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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA CURSO DE GEOGRAFIA BIOGEOGRAFIA ANTONIO ALCIR DA SILVA ARRUDA CRISTINA PEGORARO JULLIENE REIS QUEZIA FREITAS GARCIA PARQUE BARREIRINHA E NASCENTES DO RIO BELÉM COMO UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA. CURITIBA 2017 2 1 - INTRODUÇÃO O objetivo desse trabalho é reconhecer a classificação dos parques das nascentes do rio Belém e parque Barreirinha como unidades de conservação da natureza e as suas características tais como, delimitação formato, fragmentação, diversidade de paisagens, possibilidades de conexões entre parque e fragmentos florestais, efeitos de borda etc. Enfim, fazer uma panorâmica dessas duas importantes unidades de conservação urbana quanto a sua inserção e importância social na cidade e o estado de conservação atual. 2 – PARQUE NASCENTES DO RIO BELEM O Rio Belém faz parte da bacia de mesmo nome e está situado ao extremo norte de Curitiba. Inaugurado em 2001 possui sua nascente situada no bairro da Cachoeira no Parque Nascentes do Rio Belém, criado exclusivamente com a ideia de proteção da nascente do rio Belém que possui uma extensão de 17,13km. A bacia do Rio Belém está limitada pelas ruas Avenida Anita Garibaldi, Rua José Bajersk, Avenida Manoel Ribas e Avenida Brasília. O Rio Belém é o rio principal possuindo afluentes como por exemplo os Rios Bigorrilho, Ivo, Água Verde, Juvevê, Vila Guaira entre outros totalizando 46 rios em seu trecho até a desembocadura no Iguaçu ao qual se torna por sua vez afluente. Figura 2: Bacia do Rio Belém Fonte: IPPUC – GEO (2007) 3 Figura 1: Mapa das Bacias Hidrográficas de Curitiba Fonte: Mapa Base IPPUC (2011) Conforme MISAEL et NUCCI a área do parque das nascentes do Rio Belém é considerada pequena para uma unidade de conservação da natureza possuindo apenas 10.850m2 de área de preservação permanente (APP). Os autores concluem que a Prefeitura criou um parque para proteger uma área que já estava legalmente protegida por ser APP. Devido ao reduzido tamanho, não há diversidade de ambientes, sendo uma área originalmente ocupada por Floresta Ombrófila Mista aluvial. “Constatou-se também que boa parte da área do parque está ocupada por edificações como a do Posto da Guarda Municipal e por construções como sanitários, mirante, ponte, fonte, lago, pergolado e caminhos, infraestrutura que deve fazer parte de um parque urbano devido a sua função social e estética, mas que reduz ainda mais a área destinada à conservação da natureza. Quanto ao formato retangular não muito alongado do parque, esta é uma característica relativamente boa, porém, devido ao tamanho reduzido, pode-se afirmar que não há área nuclear e que toda a área do parque sofre um intenso efeito de borda, principalmente pelos usos potencialmente impactantes que se encontram nos limites do parque.” A localização do cemitério (1) de forma adjacente ao parque em cota altimétrica superior causa impacto de borda contaminante à nascente do rio Belém que tende a piorar em função de uma possível ampliação desse cemitério em médio prazo representada pela área pública reservada (2). O Bairro Recanto Feliz (3) degradou outras nascentes do rio Belém que estavam situadas em cotas altimétricas superiores em função do escoamento superficial de esgoto doméstico que atinge diretamente o parque. Encontrando o rio Belém em sua porção inicial. Outro fator de contaminação do parque está na ferrovia que passa ao lado leste junto com a avenida Anita Garibaldi em cota altimétrica também superior e que através de bueiro construído para o desague no parque, ratifica essa contaminação. Fato constatado pela equipe de alunos com a observação docente. Ou seja, o rio Belém já começa poluído em seu trecho inicial e receberá outros alimentadores de poluição em todo seu percurso até o rio Iguaçu. Concluindo, pode-se afirmar que as ocupações antrópicas funcionam como barreiras para a conectividade entre fragmentos florestais, restando apenas poucos trechos conservados de mata ciliar a jusante da nascente e que poderiam conectar o parque com outros fragmentos florestais, mas não o fazem em função da urbanização e suas obras que além de contaminantes são isoladoras. 