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Aula-05-40

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DIREITO	PENAL	para	o	XXIII	EXAME	DA	OAB	
Teoria	e	exercícios	comentados	
Prof.	Renan	Araujo	–	Aula	05	
	
	 	 	
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1.6.1.4. Disposi›es finais ................................................................................ 36
2. SUSPENSÌO CONDICIONAL DA PENA ........................................................ 41
2.1. Conceito ................................................................................................. 41
2.2. Requisitos objetivos............................................................................... 42
2.3. Requisitos subjetivos ............................................................................. 42
2.4. EspŽcies de sursis e condi›es ............................................................... 43
2.5. Revoga‹o do sursis, prorroga‹o do prazo e cumprimento das
obriga›es....................................................................................................... 44
3. LIVRAMENTO CONDICIONAL ..................................................................... 47
3.1. Conceito ................................................................................................. 47
3.2. Requisitos .............................................................................................. 48
3.2.1. Requisitos objetivos................................................................................ 48
3.2.2. Requisitos subjetivos .............................................................................. 49
3.3. Regras gerais relativas ao Livramento Condicional, revoga‹o e extin‹o
do benef’cio..................................................................................................... 50
4. MEDIDAS DE SEGURAN‚A ......................................................................... 53
5. EFEITOS DA CONDENA‚ÌO........................................................................ 56
5.1. Natureza e espŽcies ............................................................................... 56
5.2. Reabilita‹o ........................................................................................... 58
5.2.1. Sigilo das condena›es ........................................................................... 58
5.2.2. Efeitos secund‡rios extrapenais da condena‹o .......................................... 59
5.2.3. Pressupostos e requisitos para a Reabilita‹o ............................................. 59
6. EXECU‚ÌO PENAL...................................................................................... 60
6.1. Dos regimes de cumprimento. Progress‹o e regress‹o de regime.......... 60
6.2. Das autoriza›es de sa’da ...................................................................... 66
6.3. Da remi‹o............................................................................................. 69
6.4. Disposi›es jurisprudenciais importantes sobre execu‹o penal............ 70
7. PUNIBILIDADE E SUA EXTIN‚ÌO .............................................................. 73
7.1. Introdu‹o ............................................................................................. 73
7.2. Causas de extin‹o da punibilidade diversas da prescri‹o .................... 74
7.3. Prescri‹o .............................................................................................. 78
7.3.1. Prescri‹o da pretens‹o punitiva .............................................................. 78
7.3.2. Prescri‹o da pretens‹o execut—ria ........................................................... 86
7.3.3. Disposi›es importantes sobre a prescri‹o................................................ 88
8. A‚ÌO PENAL NO CîDIGO PENAL ............................................................... 92
9. RESUMO .................................................................................................... 95
10. EXERCêCIOS DA AULA .......................................................................... 113
11. GABARITO............................................................................................ 123
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Teoria	e	exercícios	comentados	
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Ol‡, meus amigos concurseiros!
Hoje Ž dia de entrarmos na ÒTeoria Geral da PenaÓ.
Veremos as espŽcies de pena, sua comina‹o, aplica‹o e
execu‹o. Estudaremos, ainda, a extin‹o da punibilidade e a a‹o
penal no C—digo Penal.
Esta Ž uma aula especialmente importante para aqueles que
pretendem fazer a segunda fase de Direito Penal, pois os temas aqui
trabalhados s‹o cobrados em praticamente todas as peas pr‡tico-
profissionais.
Se voc n‹o vai fazer a segunda fase de Direito Penal e est‡
sem tempo, sugiro estudar diretamente pelo resumo, pois pode te
poupar muito tempo!
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
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1. DAS PENAS
	
1.1. CONCEITO
A pena criminal Ž, acima de tudo, um castigo1. Trata-se de um mal
que se aflige a alguŽm em raz‹o da pr‡tica de um delito2. O conceito n‹o
se confunde, porŽm, com os fins (ou finalidades) da pena.
A pena possui como pressuposto de sua aplica‹o a
culpabilidade do agente3. J‡ as medidas de segurana n‹o possuem
a culpabilidade como pressuposto de sua aplica‹o (atŽ porque o agente
n‹o Ž plenamente imput‡vel, n‹o possuindo, portanto, culpabilidade),
mas sim a periculosidade. Isto Ž importante!
A pena pode ser conceituada como a resposta que a sociedade d‡
ao indiv’duo que transgride a ordem jur’dico-penal estabelecida, e
consiste na priva‹o ou restri‹o de um bem jur’dico do condenado
(liberdade, patrim™nio, etc.), de forma a castig‡-lo e reeduc‡-lo.
1.2. PRINCêPIOS
Alguns princ’pios norteiam a Teoria Geral da Pena:
a) Reserva legal ou legalidade estrita Ð Somente a Lei (em sentido
estrito) pode cominar penas: ÒNulla poena sine legeÓ. Est‡ previsto no
art. 5¡, XXXIX da Constitui‹o e art. 1¡ do CP;
b) Anterioridade Ð A Lei que prev a pena para a conduta deve ser
anterior ˆ pr‡tica do crime: ÒNulla poena sine praevia legeÓ. TambŽm
est‡ previsto no art. 5¡, XXXIX da Constitui‹o e art. 1¡ do CP, sendo,
juntamente com o princ’pio da reserva legal, subprinc’pios do princ’pio da
LEGALIDADE;
c) Intranscendncia da pena Ð A pena deve ser cumprida somente pelo
condenado, n‹o podendo, em caso de morte deste, ser transferida aos
seus familiares, salvo a obriga‹o de reparar o dano e o perdimento de
bens, que podem ser cobrados dos sucessores atŽ o limite do patrim™nio
transferido pelo condenado falecido. CUIDADO: A pena de multa,
embora patrimonial, n‹o pode ser cobrada dos sucessores!
d) Inevitabilidade ou inderrogabilidade da pena Ð Presentes os
requisitos para a condena‹o, a pena n‹o pode deixar de ser imposta e
cumprida. ƒ mitigado, atualmente, por institutos como o sursis, o
livramento condicional, etc.;
																																																													
1 BATISTA, Nilo; ZAFFARONI, EugŽnio Raœl. Direito Penal brasileiro. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed.
Revan, 2011. Tomo I, p. 99.
2 MIR PUIG, Santiago. Introducci—n a las bases del Derecho penal. 2. ed. Montevideo, Buenos
Aires: Ed. B. de F., 2003, p. 49.
3 DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito penal, parte geral. 2. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2007.
tomo I, p. 46-47
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e) Princ’pio da humanidade ou humaniza‹o das penas Ð A pena
n‹o pode desrespeitar os direitos fundamentais do indiv’duo, violando sua
integridade f’sica ou moral, e tambŽm n‹o pode ser de ’ndole cruel,
desumano ou degradante (art. 5¡, XLIX e XLVII da Constitui‹o);
f) Princ’pio da proporcionalidade Ð A san‹o aplicada pelo Estado deve
ser proporcional ˆ gravidade da infra‹o cometida e tambŽm deve ser
suficiente para promover a puni‹o ao infrator e sua reeduca‹o social;
g) Princ’pio da individualiza‹o da pena Ð A pena deve ser aplicada
de maneira individualizada para cada infrator em cada caso espec’fico.
Essa individualiza‹o se d‡ em trs fases distintas: a) comina‹o: O
legislador deve prever um raio de atua‹o para o Juiz aplicar a pena no
caso concreto, estabelecendo penas m’nimas e m‡ximas, de forma que o
Juiz possa aplicar a quantidade de pena que achar conveniente no caso
concreto; b) aplica‹o: Saindo da esfera legislativa, passamos ˆ esfera
judicial, segunda etapa, que consiste na efetiva aplica‹o individualizada
da pena, que ser‡ imposta conforme as circunst‰ncias do crime e os
antecedentes do rŽu, de acordo com a margem estabelecida pelo
legislador; c) Na terceira e œltima fase temos a aplica‹o deste
princ’pio da na execu‹o da pena (esfera administrativa), de forma
que o cumprimento da pena, progress‹o de regime, concess‹o de
benef’cios devem ser analisados no caso concreto, e n‹o abstratamente,
pois entende-se que Òcada caso Ž um casoÓ, e n‹o cabe ao legislador
retirar do Juiz a possibilidade de analis‡-lo e proceder da forma que
melhor atenda aos anseios da sociedade. Est‡ previsto no art. 5¡, XLVI da
Constitui‹o da Repœblica.
1.3. FINALIDADE: TEORIAS
Quanto ˆ finalidade da pena, trs teorias surgiram:
1.3.1. TEORIA ABSOLUTA E SUA FINALIDADE RETRIBUTIVA
Para esta teoria, pune-se o agente simplesmente porque ele cometeu
uma transgress‹o ˆ ordem estabelecida e deve ser castigado por isso.
N‹o h‡ nenhuma finalidade educacional de reinser‹o do indiv’duo ˆ vida
social. A pena Ž mero instrumento para a realiza‹o da vingana estatal.
Trata-se de um imperativo categ—rico de Justia ou de Moral (se
delinquiu, deve ser punido, independentemente de qualquer outra
finalidade).4
1.3.2. TEORIA RELATIVA E SUA FINALIDADE PREVENTIVA
Pune-se o agente n‹o para castig‡-lo, mas para prevenir a pr‡tica de
novos crimes. Essa preven‹o pode ser:
																																																													
