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Aula 11 32

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DIREITO	PENAL	para	o	XXIII	EXAME	DA	OAB	
Teoria	e	exercícios	comentados	
Prof.	Renan	Araujo	–	Aula	11	
	
	 	 	
	
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3.5. Presta‹o de garantia graciosa ............................................................ 37
3.6. N‹o cancelamento de restos a pagar .................................................... 38
3.7. Aumento de despesa total com pessoal no œltimo ano do mandato ou
legislatura 39
3.8. Oferta pœblica ou coloca‹o de t’tulos no mercado.................................. 39
4. RESUMO.......................................................................................... 40
5. EXERCêCIOS DA AULA..................................................................... 46
6. GABARITO ...................................................................................... 48
	
Ol‡, meus amigos concurseiros!
Hoje vamos terminar de estudar os crimes contra a administra‹o
pœblica. Veremos os crimes contra a administra‹o pœblica estrangeira,
os crimes contra a administra‹o da Justia e os crimes contra as finanas
pœblicas.
Este tema Ž menos relevante que o da aula passada, mas n‹o deve
ser negligenciado. Sugiro aten‹o especial aos crimes de denuncia‹o
caluniosa, falso testemunho, favorecimento real e favorecimento
pessoal, pois s‹o os mais lembrados pela FGV/OAB!
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
	
	
	
	
	
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1. CRIMES CONTRA A ADMINISTRA‚ÌO PòBLICA
ESTRANGEIRA
Os crimes contra a administra‹o pœblica estrangeira foram
introduzidos no CP pela Lei 10.467/02, e vieram em homenagem ao art.
4¡, IX da CRFB/88, que, dentre outros princ’pios, estabelece o princ’pio
da Coopera‹o Internacional para o progresso da Humanidade.1
O conceito de funcion‡rio pœblico estrangeiro, para fins penais, Ž
semelhante ao do art. 327, que conceitua o que seria funcion‡rio pœblico
(em geral) para fins penais. Vejamos:
Art. 337-D. Considera-se funcion‡rio pœblico estrangeiro, para os efeitos
penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remunera‹o, exerce
cargo, emprego ou fun‹o pœblica em entidades estatais ou em
representa›es diplom‡ticas de pa’s estrangeiro. (Inclu’do pela Lei n¼ 10467,
de 11.6.2002)
Existe ainda, a figura do Òequiparado a funcion‡rio pœblico
estrangeiroÓ (o que rigorosamente significa a mesma coisa para fins
penais). Nos termos do art. 337-D, ¤ œnico do CP:
Par‡grafo œnico. Equipara-se a funcion‡rio pœblico estrangeiro quem exerce
cargo, emprego ou fun‹o em empresas controladas, diretamente ou
indiretamente, pelo Poder Pœblico de pa’s estrangeiro ou em organiza›es
pœblicas internacionais. (Inclu’do pela Lei n¼ 10467, de 11.6.2002)
Vejamos, agora, cada um dos tipos penais previstos neste cap’tulo do
CP:
1.1. Corrup‹o ativa em transa‹o comercial internacional
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem
indevida a funcion‡rio pœblico estrangeiro, ou a terceira pessoa, para
determin‡-lo a praticar, omitir ou retardar ato de of’cio relacionado ˆ
transa‹o comercial internacional: (Inclu’do pela Lei n¼ 10467, de 11.6.2002)
Pena - reclus‹o, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼
10467, de 11.6.2002)
Par‡grafo œnico. A pena Ž aumentada de 1/3 (um tero), se, em raz‹o da
vantagem ou promessa, o funcion‡rio pœblico estrangeiro retarda ou omite o
ato de of’cio, ou o pratica infringindo dever funcional. (Inclu’do pela Lei n¼
10467, de 11.6.2002)
O crime em tela busca tutelar o regular desenvolvimento das
rela›es comerciais entre o Brasil e demais pa’ses.
																																																													
1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte especial. Volume 5. Ed. Saraiva,
9¼ edi‹o. S‹o Paulo, 2015, p. 304
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O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, logo, CRIME COMUM. O
sujeito passivo Ž divergente. Uns consideram que Ž a administra‹o
pœblica lesada. Outros entendem que Ž a credibilidade das rela›es
comerciais internacionais, sendo, portanto, crime vago (aquele em que a
coletividade Ž v’tima)2. Eu ficaria com a primeira corrente.
O tipo objetivo (conduta proibida), consiste em trs nœcleos:
ÒoferecerÓ, ÒprometerÓ e ÒdarÓ alguma vantagem a funcion‡rio pœblico OU
TERCEIRA PESSOA, com A FINALIDADE DE FAZER COM QUE ESTE FA‚A
ALGO QUE FUNCIONALMENTE NÌO DEVERIA (agindo ou se omitindo). N‹o
Ž necess‡rio que a vantagem seja direta, podendo ser oferecida,
prometida ou dada de maneira indireta, impl’cita.
O efetivo recebimento da vantagem Ž irrelevante, consumando-se o
crime no momento em que a vantagem Ž oferecida ou prometida, desde
que chegue ao conhecimento do funcion‡rio pœblico estrangeiro3. Na
modalidade ÒdarÓ, o crime s— se consuma quando o agente recebe a
vantagem. A tentativa Ž poss’vel, nas trs modalidades.
Se o funcion‡rio pœblico estrangeiro, em raz‹o da vantagem ou
promessa, retarda ou omite o ato de of’cio, ou o pratica infringindo dever
funcional, a pena ser‡ aumentada em 1/3.
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, n‹o se admitindo a
forma culposa. Exige-se, ainda, a finalidade especial de agir,
consistente na inten‹o de ver o ato ser praticado, omitido ou retardado
(Dolo espec’fico).4
1.2. Tr‡fico de influncia em transa‹o comercial internacional
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta
ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir
em ato praticado por funcion‡rio pœblico estrangeiro no exerc’cio de suas
fun›es, relacionado a transa‹o comercial internacional: (Inclu’do pela Lei
n¼ 10467, de 11.6.2002)
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼
10467, de 11.6.2002)
Par‡grafo œnico. A pena Ž aumentada da metade, se o agente alega ou
insinua que a vantagem Ž tambŽm destinada a funcion‡rio estrangeiro.
(Inclu’do pela Lei n¼ 10467, de 11.6.2002)
O bem jur’dico tutelado, aqui, Ž o mesmo do artigo anterior.
																																																													
2 Bitencourt defende que ambos s‹o sujeitos passivos. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p.
30
3 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p 308. CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal.
Parte Especial. 7¼ edi‹o. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 814
4 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 308
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Quanto aos sujeitos, aplicam-se, tambŽm as mesmas disposi›es do
crime anterior, sendo crime COMUM.
A conduta proibida (tipo objetivo) Ž idntica ˆ do art. 332 (tr‡fico de
influncia), e consiste na solicita‹o, exigncia, cobrana ou obten‹o de
vantagem, para si ou para outrem, de vantagem de terceiro, a pretexto
de que o infrator ir‡ interceder perante funcion‡rio pœblico estrangeiro
para que este faa ou deixe de fazer alguma coisa que n‹o deva, e seja
relacionada ˆ transa‹o internacional.
Aqui, o fulaninho chega para Jo‹ozinho e diz: ÒMeu amigo, me d‡
uma prata a’ que eu vou falar com o Pedrinho, que trabalha l‡ no
Consulado do Chile (por exemplo), pra ele adiantar a tua parada.Ó A
conduta Ž, em resumo, essa. Entretanto, o infrator n‹o pretende,
efetivamente, fazer o que prometeu! Ele pretende ludibriar o ÒbestaÓque vai comprar a influncia. Se o indiv’duo, de fato, possui influncia
sobre o funcion‡rio pœblico estrangeiro e pretende utiliz‡-la, n‹o pratica
este delito.5
O elemento subjetivo tambŽm Ž o dolo, n‹o se admitindo na forma
culposa. H‡ finalidade especial de agir, consistente na inten‹o de
obter a vantagem Òpara si ou para outremÓ6 (o Òa pretexto deÓ, n‹o
indica uma finalidade especial, pois o agente n‹o pretende fazer o
prometido).
O crime se consuma com a mera solicita‹o, exigncia ou cobrana
da vantagem (crime formal). Na modalidade ÒobterÓ, o crime Ž material.
A tentativa Ž admitida.
O ¤ œnico estabelece uma causa de aumento de pena (majorante),
que incidir‡ caso o infrator alegue que est‡ pedindo a vantagem, mas que
parte dela se destina ao funcion‡rio pœblico que se pretende ÒcomprarÓ.
A a‹o penal, tanto aqui como no crime anterior, Ž PòBLICA
INCONDICIONADA. Ali‡s, s— para lembrar a vocs, sempre que a Lei
n‹o disser NADA, o crime Ž de a‹o penal pœblica incondicionada,
pois ESTA ƒ A REGRA.
2. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRA‚ÌO DA
JUSTI‚A
Os crimes contra a administra‹o da Justia n‹o tutelam apenas a
atividade do Poder Judici‡rio, mas as fun›es relacionadas ˆ presta‹o
Jurisdicional, inclusive as de natureza policial, por exemplo.7
																																																													