4 Figura 3 – Localização e contorno do Parque das Nascentes do Rio Belém com o marcador amarelo no ponto exato da nascente com uma foto sobreposta do local mapeado e em azul o rio Belém. A norte, na vertente direita do rio, está o cemitério (1) e em (2) sua possível área de expansão. Mais ao norte, em cotas mais elevadas, encontra-se o bairro Jardim Recanto Feliz (3 Fonte: Adaptado Google Earth(2017), MISAEL/NUCCI,(2015) e foto ARRUDA.A.S.A (2017) Figura 4: Destaque da Nascente com a localização geográfica em UTM Fonte: adaptado Google Maps 2017 .3 – PARQUE BARREIRINHA Conforme a Prefeitura Municipal de Curitiba o parque foi “criado em 1959 mas transformado em parque e entregue a população apenas em 1972, na primeira gestão do prefeito Jaime Lerner, o Parque da Barreirinha tem uma área de 275.380 metros quadrados, entre araucárias, aroeiras, canelas, bracatingas, pés de erva- mate e outras espécies nativas. No parque estão espalhadas churrasqueiras, playground e outros equipamentos de lazer. A área verde de preservação natural do 5 parque é importante regulador da qualidade de ar na região e um bom exemplo de consciência ecológica”. 3.1 - O Parque Barreirinha pode ser considerado uma Unidade de Conservação? (Explique). Ele já é considerado pela prefeitura de Curitiba como um Parque Natural Municipal? Quais os objetivos de um Parque Natural Municipal de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza? Para responder essa pergunta é necessário consultar a legislação municipal para que haja esclarecimento. A lei 9.804 do ano 2000 que cria o Sistema de Unidades de Conservação do Município de Curitiba (de propriedade pública ou privada, com características naturais de relevante valor ambiental ou destinadas ao uso público, legalmente instituídas, com objetivos e limites definidos, sob condições especiais de administração e uso, as quais se aplicam garantias de conservação, proteção ou utilização pública ( CURITIBA, 2000), era a que regimentava a definição dos parques no Município de Curitiba/PR e definia o que era um parque de conservação classificando o parque barreirinha como sendo um Parque de Conservação, “Parques de conservação: Áreas de propriedade do Município destinadas à proteção dos recursos naturais existentes, que possuam uma área mínima de 10 ha (dez hectares) e que se destinem à manutenção da qualidade de vida e proteção do interesse comum de todos os habitantes;” Conforme (GALVÃOS,2003), ”a definição de unidade de conservação utilizada pelo município permite a designação de quase qualquer tipo de espaço como unidades de conservação já que estas são caracterizadas pelo “valor ambiental ou destinadas ao uso público” e, também, “com garantias de conservação, proteção ou de utilização pública “ No entanto em 2017 a lei 15047/2017 altera a lei 9804/2000 inserindo o texto de definição de Bosque de Conservação da Biodiversidade Urbana -BCBU “X - BOSQUE DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE URBANA - BCBU: são áreas de propriedade do Município, atingidas em, no mínimo, 70% (setenta por cento) por vegetação do bioma Floresta com Araucária, destinadas principalmente à conservação e recuperação da biodiversidade local, mas que podem conter equipamentos de uso público, lazer e atividades educativas, paraauxiliar na proteção de seu entorno. (Redação acrescida pela Lei nº 15.047/2017)” Assim pode-se afirmar que o Parque Barreirinha se encaixa nessa definição e pode ser considerado Bosque de Conservação da Biodiversidade Urbana – BCBU 6 Respondendo o questionamento sobre o objetivo de