4 BACIGALUPO, Enrique. Manual de Derecho penal. Ed. Temis S.A., tercera reimpressi—n. Bogot‡,
1996, p. 12
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Preven‹o Geral Ð Busca controlar a violncia social, de forma a
despertar na sociedade o desejo de se manter conforme o Direito. Pode
ser negativa5, quando busca criar um sentimento de medo perante a Lei
penal, ou positiva, quando simplesmente se busca reafirmar a vigncia da
Lei penal.
Preven‹o especial Ð N‹o se destina ˆ sociedade, mas ao infrator,
de forma a prevenir a pr‡tica da reincidncia. TambŽm pode ser negativa,
quando busca intimidar o condenado, de forma a que ele n‹o cometa
novos delitos por medo, ou positiva, quando a preocupa‹o est‡ voltada ˆ
ressocializa‹o do condenado (Infelizmente, n‹o h‡ uma preocupa‹o
com isto na pr‡tica).
1.3.3. TEORIA MISTA (UNIFICADORA OU ECLƒTICA OU
UNITçRIA) E SUA DUPLA FINALIDADE
Aqui, entende-se que a pena deve servir como castigo (puni‹o) ao
infrator, mas tambŽm como medida de preven‹o, tanto em rela‹o ˆ
sociedade quanto ao pr—prio infrator (preven‹o geral e especial). AlŽm
de consagrada na maioria dos pa’ses ocidentais6, foi a adotada pelo art.
59 do CP, que diz:
Art. 59 - O juiz, atendendo ˆ culpabilidade, aos antecedentes, ˆ conduta
social, ˆ personalidade do agente, aos motivos, ˆs circunst‰ncias e
consequncias do crime, bem como ao comportamento da v’tima,
estabelecer‡, conforme seja necess‡rio e suficiente para reprova‹o e
preven‹o do crime: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
1.4. EspŽcies
Quanto ˆs espŽcies, as penas podem ser:
a) Privativas de liberdade Ð Retiram do condenado o direito ˆ
liberdade de locomo‹o, por determinado per’odo (Ž vedada pena de
car‡ter perpŽtuo, art. 5¡, XLVII, b da Constitui‹o). M‡ximo de 30 anos
para crimes (art. 75 do CP) e de 05 anos para contraven›es penais (art.
10 da Lei de Contraven›es Penais);
b) Restritivas de direitos Ð Em substitui‹o ˆ pena privativa de
liberdade, limitam (restringem) o exerc’cio de algum direito do
condenado. Est‹o previstas no art. 43 do CP e em alguns dispositivos da
Legisla‹o Especial;
c) Pena de multa Ð Recai sobre o patrim™nio financeiro do
condenado;
d) Restritiva de liberdade Ð Restringem, mas n‹o retiram o direito
de locomo‹o do condenado. Na verdade, trata-se de uma espŽcie de
																																																													
5 ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general. Madrid: Civitas, 1997. tomo I, p. 91.
6 DOS SANTOS, Juarez Cirino. Direito Penal, Parte Geral. Curitiba: Ed. Lumen Juris, 2008, p. 470
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pena restritiva de direitos. Exemplo: Proibir o marido de se aproximar da
casa da ex-esposa no caso de violncia domŽstica;
e) Penas corporais Ð Trata-se de castigos aplicados ao corpo do
indiv’duo. ƒ espŽcie de pena vedada pela Constitui‹o Federal (art. 5¡,
XLVII, e).
O CP previu, em seu art. 32, as penas privativas de liberdade,
restritivas de direitos e multa.
Este quadro esquem‡tico vai ajudar na compreens‹o de vocs:
1.5. Penas em espŽcie
1.5.1. Privativa de liberdade
Como j‡ vimos, o Direito Penal p‡trio admite trs espŽcies de penas
privativas de liberdade: reclus‹o, deten‹o e pris‹o simples (somente
para as contraven›es penais).
O regime de cumprimento de cumprimento da pena est‡ previsto no
art. 33, ¤ 1¡ do CP, e pode ser fechado, semiaberto ou aberto7.
																																																													
7 Art. 33 - A pena de reclus‹o deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
deten‹o, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferncia a regime fechado.
(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - Considera-se: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) regime fechado a execu‹o da pena em estabelecimento de segurana m‡xima ou mŽdia;
b) regime semiaberto a execu‹o da pena em col™nia agr’cola, industrial ou estabelecimento
similar;
c) regime aberto a execu‹o da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
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O regime inicial de cumprimento da pena (fechado, semiaberto ou
aberto) tem como regra o seguinte: pena de reclus‹o Ð Qualquer
regime inicial; pena de deten‹o Ð Regime inicial somente
semiaberto ou aberto.
A fixa‹o, em concreto, do regime inicial de cumprimento da pena
ir‡ variar conforme trs fatores: reincidncia, quantidade da pena e
circunst‰ncias judiciais. AlŽm disso, a pr—pria Lei estabelece que a
pena seja executada de forma progressiva (de um regime mais gravoso
para outro, menos gravoso), ressalvada a hip—tese de regress‹o
(passagem de um regime menos gravoso para outro, mais gravoso), em
qualquer caso, atendendo-se ao mŽrito do condenado, nos termos do art.
33, ¤¤ 2¡, 3¡ e 4¡ do CP.8
CUIDADO! O STJ possui entendimento no sentido deque Ž poss’vel a
fixa‹o do regime semiaberto aos condenados que sejam reincidentes,
desde que as circunst‰ncias judiciais sejam favor‡veis. Vejamos:
Sœmula 269 do STJ:
ƒ admiss’vel a ado‹o do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a
pena igual ou inferior a quatro anos se favor‡veis as circunst‰ncias judiciais.
1.5.1.1. Regras do regime fechado
As regras do regime fechado s‹o, basicamente, trs:
a) Submiss‹o a exame criminol—gico9 inicial (O STJ passou a entender
que ele agora Ž facultativo Ð SòMULA 439 DO STJ);
b) Submiss‹o a trabalho durante o dia e descanso isolado durante a
noite;
c) Trabalho em comum (junto com outros presos) dentro do
estabelecimento, SENDO ADMISSêVEL O TRABALHO EXTERNO em
obras pœblicas (Necess‡rio cumprimento de ao menos 1/6 da pena).
																																																													
8 ¤ 2¼ - As penas privativas de liberdade dever‹o ser executadas em forma progressiva, segundo o
mŽrito do condenado, observados os seguintes critŽrios e ressalvadas as hip—teses de
transferncia a regime mais rigoroso: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos dever‡ comear a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado n‹o reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e n‹o exceda a 8 (oito),
poder‡, desde o princ’pio, cumpri-la
em regime semiaberto;
c) o condenado n‹o reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poder‡, desde
o in’cio, cumpri-la em regime aberto.
¤ 3¼ - A determina‹o do regime inicial de cumprimento da pena far-se-‡ com observ‰ncia dos
critŽrios previstos no art. 59 deste C—digo.(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 4o O condenado por crime contra a administra‹o pœblica ter‡ a progress‹o de regime do
cumprimento da pena condicionada ˆ repara‹o do dano que causou, ou ˆ devolu‹o do produto
do il’cito praticado, com os acrŽscimos legais. (Inclu’do pela Lei n¼ 10.763, de 12.11.2003)
9 O exame criminol—gico tem por finalidade permitir a individualiza‹o da pena (um dos princ’pios
da pena) em sua terceira fase, em homenagem ao disposto no art. 5¡, XLVI da Constitui‹o:
XLVI - a lei regular‡ a individualiza‹o da pena e adotar‡, entre outras, as seguintes:
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O trabalho durante o regime de cumprimento da pena Ž
obrigat—rio, e a recusa caracteriza falta grave, nos termos do art.
50, IV da LEP (Lei de Execu›es Penais), acarretando impossibilidade de
obten‹o da progress‹o de regime e livramento condicional. Em resumo:
O preso pode se negar a trabalhar (atŽ porque, n‹o h‡ como obrig‡-lo
fisicamente a isso), mas a recusa injustificada (se tiver problemas de
saœde, por exemplo, Ž uma recusa justificada) gera consequncias
grav’ssimas para ele.
O trabalho do preso Ž remunerado e ele tem direito, ainda, aos
benef’cios da previdncia social. Isso Ž bastante importante, pois o preso
foi condenado a uma pena Òprivativa de liberdadeÓ, ou seja, o œnico
direito do qual ele est‡ privado Ž a liberdade. Assim, o preso n‹o
se tornou um escravo do Estado, devendo receber pelo seu trabalho,
como qualquer pessoa.
1.5.1.2. Regras do Regime semiaberto
O regime semiaberto Ž bem menos gravoso que o regime fechado,
e possui como regras:
a) Exame criminol—gico inicial (O STJ passou a entender que ele
agora Ž facultativo Ð SòMULA 439 DO STJ);
b) Trabalho diurno em col™nia agr’cola, industrial ou estabelecimento
similar, com descanso isolado ˆ noite;
c) Admiss‹o do trabalho externo, BEM COMO FREQUæNCIA A CURSOS
SUPLETIVOS PROFISSIONALIZANTES, DE INSTRU‚ÌO DE
SEGUNDO GRAU OU SUPERIOR.
Vejam que as regras, embora parecidas, n‹o s‹o idnticas. Nesse
regime o condenado pode trabalhar fora do estabelecimento de
cumprimento da pena (em qualquer trabalho, e n‹o apenas em obras
pœblicas), bem como estudar.
AlŽm disso, o preso deve ficar recolhido em estabelecimento pr—prio
(col™nia agr’cola, industrial ou similar), e n‹o em pres’dio comum,
onde se encontram os presos em regime fechado.
Mas e se n‹o houver vagas nos estabelecimentos especiais
(col™nias), o que fazer? O STF entende que se n‹o houver vagas
no regime semiaberto, o preso n‹o pode arcar com essa
deficincia do Estado, pois Ž um direito seu. Desta forma, n‹o pode o
preso continuar no regime fechado. Por consequncia, a l—gica determina
sua transferncia diretamente para o regime aberto ou pris‹o domiciliar.
AlŽm disso, na fixa‹o do regime inicial de cumprimento da pena,
n‹o pode o Juiz fixar regime mais gravoso do que aquele
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abstratamente previsto tendo em conta a pena aplicada, tendo
como base unicamente a gravidade abstrata do delito.
O STF possui dois verbetes de sœmula muito importantes sobre o
tema:
SòMULA 718
A OPINIÌO DO JULGADOR SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NÌO
CONSTITUI MOTIVA‚ÌO IDïNEA PARA A IMPOSI‚ÌO DE REGIME MAIS SEVERO DO
QUE O PERMITIDO SEGUNDO A PENA APLICADA.
SòMULA 719
A IMPOSI‚ÌO DO REGIME DE CUMPRIMENTO MAIS SEVERO DO QUE A PENA APLICADA
PERMITIR EXIGE MOTIVA‚ÌO IDïNEA.
1.5.1.3. Regras do regime aberto
O regime aberto Ž o mais brando dos trs regimes de
cumprimento da pena privativa de liberdade, e baseia-se no senso
de responsabilidade e autodisciplina do preso. Regras b‡sicas:
a) Trabalho diurno fora do estabelecimento e sem vigil‰ncia, frequncia ˆ
curso ou outra atividade autorizada, bem como recolhimento noturno e
nos dias de folga;
b) Transferncia para regime mais gravoso no caso de pr‡tica de crime
doloso, frustra‹o dos fins da execu‹o (basicamente, a fuga), ou
ausncia do pagamento da pena de multa.
Onde se d‡ o recolhimento do preso, e o que ocorre se n‹o
houver vagas no regime aberto? O recolhimento noturno do preso no
regime aberto se d‡ em casa de albergado, que Ž um prŽdio urbano,
separado dos demais estabelecimentos prisionais e que n‹o deva possuir
caracter’sticas de pris‹o, principalmente no que se refere ˆ existncia de
obst‡culos f’sicos para a fuga. Caso n‹o haja vagas no regime semiaberto
(s‹o rar’ssimas as casas de albergado), o STF entende que o preso deve
ser posto em liberdade, atŽ que surja vaga. O STJ, por sua vez, entende
que deve o preso ficar recolhido ˆ pris‹o domiciliar10.
																																																													
