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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ANTONIO ALCIR DA SILVA ARRUDA VENEZUELA – UM PAÍS NA ENCRUZILHADA CURITIBA 2017 2 ANTONIO ALCIR DA SILVA ARRUDA VENEZUELA – UM PAÍS NA ENCRUZILHADA Trabalho de graduação apresentada à disciplina GB073 – Geografia do Mundo do Curso de Geografia do Setor de Ciências da Terra da Universidade Federal do Paraná. Prof. Dr. Wolf-Dietrich Sahr CURITIBA 2017 3 Sumário 1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 4 2 - GEOFATORES – ASPECTOS FÍSICOS ........................................................................................................ 5 2.1 - Relevo e Geologia ....................................................................................................................................... 5 2.1.1 - Geologia e os Recursos Minerais ............................................................................................................ 8 2.2 – Vegetação ................................................................................................................................................... 9 2.2.1 - Classificação da vegetação da Venezuela ............................................................................................. 11 2.3 – Hidrografia ................................................................................................................................................. 13 2.4 – Clima ......................................................................................................................................................... 17 2.4.1 - Classificação climática ............................................................................................................................ 18 3 - GEOFATORES GEOGRÀFICOS E SOCIAIS ............................................................................................. 21 3.1 - Organização territorial ................................................................................................................................ 21 3.2 - Dados geográficos e sociais ...................................................................................................................... 22 4 - GEOFATORES INFRA ESTRUTURAIS E SÓCIO ECONÔMICOS ............................................................ 24 4.1 – Agricultura ................................................................................................................................................. 23 4.2 - Eletricidade ................................................................................................................................................ 23 4.3 – Transportes ............................................................................................................................................... 24 4.3.1 – Transporte rodoviário ............................................................................................................................. 25 4.3.2 – Transporte ferroviário ............................................................................................................................ 25 4.3.3 - Aeroportos............................................................................................................................................... 26 4.3.4 - Portos ..................................................................................................................................................... 26 4.4 - Indústria ..................................................................................................................................................... 29 4.5 - População e Demografia ........................................................................................................................... 30 4.5.1 - Demografia.............................................................................................................................................. 31 4.5.2 - Grupos étnicos ........................................................................................................................................ 35 4.5.3 - Problemas sociais ................................................................................................................................... 36 4.6 – Economia .................................................................................................................................................. 37 4.6.1 – Petróleo ................................................................................................................................................. 39 4.6.2 - Cuencas Petrolíferas de Venezuela ....................................................................................................... 41 5 - CONCLUSÃO ............................................................................................................................................... 45 6 - REFERÊNCIAS............................................................................................................................................. 46 4 1 – INTRODUÇÃO A Venezuela, oficialmente chamada de República Bolivariana da Venezuela, é um país americano localizado na parte setentrional da América do Sul em plena área tropical. Constituído por uma parte continental e um grande número de pequenas ilhas e ilhotas no Mar do Caribe. Sua capital é Caracas e também sua maior cidade com uma população de 1.943 milhão de habitantes. Conforme o INE – INSTITUTO NACIONAL DE ESTASTSTICA, a Venezuela possui uma extensão territorial de 916.445 km² de área continental mais um território de 1.270 Km2 (0.14%) composto pelas ilhas do Mar do Caribe constituindo-se no 34º território de maior tamanho do planeta. O território continental faz fronteira com o Mar do Caribe ao norte, a Colômbia a oeste, o Brasil ao sul e a Guiana ao leste com a qual, mantém uma disputa territorial sobre a Guayana Esequiba. Segundo o INE, a Venezuela possui soberania sobre 71.295 km² de mar territorial, 22.224 km² na zona contígua, 471.507 km² do Mar do Caribe e o Oceano Atlântico sob o conceito de zona econômica exclusiva, e 99.889 km² de plataforma continental. Esta área marinha faz fronteira com treze estados soberanos, sendo Trinidad e Tobago, Granada, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia e Barbados, alguns deles. A população atingiu 27,227 milhões de habitantes no censo de 2011 e 30,4milhões em 2013. Segundo o IBGE@paises, a população é amplamente diversificada e constituída por grupos étnicos europeus e mestiços e, em menor grau, africanos, indígenas e asiáticos. Essas características influenciam suas culturas e manifestações artísticas. Politicamente, é constituída como um estado federal, democrático, social, jurídico e autônomo federal, cuja soberania está consagrada em seu Ato de Independência assinado em 1811. Seu território foi a residência de importantes grupos tribais de ameríndios, como os Caribes. Ele foi avistado pela primeira vez por Cristóvão Colombo em 1498, começando logo após uma colonização pela Espanha e uma mestiçagem cultural. Devido ao boom do petróleo, a Venezuela experimentou um período de alto crescimento econômico, interrompido pela crise energética da década de 1980, provocando um período de instabilidade política e social, alternando com níveisfinanceiros para cima e para baixo. Durante a realização desse trabalho, foi constatado que o país está passando por graves problemas sociais e econômicos, como a inflação, escassez de produtos básicos nos mercados, alta criminalidade e censura da imprensa de acordo com a divulgação patrocinada pelo site PÚBLICO. 5 2 – GEOFATORES – ASPECTOS FÍSICOS 2.1 - Relevo e Geologia Figura 1 - Mapa geomorfológico da Venezuela. Fonte da imagem: IGVSB. 6 Figura 2 - Mapa Geológico Estrutural da Venezuela. Fontes da Imagem: Ministério de Energía y Minas e INGEOMIN. A Venezuela é um país conformado por uma grande variedade de tipos de relevo, e também por uma estratigrafia retratada no mapa da Sociedade Venezuelana de Geologia (Figura2). 