5 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 311
6 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 816/817. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 311
7 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 818
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Trata-se de um grupo de crimes que atentam contra o prest’gio ou a
credibilidade da Justia p‡tria, de forma que s‹o altamente lesivos ˆ
sociedade.
Vejamos cada um deles.
2.1. Reingresso de estrangeiro expulso
Art. 338 - Reingressar no territ—rio nacional o estrangeiro que dele foi
expulso:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, sem preju’zo de nova expuls‹o ap—s o
cumprimento da pena.
O bem jur’dico tutelado Ž o regular desenvolvimento das atividades
da Justia, bem como a soberania das decis›es. Na verdade, quando se
fala em soberania das decis›es, n‹o estamos falando, propriamente, de
ato do Judici‡rio, eis que o ato administrativo de expuls‹o Ž PRIVATIVO
DO PRESIDENTE DA REPòBLICA.
O sujeito ativo somente poder‡ ser o ESTRANGEIRO expulso do
pa’s, logo, o crime Ž PRîPRIO. Mais que isso: trata-se de crime de
m‹o pr—pria8, pois a execu‹o do delito n‹o pode ser ÒdelegadaÓ a uma
terceira pessoa. Somente o pr—prio estrangeiro expulso, pessoalmente,
pode praticar o delito. Nada impede que outra pessoa seja part’cipe,
auxiliando-o na pr‡tica do delito, desde que conhea sua condi‹o de
estrangeiro expulso, nos termos do art. 30 do CP.
O tipo objetivo consiste em REINGRESSAR, o estrangeiro expulso,
no territ—rio nacional. Assim, pressupomos trs requisitos:
ü Ter o estrangeiro sido expulso por ato do Presidente da
Repœblica
ü Ter sa’do do Brasil
ü Ter retornado ao Brasil
Assim, n‹o basta que o agente se recuse a sair do pa’s. Nesse caso,
o crime n‹o se configura.9
Com rela‹o ao momento da entrada no pa’s (reingresso), a Doutrina
diverge. Seria no momento em que ultrapassa as fronteiras do
NOSSO TERRITîRIO? Ou bastaria que entrasse em Territ—rio por
extens‹o? A posi‹o que prevalece (MUITO divergente) Ž a de que o tipo
penal s— abrange o Territ—rio propriamente dito, n‹o abrangendo o
																																																													
8 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 819. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 314
9 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 315
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territ—rio por extens‹o (navios e aeronaves militares brasileiros, por
exemplo).10
Trata-se de crime material, conforme entendimento quase
majorit‡rio.11
A consuma‹o se d‡, como vimos, com o reingresso, e a
tentativa Ž plenamente admiss’vel. ƒ poss’vel, ainda, que o agente
pratique o crime em estado de necessidade (Est‡ sofrendo persegui‹o
pol’tica no pa’s de origem, e n‹o tem para onde ir, ou o pa’s de origem
est‡ em guerra, por exemplo). Neste caso, nada impede que se verifique
a causa de exclus‹o da ilicitude.
CUIDADO! Aqui vai uma dica de Processo Penal: parcela da Doutrina
(com decis›es jurisprudenciais nesse sentido) vem entendendo que o
CRIME ƒ PERMANENTE12, logo, caberia pris‹o em flagrante a qualquer
momento (camarada retornou ao pa’s h‡ 05 anos, por exemplo. N‹o
importa, continuaria a situa‹o de flagr‰ncia). AlŽm disso, sendo crime
permanente, aplicar-se-ia a sœmula n¡ 711 do STF, lembram-se?
Logo, se o estrangeiro ainda estivesse no Brasil e sobreviesse lei
agravando a pena, ele responderia pela lei nova.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.2. Denuncia‹o caluniosa
Art. 339. Dar causa ˆ instaura‹o de investiga‹o policial, de processo
judicial, instaura‹o de investiga‹o administrativa, inquŽrito civil ou a‹o de
improbidade administrativa contra alguŽm, imputando-lhe crime de que o
sabe inocente: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 10.028, de 2000)
Pena - reclus‹o, de dois a oito anos, e multa.
¤ 1¼ - A pena Ž aumentada de sexta parte, se o agente se serve de
anonimato ou de nome suposto.
¤ 2¼ - A pena Ž diminu’da de metade, se a imputa‹o Ž de pr‡tica de
contraven‹o.
Busca-se tutelar o regular desenvolvimento das atividades
policias E ADMINISTRATIVAS (correlatas ˆ Justia), de forma a n‹o
serem prejudicadas por indiv’duos que pretendem ÒavacalharÓ o sistema,
por motivos ego’sticos (s— para prejudicar alguŽm). Protege-se,
subsidiariamente, a honra da pessoa ofendida.
Ent‹o o agente responde por calœnia e por denuncia‹o
caluniosa? N‹o! O agente responde s— pelo œltimo, pois ele absorve o
																																																													
10 Em sentido contr‡rio, por exemplo, CEZAR ROBERTO BITENCOURT. BITENCOURT, Cezar
Roberto. Op. Cit., p. 314/315
11 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 820
12 Cezar Roberto Bitencourt sustenta tratar-se de crime instant‰neo de efeitos permanentes.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 316
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crime de calœnia (alguns Doutrinadores chamam este crime de CALòNIA
QUALIFICADA).13
ƒ necess‡rio que haja a efetiva pr‡tica de algum ato pela autoridade,
ou seja, Ž necess‡rio que ela adote alguma providncia, ainda que
n‹o instaure o inquŽrito policial ou qualquer outro
procedimento.14
A Doutrina majorit‡ria entende que no caso de se tratar de crime de
a‹o penal privada, ou pœblica condicionada, somente a pr—pria Òv’timaÓ
poderia praticar o crime, eis que sua manifesta‹o seria indispens‡vel ao
in’cio das investiga›es.15 Isso deve ser analisado com cuidado, pois a
conduta t’pica n‹o se dirige somente a atividades policiais, mas tambŽm
administrativas. No mais, Ž pac’fico que, como regra, se trata de CRIME
COMUM.
A consuma‹o Ž CONTROVERTIDA. Doutrina minorit‡ria entende
que Ž necess‡ria a instaura‹o do InquŽrito Policial. A Doutrina
majorit‡ria entende que o crime se consuma quando a autoridade toma
alguma providncia, ainda que n‹o instaure o InquŽrito. Na
Jurisprudncia, o entendimento Ž o mesmo.16
Mas, e no caso de dar causa ˆ instaura‹o de processo penal?
ƒ necess‡rio que o agente SAIBA que o denunciado Ž inocente, n‹o
bastando que ele tenha dœvidas (atŽ porque o processo serve para
esclarecerfatos obscuros). O crime, nesse caso, se consuma com o
RECEBIMENTO DA A‚ÌO PENAL (que pode ser a ofertada pelo membro
do MP ou pelo particular ofendido).17
TambŽm se insere na conduta proibida, provocar a
instaura‹o de investiga‹o administrativa e inquŽrito civil. A
investiga‹o administrativa Ž o procedimento administrativo mediante o
qual a administra‹o busca reunir informa›es acerca de fato que possa
gerar puni‹o ao servidor. Neste caso, o fato, alŽm de poder gerar
puni‹o ao servidor, deve ser CRIME. Assim, se o denunciante d‡ causa
ˆ instaura‹o de investiga‹o administrativa imputando falsamente a
alguŽm a pr‡tica de infra‹o funcional que n‹o Ž crime, n‹o pratica o
crime em tela.
Mas, e o que seria o InquŽrito Civil? ƒ uma modalidade
investigativa, que fica a cargo do MP, e Ž instaurado para angariar
informa›es a fim de subsidiar futura A‹o Civil Pœblica. Nesse caso,
como a a‹o civil pœblica pode versar sobre fatos que constituam, ou n‹o,
crime, deve-se analisar, no caso concreto, se o fato imputado Ž crime.
																																																													
13 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 821
14 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 822/823
15 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 318. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 821
16 Ver, como exemplo: STJ CC32496/SP
17 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 823
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Da mesma forma, pune-se a conduta do agente que d‡ causa ˆ
instaura‹o de a‹o de improbidade administrativa contra alguŽm,
sabendo de sua inocncia. Nesse caso vocs tambŽm devem ter MUITO
CUIDADO! Nem todos os atos que importam em Improbidade
Administrativa s‹o considerados crimes. Dessa forma, somente
responder‡ POR ESTE CRIME, o camarada que der causa ˆ a‹o de
improbidade, imputando a outra pessoa, fato definido tambŽm como
CRIME.18
A TENTATIVA ƒ SEMPRE POSSêVEL.
O crime n‹o se configura se o fato criminoso que o agente
imputa ˆ outra pessoa j‡ n‹o Ž mais considerado crime (houve
abolitio criminis), ou se j‡ foi extinta a punibilidade.19
N‹o se pune a denuncia‹o caluniosa contra os mortos (Pois,
nesse caso, j‡ estaria extinta a punibilidade em rela‹o ao fato
falsamente imputado ao morto)20.
O elemento subjetivo Ž o dolo, n‹o admitindo a forma culposa. A
Doutrina majorit‡ria entende que n‹o cabe dolo eventual21 neste
crime, apenas dolo direto, pois quando a lei diz que o agente deve Òsaber
que o ofendido Ž inocenteÓ, exclui a possibilidade de dolo eventual, pois
se o camarada sabe que o denunciado Ž inocente, age com dolo direto.
O artigo prev, ainda, a forma majorada (¤1¡), que estabelece o
aumento de pena de 1/6 se o agente se vale de anonimato ou
nome falso. H‡, ainda, uma causa de diminui‹o de pena (¤2¡), no
caso de o fato denunciado n‹o ser crime, MAS SER CONTRAVEN‚ÌO
PENAL (a pena Ž diminu’da pela metade).
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
(FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM)
																																																													