10 (...) 4. Admite-se a concess‹o, em car‡ter excepcional, da pris‹o domiciliar na hip—tese de falta
de vagas em estabelecimento adequado para o cumprimento da pena em regime aberto, que n‹o
justifica a permanncia do condenado em condi›es prisionais mais severas.
Precedentes.
(...)
(REsp 1201880/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 07/05/2013, DJe 14/05/2013)
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1.5.1.4. Disposi›es gerais acerca dos regimes de cumprimento
da pena
Conforme havia dito a vocs, a pena privativa de liberdade atinge
somente um direito do preso: a liberdade (—bvio, n‹o?).
Assim, o preso mantŽm todos os direitos inerentes ˆ pessoa
humana, como o respeito ˆ sua integridade f’sica e moral. O respeito ˆ
integridade f’sica e moral, inclusive, possui ’ndole constitucional (art. 5¡,
XLIX da Constitui‹o).11
Em raz‹o disso, o STF decidiu regulamentar o uso de algemas,
editando a sœmula vinculante n¡ 11, que diz:
SòMULA VINCULANTE N¼11
Sî ƒ LêCITO O USO DE ALGEMAS EM CASOS DE RESISTæNCIA E DE FUNDADO
RECEIO DE FUGA OU DE PERIGO Ë INTEGRIDADE FêSICA PRîPRIA OU
ALHEIA, POR PARTE DO PRESO OU DE TERCEIROS, JUSTIFICADA A
EXCEPCIONALIDADE POR ESCRITO, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR,
CIVIL E PENAL DO AGENTE OU DA AUTORIDADE E DE NULIDADE DA PRISÌO OU DO
ATO PROCESSUAL A QUE SE REFERE, SEM PREJUêZO DA RESPONSABILIDADE CIVIL
DO ESTADO.
O direito ao recebimento de sal‡rio pelo seu trabalho
realizado no estabelecimento prisional, bem como o direito ˆ
integrar a previdncia social tambŽm s‹o assegurados ao preso,
conforme foi dito.12
E se antes do in’cio do cumprimento da pena sobrevier ao
condenado doena mental? O CP diz que o condenado, neste caso,
deve ser recolhido a Hospital de cust—dia e tratamento psiqui‡trico, ou
outro estabelecimento adequado.13
CUIDADO! Se a doena mental sobrevŽm ap—s o in’cio da execu‹o
da pena, aplica-se o art. 183 da LEP, que autoriza o Juiz a substituir a
pena privativa de liberdade por medida de segurana.
O C—digo Penal estabelece, ainda, o fen™meno da Detra‹o, que Ž
o abatimento do tempo de cumprimento da pena imposta, em raz‹o
do tempo que o condenado permaneceu preso provisoriamente,
administrativamente ou internado nos estabelecimentos psiqui‡tricos
previstos no art. 41. Vejamos:
																																																													
11 XLIX - Ž assegurado aos presos o respeito ˆ integridade f’sica e moral;
12 Art. 38 - O preso conserva todos os direitos n‹o atingidos pela perda da liberdade, impondo-se
a todas as autoridades o respeito ˆ sua integridade f’sica e moral. (Reda‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
Art. 39 - O trabalho do preso ser‡ sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benef’cios da
Previdncia Social. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
13 Art. 41 - O condenado a quem sobrevŽm doena mental deve ser recolhido a hospital de
cust—dia e tratamento psiqui‡trico ou, ˆ falta, a outro estabelecimento adequado. (Reda‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
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Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de
segurana, o tempo de pris‹o provis—ria, no Brasil ou no estrangeiro, o de
pris‹o administrativa e o de interna‹o em qualquer dos estabelecimentos
referidos no artigo anterior. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Por fim, h‡ ainda a previs‹o de regime de cumprimento de pena
especial ˆs presidi‡rias mulheres, que devem ser recolhidas a
estabelecimento pr—prio.14
Trata-se de regra que materializa o direito previsto no art. 5¡,
XLVIII da constitui‹o, que trata do cumprimento da pena em
estabelecimentos prisionais adequados.15
Na Lei de Execu›es Penais, inclusive, h‡ regramento espec’fico
para o tratamento das presidi‡rias gestantes e que estejam em fase de
amamenta‹o, bem como disp›e sobre a existncia de creches para que
as m‹es presidi‡rias n‹o sejam privadas da companhia de seus filhos, e
vice-versa.
(FGV Ð IX EXAME UNIFICADO DA OAB)
O sistema punitivo brasileiro Ž progressivo. Por meio dele o
condenado passa do regime inicial de cumprimento de pena mais
severo para regime mais brando, atŽ alcanar o livramento
condicional ou a liberdade definitiva.
A respeito da progress‹o de regime, assinale a afirmativa correta.
A) O sistema progressivo brasileiro Ž compat’vel com a
progress‹o Òpor saltosÓ, consistente na possibilidade da
passagem direta do regime fechado para o aberto.
B) O cumprimento da pena privativa de liberdade nos crimes
hediondos Ž uma exce‹o ao sistema progressivo. O condenado
nesta modalidade criminosa deve iniciar e encerrar o
cumprimento da pena no regime fechado, sem possibilidade de
passagem para regime mais brando.
C) A progress‹o est‡ condicionada, nos crimes contra a
Administra‹o Pœblica, ˆ repara‹o do dano causado ou ˆ
devolu‹o do produto do il’cito praticado com os acrŽscimos
legais, alŽm do cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior e
do mŽrito do condenado.
																																																													