7 Todas essas regiões se formaram em diferentes momentos geológicos, que, ao longo do tempo, sofreram mudanças internas, dando origem a inúmeros recursos naturais: ouro, diamante, ferro, entre outros. (SIGAVENEZUELA, 2017). De acordo com o INE (2017), o relevo é dividido em seis regiões fisiográficas com características geológicas diversificadas. A primeira região é a plataforma continental, litoral costeira e ilhas no Mar do Caribe que se localiza ao norte do país. Ocupa 17,5% da área nacional e possui uma altitude média de 100m com exceção da ilha de Margarita (800m) em Cerro Copey. Geologicamente possui sua origem no cretáceo e as ilhas possuem afloramento de rochas ígnea. Essa região é habitada por 21,9% da população A segunda região é um sistema de montanhas costeiras ou do Caribe localizada entre a zona costeira do nordeste e as planícies. Sofre uma interrupção pela depressão de Unare. Possui uma altitude média de 200m no Piedemonte, até uma altura máxima de 2765m no pico Codazzi. Cordilheira de tipo alpino, com rochas metamorficas originadas do período mesozóico médio. É a região mais populosa com 40,8% . A terceira região é composta pelos vales e serranias dos estados Falcon, Lara e Yaracuy. É uma zona de transição localizada no noroeste do país entre os sistemas montanhosos da costa e os Andes venezuelanos. Ocupa apenas 2,6 da área da Venezuela. A sua altitude possui variação de 100m da província costeira até 1990m de altitude em Ceroon (Falcon-Lara). Essa região é originada no cretáceo superior e cenozóico inferior, e é nela que residem 9,9% da população. A quarta região é a cordilheira dos Andes localizada na parte oeste do país. É uma extensão dos Andes colombianos, banhada em duas cordilheiras: Serra de Perija e a Cordilheira dos Andes venezuelanos ocupando 5,8% da área do país. Possui uma variação na altitude de 200 m no Piedemont até o ápice de 5007m denominado de Pico de Bolívar, constituindo-se este pico na maior montanha da Venezuela. A quinta região é constituida pelas planícies chamadas de Los Llanos que estão localizadas a partir do oeste do país. Essa é a região mais uniforme da Venezuela, com terrenos planos e baixos. A região é dividida em planícies ocidentais, planícies centrais e planícies orientais. Ocupam 25,5% da área do país possuindo uma altitude que oscila entre 100m e até 200m. São chamadas de planícies altas e são formadas por sedimentos aluviais recentes do quaternário. As terras altas apresentam baixa inundação e são compostas por ondulações produzidas pelos processos de erosão dos rios. Nas terras baixas, ocorrem inundações nos longos períodos de chuva, causando transtornos na vida 8 dos habitantes da região. Aproximadamente 12,5% da população estão localizadas nessas planícies. A sexta e última grande região da Venezuela é composta pelo Maciço das Guayanas. Localizada no sudeste da Venezuela, forma aproximadamente 45,4% do território. São as rochas mais antigas da Venezuela e do mundo com origem pré- cambriana, sofreram mudanças internas e externas por movimentos tectônicos muito fortes. Por efeitos desses movimentos, o Maciço das Guaynas, tornou-se uma região muito rica em minerais. Nessa região ainda estão localizadas as Penillanuras que são massas de rochas grandes e muito altas. O relevo se apresenta sob a forma de planaltos com alturas de aproximadamente 3000m, resultado de um processo do atrito na sua formação. Os mais conhecidos são Roraima (2810m) e Auyantepui (2450m). A Gran Sabana, localizada no estado de Bolívar, é o relevo mais importante da formação de Roraima, está entre 600m e 1400m de altura. Dentro desta formação orográfica está a cachoeira mais alta do mundo, o Churun Merú (Salto Ángel) de 1000 m de altura. Sua formação em algumas partes é interrompida por alguns Tepuyes. (montanha ou mesa encontrada nas terras da Guiana da América do Sul, especialmente na Venezuela e no oeste da Guiana, conforme verbete de mesmo nome na WIKIPEDIA,2017). Nessa região estão localizados 5,3% da população Venezuelana. 2.1.1 - Geologia e os Recursos Minerais Segundo o Atlas da Venezuela - Instituto Geográfico de Venezuela Simón Bolívar, (IGVSB, 2017) os recursos minerais da Venezuela se distribuem por todo o país baseado nas formações geológicas de seu território que viriam a causar a dinâmica industrial relacionada a mineração e ao petróleo. A distribuição dos principais recursos minerais que se exploram no país é um reflexo de sua geologia. De fato, no Escudo de Guayana encontram-se as formações de ferro correspondentes às rochas antigas do Complexo de Imataca. Nos cinturões de rochas vulcánicas guayanesas ("rochas verdes"), existem importantes depósitos primários de ouro, como os das minas de El Callao e La Camorra. Na região de Guaniamo, ocorreram intrusões explosivas de magmas de pelo menos 120 km de profundidade, formando as chamadas kimberlitas que são a fonte primária de diamantes. Ao final do Cretácio e início do Paleoceno com altas temperaturas, foi produzida uma intensa meteorização em cordões de granito na região de Los Pijiguasos, formando os 9 depósitos de bauxita, do qual é processado o alumínio no complexo industrial de Ciudad Guayana. Os minerais pesados como o ouro e o diamante, são muito resistentes à erosão e a uma vez liberados de suas rochas primárias podem acumular-se em depósitos secundarios aluviais. Em relação a região norte do país, nas bacias marinas com águas mornas e pouco profundas, tanto do Cretácio Temprano, como do Paleoceno e metade do Terciário, se depositaram extensos corpos de calcário, que hoje em dia servem para a fabricação de cimento. As bacias marinas periféricas ao continente, possuem uma circulação da água pobre em oxigenio, o que torna possível a preservação de grandes quantidades de matéria orgânica. Sendo assim, as rochas formadas neste ambiente se converteram, em enormes depósitos do petróleo. Como exemplo, podem-se citar as formações Querecual, no oriente e La Luna, no ocidente. Durante o soterramento destes sedimentos no Terciário, com o respectivo aumento de temperatura e pressão, foram produzidas as reações químicas orgânicas ncessárias para a formação de petróleo e gás. Em alguns setores dos estados Táchira, Zulia e Anzoátegui, durante o paleógeno foram geradas zonas pantanosas próximas à costa, onde a abundante materia orgânica vegetal foi preservada, gerando os depósitos de carbono de Guasare na Cordilheira de Perijá; Lobatera em Táchira e Naricual no estado Anzoátegui. 2.2 – Vegetação Fazendo-se um cruzamento dos mapas de vegetação, relevo e hidrografia da Venezuela percebe-se uma grande biodiversidade determinada por alguns fatores, como topografia, exposição solar e temperatura devido à localização tropical, precipitação anual e umidade atmosférica,e a história geológica da área. Quase a metade do território venezuelano é ocupado por vegetação florestal e grande parte dessas florestas estão situado ao sul do Rio Orinoco na região de montanha do Maciço de Guayna. 10 Figura 3 – mapa dos tipos de vegetação da Venezuela Fonte da imagem: IGVSB- 2003 (Instituto Geográfico de Venezuela Simón Bolívar) 11 2.2.1 - Classificação da vegetação da Venezuela O Instituto Geográfico da Venezuela Simon Bolívar (IGVSB, 2017) elaborou uma classificação da cobertura vegetal do pais identificando suas caracteristicas e qual a região de ocorrência dessa vegetação. Bosques siempreverdes: Estende-se de los Lhanos até as terras altas. A substituição da massa foliar nas florestas é gradualmente realizada ao longo do ano, de modo que as árvores dominantes nunca aparecem sem sua folhagem. Eles predominam nas regiões com alta precipitação. Bosques semideciduos: uma parte das espécies de árvores dominantes perde a folhagem durante a estação seca. Essas florestas, também chamadas de "florestas comerciais", predominam em regiões com alternância entre uma estação úmida e uma seca, menos prolongada. Bosques deciduos: a grande maioria das árvores perde a sua folhagem durante a estação seca. Eles estão localizados principalmente nas regiões áridas e semiáridas do norte do país, onde as condições nutricionais dos solos são mais favoráveis. Bosques submontanos: Estendem-se nas áreas baixas das montanhas, variando de 800 a 1 200 metros de altitude. Podem incluir florestas de folha caduca, semidecídua, de folhas perenes e também algumas florestas de nuvens costeiras. Em alguns casos, eles são muito altos, com árvores que atingem até 60 m de altura. Bosques montanos: crescem nas encostas média e superior das montanhas até 3.000 metros acima do nível do mar; são sempre verdes e também incluem florestas de nuvens andinas, dominadas por grandes pinheiros nativos. Enquanto na Guiana, na cimeira de alguns tepuis, eles cultivam bosques tão baixos, mas muito densos. Bosques ribeirinhos (ribereños): eles se estendem ao longo das margens dos rios, geralmente em bancos e albardones do rio. Se distinguem nesta classificação, as próprias florestas do rio. e folhas perenes, localizadas nas florestas do sul do país. As florestas da galeria, principalmente semidecíduas ou decíduas, que formam tiras estreitas em ambos os lados dos rios e planícies Llaneras. Bosques costeros (manglares): - manguezais - Crescem em praias rasas e ao longo das costas do delta do rio Orinoco, são resistentes às águas marinhas, salgada ou salobra. Os manguezais são as únicas árvores halófitas da flora venezuelana. Arbustales espinosos (espinares y cardonales): são comunidades de plantas formadas por arbustos e árvores baixas (geralmente abaixo de 5 m de altura), das quais uma grande maioria possui espinhos ou são plantas de cactos (cardonais). Elas estão 12 localizadas nas zonas áridas do norte do país, desde o estado de Zulia até Sucre e a Ilha de