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PROCESSO CIVIL - XXIII EXAME DA OAB
teoria e questões
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Sumário
1 - Considerações Iniciais................................................................................................. 3
2 - Introdução ao Estudo dos Procedimentos Especiais......................................................... 3
2.1 - Processo versus procedimento ............................................................................... 3
2.2 - Modelos de processo nos procedimentos específicos ................................................. 5
2.3 - Fungibilidade dos procedimentos............................................................................ 6
2.4 - Tipicidade, déficit e flexibilização procedimental ....................................................... 8
3 - Ação de Consignação em Pagamento ............................................................................ 9
3.1 - Hipóteses de cabimento ........................................................................................ 9
3.2 - Obrigações consignáveis ..................................................................................... 10
3.3 - Consignação extrajudicial.................................................................................... 11
3.4 - Consignação judicial ........................................................................................... 14
4 - Ação de Exigir Contas ............................................................................................... 21
5 - Ações Possessórias ................................................................................................... 24
5.1 - Introdução ........................................................................................................ 24
5.2 - Disposições Gerais ............................................................................................. 27
5.3 - Manutenção e da Reintegração de Posse ............................................................... 33
5.4 - Ação possessória em conflitos coletivos por imóvel................................................. 36
5.5 - Interdito Proibitório ............................................................................................ 39
6 - Inventário e partilha ................................................................................................. 41
6.1 - Disposições Gerais ............................................................................................. 42
6.2 - Legitimidade para Requerer o Inventário............................................................... 44
6.3 - Inventariante e das Primeiras Declarações ............................................................ 45
6.4 - Citações e Impugnações ..................................................................................... 53
6.5 - Avaliação e Cálculo do Imposto............................................................................ 55
6.6 - Colações ........................................................................................................... 56
6.7 - Pagamento das Dívidas....................................................................................... 57
6.8 - Partilha............................................................................................................. 60
6.9 - Arrolamento ...................................................................................................... 66
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6.10 - Disposições Comuns a Todas as Seções .............................................................. 68
7 - Embargos de Terceiro ............................................................................................... 69
8 - Ação Monitória ......................................................................................................... 73
9 ± Questões OAB ......................................................................................................... 80
10 - Questões extras ..................................................................................................... 85
11 - Considerações Finais............................................................................................... 98
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1 - Considerações Iniciais
Em nosso 14º encontro vamos estudar os Procedimentos Especiais previstos no
NCPC. Não traremos todos os procedimentos, pois não seria adequado para uma
preparação rápida para a OAB. Traremos os procedimentos mais incidentes,
aqueles que você não pode deixar de estudar.
Bons estudos!
2 - Introdução ao Estudo dos Procedimentos
Especiais
Vamos analisar algumas regras que são aplicáveis a todos os procedimentos
especiais, que (como o nome já indica) são procedimentos que fogem à regra do
procedimento comum.
2.1 - Processo versus procedimento
Primeiramente, cumpre observar que processo e procedimento são conceitos
distintos. O processo constitui uma entidade complexa, composto por mais de
um elemento. São dois elementos: a) relação jurídica processual; b)
procedimento.
A relação jurídica processual constitui o conjunto de direitos, deveres, ônus,
obrigações e faculdades que relacionam os atores do processo (partes, juiz e
auxiliares) entre si. Por exemplo, regras de suspeição e impedimento, a disciplina
da coisa julgada, ônus da prova são exemplos do elemento relação jurídica
processual no bojo do processo.
Assim, a relação jurídica processual diz respeito ao conteúdo (elemento
intrínseco) do processo. Trata-se da ³DOPD´ do processo.
O procedimento (conhecido como rito), por sua vez, constitui a forma como os
atos processuais se combinam no tempo e no espaço. Assim, a definição de cada
ato do processo, de forma ordenada, é o procedimento. Por exemplo, a fixação
da audiência da conciliação após a citação, apresentação da contestação,
saneamento, audiência de instrução, representa o procedimento.
Assim, o procedimento é o ³FRUSR´, o elemento extrínseco do processo.
Atenção!
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2.4 - Tipicidade, déficit e flexibilização procedimental
Os procedimentos são típicos, porque estabelecidos em lei. Não há, portanto,
uma liberdade de forma em relação à definição de ritos procedimentais. Contudo,
ainda que o legislador intentasse ser completo, sempre existirão situações de
déficit do procedimento. São situações em que não há procedimento capaz de
tutelar adequadamente o direito material.
Diante disso, é comum situações no processo em que não há uma regra
procedimental para situação prática específica. Nesse caso de déficit, o juiz
poderá flexibilizar o procedimento. Com fundamento no princípio da
adaptabilidade de ritos, o juiz tem a prerrogativa de adequar o rito a eventuais
particularidades.
Essa teoria é fundada nos seguintes dispositivos do NCPC:
ª flexibilização legal genérica mitigada (art. 139, VI);
ª flexibilização voluntária do procedimento (art. 190);
ª convenções processuais sobre situação jurídica (art. 190).
O art. 139, VI, do NCPC, é uma cláusula geral que se aplica a qualquer processo
e a qualquer tipo de procedimento e permite ao juiz, dentro da ideia de
adaptação, ampliar prazos e inverter a ordem de produção de provas.
Essa flexibilização é mitigada porque o juiz não pode efetuar a adaptabilidade em
qualquer situação, mas apenas no caso de ampliação de prazos e inversão da
ordem de produçãode provas.
O art. 190, do NCPC, por sua vez, estabeleceu a flexibilidade de procedimento e
de convenções processuais sobre situações jurídicas.
Assim, desde que as partes sejam plenamente capazes e desde que o direito em
debate seja auto componível (admita-se composição), é possível que as partes
promovam convenções processuais sobre situações jurídicas, ou flexibilização
voluntária do procedimento.
Temos, portanto, uma cláusula geral para as partes fixarem negócios jurídicos
processuais em quaisquer tipos de relação jurídica processual e procedimentais.
Questiona-se:
Existem limites às convenções processuais pelas partes?
São dois grupos de limites.
O primeiro deles envolve os chamados limites específicos, quais sejam: a) partes
capazes; e b) direito que permita a autocomposição. Esses limites estão
expressos do art. 190, do NCPC.
O segundo grupo de limites envolve limitações de direito material ao negócio
jurídico. São quatro requisitos exigidos para todo e qualquer negócio jurídico: a)
agente capaz; b) objeto lícito; c) forma prescrita ou não defesa em lei; e d)
autonomia da vontade.
Essas mitigações processuais e procedimentais ± seja pelo juiz, pela no exercício
da autonomia das partes ± poder ser aplicada aos procedimentos especiais.
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Com isso finalizamos a primeira parte do conteúdo teórico referente à aula de
hoje.
3 - Ação de Consignação em Pagamento
A consignação em pagamento está disciplinada entre os arts. 539 a 549, todos
do NCPC, e encontra algum regramento também na Lei nº 8.249/1991 (Lei de
Locações). Evidentemente, vamos analisar os dispositivos do Código, objeto do
nosso estudo.
A ação de consignação em pagamento é um procedimento específico por
intermédio do qual o devedor destaca uma parcela de dinheiro ou um bem para
quitar determinada obrigação. Em regra, o cumprimento da obrigação ocorre
junto ao credor. Contudo, em determinadas situações, o credor poderá não
receber o valor devido (denominada de mora accipiens) ou podemos ter dúvidas
sobre quem é o devedor (mora incognitio). Para esses casos, a forma do devedor
VH�³OLYUDU´�GD�REULJDomR�p�D�FRQVLJQDomR�HP�SDJDPHQWR�
De acordo com a doutrina, a consignação em pagamento1:
é a ação que visa à liberação do devedor de determinada obrigação. O objetivo do
demandante é a obtenção de declaração judicial no sentido de que não se encontra mais
obrigado ± de que o depósito realizado satisfaz os requisitos legais do pagamento devido.