18 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 823. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 323
19 Sustenta-se, ainda, que tal fato deve ser interpretado ˆ luz das altera›es promovidas pela Lei
10.028/00, que permitiu a puni‹o por tal delito quando o agente der causa ˆ investiga‹o
administrativa, inquŽrito civil, etc. Isso porque a punibilidade pode estar extinta em rela‹o ao
fato (aspecto penal), mas isso n‹o impediria a instaura‹o de inquŽrito civil pœblico, por exemplo,
ou o ajuizamento de a‹o de improbidade administrativa. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p.
823/824.
20 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 824
21 Parte da Doutrina, capitaneada por Bitencourt, sustenta que Ž admiss’vel o dolo eventual,
quando o agente (sabendo que a v’tima Ž inocente), por exemplo, divulga a diversas pessoas que
a v’tima praticou o fato X, assumindo o risco de que alguma delas procure a autoridade e, com
isso, d causa ao crime de denuncia‹o caluniosa. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p.
324/325
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Patr’cio, ao chegar em sua residência, constatou o
desaparecimento de um rel—gio que havia herdado de seu falecido
pai. Suspeitando de um empregado que acabara de contratar para
trabalhar em sua casa e que ficara sozinho por todo o dia no local,
Patr’cio registrou o fato na Delegacia pr—pria, apontando, de
maneira precipitada, o empregado como autor da subtraç‹o,
sendo instaurado o respectivo inquŽrito em desfavor daquele
ÒsuspeitoÓ. Ao final da investigaç‹o, o inquŽrito foi arquivado a
requerimento do MinistŽrio Pœblico, ficando demonstrado que o
indiciado n‹o fora o autor da infraç‹o.
Considerando que Patr’cio deu causa ˆ instaurac ̧‹o de inquŽrito
policial em desfavor de empregado cuja inocência restou
demonstrada, Ž correto afirmar que o seu comportamento
configura
A) fato at’pico.
B) crime de denunciac ̧‹o caluniosa dolosa.
C) crime de denunciac ̧‹o caluniosa culposa.
D) calœnia.
COMENTçRIOS: Temos aqui um fato at’pico. O agente, apesar de ter
dado causa ˆ instaura‹o de inquŽrito policial em desfavor de alguŽm
cuja inocncia restou demonstrada, n‹o praticou o crime de denuncia‹o
caluniosa, previsto no art. 339 do CP. Isto porque o delito de denuncia‹o
caluniosa exige que o agente impute falsamente o crime ˆ alguŽm,
SABENDO que a pessoa Ž inocente, ou seja, pratique a conduta para
prejudicar a pessoa, sabendo que ela n‹o praticou o delito. No caso, o
patr‹o apenas se equivocou, de maneira que n‹o teve a inten‹o de
prejudicar o empregado. N‹o h‡ que se falar, ainda, em denuncia‹o
caluniosa culposa, por ausncia de previs‹o legal.
Por fim, incab’vel falar em calœnia, eis que tambŽm n‹o h‡ previs‹o na
forma culposa.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
(FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - V - PRIMEIRA
FASE)
Ao tomar conhecimento de um roubo ocorrido nas adjacncias de
sua residncia, Caio compareceu ˆ delegacia de pol’cia e noticiou
o crime, alegando que vira T’cio, seu inimigo capital, praticar o
delito, mesmo sabendo que seu desafeto se encontrava na Europa
na data do fato. Em decorrncia do exposto, foi instaurado
inquŽrito policial para apurar as circunst‰ncias do ocorrido.
A esse respeito, Ž correto afirmar que Caio cometeu
a) delito de calœnia.
b) delito de comunica‹o falsa de crime.
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c) delito de denuncia‹o caluniosa.
d) crime de falso testemunho.
COMENTçRIOS: Neste caso, o agente comunicou ˆ pol’cia um fato
criminoso que, de fato, ocorreu. Contudo, imputou a autoria a uma
pessoa que SABIA SER INOCENTE, de forma que praticou o delito de
DENUNCIA‚ÌO CALUNIOSA, nos termos do art. 339 do CP:
Denuncia‹o caluniosa
Art. 339. Dar causa ˆ instaura‹o de investiga‹o policial, de processo
judicial, instaura‹o de investiga‹o administrativa, inquŽrito civil ou a‹o de
improbidade administrativa contra alguŽm, imputando-lhe crime de que o
sabe inocente: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 10.028, de 2000)
Pena - reclus‹o, de dois a oito anos, e multa.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.
(FGV - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - II -
PRIMEIRA FASE)
Assinale a alternativa que preencha corretamente as lacunas do
texto:
Òpara a ocorrncia de __________, n‹o basta a imputa‹o falsa
de crime,mas Ž indispens‡vel que em decorrncia de tal
imputa‹o seja instaurada, por exemplo, investiga‹o policial ou
processo judicial. A simples imputa‹o falsa de fato definido como
crime pode consituir __________, que, constitui infra‹o penal
contra a honra, enquanto a __________ Ž crime contra a
Administra‹o da JustiaÓ.
a) denuncia‹o caluniosa, calœnia, denuncia‹o caluniosa.
b) denuncia‹o caluniosa, difama‹o, denuncia‹o caluniosa.
c) comunica‹o falsa de crime ou de contraven‹o, calœnia,
comunica‹o falsa de crime ou de contraven‹o.
d) comunica‹o falsa de crime ou de contraven‹o, difama‹o,
comunica‹o falsa de crime ou de contraven‹o.
COMENTçRIOS: A sequncia que preenche as lacunas corretamente est‡
prevista na alternativa A, pois a exigncia de que seja instaurado algum
procedimento pela autoridade Ž uma exigncia prevista para o delito de
denuncia‹o caluniosa, que Ž um crime contra a administra‹o da Justia,
nos termos do art. 339 do CP:
Denuncia‹o caluniosa
Art. 339. Dar causa ˆ instaura‹o de investiga‹o policial, de processo
judicial, instaura‹o de investiga‹o administrativa, inquŽrito civil ou a‹o de
improbidade administrativa contra alguŽm, imputando-lhe crime de que o
sabe inocente: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 10.028, de 2000)
Pena - reclus‹o, de dois a oito anos, e multa.
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Caso n‹o haja nenhuma Òmovimenta‹oÓ da autoridade, a conduta pode
se amoldar ao delito de calœnia (crime contra a honra), a depender das
circunst‰ncias, nos termos do art. 138 do CP:
Calœnia
Art. 138 - Caluniar alguŽm, imputando-lhe falsamente fato definido como
crime:
Pena - deten‹o, de seis meses a dois anos, e multa.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
2.3. Comunica‹o falsa de crime ou contraven‹o
Art. 340 - Provocar a a‹o de autoridade, comunicando-lhe a ocorrncia de
crime ou de contraven‹o que sabe n‹o se ter verificado:
Pena - deten‹o, de um a seis meses, ou multa.
Neste crime, o bem jur’dico tutelado Ž o mesmo do anterior, com a
exce‹o de que n‹o se individualiza o infrator, mas se comunica um
crime que NÌO OCORREU.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (CRIME COMUM), sendo
sujeito passivo o Estado, que sofre preju’zo no desenvolvimento de suas
atividades. Parte da Doutrina entende que se o crime comunicado for de
a‹o penal privada, somente o suposto ofendido Ž que poderia cometer o
crime.22
A conduta incriminada Ž a de dar causa (provocar) a a‹o da
autoridade, comunicando crime ou contraven‹o que o agente SABE QUE
NÌO OCORREU. Vejam que, aqui, o FATO NÌO OCORREU.
Diversamente do crime anterior, aqui o agente n‹o aponta um culpado,
n‹o individualiza um suposto infrator.
A Doutrina majorit‡ria entende que a comunica‹o falsa de crime
perante policiais militares NÌO CONFIGURA O DELITO EM QUESTÌO,
eis que os policiais militares n‹o s‹o autoridade para estes fins
(instaura‹o de investiga‹o).23
O elemento subjetivo Ž o dolo, consistente na vontade de comunicar
ˆ autoridade a ocorrncia falsa de um crime. Boa parte da Doutrina
entende, ainda, que deve haver a especial finalidade de agir, consistente
na INTEN‚ÌO DE VER A AUTORIDADE ÒSE MEXERÓ E PRATICAR
ALGUM ATO INVESTIGATîRIO. Ficaria com esta corrente se fosse
vocs!24 25
																																																													
22 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 828
23 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 829
24 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 335. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 829
25 CUIDADO! Se o agente comunica falsamente um crime, COM A FINALIDADE DE OBTER
INDENIZA‚ÌO DE SEGURO, comete o crime de fraude contra seguro (art. 171, ¤2¡, V do CP).
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O crime se consuma no momento em que a autoridade, em raz‹o da
comunica‹o falsa, pratica algum ato, n‹o sendo necess‡ria a instaura‹o
do InquŽrito26. Admite-se a tentativa.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.4. Autoacusa‹o falsa de crime
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado
por outrem:
Pena - deten‹o, de trs meses a dois anos, ou multa.
O sujeito ativo aqui pode ser qualquer pessoa (CRIME COMUM).
N‹o pratica o crime, entretanto, quem ASSUME SOZINHO A
PRçTICA DE UM CRIME DO QUAL PARTICIPOU27! O sujeito passivo Ž
o Estado.
Aqui o objeto NÌO PODE SER CONTRAVEN‚ÌO PENAL!
A conduta punida Ž a de autoacusar-se (incriminar a si pr—prio)
falsamente, PERANTE A AUTORIDADE COMPETENTE (autoridade
policial, MP ou Judici‡rio). ƒ crime de a‹o livre, ou seja, pode ser
praticado por qualquer meio.
O elemento subjetivo Ž o dolo, consistente na vontade de se
autoacusar. Pouco importa o motivo! Ainda que o motivo seja nobre
(evitar a puni‹o de um filho, por exemplo), haver‡ o crime.28
N‹o h‡ necessidade de que seja espont‰neo! Comete o crime, por
exemplo, aquele que, em sede de interrogat—rio (policial ou judicial)
confessa crime que n‹o cometeu. Se a confiss‹o se deu sob coa‹o, h‡
inexigibilidade de conduta diversa, que exclui a CULPABILIDADE, logo,
NÌO Hç CRIME.
O crime se consuma no momento em que A AUTORIDADE TOMA
CONHECIMENTO DA AUTOACUSA‚ÌO FALSA, pouco importando se toma
qualquer providncia.29 A tentativa Ž admiss’vel.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.5. Falso testemunho ou falsa per’cia
Art. 342. Fazer afirma‹o falsa, ou negar ou calar a verdade como
testemunha, perito, contador, tradutor ou intŽrprete em processo judicial, ou
administrativo, inquŽrito policial, ou em ju’zo arbitral: (Reda‹o dada pela Lei
n¼ 10.268, de 28.8.2001)
																																																													