Margarita. Arbustales siempreverdes: são comunidades vegetais arbustivas formadas por espécies com folhas perenes, principalmente de consistência coriácea. Ás vezes eles podem crescer nas margens de rios de águas escuras. Eles são típicos das terras baixas e médias de Guayana, entre 50 e 1.500 metros acima do nível do mar. Arbustales tepuyanos: vegetação arbórea densa que cresce em alguns picos Tepuyan acima de 1.500 metros acima do nível do mar. Estes arbustos são comunidades de plantas endêmicas e sob uma forma de crescimento específico. Matorrales: Arbusto ou vegetação arbórea baixa (abaixo de 5 a 7 m de altura), secundária, resultante da degradação por atividade antropogênica de florestas naturais nativas. Eles estão concentrados na parte norte do país ao longo da Cordilheira da Costa, onde as florestas secas originais foram fortemente interpostas pelo homem há séculos. Sabanas: (herbazales graminosos): As savanas são comunidades de plantas herbáceas dominadas por gramíneas das terras baixas e regiões tropicais com ou sem elementos lenhosos. Constituem o principal tipo de vegetação dos Llanos e da Gran Sabana no sudeste do país. Herbazales latifoliados de tierra baja: Comunidades de plantas herbáceas que crescem em areias de quartzo branco, dominadas por gramíneas de folhas largas e não graminóides. São ecossistemas muito ricos em endemismos peculiares do estado do Amazonas. Outras pastagens de folhas largas também são encontradas na região do Delta em solos turvos. Herbazales latifoliados tepuyanos: comunidades de plantas herbáceas peculiares aos picos Tepuyan e Gran Sabana, crescem de preferência em solos orgânicos profundos (turfa). Os Tepuyan estão localizados entre 1.200 e 3.000 metros acima do nível do mar. Estes ecossistemas são muito ricos em espécies endêmicas e forma de crescimento especifica. Vegetación de páramo: Comunidades de plantas herbáceas e arbustivas típicas de áreas de alta montanha, acima do limite da floresta com altitude de aproximadamente 3.000m. As plantas mais características são as rosetas gigantes dos frailejones. Os paramos venezuelanos mais desenvolvidos são encontrados nas altas altitudes da parte ocidental do país, no entanto, os páramos mais baixos (subpáramos) crescem na Cordilheira da Costa a partir de 2 200 metros acima do nível do mar. Vegetación saxícola (litófita): composta de pequenas comunidades de plantas que crescem nos numerosos afloramentos rochosos presentes nas terras baixas do noroeste 13 dos estados do Amazonas e Bolívar, bem como nos tepuis. Ecossistemas muito ricos em endemismos. Vegetación litoral (insular y continental): comunidades de plantas herbáceas e arbóreas que crescem em praias arenosas e em áreas adjacentes, às vezes acompanhadas de bromélias terrestres e arbustos espinhosos. Em alguns casos, é uma vegetação bastante escassa, enquanto que em outros pode ser densa e impenetrável. 2.3 – Hidrografia Observando-se os mapas da hidrografia da Venezuela e a tabela de síntese explicativa do INE percebe-se que os rios venezuelanos fluem principalmente para duas encostas marítimas: o Mar do Caribe e o Oceano Atlântico. Segundo o IGVSB, 2017 - Instituto geográfico da Venezuela Simon Bolivar, a vertente do Atlântico é composta pela Bacia do Orinoco, com 2,140 km de extensão e que ocupa 69,3% do territorio nacional; pelo Rio Cuyuni, que se origina no escudo com ligação via Rio Cassiquiare em divisão do Rio negro, mas depois passa ao norte até Venemo nos Lhanos ao leste. O Rio Essequibo ocupa quase toda a bacia localizada na Zona reclamada de mesmo nome e Abrange 4,5% do território venezuelano. Existem outros 22 afluentes relevantes, cujos comprimentos variam de 38 a 185 quilômetros. A grande maioria circula através do território Essequibo reinvindicado. A bacia composta pelo Golfo da Paria abrange 2,2% do território nacional. Na vertente do Oceano Atlântico ainda existe outros 379 afluentes relevantes, cujos comprimentos variam de 35 a 316 km, estendidos por todo o território nacional. Para a vertente que deságua no Mar do Caribe tem-se a composição formada pelo Golfo da Venezuela e o Lago de Maracaibo que juntos possuem uma área de 12.870 quilômetros quadrados: 155 quilômetros de comprimento norte a sul por 120 quilômetros de largura máxima; 35 metros de profundidade. Abrange 9,9% do territorio. Existem 44 outros afluentes relevantes nessa vertente do Mar do caribe, cujos comprimentos variam de 41 a 120 quilômetros, atravessando os estados de Zulia, centro- oeste do estado Falcón e declive ocidental do alpino andinocorrespondente aos estados Trujillo e Mérida. Segundo o INE, para a vertente do Mar do Caribe existe a Bacia do Caribe; que é estruturada por três setores: B-1) Setor Ocidental; Abrange 3,6% do território venezuelano. 14 B-2). Setor Central; Abrange 1,4% do território venezuelano. B-3). Setor oriental com o golfo de Cariaco e que possui uma abrangência de 3,5% do territorio venezuelano. Ainda com menor expressão, mas com relevância para o INE, existe a vertente do Lago de Valência; que é expressa por uma depressão tectônica longitudinal localizada na seção intermediária do sistema montanhoso de La Costa. O corpo hídrico dessa vertente possui uma área de 375 quilômetros quadrados, 94 deles fazem parte do Estado Aragua e 281 pertencem ao Estado Carabobo. . 15 Figura 4 – Mapa das bacias hidrográficas da Venezuela Fonte da Imagem: Instituto Nacional de Estadística da Venezuela 16 Figura 5- Bacias Hidrográficas da Venezuela. Fonte da imagem: http://www.sigavenezuela.com.ve/fnsv/Geografia/hidrografia 17 2.4 – Clima Figura 6 - Mapa Clima de Venezuela. Fonte: IGVSB. 18 Segundo o IGVSB, A Venezuela está localizada na zona intertropical do Hemisfério Norte, entre 0º 38 '53 "e 12º 11 '22" de latitude norte, e 59º 48 '10 "e 73º 25' 00" de longitude oeste. Como consequência desta localização geográfica, as condições climáticas dependem dos padrões de circulação atmosférica e dos sistemas atmosféricos globais e regionais que afetam o Norte da América do Sul e o Sul do Mar do Caribe. O território venezuelano está sob a influência direta dos ventos alísios do Nordeste, que se originam em uma área do Atlântico Norte, onde a pressão atmosférica é alta. A faixa ou área onde os ventos alísios do noroeste do Hemisfério Norte e os do Sudeste do Hemisfério Sul convergem na superfície é chamada de Zona de Convergência Intertropical (ITCZ). As condições gerais do clima podem ser modificadas regionalmente por diversos fatores, como a altitude do relevo, a exposição aos ventos, a continentalidade e mesmo a presença recorrente do fenômeno chamado El Niño e La Niña. Destes sistemas atmosféricos, o mais importante devido à amplitude geográfica e ao seu significado climático, são a Zona de Convergência Intertropical e o Sistema de Alta Pressão do Atlântico Norte, os vales, as ondas do leste e as frentes frias do norte. 2.4.1 - Classificação climática No território venezuelano, os seguintes tipos climáticos relevantes podem ser diferenciados em dois grupos, segundo o Atlas da Venezuela do IGVSB,2017. Grupo I - Clima quente de terras baixas - Ele corresponde às regiões localizadas abaixo de 1000 m de altitude, com temperaturas médias anuais entre 22 e 26 ° C para tipos quentes e acima de 26 °C para tipos muito quentes. Do ponto de vista das chuvas, distinguem-se seis tipos de climas de terras quentes com diferentes subtipos, a saber: 1. Climas do sul: Compreende os tipos de climas quentes com extrema umidade, e muito úmido com característica equatorial. 2. Climas dos Llanos: úmido nas terras baixas e muito úmido no piemonte ocidental de Barinas. Na maioria dos casos, os climas das planícies são caracterizados por uma marcada sazonalidade das chuvas. Assim, na estação chuvosa, concentra-se mais de 85% da precipitação anual total, enquanto nos meses secos chove muito pouco, especialmente de janeiro a abril. 3. Clima da Depressão do Lago de Maracaibo: Na Depressão do Lago de Maracaibo podem distinguir-se os seguintes tipos climáticos: Super-úmido nos Piedemontes das bacias dos rios Tarra, Socuavo e Catatumbo. Muito úmido, no oeste, sul e 19 sudeste do lago. Úmido no sudoeste, sul e leste do piemonte andino. Sub úmido nas costas ocidental e leste do lago. 4. Semiárido: nas terras altas de Maracaibo, Laguna de Sinamaica e Paraguachón. 5. Clima do Sistema de relevo Lara-Falcón-Yaracuy: Nesta região formada por uma sucessão de áreas de baixas montanhas, colinas e vales longitudinais, há uma variedade de climas que variam de muito úmido a árido. 6. Climas da Costa Central: A Costa Central está localizada entre os meridianos 66 ° 30 'e 68 ° W e está sob os efeitos do fenômeno da surgência, resultante da exposição da linha costeira oeste-leste e da inversão dos ventos alísios. Estas características originam um clima semiárido neste setor. 