um parque natural municipal GALVAO,2003 apud ANDRADE,2001) diz que “Grande parte (85%) dos parques e bosques públicos de Curitiba apresenta cursos d’água em seu interior sendo, portanto, distribuídos ao longo dos principais rios que cortam ou delimitam o município esses parques públicos surgiram dentro de uma visão sanitarista, com a principal função de prevenir as enchentes, sendo o entorno dos reservatórios adaptados, com obras paisagísticas, para o lazer, como forma de se evitar o loteamento irregular sem se preocupar muito com a conservação da natureza. (OLIVEIRA,1996 apud ANDRADE, 2001)” 3.2 -. Faça uma avaliação do parque com base em alguns critérios da Teoria da Biogeografia de Ilhas: 3.2.1 - Proteção das nascentes e da mata ciliar do rio que corta o parque (APPs). As nascentes no interior do parque estão protegidas, pois obedece a legislação de unidade conservação que preconiza o Código Florestal Brasileiro. “O Código Florestal atual, no seu art. 4º, estabelece como áreas de preservação permanente: I - as faixas marginais de qualquer curso d'água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de:a) 30 (trinta) metros, para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura;” Mas na parte externa do parque isso não acontece, pois estará em área fora de preservação e densamente urbanizada onde o rio é canalizado e por isso mesmo sujeito ao despejo de resíduos de esgoto doméstico e outros tipos de agentes poluidores. 3.2.2- Tamanho do parque e de suas áreas de Floresta Ombrófila Mista contínua (FOM) Parte dos remanescentes de Floresta Ombrófila Mista está inserida em áreas urbanas sob forma de Unidades de Conservação (UCs). Elas são definidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, 2000) como espaço territorial com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivo de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Conforme ( MIELKE et al 2015) “O Parque da Barreirinha apresenta área total de 132.014m², sendo apenas 42.920,68m² de vegetação remanescente da Floresta Ombrófila Mista, além de áreas com vegetação graminóide, áreas arbóreas isoladas, 7 lagos, construções e trilhas”. Ou seja, apenas 32,5% de floresta ombrófila mista remanescente do total da área total do parque. 3.2.3 - Fragmentação da cobertura vegetal arbórea dentro do parque. Foi verificado uma fragmentação vegetal composta por floresta ombrófila mista além de outras formações vegetais como graminóides e agrupamentos arbóreos isolados sem densidade e quase sempre “bosqueados” com churrasqueiras, trilhas e demais atrativos ao visitante do parque. 3.2.4 - Diversidade de paisagens (lagos, floresta, playground, etc), dentro do parque, O parque Barreirinha do ponto de vista da população possui grandes atrativos em paisagem e recursos tais como 3 lagos artificiais, churrasqueiras, sanitários, estacionamento, cabana, trilhas, cabana etc. conforme o croqui representado na figura 5. Figura 5 – Croqui do Parque Barreirinha - 1-Estacionamento 2-Guarita 3-Salão de Festas 4- Playground 5-Cabana 6-Lago 7-Biblioteca/Administração/Sanitários 8-Cancha de Vôlei 9-Churrasqueiras Fonte da imagem – Prefeitura Municipal de Curitiba 8 Fonte da imagem: PMC 3.2.4 - Formato do parque (circular, alongado, ...), Conforme pode se observar na figura 5 o parque possui formato irregular alongado com menor largura na segunda metade da parte leste e maior largura na segunda metade da parte oeste, mas sem formar uma figura geométrica definida. 3.2.5 - Possibilidades de conexões (corredores ecológicos) entre outros parques e fragmentos de florestas, Possibilidade de corredores ecológicos é limitados por muros e também pelo efeito de borda do parque. Como existem espécies exóticas bastante invasivas como pau incenso (Pittosporum undulatum ) por exemplo que cresce em profusão no parque; essa possibilidade apesar de difícil é possível, pois o parque barreirinha é adjacente com o horto florestal e outros fragmentos florestais entorno. No entanto entre os fragmentos florestais dentro do próprio parque essa invasão é possível apesar da dificuldade imposta pela atividade humana em forma de muro e bosqueamento. 