26 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 336
27 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 831. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 338
28 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 339
29 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 833
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Testemunha sem compromisso de dizer a verdade
(informante) comete o crime? ƒ divergente, mas A MAIORIA DA
DOUTRINA ENTENDE QUE SIM33, pois o CP n‹o distingue testemunha
compromissada e n‹o compromissada para fins de aplica‹o deste tipo
penal.
O tipo objetivo Ž DE A‚ÌO MòLTIPLA (ou plurinuclear), pois pode
ser praticado de diversas formas:
Negando a verdade (que lhe fora perguntada objetivamente.
Ex.: Fulano matou cicrano?);
Fazendo afirma‹o falsa (Ex.: O que voc sabe sobre o
crime? Resposta: Eu sei que fulano n‹o matou cicrano, pois
estava comigo na hora);
Calando-se (Pode ser deixando de falar ou sendo evasivo,
lac™nico. Ex.: ÒN‹o seiÓ, Òn‹o me lembroÓ, Òn‹o estou me
recordandoÓ).
CUIDADO! Pode ocorrer de a afirma‹o falsa decorrer de uma
percep‹o errada da realidade. Assim, imaginem que uma
testemunha diga que viu o cidad‹o A estuprar a cidad‹ B. Agora imagine
que, na verdade, ela tenha se enganado, pois no momento o cidad‹o A
estava se engalfinhando com a cidad‹ B por causa de um p‹o-de-mel
(Foi braba essa, reconheo!). Nesse caso n‹o h‡ falso testemunho, pois
n‹o h‡ dolo.34
Nesse caso n‹o h‡ crime, pois n‹o h‡ inten‹o de prestar falso
testemunho, e o crime n‹o admite modalidade culposa. O crime s— Ž
punido a t’tulo doloso.
O crime se consuma no momento em que o agente faz a declara‹o
ou per’cia falsa, pouco importando se dessa afirma‹o falsa sobrevŽm
algumresultado (sentena condenat—ria ou absolut—ria com base nela).
Assim, o crime se consuma mesmo que o testemunho ou a per’cia n‹o
fundamentem a convic‹o do Juiz.
CUIDADO! Ainda que o processo seja todo anulado por algum v’cio
(incompetncia absoluta, por exemplo), o crime permanece!
																																																													
33 Em sentido contr‡rio, Bitencourt. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 350
34 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 839
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A tentativa s— Ž admitida, pela maioria da Doutrina, no caso de falsa
per’cia, pois no caso de falso testemunho, em raz‹o da oralidade, n‹o
pode haver fracionamento do ato.35
O ¤1¡ prev causa de aumento de pena nas seguintes
hip—teses:
ü Crime cometido mediante suborno.
ü Praticado com vistas (dolo espec’fico) a obter prova que
deva produzir efeitos em processo civil em que seja
parte a administra‹o direta ou indireta.
ü Praticado com vistas a obter prova que deva produzir
efeitos em processo criminal.
O ¤ 2¡ prev uma hip—tese de extin‹o da punibilidade, que ocorrer‡
caso o agente se retrate da declara‹o falsa antes da sentena.
Sentena definitiva? N‹o. A maioria da Doutrina entende que a
retrata‹o, para gerar a extin‹o da punibilidade, deve ocorrer antes da
sentena recorr’vel. Entretanto, tem crescido o entendimento de que a
retrata‹o, a qualquer momento, antes do tr‰nsito em julgado, seria
causa de extin‹o da punibilidade.
E se o crime foi praticado em concurso (participa‹o ou
coautoria), a retrata‹o de um se estende aos demais? A Doutrina
sempre entendeu que n‹o, por ser circunst‰ncia pessoal, mas vem
crescendo na Doutrina36 (tendo, inclusive, decis‹o do STJ nesse sentido)
o entendimento de que se comunica.37
AlŽm disso, a retrata‹o deve ocorrer no processo em que fora
prestado o falso testemunho ou falsa per’cia, e n‹o no eventual
futuro processo que ser‡ instaurado para punir o infrator.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.6. Corrup‹o ativa de testemunha, contador, perito, intŽrprete ou
tradutor
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a
testemunha, perito, contador, tradutor ou intŽrprete, para fazer afirma‹o
falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, per’cia, c‡lculos, tradu‹o ou
interpreta‹o: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 10.268, de 28.8.2001)
																																																													
35 Seria poss’vel a tentativa no caso de depoimento prestado por escrito, nas hip—teses admitidas
por lei. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 839
36 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 841
37 (...) A retrata‹o de um dos acusados, tendo em vista a reda‹o do art. 342, ¤ 2¼, do
C—digo Penal, estende-se aos demais co-rŽus ou part’cipes.
Writ concedido.
(HC 36.287/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/05/2005, DJ
20/06/2005, p. 305)
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Pena - reclus‹o, de trs a quatro anos, e multa.(Reda‹o dada pela Lei n¼
10.268, de 28.8.2001)
Par‡grafo œnico. As penas aumentam-se de um sexto a um tero, se o crime
Ž cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo
penal ou em processo civil em que for parte entidade da administra‹o
pœblica direta ou indireta. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 10.268, de 28.8.2001)
O nome do delito n‹o est‡ previsto no CP, mas Ž dado pela Doutrina.
Trata-se de delito idntico ao de corrup‹o ativo, com a peculiaridade
de que a vantagem deve ser oferecida a uma daquelas pessoas, com a
finalidade (dolo espec’fico) de obter a pr‡tica de algum dos atos que
importam em FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERêCIA (exce‹o ˆ teoria
monista, pois, no mesmo fato, quem paga pela afirma‹o falsa comete
um crime, e quem recebe a vantagem, realizando a afirma‹o falsa,
comete outro)38.
CUIDADO! Parte da Doutrina entende que se o
destinat‡rio da corrup‹o Ž funcion‡rio pœblico (perito
oficial, por exemplo), o crime praticado Ž o e corrup‹o
ativa, e n‹o este!39
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo Ž o
Estado.
O elemento subjetivo Ž somente o dolo, agregado da
finalidade especial de agir, consistente na inten‹o de ver ser
praticado um daqueles atos pelo destinat‡rio da vantagem.
O crime se consuma com o oferecimento ou promessa da
vantagem, desde que chegue ao conhecimento do destinat‡rio (crime
formal). Ocorrendo a modalidade ÒdarÓ, o crime Ž material, pois se exige
a entrega da vantagem. A tentativa s— Ž admiss’vel quando o suborno se
der por meio que permita o fracionamento do ato (e-mail ou carta
interceptados por terceiro, por exemplo).40
O ¤ œnico prev causa de aumento de pena nas seguintes
hip—teses:
ü Praticado com vistas (dolo espec’fico) a obter prova que
deva produzir efeitos em processo civil em que seja
parte a administra‹o direta ou indireta.
ü Praticado com vistas a obter prova que deva produzir
efeitos em processo criminal.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
																																																													
38 Caso queiram, podem analisar o seguinte julgado do STJ, abordando esta quest‹o: REsp
169212/PE
39 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 844
40 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 845
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2.7. Coa‹o no curso do processo
Art. 344 - Usar de violncia ou grave ameaa, com o fim de favorecer
interesse pr—prio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra
pessoa que funciona ou Ž chamada a intervir em processo judicial, policial ou
administrativo, ou em ju’zo arbitral:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa, alŽm da pena correspondente
ˆ violncia.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. J‡ o sujeito passivo,
sendo, alŽm do Estado, a pessoa que sofre ameaa ou violncia, s— pode
ser uma daquelas pessoas enumeradas no tipo penal.
O tipo objetivo consiste em se utilizar de violncia ou grave ameaa,
sobre qualquer das pessoas que funcionam ou s‹o chamadas a intervir no
processo, COM A FINALIDADE DE FAVORECER INTERESSE PRîPRIO
OU ALHEIO. Vejam que aqui temos INTERPRETA‚ÌO ANALîGICA,
pois o CP d‡ uma sŽrie de exemplos e, ao final, aplica uma regra
genŽrica, abrindo possibilidade expressa de que o ato seja praticado em
face de outros sujeitos do processo.
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, acompanhado do dolo
espec’fico, consistente na inten‹o de favorecer a si ou a outra pessoa.
N‹o h‡ modalidade culposa.
O crime se consuma quando a coa‹o (moral ou f’sica) Ž exercida,
n‹o importando se a v’tima cede ao que o infrator exige, n‹o sendo
necess‡rio, sequer, que a v’tima se sinta efetivamente ameaada (no
caso da grave ameaa).
A tentativa Ž poss’vel.
Se da violncia eventualmente empregada resultar ferimento,
dano corporal ˆ v’tima, o agente responde por ambos os delitos
(les‹o corporal + coa‹o no curso do processo).41
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.8. Exerc’cio arbitr‡rio das pr—prias raz›es
Art. 345 - Fazer justia pelas pr—prias m‹os, para satisfazer pretens‹o,
embora leg’tima, salvo quando a lei o permite:
Pena - deten‹o, de quinze dias a um ms, ou multa, alŽm da pena
correspondente ˆ violncia.
Par‡grafo œnico - Se n‹o h‡ emprego de violncia, somente se procede
mediante queixa.
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisapr—pria, que se acha em
poder de terceiro por determina‹o judicial ou conven‹o:
Pena - deten‹o, de seis meses a dois anos, e multa.
																																																													
