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2 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil SUMÁRIO DIREITO CIVIL ...........................................................................................3 Anelise Muniz – Peça Prático-Profissional .......................................................3 Raquel Bueno – Questões 01 e 02 .................................................................7 Roberta Queiroz – Questões 03 e 04 ...........................................................12 DIREITO PENAL ........................................................................................15 Cristiane Damasceno – Peça Prático-Profissional ...........................................15 Cristina Tubino – Questões 01 e 02 .............................................................17 Flávio Daher – Questões 03 e 04 ................................................................19 DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................................22 Aragonê Fernandes – Peça Prático-Profissional ..............................................22 Aragonê Fernandes – Questões 01, 02, 03 e 04 ............................................23 DIREITO TRIBUTÁRIO ...............................................................................26 Maria Christina Barreiros – Peça Prático-Profissional ......................................26 Celso Correia – Questão 01 ........................................................................27 Maria Christina Barreiros – Questão 02 ........................................................28 Celso Correia – Questões 03 e 04 ...............................................................28 DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................30 Lisiane Brito – Prova Prático-Profissional ......................................................30 Lisiane Brito – Questões 01, 02, 03 e 04 ......................................................34 DIREITO DO TRABALHO ............................................................................36 Hugo Sousa – Peça Prático-Profissional ........................................................36 Rogério Dias – Questões 01 e 02 ................................................................40 Leandro Alencar – Questões 03 e 04 ...........................................................42 XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 3 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil DIREITO CIVIL ANELISE MUNIZ – PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Inicialmente a Prova Prático-Profissional foi bem tranquila, tratando-se de EM- BARGOS À EXECUÇÃO, com fundamento nos artigos 914 e seguintes do Código de Processo Civil. Seguem os comentários: 1. Endereçamento: primeiramente o candidato deverá fazer os EMBARGOS À EXECUÇÃO dirigidos ao Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da 1ª Vara Cí- vel da Comarca da Capital do Estado de São Paulo/SP. 2. Indicar: distribuição por dependência nos autos processo nº... 3. Qualificação: Marilene, devidamente qualificada nos autos do processo em epígrafe na Ação de Execução de Título Executivo Extrajudicial que lhe move Breno, também devidamente qualificado nos autos do processo, vem, por intermédio de seu advogado..., com endereço profissional à..., OAB..., mandato anexo, à presen- ça de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 914 e seguintes do Código de Processo Civil, opor EMBARGOS À EXECUÇÃO COM PEDIDO DE EFEITO SUS- PENSIVO pelos fatos e fundamentos jurídicos que se passa a expor: PROFESSORA ANELISE MUNIZ Mestranda em Educação pela UNICID – Universidade Cidade de São Paulo (2016). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políti- cas Públicas, Avaliação e Qualidade – Geppaq, sob a orientação da Professora Dra. Cristiane Machado. Bacharel em Direito pelo Centro Universitário do Distrito Federal – UDF. Especialista em Direito Pro- cessual Civil pelo ICAT/UDF. Especialista em Didática do Ensino Su- perior pelo UDF. Licenciatura em Pedagogia (em curso). Ex-coorde- nadora do Núcleo de Práticas Jurídicas na Justiça Federal de Brasília/ DF. Professora de graduação no UDF em Direito Civil e Processo Civil e Direito Previdenciário. Professora orientadora de monografia. Pro- fessora do GRAN CURSOS ONLINE em Carreiras Jurídicas/Concursos Públicos e 1ª e 2ª Fases do Exame da OAB em Direito Civil e Processo Civil. Advogada atuante nas áreas de Direito Civil, Processo Civil e Direito Previdenciário. Professora da Escola Superior de Advocacia do Distrito Federal – ESA/OAB. Membro do Conselho da OAB/DF do Exa- me de Seleção da OAB. Ex-chefe de gabinete no TRF da 1ª Região. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 4 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil 4. DOS FATOS A título apenas exemplificativo Marilene, ora embargante/executada, foi citada e intimada em ação de execu- ção de título extrajudicial ajuizada por Breno, ora embargado/exequente, que alega fazer jus a satisfação de crédito de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), consubstancia- do em instrumento particular de confissão de dívida, subscrito por Marilene e duas testemunhas e vencido há mais de um mês. Ocorre que Breno, ora embargado, indicou à penhora três contas bancárias, um carro e o imóvel em que a embargante reside com sua família. Alegou, ainda, que a executada estaria buscando desfazer-se dos bens, razão pela qual este d. juízo deferiu de plano a indisponibilidade dos ativos financeiros da embargante. Entretanto, a verdade dos fatos é que a embargante manteve relacionamento com o embargado e, durante o tempo em que estavam juntos, o embargado insistiu que a embargante assinasse