14 Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento pr—prio, observando-se os deveres e
direitos inerentes ˆ sua condi‹o pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Cap’tulo.
(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
15 XLVIII - a pena ser‡ cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado;
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D) O pedido de progress‹o deve ser endereado ao ju’zo
sentenciante, que decidir‡ independente de manifesta‹o do
MinistŽrio Pœblico.
COMENTçRIOS:
A) No sistema brasileiro n‹o se admite a progress‹o por saltos, de forma
que progress‹o de regime deve sempre se realizar do regime mais
gravoso para o regime imediatamente menos gravoso.
B) A impossibilidade de progress‹o de regime nos crimes hediondos
deixou de existir em 2006, com decis‹o do STF. Em 2007, a Lei
11.464/07 passou a possibilitar a progress‹o de regime para os crimes
hediondos.
C) Item correto. Os critŽrios do cumprimento de 1/6 da pena e do mŽrito
do preso s‹o genŽricos. Os demais est‹o previstos especificamente para
este caso, nos termos do art. 33, ¤4¼ do CP:
Art. 33 - (...)
¤ 4o O condenado por crime contra a administra‹o pœblica ter‡ a progress‹o
de regime do cumprimento da pena condicionada ˆ repara‹o do dano que
causou, ou ˆ devolu‹o do produto do il’cito praticado, com os acrŽscimos
legais. (Inclu’do pela Lei n¼ 10.763, de 12.11.2003)
D) O pedido de progress‹o Ž endereado ao Juiz da Execu‹o, nos termos
do art. 66, III, b da LEP:
Art. 66. Compete ao Juiz da execu‹o:
(...)
III - decidir sobre:
(...)
b) progress‹o ou regress‹o nos regimes;
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.
(FGV Ð 2013 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)
Helena, condenada a pena privativa de liberdade, sofre, no curso
da execu‹o da referida pena, supervenincia de doena mental.
Nesse caso, o juiz da execu‹o, verificando que a enfermidade
mental tem car‡ter permanente, dever‡
a) aplicar o Art. 41, do CP, que assim disp›e, verbis: Ò O
condenado a quem sobrevŽm doena mental deve ser recolhido a
hospital de cust—dia e tratamento psiqui‡trico ou, ˆ falta, a outro
estabelecimento adequado.Ó
b) aplicar o Art. 97, do CP, que assim disp›e, verbis: Ò Se o agente
for inimput‡vel, o juiz determinar‡ sua interna‹o (Art. 26). Se,
todavia, o fato previsto como crime for pun’vel com deten‹o,
poder‡ o juiz submet-lo a tratamento ambulatorial.Ó
c) aplicar o Art. 183 da LEP (Lei n. 7.210/84), que assim disp›e,
verbis: ÒQuando, no curso da execu‹o da pena privativa de
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liberdade, sobrevier doena mental ou perturba‹o da saœde
mental, o Juiz, de Of’cio, a requerimento do MinistŽrio Pœblico, da
Defensoria Pœblica ou da autoridade administrativa, poder‡
determinar a substitui‹o da pena por medida de segurana.Ó
d) aplicar o Art. 108 da LEP (Lei n. 7.210/84), que assim disp›e,
verbis: ÒO condenado a quem sobrevier doena mental ser‡
internado em Hospital de Cust—dia e Tratamento Psiqui‡tricoÓ.
COMENTçRIOS: Como o condenado j‡ estava cumprindo pena quando
sobreveio doena mental, deve ser aplicado o art. 183 da LEP, e n‹o o
art. 108.
O art. 108 da LEP aplica-se apenas quando a doena mental surgeentre a
condena‹o e o in’cio do cumprimento da pena.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.
1.5.2. Penas restritivas de direitos
As penas restritivas de direitos s‹o tambŽm chamadas de Òpenas
alternativasÓ, pois se apresentam como uma alternativa ˆ aplica‹o da
pena privativa de liberdade, muitas vezes desnecess‡ria no caso
concreto.
S‹o divididas em cinco espŽcies, conforme j‡ adiantado, nos termos
do art. 43 do CP.
Duas s‹o as caracter’sticas elementares das penas restritivas de
direitos: autonomia e substitutividade.16
Por autonomia entende-se a impossibilidade de serem
aplicadas cumulativamente com a pena privativa de liberdade.
Por substitutividade entende-se o car‡ter substitutivo das penas
restritivas de direito, ou seja, elas n‹o s‹o previstas como pena
origin‡ria para nenhum crime no C—digo Penal, sendo aplicadas de
maneira a substituir uma pena privativa de liberdade
originariamente imposta, quando presentes os requisitos legais.
Entretanto, as penas restritivas de direitos devem ser aplicadas
somente se presentes alguns requisitos, que a doutrina divide em
objetivos e subjetivos.17 Os primeiros referem-se ao crime em si, e ˆ
penalidade imposta. Os œltimos est‹o ligados ˆ pessoa do criminoso.
Est‹o previstos nos incisos do art. 44 do CP.18
																																																													
16 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, 21¼ edi‹o.
S‹o Paulo, 2015, p. 659/660
17 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 662/666
18 Art. 44. As penas restritivas de direitos s‹o aut™nomas e substituem as privativas de liberdade,
quando: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
I - aplicada pena privativa de liberdade n‹o superior a quatro anos e o crime n‹o for cometido com
violncia ou grave ameaa ˆ pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
(Reda‹o dada pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
II - o rŽu n‹o for reincidente em crime doloso; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
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pena restritiva de direitos;
b) Pena superior a um ano = Substitui‹o por pena de multa e uma
pena restritiva de direitos, ou por duas restritivas de direitos. No caso de
serem aplicadas duas restritivas de direitos, o condenado poder‡ cumpri-
las simultaneamente, se forem compat’veis, ou sucessivamente, se
incompat’veis (art. 69, ¤ 2¡ do CP).
ATEN‚ÌO! O art. 60, ¤ 2¡ do CP prev que: ¤ 2¼ - A pena privativa de
liberdade aplicada, n‹o superior a 6 (seis) meses, pode ser substitu’da pela de multa,
observados os critŽrios dos incisos II e III do art. 44 deste C—digo. (Reda‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984). Como conciliar este artigo com o art. 44, ¤
2¡ do CP, que expressamente permite a substitui‹o pela pena de
multa nos casos de crime cuja pena seja igual ou inferior a um
ano? Como fazer quando a pena privativa de liberdade for
superior a seis meses, mas n‹o superior a um ano? O
entendimento majorit‡rio Ž o de que o art. 44, ¤ 2¡, por ter sido
inclu’do pela Lei 9.714/98, sendo mais recente, portanto, que o art. 60, ¤
2¡ (inclu’do pela Lei 7.209/84), revogou este œltimo, de forma que a
substitui‹o da pena privativa de liberdade pela pena de multa pode
ocorrer quando a pena aplicada n‹o for superior a um ano.19
Pode ocorrer, no entanto, durante o cumprimento da pena restritiva
de direitos, que o condenado descumpra a obriga‹o imposta pelo Juiz.
Nesse caso, ocorrer‡ o que se chama de RECONVERSÌO
OBRIGATîRIA. Embora a lei diga Òconvers‹oÓ, a convers‹o ocorreu da
primeira vez, quando se converteu a pena privativa de liberdade em
restritiva de direitos. O que acontece, agora, Ž uma reconvers‹o ˆ pena
original. Nos termos do art. 44, ¤ 4¡ do CP:
¤ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade
quando ocorrer o descumprimento injustificado da restri‹o imposta. No
c‡lculo da pena privativa de liberdade a executar ser‡ deduzido o tempo
cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo m’nimo de trinta
dias de deten‹o ou reclus‹o. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
Mas a Lei n‹o Ž injusta, de forma que se o condenado cumpriu
parte da pena restritiva de direitos imposta, o tempo que ele
cumpriu ser‡ abatido da pena privativa de liberdade que ele
cumprir‡ em raz‹o da reconvers‹o (parte final do ¤ 4¡ do art. 44 do
CP).
																																																													
19 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 671/672
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Entretanto, alŽm da reconvers‹o obrigat—ria, h‡ tambŽm hip—tese
de reconvers‹o facultativa, nos termos do art. 44, ¤ 5¡ do CP:
¤ 5o Sobrevindo condena‹o a pena privativa de liberdade, por outro crime, o
juiz da execu‹o penal decidir‡ sobre a convers‹o, podendo deixar de aplic‡-
la se for poss’vel ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. (Inclu’do
pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
Nesse caso, o Juiz da execu‹o ir‡ avaliar se o condenado pode
cumprir a pena restritiva de direitos imposta juntamente com a pena
privativa de liberdade (que o camarada acabou de receber). Se for
poss’vel, o Juiz PODE manter a pena restritiva de direitos imposta e o
condenado cumprir‡ ambas, simultaneamente; se n‹o for poss’vel,
haver‡ a reconvers‹o para a pena privativa de liberdade anteriormente
aplicada.20
EXEMPLO: Imagine que fulano tenha sido condenado a pena de 02 anos
de deten‹o, substitu’da por restritiva de direitos consistente na
presta‹o de servios ˆ comunidade. Enquanto cumpria a pena
alternativa, fulano foi condenado a uma pena privativa de liberdade que
n‹o foi suspensa (sursis) nem convertida em restritiva de direitos. Nesse
caso, o cumprimento de ambas Ž invi‡vel, pois fulano n‹o pode ao
mesmo tempo estar preso e cumprir a pena de presta‹o de servios ˆ
comunidade. Assim, dever‡ haver a reconvers‹o da restritiva de direito
em privativa de liberdade.
PorŽm, se no exemplo acima, a pena restritiva de direitos imposta
fosse de presta‹o pecuni‡ria, n‹o haveria nenhum impedimento ao
cumprimento simult‰neo desta com a nova pena privativa de liberdade
imposta, de forma que o Juiz da execu‹o poderia deixar de reconvert-
la.
CUIDADO! N‹o se admite a reconvers‹o se o condenado deixa
de pagar a pena de multa, pois o CP s— admite a reconvers‹o no caso
de descumprimento das penas restritivas de direitos e n‹o no caso de
descumprimento da pena multa.
CUIDADO II! N‹o se deve confundir pena de MULTA com pena de
PRESTA‚ÌO PECUNIçRIA. A primeira Ž uma modalidade de pena, a
outra Ž uma espŽcie de pena RESTRITIVA DE DIREITOS. No primeiro
caso, NÌO ƒ POSSêVEL A CONVERSÌO EM PRISÌO pelo n‹o
pagamento. No segundo caso Ž POSSêVEL, conforme entendimento do
STJ.21
																																																													