41 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 848
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O crime de exerc’cio arbitr‡rio das pr—prias raz›es est‡ previsto no
art. 345 do CP, sendo o art. 346 um crime Òsem nomeÓ, mas que por
guardar traos de ÒJustia com as pr—prias m‹osÓ, ser‡ estudado aqui.
O sujeito ativo do delito pode ser qualquer pessoa, tanto no primeiro
quanto no segundo caso. O sujeito passivo, em ambos os casos, Ž o
Estado, e, secundariamente, o particular que sofre a a‹o do infrator.
O tipo objetivo, no primeiro caso, Ž composto por apenas um verbo
(fazer), mas que comporta a maior das possibilidades (fazer = qualquer
conduta). Assim, qualquer atitude apta a externar a inten‹o do agente
em obter Justia pr—pria caracteriza o delito.
Imagine o caso do dono do restaurante que, ao saber que os clientes
decidiram n‹o pagar a conta por n‹o terem Ògostado da comidaÓ, resolve
subtrair o dinheiro de suas carteiras e bolsas, ˆ fora, para obter o que
lhe Ž devido. Nesse caso, a atitude do dono do restaurante, embora
fundamentada em um direito (o de receber o que Ž devido) Ž il’cita, pois
quem detŽm o monop—lio da Jurisdi‹o Ž o ESTADO, n‹o sendo l’cito aos
particulares fazerem sua pr—pria Justia.
CUIDADO! ƒ necess‡rio que a pretens‹o Òleg’timaÓ do sujeito ativo, que
fundamenta a conduta, seja poss’vel de ser obtida junto ao Poder
Judici‡rio, caso contr‡rio, teremos outro crime, e n‹o este.
Ex.: Imagine que o dono do restaurante, irritado pelo n‹o pagamento da
conta, resolve matar os clientes. Neste caso, ele pode atŽ, na sua
cabea, ter feito ÒjustiaÓ, mas na verdade estar‡ praticando homic’dio,
pois sua pretens‹o n‹o poderia ter sido satisfeita pelo Judici‡rio
(pretens‹o de matar os clientes).
CUIDADO II! A Doutrina entende que a ÒilegitimidadeÓ da pretens‹o n‹o
afasta, de plano, a possibilidade de ocorrncia deste delito, desde que o
agente esteja convencido de que sua pretens‹o Ž leg’tima.42
Ex.: JosŽ deve mil reais a Maria. Contudo, a d’vida j‡ prescreveu. Maria,
porŽm, acredita sinceramente que a d’vida ainda Ž devida. Num domingo
de sol, enquanto ambos conversavam, Maria se aproveita de um
descuido de JosŽ e subtrai seu celular, avaliado em R$ 950,00. Nesse
caso, a pretens‹o de Maria n‹o era mais leg’tima (pois n‹o poderia obter
a satisfa‹o da pretens‹o em Ju’zo, j‡ que estava prescrita). Contudo,
por acreditar piamente na legitimidade da mesma, n‹o responder‡ por
furto, e sim pelo crime do art. 345.
Entretanto, existem casos em que o uso da fora pelo particular Ž
legitimado pelo Estado, como no caso da leg’tima defesa, por exemplo.
Nesses casos, n‹o h‡ crime.
																																																													
42 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 369
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O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, n‹o havendo forma
culposa. Se o agente pratica o ato sem saber que sua pretens‹o possui
algum amparo legal, n‹o comete este crime, podendo cometer, por
exemplo, constrangimento ilegal ou c‡rcere privado (no caso do nosso
exemplo).
A consuma‹o se d‡, segundo a Doutrina MAIS QUE
MAJORITçRIA, no momento em que o agente tem sua pretens‹o
satisfeita pelas pr—prias m‹os (Imaginem que, no nosso exemplo), o dono
do restaurante recebesse o valor da conta. A tentativa, portanto, Ž
plenamente poss’vel.
A a‹o penal Ž, em regra, pœblica incondicionada. Entretanto, se
da a‹o do agente NÌO resultar violncia, a a‹o penal ser‡
PRIVADA.
COM VIOLæNCIA = PòBLICA
SEM VIOLæNCIA = PRIVADA
O art. 346, por sua vez, Ž uma espŽcie de exerc’cio arbitr‡rio das
pr—prias raz›es, com a peculiaridade de que h‡ um objeto que se
encontra em poder de terceiro por determina‹o judicial ou conven‹o,
mas QUE PERTEN‚A AO AGENTE.
Nelson Hungria (Talvez o maior penalista brasileiro de todos os
tempos) entendia que este delito n‹o Ž espŽcie de exerc’cio arbitr‡rio das
pr—prias raz›es, eis que o agente, aqui, n‹o possui qualquer pretens‹o
leg’tima a salvaguardar (Faz algum sentido...).
O tipo objetivo consiste em suprimir, tirar, destruir ou danificar.
Perceba, caro aluno, que o sujeito passivo aqui Ž o Estado, bem
como a pessoa que estava de posse da coisa.43 O dono n‹o Ž sujeito
passivo, pois o dono da coisa Ž o pr—prio infrator.
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, n‹o havendo previs‹o de
forma culposa. A Doutrina diverge quanto ˆ necessidade de a
atitude do agente visar ˆ satisfa‹o de pretens‹o leg’tima.
O delito consuma-se com a pr‡tica das condutas descritas no tipo
penal, n‹o havendo necessidade de que o agente consiga qualquer
benef’cio ou satisfaa qualquer anseio pessoal (Prevalece, portanto, a
Doutrina que entende n‹o haver dolo espec’fico necess‡rio).
A tentativa Ž plenamente poss’vel.
A a‹o penal ser‡, em qualquer caso, pœblica incondicionada.
																																																													
43 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 374
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2.9. Fraude processual
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendncia de processo civil ou
administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de
induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - deten‹o, de trs meses a dois anos, e multa.
Par‡grafo œnico - Se a inova‹o se destina a produzir efeito em processo
penal, ainda que n‹o iniciado, as penas aplicam-se em dobro.
O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, tenha ou n‹o
interesse no processo, participe ou n‹o dele. O sujeito passivo ser‡ o
Estado, pois se tutela o regular exerc’cio da atividade jurisdicional.
O tipo objetivo consiste em alterar o lugar, de coisa ou de
pessoa. Ou seja, pune-se o camarada que, mediante a inten‹o de
praticar fraude processual, muda os fatos (retira manchas de sangue,
limpa o local do crime, etc.). A inten‹o, aqui, Ž ludibriar o Juiz (ou o
perito, que, no final das contas, acaba ludibriando o Juiz se fizer uma
per’cia com base em elementos errados).
O tipo fala em processo civil ou administrativo. Mas voc acha
mesmo que isso seria poss’vel no processo penal? Mas Ž claro que
n‹o! No processo penal Ž pior ainda! Tanto o Ž, que o ¤ œnico estabelece
uma causa de aumento de pena (majorante) no caso de o crime ser
praticado com vistas ˆ fraude em processo penal, AINDA QUE NÌO
INICIADO (desde que a inten‹o seja, no futuro, induzir a erro o Juiz do
processo penal). Nesse caso, a pena se aplica em dobro.
PROCESSO CIVIL OU ADMINISTRATIVO = PENA COMUM
PROCESSO PENAL = PENA EM DOBRO
O crime se consuma com a mera realiza‹o do ato, desde que
CAPAZ DE LUDIBRIAR O JUIZ, ainda que este, efetivamente, n‹o seja
enganado pela manobra do infrator.44
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.10. Favorecimento Pessoal
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se ˆ a‹o de autoridade pœblica autor de crime a
que Ž cominada pena de reclus‹o:
Pena - deten‹o, de um a seis meses, e multa.
¤ 1¼ - Se ao crime n‹o Ž cominada pena de reclus‹o:
Pena - deten‹o, de quinze dias a trs meses, e multa.
¤ 2¼ - Se quem presta o aux’lio Ž ascendente, descendente, c™njuge ou irm‹o
do criminoso, fica isento de pena.44 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 386
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O crime Ž comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
Sujeito passivo Ž o Estado.
O crime n‹o se verifica quando o pr—prio autor do crime ajuda
um comparsa a fugir, eis que Ž necess‡rio que aquele que presta o
aux’lio n‹o tenha participado da conduta criminosa, na medida em
que o fato de fugir ou auxiliar na fuga do comparsa Ž inerente ˆ pr‡tica
criminosa (Ou vocs queriam que alŽm de responder pelo crime o
camarada respondesse pela fuga!?).
AlŽm disso, Ž necess‡rio que o aux’lio seja prestado APîS A
PRçTICA DO DELITO e, ainda, n‹o tenha sido previamente acordado
entre o favorecedor e o favorecido. Caso contr‡rio, o favorecedor pode
ser considerado part’cipe do delito praticado.45 CUIDADO COM ISSO!
COMBINA‚ÌO PRƒVIA = CONCURSO DE AGENTES (responde
pelo delito praticado)
SEM COMBINA‚ÌO PRƒVIA = FAVORECIMENTO PESSOAL
O favorecimento deve ser, ainda, CONCRETO, ou seja, o aux’lio
prestado deve ter sido eficaz para a subtra‹o do infrator ˆs autoridades.
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, a inten‹o de colaborar,
auxiliar o infrator na sua empreitada. Assim, pode ocorrer na forma direta
ou na forma eventual.
EXEMPLO: Imagine que Ricardo bata ˆ porta de JosŽ, e, com uma bolsa
de dinheiro na m‹o, sangrando no brao e com uma pistola na cintura,
lhe pea para ficar algumas horas em sua casa, j‡ que s‹o conhecidos de
longa data. JosŽ atŽ pode n‹o saber (efetivamente) que Ricardo acaba de
cometer um latroc’nio. Entretanto, convenhamos, ele, no m’nimo,
assumiu o risco de estar ajudando um criminoso. N‹o se admite a
forma culposa.
N‹o Ž necess‡rio que o favorecedor saiba exatamente
que crime acabara de cometer o favorecido, desde que
saiba ou possa imaginar que ele acaba de cometer
um crime.46
O delito se consuma com a efetiva presta‹o do aux’lio e A
OBTEN‚ÌO DE æXITO NA OCULTA‚ÌO DO FAVORECIDO. Assim, se o
favorecedor fornece sua casa para o criminoso, mas a pol’cia o v
																																																													