3.2.6 Estressores externos e efeito de borda: ferrovia, avenidas, etc. Acrescentar a esses critérios outros com base nos artigos de Galvão et al. (2003) e Misael e Nucci (2015), além de outras observações feitas nas imagens de satélite. Em função de o parque barreirinha ser uma unidade de conservação urbana ou de acordo com a lei 15047/2017 que altera a lei 9804/2000 definindo o parque barreirinha como um Bosque de Conservação da Biodiversidade Urbana –BCBU apresenta vários fatores de estresse da biodiversidade do parque como efeito de borda destacando-se a poluição sonora, provocado pelo trem e veículos na borda do 9 parque por varias avenidas; a contaminação da nascente do rio Bacacheri que entra no parque já contaminado, ou seja apesar do rio passar pelo parque de forma protegida em suas margens por mata ciliar, a sua nascente não está protegida por estar em propriedade privada fora do perímetro do parque conforme demonstrado na figura 6. Ainda como fator de estresse pode-se citar as espécies exóticas presentes no parque com ênfase no pau-incenso (Pittosporum undulatum ). Galvão et al. (2003) diz que “ além de pequenos os parques e bosques públicos de Curitiba não são conectados entre si, apresentam espaços interiores fragmentados pelo sistema viário, são voltados principalmente para o uso intensivo da população, apresentam muitas áreas construídas, plantas exóticas etc. o que demanda uma manutenção ativa contínua e extensiva.” E essa manutenção antrópica também é um fator estressante para a conservação da natureza, pois provoca uma diminuição das possibilidades para a vida nativa. O autor conclui “um parque urbano há poucas zonas tranquilas nas quais os seres vivos possam se desenvolver naturalmente” 3.2.7 - Utilizar mapa hidrográfico com maior detalhamento do trecho superior da bacia do rio Bacacheri, indicando o arruamento, as avenidas como divisores de águas e o parque Barreirinha e outros parques, além de outros pontos de referência, como a linha férrea. Figura 2: Bacia do Rio Bacacheri Fonte: COMEC e SEMA (2000) 10 3.2.8 - Delimitar sobre imagem do Google Earth, o rio Bacacheri e o Parque Barreirinha. Fazer as análises sobre as imagens: utilizem recursos gráficos para desenhar sobre as imagens do Google Earth, coloquem setas e caixas de texto explicativas e fotos Figura 6 – perímetro do parque barreirinha, hidrografia, ferrovia e arruamento interno Fonte: ÍPPUC, Google maps, – adaptado ARRUDA, A.S.A em Qgis (2017) Figura 7 – Perímetro do parque barreirinha Fonte: Google Earth – adaptado ARRUDA.A.S.A ( 2017) 11 3.3 Apresente três espécies de Árvores Exóticas Invasoras (AEI) presentes no Parque da Barreirinha, descrevendo suas características ecológicas que fazem com que essas espécies tenham uma grande capacidade de invasão de áreas e de competição com as espécies nativas. Utilize fotos para ilustrar.Este item será apresentado com fragmentos de texto e fotos extraídos do trabalho realizado por ILA SCHOLZ em sua monografia de graduação de Biologia da UFPR em 2013. No seu trabalho a autora observa as características das espécies invasoras citando outros autores desse tema: “As espécies exóticas invasoras são uma ameaça à biodiversidade global em áreas de mata nativa (LAKE e LEISHMAN, 2004). A infestação biológica é o processo da introdução e adaptação da espécie exótica que pode se tornar invasora causando mudanças em ecossistemas naturais (ZILLER, 2001). Este processo pode afetar a saúde humana, contribuir para a instabilidade social e econômica (MCNEELY et al., 2001), e mudar processos ecológicos, como: ciclagem de nutrientes, taxas da decomposição, processos ecológicos, polinização, biodiversidade