Vamos começar o nosso estudo pelas situações nas quais será possível se valer
dessa ação específica.
3.1 - Hipóteses de cabimento
O cabimento da ação de consignação está disciplinado no Código Civil. Isso
mesmo, conforme o art. 335, do CC, a ação em consignação de pagamento é
cabível:
ª no caso de mora accipiens (mora na aceitação), disciplinado nos incs. I a III
do art. 335, do CC.
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor NÃO puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou
dar quitação na devida forma;
II - se o credor NÃO for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou
residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
As hipóteses acima são três, que envolvem a aceitação do pagamento.
Primeiro, a parte poderá consignar em pagamento caso o credor não puder ou se
recusar injustificadamente a receber ou dar quitação.
1 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 676.
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1ª opção: levantamento do valor consignado;
O levantamento implica a quitação, não sendo admissível cobrar, posteriormente,
eventuais diferenças.
2ª opção: inércia
Após o decurso do prazo de 10 dias, a lei atribui ao silêncio o efeito de quitação da dívida.
3ª opção: responder à notificação não aceitando o valor consignado.
(VVH�³QmR�DFHLWH´�Lndepende de motivo.
No caso de recusa, o devedor poderá, no prazo de um mês, propor a ação de
consignação, sem que haja necessidade de atualizar o valor com correção
monetária e juros.
Assim, se ajuizado dentro do prazo de um mês, o valor considera-se atualizado
desde o ajuizamento da ação. Após esse prazo, a parte poderá consignar
judicialmente em pagamento, contudo, será necessário corrigir os valores e
efetuar a integração dos valores relativos a juros no período.
Confira os dispositivos relacionados:
§ 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento,
cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o PRAZO DE 10
(DEZ) DIAS para a manifestação de recusa.
§ 2o Decorrido o prazo do § 1o, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a
manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à
disposição do credor a quantia depositada.
§ 3o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser
proposta, dentro de 1 (UM) MÊS, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a
prova do depósito e da recusa.
§ 4o NÃO proposta a ação no prazo do § 3o, ficará sem efeito o depósito, podendo
levantá-lo o depositante.
Na forma de uma linha do tempo, temos:
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cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez)
dias para a manifestação de recusa.
A alternativa B está incorreta. De acordo com os arts. 547 e 548, da Lei nº
13.105/15, se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o
pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do
crédito para provarem o seu direito. Nesse caso, não comparecendo pretendente
algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de coisas vagas;
comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; comparecendo mais de um,
o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo
a correr unicamente entre os presuntivos credores, observado o procedimento
comum.
A alternativa C está incorreta. Segundo o art. 545, §1º, da referida Lei, alegada
a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a
coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o
processo quanto à parcela controvertida.
A alternativa D está incorreta. Com base no §2º, do art. 545, do NCPC, a
sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que
possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor
promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.
3.4 - Consignação judicial
A consignação em pagamento na forma judicial será efetuada nas seguintes
hipóteses:
ª Quando for frustrada a consignação em pagamento extrajudicial;
ª Quando envolver obrigação de entrega; e
ª Quando o devedor optar por tal modalidade diretamente.
Nessas três situações, desde que dentro das hipóteses de cabimento estudadas
no início, a ação de consignação em pagamento será realizada judicialmente.
O art. 540, do NCPC, estabelece a regra de competência da ação de consignação
em pagamento. A parte deve propor a ação no lugar do pagamento, conforme
convencionado pelas partes.
Por exemplo, se a obrigação tem por objeto imóvel, natural que estabelecem que
o pagamento no local de situação do bem. Nesteforo, portanto, deverá ser
ajuizada a ação.
Além disso, esse art. 540, do NCPC, traz outra regra importante.
A partir do momento em que é efetuado o depósito, consideram-se cessados
juros e riscos para o devedor. Isso ocorre porque o devedor destacou o bem o
valor devido para pagamento a dívida, alegando que não consegue efetuar o
pagamento, seja porque o credor não quer receber, seja porque há dúvidas em
relação a quem deve efetivamente pagar ou entregar a coisa.
Apenas se a ação for julgada improcedente, esses juros e eventuais riscos não
cessarão. Dito de outra forma, se o consignante (devedor) obtiver uma sentença
que seja pela improcedência, responderá pela correção monetária, juros e
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A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 545, combinado com o §1º, do
NCPC, alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10
dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão
do contrato. No caso, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa
depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o
processo quanto à parcela controvertida.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o art.
544, II, e IV, combinado com o parágrafo único, da referida Lei:
Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que:
II - foi justa a recusa;
IV - o depósito não é integral.
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar
o montante que entende devido.
A alternativa D está incorreta. Com base no caput do art. 546, do NCPC, julgado
procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao
pagamento de custas e honorários advocatícios.
Sigamos!
O art. 545, do NCPC, trata da alegação pelo réu (credor e consignado) de
insuficiência do depósito.
Uma vez apresentada a contestação, contestando o valor depositado e indicando
o réu o valor que entende devido, o juiz irá determinar a intimação do autor para
completar o valor do depósito no prazo de 10 dias.
O autor poderá complementar o valor ou sustentar que o montante depositado é
o efetivamente devido. Nesse caso, o réu poderá efetuar o levantamento do valor
incontroverso.
Na sentença, o juiz irá avaliar se o valor depositado está ou não de acordo com
o valor devido.
Veja:
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, EM 10
(DEZ) DIAS, SALVO se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a
rescisão do contrato.
§ 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa
depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo
quanto à parcela controvertida.
§ 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que
possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-
lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.
O §2º trata da natureza dúplice da consignação em pagamento. Prevê a
ação que a parte credora ao alegar que o valor é insuficiente e a sentença concluir
que, de fato, o valor consignado foi insuficiente, o réu terá a seu favor um título
executivo judicial para cobrar a diferença do crédito não consignado.
Vejamos uma questão sobre esse assunto:
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Questão ± CESPE/OAB ± Exame de Ordem ± 2009 ± Adaptada
ao NCPC
Acerca dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa, assinale a
opção correta.
a) Na ação de consignação em pagamento, uma vez alegada a insuficiência
do depósito, o réu pode levantar desde logo a quantia ou a coisa depositada,
prosseguindo o processo no que se refere à parcela controvertida.
b) Na ação de depósito, uma vez efetuado o depósito do equivalente em
dinheiro, é vedado ao autor promover a busca e apreensão da coisa.
c) Na ação de exigir contas, as contas do inventariante, do tutor, do curador,
do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas nos
mesmos autos do processo em que tiver sido nomeado.
d) Na pendência de processo possessório, é permitido ao autor e ao réu
intentar ação de reconhecimento de domínio.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe o
art. 545, §1º, do NCPC:
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez)
dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do
contrato.
§ 1o No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada,
com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela
controvertida.
A alternativa B está incorreta. A ação de depósito não é mais um procedimento
especial previsto no NCPC.
A alternativa C está incorreta, pois nesses casos a prestação de contas deve ser
feita em apenso aos autos, de acordo com o art. 553, do NCPC.
A alternativa D está incorreta. De acordo com o art. 557, do NCPC, na pendência
de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de
reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de
terceira pessoa.
Sigamos!
Por outro lado, se julgada procedente a ação, o juiz irá declarar o processo extinto
Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e
condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação.
Sintetizando...