45 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 389/390
46 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 393
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entrando e o prende, n‹o h‡ crime consumado, mas tentado (art. 14, II
do CP).47
CUIDADO! Parte MINORITçRIA da Doutrina entende
que a obten‹o de xito na oculta‹o Ž
DISPENSçVEL PARA A CONSUMA‚ÌO DO DELITO.
O ¤1¡ prev a forma privilegiada do crime, que ocorre quando o
agente presta aux’lio a quem acaba de cometer crime que n‹o Ž apenado
com reclus‹o (pena mais branda, pois o crime anteriormente cometido Ž,
em tese, menos grave).
O ¤2¡ traz a chamada Òescusa absolut—riaÓ. O que Ž isso? A escusa
absolut—ria Ž uma causa de isen‹o de pena que ocorre, neste
caso, quando o agente (o favorecedor) Ž ascendente,
descendente, irm‹o ou c™njuge do favorecido.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.11. Favorecimento real
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de recepta‹o,
aux’lio destinado a tornar seguro o proveito do crime:
Pena - deten‹o, de um a seis meses, e multa.
O delito aqui previsto Ž um pouco diferente do anterior. Enquanto no
crime de favorecimento pessoal o agente ajuda o criminoso a se
esconder, nesse crime o agente ajuda o criminoso a tornar seguro o
proveito do crime.
Macete:
Favorecimento PESSOAL = PESSOA
Favorecimento REAL = Res (Do latim = COISA)
Aqui tambŽm se exige que o favorecimento seja posterior ao crime
(atŽ porque fala em Òproveito do crimeÓ = crime j‡ aconteceu).
AlŽm disso, n‹o deve ter havido prŽvio acordo. Se tiver havido este
acordo, o favorecedor responde como part’cipe do delito cometido.48
TambŽm Ž necess‡rio que o agente n‹o ADQUIRA PARA SI O
PRODUTO. Nesse caso, o crime seria o de RECEPTA‚ÌO.
N‹o se exige (tanto aqui como no anterior) que o crime praticado
pelo favorecido tenha sido objeto de processo criminal e tenha transitado
																																																													
47 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 861. Em sentido contr‡rio, Bitencourt. BITENCOURT,
Cezar Roberto. Op. Cit., p. 393
48 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 399/400. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 863
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em julgado a sentena penal condenat—ria. Basta que fique comprovada a
materialidade e a autoria do primeiro.
O elemento subjetivo Ž o dolo, acrescido da especial finalidade de
agir, consistente na inten‹o de tornar seguro o proveito do crime.
A consuma‹o se d‡ com a presta‹o do aux’lio, ainda que a
pretens‹o n‹o seja alcanada (o proveito do crime n‹o se torne seguro).
A tentativa Ž plenamente poss’vel.
AQUI NÌO SE APLICA A ESCUSA ABSOLUTîRIA prevista no ¤ 2¡ do
artigo anterior. Ou seja, ainda que o favorecimento seja prestado a
um parente pr—ximo, o crime permanece!
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
(FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM)
Ap—s realizarem o roubo de um caminh‹o de carga, os roubadores
n‹o sabem como guardar as coisas subtra’das atŽ o transporte
para outro Estado no dia seguinte. Diante dessa situaç‹o,
procuram Paulo, amigo dos criminosos, e pedem para que ele
guarde a carga subtra’da no seu galp‹o por 24 horas, admitindo a
origem il’cita do material. Paulo, para ajud‡-los, permite que a
carga fique no seu galp‹o, que Ž utilizado como uma oficina
meca ̂nica, atŽ o dia seguinte. A pol’cia encontra na mesma
madrugada todo o material no galp‹o de Paulo, que Ž preso em
flagrante.
Diante desse quadro f‡tico, Paulo dever‡ responder pelo crime de
A) receptac ̧‹o.
B) receptac ̧‹o qualificada.
C) roubo majorado.
D) favorecimento real.
COMENTçRIOS: Neste caso Paulo responder‡ pelo delito de
favorecimento real, previsto no art. 349 do CP. Isso porque Paulo prestou
aux’lio aos criminosos para que pudessem tornar seguro o proveito do
crime. N‹o se trata, aqui, de coautoria ou participa‹o no delito de roubo,
eis que Paulo somente aceitou prestar aux’lio quando o crime j‡ havia se
consumado. Assim, Paulo n‹o pode mais ser coautor ou part’cipe de um
crime que j‡ ocorreu. Contudo, caso Paulo j‡ tivesse, previamente,
combinado com os infratores que prestaria o aux’lio necess‡rio,
responderia como part’cipe do roubo praticado.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
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(FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VII -
PRIMEIRA FASE)
Baco, ap—s subtrair um carro esportivo de determinada
concession‡ria de ve’culos, telefona para Minerva, sua amiga, a
quem conta a empreitada criminosa e pede ajuda. Baco sabia
que Minerva morava em uma grande casa e que poderia esconder
o carro facilmente l‡. Assim, pergunta se Minerva poderia
ajud‡-lo, escondendo o carro em sua residncia. Minerva,
apaixonada por Baco, aceita prestar a ajuda. Nessa situa‹o,
Minerva deve responder por
a) participa‹o no crime de furto praticado por Baco.
b) recepta‹o.
c) favorecimento pessoal.
d) favorecimento real.
COMENTçRIOS: Como Minerva prestou aux’lio a Baco, cuja finalidade
era tornar seguro o PROVEITO do crime, dever‡ responderpelo delito de
FAVORECIMENTO REAL, nos termos do art. 349 do CP:
Favorecimento real
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de recepta‹o,
aux’lio destinado a tornar seguro o proveito do crime:
Pena - deten‹o, de um a seis meses, e multa.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
______________
O art. 349-A, inserido no CP pela Lei 12.012/09, prev a conduta
daquele que ingressa de qualquer modo auxilia na entrada de aparelho
celular em pres’dio, sem autoriza‹o legal. Vejamos:
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada
de aparelho telef™nico de comunica‹o m—vel, de r‡dio ou similar, sem
autoriza‹o legal, em estabelecimento prisional. (Inclu’do pela Lei n¼ 12.012, de
2009).
Pena: deten‹o, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano. (Inclu’do pela Lei n¼ 12.012, de
2009).
O sujeito ativo, aqui, pode ser qualquer pessoa, logo, O CRIME ƒ
COMUM.
ƒ imprescind’vel que o agente promova a entrada do celular no
pres’dio SEM AUTORIZA‚ÌO LEGAL (elemento normativo do tipo
penal).
O elemento subjetivo do tipo Ž o dolo, n‹o sendo prevista a
modalidade culposa. ƒ claro que a inten‹o deve ser a de levar o aparelho
celular atŽ algum dos detentos. Assim, o camarada que entra no pres’dio
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com o seu celular, porque se esqueceu de deix‡-lo na portaria, n‹o
comete crime.
O crime Ž considerado de MERA CONDUTA, consumando-se no
momento em que o agente entra no pres’dio com o celular (desde que
tenha a inten‹o de lev‡-lo a alguŽm).
A tentativa n‹o Ž admitida pela maioria da Doutrina.
2.12. Exerc’cio arbitr‡rio ou abuso de poder
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem
as formalidades legais ou com abuso de poder:
Pena - deten‹o, de um ms a um ano.
Par‡grafo œnico - Na mesma pena incorre o funcion‡rio que:
I - ilegalmente recebe e recolhe alguŽm a pris‹o, ou a estabelecimento
destinado a execu‹o de pena privativa de liberdade ou de medida de
segurana;
II - prolonga a execu‹o de pena ou de medida de segurana, deixando de
expedir em tempo oportuno ou de executar imediatamente a ordem de
liberdade;
III - submete pessoa que est‡ sob sua guarda ou cust—dia a vexame ou a
constrangimento n‹o autorizado em lei;
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligncia.
Este artigo foi revogado pela Lei 4.898/65 (Lei de Abuso de
autoridade), tacitamente.49
2.13. Fuga de pessoa presa ou submetida ˆ medida de segurana
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou
submetida a medida de segurana detentiva:
Pena - deten‹o, de seis meses a dois anos.
¤ 1¼ - Se o crime Ž praticado a m‹o armada, ou por mais de uma pessoa, ou
mediante arrombamento, a pena Ž de reclus‹o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
¤ 2¼ - Se h‡ emprego de violncia contra pessoa, aplica-se tambŽm a pena
correspondente ˆ violncia.
¤ 3¼ - A pena Ž de reclus‹o, de um a quatro anos, se o crime Ž praticado por
pessoa sob cuja cust—dia ou guarda est‡ o preso ou o internado.
¤ 4¼ - No caso de culpa do funcion‡rio incumbido da cust—dia ou guarda,
aplica-se a pena de deten‹o, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano, ou multa.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Entretanto, somente
poder‡ ser cometido pelo funcion‡rio pœblico (sendo, portanto,
PRîPRIO), nas modalidades culposa (¤4¡) e qualificada (¤3¡).
																																																													