20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 699
21 HC 133.942/MG, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em 28/02/2012, DJe 20/03/2012
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(ii) Perda de bens e valores
A perda de bens e valores, tal qual a pena de presta‹o pecuni‡ria,
Ž uma modalidade de pena restritiva de direitos que atinge o patrim™nio
financeiro do condenado.23
Poder‡ ter, como teto, dois par‰metros:
¥ Montante do preju’zo causado
¥ Montante do proveito obtido pelo agente ou porterceiro
com a pr‡tica do delito
Perceba, caro aluno, que esta pena s— poder‡ ser aplicada nas
hip—teses de crimes que gerem algum preju’zo ao sujeito passivo ou
tragam algum benef’cio ao sujeito ativo ou a terceira pessoa.
N‹o confundam a pena de perdimento de bens,
art. 45, ¤ 3¡ do CP (modalidade de pena restritiva de direitos), com o
confisco, previsto no art. 91, II do CP (perda de bens em raz‹o da
condena‹o). A pena de perdimento de bens incide sobre o
patrim™nio l’cito do condenado, sendo, portanto, uma pena
propriamente dita. J‡ o confisco n‹o Ž pena, mas efeito da
condena‹o, e incide sobre o patrim™nio il’cito do agente,
constitu’do pelo produto do crime e pelos instrumentos do delito,
desde que estes consistam em coisas cujo fabrico, aliena‹o, uso, porte
ou deten‹o constitua fato il’cito.
(iii) Presta‹o de servios ˆ comunidade
A pena de presta‹o de servios ˆ comunidade consiste, nos termos
do art. 46, ¤¤ 1¡ e 2¡ do CP:
Art. 46. A presta‹o de servios ˆ comunidade ou a entidades pœblicas Ž
aplic‡vel ˆs condena›es superiores a seis meses de priva‹o da liberdade.
(Reda‹o dada pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
¤ 1o A presta‹o de servios ˆ comunidade ou a entidades pœblicas consiste
na atribui‹o de tarefas gratuitas ao condenado. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714,
de 1998)
¤ 2o A presta‹o de servio ˆ comunidade dar-se-‡ em entidades
assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos
																																																													
23 Est‡ prevista no art. 45, ¤ 3¡ do CP:
¤ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-‡, ressalvada a legisla‹o
especial, em favor do Fundo Penitenci‡rio Nacional, e seu valor ter‡ como teto - o que for maior -
o montante do preju’zo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em
consequncia da pr‡tica do crime. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
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congneres, em programas comunit‡rios ou estatais. (Inclu’do pela Lei n¼
9.714, de 1998)
De plano, vocs podem perceber que se trata de pena restritiva de
direitos somente cab’vel nas condena›es a pena privativa de
liberdade superior a 06 meses.
Embora o CP se refira a Òentidades pœblicasÓ, a Doutrina entende
que, ˆ semelhana do que ocorre com a pena de presta‹o pecuni‡ria,
esta pode ter como destinat‡ria entidade privada, desde que
possua destina‹o social.24
A Doutrina entende, ainda, que a pena n‹o pode ser prestada em
Igrejas, por n‹o se tratar de servio ˆ comunidade, e pelo fato de que
seria uma ofensa ao princ’pio do Estado laico (art. 19, I da Constitui‹o).
O ¤ 1¡ determina que a pena deva ser cumprida mediante a
atribui‹o de tarefas gratuitas ao condenado. Ou seja, diferentemente do
que ocorre no caso de trabalho realizado pelo preso no estabelecimento
prisional, quando em cumprimento de pena privativa de liberdade, aqui o
condenado n‹o recebe nada pelo trabalho, exatamente porque
esta Ž a pr—pria pena. Na pena privativa de liberdade a execu‹o das
tarefas n‹o Ž a pena (que Ž a priva‹o da liberdade), moÕtivo pelo qual
naqueles casos o preso deve receber retribui‹o salarial.
O ¤ 3¡ estabelece que as tarefas sejam atribu’das de acordo com
as aptid›es do condenado. Vejamos:
¤ 3o As tarefas a que se refere o ¤ 1o ser‹o atribu’das conforme as aptid›es
do condenado, devendo ser cumpridas ˆ raz‹o de uma hora de tarefa por dia
de condena‹o, fixadas de modo a n‹o prejudicar a jornada normal de
trabalho. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
Assim, n‹o pode o Juiz determinar a um pintor que preste servio
de carpintaria em uma escola, pois n‹o se enquadra dentro das suas
aptid›es, sendo imposs’vel de ser cumprida.
A pena n‹o pode, ainda, ser vexat—ria, humilhante ou possuir
qualquer outra caracter’stica contr‡ria ˆ sua finalidade.
O sistema de cumprimento adotado pelo CP Ž o da hora-tarefa, ou
seja, cada hora de tarefa realizada ser‡ computada como um dia da
condena‹o.
EXEMPLO: Imagine que fulano foi condenado a 08 meses de deten‹o,
tendo sua pena sido convertida em restritiva de direitos, consistente na
presta‹o de servios ˆ comunidade. Assim, cada hora-tarefa cumprida
por fulano corresponder‡ a um dia de cumprimento da pena.
																																																													
24 Em nenhuma hip—tese ser‡ poss’vel a presta‹o de servios a entidades privadas que visem
lucro. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 682
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Entretanto, o ¤ 4¡ estabelece que se pena aplicada for superior a
um ano, para que n‹o se torne muito extensa, poder‡ ser cumprida em
menor tempo, mas nunca inferior ˆ metade.
¤ 4o Se a pena substitu’da for superior a um ano, Ž facultado ao condenado
cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior ˆ
metade da pena privativa de liberdade fixada. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
Imagine, no exemplo anterior, que a condena‹o de fulano tenha
sido a dois anos de reclus‹o. Nesse caso, o CP possibilita que fulano
realize duas horas-tarefa por dia, o que lhe far‡ abater dois dias de
cumprimento da pena, que ser‡ cumprida na metade do tempo previsto.
No entanto, o cumprimento n‹o pode se dar em menos da metade do
tempo previsto!
(iv) Interdi‹o tempor‡ria de direitos
A pena de interdi‹o tempor‡ria de direitos est‡ prevista no art. 47
do CP, e pode consistir em:
Art. 47 - As penas de interdi‹o tempor‡ria de direitos s‹o: (Reda‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - proibi‹o do exerc’cio de cargo, fun‹o ou atividade pœblica, bem como de
mandato eletivo; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - proibi‹o do exerc’cio de profiss‹o, atividade ou of’cio que dependam de
habilita‹o especial, de licena ou autoriza‹o do poder pœblico;(Reda‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - suspens‹o de autoriza‹o ou de habilita‹o para dirigir ve’culo. (Reda‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)>
IV - proibi‹o de freqŸentar determinados lugares. (Inclu’do pela Lei n¼
9.714, de 1998)
V - proibi‹o de inscrever-se em concurso, avalia‹o ou exame pœblicos.
(Inclu’do pela Lei n¼ 11.250, de 2011)
As duas primeiras hip—teses s‹o modalidades de penas restritivas
de direitos espec’ficas, pois s— podem ser aplicadas quando o crime
for cometido no exerc’cio do cargo ou fun‹o pœblica, ou, na
segunda hip—tese, no exerc’cio de atividade que dependa de
habilita‹o especial, licena ou autoriza‹o do poder pœblico. Esta
Ž a previs‹o do art. 56 do CP:
Art. 56 - As penas de interdi‹o, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste
C—digo, aplicam-se para todo o crime cometido no exerc’cio de profiss‹o,
atividade, of’cio, cargo ou fun‹o, sempre que houver viola‹o dos deveres
que lhes s‹o inerentes. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
EXEMPLO: Se um funcion‡rio pœblico comete um crime de les‹o
corporal, sem qualquer rela‹o com o exerc’cio das fun›es, n‹o pode
lhe ser imposta a pena suspens‹o de exerc’cio de cargo ou fun‹o
pœblica. Da mesma forma, se um mŽdico Ž condenado pelo crime de
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furto, n‹o poder‡ ser privado do exerc’cio de sua atividade, pois o crime
praticado n‹o guarda qualquer rela‹o com o exerc’cio da atividade.
N‹o devemos confundir esta pena com o efeito da condena‹o
previsto noart. 92, I do CP.
A pena de suspens‹o de autoriza‹o ou habilita‹o para dirigir
ve’culo (inciso III) somente se aplica nos casos de crimes culposos
cometidos no tr‰nsito. Nos termos do art. 57 do CP:
Art. 57 - A pena de interdi‹o, prevista no inciso III do art. 47 deste C—digo,
aplica-se aos crimes culposos de tr‰nsito. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209,
de 11.7.1984)
Entretanto, com a edi‹o do C—digo de Tr‰nsito Brasileiro (Lei
9.503/97), este dispositivo perdeu muito de sua utilidade, pois o CTB
cuida com certa minœcia da matŽria, inclusive no que tange ˆ aplica‹o
desta pena de interdi‹o. Entretanto, isto n‹o Ž tema para a nossa aula.
CUIDADO! Esta pena n‹o pode ser confundida com o efeito da
condena‹o previsto no art. 92, III do CP:
Art. 92 - S‹o tambŽm efeitos da condena‹o: (Reda‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
(...) III - a inabilita‹o para dirigir ve’culo, quando utilizado como meio para
a pr‡tica de crime doloso. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
A pena restritiva de direitos consistente na suspens‹o do direito de dirigir
Ž uma pena que se aplica aos crimes culposos cometidos no tr‰nsito. J‡ o
efeito da condena‹o, consistente na inabilita‹o para dirigir, ocorre
quando o ve’culo Ž utilizado como meio para a pr‡tica de crime doloso
(atropelamento doloso, por exemplo).25
Por sua vez, a proibi‹o de frequentar determinados lugares Ž
uma pena de dif’cil fiscaliza‹o, pois, primeiramente, a Lei n‹o
estabeleceu quais s‹o os lugares, ficando a critŽrio do Juiz26. Em segundo
lugar, a ausncia de mecanismos h‡beis para a realiza‹o da fiscaliza‹o
dificulta demais a aplica‹o desta pena.
Entretanto, a Doutrina entende que se trata de uma pena
constitucional, e que mesmo a express‹o vaga Òdeterminados lugaresÓ
n‹o ofende o princ’pio da legalidade, na medida em que esta Ž uma pena
alternativa, sendo originariamente prevista a pena privativa de liberdade,
perfeitamente bem delimitada.
Finalizando com chave-de-ouro, o inciso V (inclu’do pela Lei
11.250/11) prev uma quinta modalidade de interdi‹o de direitos,
																																																													