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No segundo caso (contestação), o procedimento assume o procedimento comum
para discussão das contas. Ao final, o magistrado irá condenar a parte ré na
prestação ou não prestação das contas a depender das provas produzidas nos
autos. Caso condene a parte a apresentar contas, ela terá prazo de 15 dias para
fazê-lo, sob pena do próprio autor prestar as contas indicando os débitos da parte
ré.
Há uma terceira possibilidade: revelia. Se, citado, o réu não prestar contas nem
mesmo contestar, o procedimento seguirá o seu curso com presunção de validade
das informações trazidas pelo autor.
Veja:
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação
do réu para que as preste ou ofereça contestação no PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS.
§ 1o Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige
as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.
§ 2o Prestadas as contas, o autor terá 15 (QUINZE) DIAS para se manifestar,
prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro [procedimento
comum].
§ 3o A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e
específica, com referência expressa ao lançamento questionado.
§ 4o Se o réu NÃO contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355 [designação
da audiência de conciliação e de mediação].
§ 5o A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no
prazo de 15 (QUINZE) DIAS, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor
apresentar.
§ 6o Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5o, seguir-se-á o
procedimento do § 2o, caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo de 15
(quinze) dias, podendo o juiz determinar a realização de exame pericial, se necessário.
Vimos que, se contestado o pedido, haverá instauração do rito procedimental
comum. Ao final, a decisão, se for de procedência,implicará na determinação
para que o réu, no prazo de 15 dias, preste as contas. Caso não o faça, temos a
apresentação das contas pelo autor.
Com isso, finaliza-se a PRIMEIRA FASE da ação de exigir contas, que
culmina com uma decisão interlocutória declarando se o réu deve ou não
prestar as contas.
O que o art. 551, do NCPC, estabelece que essas contas devem ser apresentadas
de forma detalhada, com especificações. Caso contestada de forma
fundamentada pelo autor, o juiz poderá pedir esclarecimentos da parte ré.
Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-se as
receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver.
§ 1o Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o juiz estabelecerá
prazo razoável para que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos
individualmente impugnados.
§ 2o As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5o, serão apresentadas na forma
adequada, já instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a
aplicação das despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo.
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menor. Em face disso, o adquirente poderá rescindir o contrato, pedir a redução
do preço proporcionalmente ou ingressar com a ação para obter a área faltante.
O pedido, portanto, é fundado na propriedade que foi adquiria anteriormente e
não entregue pela outra parte.
ª quando se tratar de defesa da posse devemos ingressar com uma AÇÃO
POSSESSÓRIA.
A posse é protegida no direito brasileiro para proteger a propriedade. Dito de
outro modo, a proteção jurídica da posse foi criada para proteger o proprietário.
Isso porque, em regra, a propriedade e posse estão na mesma pessoa. Na
realidade, a prova da posse é mais fácil do que a prova da propriedade, que exige
documentação específica (o título).
O proprietário, desde que tenha a posse direta ou indireta, poderá se valer das
ações petitórias como também poderá se valer das ações possessórias, que serão
estudadas no decorrer desse capítulo. O proprietário tem, portanto, a
possibilidade de utilizar as duas vias: ações petitórias ou ações possessórias.
Assim, para a proteção da posse temos duas formas de proteção:
A primeira delas é ação de direito material, com previsão no art. 1.210, §1º, do
CC:
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
É o desforço imediato da posse que consiste na possibilidade de o possuidor,
uma vez sendo esbulhado ou turbado, independentemente de recorrer ao Poder
Judiciário, reagir à injusta agressão. Naturalmente, o exercício da autotutela
depende de algumas condições, estudadas no Direito Civil.
Esse desforço imediato não é uma ação processual, mas uma ação material. Fala-
se em ação material porque a parte irá reagir com fundamento na legislação civil,
não com vistas às regras do NCPC ou com movimentação do Poder Judiciário para
prestação da tutela jurisdicional.
É importante registrar que a ação de direito material poderá ser utilizada tanto
tão somente pelo possuidor como pelo proprietário e possuidor.
Além disso, evidentemente, existem violações à posse que não podem ser
repelidas pela ação de direito material. Se mesmo se valendo do desforço
imediato, o possuidor não conseguir mantê-la em seu poder, deverá recorrer ao
Poder Judiciário. Apenas nesse caso, temos a aplicação das ações possessórias,
que serão estudadas por nós. São ações que possuem como causa de pedir e
como pedido a posse.
No direito brasileiro temos três espécies de ações possessórias:
¾ Ação de reintegração de posse;
¾ Ação de manutenção de posse;
¾ Interdito proibitório.
Para a prova...
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sentença essa ameaça pode ter progredido para uma turbação ou, inclusive, um
esbulho.
Logo, o art. 554, do NCPC, estabelece a fungibilidade das ações
possessórias.
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra NÃO obstará a que o
juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos
pressupostos estejam provados.
Em relação aos §§ do art. 554, do NCPC, voltaremos a falar deles mais adiante!
Vejamos uma questão sobre esse assunto:
Questão ± VUNESP/OAB-SP ± Exame de Ordem ± 2007
Não é própria das ações possessórias a característica de
a) caráter dúplice.
b) infungibilidade.
c) fungibilidade.
d) jurisdição contenciosa.
Comentários
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O art. 554, do NCPC, faz
referência ao princípio da fungibilidade. Ou seja, uma ação proposta no lugar de
outra cabível poderá ser conhecida pelo Juízo. Vejamos:
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.
Cumulação de pedidos
Esse assunto está disciplinado no art. 555, do NCPC. O NCPC estabelece uma
regra própria de cumulação de pedidos que está no art. 327, do NCPC, ao falar
que a parte pode cumular, em um mesmo processo, mais de uma ação ou pedido.
Para que isso possa ocorrer é necessário observar três requisitos: a) a
compatibilidade de pedidos; b) a competência do juízo; e c) a compatibilidade
procedimental.
O dispositivo abaixo é uma exceção ao art. 327, pois se admite a cumulação de
pedidos diversos sem perder o rito especial. Isso é importante, pois a parte não
perde a possibilidade de requerer a tutela de evidência na forma do art. 558 e
561, ambos do NCPC.
Art. 555. É LÍCITO ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
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Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado
em caso de esbulho.
A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 1.009, do NCPC, da sentença
caberá a apelação.
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
Sigamos!
O art. 559, do NCPC, trata da caução, que poderá ser determinada pelo
magistrado caso o réu faça prova de que o autor, caso mantido na posse, não
tem condições financeiras de arcar com a sucumbência do processo. Assim, antes
de garantir a tutela de evidência, poderá determinar que, no prazo de 5 dias, o
autor preste caução suficiente.
Essa caução apenas não será devida se o autor for economicamente
hipossuficiente.
Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido
ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de
sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias
para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa,
ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
Ação de reconhecimento de domínio
O dispositivo abaixo trata da impossibilidade de discussão do domínio nas ações
possessórias. Assim, as partes não poderão discutir o domínio sobre determinada
propriedade enquanto estiver tramitando uma das ações possessórias previstas
no NCPC.
Art. 557. Na pendência de ação possessória é VEDADO, tanto ao autor quanto ao réu,
propor ação de reconhecimento do domínio, EXCETO se a pretensão for deduzida
em face de terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de
propriedade ou de outro direito sobre a coisa.
O domínioé conteúdo da propriedade ou o exercício de um direito real de usar,
gozar, dispor e reaver a propriedade. Por exemplo, a pessoa que obter declaração
judicial de domínio sobre determinada propriedade, sobre a qual exerce a posse
mansa e pacífica, poderá usucapir o imóvel. Com tal declaração a parte poderá
proceder ao registro, tornando-se proprietário.