49 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 868. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 412
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O tipo objetivo (conduta incriminada) Ž promover ou facilitar a fuga.
Promove quem d‡ causa ˆ fuga, e facilita quem ajuda alguŽm a realiz‡-la.
CUIDADO! N‹o se exige que a pessoa esteja
efetivamente presa, podendo, por exemplo, estar sendo
conduzida para a cadeia, desde que esteja sob a
cust—dia do Estado!50
AlŽm disso, se a pris‹o Ž ilegal, quem pratica o ato de promover ou
facilitar a fuga n‹o comete crime, pois age em LEGêTIMA DEFESA DE
TERCEIRO.
O crime se consuma com a obten‹o de xito na fuga, sendo crime
material. A tentativa Ž plenamente poss’vel.
O ¤ 1¡ estabelece uma forma qualificada, que ocorrer‡ sempre que:
ü For cometido ˆ m‹o armada
ü Por mais de uma pessoa
ü Mediante arrombamento
O ¤2¡ estabelece que, havendo violncia contra a pessoa, alŽm da
pena deste crime, aplica-se a pena relativa ˆ violncia.
O ¤3¡ estabelece outra qualificadora, que incide no caso de o crime
ser praticado por quem tinha a cust—dia do preso. Nesse caso, o crime
Ž PRîPRIO.
O ¤4¡ traz a modalidade culposa, que tambŽm s— pode ser
praticada pelo funcion‡rio pœblico respons‡vel pelo preso, sendo
crime pr—prio.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.14. Evas‹o mediante violncia contra a pessoa
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indiv’duo submetido a
medida de segurana detentiva, usando de violncia contra a pessoa:
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, alŽm da pena correspondente ˆ
violncia.
Esse crime Ž pr—prio, pois somente pode ser praticado por
quem esteja preso ou submetido ˆ medida de segurana.
O elemento subjetivo aqui Ž o dolo, n‹o se punindo a forma culposa.
O tipo objetivo Ž bastante claro: Fugir ou Òtentar fugirÓ. Percebam,
assim, que n‹o h‡ diferena entre fugir e tentar fugir, logo, NÌO SE
ADMITE TENTATIVA, consumando-se o crime no momento em que o
agente tenta fugir (pois j‡ pratica um dos nœcleos do tipo).
																																																													
50 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 870
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Exige-se, ainda, que o preso TENHA USADO VIOLæNCIA CONTRA
A PESSOA (se usou violncia contra coisa, n‹o caracteriza o crime).
O elemento subjetivo Ž o dolo, n‹o havendo previs‹o t’pica para a
forma culposa.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.15. Arrebatamento de preso
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltrat‡-lo, do poder de quem o tenha
sob cust—dia ou guarda:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, alŽm da pena correspondente ˆ
violncia.
O crime Ž comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. O
sujeito passivo Ž o estado e, subsidiariamente, o preso. Como n‹o se
admite analogia incriminadora, n‹o h‡ crime se o ato Ž cometido contra
pessoa internada por medida de segurana.
O tipo objetivo consiste em retirar o preso da cust—dia do Estado
(independentemente da legalidade da pris‹o) com o fim de MALTRATç-
LO (linchamento, por exemplo). Assim, o elemento subjetivo exigido Ž o
dolo, acompanhado DO ESPECIAL FIM DE AGIR, consistente na
inten‹o de dar uma ÒsovaÓ (por exemplo) no preso.
O crime se consuma com a retirada do preso sob cust—dia da
autoridade, sendo irrelevante para a consuma‹o a ocorrncia dos maus-
tratos. Nesse caso, ocorrendo os maus-tratos, o agente responde, ainda,
pela pena relativa ˆ violncia. Admite-se a tentativa.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.16. Motim de presos
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da
pris‹o:
Pena - deten‹o, de seis meses a dois anos, alŽm da pena correspondente ˆ
violncia.
Esse crime Ž PRîPRIO, pois somente pode ser cometido por presos.
O tipo objetivo Ž o de reunirem-se os presos, fazendo
baderna, rebeli‹o, PERTURBANDO A ORDEM OU DISCIPLINADA
PRISÌO.
A Doutrina admite, no entanto, que o crime possa ser praticado, por
exemplo, em ve’culo de transporte de presos.
Em qualquer caso, Ž necess‡rio um nœmero expressivo de presos
(n‹o se diz quantos, mas a Doutrina entende que devam ser, pelo menos,
quatro).
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O elemento subjetivo Ž o dolo, consistente na vontade de realizar a
rebeli‹o, o motim, a baderna, independentemente de quais sejam as
finalidades do motim. N‹o h‡ forma culposa.
O crime se consuma com a efetiva PERTURBA‚ÌO DA ORDEM OU
DISCIPLINA DA PRISÌO, por um tempo relevante (Doutrina
majorit‡ria). N‹o ocorrendo isto, o crime ser‡ tentado.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.17. Patroc’nio infiel
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever
profissional, prejudicando interesse, cujo patroc’nio, em ju’zo, lhe Ž confiado:
Pena - deten‹o, de seis meses a trs anos, e multa.
Patroc’nio simult‰neo ou tergiversa‹o
Par‡grafo œnico - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador
judicial que defende na mesma causa, simult‰nea ou sucessivamente, partes
contr‡rias.
Aqui se pune o advogado (ou qualquer outro, como Defensor Pœblico,
defensor dativo, etc.) que viola o dever profissional, prejudicando o
interesse de quem ele representa.
O tipo objetivo consiste em ÒtrairÓ. Somente pratica o crime aquele
que, deliberadamente, toma decis›es contr‡rias ao interesse da parte que
representa, prejudicando seus interesses. A mera negligncia (perder o
prazo de um recurso) n‹o configura o crime. Assim, exige-se o dolo
como elemento subjetivo do delito.
O crime se consuma com a ocorrncia do preju’zo ˆ parte. A
tentativa Ž plenamente poss’vel.
O ¤ œnico traz um crime aut™nomo, que Ž o de Òpatroc’nio
simult‰neo ou tergiversa‹oÓ. Vejamos:
ü Patroc’nio simult‰neo Ð Advogado, ao mesmo tempo,
patrocina os interesses de partes contr‡rias (ainda que se
valendo de pessoa interposta, como, por exemplo, de um
colega advogado, desde que fique provado que quem
realmente atuava no caso era o outro);
ü Tergiversa‹o (ou patroc’nio sucessivo) Ð Aqui o agente
renuncia ao mandato recebido por uma das partes e passa a
defender a outra.
CUIDADO! N‹o se exige que o patroc’nio se d no mesmo
processo, bastando que seja na MESMA CAUSA (ou seja, se o
processo for extinto por quest›es processuais e recomear, com novo
nœmero, e o agente praticar estas condutas, haver‡ o crime).
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Nesse crime, dispensa-se o efetivo preju’zo, sendo crime formal,
consumando-se com a mera pr‡tica das condutas descritas.
A Doutrina admite a tentativa.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.18. Sonega‹o de papel ou objeto de valor probat—rio
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos,
documento ou objeto de valor probat—rio, que recebeu na qualidade de
advogado ou procurador:
Pena - deten‹o, de seis a trs anos, e multa.
O crime s— pode ser praticado por quem tenha a qualidade de
advogado ou procurador. Pode ser praticado de duas formas distintas:
Inutilizar, total ou parcialmente, autos, documentos ou
objeto de valor probat—rio;
Deixar de restituir autos, documentos ou objeto de valor
probat—rio.
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, consistente na inten‹o de
inutilizar ou deixar de restituir os objetos citados, n‹o importando os
motivos que levaram o agente a fazer isto.
N‹o se pune criminalmente a forma culposa, mas nada impede que o
agente sofra puni›es pela OAB ou pelo —rg‹o de classe.
A consuma‹o se d‡:
Na inutiliza‹o Ð Quando o agente efetivamente torna inœtil o
documento, o objeto ou os autos (crime material) Ð Admite
tentativa;
No Òdeixar de restituirÓ Ð ƒ crime omissivo pr—prio,
consumando-se quando o agente, mesmo intimado, se recusa
a devolver os autos. Perfazendo-se num œnico ato, n‹o se
admite tentativa.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.19. Explora‹o de prest’gio
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto
de influir em juiz, jurado, —rg‹o do MinistŽrio Pœblico, funcion‡rio de justia,
perito, tradutor, intŽrprete ou testemunha:
Pena - reclus‹o, de um a cinco anos, e multa.
Par‡grafo œnico - As penas aumentam-se de um tero, se o agente alega ou
insinua que o dinheiro ou utilidade tambŽm se destina a qualquer das
pessoas referidas neste artigo.
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O sujeito ativo aqui pode ser qualquer pessoa, sendo, desta forma,
crime comum. O sujeito passivo primeiramente Ž o Estado, podendo ser,
tambŽm, o funcion‡rio dito como corrupto pelo agente e o terceiro
ludibriado.
O tipo objetivo consiste no ato de alardear possuir influncia
sobre as pessoas indicadas no artigo, de forma que o agente
solicita ou recebe dinheiro do terceiro ludibriado, ou qualquer
outra utilidade, acreditando este (o terceiro), que o infrator Ž
capaz de influenciar alguma daquelas pessoas e lhe trazer algum
benef’cio.
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, consistente na vontade de
obter vantagem ou promessa de vantagem da v’tima, sob o pretexto de
trazer-lhe benef’cio decorrente da alardeada influncia (que pode ou n‹o
existir).
O crime se consuma, no caso da solicita‹o, com a mera solicita‹o,
sendo completamente irrelevante o recebimento da vantagem. Na
modalidade ÒreceberÓ, quando o agente n‹o pediu dinheiro algum, o
recebimento Ž o ato que consuma o crime. A tentativa Ž poss’vel.
O ¤ œnico prev uma causa de aumento de pena (1/3) se o
agente alega que parte do dinheiro se destina tambŽm ao
funcion‡rio que ele diz ser corrupto e que ir‡ ceder ˆ influncia.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.20. Violncia ou fraude em arremata‹o judicial
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arremata‹o judicial; afastar ou
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violncia, grave
ameaa, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - deten‹o, de dois meses a um ano, ou multa, alŽm da pena
correspondente ˆ violncia.
Trata-se de crime comum, pois pode ser praticado por qualquer
pessoa, indistintamente. O sujeito passivo Ž o Estado, podendo ser sujeito
passivo, ainda, eventual particular lesado pela conduta.
O tipo objetivo Ž de a‹o mœltipla, e consiste em:
Impedir, perturbar ou frustrar arremata‹o judicial;
Afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por
meio de:
Violncia;
Grave ameaa;
Fraude;
Oferecimento de vantagem
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CUIDADO! Esse delito n‹o se confunde com o tipo penal do art. 335. L‡,
o ato Ž realizado pelo poder pœblico. Aqui, embora a arremata‹o seja
autorizada judicialmente, ela Ž realizada pelo particular interessado!
O elemento subjetivo Ž somente o dolo, n‹o se prevendo a forma
culposa.
A consuma‹o, na primeira das duas modalidades, se d‡ com o
impedimento, perturba‹o ou frustra‹o efetiva da arremata‹o. Na
segunda modalidade, a consuma‹o se d‡ com a mera tentativa de
afastar um concorrente ou licitante da disputa, atravŽs dos meios citados.
A tentativa s— Ž poss’vel no primeiro caso, poisno segundo caso, a
tentativa j‡ Ž um dos nœcleos do tipo, de forma que, ocorrendo, o crime
ser‡ consumado.
CUIDADO! Com rela‹o ˆ conduta de Òafastar ou procurar afastar (...)
licitante, por meio de violncia, grave ameaa, fraude ou oferecimento de vantagemÓ o
crime est‡ parcialmente revogado pelo art. 95 da Lei 8.666/93:
Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de violncia, grave
ameaa, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo:
Pena - deten‹o, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, alŽm da pena
correspondente ˆ violncia.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
2.21. Desobedincia ˆ decis‹o judicial sobre perda ou suspens‹o de
direito
Art. 359 - Exercer fun‹o, atividade, direito, autoridade ou mœnus, de que foi
suspenso ou privado por decis‹o judicial:
Pena - deten‹o, de trs meses a dois anos, ou multa.
Pune-se aqui o camarada que, mesmo diante de uma sentena
contra si, a ignora e exerce a atividade, of’cio, direito, autoridade ou
mœnus de que foi suspenso pela decis‹o judicial.
Imagine que alguŽm tenha sido suspenso judicialmente por um ano
do direito de dirigir. Caso descumpra a ordem judicial, estar‡ cometendo
o crime.
O crime Ž PRîPRIO, pois somente quem sofreu a decis‹o judicial
inibit—ria Ž que poder‡ praticar o crime (controvertido, pois h‡ quem
entenda que qualquer pessoa pode vir a estar nesta situa‹o, logo, seria
crime comum. ƒ minorit‡rio).
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O elemento subjetivo, como sempre, Ž o dolo, consistente na
inten‹o de p™r em pr‡tica a atividade de que est‡ proibido por DECISÌO
JUDICIAL.
O delito se consuma no momento em que o agente d‡ in’cio ao
exerc’cio da atividade de que est‡ proibido. A tentativa Ž plenamente
admitida.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
	