7. Climas da região Nordeste: Nesta região podem-se encontrar climas muito úmidos. No estado de Nueva Esparta, predomina o clima semiárido. No setor nordestino da ilha de Margarita, que inclui Cerro Copey, o clima é um pouco mais úmido e mais frio devido à altitude. Grupo II - Climas das Terras altas de Guayana: são conformadas por uma topografia escalonada e extensa em que os tepuis e serras estão intercaladas, com altitudes superiores a 1000m. Localizadas na extensa região do clima super-úmido quente de Guayana, ele apresenta, basicamente, dois tipos de clima: o super-úmido mesotérmico e o mesotérmico muito úmido. 8. Cordilheira da Costa Central e Oriental: nesta Cordilheira, tanto na parte central como no leste, os tipos climáticos que se destacam são o mesotérmico úmido cobrindo as faixas isométricas entre 1000 e 2000 m. O sub úmido mesotérmico localizado na mesma altitude e o sub úmido temperado localizado acima de 2000 m. Este último apresenta uma temperatura média anual entre 15 °C em sua parte inferior e 10 °C em suas partes mais altas. O fator altitude faz parte dos fatores marítimos e continentais para produzir grande diversidade climática. 9. Cordilheira de Mérida: na Cordilheira dos Andes, há a maior variabilidade climática das terras altas acima de 1000 m de altitude. De fato, devido à variabilidade altimétrica de seu relevo que atingem quase 5000 m, massividade, orientação e a exposição aos ventos e raios solares, são determinantes. Os tipos e subtipos de climas que podem ser encontrados nesta Cordilheira variam desde o Mesotérmico muito úmido até o Frosty Floor. A variabilidade climática andina é determinada por 20 grande biodiversidade, muito importante para a localização dos tipos de vegetação natural e o uso agrícola da terra. 10. Cordilheira de Perijá: a cordilheira apresenta uma grande diversidade climática, em estreita relação com a altitude e a orientação da declividade das encostas, o que origina uma variabilidade importante na quantidade de precipitação média anual. É assim que na bacia do rio Guasare, localizado no setor mais a norte da serra, a precipitação varia entre 1600 mm a 3000 mm por ano conforme a localização da cordilheira. No extremo sul da Cordilheira, a quantidade de chuva ainda é muito maior, atingindo médias anuais entre 2200 mm por ano na área montanhosa até 4000 mm por ano nos vales dos rios Ouro e Intermediário. 21 3 - GEOFATORES GEOGRÀFICOS E SOCIAIS 3.1 - Organização territorial A República Bolivariana da Venezuela é uma federação constituída pela união dos 23 estados, o Distrito Capital, as dependências federais, os territórios federais e 335 municípios. Os estados possuem as mesmas competências entre si e são chefiados por um Governador através de um gabinete de ministros. Cada um dos estados possui uma constituição própria, exceto as dependências federais e o distrito da capital, cujo governo é regido pelo prefeito de Caracas. Figura 7 - Organização territorial Fonte da imagem: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Venezuela_Division_Politica_Territorial.svg. 223.2 - Dados geográficos e sociais Conforme os dados extraídos do IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA, A Venezuela possuía, em 2013, uma população de 30,4 milhões, assim como no Brasil, concentrada em área litorânea atlântica; área de seu território é de 916,445 km2, suas cidades mais populosas – Caracas (capital- 3.242.000), Maracaibo (2.192.000), Valência (1770.000), Barquisimeto (1180.000) e Maracay (1057.000). A religião dominante no país é o cristianismo com 94,3% sendo a católica a maior com 84%%. Na parte de economia, a moeda utilizada é o Bolívar e apresentou PIB US$ 382,4 Bilhões em 2012, com uma inflação anual no mesmo ano de 21%; superávit orçamentário na ordem de 2,2% do PIB (2005). A sua força de trabalho foi estimada em 2011 em 13,8milhões (47,2%) da população. A língua oficial da Venezuela é o castelhano ou espanhol, embora deva ser referido que as línguas indígenas como o Pemón e o Warao também fazem parte das línguas reconhecidas como oficiais. Por outro lado, sendo um país bastante cosmopolita, outras línguas, como o italiano, português, árabe e o inglês também são falados por uma parte significativa da população. 23 4 – GEOFATORES INFRA ESTRUTURAIS E SÓCIO ECONÔMICOS 4.1 – Agricultura Conforme Hudson, 1990, em 1980 obteve o menor índice de produção agrícola entre todos os países latinos americanos. Em 1988, o setor contribuiu com apenas 5,9% do PIB. O setor empregou apenas 13% da força de trabalho, e forneceu apenas 1% das exportações totais. A pequena produção agrícola foi focada quase inteiramente no mercado interno. A agricultura foi a espinha dorsal da economia nacional durante séculos, mas entrou em um período de rápido declínio no início do século XX, à medida que a indústria do petróleo eclipsava todos os outros setores da economia. Até a década de 1930, a agricultura ainda era responsável por 22% do PIB e ocupou 60% da força de trabalho. O desenvolvimento industrial da nação na década de 1940, no entanto, parecia ter relegado a agricultura para status secundário de forma permanente. A agricultura registrou o seu pior crescimento no início dos anos 80. Várias politicas públicas tentaram revitalizar a agricultura com ampla intervenção estatal. Em 1984, o governo do presidente Lusinchi enfrentou estagnação rural com um programa multifacetado de subsídios de produtores e consumidores, proteção de importação e preferências cambiais. No entanto, todas essas tentativas de alavancar a agricultura não deram certo, em função da atratividade de oportunidades oferecidas pelas cidades. As de oportunidades de emprego na principal atividade venezuelana e a cadeia produtiva envolvida com a indústria do petróleo fez com que muito agricultores migrassem para as cidades em busca de melhoria de vida. 4.2 - Eletricidade A Venezuela exibe um dos maiores graus de eletrificação na América Latina, com mais de 94% da população sendo atendida por energia elétrica, superando o Brasil, que embora tenha índice comparável na área urbana, perde na área rural. Este é o fruto de um empreendimento bem sucedido do Estado venezuelano durante as décadas dos 70 e 80, embora com participação significativa de companhias privadas. O total nacional de oferta de energia elétrica a partir de hidroelétricas é de aproximadamente 46 GW. É interessante notar que a despeito de ser uma grande produtora mundial de petróleo a Venezuela não descuidou do uso do seu potencial hidroelétrico. (ROSA,2001) 24 4.3 – Transportes Figura 8 – malha viária Fonte da imagem: https://es.slideshare.net/berzav/el-transporte 25 4.3.1 – Transporte rodoviário A Venezuela possui malha viaria com uma rede de estradas que cobrem o território nacional. Utilizadas por linhas de ônibus, veículos particulares e carga que conectam todo o território. O tráfego nas rodovias é intenso na região centro-norte, no distrito da capital e nos estados de Miranda, Aragua, Lara, Zulia, Anzoátegui, Monagas, Yaracuy, Falcon e Carabobo. A malha viária se estende para o interior do país, conectando os centros urbanos com as áreas rurais distantes. Segundo HUDSON,1990, a extensão da malha viária cobriu mais de 76.000 quilômetros em 1988, sendo constituidas por 34% de estradas pavimentadas e 32% de cascalho. Os 34% restantes eram estradas de terra. A parte sul do país não possuia uma malha viária, consequentemente não sendo acessível por terra. As conquistas econômicas propiciadas pelo petróleo na década de 1970 permitiram ao país construir rodovias de pista dupla para atender a crescente população automobilística, que ultrapassou 2,3 milhões de veículos oficialmente registrados até 1986. As principais rodovias internacionais incluíram a Rodovia do Caribe colombiano na costa norte, que se interligava com a Rodovia Pan-Americana na Colômbia via San Cristobal e acesso ao Brasil via Santa Elena. Aproximadamente 55% das ruas da capital Caracas foram pavimentadas e outras grandes cidades copiaram o mesmo modelo em relação à pavimentação e tráfego de automóveis. 4.3.2 – Transporte ferroviário HUDSON,1990, diz que o sistema ferroviário do país não era tão extenso quanto rede rodoviária e muitos industriais queixaram-se de que o sistema ferroviário era insuficiente para sustentar o crescente setor de mineração. Em 1990, as ferrovias abrangeram apenas 400 quilômetros, transportando passageiros e frete sobre duas rotas principais. A rota principal de passageiros era Esticado de Barquisimeto a Puerto Cabello. Esta rota também passou pelo complexo petroquímico de Moron. Em 1988, os trens da nação, excluindo o metrô de Caracas, transportaram 240 mil passageiros. A segunda grande linha ferroviária percorreu a mineração pesada localizada ao sul da Cidade de Guayana. Caracas também apresentou um moderno sistema de metrô que abriu pela primeira vez em 1982 e que foi instalado por uma empresa francesa e administrada sob contratos de serviços privados. O Metrô de Caracas (C.A. Metro de Caracas-Cametro) foi 26 considerado transparente, pontual, seguro e financeiramente sólido no final da década de 1980. 