Há, entretanto, uma exceção: admite-se discutir o domínio quando a pretensão
for exercida em face de terceiro. Portanto...
De acordo com o STF admite-se a utilização da usucapião como matéria de defesa
em ações possessórias:
Súmula STF 237
O usucapião pode ser arguido em defesa.
De todo modo, não será possível o registro dessa propriedade caso haja
reconhecimento da usucapião. Dito de outro modo, a transferência formal da
propriedade para o réu que foi acionado em ação possessória irá exigir que ele
ingresse com uma ação própria de usucapião.
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Rito especial e liminar
O art. 558, do NCPC, disciplina que para as ações possessórias observem o rito
especial é indispensável que o esbulho ou a turbação ocorram no período inferior
a ano e dia.
Por exemplo, se o esbulho ou a turbação ocorrerem até em um ano e um dia, a
ação possessória segue o rito especial do NCPC.
Nesse rito temos a possibilidade de concessão de tutela da evidência fora da
previsão do art. 311, do NCPC. Se o autor da ação provar a posse e a
turbação ou o esbulho dentro de um ano e um dia ele terá direito a uma
liminar de tutela da evidência. Nesses casos, não há necessidade de provar a
urgência ou perigo da demora.
Por outro lado, se o esbulho ou a turbação acontecer há mais de ano e dia admite-
se a utilização da ação possessória, que irá seguir o rito comum. Nesses casos,
será admissível a concessão de medida liminar as ações possessórias que
tramitem pelo rito comum, desde que efetue a prova dos requisitos do art. 300
(tutela de urgência) e do art. 311, do NCPC (tutela de evidência). Há, contudo,
maior dificuldade para se fazer a prova.
Veja:
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as
normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia
da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Parágrafo único. PASSADO O PRAZO REFERIDO no caput, será comum o
procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.
A ação não deixa de ter o caráter possessório, contudo, observará o rito comum.
Em síntese...
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¾ a turbação ou o esbulho;
¾ a data da turbação ou do esbulho; e
¾ o pedido de cessação da turbação ou reintegração no caso de esbulho.
Confira:
Art. 561. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da
posse, na ação de reintegração.
Vejamos uma questão sobre esse assunto:
Questão ± FGV/OAB ± Exame de Ordem ± X ± Primeira Fase ±
2013
A proteção possessória pode se desenvolver por meio de diversos tipos de
ações. No que se refere às espécies de ações possessórias e suas
características, assinale a afirmativa correta.
a) Em virtude do princípio da adstrição, a propositura de uma ação
possessória em vez de outra impede que o juiz conheça do pedido e outorgue
a proteção correspondente àquela cujos requisitos estejam provados.
b) É defeso ao autor cumular o pedido possessório com condenação em
perdas e danos, devendo optar por um ou outro provimento, sob pena de
enriquecimento sem causa.
c) As ações possessórias não possuem natureza dúplice. Sendo assim, caso
o réu queira fazer pedido contra o autor, não poderá se valer da contestação,
devendo apresentar reconvenção.
d) Apenas o possuidor figura-se como parte legitima para a propositura das
ações possessórias, tanto na hipótese de posse direta quanto na hipótese de
posse indireta.
Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 554, do NCPC, a propositura
de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do
pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.
A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 555, I, da referida Lei, é lícito ao
autor cumular ao pedido possessório o de condenação em perdas e danos.
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A alternativa C está incorreta. Com base no art. 556, da Lei nº 13.105/15, é
lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse,
demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da
turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Apenas o possuidor, seja
ele possuidor direto ou indireto, é parte legítima para propor ação possessória.
Vejamos o art. 561, I, do NCPC:
Art. 561. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
Sigamos!
O art. 562, retoma a regra que vimos acima acerca do rito especial da ação de
manutenção ou reintegração de posse. Se ajuizada dentro do prazo de um ano e
um dia, a contar da violação do direito possessório, temos a possibilidade de
concessão da tutela liminar.
Importante destacar que, de acordo com o parágrafo único do art. 562, do NCPC,
não será possível a concessão dessa tutela quando no polo passivo da demanda
estiver pessoa jurídica de direito público, tal como a União, um Estado membro
da federação ou Município.
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, O JUIZ DEFERIRÁ, SEM
OUVIR O RÉU, A EXPEDIÇÃO DO MANDADO LIMINAR DE MANUTENÇÃO OU DE
REINTEGRAÇÃO, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o
alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público NÃO será deferida a
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos
representantes judiciais.
Fique atento! O art. 562, do NCPC, exige que a petição inicial esteja
suficientemente instruída para que a liminar inauditera altera pars (sem oitiva da
parte contrária seja concedida) seja concedida. Assim, além de ser observado o
prazo de um ano de um dia, a parte deve apresentar documentos robustos do
direito que pretende tutela judicial.
Em face disso, e também devido às consequências que a concessão da tutela de
evidência representam, o magistrado poderá ao invés de conceder diretamente
a tutela, determinar a intimação da parte autora para esclarecimentos.
Prestadas as informações, se o juiz considerar suficiente a justificação,
determinará a expedição do mandado de manutenção da posse (para o caso de
turbação) ou de reintegração (para o caso de esbulho).
É o que estabelece o art. 563, do NCPC:
Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de
manutenção ou de reintegração.
Independentemente da concessão ou não da medida, compete à parte autora
promover a citação do réu no prazo de 5 dias, para que apresente contestação
no prazo de 15 dias.
Cuidado!
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atualmente. Em face disso, fez necessário o enfrentamento do assunto pelo
NCPC.
Nessas ações evidencia-se o interesse público e social dos envolvidos no conflito
possessório. Diante disso, faz-se necessária propiciar a participação do Ministério
Público e da Defensoria. Além disso, em razãoda coletividade ± parte na
demanda ± temos regras específica para a citação e para a comunicação dos atos
processuais.
O art. 554, do NCPC, determina que serão citados para a ação possessória
coletiva:
ª réus presentes no local;
ª réu au ente erão citado por edital;
ª citação do Ministério Público, porque nos termos do art. 178, III, do órgão deve atuar
nos litígios coletivos por posse de terra rural ou urbana; e
ª Defensoria Pública nos casos de hipossuficiência econômica.
Confira:
§ 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de
pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no
local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do
Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da
Defensoria Pública.
§ 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os
ocupantes no local POR UMA VEZ, citando-se por edital os que não forem encontrados.
§ 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista
no § 1o e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em
jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.
Ainda em relação ao §2º do art. 554, do NCPC, é importante deixar claro que a
tentativa de citação pessoal pelo oficial de justiça ocorrerá por uma única vez.
Caso não seja possível citar todos, os demais serão comunicados da forma ficta
por edital.
Uma vez integrados os réus à lide, temos que analisar a higidez das alegações
(se a petição inicial está suficientemente instruída) e se a turbação ou esbulho
ocorreram há mais de ano de dia.
Se for em período inferior a ano e dia, temos a possibilidade de concessão de
tutela de evidência. Por outro lado, se superior a esse período, aplicamos o art.
565, do NCPC, regra visando à autocomposição.
Esse dispositivo determina que, nas ações possessórias que ocorreram há mais
de um ano e dia, o juiz não poderá determinar a reintegração de posse antes de
efetuar a audiência de medição.
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação
afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de
apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de
mediação, a realizar-se em ATÉ 30 (TRINTA) DIAS, que observará o disposto nos §§ 2oe
4o.
Essa audiência deve ocorrer no prazo de 30 dias.