	
3. CRIMES CONTRA AS FINAN‚AS PòBLICAS
Os crimes contra as finanas pœblicas surgiram para dar efetividade
n‹o s— ˆ LRF, mas tambŽm ao pr—prio mandamento constitucional do
art. 37 da CRFB/88, que visa, dentre outras coisas, ˆ responsabilidade
na gest‹o da administra‹o pœblica.
Os crimes contra as finanas pœblicas s‹o crimes que foram
inseridos pela Lei 10.028/00 no T’tulo XI do CP (Crimes contra a
administra‹o pœblica), donde se conclui que o sujeito passivo imediato
nestes crimes Ž sempre a ADMINISTRA‚ÌO PòBLICA, sendo o bem
jur’dico tutelado a MORALIDADE E RESPONSABILIDADE NA GESTÌO
PòBLICA.
Trata-se, portanto, de uma espŽcie de crimes contra a administra‹o
pœblica. S‹o, ainda, crimes funcionais, pois se exige do sujeito passivo a
condi‹o de funcion‡rio pœblico e a utiliza‹o desta condi‹o para a
pr‡tica do delito. S‹o, portanto, CRIMES PRîPRIOS.
Vamos ver cada um dos tipos penais citados:
3.1. Contrata‹o de opera‹o de crŽdito
Nos termos do art. 359-A do CP:
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar opera‹o de crŽdito, interno ou
externo, sem prŽvia autoriza‹o legislativa: (Inclu’do pela Lei n¼ 10.028, de
2000)
Pena - reclus‹o, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Inclu’do pela Lei n¼ 10.028, de
2000)
O caput do artigo 359-A prev a conduta daquele que ordena,
autoriza ou realiza opera‹o de crŽdito interno ou externo sem prŽvia
autoriza‹o legislativa. Essas condutas s‹o, pois, o que chamamos
de TIPO OBJETIVO DO DELITO (Condutas incriminadas).
O sujeito ativo do delito ser‡ o funcion‡rio pœblico respons‡vel pela
pr‡tica do ato. A Doutrina entende que tanto aquele que determina a
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pr‡tica do ato, quanto aquele que realiza, de fato, a conduta, s‹o sujeitos
ativos do delito.
O elemento subjetivo Ž o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente
de praticar a conduta incriminada sem autoriza‹o legislativa. N‹o se
exige nenhum fim especial de agir (n‹o h‡ o chamado dolo
espec’fico).
NÌO SE ADMITE NA FORMA CULPOSA!
A consuma‹o do crime Ž MUITO controvertida na Doutrina, mas
prevalece o entendimento de que nas modalidades de:
¥ Ordenar Ð Basta que o agente ordene a realiza‹o da opera‹o de
crŽdito, AINDA QUE ESTA NÌO SE CONCRETIZE (CRIME
FORMAL).
¥ Autorizar Ð Basta que o agente autorize a realiza‹o da opera‹o
(sem autoriza‹o legislativa, Ž claro), n‹o sendo necess‡ria a efetiva
realiza‹o desta (TambŽm CRIME FORMAL).
¥ Realizar Ð Aqui se exige que a opera‹o de crŽdito seja efetivamente
realizada (CRIME MATERIAL).
¥ H‡ quem defenda que o crime Ž FORMAL em todas as suas
modalidades, pois o resultado que se ÒdispensaÓ Ž a efetiva
ocorrncia de preju’zo aos cofres pœblicos.
A tentativa s— Ž admitida pela Doutrina majorit‡ria na
modalidade ÒrealizarÓ, pois se pode fracionar a conduta do agente em
v‡rios atos, de forma que Ž poss’vel que ele n‹o consiga consumar o
crime por circunst‰ncias alheias ˆ sua vontade (art. 14, II do CP). Nas
demais modalidades, a tentativa n‹o Ž admitida pela maioria da Doutrina,
pois Ž dif’cil imaginar fracionamento das condutas ÒordenarÓ e ÒautorizarÓ.
Parcela da Doutrina, no entanto, defende que, se no caso concreto se
puder fracionar a conduta do agente (crime plurissubsistente), haver‡
possibilidade de tentativa.
O ¤ œnico do art. 559-A traz uma forma equiparada:
Par‡grafo œnico. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza
opera‹o de crŽdito, interno ou externo: (Inclu’do pela Lei n¼ 10.028, de
2000)
I - com inobserv‰ncia de limite, condi‹o ou montante estabelecido em lei ou
em resolu‹o do Senado Federal; (Inclu’do pela Lei n¼ 10.028, de 2000)
II - quando o montante da d’vida consolidada ultrapassa o limite m‡ximo
autorizado por lei. (Inclu’do pela Lei n¼ 10.028, de 2000)
No caso do inciso I, o agente ordena, autoriza ou realiza a opera‹o
de crŽdito COM AUTORIZA‚ÌO LEGISLATIVA, mas ULTRAPASSA OS
LIMITES DA AUTORIZA‚ÌO LEGISLATIVA.
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No caso do inciso II, o agente pratica a conduta mediante
autoriza‹o legislativa, mas no final das contas, o montante da d’vida
consolidada ultrapassa o limite autorizado por lei. Ou seja, a opera‹o,
em si, n‹o Ž ilegal, mas em raz‹o dela Ž ultrapassado o limite da
d’vida consolidada.
3.2. Inscri‹o de despesas n‹o empenhadas em restos a pagar
Vejamos o que diz o art. 359-B do CP:
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscri‹o em restos a pagar, de despesa
que n‹o tenha sido previamente empenhada ou que exceda limite
estabelecido em lei: (Inclu’do pela Lei n¼ 10.028, de 2000)
Pena - deten‹o, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Inclu’do pela Lei n¼
10.028, de 2000)
Aqui se visa a proteger a administra‹o orament‡ria, mais
precisamente para evitar que as futuras gest›es herdem dificuldades
financeiras em raz‹o das atitudes ’mprobas dos antecessores.
O sujeito ativo, mais uma vez, Ž o agente pœblico respons‡vel pela
pr‡tica do ato. O sujeito passivo ser‡ o ente pœblico lesado.
Duas s‹o as modalidades:
¥ Ordenar ou autorizar a inscri‹o da d’vida, QUE NÌO TENHA
SIDO EMPENHADA, em restos a pagar Ð Aqui o agente inclui em
Òrestos a pagarÓ, d’vida ainda n‹o empenhada.
¥ Ordenar ou autorizar a inscri‹o de d’vida que, embora
empenhada, ultrapassa o limite previsto em lei para Òrestos a
pagarÓ.
A consuma‹o se d‡ com a ordena‹o ou autoriza‹o da
inscri‹o da d’vida em restos a pagar, POUCO IMPORTANDO SE
ELA VEM OU NÌO A SER, DE FATO, INSCRITA EM RESTOS A PAGAR.
Essa Ž a posi‹o da maioria da Doutrina.

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