alguns papéis, informando se tratar de documentos necessários para que ele pudesse receber um benefício previdenciário acumulado, induzindo-a a erro e agindo com dolo. É importante também informar a Vossa Excelência que a Embargante não pos- sui muito e, com isso, assinou acreditando estar apenas declarando que Breno, ora embargado, ainda não tinha recebido R$ 15.000,00 (quinze mil reais), aos quais alegava fazer jus perante o INSS. É oportuno, ainda, pontuar que, inclusive, uma das pessoas que assinou como testemunha é uma vizinha sua, que sabe que o embargado a induziu a acreditar que estava assinando apenas uma declaração para que ele obtivesse o benefício. Esclarece que, quando o relacionamento acabou, o embargado se tornou agressi- vo e afirmou que tomaria dela as economias que sabia ter em uma poupança, mas, na época, ela achou que era uma ameaça vazia de um homem ressentido. Por fim, também é importante pontuar a Vossa Excelência que a embargante está especialmente preocupada em resguardar sua moradia e os valores que tem XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 5 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil em uma de suas contas bancárias, que é uma poupança, que se tornou fundamen- tal para a subsistência da família, já que sua mãe está se submetendo a um trata- mento médico que pode vir a demandar a utilização dessas economias. Eis o breve relato dos fatos. 5. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS A título apenas exemplificativo Tendo a embargante assinado o suposto título executivo extrajudicial, acre- ditando estar apenas declarando que o embargado ainda não tinha recebido R$ 15.000,00 (quinze mil reais), aos quais alegava fazer jus perante o INSS, mas as- sinando na verdade uma confissão de dívida, com fundamento no artigo 917, inciso I, do CPC, deve ocorrer a desconstituição do título executivo, pois a embargante foi induzida a erro pelo embargado, que cometeu dolo para obter o título executivo da embargante, nos termos do artigo 145 do Código Civil, em virtude de se basear em negócio jurídico viciado. Assim, deve ocorrer a anulação e a consequente des-constituição do título executivo e, com isso, a liberação de todos os bens que foram penhorados da embargante. Cabe, ainda, pontuar que, nos termos do artigo 833, inciso X, c/c o artigo 917, incisos II e VI, ambos do CPC, este d. juízo deve reconhecer a impenhorabilidade dos valores depositados na conta-poupança da embargante até o limite de 40 (qua- renta) salários mínimos, bem como, nos termos do artigo 1º da Lei n. 8.009/1990, deve ocorrer a desconstituição da penhora do imóvel, uma vez que a embargante nele reside com sua família e, portanto, trata-se de bem de família. DA CONCESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO Cabe ainda, nos termos do artigo 919, § 1º, do CPC, a suspensão do processo executivo, uma vez demonstrados os requisitos para a concessão da tutela provi- sória, decorrentes da necessidade dos valores para o tratamento médico da mãe da embargante, bem como garantida a execução por penhora. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 6 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil 6. DOS PEDIDOS A título apenas exemplificativo: Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência: a) o acolhimento da concessão da tutela provisória para suspender o processo executivo; b) a procedência de todos os pedidos elencados para anular o negócio jurídico, bem como a desconstituição do título executivo e, consequentemente, a liberação de todos os bens penhorados da embargante; c) entretanto, caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência, que re- conheça a impenhorabilidade dos valores depositados na conta-poupança da em- bargante até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, bem como a liberação da penhora do imóvel, por tratar-se de bem de família; d) a condenação nas custas e honorários sucumbenciais a serem suportados pelo embargado; e) a juntada da guia das custas devidamente recolhidas; f) a intimação do advogado..., no endereço... Protesta prova o alegado, por todos os meios de prova admitidos em direito, em especial pela oitiva da testemunha abaixo arrolada. Atribui-se à causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). Nestes termos, requer deferimento. São Paulo, Data... ADVOGADO... OAB... ROL DE DOCUMENTOS ... ROL DE TESTEMUNHAS Vizinha... XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 7 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil QUESTÕES ESCRITAS DISCURSIVAS RAQUEL BUENO – QUESTÕES 01 E 02 QUESTÃO 01 Maria Clara e Jorge tiveram uma filha, Catarina, a qual foi registrada sob filiação de ambos. Apesar de nunca terem se casado, Maria Clara e Jorge contribuíam parita- riamente com o sustento da criança, que vivia com Maria Clara. Quando Catarina fez dois anos de idade, Jorge ficou desempregado, situação que perdura até hoje. Em razão disso, não possui qualquer condição de prover a subsistência de Catarina, que não consegue contar apenas com a renda de sua mãe, Maria Clara, filha única de seus genitores, já falecidos. Jorge reside com sua mãe, Olívia, que trabalha e possui excelente condição financeira. Além disso, Catarina possui um irmão mais velho, Marcos, capaz e com 26 anos, fruto do primeiro casamento de Jorge, que também tem sólida situação financeira. Com base em tais fatos, responda aos itens a seguir, justificando e fundamentando a resposta. a) Olívia e Marcos podem ser chamados a contribuir com a subsistência de Catari- na? A obrigação deve recair em Olívia e Marcos de forma paritária? Precipuamente, a obrigação alimentar dos filhos compete aos pais, respeitando-se o trinômio necessidade, possibilidade e razoabilidade/proporcionalidade. Tal obri- gação, todavia, pode ainda ser atribuída aos avós (obrigação alimentar avoenga, PROFESSORA RAQUEL BUENO Formada em Direito pela Universidade Católica de Brasília, especia- lista em Direito Civil e Processo Civil pela Universidade Cândido Men- des-RJ; mestranda em Direito na Universidade Católica de Brasília; professora de Direito Civil da graduação da Universidade Católica de Brasília e do IESB, da pós-graduação em Direito Civil da UniEvangé- lica de Anápolis-GO e professora de Direito Civil e Processo Civil do Gran Cursos Online. Advogada. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 8 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil de natureza subsidiária e complementar). Os irmãos só serão atingidos em caráter duplamente subsidiário, caso os responsáveis legais anteriores não tenham condi- ções de assumir tal obrigação. Neste sentido, estabelece o Código Civil: “Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e exten- sivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais. Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em con- dições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau ime- diato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.” Tal entendimento é também corroborado pela jurisprudência do Colendo STJ, con- forme os precedentes abaixo colacionados: CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL POR ALIMENTOS. OBRI- GAÇÃO ALIMENTAR AVOENGA. CARÁTER COMPLEMENTAR E SUBSIDIÁRIO DA PRESTA- ÇÃO. EXISTÊNCIA DE MEIOS EXECUTIVOS E TÉCNICAS COERCITIVAS MAIS ADEQUA- DAS. INDICAÇÃO DE BEM IMÓVEL À PENHORA. OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA MENOR ONEROSIDADE E DA MÁXIMA UTILIDADE DA EXECUÇÃO. DESNECESSIDADE DA MEDIDA COATIVA EXTREMA NA HIPÓTESE. O propósito do habeas corpus é definir se deve ser mantida a ordem de prisão civil dos avós, em virtude de dívida de natureza alimentar por eles contraída e que diz respeito às obrigações de custeio de mensalidades escolares e cursos extracurriculares dos netos. 2- A prestação de alimentos pelos avós possui natureza complementar e subsidiária, devendo ser fixada, em regra, apenas quando os genitores estiverem impossibilitados de prestá-los de forma suficiente. Precedentes. 3- O fato de os avós assumirem es- pontaneamente o custeio da educação dos menores não significa que a execução na hipótese de inadimplemento deverá, obrigatoriamente, seguir o mesmo rito e as mes- mas técnicas coercitivas que seriam observadas para a cobrança de dívida alimentar devida pelos pais, que são os responsáveis originários pelos alimentos necessários aos XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 9 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil menores. 4- Havendo meios executivos mais adequados e igualmente eficazes para a satisfação da dívida alimentar dos avós, é admissível a conversão da execução para o rito da penhora e da expropriação, que, a um só tempo, respeita os princípios da menor onerosidade e da máxima utilidade da execução, sobretudo diante dos riscos causados pelo encarceramento de pessoas idosas que, além disso, previamente indicaram bem imóvel à penhora para a satisfação da dívida. 5- Ordem concedida, confirmando-se a liminar anteriormente deferida. (HC 416.886/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TER- CEIRA TURMA, julgado em 12/12/2017, DJe 18/12/2017) RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR AVOENGA. RES- PONSABILIDADE COMPLEMENTAR E SUBSIDIÁRIA DOS AVÓS. PRESSUPOSTOS. 1. A obrigação alimentar dos avós apresenta natureza complementar e subsidiária, somente se configurando quando pai e mãe não dispuserem de meios para promover as necessi- dades básicas dos filhos. 2. Necessidade de demonstração da impossibilidadede os dois genitores proverem os alimentos de seus filhos. 3. Caso dos autos em que não restou demonstrada a incapacidade de a genitora arcar com a subsistência dos filhos. 4. In- teligência do art. 1.696 do Código Civil. 5. Doutrina e jurisprudência do STJ acerca do tema. 6. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. (REsp 1415753/MS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/11/2015, DJe 27/11/2015) Logo, os alimentos que deveriam ser pagos pelo pai, Jorge, deverão ser adimplidos pela avó paterna, Olívia, respeitando-se suas possibilidades. b) Quais as medidas judiciais cabíveis para resguardar o direito de subsistência de Catarina, considerando a necessidade de obter com urgência provimento que garanta esse direito? A menor impúbere, devidamente representada por sua genitora, deverá promover Ação de Alimentos Avoengos, com pedido liminar de fixação de alimentos provi- sórios, com base na Lei de Alimentos (Lei n. 5478/1968, artigos 2º, 3º e 4º), ou, ainda, promover pedido de tutela provisória de urgência antecipada antecedente (artigo 303 do CPC vigente), cujos requisitos são a probabilidade do direito invo- XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 10 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil cado (neste caso, a prova do parentesco que gera a obrigação alimentar); o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, perigo este presumido por se tratar de uma questão de subsistência da menor e a ausência de risco de irreversibilidade do provimento jurisdicional antecipado. QUESTÃO 02 Marcos estacionou seu automóvel diante de um prédio de apartamentos. Pouco depois, um vaso de plantas caiu da janela de uma das unidades e atingiu o veícu- lo, danificando o para-brisa e parte da lataria. Não foi possível identificar de qual das unidades caiu o objeto. O automóvel era importado, de modo que seu reparo foi custoso