não integra a herança. O patrimônio do casal é considerado comum ao casal. Com o falecimento de um deles, naturalmente, o cônjuge sobrevivente tem direito a metade de todos os bens. A delimitação desses bens depende do regime do casamento. Assim, atenção! ª Se o casamento se der em regime de separação absoluta, não há patrimônio em comum e, portanto, não há meação. ª Se o casamento se der em regime de comunhão parcial, os bens adquiridos na constância do casamento serão considerados bens do casal e, portanto, com o falecimento de um deles, o cônjuge sobrevivente terá direito à metade desses bens comuns. Quanto aos bens anteriores ao casamento de propriedade do cônjuge sobrevivente, eles não integram a meação. ª Se o casamento se der em regime de comunhão total, todos os bens anteriores ou adquiridos ao longo da união serão considerados para fins da meação. Com base nessas normas, o art. 651, do NCPC, estabelece a ordem que deve ser observada para a distribuição dos bens. Primeiramente serão desconsideradas as dívidas do falecido, que serão descontadas do conjunto patrimonial de bens. Após, vamos analisar se há cônjuge e se, em razão do regime de casamento, há meação. Descontada a metade a que tem direito o cônjuge sobrevivente chegaremos ao montante da meação disponível para ser distribuída entre os herdeiros. Esse valor restante será distribuído entre os herdeiros, inclusive o cônjuge, ainda que tenha recebido a meação. Portanto, não confunda a meação com a herança. A meação não faz parte da herança. Além disso, o cônjuge, ainda que receba a meação, terá direito à herança em concorrência com os demais herdeiros. Após a confecção do esboço da partilha, os interessados serão intimados para se manifestar no prazo comum de 15 DIAS. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 63 de 98 Art. 652. Feito o esboço, as partes manifestar-se-ão sobre esse no prazo comum de 15 (quinze) dias, e, resolvidas as reclamações, a partilha será lançada nos autos. Nesse prazo as partes podem apresentar reclamações em face desse esboço de partilha. Resolvidas as pendências, o juiz decidirá lançando nosautos a partilha. Essa decisão deverá observar as regras do art. 653, do NCPC, cuja leitura atenta é o suficiente: Art. 653. A partilha constará: I - de auto de orçamento, que mencionará: a) os nomes do autor da herança, do inventariante, do cônjuge ou companheiro supérstite, dos herdeiros, dos legatários e dos credores admitidos; b) o ativo, o passivo e o líquido partível, com as necessárias especificações; c) o valor de cada quinhão; II - de folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a pagar-lhe, a razão do pagamento e a relação dos bens que lhe compõem o quinhão, as características que os individualizam e os ônus que os gravam. Parágrafo único. O auto e cada uma das folhas serão assinados pelo juiz e pelo escrivão. O art. 654, do NCPC, esclarece que após o lançamento da partilha incidirá o imposto de transmissão (ITCMD causa mortis). Art. 654. Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos autos certidão ou informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a partilha. Parágrafo único. A existência de dívida para com a Fazenda Pública não impedirá o julgamento da partilha, DESDE QUE o seu pagamento esteja devidamente garantido. Com o trânsito em julgado da sentença de partilha, haverá expedição do GRFXPHQWR�GHQRPLQDGR�GH�³IRUPDO�GH�SDUWLOKD´��TXH�HVSHFLILFDUi�R�KHUGHLUR��D� avaliação dos bens, o valor que é devido. Confira: Art. 655. Transitada em julgado a sentença mencionada no art. 654, receberá o herdeiro os bens que lhe tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças: I - termo de inventariante e título de herdeiros; II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro; III - pagamento do quinhão hereditário; IV - quitação dos impostos; V - sentença. Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão de pagamento do quinhão hereditário quando esse NÃO exceder a 5 (cinco) vezes o salário-mínimo, caso em que se transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado. Do dispositivo acima, para a prova... PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 69 de 98 Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha sob a guarda e a administração do mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da maioria dos herdeiros. Art. 670. Na sobrepartilha dos bens, observar-se-á o processo de inventário e de partilha. Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da herança. ª nomeação de curador especial: Art. 671. O juiz nomeará curador especial: I - ao ausente, se não o tiver; II - ao incapaz, se concorrer na partilha com o seu representante, desde que exista colisão de interesses. ª cumulação de inventários: Art. 672. É LÍCITA a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas diversas quando houver: I - identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens; II - heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros; III - dependência de uma das partilhas em relação à outra. Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a dependência for parcial, por haver outros bens, o juiz pode ordenar a tramitação separada, se melhor convier ao interesse das partes ou à celeridade processual. Art. 673. No caso previsto no art. 672, inciso II, prevalecerão as primeiras declarações, assim como o laudo de avaliação, salvo se alterado o valor dos bens. 7 - Embargos de Terceiro Os embargos de terceiro constituem espécie de ação que tem por finalidade impedir ou livrar a constrição de bem que esteja na posse ou propriedade de terceiro. Por exemplo, alguém alheio ao processo judicial sobre a penhora de algum bem em razão de uma ação de execução envolvendo outras pessoas. Nesse caso, a fim de proteger a sua esfera jurídico-patrimonial, admite-se o ajuizamento da ação de embargos de terceiro. Assim, para ajuizamento dos embargos: ª não pode ser parte no processo (terceiro); e ª sofreu constrição ou ameaça de constrição em bens sobre os quais tem direito. Veja: Art. 674. Quem, NÃO sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. § 1o Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor. O §2º esclarece quem poderá ser considerado terceiro e, portanto, quem são os possíveis legitimados ativos para a ação: PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 73 de 98 ª a insolvência do réu; ª que o título que concede o direito real é nulo ou não vincula terceiros; ª que a coisa dada em garantia é outra e não a coisa litigiosa. Confira: Art. 680. CONTRA OS EMBARGOS DO CREDOR COM GARANTIA REAL, o embargado somente poderá alegar que: I - o devedor comum é insolvente; II - o título é nulo ou não obriga a terceiro; III - outra é a coisa dada em garantia. Para encerrar a análise dessa ação especial, veja o art. 681, do NCPC: Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante. 8 - Ação Monitória Em relação à ação monitória temos quatro dispositivos. Essa modalidade de procedimento especial é utilizada para pretender a cobrança ou a exigência de alguma obrigação em face de um título executivo extrajudicial sem eficácia executiva. Sobre a finalidade da ação monitória é importante conhecer o entendimento doutrinário6: O legislador infraconstitucional concebe o procedimento monitório como técnica destinada a propiciar a aceleração da realização dos direitos e assim como instrumento capaz de evitar o custo inerente à demora do procedimento comum. Partindo da premissa de que um direito evidenciado mediante prova escrita em regra deve sofrer contestação, o procedimento monitório objetiva, através da inversão do ônus de instaurar a discussão a respeito da existência ou inexistência do direito, desestimular as defesas infundadas e permitir a tutela do direito sem as delongas do procedimento comum. Conforme estudamos na parte relativa à execução, um título executivo extrajudicial, para que seja executável, deve ser certo, líquido e exigível. Em relação a última característica, temos que o título é exigível se estiver vencido. É o que confere interesse processual à parte para ingressar com a ação executiva. Contudo, esses títulos podem conter prazos de validade, expressos em lei ou no próprio título. Decorrido esse prazo, o título perde a executividade, mas nada impede que, se não estiver prescrita a pretensão da parte, ela possa exigir o cumprimento judicialmente. Entre as formas de se buscar o cumprimento, temos a ação monitória, cuja disciplina legal começa no art. 700: 6 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 781. PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB teoria e questões Aula 13 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 76 de 98 Comentários Constitui requisito exigido para a propositura da ação monitória prova escrita pré- constituída sem eficácia de título executivo. Vejamos o art. 700, do NCPC: Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: Dessa forma,
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