4.3.3 - Aeroportos Conforme HUDSON, 1990, o transporte aéreo na Venezuela, no ano de 1988 transportou cerca de 15,7 milhões de passageiros. 11 aeroportos internacionais, 36 aeroportos domésticos e 290 pistas de pouso privadas constituem a rede aérea da Venezuela. O Aeroporto Internacional Maiquetfa, localizado a uma distância de 21 quilômetros do Distrito Federal de Caracas, era o principal aeroporto internacional, responsável por 40% de todos os passageiros, 84% da carga aérea e 90% de todos os vôos internacionais. Outros aeroportos internacionais importantes estão localizados em Barcelona e Maracaibo. A companhia aérea Venezuela International Airways (Venezolana Internacional de Aviacion S.A.-VIASA), transportadora internacional do governo, mantém voos regulares para os Estados Unidos, Caribe, Europa e América do Sul. A rede aérea Venezoelana possui ainda duas companhias de transporte doméstico; a companhia de correio aéreo venezuelana estatal (Lmea Aeropostal Venezolana-LAV) e a empresa privada Avensa. A partir do final da década de 1980, Avensa também fêz algumas rotas internacionais. Numerosos táxis aéreos navegam para áreas mais remotas da Venezuela e vinte e sete companhias aéreas internacionais voam regularmente para a Venezuela. 4.3.4 - Portos Segundo HUDSON, 1990, O INP - Instituto Nacional de Portos, gerenciou em 1990 os nove principais portoscomerciais do país, e outras entidades governamentais administraram o desempenho de outros portos do INP, localizados nos vários tipos de vias navegáveis. O crescimento da indústria pesada na década de 1980. fez com que os portos do INP se ocupassem com 90% do transporte de carga dessa natureza e quase todo o tráfego gerado em contêineres. Na década de 80, o Porto de La Guaira, localizado na metrópole de Caracas, foi o porto INP mais importante, seguido por Puerto Cabello e Maracaibo. Outros portos na costa do Caribe e no Lago de Maracaibo eram tipicamente portos especializados que atendiam uma indústria particular. Os portos venezuelanos e os portos do INP em particular 27 sofreram custos extremamente elevados, que estavam intimamente ligados à força dos sindicatos rurais. A falta de modernização e expansão após a década de 1970 também contribuiu para a baixa eficiência. Em 1990 o governo permitiu o avanço do setor privado na gestão portuária, para expandir o desenvolvimento portuário, uma medida que provocaria conflitos com o trabalho organizado. A Companhia de Navegação Venezuelana e dezenas de empresas privadas forneceram serviços de marinha comercial, incluindo o serviço de petroleiros em todo o mundo. Os principais portos da Venezuela, estão situados no Mar do caribe. Figura 9 – Portos da venezuela Fonte da imagem: http://paginas_internet.tripod.com/andrews/and-vene.html O Puerto de La Guaira está situado no estado de Vargas ao norte da Venezuela. É considerado um dos portos mais importantes do país juntamente com o Puerto Cabello localizado no Estado de Carabobo. A importância desses portos não é só pelo volume de cargas e contêineres manipulam, mas também por sua localização, considerada estratégica pela proximidade ao principal aeroporto internacional Simon Bolívar. Também a proximidade com a cidade de Caracas, reforça essa afirmação sobre a estratégia locacional. O porto de Maracaibo é o terceiro porto mais importante da Venezuela e também está localizado estrategicamente próximo ao lago de Maracaibo onde existe a produção de petróleo, facilmente escoada para o mercado internacional do petróleo. Como se observa na figura 9, outros portos compõe o parque portuário para o escoamento dos minérios e 28 petróleo produzidos no país. Naturalmente esses portos permitem também a chegada das importações de bens de consumo necessária à Venezuela pela deficiência na produção agrícola e tecnologia de ponta. LMERIDAG (2017) em 2009 faz um balanço do movimento de carga dos principais portos da Venezuela conforme representado no Gráfico e tabela da figura 10. ―Si revisamos la data disponible podemos observar que durante el año 2009 se movilizaron 123.699.591 Toneladas métricas de mercancías en los puertos venezolanos, correspondiendo al cabotaje un 30% de esa cantidad, es decir unas 36.878.699 TM. De esta cantidad un 93% de la misma corresponde a graneles líquidos y solo cerca de un 1,5% a carga containerizada. Pudiéramos inferir entonces que la mayor parte de la carga en container se moviliza vía terrestre desde Puerto Cabello, puerto que recibe el 70% de la carga en container, hacia el resto del territorio nacional, a distancias que van mas allá de su Hinterland natural. No es raro ver cantidades de gandolas atravesando Caracas para llevar carga hacia el Oriente del país e incluso hasta las empresas básicas en Guayana‖ Figura 10 – Volume de carga nos portos Venezuelanos por tipo de tráfego. Fonte da imagem: https://lmeridag.files.wordpress.com/2010/12/carga-por-circunscripcion-2009.png 29 4.4 - Indústria Segundo HUDSON, 1990, as políticas de industrialização do governo e iniciadas no final da década de 1950 impulsionaram o setor de manufatura na Venezuela. Do começo da década de 1970 até o final da década de 1980, a participação do Estado na indústria aumentou de 4% para 42%. Em meados da década de 1970, a riqueza da nação era enorme em função do petróleo que permitiu ao governo fornecer ajuda significativa à indústria, especialmente sob a forma de crédito subsidiado. A nacionalização do ferro e aço em 1975 e do petróleo em 1976 foram responsáveis pela expansão considerável da indústria do setor público. Embora o nível de industrialização da Venezuela tenha sido impressionante para os padrões latino- americanos, era ineficiente e com baixa produtividade para os padrões dos paises desenvolvidos. No final da década de 1980, a estrutura da indústria continuava sendo dominada por muitas empresas pequenas no setor privado. A maior parte era de propriedade familiar e as poucas grandes empresas, pertencentes ao setor público. O setor industrial empregava 18% da força de trabalho e representava 17,1% do PIB. Com exceção da exportação de petróleo e minerais processados, praticamente toda a produção industrializada era consumida localmente. Em 1988, as grandes empresas empregavam 64% da força de trabalho do setor e forneceram 78% de sua produção. Caracas era a localização de quase metade das indústrias, mas forneceu apenas 36% de seus empregos e 26% dos produtos manufaturados do país. Em contraste com a Ciudad Guayana, com apenas 3% da atividade industrial do país, produziu 10% de todos os produtos industrializados. O parque industrial era formado basicamente por Indústrias básicas ou de fabricação tradicional, como processamento de alimentos, bebidas, couro, calçados e produtos de madeira. A fabricação tradicional constituiu 54% de todas as empresas. Cerca de três quartos eram considerados pequenas empresas. Produtos intermediários, como papel, petroquímica, borracha, plásticos e minerais industriais, representavam 18% do setor. A participação do subsetor de bens de capital e metais básicos foi de 19% em 1988. As indústrias mais pesadas eram constituidas pelas indústrias de ferro, aço, alumínio, equipamentos de transporte e maquinário. Outras produções diversas representaram 9% da produção do setor. A indústria automobilística foi uma das maiores atividades de fabricação da Venezuela fora do refino de petróleo e processamento de minerais. No início da década de 30 1950, a indústria automobilística era apenas de montagem, possuindo três plantas de montagem de veículos e importando a maioria das peças. A indústria de automóvel consistia em subsidiárias venezuelanas de várias empresas estrangeiras. As empresas automobilísticas dos Estados Unidos reuniram 85% dos veículos da frota do país, europeus com 10% e as empresas japonesas com 5%. As duas maiores companhias de automóveis dos Estados Unidos, a General Motors e a Ford, controlavam 70% do mercado de automóveis venezuelano. Eventualmente, as fábricas locais forneciam peças para a linha de montagem, particularmente pneus, produtos metálicos e motores. Em 1985, um decreto do governo exigia que todos os motores de automóveis fossem feitos na Venezuela por um período de cinco anos. Em 1984, a produção acumulada atingiu 1,7 milhão de veículos. A indústria, protegida por tarifas de importação de até 300%, logo se tornou virtualmente a única fonte da frota de transporte do país. 4.5 - População e Demografia Segundo MARCIANO DANTAS, 2017, atualmente, a população venezuelana é o produto de uma forte mestiçagem iniciada no período colobnial entre a população indígena e a espanhola, mais tarde, no final do século XVI, aconteceu uma importante contribuição da população escrava originada do continente africano. Com a evolução histórica da venezuela, o processo de mestiçagem