25 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 688/689
26 Entende-se que o lugar deva ter alguma rela‹o com o delito cometido, e que seja um lugar que
exera influncia crimin—gena sobre o condenado (um lugar que propicie a ele a pr‡tica do delito).
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 690/691
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consistente na impossibilidade de o condenado se inscrever em concurso,
avalia‹o ou exame pœblico.
A Lei n‹o disse por quanto tempo, mas por l—gica, em se tratando
de uma pena substitutiva, esta pena ter‡ como dura‹o o mesmo
per’odo da pena privativa de liberdade aplicada.
(v) Limita‹o de fim de semana
Est‡ regulamentada pelo art. 48 do CP:
Art. 48 - A limita‹o de fim de semana consiste na obriga‹o de permanecer,
aos s‡bados e domingos, por 5 (cinco) horas di‡rias, em casa de albergado
ou outro estabelecimento adequado. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Par‡grafo œnico - Durante a permanncia poder‹o ser ministrados ao
condenado cursos e palestras ou atribu’das atividades educativas.(Reda‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Trata-se de uma pena raramente aplicada, em raz‹o da
praticamente inexistncia, no Brasil, de casas de albergado e congneres.
O STJ entende que se essa pena for aplicada, n‹o havendo casa de
albergado em que possa ser cumprida, n‹o pode o condenado ser
submetido a estabelecimento prisional, por ser medida mais gravosa que
a pena imposta.
(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)
Com rela‹o aos critŽrios para substitui‹o da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos, assinale a alternativa correta.
a) A substitui‹o nunca poder‡ ocorrer se o rŽu for reincidente em
crime doloso.
b) Somente far‡ jus ˆ substitui‹o o rŽu que for condenado a pena
n‹o superior a 4 (quatro) anos.
c) Em caso de descumprimento injustificado da pena restritiva de
direitos, esta ser‡ convertida em privativa de liberdade,
reiniciando-se o cumprimento da integralidade da pena fixada em
sentena.
d) Se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substitu’da por uma pena restritiva de direitos e multa ou por
duas restritivas de direitos.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: Item errado, pois embora esta seja a veda‹o prevista no
art. 44, II do CP, o ¤3¼ do mesmo art. 44 excepciona a regra,
estabelecendo que mesmo nestes casos o Juiz poder‡ realizar a
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substitui‹o, desde que n‹o se trate de reincidncia espec’fica (mesmo
crime) e que a medida seja recomend‡vel.
B) ERRADA: Item errado, pois o rŽu condenado por crime culposo pode
ter sua pena substitu’da, independentemente da quantidade de pena
aplicada, nos termos do art. 44, I do CP.
C) ERRADA: Item errado, pois o tempo cumprido de pena restritiva de
direitos ser‡ abatido da pena privativa de liberdade a executar, nos
termos do art. 44, ¤4¼ do CP.
D) CORRETA: Item correto, pois esta Ž a exata previs‹o do art. 44, ¤2¼,
parte final, do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
1.5.3. Pena de multa
A pena de multa pode ser conceituada como a penalidade (san‹o
penal) consistente no pagamento de determinada quantia em dinheiro e
destinada ao Fundo Penitenci‡rio Nacional. Nos termos do art. 49, e seus
¤¤, do CP:
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenci‡rio da
quantia fixada na sentena e calculada em dias-multa. Ser‡, no m’nimo, de
10 (dez) e, no m‡ximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. (Reda‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - O valor do dia-multa ser‡ fixado pelo juiz n‹o podendo ser inferior a
um trigŽsimo do maior sal‡rio m’nimo mensal vigente ao tempo do fato, nem
superior a 5 (cinco) vezes esse sal‡rio. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2¼ - O valor da multa ser‡ atualizado, quando da execu‹o, pelos ’ndices
de corre‹o monet‡ria. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
O critŽrio utilizado para a fixa‹o da pena de multa Ž o do dia-
multa. O valor do Òdia-multaÓ ser‡ arbitrado pelo Juiz, em montante que
varie entre 1/30 (um trigŽsimo) e 5 vezes o valor do maior sal‡rio
m’nimo vigente Ë ƒPOCA DO FATO!
Perceba, caro aluno, que a aplica‹o da pena de multa obedece a
um sistema BIFçSICO, no qual o Juiz:
a) Primeiro fixa a quantidade de dias-multa.
b) Depois, fixa o valor de cada dia multa.
O produto da multiplica‹o do nœmero de dias multa pelo
valor de cada dia multa ser‡ o montante total da condena‹o.
EXEMPLO: Imagine que um rŽu Ž condenado ao pagamento de 10 dias-
multa, considerando-se cada dia multa como 1/30 do maior sal‡rio
m’nimo vigente (exemplificativamente, R$ 600,00). Assim, 1/30 de R$
600,00 igual a R$ 20,00. Desta forma, o valor total da condena‹o ser‡
de 10 (quantidade de dias-multa) x R$ 20,00 (valor do dia-multa). Logo,
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a pena de multa ser‡ fixada em R$ 200,00 (Duzentos reais).
Este critŽrio possibilita o exerc’cio do princ’pio da
individualiza‹o da pena, pois confere ao Juiz uma amplitude enorme
na fixa‹o do valor da pena de multa.
A Doutrina entende que27:
A quantidade de dias-multa Ž calculada com base no fato
criminoso e na personalidade do agente(circunst‰ncias do
art. 59 do CP).
O valor de cada dia-multa Ž fixado com base na situa‹o
econ™mica do infrator.
O art. 60 do CP prev que a pena de multa deve ser fixada levando-
se em conta a situa‹o econ™mica do rŽu, entretanto, essa fixa‹o com
base na situa‹o econ™mica do rŽu se refere ˆ fixa‹o do valor do dia-
multa. AlŽm disso, seu ¤ 1¡ permite a majora‹o da pena de multa
em atŽ trs vezes, caso mesmo sendo aplicada ao m‡ximo, o Juiz
considere que ela ainda Ž insuficiente.
Art. 60 - Na fixa‹o da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, ˆ
situa‹o econ™mica do rŽu. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - A multa pode ser aumentada atŽ o triplo, se o juiz considerar que, em
virtude da situa‹o econ™mica do rŽu, Ž ineficaz, embora aplicada no
m‡ximo. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Ressalto a vocs que esse sistema de aplica‹o da pena de multa Ž
genŽrico, ou subsidi‡rio. Assim, nada impede que a Legisla‹o
Especial, e atŽ mesmo o CP, prevejam situa›es especiais nas
quais o critŽrio para a aplica‹o da pena de multa seja outro.
O pagamento da pena de multa deve se dar em atŽ 10 dias a contar
do tr‰nsito em julgado da sentena, podendo o Juiz, considerando as
circunst‰ncias e a requerimento do condenado, permitir o parcelamento
do seu pagamento (art. 50 do CP).
O CP permite, ainda, que a pena de multa seja descontada
diretamente na remunera‹o do condenado, salvo na hip—tese de ter sido
aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade (¤ 1¡ do art.
50 do CP), E NÌO PODE INCIDIR SOBRE RECURSOS QUE SEJAM
INDISPENSçVEIS AO SUSTENTO DO INFRATOR E DE SUA FAMêLIA
(¤ 2¡ do art. 50 do CP).
Conforme j‡ havia adiantado a vocs, n‹o cumprida
espontaneamente a pena de multa, n‹o pode haver convers‹o em
																																																													
27 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p.
529/530
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pena privativa de liberdade28, muito menos reconvers‹o (porque
nunca houve convers‹o). Nesse caso, a multa ser‡ considerada como
d’vida de valor e executada pelo procedimento de cobrana da d’vida
ativa da Fazenda Pœblica (Execu‹o Fiscal).29
A Doutrina e a Jurisprudncia entendem, em raz‹o disso, que
embora o n‹o cumprimento da pena de multa n‹o possa gerar a
convers‹o em pena privativa de liberdade, isto n‹o lhe retira seu car‡ter
de pena. Assim, aplicada pena de multa e sobrevindo a morte do
infrator, estar‡ extinta a punibilidade30, nos termos do art. 107, I do
CP, j‡ que n‹o se pode estender os efeitos da pena aos sucessores do
infrator, por fora do art. 5¡, XLV da Constitui‹o, que ressalvou
apenas a obriga‹o de reparar o dano e o perdimento de bens.
Por fim, o art. 52 do CP prev que, sobrevindo doena mental ao
condenado, ficar‡ suspensa a pena de multa:
Art. 52 - ƒ suspensa a execu‹o da pena de multa, se sobrevŽm ao
condenado doena mental. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
1.6. Aplica‹o das penas
A aplica‹o da pena Ž o ato mediante o qual o Juiz, ap—s o processo
criminal, proferindo sentena penal condenat—ria, efetivamente aplica a
san‹o penal ao infrator.
A doutrina o classifica como um ato discricion‡rio do juridicamente
vinculado, ou seja, o Juiz possui certo grau de discricionariedade na
fixa‹o da pena, mas deve respeitar os limites estabelecidos pela Lei.
O sistema de aplica‹o da pena estabelecido pelo CP Ž o
trif‡sico, no que tange ˆ pena privativa de liberdade, pois ela Ž
fixada ap—s a supera‹o de trs etapas:
Art. 68 - A pena-base ser‡ fixada atendendo-se ao critŽrio do art. 59 deste
C—digo; em seguida ser‹o consideradas as circunst‰ncias atenuantes e
agravantes; por œltimo, as causas de diminui‹o e de aumento. (Reda‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
1.6.1. Etapas da fixa‹o da pena privativa de liberdade
Como vimos, na fixa‹o da pena privativa de liberdade se adota um
sistema trif‡sico. Da seguinte forma:
SISTEMA TRIFçSICO DE APLICA‚ÌO DA PENA PRIVATIVA DE
																																																													
