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Estatuto da criança e adolescente e uso de drogas

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PSICOLOGIA E O ECA
PSICOLOGIA E USO DE ÁLCOOL E DROGAS
O Estatuto da Criança e do Adolescente, disposto pela Lei n° 8069,  sancionado pelo presidente Fernando Collor em 1990, altera profundamente o olhar sobre a infância e a juventude, ao conceber o público de que trata o ECA, como sujeito que “goza de todos os direitos fundamentais da pessoa humana” (artigo 3°, ECA)
 Rompe-se com a concepção da criança e do adolescente como indivíduos submetidos indiscriminadamente às exigências adultas, passíveis de correções aleatórias, sustentadas por concepção qualquer de educação. Ambos passam a ter direitos e garantias através da proteção integral, alicerce para que se tornem promotoras de mudanças e agentes participativos da vida social.
  
CRIANÇA E ADOLESCENTE - ECA
O ECA estabelece ainda o dever da família, comunidade, sociedade em geral e poder público, diante da efetivação dos direitos da criança e do adolescente, no tocante a garantia da vida, saúde, alimentação, educação, esporte, lazer, profissionalização, cultura, dignidade, respeito, liberdade, convivência familiar e comunitária (artigo °4, ECA). Estabelece- se um projeto que, pela primeira vez, responsabiliza diretamente o Estado pelas questões da infância e juventude, e convoca todos os setores sociais para a construção de uma geração protegida e ativa socialmente
Assim, a partir dos normativos referentes à liberdade, ao respeito e à dignidade, crianças e adolescentes ganham os direitos à opinião e expressão; ao ir e vir nos logradouros públicos e espaços comunitários, respeitadas as restrições legais; à crença e o culto religioso; ao brincar, praticar esportes e divertir-se; participar da vida comunitária, familiar e política; e buscar auxílio, refúgio e orientação (artigo °16, ECA) 
Direito a convivência familiar e comunitária, conforme ao artigo °19 do ECA. 
Estas duas dimensões se tornam essenciais na formulação de programas de atenção à Infância e Juventude, o que pode ser percebido no quesito da matricialidade familiar, descrita na Lei Orgânica de Assistência Social
Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer que, de acordo com o artigo° 53 do ECA, visa ao pleno desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, preparando-os para o exercício da cidadania e do trabalho. 
Estabelecem-se direitos como: respeito por parte de seus educadores, organização de entidades estudantis (artigo 53, II) e acesso ao ensino fundamental e médio, obrigatório e gratuito (artigo 54, I e II).
Fica imposta a participação dos familiares na matrícula escolar e o comprometimento dos estabelecimentos de ensino e Conselho Tutelar, na intervenção em casos de maus-tratos, evasão escolar e repetência (artigo 56, ECA) 
  
Organizam-se ainda linhas de ação de política de atendimento às crianças e adolescentes, “através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios” (artigo° 86, ECA). O artigo° 87, por sua vez:
  
  
“São linhas de ação da política de atendimento: 
I - políticas sociais básicas; 
II - políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem; 
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; 
 