e valor estético da paisagem (ZILLER, 2001). A infestação biológica tende a multiplicar progressivamente e reduzir a capacidade de regeneração ou resiliência (PIMM, 1991), transformando-se em um problema com dimensões elevadas (WESTBROOKS, 1998). Ela conclui que as AEIs mais preocupantes são aquelas que se comportam como espécies pioneiras e possuem vantagens de crescimento em relação às espécies nativas. Quadro 1 – Demonstrativo da quantidade de AEI´s presentes em 2007 e 2013. Fonte dos dados: SCHOLZ, 2013 12 3.3.1 - Pau-incenso - (Pittosporum undulatum Vent.) Figura 8 – Pau-incenso - (Pittosporum undulatum Vent.) Fonte da Imagem: SCHOLZ, 2013 Conforme SCHOLZ Foram encontrados 1101 pau-incensos adultos no parque, recebendo o primeiro lugar das plantas AEI. O Pau-incenso - (Pittosporum undulatum Vent.),” trata-se de uma árvore perene usada frequentemente em Curitiba como planta ornamental, devido às suas flores perfumadas e atrativas. Esta espécie exibe grande versatilidade como colonizadora de áreas abertas e perturbadas. Possui um denso banco de plântulas e de sementes no solo e tem boa capacidade de rebrota após o corte (BINGGELI e GOODLAND, 1998)”. Conforme o site FITOBOTANICA, “o pau incenso é originário da Austrália, é uma árvore que tem o crescimento muito rápido, chegando até 10 m de altura, e às vezes até 12 a 15 m em locais úmidos e abrigados do vento. O tronco tem casca cinzenta, com forma irregular, forte nodosidade na zona de inserção dos ramos e imediatamente abaixo desta. A copa é piramidal, formando uma canópia com 3 a 5 m de diâmetro. As folhas são perenes, ovado-lanceoladas, agudas, de margem ondulada (o que dá o nome à espécie). As folhas quando esmagadas produzem um odor pungente. As flores agrupam-se em cimos, 13 com pétalas brancas, lanceoladas. As flores emitem durante a noite e madrugada um cheiro suave mas intenso, que pode ser facilmente percebido a vários metros da árvore. Os frutos são cápsulas obovoides, glabras, bivalves, que de verde glauca passam a cor de laranja intenso quando ficam maduros. Os frutos são resinosos, possuindo um forte odor. Aceita vários tipos de solos, até os com baixa fertilidade natural e com pouca matéria orgânica. Prefere ambientes ensolarados e abertos, mas este fator não é limitante.” 3.3.2 - Uva Japão(Hovenia dulcis Thunb) Figura 9 - Uva Japão (Hovenia dulcis) Fonte da imagem SCHOLZ,2013 SCHOLZ identificou a uva japão (Hovenia dulcis) como a segunda planta invasora com maior número de indivíduos no Parque Barreirinha e faz uma descrição. “trata-se de uma espécie resistente, ocorrendo no Japão, China e Coreias orientais até o Himalaia sendo encontradas até 2.000m crescendo preferivelmente a pleno sol. Foi introduzida em diversos países como ornamental, pela madeira e pela sua fruta comestível (KOLLER e ALEXANDER, 1979). Invade rapidamente a floresta perturbada, formando maciços densos e inibindo o crescimento de espécies de plantas nativas. A 14 dispersão é difícil de controlar devido à abundância de diversos agentes de dispersão incluindo pássaros (HORUS, 2005). A espécie foi plantada pela municipalidade de Curitiba nos anos 80 ao longo das ruas da cidade (BLUM et al., 2008). Além disto, o sucesso no seu estabelecimento pode ser devido às suas características ecológicas, razão da exclusão de espécies nativas (RODOLFO et al.,2008).” O site FLORASBS descreve a uva japão (Hovenia dulcis) afirmando que pode atingir até 25m de altura, que possui copa globosa e ampla. Diz que a casca é lisa a levemente fissurada, pardo-escura a cinza-escura. Onde “as folhas são simples, alternas, curto-pecioladas, ovadas, acuminadas, glabras na parte superior e ligeiramente pubescentes na parte inferior”. Afirma também que as flores são hermafroditas, pequenas, branco-esverdeadas e são numerosas. Os frutos são pequenos, na forma de cápsula globosa seca com duas a quatro sementes, preso a um pedúnculo carnoso cor de canela com sabor doce e agradável. Conclui dizendo que as sementes são alaranjadas ou avermelhadas quando recém-colhidas, passando para marrom a preta com o tempo, sendo aproximadamente circulares. Figura 10 - O alfeneiro (Ligustrum lucidum W. T.Aiton) Fonte da imagem: SCHOLZ, 2013 No trabalho de SCHOLZ foi constatado que o alfeneiro (Ligustrum lucidum W. T.Aiton) é a terceira planta invasora com maior número de indivíduos presentes no Parque Barreirinha. “...