28 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 530/531
29 Art. 51 - Transitada em julgado a sentena condenat—ria, a multa ser‡ considerada d’vida de
valor, aplicando-se-lhes as normas da legisla‹o relativa ˆ d’vida ativa da Fazenda Pœblica,
inclusive no que concerne ˆs causas interruptivas e suspensivas da prescri‹o. (Reda‹o dada pela
Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996)
30 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 531
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LIBERDADE
¥ Fixa‹o da pena-base
¥ Aplica‹o de agravantes e atenuantes
¥ Aplica‹o de causas de aumento e diminui‹o da pena
1.6.1.1. Fixa‹o da pena-base
Assim disp›e o art. 59 do CP:
Art. 59 - O juiz, atendendo ˆ culpabilidade, aos antecedentes, ˆ conduta
social, ˆ personalidade do agente, aos motivos, ˆs circunst‰ncias e
consequncias do crime, bem como ao comportamento da v’tima,
estabelecer‡, conforme seja necess‡rio e suficiente para reprova‹o e
preven‹o do crime: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Essas circunst‰ncias mencionadas no art. 59 s‹o chamadas de
circunst‰ncias judiciais, e s‹o levadas em considera‹o pelo Juiz para
a fixa‹o da pena-base. Quando favor‡veis ao agente, trazem a pena-
base para pr—ximo do m’nimo previsto. Quanto mais desfavor‡veis,
elevam a pena-base para mais pr—ximo do m‡ximo previsto.
CUIDADO! Nesta etapa, ainda que as circunst‰ncias judiciais sejam
extremamente favor‡veis ao condenado, n‹o pode o Juiz fixar a pena-
base abaixo do m’nimo legal.
AlŽm disso, as circunst‰ncias judiciais possuem um car‡ter
subsidi‡rio, ou seja, s— podem ser levadas em considera‹o se n‹o
tiverem sido consideradas na previs‹o do tipo penal e n‹o constituam
circunst‰ncias legais (agravantes ou atenuantes) ou causas de
aumento e diminui‹o da pena.
EXEMPLO: Imagine que JosŽ Ž condenado por agredir um senhor de 85
anos. O Juiz n‹o pode agravar a pena-base em raz‹o das circunst‰ncias
do crime (superioridade de foras em rela‹o ˆ v’tima, que Ž pessoa
vulner‡vel), pois essa circunst‰ncia Ž prevista no art. 61, II, h do CP
como uma circunst‰ncia legal (agravante). Vejamos:
Art. 61 - S‹o circunst‰ncias que sempre agravam a pena, quando n‹o
constituem ou qualificam o crime:(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidncia; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
h) contra criana, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher gr‡vida;
(Reda‹o dada pela Lei n¼ 10.741, de 2003)
Assim, se o Juiz aumentasse a pena-base por aquele motivo, e depois
aplicasse a circunst‰ncia legal agravante, haveria o que se chama de Bis
in idem, que Ž a considera‹o de uma mesma circunst‰ncia duas vezes
em preju’zo do rŽu, o que n‹o Ž permitido (Ou dupla puni‹o pelo
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mesmo fato).
E se o crime for qualificado, e o agente tiver praticado o
crime mediante a pr‡tica de diversas qualificadoras? Nesse caso, o
entendimento majorit‡rio Ž o de que o Juiz deve levar apenas uma
qualificadora em considera‹o para qualificar o crime, utilizando as
demais como circunst‰ncias agravantes (se previstas) ou circunst‰nciasjudiciais (que agravam a pena-base).
EXEMPLO: Imaginem que Ronaldo cometeu homic’dio por motivo torpe,
mediante emboscada e com a finalidade de assegurar a oculta‹o de
outro crime. Estas trs situa›es (motivo torpe, emboscada e finalidade
de assegurar a oculta‹o de outro crime) s‹o qualificadoras do homic’dio.
Vejamos:
¤ 2¡ Se o homic’dio Ž cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
(...);
IV - ˆ trai‹o, de emboscada, ou mediante dissimula‹o ou outro recurso
que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execu‹o, a oculta‹o, a impunidade ou vantagem de
outro crime:
Pena - reclus‹o, de doze a trinta anos.
Nesse caso, o Juiz considerar‡ apenas um dos fatores para qualificar o
crime, utilizando os demais como agravantes ou circunst‰ncias judiciais
que aumentam a pena-base.
Como todas as trs situa›es s‹o circunst‰ncias agravantes genŽricas, o
Juiz dever‡ utilizar as outras duas como agravantes. Nos termos do art.
61, II do CP:
Art. 61 - S‹o circunst‰ncias que sempre agravam a pena, quando n‹o
constituem ou qualificam o crime:(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
II - ter o agente cometido o crime: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) por motivo fœtil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execu‹o, a oculta‹o, a impunidade ou
vantagem de outro crime;
c) ˆ trai‹o, de emboscada, ou mediante dissimula‹o, ou outro recurso que
dificultou ou tornou imposs’vel a defesa do ofendido;
Portanto, a utiliza‹o de algum fato como circunst‰ncia judicial se
d‡ de maneira subsidi‡ria, ou seja, somente se este fato ainda n‹o tenha
sido levado em conta na pr—pria defini‹o do crime ou n‹o se trate de
circunst‰ncia agravante ou causa de aumento de pena.
Na fixa‹o da pena-base, o Juiz deve partir do m’nimo legal, e
s— poder‡ sair desse patamar se estiverem presentes
circunst‰ncias desfavor‡veis, devendo fundamentar a sua decis‹o.
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Algumas quest›es costumam ser bem polmicas. Vamos a elas:
¥ Maus antecedentes Ð O STJ e o STF entendem que a mera
existncia de InquŽritos Policiais e a›es penais em curso, sem
tr‰nsito em julgado31, n‹o podem ser considerados como maus
antecedentes para aumento da pena-base, pois isso seria viola‹o
ao princ’pio da presun‹o de inocncia (sœmula 444 do STJ)
¥ Condena‹o anterior Ð N‹o pode ser considerada como mau
antecedente, pois j‡ Ž considerada como reincidncia (agravante).
¥ Consequncias do crime - Para que possam caracterizar
circunst‰ncia judicial apta a aumentar pena base, devem ser
consequncias que n‹o sejam as naturais do delito Ð
EXEMPLO: O Juiz n‹o pode aumentar a pena base de um
homic’dio consumado ao argumento de que a consequncia do
crime foi grave, j‡ que a v’tima morreu. Ora, em todo homic’dio
consumado Ž LîGICO que a v’tima morreu!
¥ Gravidade abstrata do delito e aumento da pena base ou
fixa‹o de regime de cumprimento de pena mais gravoso Ð
N‹o pode o julgador aumentar a pena base apenas por entender
que o delito Ž, abstratamente, grave (pois isso j‡ foi levado em
conta pelo legislador ao fixar os patamares m’nimo e m‡ximo).
AlŽm disso, tal circunst‰ncia tambŽm n‹o pode ser utilizada para a
fixa‹o de regime prisional mais gravoso que o naturalmente
previsto para aquela quantidade de pena aplicada. Sœmula 718 do
STF:
Sœmula 718 do STF
A OPINIÌO DO JULGADOR SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME
NÌO CONSTITUI MOTIVA‚ÌO IDïNEA PARA A IMPOSI‚ÌO DE REGIME MAIS
SEVERO DO QUE O PERMITIDO SEGUNDO A PENA APLICADA.
																																																													