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente. 
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes;   VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos”.   
 Mas, apesar dos esforços e do consistente e democrático corpo de leis, a ascensão das crianças e dos adolescentes à cidadania ainda está longe de se concretizar. 
O ECA promove crianças e adolescentes a condição de cidadãos.
Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária surge, em 2006, como fruto de discussões entre representantes do poder público, em todas as esferas governamentais; sociedade civil, na figura de entidades envolvidas com o tema; e de organismos internacionais. 
Sua formulação reflete as diretrizes de marcos normativos internacionais, sobretudo as resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Diretrizes: centralidade da família na formulação de políticas públicas e intervenções por parte das entidades responsáveis. A família, entendida como “mediadora das relações entre os sujeitos e a coletividade, delimitando, continuamente os deslocamentos entre o público e o privado, bem como geradora de modalidades comunitárias de vida”, torna-se o veículo primordial para a construção do sujeito de direitos e seu acesso à plena cidadania. 
Desmonte de um modelo tradicional de família e a aceitação de configurações diversas, produzidas por um tempo intrínseca e dialeticamente condicionado às transformações societárias contemporâneas.
PSICOLOGIA
 Suas ações incidem em espaços diversos como nos abrigos, Poder Judiciário, medidas socioeducativas, centros de convivência, comunidades, dispositivos de lazer e cultura, escolas, entre outros. Sua prática conjuga dimensões como os normativos da Política Nacional de Assistência Social, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e o campo da Psicologia, com seus referenciais teóricos, discussões e instrumentos.    
Algumas atividades podem ser destacadas como:
·      Acolhimento
O acolhimento consiste em dos pontos fundamentais nas intervenções junto a crianças e adolescentes, por estabelecer o vínculo e conferir a este grupo o sentimento da proteção, essencial para o desenvolvimento integral.  
·      Comunicação com a rede
O trabalho, como nas demais políticas democráticas, permite a construção de estratégias e ações amplas para as crianças e adolescentes, desde o âmbito preventivo às situações em que os direitos já foram atacados.  
·     
Atendimentos individuais e grupais
Ambos os atendimentos psicológicos facilitam a eclosão, compreensão e reorganização dos conteúdos psíquicos de crianças, adolescentes e famílias, fortalecendo a saúde, as relações sociais, a identidade, entre outros. 
·      Elaboração de planos individualizados de atendimento
Estratégia presente nas medidas socioeducativas e de abrigo, os planos individualizados de atendimento convocam a criança, o adolescente e suas famílias a participarem da construção de um projeto de crescimento profissional, educacional e social. 
Fortalecimentos dos vínculos familiares e comunitários
  
Através do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários espera-se construir um espaço saudável para a construção de subjetividades do adolescente e da criança.
  
·      Parceria com Poder Judiciário e Conselhos Tutelares
  
Sobretudo em situações de violação de direitos, a aproximação com o Poder Judiciário favorece um melhor acompanhamento do caso pelas instâncias competentes, assim como a formulação de estratégias para a resolução das dificuldades enfrentadas.
  
·      Construção de autonomia
  
Através de um conjunto de ações, pretende-se que a criança e o adolescente gradativamente conquistem confiança em si e esperança em relação ao seu futuro; construam projetos e atuem em direção destes. 
  
Divulgação de saberes e cuidados em relação à Infância e à Adolescência
  
Ao psicólogo, cabe também, em conjunto com outros profissionais, promover a divulgação dos direitos
da criança e do adolescente, sensibilizando a população  frente aos seus deveres, e aos deveres do Estado.
  
  
Psicologia e Políticas públicas de álcool e drogas 
Com o Sistema Único de Saúde e a mudança na forma de conceber a saúde, as ações voltadas ao uso de drogas e álcool ganham outras perspectivas. Há uma transição de políticas referentes ao tema, que alteram sua compreensão de um contexto individualizado para um contexto social. Desta forma, o consumo de álcool e drogas passa a entendido como fenômeno que abrange ações de promoção, proteção e recuperação, conforme o previsto pelo SUS.
  
            
Com o Sistema Único de Saúde e a mudança na forma de conceber a saúde, as ações voltadas ao uso de drogas e álcool ganham outras perspectivas. Há uma transição de políticas referentes ao tema, que alteram sua compreensão de um contexto individualizado para um contexto social. Desta forma, o consumo de álcool e drogas passa a entendido como fenômeno que abrange ações de promoção, proteção e recuperação, conforme o previsto pelo SUS.
  
            Esta mudança exige uma transformação das práticas dos profissionais da saúde, da formulação de estratégias, assim como do olhar frente ao usuário de drogas e álcool. O modelo curativo gradativamente cede espaço para intervenções de caráter educativo, envolvendo ações nas comunidades e escolas e nos próprios centros de saúde. 
  
         Um dos aspectos impactantes por essa nova compreensão do uso de drogas consiste na mudança de perspectiva frente ao próprio usuário. Antes, considerado como criminoso e marginal, as práticas atuais procuram alterar o olhar que distancia o usuário de drogas do Sistema Único de Saúde, trazendo-lhe agora como cidadão. Esta estratégia reflete princípios democráticos que visam favorecer atendimento sem discriminações, além de aproximar os usuários de drogas e álcool aos serviços de saúde. 
  
 
   
Esta mudança exige uma transformação das práticas dos profissionais da saúde, da formulação de estratégias, assim como do olhar frente ao usuário de drogas e álcool. O modelo curativo gradativamente cede espaço para intervenções de caráter educativo, envolvendo ações nas comunidades e escolas e nos próprios centros de saúde. 
  