caracterizada pela "união livre", aceita como uma instituição no país, aumentou. No final da década de 1940, como início do processo de industrialização, começou uma importante imigração de origem espanhola, italiana e portuguesa, aumentando até 1958. Na década de 1970 e 80 ocorreu esse mesmo processo, mas diferentemente do processo anterior, dessa vez foi realizado por cidadãos de origem sul-americana, justificada pelo desenvolvimento da economia venezuelana em razão do boom do petróleo e à recessão de seus países de origem. Conforme HUDSON,1990, até a segunda metade do século XX, a estrutura social venezuelana foi se organizando em sua etnia. Um pequeno número de caucasianos não misturados ocuparam a elite da escala social em virtude de seu status como senhorios e herdeiros de propriedades e costumes hispânicos. ―This heritage stressed the importance of the patriarchal extended family, the primacy accorded individual uniqueness and dignity, disdain for manual labor, and a sharp distinction between the roles of men and women. In the traditionalsociety, the lower class was rural, with the majority of its members poor peasants, usually of pure or mixed Indian 31 or black descent. A small middle class, made up of less successful whites andsome mestizos, lived mainly in the cities and towns. By the early eighteenth century, the outlines and bases of the social system had been drawn. Most Indians and a growing number of blacks were losing their ethnic and cultural identities through the processes of racial mixture and societal pressure to conform to Hispanic norms. New generations began to see themselves as Venezuelans, distinct from Colombians, with whom they were associated through colonial administrative structures, or from the dwindling numbers of isolated forest Indians. The criollos, Venezuelan but of direct Spanish descent, formed the leadership cadre of a new national system. The growth of nationalism, however, did not subsume or overcome regional differences. In fact, the devotion to region was often far stronger than devotion to country, a factor that in many ways explains the protracted nature of the war of independence. In addition, both Indians and blacks during this period had reason to feel that they were better protected by the Spanish crown than might be the case under a regime ruled by haughty criollos.‖ HUDSON, 1990, p62 4.5.1 - Demografia Figura 11 – população classificada por genero – Censo 2011 Fonte da imagem Instituto nacional de estatistica - INE 32 Figura 12 – Densidadde populacional da Venezuela Fonte da imagem: https://pt.slideshare.net/kingstree/latin-americageographycomparisonmexicovenezuela1 A população da Venezuela (de acordo com as estimativas para 2017) é de 31,9 milhões de habitantes, com uma densidade demográfica de 34,8 hab / km². Mais de 80% da população é agrupada nos litorais do Mar do Caribe e Atlântico, vales e piedmont das Cordilheiras da Costa e dos Andes, criando grandes vazões populacionais ao sul do eixo do rio Orinoco-Apure. As maiores aglomerações de pessoas se situam ao norte da Venezuela. Observando-se as oito maiores aglomerações de população da tabela do INE, identifica-se que essas aglomerações estão situadas junto a faixa litorânea do Mar de Caribe e a faixa litorânea do Oceano Atlântico. Pode-se inferir que o inicio da ocupação da terra em sua colonização foi semelhante ao inicio da colonização do Brasil. Assim, a colonização da Venezuela 33 começou pela orla litoranea do Mar do caribe e Oceano Atlantico. Com a evolução histórica, houve expansão para o interior do continente, exatamente como seu vizinho brasileiro. Nas regiões com menos população, pela análise do mapa vegetação e relevo percebe-se que a cobertura vegetal é formada por florestas tropicais, que podem ser consideradas como reserva natural, desfavorecendo a ocupação pelo rigor da legislação ambiental. Em alguns casos, a barreira altimétrica é o fator limitante de ocupação antrópica. Dessa forma possui baixa densidade demográfica ou nenhuma como a Cordilheiira dos Andes por exemplo que atinge até 4500m de altura em alguns lugares. Outro fator importante de adensamento populacional é a oferta hidrica dos rios que em grande quantidade irrigam os terrenos de planícies favorecendo a fixação do homem a terra para suas atividades primárias, como a agricultura e a pesca. historicamente, os agrupamentos humanos sempre procuram as planicies onde tenha rios ou lagos para sua fixação. O lago de Maracaibo é um exemplo dessa fixação, pois é onde está localizada a provincia de Zulia possuindo a maior população de todo o territorio seguido de perto pela Provìncia de Miranda onde se situa a capital Caracas e a provincia de Carabobo, situadas no litoral do Mar do Caribe. Além do atrativo dos rios e lagos essa província situada em planicie sedimentar, conforme o mapa geológico da região, adensou demograficamente em função de ser uma bacia petrolífera de grande produção, se constituindo um atrativo de oportunidades de negócios e empregos . Sendo assim pode-se concluir que a urbanização dessa região foi fomentado pelo fator econômico, desencadeado pela cadeia produtiva do petróleo. De acordo com o Almanaque Abril(2014) e INE, a Venezuela é um país com alta taxa de urbanização de 95% no censo de 2011 34 Figura 13 – Pirámide etaria da Venezuela Fonte da imagem: populationalpyramid.net Verificando-se a pirãmide de faixa etária, percebe-se uma equidade nas faixas de idade e gênero com uma distribuição praticamente uniforme. Na faixa etária de zero aos quarenta anos diminuindo gradativamente ao avanço das faixas. Conforme indicadores demográficos do ALMANAQUE ABRIL (2014) A Venezuela apresentou um crescimento demográfico de 1,5% no período de 2010 a 2015, com uma fecundidade de 2,41 de filhos por mulher no mesmo periodo. A expectativa de vida de 71,7 anos para homens e 77,6 anos para mulheres está na média dos países em desenvolvimento na América do Sul. A mortalidade infantil por mil nascidos vivos foi de 2,41 em 2012. No período de 2005 a 2010 o analfabetismo atingiu 4,5% e o IDH em 2012 foi de 0,748. A Venezuela é composta por uma população relativamente jovem e desta forma possui uma grande quantidade de mão de obra em idade laboral no país com aproximadamente 55% da população. 35 4.5.2 - Grupos étnicos O povo da Venezuela vem de uma variedade de ancestrais. Estima-se que a maioria da população seja de origem mestiça ou miscegenação racial. No entanto, no censo de 2011, os venezuelanos foram convidados a identificar-se de acordo com seus costumes e ascendência. A maioria afirmou ser mestiça ou branca - 51,6% e 43,6%, respectivamente. Praticamente metade da população afirmou ser moreno, um termo usado em toda a América do Norte que, neste caso, significa "pele escura" ou "pele marrom", ao contrário de ter uma pele mais clara (este termo define a cor da pele ou o tom, em vez das características faciais ou descendência). A maioria da população indígena está localizada no sul da Venezuela e parte da região de Zulian, e representam. 12% da população da Venezuela. (WIKIPEDIA, Venezuela#Ethnic_groups, 2017). Figura14 – Tipos étnicos da Venezuela Fonte da Imagem: HUDSON R. - Venezuela : a country study / Federal Research Division, p62 , Library of Congress ; edited by Richard A. Haggerty. — 4th ed. 1990 36 4.5.3 - Problemas sociais A situação social da Venezuela em 2017 pode ser retratada, através desta manchete de jornal, que por si só dispensa maiores comentários, é disponibilizada de forma integral no link: https://www.publico.pt/2017/05/28/mundo/noticia/os-venezuelanos-tem-fome-mas-os-agricultores-nao-conseguem-darlhes-de-comer-1773607 Com o dinheiro em baixa e as dívidas a acumularem-se, o Governo socialista da Venezuela cortou severamente nas importações de comida. Para os agricultores da maioria dos países isto representaria uma oportunidade. Mas isto é a Venezuela, país cuja economia funciona num plano especial de disfunção muito próprio. Em tempos de supermercados vazios e fome que se alastram, as quintas do país produzem cada vez menos – não mais –, agravando ainda mais o défice calórico. Ao percorrer o campo nos arredores da capital, Caracas, encontramos tudo aquilo que um agricultor precisa: terra fértil, água, luz do sol e gasolina a 0,01 dólares por litro, o preço mais barato do mundo. Mas, ainda assim, as famílias desta zona têm um aspecto tão esquelético como os venezuelanos que vivem na cidade, que fazem filas para comprar pão ou vasculham no lixo à procura de restos de comida. ·... [Os últimos indicadores de saúde pública da Venezuela confirmam que o país está a enfrentar uma calamidade alimentar. Com a escassez de medicamentos e os casos de mal nutrição a aumentar, morreram no ano passado mais de 11 mil bebés, fazendo a taxa de mortalidade infantil aumentar 30%, de acordo com o Ministério da Saúde da Venezuela. A responsável pelo ministério foi despedida pelo Presidente, Nicolás Maduro, dois dias depois de divulgar estas estatísticas. A fome infantil em certas partes da Venezuela é uma “crise humanitária”, de acordo com um novo relatório da organização de ajuda humanitária Caritas, que descobriu que 11,4% das crianças com menos de cinco anos sofriam de mal nutrição moderada a grave e que 48% estavam “em risco” de passar fome.]