é ornamental, tolerante e de fácil crescimento, desenvolve-se em quase todo o solo, a pleno sol ou sombra, sendo igualmente tolerante à poluição atmosférica e a poda, mesmo dos ramos muito velhos ou quando podados drasticamente (DAVIS, 1990; THOMAS, 1992) (FIGURA 10). Tais 15 características confirmam seu potencial invasor sob diversas circunstâncias ambientais, não sendo indicado à finalidade de ajardinamento. Inconsciente disto, a municipalidade de Curitiba plantou-o ao longo das ruas, especialmente durante os anos 80. Desde então, aquelas árvores formaram uma fonte de contaminação de UCs, conforme citaram Smith et al. (2006). Geralmente, a espécie é encontrada inicialmente nas bordas e nas clareiras, sendo dominante em algumas UCs de Curitiba, como citou Roseira (1990). Podem atingir as dimensões de uma pequena árvore (até 10m) de folhas persistentes e brilhantes (bastando a sua beleza para justificar o uso que lhe é dado), flores (brancas) dispostas em inflorescências em cacho. Os frutos (de cor azul carregado) são bagas também agrupadas em cacho e muito apreciadas por aves de diversas espécies” 4 - CONCLUSÃO Este trabalho foi gratificante e conclusivo em alguns aspectos que antes de sua execução era desconhecido pelo discente da disciplina de Biogeografia. A primeira observação foi entender que a nomenclatura de classificação de unidade de conservação de parques naturais é de responsabilidade dos municípios que não seguem exatamente a recomendação do código florestal e possuem autonomia para regular. No caso do parque Barreirinha e outros parques municipais entender que houve uma modificação na lei 9804/2000 com a lei 15047/2017 alterando o nome dos parques municipais para Bosque de Conservação da Biodiversidade Urbana– BCBU. A segunda observação se faz ao entendimento de dano à floresta ombrófila mista das plantas invasoras como o pau-incenso (Pittosporum undulatum ), que do ponto de vista popular é uma planta inofensiva e agradável, mas que sob a ótica da natureza nativa essa planta e outras AEI´s são extremamente danosas podendo extinguir espécies que não consigam competir. 5 – REFERÊNCIAS MISAEL, G.Y.M; NUCCI, J.C – Parque municipal nascentes do Belém (Curitiba- PR) como unidade de conservação da natureza, I Congresso de Geografia e Atualidades – UNESP, Rio Claro-SP, 2015GALVÃO,W; SANTOS A.C.; PIACESKI C.; GOOD P.L.; NUCCI J.C. – Conservação da natureza no município de Curitiba – PR, artigo publicado na Revista GEOUERJ número especial, Rio de Janeiro, 2003 (CD ROM) SCHOLZ, I – Árvores exóticas invasoras no parque municipal da Barreirinha (Curitiba, Paraná): Subsídios ao manejo e controle – UFPR, Curitiba-PR, 2013 PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA <http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/parques-e-bosques-parque-barreirinha/295> Acessado em 1/10/2017. 16 LEIS MUNICIPAIS DE CURITIBA <https://leismunicipais.com.br/a/pr/c/curitiba/lei-ordinaria/2000/981/9804/lei-ordinaria- n-9804-2000-cria-o-sistema-de-unidades-de-conservacao-do-municipio-de-curitiba-e- estabelece-criterios-e-procedimentos-para-implantacao-de-novas-unidades-de- conservacao> Acessado em 12/10/2017 FITOBOTANICA <http://fitobotanica.blogspot.com.br/2012/06/pau-incenso.html> Acessado em 12/10/2017 FLORASBS <https://sites.google.com/site/florasbs/rhamnaceae/uva-do-japao>Acessado em 12/10/2017
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