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Vejamos uma questão:
Questão ± FGV/OAB ± Exame de Ordem ± V ± Primeira Fase ±
2011
Numa ação de reintegração de posse em que o esbulho ocorreu há menos
de 1 ano e 1 dia, ao examinar o pedido de liminar constante da petição
inicial, o juiz
a) deve sempre realizar a inspeção judicial no local, sendo tal diligência
requisito para a concessão da liminar.
b) deve deferir de plano, sem ouvir o réu, se a petição inicial estiver
devidamente instruída e sendo a ação entre particulares.
c) deve sempre designar audiência prévia ou de justificação, citando o réu,
para, então, avaliar o pedido liminar.
d) pode deferir a liminar de plano, sem ouvir o réu, desde que haja parecer
favorável do Ministério Público.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A inspeção judicial não é um requisito para
concessão de liminar em possessórias, mas sim uma discricionariedade do juiz.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Cabe concessão sem
ouvir o réu se a petição já trouxer provas indiscutíveis para deferimento da
medida.
A alternativa C está incorreta. A audiência prévia ou de justificação não é
obrigatória.
A alternativa D está incorreta. Não é obrigatória a presença do MP em ações
possessórias.
5.5 - Interdito Proibitório
Para estudarmos o interdito proibitório e, portanto, a última ação possessória,
basta conhecer o art. 567, do NCPC.
Antes, entretanto, veja um conceito3:
O interdito proibitório é uma tutela possessória de caráter inibitório, destinada a inibir os
atos de agressão à posse, concretizáveis em turbação ou em esbulho.
3 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 705.
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Logo, o conceito de interdito proibitório é simples: evitar que o proprietário
possa ser turbado ou esbulhado.
Para tanto, faz-se necessário provar a existência de um justo receio da violação
a sua esfera jurídica patrimonial.
Na sequência, leia o dispositivo e responda ao questionamento efetuado.
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na
posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente,
mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso
transgrida o preceito.
Que tutela a parte receberá?
O juiz irá conceder uma medida inibitória (ou seja, que evite que o direito de
posse seja violado), que se não for suficiente implicará em multa pecuniária pela
turbação ou pelo esbulho.
Fora isso, observamos o procedimento acima estudado, conforme remete o art.
568, do NCPC:
Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo.
Vejamos uma questão sobre as ações possessórias:
Questão ± FGV/OAB ± Exame de Ordem ± IV ± Primeira Fase -
2011
A respeito das ações possessórias, assinale a alternativa correta.
a) A propositura da ação de reintegração de posse, quando cabível
manutenção de posse, torna impossível o acolhimento do pedido, impondo
a extinção sem resolução do mérito.
b) Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar contar-
se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida liminar.
c) É vedada a cumulação de pedidos com o pedido possessório.
d) O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de esbulho e
reintegrado no de turbação.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O ajuizamento equivocado de uma em lugar da
outra não gera indeferimento inicial.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O marco para a
contestação é a decisão que defere ou não a medida cautelar.
A alternativa C está incorreta. O pedido possessório pode ser cumulado com
outros pedidos.
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A alternativa D está incorreta. No caso de turbação falamos em manutenção de
posse. E, no caso de esbulho, o termo adequado é reintegração.
6 - Inventário e partilha
O procedimento especial de inventário e partilha está disciplinado a partir do art.
610 até o art. 673, do NCPC. São 64 dispositivos, com diversas regras. Algumas
GHODV�SRGHPRV�³DSHQDV´�OHU��VHPSUH�FRP�D�Gevida atenção), outras exigem um
esforço maior para a correta interpretação.
O direito sucessório no Brasil observa o princípio da saisine, segundo o qual com
o falecimento toda a herança é transmitida aos herdeiros de forma automática.
Essa transmissão se dá, em um primeiro momento, para o espólio, pois os bens
e direitos se encontram indistintos e precisam ser individualizados. Assim, forma-
se o espólio, entidade sem personalidade jurídica que será administrada pelo
inventariante ou pelos herdeiros.
Ainda em relação a essas noções introdutórias, pergunta-se:
Qual a diferença entre inventário e partilha?
O inventário constitui a relação de bens de determinada pessoa, descrevendo-os
e individualizando-os em relação ao conjunto. A partilhaenvolve a divisão desses
bens entre os sucessores.
Nesse contexto, conforme explicita a doutrina4 ao procedimento de inventário e
SDUWLOKD� LQWHUHVVD� DSHQDV� D� VXFHVVmR� µFDXVD� PRUWLV¶�� VHMD� OHJtWLPD� RX�
testamentária, seja a título singular ou universal.
Vamos compreender bem essa informação!?
A sucessão de bens pode ocorrer por ato inter vivos, por intermédio de um
contrato de doação, ou causa mortis, quando há sucessão na titularidade dos
direitos e obrigações que compunham o seu patrimônio.
Essa sucessão causa mortis pode ser legítima, quando são chamados a suceder
aqueles indicados no Código Civil, ou testamentária, quando o sucedido indica
em testamento os sucessores.
Além disso, a sucessão causa mortis pode ocorrer a título singular quando
envolver determinados bens (legado) ou a universalidade de bens do patrimônio
do falecido (herança).
Serão essas as espécies e as formas de sucessão que estudaremos ao longo deste
capítulo.
4 DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 19ª edição, rev. e atual.,
São Paulo: Editora Atlas S/A, 2016, p. 890.
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V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a
herança estiver distribuída em legados;
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VII - o inventariante judicial, se houver;
VIII - pessoa estranha idônea, quando NÃO houver inventariante judicial.
Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (CINCO)
DIAS, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a função.
Essa ordem deve ser rigorosamente observada. Há jurisprudência do STJ5
prevendo a possibilidade de que tal ordem seja flexibilizada. Contudo, para a
prova, a não ser que haja referência expressa à jurisprudência, você assinalará
que a ordem deve ser respeitada.
Em linhas gerais, aquele que tiver maior suscetibilidade de direitos sucessórios
deve ser nomeado inventariante. Assim, se houver cônjuge ou companheiro
convivente, ele será o inventariante (inc. I), não havendo cônjuge ou
companheiro, nomeia-se inventariante o herdeiro que estiver na posse ou
administração dos bens (inc. II).
Contudo, se nenhum desses herdeiros estiver na posse, nomeia-se qualquer dos
herdeiros para administração dos bens (inc. III).
Se o herdeiro a ser nomeado for menor de idade, o inventariante será o
representante legal desse incapaz (inc. IV)
Na hipótese de haver testamento especificando a quem compete cada parcela
dos bens do falecido, haverá legado, ou seja, cada herdeiro terá direito a um bem
específico, de forma que cada um dos testamenteiros (inc. V) será investido na
qualidade de inventariante dos bens indicados no testamento de acordo com a
atribuição pretendida pelo falecido.
Podem ser nomeados como inventariantes, ainda, o cessionário do herdeiro ou
do legatário (inc. VI).
Por fim, nomeia-se o inventariante judicial (inv. VII) se não houver possibilidade
de preenchimento pelas hipóteses acima ou, por fim, pessoa estranha idônea
(inc. VIII) à discussão sucessória na inexistência de inventariante judicial.
Para a prova...
5 Por exemplo, REsp. 1.055.633/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 21/10/2008.
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b) os móveis, com os sinais característicos;
c) os semoventes, seu número, suas espécies, suas marcas e seus sinais distintivos;
d) o dinheiro, as joias, os objetos de ouro e prata e as pedras preciosas, declarando-se-lhes
especificadamente a qualidade, o peso e a importância;
e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, as quotas e os títulos de sociedade,
mencionando-se-lhes o número, o valor e a data;
f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, os títulos, a origem da obrigação
e os nomes dos credores e dos devedores;
g) direitos e ações;
h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio.