e demorou cerca de dez meses. Dois anos e meio depois da saída do automóvel da oficina, Marcos ajuíza ação indenizatória em face do condomínio do edifício. De acordo com o caso acima narrado, responda fundamentadamente às questões a seguir. a) Considerando que o vaso de plantas caiu da janela de apenas um dos apar- tamentos, pode o condomínio alegar fato exclusivo de terceiro para se eximir do dever de indenizar? O condomínio não pode alegar fato exclusivo de terceiro, devendo ser responsa- bilizado, conforme o Enunciado 557 da VI Jornada de Direito Civil, que preceitua que “nos termos do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condomínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá o condomínio, assegurado o direito de regresso.” Assim, o condomínio será responsabilizado, po- dendo exigir o regresso caso identificada a unidade de onde caiu o vaso de plantas, tratando-se de responsabilidade civil objetiva pelo fato da coisa, atribuível ao habi- tante da unidade de onde a coisa caiu (CC/02 – Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 11 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil lançadas em lugar indevido.) Corroborando tal entendimento, segue precedente do Colendo STJ, cuja ementa se encontra abaixo transcrita: RESPONSABILIDADE CIVIL. OBJETOS LANÇADOS DA JANELA DE EDIFÍCIOS. A REPA- RAÇÃO DOS DANOS É RESPONSABILIDADE DO CONDOMÍNIO. A impossibilidade de identificação do exato ponto de onde parte a conduta lesiva, impõe ao condomínio arcar com a responsabilidade reparatória por danos causados à terceiros. Inteligência do art. 1.529, do Código Civil Brasileiro. Recurso não conhecido. (REsp 64.682/RJ, Rel. Ministro BUENO DE SOUZA, QUARTA TURMA, julgado em 10/11/1998, DJ 29/03/1999, p. 180) b) Após a contestação, ao perceber que a pretensão de Marcos está prescrita, pode o juiz conhecer de ofício dessa prescrição se nenhuma das partes tiver se manifes- tado a respeito? Por se tratar de matéria de ordem pública, o magistrado pode sim reconhecê-la de ofício, mas como sua manifestação é posterior à contestação, deverá assegurar o contraditório, sob pena de violação do Princípio da Vedação da Decisão Surpresa (CPC – Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se ma- nifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.) Tal en- tendimento é ratificado também pelo artigo 487, parágrafo único, do CPC vigente. Ressalte-se que a pretensão em tela encontra-se prescrita porque aplicável o prazo de três anos a contar do evento danoso (responsabilidade civil extracontratual), nos termos do artigo 206, § 3º, V, do Código Civil. Como o carro ficou no conserto 12 meses (1 ano) e a ação foi promovida dois anos e meio depois da saída do veículo da oficina, percebe-se que o prazo trienal foi alcançado. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 12 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil ROBERTA QUEIROZ – QUESTÕES 03 E 04 QUESTÃO 03 Após se aposentar, Álvaro, que mora com sua esposa em Brasília, adquiriu de Va- lério um imóvel, hipotecado, localizado na cidade do Rio de Janeiro, por meio de escritura pública de cessão de direitos e obrigações. Com a intenção de extinguir a hipoteca, Álvaro pretende pagar a dívida de Valério, mas encontra obstáculos para realizar o seu desejo, já que a instituição credora hipotecária não participou da aquisição do imóvel e alega que o pagamento não pode ser realizado por pes- soa estranha ao vínculo obrigacional. Diante dessa situação, responda aos itens a seguir. a) Qual é a medida judicial mais adequada para assegurar o interesse de Álvaro? (Valor: 0,85) Questão bem tranquila e que foi abordada nas aulas. Trata-se de uma tentativa de pagamento de obrigação por terceiro, que não é parte na relação obrigacional entre Valério e o Banco. O Código Civil permite o cumprimento da obrigação por meio de terceiro, seja interessado ou não no cumprimento da obrigação, conforme o disposto no artigo 304 e seguintes. (Qualquer interessado na extinção da dívida PROFESSORA ROBERTA QUEIROZ Graduada em Direito pela Universidade Católica de Brasília em de- zembro de 2005; especialista em Direito Processual Civil pela Uni- versidade do Sul de Santa Catarina em novembro de 2009; mes- tranda em Direito na Universidade Católica de Brasília, com enfoque em Direito Público; docente nas disciplinas de Direito Civil, Direito Processual Civil e Direito Administrativo desde 2007; docente titular do curso de Direito da Universidade Católica de Brasília; professora de cursos preparatórios para concursos; advogada atuante na área de Direito Privado e Direito Administrativo desde 2006. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 13 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor; parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.) Como Álvaro não conseguiu efetuar o pagamento de forma consensual, deverá, mesmo sendo terceiro, ingressar com ação de consignação em pagamento, meio mais adequado à extinção da dívida, conforme disposição do artigo 334 e seguintes do Código Civil, bem como 539 do CPC/2015. b) Qual o foro competente para processar e julgar a referida medida? (Valor: 0,40) Como o imóvel está hipotecado, presume-se que o lugar do pagamento da obriga- ção para com o credor hipotecário seja o lugar do imóvel, Rio de Janeiro. Assim, a referida ação de consignação em pagamento deveser ajuizada no Rio de Janeiro, visto que o artigo 540 do CPC dispõe que essa demanda deve ser proposta no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente. QUESTÃO 04 Pedro, maior com 30 (trinta) anos de idade, é filho biológico de Paulo, que nunca reconheceu a filiação no registro de Pedro. Em 2016, Paulo morreu sem deixar