Nova perspectiva:  Antes, considerado como criminoso e marginal, as práticas atuais procuram alterar o olhar que distancia o usuário de drogas do Sistema Único de Saúde, trazendo-lhe agora como cidadão. Esta estratégia reflete princípios democráticos que visam favorecer atendimento sem discriminações, além de aproximar os usuários de drogas e álcool aos serviços de saúde. 
 
Estas mudanças são observadas ainda na política de redução de danos. A partir dela, promove-se uma compreensão diferenciada do fenômeno, exigindo dos profissionais intensa reflexão sobre seus conhecimentos e práticas consolidadas. 
  
De forma geral, a política de redução de danos pode ser entendida como “uma estratégia da Saúde Pública que busca minimizar as consequências adversas do consumo de drogas do ponto de vista da saúde e dos seus aspectos sociais e econômicos sem, necessariamente, reduzir esse consumo” .
  
Lançado na Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas, pelo Ministério da Saúde (2004), a redução de danos tem como antecessores as políticas voltadas ao controle da hepatite e AIDS, que incentivavam a troca de seringas entre doentes usuários de drogas, minimizando os riscos da propagação de patologias. Estas ações foram inspiradas em políticas de saúde europeias, nascidas em 1984, que geraram muitas controvérsias à época. 
  
Com a Política Nacional de Promoção da Saúde (2006), a redução de danos é reforçada, articulando-a com os princípios da intersetorialidade e a atenção integral. Assim, são estimuladas as intervenções frente ao uso de drogas e álcool que congreguem a educação, lazer, esportes e assistência social.   
  
A Estratégia Saúde da Família também consiste em outra relevante estratégia para a promoção de práticas contra o uso de drogas e álcool. Através da Saúde da Família são estabelecidas equipes-mínimas multidisciplinares que visam promover saúde para as comunidades. 
  
Em relação aos espaços de atuação do psicólogo diante das políticas de atenção ao uso de drogas e álcool, destacam-se:
  
·      CAPS AD,
  
·      Consultórios de Rua,
  
·       Equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF),
  
·      Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF),
  
·      Unidades Básicas de Saúde (UBS), 
  
·      Unidades de Acolhimento (UA),
  
·      Projetos de Inclusão Produtiva e de Geração de Trabalho e Renda,
  
·      Centros de Referência de Assistência Social (CRAS)
Centros de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS),
  
·      entre outros dispositivos da rede.
  
 
Diante da diversidade de espaços de atuação frente às políticas públicas de álcool e drogas, a ação do psicólogo se torna ampla e em constante transformação. Evidentemente, segue os princípios das políticas democráticas, portanto, exige um olhar contextualizado diante do problema, trabalho multidisciplinar, ação extramuros, comunicação com a rede de serviços socioassistenciais, convocação da família e comunidade, entre outros.
  
Seguem abaixo, algumas ações estabelecidas pela Portaria nº 130 de 26 de janeiro de 2012, em que se evidenciam a importância da inserção do psicólogo nas políticas sobre uso de álcool e drogas. Afora a medicação, o psicólogo se insere em todas as demais atividades. 
  
“ I. trabalhar de portas abertas, com plantões diários de acolhimento, garantindo acesso para clientela referenciada e responsabilização efetiva pelos casos, sob a lógica de equipe Interdisciplinar, com trabalhadores de formação universitária e/ou média, conforme definido nesta Portaria;
  
 II - atendimento individual para consultas em geral, atendimento psicoterápico e de orientação, dentre outros; 
  
III - oferta de medicação assistida e dispensada; 
  
IV - atendimento em grupos para psicoterapia, grupo operativo e atividades de suporte social, dentre outras; 
  
  
V - oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível universitário ou de nível médio, nos termos desta Portaria; 
  
VI - visitas e atendimentos domiciliares; 
  
VII - atendimento à família, individual e em grupo; 
  
VIII - atividades de reabilitação psicossocial, tais como resgate e construção da autonomia, alfabetização ou reinserção escolar, acesso à vida cultural, manejo de moeda corrente, autocuidado, manejo de medicação, inclusão pelo trabalho, ampliação de redes sociais, dentre outros; 
  
IX - estimular o protagonismo dos usuários e familiares, promovendo atividades participativas e de controle social, assembleias semanais, atividades de promoção, divulgação e debate das Políticas Públicas e da defesa de direitos no território, dentre outras.”

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