§ 1o O juiz determinará que se proceda:
I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era empresário individual;
II - à apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que não anônima.
§ 2o As declarações podem ser prestadas mediante petição, firmada por procurador com
poderes especiais, à qual o termo se reportará.
Os herdeiros e interessados somente poderão argumentar que foram omitidos
bens ou direitos do falecido, após a conclusão da descrição dos bens, conforme
estabelece o dispositivo abaixo:
Art. 621. Só se pode arguir sonegação ao inventariante depois de encerrada a
descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por
inventariar.
Evidentemente que, uma vez escolhido, o inventariante poderá ser destituído do
seu encargo. Assim, se o inventariante não cumprir com a sua função ou agir de
qualquer modo de forma irregular, o juiz poderá de ofício ou por intermédio de
requerimento dos interessados removê-lo da função.
O art. 622, do NCPC, descreve em que situações o inventariante será removido:
Art. 622. O inventariante será REMOVIDO de ofício ou a requerimento:
I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas declarações;
II - se não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvidas infundadas ou se
praticar atos meramente protelatórios;
III - se, por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem, forem dilapidados ou
sofrerem dano;
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, se deixar de cobrar
dívidas ativas ou se não promover as medidas necessárias para evitar o
perecimento de direitos;
V - se não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas;
VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.
Para a prova...
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A alternativa A está incorreta. De acordo com o parágrafo único, do art. 623,
do NCPC, o incidente de remoção de inventariante correrá em apenso aos autos
principais e não nos próprios autos.
Parágrafo único. O incidente da remoção correrá em apenso aos autos do inventário.
A alternativa B está incorreta. Não há que se falar em afastamento imediato do
inventariante. Ao receber o requerimento de remoção do inventariante, o juiz
deverá intimá-lo para, no prazo de 15 dias, apresentar defesa e produzir provas.
Vejamos o caput, do art. 623, da referida Lei:
Art. 623. Requerida a remoção com fundamento em qualquer dos incisos do art. 622, será
intimado o inventariante para, no prazo de 15 (quinze) dias, defender-se e produzir provas.
A alternativa C está incorreta. O juiz deve observar a ordem de preferência
estabelecida no art. 617, da Lei nº 13.105/15.
Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem:
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro
ao tempo da morte deste;
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge
ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados;
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do
espólio;
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal;
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a
herança estiver distribuída em legados;
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VII - o inventariante judicial, se houver;
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.
O fato de Edgar ter formulado o requerimento de remoção não lhe garante
prioridade para o exercício das funções de inventariante.
A alternativa D está corretae é o gabarito da questão, conforme estabelece o
art. 625, do NCPC:
Art. 625. O inventariante removido entregará imediatamente ao substituto os bens do
espólio e, caso deixe de fazê-lo, será compelido mediante mandado de busca e apreensão
ou de imissão na posse, conforme se tratar de bem móvel ou imóvel, sem prejuízo da multa
a ser fixada pelo juiz em montante não superior a três por cento do valor dos bens
inventariados.
Sigamos!
Com isso encerramos o estudo da primeira parte do procedimento de inventário
e partilha.
Em síntese, vimos que com o falecimento deve ser instaurado o procedimento no
prazo de 20 dias por aquele que detiver a posse ou administração dos bens ou
pelos demais legitimados previstos no art. 616, do NCPC.
Quem estiver na posse será o administrador provisório até que o juiz efetive a
nomeação do inventariante que observa uma ordem legal para investidura na
função, descrita no art. 617, do NCPC.
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§ 2o Julgando procedente a impugnação, o juiz determinará que o perito retifique a
avaliação, observando os fundamentos da decisão.
Art. 636. Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu respeito, lavrar-se-
á em seguida o termo de últimas declarações, no qual o inventariante poderá emendar,
aditar ou completar as primeiras.
Art. 637. Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no PRAZO COMUM DE 15
(QUINZE) DIAS, proceder-se-á ao cálculo do tributo.
Art. 638. Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes no prazo comum
de 5 (CINCO) DIAS, que correrá em cartório, e, em seguida, a Fazenda Pública.
§ 1o Se acolher eventual impugnação, o juiz ordenará nova remessa dos autos ao
contabilista, determinando as alterações que devam ser feitas no cálculo.
§ 2o Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do tributo.
Vamos à sucessão dos fatos?!
AVALIAÇÃO E CÁLCULO DO IMPOSTO
1) Remessa ao avaliador judicial ou nomeação de perito.
* não será nomeado perito se capazes as partes, a Fazenda Pública concordar com
R�YDORU�LQGLFDGR�QDV�³SULPHLUDV�GHFODUDo}HV´�
** não se expede carta precatória para avaliação de bem fora da comarca se for
bem de pequeno valor ou conhecido do perito nomeado
2) Laudo
3) Intimação das partes para se manifestarem no prazo comum de 15 dias
4) Decisão do juiz
���7HUPR�GH�³~OWLPDV�GHFODUDo}HV´�SHOR�LQYHQWDULDQWH
���,QWLPDomR�GDV�SDUWHV�GDV�³~OWLPDV�GHFODUDo}HV´�QR�SUD]R�FRPXP�GH����GLDV
7) Cálculo do tributo
8) Intimação das partes e da Fazenda Pública no prazo de 5 dias para ciência do valor do
tributo.
9) Homologação do juiz do valor devido
6.6 - Colações
Do art. 639 ao 641, todos do NCPC, temos a disciplina das colações. Esse
procedimento é disciplinado no Direito Civil, a partir do art. 2.002 a 2.012, do
Código Civil.
Para fins do estudo de Direito Processual Civil cumpre conhecer o conceito do
instituto e suas linhas gerais.
A colação é o instrumento por intermédio do qual os herdeiros necessários
indicam os bens que receberam por doação inter vivos do falecido. Assim, se o
cônjuge ou filho recebeu ao longo da vida bens deverá indicá-los para que sejam
computados no cálculo do inventário e da partilha.
Esse deve se estender apenas aos herdeiros necessários, ou seja, aplica-se
apenas aos descendentes e ao cônjuge a fim de que não haja violação da regra
mínima a que tem direito esses herdeiros, a denominada legítima.
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Em face disso, serão convocados para indicar os bens ou, ao menos, o valor que
fora doado em vida, conforme estabelece o art. 639, do CC:
Art. 639. No prazo estabelecido no art. 627, o herdeiro obrigado à colação conferirá
por termo nos autos ou por petição à qual o termo se reportará os bens que
recebeu ou, se já não os possuir, trar-lhes-á o valor.
Parágrafo único. Os bens a serem conferidos na partilha, assim como as acessões e as
benfeitorias que o donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem ao tempo da abertura
da sucessão.
Quanto ao arts. 640 e 641, do NCPC, a leitura é o suficiente:
Art. 640. O herdeiro que renunciou à herança ou o que dela foi excluído não se
exime, pelo fato da renúncia ou da exclusão, de conferir, para o efeito de repor a parte
inoficiosa, as liberalidades que obteve do doador.
§ 1o É lícito ao donatário escolher, dentre os bens doados, tantos quantos bastem para
perfazer a legítima e a metade disponível, entrando na partilha o excedente para ser dividido
entre os demais herdeiros.
§ 2o Se a parte inoficiosa da doação recair sobre bem imóvel que não comporte divisão
cômoda, o juiz determinará que sobre ela se proceda a licitação entre os herdeiros.
§ 3o O donatário poderá concorrer na licitação referida no § 2o e, em igualdade de condições,
terá preferência sobre os herdeiros.