testamento, solteiro, sem ascendentes e descendentes, e com dois irmãos sobrevi- ventes, que estão na posse dos bens da herança. Diante da situação apresentada, responda aos itens a seguir. a) Qual o prazo para propositura da ação de investigação de paternidade e da pe- tição de herança? (Valor: 0,85) XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 14 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Civil A questão aborda tema igualmente trabalhado em aula. É importante observar que a ação para reconhecimento de filiação, por sua natureza declaratória e por envol- ver estado de pessoas e dignidade humana, é imprescritível, ou seja, não se sujeita a prazo para ajuizamento. A respeito do tema, tem-se o artigo 27 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que preleciona que o reconhecimento do estado de filia- ção é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. Nessa mesma linha, a súmula 149 do STF estabelece que, embora a ação de inves- tigação de paternidade seja imprescritível, não o é a ação de petição de herança. O entendimento sumulado, apesar de divergência, é considerado majoritário, estan- do a ação de petição de herança sujeita ao prazo prescricional de 10 anos previsto no artigo 205 do CC, contando-se do trânsito em julgado da ação de investigação de paternidade, conforme entendimento do STJ assentado no informativo 583 – Resp 1.475.759/DF. b) É possível cumular os pedidos de reconhecimento da paternidade e do direito hereditário no mesmo processo? (Valor: 0,40) Para apuração da possibilidade de cumulação de pedidos em sede de inicial, é preci- so observar a disposição do artigo 327 do CPC, que dispõe que é lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. Porém, conforme o mesmo dispositivo, tem-se que os re- quisitos de admissibilidade da cumulação são: os pedidos sejam compatíveis entre si; seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. Assim, conforme o caso em tela, há cumprimento dos requisitos de cumulação, podendo esta ocorrer. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 15 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Penal PROFESSORA CRISTIANE DAMASCENO Mestranda em Direito Constitucional pela EDB/IDP; pós-graduada em Direito Processual Penal pela Universidade Gama Filho; formada em Direito pelo UniCEUB. Advogada, Conselheira da OAB/DF, pro- fessora de Direito Penal e Processo Penal da Escola de Direito de Brasília – EDB/IDP. Coordena as atividades jurídicas de atendimento prisional do NPJ/EDB-IDP. DIREITO PENAL CRISTIANE DAMASCENO – PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL O examinando deve interpor um recurso de Agravo em Execução, com fun- damento no Art. 197 da Lei de Execução Penal – Lei n. 7.210/1984. Prevê o Art. 197 da LEP que das decisões proferidas pelo juiz em sede de Execução Penal caberá o recurso de agravo, sem efeito suspensivo. Embora a Lei de Execução Penal traga a previsão do recurso cabível, ela não estabeleceu, de maneira expressa, qual seria o procedimento a ser adotado para tramitação desse recurso. Prevaleceu, então, no âmbito da doutrina e da jurispru- dência, que o procedimento a ser adotado seria semelhante àquele previsto para o recurso em sentido estrito. Assim, é necessária a elaboração de uma petição de interposição, direcionada ao Juiz da Vara de Execuções Penais de Belo Hori- zonte-MG, acompanhada das respectivas Razões, estas endereçadas ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, órgão competente para o julgamento do recurso. Considerando que o procedimento a ser seguido pelo agravo de execução é seme- lhante ao do recurso em sentido estrito, deverá, na petição de interposição, ser formulado pedido de retratação por parte do magistrado, com fundamento no art. 589 do CPP. Em caso de não acolhimento, deve haver requerimento para o encaminhamento do feito para instância superior. Em relação ao prazo, absolutamente pacificado o entendimento de que seria de 5 (cinco) dias, na forma da Súmula 700 do Supremo Tribunal Federal. Assim, a petição de interposição deveria ser datada em 1 de dezembro de 2017. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 16 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Penal Nas razões de recurso, deveria o candidato requerer a concessão do benefício do livramento condicional, argumentando que a fundamentação apresentada pelo juiz da Vara de Execução Penal foi inadequada para indeferimento do pedido formulado. Em um primeiro momento, deveria ser destacado que o crime de associação para o tráfico não é hediondo, tendo em vista que não está previsto no rol trazido pelo Art. 1º da Lei n. 8.072/1990, tampouco é a ele equiparado. Posteriormente, deveria ser rebatido o fundamento apresentado pelo magistrado, no sentido de que Lucas é reincidente. Isso porque o art. 63 do Código Penal disciplina que somente haverá reincidência se o novo crime (no caso, a ameaça) for cometido após o trân- sito em julgado definitivo de sentença condenatória de crime anterior. Não foi esse o caso do réu, pois a ameaça foi cometida antes do trânsito em julgado definitivo da sentença relativa à associação para o tráfico. Por fim, é também inadequado o argumento do juiz pela indispensabilidade da realização do exame criminológico. Desde a Lei n. 10.792/03, não existe mais obrigatoriedade de realização de exame criminológico para fins de obtenção da progressão de regime ou do livramento con- dicional. Basta, para o livramento, que seja atestado comportamento satisfatório durante a execução da pena. Apesar disso, nada impede que, no caso concreto, entenda o magistrado pela necessidade de sua realização. Por não se tratar de delito hediondo, a progressão de regime deve ser contabi- lizada com a regra de um sexto, nos termos do art. 112 da LEP. Contudo, deverá a decisão que o determina ser fundamentada nas particulari- dades da hipótese concreta, não sendo suficiente a simples afirmação da gravidade em abstrato do delito, na forma da Súmula 439 do STJ. No caso, não houve fun- damentação idônea, pois simplesmente foi mencionado que delito de associação criminosa era crime hediondo, o que foi amplamente recachado. Ademais, a gravi- dade em abstrato não é fundamentação robusta para ensejar medida mais gravosa ao condenado, nos termos da súmula 718 do STF. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 17 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Penal PROFESSORA CRISTINA TUBINO Formada no UniCEUB em 2000, é advogada há 15 anos, mestre e pós-graduada em Direito Penal, com atuação nas áreas Penal e de Família. É Conselheira Seccional, membro da Co- missão de Ciências Criminais e da Comissão de Prerrogativas. QUESTÕES ESCRITAS DISCURSIVAS CRISTINA TUBINO – QUESTÕES 01 E 02 QUESTÃO 01 • A APELAÇÃO, que terá como fundamento o artigo 593, inciso I, do CPP, deve- rá buscar a ABSOLVIÇÃO de Arnaldo com base em dois fundamentos: a falta da prova da materialidade e, em segundo lugar, a ausência de condição de procedibilidade da ação penal. Inicialmente, para que seja imputada a tipificação do artigo129, parágrafo 2º, inciso IV, do Código Penal, é indispensável a juntada aos autos do Exame de Corpo de Delito da vítima a fim de comprovação da natureza da lesão. Determina o artigo 158 do CPP que, quando a infração deixar vestígios, será indispensável o competente exame, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Assim, em que pese a informação da existência da confissão judicial, essa não poderá suprir os exames que não foram juntados. Mesmo com testemunhas informando terem visto um soco, não puderam afirmar a existência de lesão e sua natureza não poderia ser presumida. Desta forma, deve ser requerida a absolvição de Arnaldo pela dúvida, na forma do artigo 386, incisos II e VII, do CPP. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 18 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Penal Em um segundo momento, mesmo que se admitisse a existência de uma lesão, sem os competentes exames para se falar em uma lesão de natureza gravíssima, se fosse imputada uma lesão de natureza leve, na forma do artigo 129, caput, do CP, se tornaria indispensável a Representação da Vítima, na forma do que determina o artigo 38 do CPP. Sua ausência impede até mesmo o início da ação penal por falta de condição de procedibilidade. • No caso de mantidas a condenação e a sanção penal impostas, em sede de apelação, seria possível requerer a aplicação do artigo 77 do Código Penal. Há a informação de que Arnaldo é primário e de bons antecedentes, de for- ma que preenche os requisitos do dispositivo mencionado na forma de seus incisos I, II e III. Caso não preenchesse os requisitos acima mencionados, em face da informa- ção de que o acusado teria nascido em 01/02/1943, ou seja, contando com mais de setenta anos até mesmo na data do fato (11/01/16), poderia ser beneficiado pelo parágrafo segundo do mesmo dispositivo legal. QUESTÃO 02 • Diante do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a medida ca- bível a fim de rever a decisão é a REVISÃO CRIMINAL prevista no artigo 621, incisos II e III, do CPP. • O argumento a ser apresentado se refere à ATIPICIDADE da conduta impu- tada ao acusado, uma vez que, para a tipificação do artigo 217-A, há a ne- cessidade de que a vítima seja menor de 14 anos, tendo sido posteriormente comprovado que Maria não era. Assim, a falta de adequação típica faz com que haja a ATIPICIDADE FORMAL. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 19 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Penal PROFESSOR FLÁVIO DAHER Delegado de Polícia Federal lotado na DELEFIN/SR/DPF/DF, mestre em Direito Constitucional e doutorando em Direito Penal. Professor de cursos preparatórios e pós-graduação em todo Brasil. Palestrante do IBCCRIM. FLÁVIO DAHER – QUESTÕES 03 E 04 QUESTÃO 03 • A infiltração feita diretamente, sem autorização judicial, não tem validade, conforme o art. 10 da Lei n. 12.850/2013: “Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabe- lecerá seus limites”. • O delito imputado aos réus (Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa) deve obede- cer aos requisitos do art. 1o da Lei n. 12.850/2013, ou seja, ao CONCEITO LEGAL DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: “considera-se organização crimi- nosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, median- te a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional”. Conforme o grifo, as infrações penais que ensejam a aplicação da Lei n. 12.850/2013, pela ade- XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 20 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Penal quação ao conceito de organização criminosa, são aquelas cuja pena seja superior a 04 anos; o delito efetivamente praticado (receptação simples) tem pena máxima de 04 anos, não sendo superior a esse patamar, estando fora do conceito elaborado da denúncia. QUESTÃO 04 • A hipótese é de evidente estado de necessidade de terceiro. Conforme o Art. 314 do CPP: “a prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal”. Obs.: o candidato poderia ser levado a elaborar o seguinte raciocínio: conforme a dicção do art. 310, II, do CPP, a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva só tem efeito se estiverem presentes os requisitos do art. 312 do CPP, que, por sua vez, só subsistem nas situações de admissão do art. 313 do CPP, que, em seu inciso I, elenca a