31 No julgamento do HC 126.292 o STF decidiu que o cumprimento da pena pode se
iniciar com a mera condena‹o em segunda inst‰ncia por um —rg‹o colegiado (TJ, TRF,
etc.). Isso significa que o STF relativizou o princ’pio da presun‹o de inocncia,
admitindo que a ÒculpaÓ (para fins de cumprimento da pena) j‡ estaria formada nesse
momento (embora a CF/88 seja expressa em sentido contr‡rio). Isso significa que,
possivelmente, teremos (num futuro breve) altera‹o nesta sœmula do STJ e na
jurisprudncia consolidada do STF, de forma que a›es penais em curso passem a poder
ser consideradas como maus antecedentes, desde que haja, pelo menos, condena‹o em
segunda inst‰ncia por —rg‹o colegiado (mesmo sem tr‰nsito em julgado). HC
126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 17.2.2016.
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1.6.1.2. Segunda fase: an‡lise das agravantes e atenuantes
S‹o circunst‰ncias legais, que agravam ou atenuam a pena fixada
inicialmente (pena-base). S‹o consideradas ÒgenŽricasÓ por estarem
previstas na parte geral do CP. Existem, entretanto, atenuantes
espec’ficas, previstas para determinados tipos penais, como, por
exemplo, a prevista no art. 398 do CTB Ð C—digo de Tr‰nsito Brasileiro.
As agravantes genŽricas est‹o previstas nos arts. 61 a 62 do CP, e
SÌO UM ROL TAXATIVO (somente aquelas).
Nos termos do CP, as agravantes genŽricas s‹o:
Art. 61 - S‹o circunst‰ncias que sempre agravam a pena, quando n‹o
constituem ou qualificam o crime:(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidncia; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) por motivo fœtil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execu‹o, a oculta‹o, a impunidade ou
vantagem de outro crime;
c) ˆ trai‹o, de emboscada, ou mediante dissimula‹o, ou outro recurso que
dificultou ou tornou imposs’vel a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso
ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irm‹o ou c™njuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de rela›es domŽsticas, de
coabita‹o ou de hospitalidade, ou com violncia contra a mulher na forma
da lei espec’fica; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 11.340, de 2006)
g) com abuso de poder ou viola‹o de dever inerente a cargo, of’cio,
ministŽrio ou profiss‹o; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 9.318, de 1996)
h) contra criana, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher gr‡vida;
(Reda‹o dada pela Lei n¼ 10.741, de 2003)
i) quando o ofendido estava sob a imediata prote‹o da autoridade;
j) em ocasi‹o de incndio, naufr‡gio, inunda‹o ou qualquer calamidade
pœblica, ou de desgraa particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62 - A pena ser‡ ainda agravada em rela‹o ao agente que: (Reda‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - promove, ou organiza a coopera‹o no crime ou dirige a atividade dos
demais agentes; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - coage ou induz outrem ˆ execu‹o material do crime; (Reda‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - instiga ou determina a cometer o crime alguŽm sujeito ˆ sua autoridade
ou n‹o-pun’vel em virtude de condi‹o ou qualidade pessoal; (Reda‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de
recompensa.(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
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J‡ as atenuantes genŽricas (favor‡veis ao rŽu) est‹o previstas
no art. 65 do CP, e s‹o um ROL MERAMENTEEXEMPLIFICATIVO
(conforme preconiza o art. 66 do CP), ou seja, podem ser utilizadas
outras circunst‰ncias n‹o previstas naquela lista.
Nos termos do CP:
Art. 65 - S‹o circunst‰ncias que sempre atenuam a pena: (Reda‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70
(setenta) anos, na data da sentena; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - o desconhecimento da lei; (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - ter o agente:(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espont‰nea vontade e com eficincia, logo ap—s o
crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequncias, ou ter, antes do
julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coa‹o a que podia resistir, ou em cumprimento de
ordem de autoridade superior, ou sob a influncia de violenta emo‹o,
provocada por ato injusto da v’tima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influncia de multid‹o em tumulto, se n‹o o
provocou.
Art. 66 - A pena poder‡ ser ainda atenuada em raz‹o de circunst‰ncia
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora n‹o prevista
expressamente em lei. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
A Doutrina entende, ainda, que as agravantes s— se aplicam aos
crimes dolosos (majorit‡ria), exceto a agravante da reincidncia.32
As circunst‰ncias legais (agravantes e atenuantes genŽricas) s‹o de
aplica‹o obrigat—ria pelo Juiz. Em qualquer caso, a aplica‹o de uma
agravante nunca pode levar a pena a ficar acima do m‡ximo
previsto para o crime. Assim, se o Juiz, ao fixar a pena base, a fixa no
m‡ximo legal, de nada servir‡ a agravante genŽrica.
Da mesma forma, sendo fixada a pena-base no m’nimo legal, a
aplica‹o da atenuante n‹o ter‡ qualquer utilidade, pois a pena j‡ estar‡
no m’nimo legal (sœmula 231 do STJ).
A Lei Penal, entretanto, n‹o estabelece uma quantidade de
diminui‹o ou aumento que deva ser aplicada. Esse critŽrio Ž do Juiz.
Com rela‹o ˆs agravantes, destacamos a reincidncia, por ser
extremamente complexa. Vamos estud‡-la detalhadamente.
(I)REINCIDæNCIA
																																																													
32 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 516
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A reincidncia Ž a pr‡tica de um crime ap—s ter o agente sido
condenado por sentena irrecorr’vel em outro crime, no Brasil ou
no exterior (art. 63 do CP). No entanto, Ž poss’vel a reincidncia no caso
de pr‡tica de contraven‹o ap—s ter sido o agente condenado por
sentena irrecorr’vel pela pr‡tica de crime ou contraven‹o. No entanto, a
pr‡tica de crime ap—s a condena‹o criminal irrecorr’vel por
contraven‹o NÌO GERA REINCIDæNCIA. Assim:
INFRA‚ÌO
ANTERIOR
INFRA‚ÌO
POSTERIOR
RESULTADO
CRIME CRIME REINCIDENTE
CRIME CONTRAVEN‚ÌO REINCIDENTE
CONTRAVEN‚ÌO CONTRAVEN‚ÌO REINCIDENTE
CONTRAVEN‚ÌO CRIME PRIMçRIO
Resumindo, a pr‡tica de contraven‹o penal ap—s a condena‹o
irrecorr’vel por qualquer infra‹o penal (contraven‹o ou crime), gera
reincidncia. J‡ a pr‡tica de crime s— gera a condi‹o de reincidente se a
condena‹o anterior se deu por outro crime, n‹o gerando este efeito
no caso de condena‹o anterior por contraven‹o.
Assim, temos a absurda hip—tese de alguŽm praticar duas
contraven›es e ser reincidente. J‡ no caso de pr‡tica de um crime
posteriormente a uma condena‹o por contraven‹o, SERç PRIMçRIO!
Trata-se de brecha legislativa!33
Nos termos do art. 63 do CP:
Art. 63 - Verifica-se a reincidncia quando o agente comete novo crime,
depois de transitar em julgado a sentena que, no Pa’s ou no estrangeiro, o
tenha condenado por crime anterior. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Para que seja provada a reincidncia, Ž necess‡rio que haja certid‹o
do cart—rio judicial acerca da condena‹o anterior (STJ).
A reincidncia pode ser:
a) real Ð quando o agente comete novo crime ap—s cumprir a pena
anterior.
b) ficta ou presumida Ð quando o agente pratica novo crime ap—s
a condena‹o anterior, pouco importando se tenha ou n‹o cumprido a
pena.
O CP ADOTOU A TEORIA PRESUMIDA.
A reincidncia pode, ainda, ser:
																																																													
33 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 523
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a) genŽrica Ð os crimes praticados s‹o diversos.
b) espec’fica Ð os crimes praticados s‹o previstos no mesmo tipo
penal.
Em regra, n‹o se distingue uma da outra (genŽrica da espec’fica),
mas h‡ situa›es em que a Lei estabelece consequncias
diferentes para o reincidente genŽrico e para o espec’fico (essa
œltima Ž sempre considerada mais grave).
A reincidncia s— ocorrer‡ se o crime novo for praticado no per’odo
de atŽ cinco anos a partir da data EM QUE A PENA ANTERIOR SE
EXTINGUIU (e n‹o a data da sentena), computando-se o per’odo de
prova da suspens‹o condicional da pena ou do livramento condicional, se
n‹o tiver havido revoga‹o. ESSE PERêODO SE CHAMA PERêODO
DEPURADOR.
CUIDADO! No crime anterior, se houve a extin‹o da punibilidade antes
de ser proferida sentena condenat—ria irrecorr’vel, NUNCA HAVERç
REINCIDæNCIA, pois n‹o chegou a haver condena‹o irrecorr’vel.
Assim, temos o reincidente (aquele que se enquadra nas situa›es
explicadas) e o prim‡rio (aquele que n‹o se enquadra nestas situa›es).
Todavia, a Jurisprudncia criou a figura do TECNICAMENTE
PRIMçRIO34, que Ž aquele camarada que possui condena‹o definitiva,
mas n‹o Ž reincidente, por n‹o ter praticado crime ap—s a condena‹o
definitiva no outro, mas antes desta, ou por ter praticado esta nova
infra‹o ap—s o PERêODO DEPURADOR.
Cuidado! Os crimes militares e os crimes pol’ticos n‹o geram
reincidncia no campo penal comum.35
(II) DISPOSI‚ÍES GERAIS ACERCA DA SEGUNDA FASE DE
APLICA‚ÌO DA PENA
Havendo coexistncia entre uma agravante e uma atenuante, n‹o
h‡, a princ’pio, compensa‹o de uma por outra, devendo prevalecer
																																																													
34 Boa parte da Doutrina entende que essa figura n‹o existe. A pessoa seria, apenas, PRIMçRIO.
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 524
35 Art. 64 - Para efeito de reincidncia: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
II - n‹o se consideram os crimes militares pr—prios e pol’ticos.(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
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aquela que for considerada preponderante. Mas qual ser‡ a
preponderante? Ser‡ preponderante:
¥ Menoridade do agente (ser menor de 21 anos ˆ Žpoca do
fato) Ð PREPONDERA SOBRE TODAS!36
¥ Aquelas relativas aos motivos determinantes do crime, da
personalidade do agente e da reincidncia.
¥ Outras circunst‰ncias
Nos termos do art. 67 do CP:
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se
do limite indicado pelas circunst‰ncias preponderantes, entendendo-se como
tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade
do agente e da reincidncia. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Mas e se a atenuante e a agravante se referirem a fatores
que se encontram no mesmo patamar? Nesse caso, a’ sim haver‡ a
compensa‹o

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