...Os manifestantes que nas últimas sete semanas têm marchado nas ruas contra Maduro gritam “Temos fome!”“, enquanto a polícia de choque responde com canhões de água e gás lacrimogéneo. Num inquérito recente a 6500 famílias venezuelanas, realizado pelas principais universidades do país, três quartos dos adultos afirmaram ter perdido peso em 2016 – uma média de 8,6 quilos. Aqui, as pessoas referem-se secamente a este emagrecimento coletivo como “a dieta Maduro”, mas é um nível de fome quase sem precedentes fora de zonas de guerra ou áreas devastadas por furacões, secas ou pragas. Os economistas apontam que o desastre na Venezuela é provocado pelo homem – o resultado de nacionalizações de quintas, de distorções da moeda e da aquisição governamental da distribuição de alimentos. Ao mesmo tempo que milhões de venezuelanos não têm o suficiente para comer, os responsáveis do Governo, habituados a ver o seu país rico em petróleo como um benfeitor e não um caso objeto de caridade, recusaram a entrada no país de grupos de ajuda internacional para entregar alimentos. “Com a produção industrial da Venezuela em colapso, os agricultores são obrigados a importar rações, fertilizantes e peças suplentes, mas não podem fazê-lo sem divisas fortes. E o Governo tem reservado os dólares que ganha com as exportações de petróleo para pagar empréstimos com elevadas taxas de juro aos credores estrangeiros. Escobar explicou que, para manter a produção a funcionar, necessitam de 400 toneladas de ração animal importada rica em proteínas a cada três meses, mas só obtém 100 toneladas. Portanto, como muitos outros, virou-se para o mercado negro. Contudo, só consegue comprar uma ração mais barata e menos nutritiva, o que significa que as suas galinhas são mais pequenas do que eram antes – tal como os ovos. “A qualidade desceu, portanto a produção também desceu”, lamenta. Há muito que a Venezuela depende das importações de certos produtos alimentares, como o trigo, que não podem ser cultivados em larga escala no clima tropical do país. Mas as estatísticas comerciais revelam que as políticas de reforma da terra do falecido Hugo Chávez, o antecessor de Maduro, tornaram a Venezuela mais dependente do que nunca de alimentos importados. Há anos que o Governo não publica dados sobre a agricultura. Mas Machado, o perito em agricultura, afirmou que as importações anuais de alimentos tinham um valor médio de 75 dólares por pessoa até 2004 e dispararam depois de Chávez ter acelerado a nacionalização de quintas, acabando por se apoderar de mais de quatro milhões de hectares. O Governo também expropriou fábricas e a produção alimentar da Venezuela caiu a pique. Apenas uma minoria pequena e rica dos venezuelanos tem possibilidade de comprar muita comida no mercado negro, onde meio quilo de arroz importado do Brasil ou da Colômbia custa cerca de 6000 bolívares. Isto representa cerca de um dólar à taxa de câmbio do mercado negro, mas, para um típico trabalhador venezuelano, é um dia inteiro de salário, porque o bolívar perdeu 99% do valor nos últimos cinco anos. 37 4.6 – Economia Os indicadores econômicos da Venezuela observados em 2012, conforme a divulgação do AMANAQUE ABRIL (2014) foi o PIB total em milhões de US$ = 382.424, sendo o PIB agropecuário representando apenas 6% do total. O PIB da indústria representando 52% e o PIB dos serviços representados por 42% do total. Ainda em relação ao PIB, o crescimento em média anual desse ano foi 5,5%, que representa uma renda per capita de US$ 12.470. As exportações de 2011 foram de 92.602 milhões em 2011 e 47.600 milhões de importações no mesmo ano, apresentando um superávit de US$ 45.002 milhões. Conforme essa exposição de Indicadores pode-se inferir que a situação econômica da Venezuela em 2012 era relativamente boa. Figura 15 – Historia do preço mundial do petróleo Fonte da imagem: www.economichelp.org / DCOILBRENTEU – Jan 2016 No entanto, conforme o IMF Data Mapper do Fundo monetário internacional e o site economicshelp demonstram na figura14, a queda acentuada do preço do petróleo nos últimos anos teve reflexo imediato e drástico na economia da Venezuela fazendo com que o PIB desabasse de um índice positivo de 5,5% em 2012, para sucessivos índices negativos. A explicação se encontra na produção de petróleo ao qual a Venezuela é extremamente dependente. Cerca de 90% das exportações do país é produzida por 38 petróleo, motivo pelo qual qualquer variação no valor desse produto afeta a economia de forma imediata e isso foi exatamente o que aconteceu, onde o preço do petróleo a partir dos últimos meses de 2014 desaba internacionalmente, saindo dos confortáveis 100 dólares por barril para apenas 27 dólares em fins de 2015. O PIB da Venezuela segundo dados do relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2014 teve uma retração de 3,9%. Em 2015, foi maior ainda atingindo 6,2%. Mas em 2016 essa retração atinge índice de 18%. Trata-se da maior queda observada no PIB de um país latino-americano desde 1980, levando ao empobrecimento da Venezuela de forma drástica, com reflexos sociais imediatos. Em 2015, a Venezuela exportou US$ 34,3 bilhões e importou US$ 27,5 bilhões – ou seja, teve um saldo comercial positivo de US$ 6,8 bilhões, mas bem menor do que o ano anterior de US$ 45 bilhões, demonstrando assim o início decadente da economia na Venezuela. No gráfico da figura 15, é possível compreender porque a Venezuela nos últimos três anos agravou sua economia enormemente, caracterizando-se a extrema dependência da economia à produção de petróleo. O preço do barril de petróleo teve baixa considerável no mercado internacional, acarretando problemas econômicos graves além da explosão inflacionária. Quantificar a Inflação é um indicador econômico difícil de ser acompanhado na Venezuela. Conforme o site IMF DataMapperem 2015, a inflação acumulada foi de 1118%, muito acima dos valores registrados nos anos anteriores. Ano Inflação (%) Ano Inflação (%) Ano Inflação (%) 2006 13,7 2010 28,2 2014 57,3 2007 18,7 2011 26,1 2015 111,8 2008 30,4 2012 21,1 2016 254,4 2009 27,1 2013 43,5 2017 652,7 (estimativa) Figura 16 - Tabela adaptada de dados extraídos do IMF Data Mapper http://www.imf.org/external/datamapper/datasets 39 Entre 2006 e 2016, esse índice variou entre 13,7% e 254,4%. O Instituto Nacional de Estatística da Venezuela deixou de publicar dados de inflação em dezembro de 2015. Desde então, há diversas formas de acompanhar esse dado. O FMI é uma das possíveis fontes. Segundo o fundo, em 2016, a inflação venezuelana foi de 254,4% e pode chegar a 652,7% em 2017. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pela ONU, leva em consideração a esperança de vida da população, a escolaridade e o PIB per capita de vários países do mundo para elaborar um ranking. Nele, os países com nota 1 são os mais desenvolvidos. Em 2000, na gestão Chávez, conforme o INE, o IDH venezuelano foi de 0,672. Em 2013, ano em que faleceu, foi de 0,771. Em 2014, já na gestão Maduro, o índice caiu para 0,769 e, em 2015 (último dado disponível) retrocedeu ainda mais – para 0,767. 4.6.1 – Petróleo Figura 17 - Reservas energéticas de Venezuela Fonte da imagem: http://motoresconstituyentes.blogspot.com.br/2007/12/venezuela-potencia-energtica- mundial.html 40 A economia venezuelana baseia-se no petróleo e na exploração do minério de ferro. A expansão dessas atividades atraiu para o país outras indústrias: químicas, de papel e celulose e de borracha. Na Amazônia venezuelana, são explorados recursos importantes: ouro, diamantes, cobre, zinco, titânio e manganês, além do petróleo. Após a Primeira Guerra Mundial, a economia venezuelana passou por mudanças significativas: de uma economia essencialmente agrícola para uma economia centrada na extração e exportação de petróleo, onde essa atividade é responsável por cerca de 80% das exportações do país. O país é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) mas não aparece na lista dos dez maiores produtores de petróleo do mundo, no entanto aparece na lista das maiores reserva de petróleo em primeiro lugar. Pode-se deduzir que a produção de petróleo na Venezuela tem muito a crescer. No entanto já existem graves problemas ambientais relativas às reservas hídricas de abastecimento as grandes cidades. O crescimento constante da cidade de Maracaibo com o seu vasto plano siderúrgico e energético e a reativação da atividade petrolífera na costa leste exige a adoção de medidas de previsão rigorosas para evitar que a poluição do lago prejudique a reserva de água doce mais importante do país. Este tipo de poluição pode ser presumida acontecer também em outras bacias com grande aglomeração humana e produção industrial como a bacia do Mar do Caribe por exemplo onde se situa a capital Caracas. Essas aglomerações humanas se devem principalmente por estas cidades além de outras densamente povoadas na região norte ser produtoras de petróleo possuindo bacias 41 petrolíferas em produção nas regiões de Maracaibo-Falcon, Oriental, Tuy-Cariaco, Ature- Barinas e a faixa petrolífera do Orinoco. 