Art. 641. Se o herdeiro negar o recebimento dos bens ou a obrigação de os conferir,
o juiz, ouvidas as partes no prazo comum de 15 (quinze) dias, decidirá à vista das
alegações e das provas produzidas.
§ 1o Declarada improcedente a oposição, se o herdeiro, no prazo improrrogável de 15
(quinze) dias, não proceder à conferência, o juiz mandará sequestrar-lhe, para serem
inventariados e partilhados, os bens sujeitos à colação ou imputar ao seu quinhão
hereditário o valor deles, se já não os possuir.
§ 2o Se a matéria exigir dilação probatória diversa da documental, o juiz remeterá as partes
às vias ordinárias, não podendo o herdeiro receber o seu quinhão hereditário, enquanto
pender a demanda, sem prestar caução correspondente ao valor dos bens sobre os quais
versar a conferência.
Caso haja impugnação pela sonegação da colação, ou seja, pela não indicação de
bens doados em vida que não foram indicados, haverá instauração de incidente
que será decidido pelo juiz, após oitiva das partes no prazo de 15 dias.
Contudo, caso seja necessária produção de provas ± para além das informações
documentais trazidas nos autos ± tal matéria será discutida em processo pelo rito
comum.
6.7 - Pagamento das Dívidas
Note que o procedimento está evoluindo. Tivemos a nomeação do inventariante,
D�SURGXomR�GDV�³SULPHLUDV�GHFODUDo}HV´��D�FLWDomR�GRs herdeiros, a avaliação e o
FiOFXOR�GR�LPSRVWR��D�SURGXomR�GDV�³~OWLPDV�GHFODUDo}HV´�H�D�UHJXODUL]DomR�GDV�
doações recebidas em vista para o cálculo da legítima (colação).
Após tudo isso, ter-se-á claramente definido o valor dos bens do falecido.
É possível, contudo, que haja dívidas. Se isso ocorrer devemos observas as regras
abaixo:
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Art. 642. ANTES DA PARTILHA, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do
inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis.
§ 1o A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por dependência e
autuada em apenso aos autos do processo de inventário.
§ 2o Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor, mandará
que se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens suficientes para o pagamento.
§ 3o Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento dos credores
habilitados, o juiz mandará aliená-los, observando-se as disposições deste Código
relativas à expropriação.
§ 4o Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, para o seu
pagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, concordando todas as
partes.
§ 5o Os donatários serão chamados a pronunciar-se sobre a aprovação das dívidas, sempre
que haja possibilidade de resultar delas a redução das liberalidades.De acordo com o dispositivo acima haverá formação de um incidente processual
com vistas à habilitação de eventual credor. Apresentada a petição, formam-se
autos apensos/vinculados.
Os herdeiros serão intimados para se manifestar e caso concordem com a
existência da dívida, líquida e exigível, haverá o abatimento do valor total da
herança.
Se não houver concordância entre os herdeiros, o processo tramitará pelo rito
comum.
Art. 643. NÃO havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de pagamento
feito pelo credor, será o pedido remetido às vias ordinárias.
Parágrafo único. O juiz mandará, porém, reservar, em poder do inventariante, bens
suficientes para pagar o credor quando a dívida constar de documento que comprove
suficientemente a obrigação e a impugnação não se fundar em quitação.
O art. 644, do NCPC, traz a possibilidade de os herdeiros autorizarem a
habilitação de credor de dívida líquida e certa ainda não vencida. Esse dispositivo
é relevante, pois os bens do falecido responderão por eventuais dívidas e
responsabilidades pendentes. Desse modo, ainda que não seja autorizado o
ingresso pelos herdeiros no procedimento de inventário e partilha, futuramente,
quando vencida a dívida, os herdeiros serão chamados a responder com os bens
do falecido proporcionalmente à quota-parte de cada um. Portanto, podem desde
já determinar a separação de parte dos bens para pagamento de dívidas líquidas,
certas e a vencer.
Art. 644. O credor de dívida líquida e certa, AINDA NÃO VENCIDA, pode requerer
habilitação no inventário.
Parágrafo único. Concordando as partes com o pedido referido no caput, o juiz, ao julgar
habilitado o crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro pagamento.
A diferença do art. 644 para as dívidas vencidas é que nas dívidas vencidas, se
os herdeiros não concordarem, haverá a instauração de processo pelo rito comum
com reserva dos bens. No caso de dívida ainda não vencida, se não concordarem
os herdeiros, o credor deverá aguardar o vencimento.
Para a prova...
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A alternativa A está incorreta. Como o crédito de Carlos está vencido e sendo
ele exigível, o requerimento de habilitação deve ser feito até o momento da
partilha, e não a qualquer tempo. Vejamos o art. 642, do NCPC:
Art. 642. Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inventário
o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, pois se refere ao art.
644, da referida Lei:
Art. 644. O credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode requerer habilitação
no inventário.
Parágrafo único. Concordando as partes com o pedido referido no caput, o juiz, ao julgar
habilitado o crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro pagamento.
A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 616, VII e VIII, da Lei nº
13.105/15, o Ministério Público e a Fazenda Pública possuem legitimidade
concorrente para requerer a abertura do inventário judicial por ocasião do
falecimento de Márcio.
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente:
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse;
A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 616, VI, da referida Lei, o credor
de Antonieta tem legitimidade concorrente para requerer a abertura do inventário
judicial.
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente:
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
Sigamos!
Confira, ainda, os arts. 645 e 646, do NCPC:
Art. 645. O legatário é parte legítima para manifestar-se sobre as dívidas do espólio:
I - quando TODA a herança for dividida em legados;
II - quando o reconhecimento das dívidas importar redução dos legados.
Art. 646. Sem prejuízo do disposto no art. 860, é lícito aos herdeiros, ao separarem bens
para o pagamento de dívidas, autorizar que o inventariante os indique à penhora no
processo em que o espólio for executado.
6.8 - Partilha
A partir do momento que temos o inventário dos bens, com a descrição
minudenciada de todos os bens e a definição do cálculo do imposto devido é
possível passar à partilha.
Antes disso, temos que considerar as colações e o pagamento de dívidas, na
forma como estudamos acima. Após, os herdeiros poderão requerer o valor que
lhe é devido (pedido de quinhão) no prazo de 15 dias.
De acordo com o art. 647, do NCPC, o juiz poderá deferir antecipadamente aos
herdeiros o exercício do direito de usar e fruir do bem até a efetiva transferência.
Veja:
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I - dívidas atendidas;
II - meação do cônjuge;
III - meação disponível;
IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho.
Para que você compreenda o art. 651, do NCPC, é necessário que façamos
algumas considerações acerca do casamento. Não vamos aprofundar o conteúdo,
pois é assunto de Direito Civil, contudo, alguns conceitos são pressuposto para o
estudo do direito processual.
Inventariado o conjunto de bens do espólio, resolvidas as impugnações,
habilitados os credores, pagos os impostos, chegamos à partilha.
Para a partilha, devemos investigar se o falecido era casado e, se casado, em
que regime de bens. O regime de bens é fundamental para determinação da
meação.
A meação nada mais é do que parte dos bens do casal que cabe ao cônjuge e
que, portanto, não integra a herança. O patrimônio do casal é considerado
comum ao casal. Com o falecimento de um deles, naturalmente, o cônjuge
sobrevivente tem direito a metade de todos os bens.
A delimitação desses bens depende do regime do casamento. Assim, atenção!
ª Se o casamento se der em regime de separação absoluta, não há patrimônio em comum
e, portanto, não há meação.
ª Se o casamento se der em regime de comunhão parcial, os bens adquiridos na
constância do casamento serão considerados bens do casal e, portanto, com o falecimento
de um deles, o cônjuge sobrevivente terá direito à metade desses bens comuns. Quanto
aos bens anteriores ao casamento de propriedade do cônjuge sobrevivente, eles não
integram a meação.