4.6.2 - Cuencas Petrolíferas de Venezuela Segundo VENELOGIA, as bacias petrolíferas são regiões geológicas favoráveis para a formação e acumulação de hidrocarbonetos. Nelas se encontram os grandes depósitos de petróleo. Durante milhões de anos, os restos dos animais marinhos e grandes massas de sedimentos foram depositados no fundo do mar originando os grandes depósitos de petróleo. Na atualidade as bacias petrolíferas são compostas por planícies que antigamente estiveram sob os mares. Os restos de organismos que habitavam lagos e mares se combinaram com carbono e hidrogênio, posteriormente flutuando ou se misturando à água. Quando essa massa biológica fica presa nos poros das rochas sedimentares se acumulando continuamente permite a formação de óleo. É por isso que as localizações de bacias petrolíferas ocorrem em regiões sedimentares. Figura 18 - Cuencas petrolíferas de Venezuela/Imagen: Pdvsa Fonte da imagem: http://www.venelogia.com/archivos/9711/ 42 Segundo o site LAOPEPYVENEZUELA, 2017 e o site VENELOGIA, 2017 as bacias petrolíferas da Venezuela principais são: Bacia de Maracaibo-Falcón - Até 1998, era a maior bacia de produção do país. No ano 2000, 46,6% da produção nacional foi produzida nesta bacia. Atualmente, tem 13.000 poços ativos e sua capacidade de produção é de 1.885 milhões de barris por dia. Inclui uma sub-bacia de Maracaibo, com uma área de 67.000 km 2. Elas estão separadas pela região montanhosa composta a leste de Zulia e a oeste de Falcón e Lara. A sub-bacia Falcón que complementa Maracaibo contribui com uma pequena porcentagem da produção nacional de petróleo bruto. Os principais poços dessas bacias são: Lagunillas, Tía Juana, Barraquero, La Paz, Lama, Cabimas, Mene Grande, Las Manuelas, Boscan, Concepción. Bacia Apure-Barinas - Sua extensão ainda não está determinada, no entanto, é estimado em cerca de 87.000 km2. São integrado pelos estados de Apure, Barinas e Portuguesa. Do ponto de vista da produção, contribui com cerca de 2% da produção nacional de petróleo. Possui 350 poços ativos e sua capacidade de produção é de 166 milhões de barris diários. Os principais poços explorados são: Hato Viejo, Maporal, Silvan, Páez, Sinco, Silvestre. Bacia oriental - É a mais extensa, com mais de 150,000 km2; Inclui regiões dos estados de Anzoátegui, Monagas, Guárico, Sucre e Delta Amacuro. É a segunda bacia em importância para produção e reserva. Atualmente, possui 3.300 poços ativos. Nesta bacia, produzem-se óleo crú pesado e extra-pesado para mercados de processos alternativos. É subdividido em três sub-bacias: a sub-bacia de Guárico, a sub-bacia de Maturín e a sub- bacia de Paria. Os campos de petróleo que têm MAIS importância nesta bacia são os de Quiriquire, Jusepín, Tucupita, Temblador, Tucupido, Las Mercedes e El Àrea de Oficina. Bacia de Tuy-Cariaco - Localizada ao norte da bacia oriental. Tem uma superfície aproximada de 18.000 km2. Ela se estende de Barlovento, estado de Miranda ao Golfo de Cariaco em Sucre, quase inteiramente coberto pelo Mar do Caribe. Inclui a península de Araya e as ilhas de Margarita, Coche e Cubagua. Duas descobertas importantes foram feitas com o programa de exploração Costa Afuera, uma para o gás liquefeito em Paria e outro para o petróleo no MTC.IX. O valor comercial do óleo que potencialmente pode estar nesta bacia ainda está sendo estudado, pois esta bacia ainda está em exploração. Nesta bacia estão as sub-bacias Tuy e Cubagua. Este poço tem uma produção de 1.000 a 1.500 barris de petróleo bruto diariamente. 43 Faixa petrolífera do Orinoco: É uma região localizada no extremo sul da bacia oriental, entre o norte do rio Orinoco e as porções do sul de Anzoátegui, Monagas e Delta Amacuro. Tem uma área de 55.313 km 2. Constitui uma grande reserva de óleo crú extra pesado com alto teor de enxofre em processo de certificação e exploração. Esta Bacia é considerada como a maior e a mais importante da Venezuela Figura 19 - Faja Petrolífera del Orinoco Fonte da imagem: http://laopepyvenezuela.galeon.com/orinoco.htm 44 5 – CONCLUSAO. Atravessar o continente sul americano e conhecer um país situado no extremo norte continental da América do Sul, interpretar a composição de suapopulação, sua organização, economia, indústria, rede de transporte e seu território com vasta diversidade de hidrografia, relevo, geologia, vegetação, são lições que a geografia pode nos proporcionar. A Venezuela atrai a atenção do geógrafo justamente por possuir uma riqueza em recursos naturais incalculáveis e possuir a maior reserva do planeta do ouro negro como é chamado o petróleo. Desta forma, toda a possibilidade que um país pode necessitar para ser grandioso, a Venezuela possui. Este trabalho também foi muito gratificante para entender porque a Venezuela que tem tudo para dar certo, passa por uma crise extraordinária de ordem política, econômica e social. Depois de observar de forma imparcial sob todos os ângulos possíveis da geografia, foi possível concluir que este grande país sairá dessa crise apenas com vontade humana e essencialmente politica, através da quebra de paradigmas em seu conceito de gestão governamental. Fazendo mudanças estruturais em sua forma de governar, quebrando o esquema de política econômica que é contra os investimentos, e melhorando suas relações politicas e comerciais com alguns dos grandes mercados globais principalmente os EUA. Essas mudanças associadas ao apoio que o mundo inteiro possa oferecer a Venezuela fará com certeza que esse país se redescubra e se torne novamente uma excelente economia como fora no passado. Mas precisa perder a dependência extrema da produção do petróleo, que com certeza será ainda por muito tempo sua melhor divisa, mas não deve ser considerada exclusiva, pois esse produto sofre variações imprevistas em seu preço internacional. A Venezuela deve procurar incentivar a produção primária representada por sua agricultura que é pouco participativa ou quase nada, pois apenas 10% do PIB veem da agricultura essencialmente familiar. A agricultura nos países que não possuem a vanguarda tecnológica europeia, asiática e americana na produção de bens de capital devem vir sempre como premissa na formação do PIB nacional. A exportação de commodities também é necessária para o equilíbrio da balança comercial internacional. Além disso, é necessário expandir a produção secundária com abertura de mercado internacional para a instalação de indústrias e produtos de tecnologia que possam competir nesse mercado e assim alavancar economia da nova Venezuela. 45 6 - REFERÊNCIAS Almanaque Abril 2014 – Editora Abril, São Paulo, 2014. BRASIL - ITAMARATY <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/ficha-pais/5411-republica-bolivariana-davenezuela> Acessado 02/09/2017 GEOGRAFIADEVENEZUELA <http://geografiadevenezuela-carmen.blogspot.com.br/2009/07/hidrografia-en- venezuela.html> acessado em 17/09/2017 HUDSON R. - Venezuela : a country study / Federal Research Division, Library of Congress ; edited by Richard A. Haggerty. — 4th ed. 1990 IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA <http://www.ibge.gov.br/paisesat/main_frameset.php > Acessado 02/09/2017 INSTITUTO GEOGRÁFICO VENEZOELANO SIMON BOLIVAR <http://www.igvsb.gob.ve/> acessado em 05/09/2017 IMF – INTERNATIONAL MONETARY FUND <http://www.imf.org/external/datamapper/datasets>Acessado em 24/11/2017 IMF - INTERNATIONAL MONETARY FUND <http://www.imf.org/external/datamapper/PCPIPCH@WEO/WEOWORLD/VEN> Acessado em 24/11/2017 INSTITUTO NACIONAL DE ESTADISTICA <http://www.ine.gov.ve/> acessado em 02/09/2017 LAOPEPYVENEZUELA <http://laopepyvenezuela.galeon.com/> Acessado em 24/11/2017 MARCIANO DANTAS <http://professormarcianodantas.blogspot.com.br/2014/02/confrontos-na-venezuela.html > Acessado em 17/09/2017 PUBLICO htps://www.publico.pt/2017/05/28/mundo/noticia/os-venezuelanos-tem-fome-mas-os- agricultores-nao-conseguem-darlhes-de-comer-1773607 OBSERVATÓRIO DE VIOLENCIA DA VENEZUELA <https://observatoriodeviolencia.org.ve/> acessado em 23/09/2017 ROSA L.P - A política de energia elétrica da Venezuela , GUIMARAES S.P.G et CARDIM C.H. organizadores - Venezuela: Visões brasileiras -, Brasília: IPRI, 2003 – Textos apresentados no seminário sobre a Venezuela, Rio de Janeiro, 2001 SIGAVENEZUELA <http://www.sigavenezuela.com.ve/fnsv/Geografia/geologia> Acessado em 15/10/2017 46 TAMDJAN, J. 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