ª Se o casamento se der em regime de comunhão total, todos os bens anteriores ou
adquiridos ao longo da união serão considerados para fins da meação.
Com base nessas normas, o art. 651, do NCPC, estabelece a ordem que deve ser
observada para a distribuição dos bens.
Primeiramente serão desconsideradas as dívidas do falecido, que serão
descontadas do conjunto patrimonial de bens.
Após, vamos analisar se há cônjuge e se, em razão do regime de casamento, há
meação. Descontada a metade a que tem direito o cônjuge sobrevivente
chegaremos ao montante da meação disponível para ser distribuída entre os
herdeiros.
Esse valor restante será distribuído entre os herdeiros,
inclusive o cônjuge, ainda que tenha recebido a meação.
Portanto, não confunda a meação com a herança. A
meação não faz parte da herança. Além disso, o
cônjuge, ainda que receba a meação, terá direito à herança em
concorrência com os demais herdeiros.
Após a confecção do esboço da partilha, os interessados serão intimados para se
manifestar no prazo comum de 15 DIAS.
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Art. 652. Feito o esboço, as partes manifestar-se-ão sobre esse no prazo comum de
15 (quinze) dias, e, resolvidas as reclamações, a partilha será lançada nos autos.
Nesse prazo as partes podem apresentar reclamações em face desse esboço de
partilha. Resolvidas as pendências, o juiz decidirá lançando nosautos a partilha.
Essa decisão deverá observar as regras do art. 653, do NCPC, cuja leitura atenta
é o suficiente:
Art. 653. A partilha constará:
I - de auto de orçamento, que mencionará:
a) os nomes do autor da herança, do inventariante, do cônjuge ou companheiro supérstite,
dos herdeiros, dos legatários e dos credores admitidos;
b) o ativo, o passivo e o líquido partível, com as necessárias especificações;
c) o valor de cada quinhão;
II - de folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a pagar-lhe, a razão do
pagamento e a relação dos bens que lhe compõem o quinhão, as características que os
individualizam e os ônus que os gravam.
Parágrafo único. O auto e cada uma das folhas serão assinados pelo juiz e pelo escrivão.
O art. 654, do NCPC, esclarece que após o lançamento da partilha incidirá o
imposto de transmissão (ITCMD causa mortis).
Art. 654. Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos autos certidão ou
informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a
partilha.
Parágrafo único. A existência de dívida para com a Fazenda Pública não impedirá o
julgamento da partilha, DESDE QUE o seu pagamento esteja devidamente garantido.
Com o trânsito em julgado da sentença de partilha, haverá expedição do
GRFXPHQWR�GHQRPLQDGR�GH�³IRUPDO�GH�SDUWLOKD´��TXH�HVSHFLILFDUi�R�KHUGHLUR��D�
avaliação dos bens, o valor que é devido. Confira:
Art. 655. Transitada em julgado a sentença mencionada no art. 654, receberá o herdeiro
os bens que lhe tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças:
I - termo de inventariante e título de herdeiros;
II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro;
III - pagamento do quinhão hereditário;
IV - quitação dos impostos;
V - sentença.
Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão de pagamento do
quinhão hereditário quando esse NÃO exceder a 5 (cinco) vezes o salário-mínimo, caso
em que se transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado.
Do dispositivo acima, para a prova...
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Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha
sob a guarda e a administração do mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da
maioria dos herdeiros.
Art. 670. Na sobrepartilha dos bens, observar-se-á o processo de inventário e de partilha.
Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da herança.
ª nomeação de curador especial:
Art. 671. O juiz nomeará curador especial:
I - ao ausente, se não o tiver;
II - ao incapaz, se concorrer na partilha com o seu representante, desde que exista colisão
de interesses.
ª cumulação de inventários:
Art. 672. É LÍCITA a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas
diversas quando houver:
I - identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens;
II - heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros;
III - dependência de uma das partilhas em relação à outra.
Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a dependência for parcial, por haver
outros bens, o juiz pode ordenar a tramitação separada, se melhor convier ao interesse das
partes ou à celeridade processual.
Art. 673. No caso previsto no art. 672, inciso II, prevalecerão as primeiras declarações,
assim como o laudo de avaliação, salvo se alterado o valor dos bens.
7 - Embargos de Terceiro
Os embargos de terceiro constituem espécie de ação que tem por finalidade
impedir ou livrar a constrição de bem que esteja na posse ou propriedade de
terceiro.
Por exemplo, alguém alheio ao processo judicial sobre a penhora de algum bem
em razão de uma ação de execução envolvendo outras pessoas. Nesse caso, a
fim de proteger a sua esfera jurídico-patrimonial, admite-se o ajuizamento da
ação de embargos de terceiro.
Assim, para ajuizamento dos embargos:
ª não pode ser parte no processo (terceiro); e
ª sofreu constrição ou ameaça de constrição em bens sobre os quais tem direito.
Veja:
Art. 674. Quem, NÃO sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de
constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com
o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos
de terceiro.
§ 1o Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou
possuidor.
O §2º esclarece quem poderá ser considerado terceiro e, portanto, quem são os
possíveis legitimados ativos para a ação:
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ª a insolvência do réu;
ª que o título que concede o direito real é nulo ou não vincula terceiros;
ª que a coisa dada em garantia é outra e não a coisa litigiosa.
Confira:
Art. 680. CONTRA OS EMBARGOS DO CREDOR COM GARANTIA REAL, o embargado
somente poderá alegar que:
I - o devedor comum é insolvente;
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III - outra é a coisa dada em garantia.
Para encerrar a análise dessa ação especial, veja o art. 681, do NCPC:
Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será
cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração
definitiva do bem ou do direito ao embargante.
8 - Ação Monitória
Em relação à ação monitória temos quatro dispositivos. Essa modalidade de
procedimento especial é utilizada para pretender a cobrança ou a exigência de
alguma obrigação em face de um título executivo extrajudicial sem eficácia
executiva.
Sobre a finalidade da ação monitória é importante conhecer o entendimento
doutrinário6:
O legislador infraconstitucional concebe o procedimento monitório como técnica destinada
a propiciar a aceleração da realização dos direitos e assim como instrumento capaz de evitar
o custo inerente à demora do procedimento comum. Partindo da premissa de que um direito
evidenciado mediante prova escrita em regra deve sofrer contestação, o procedimento
monitório objetiva, através da inversão do ônus de instaurar a discussão a respeito da
existência ou inexistência do direito, desestimular as defesas infundadas e permitir a tutela
do direito sem as delongas do procedimento comum.
Conforme estudamos na parte relativa à execução, um título executivo
extrajudicial, para que seja executável, deve ser certo, líquido e exigível.
Em relação a última característica, temos que o título é exigível se estiver
vencido. É o que confere interesse processual à parte para ingressar com a ação
executiva.
Contudo, esses títulos podem conter prazos de validade, expressos em lei ou no
próprio título. Decorrido esse prazo, o título perde a executividade, mas nada
impede que, se não estiver prescrita a pretensão da parte, ela possa exigir o
cumprimento judicialmente.
Entre as formas de se buscar o cumprimento, temos a ação monitória, cuja
disciplina legal começa no art. 700:
6 MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo
Civil Comentado, 2ª edição, rev., ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016,
p. 781.
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Comentários
Constitui requisito exigido para a propositura da ação monitória prova escrita pré-
constituída sem eficácia de título executivo. Vejamos o art. 700, do NCPC:
Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova
escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:
Dessa forma,

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