necessidade de o delito ser doloso e com pena superior a quatro anos. No caso, o enquadramento realizado pela Polícia (art. 32 da Lei n. 9605/2008) recaiu em delito cuja pena máxima é de um ano, e essa então seria a razão impeditiva da conversão. No entanto, o patamar de quatro anos para decretação da prisão preventiva cede nas seguintes hipóteses (algumas com divergência doutrinária, mas não a hipótese da reincidência dolosa – jus- tamente a da questão): a) reincidência dolosa (art. 313, inciso II, do CPP); b) garantia de medidas protetivas de urgência para vítimas em situação de vulnerabilidade (art. 313, inciso III, do CPP); c) descumprimento de medidas cautelares alternativas à prisão (art. 282, § 4º, do CPP); d) conversão da pri- são em flagrante (art. 310, II, do CPP); e) dúvida sobre a identificação civil (art. 313, § único, do CPP). XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 21 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Penal • A tese de defesa cabível para a hipótese é, como já dito acima, o estado de necessidade de terceiro, estando presentes todos os requisitos: Perigo Atual; Situação de Perigo Não Causada Voluntariamente pelo Agente; Inevitabili- dade do Dano; Salvaguarda de direito próprio ou alheio; Inexigibilidade de Sacrifício do Interesse Ameaçado; Inexistência do Dever Legal de Enfrentar o Perigo; Conhecimento da Situação de Fato Justificante. Obs.: ataque de ani- mal em regra (ataque espontâneo do animal) não configura agressão injusta (autorizado de legítima defesa), e sim situação de perigo, autorizadora de Estado de Necessidade, a não ser que o animal tenha sido utilizado como ins- trumento para ataque de pessoa humana (provocação do ataque pelo dono), aí sim teremos a Legítima Defesa. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 22 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Constitucional PROFESSOR ARAGONÊ FERNANDES Juiz de Direito do TJDF; ex-Promotor de Justiça do MPDF; ex-As- sessor de Ministros do STJ; ex-Analista do STF; aprovado em vários concursos públicos. Professor de Direito Constitucional em variados cursos preparatórios para concursos. DIREITO CONSTITUCIONAL ARAGONÊ FERNANDES – PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Diante da situação narrada, o instrumento adequado realmente é o mandado de segurança. Isso porque ele tem caráter residual e não seria caso de impetração de Habeas Data ou de Habeas Corpus. A propósito, é bom dizer que não estava em jogo o direito de locomoção (ir, vir e permanecer), mas sim o direito de reunião, previstono artigo 5º, XVI. O requisito da legitimidade ativa está preenchido, uma vez que o sindicato está legalmente constituído e é um dos legitimados listados tanto no artigo 5º da CF quanto na LMS. Avançando, dentro de tais parâmetros, o MS deve ser coletivo, e não individual. Por outro lado, agiu erradamente a autoridade coatora ao negar a realização do evento, pois o direito de reunião não exige autorização, bastando a comunicação prévia para evitar frustrar outra reunião anteriormente marcada. Assim, está adequada a fundamentação lançada pela Banca Examinadora. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 23 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Constitucional QUESTÕES ESCRITAS DISCURSIVAS ARAGONÊ FERNANDES – QUESTÕES 01, 02, 03 E 04 QUESTÃO 01 A resposta padrão disponibilizada pela banca está adequada. A título de acréscimo, caberia apenas exigir pontuação aos candidatos que indicassem estar a resposta amparada no entendimento do STF. Isso porque na ADI 826 o STF firmou a seguinte compreensão: O caput do art. 195 da Constituição do Estado do Amapá estabelece que “o plano diretor, instrumento básico da política de desenvolvimento econômico e social e de expansão urbana, aprovado pela Câmara Municipal, é obrigatório para os Municí- pios com mais de cinco mil habitantes”. Essa norma constitucional estadual esten- deu, aos Municípios com número de habitantes superior a cinco mil, a imposição que a CF só fez àqueles com mais de vinte mil (art. 182, § 1º ). Desse modo, vio- lou o princípio da autonomia dos Municípios com mais de cinco mil e até vinte mil habitantes, em face do que dispõem os arts. 25, 29, 30, I e VIII, da CF e o art. 11 do ADCT. [ADI 826, rel. min. Sydney Sanches, j. 17-9-1998, P, DJ de 12-3-1999.] Então, tanto no item A quanto no item B, devem ser pontuadas as respostas que façam alusão à orientação do STF sobre o tema. Mais uma vez, incidem aqueles parâmetros por nós ensinados no sentido de a res- posta completa trazer uma abordagem acerca do que dispõe a lei, do que dispõe a Constituição, do que dispõe a jurisprudência sobre haver algum princípio aplicável; e sobre o que dispõe a doutrina. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 24 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Constitucional QUESTÃO 02 Sem reparos à resposta padrão oferecida pela banca, exceto na parte em que dei- xou de pontuar as respostas que contemplassem as fases do processo de formação de novos Estados (1ª – plebiscito com a população envolvida e 2ª – edição de lei complementar federal). De fato, é possível a fusão, incorporação, anexação e o desmembramento. Recen- temente, inclusive, foi tentado o desmembramento do Estado do Pará, que daria lugar a três Estados: Pará, Carajás e Tapajós. Como a população rejeitou a criação na consulta plebiscitária, a ideia foi abortada. Avançando, na letra B não haveria de se falar em secessão, procedimento vedado em uma Federação. O que existiu foi uma reorganização interna do território na- cional, o que é possível tanto com a formação de novos Estados quanto de novos Municípios. Na letra C, também está correta a resposta padrão, quando destacou que os Esta- dos são dotados da competência legislativa remanescente ou residual. QUESTÃO 03 Na letra A, a resposta padrão oferecida pela banca está de acordo com a jurispru- dência do STF. É que o caso hipotético apresentado, em verdade, diz respeito à orientação do Tribunal quando discutiu o patamar considerado como condição de miserabilidade para o deferimento do benefício da Assistência Social denominado de BPC – Benefício de Prestação Continuada. Sobre o tema, num primeiro momento, o STF confirmou a constitucionalidade, atentando para a realidade da época, mas, alguns anos mais tarde, diante da nova situação, alterou a interpretação da norma sem que tivesse ocorrido a modificação formal do texto. Incidiu, assim, a mutação constitucional. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 25 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Constitucional Quanto ao item B, é importante destacar que deveria ser pontuada a afirmação segundo a qual o próprio STF e o Legislativo na função típica de legislar não ficam vinculados à decisão anterior, como forma de evitar o fenômeno da fossilização da Constituição. QUESTÃO 04 Não há reparos à resposta padrão tanto na letra A quanto na letra B. De fato, aplicou-se na letra A a regra da inelegibilidade reflexa, bem assim a Sú- mula Vinculante 18, segundo a qual o rompimento do vínculo conjugal no curso do mandato não afastaria a inelegibilidade. Considerando que os cargos pretendidos (Senador e Governador) estão no âmbito de atribuição (e não jurisdição, como dispõe a Constituição) de sua ex-companhei- ra, a inelegibilidade está caracterizada. Na letra B, indagou-se julgado relevante do STF. É que o Tribunal entendeu que, na hipótese de morte, não persistiria a inelegibilidade, pois não haveria brechas para o falecido continuar “dando as cartas” à frente da Administração, valendo-se de um fantoche (divórcio apenas no papel, para fugir da limitação constitucional). MEUS COMENTÁRIOS: Prova bem feita, com nível de exigência alto. A questão 1 se apresentou como um ponto fora da curva, cobrando assunto atinente à Ordem Econômica e Financeira, o que não é muito usual nos Exames de Ordem. No mais, alguns retoques apenas no espelho de correção, que deveria abranger a orientação do STF sobre os pontos. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 26 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Tributário PROFESSORA MARIA CHRISTINA BARREIROS Pós-graduada em Direito Público, Civil e Processo Civil. Doutoranda pela UMSA. Professora na Faculdade Processus nas disciplinas de Di- reito Administrativo, Constitucional, Tributário e Estatuto e Ética para OAB na graduação, pós-graduação, no Exame de Ordem, 1ª e 2ª Fases, e preparatórios para concursos públicos há 12 anos. Professo- ra na AMAGIS – Escola da Magistratura do DF há 3 anos. Advogada especialista em Direito Tributário, Cível, Constitucional e Administra- tivo. DIREITO TRIBUTÁRIO MARIA CHRISTINA BARREIROS – PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL 1. Endereçamento Justiça Estadual – Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Di- reito da ... Vara de Fazenda Pública da Comarca do Município do Estado Abc. 2. Indústria Alfa e o supermercado Beta 3. Fundamento 165, I, CTN e 166 CTN 4. Nome Repetição de indébito 5. Réu... estado Abc 6. Fatos 7. Cabimento (pagamento indevido com necessidade de restituição 165, I, e 166 CTN) e tempestividade (5 anos – 168, I, CTN) 8. Preliminar 9. Correção do pagamento indevido, Súmula 162 STF e juros do trânsito em jul- gado 167, parágrafo único, CTN e Súmula 188 STJ. 10. Direito RE 593849, tese: “É devida a restituição da diferença do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pago a mais no regime de subs- tituição tributária para a frente se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida.” 150, parágrafo 7, da CF; 166 CTN e Súmula 546 STF. 11. Pedidos A) citação B) cabimento é tempestividade C) correção e juros D) julgue procedente para restituir E) custas e honorários F) provas 319, VI G) dispensada a audiência de conciliação 319, VII, CPC H) Valor da causa Nestes termos, pede deferimento Local, data Advogado OAB XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 27 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Tributário QUESTÕES ESCRITAS DISCURSIVAS CELSO CORREIA – QUESTÃO 01 QUESTÃO 01 a) Não, o imposto é indevido. O art. 3º do CTN prevê que os tributos não cons- tituem sanção por ato ilícito. Logo, não é válida a criação de adicional quetenha como fato gerador a existência de multas e, portanto, infrações de trânsito. Ade- mais, o art. 155, § 6º, da Constituição Federal permite que o IPVA tenha alíquotas diferenciadas “em função do tipo e utilização”, mas não há autorização semelhante na hipótese de má conservação ou prática de infrações de trânsito. b) Uma vez que Caio não tem meios para garantir a execução, o meio cabível é exceção de pré-executividade. Nos termos da Súmula 393 do STJ: “A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias co- nhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória”. PROFESSOR CELSO CORREIA Doutor em Direito Econômico, Financeiro e Tributário pela Universi- dade de São Paulo e graduado em Direito pela Universidade Federal de Alagoas. Atualmente, chefe de gabinete de Ministro do Supremo Tribunal Federal. Professor do mestrado e da graduação da Universi- dade Católica de Brasília e da pós-graduação lato sensu do Instituto Brasiliense de Direito Público. Ministra disciplinas nas áreas de Direito Tributário, Direito Constitucional e Direito Financeiro. Autor dos livros “Tributação e Direitos Fundamentais” (Saraiva, 2012), “O Avesso do Tributo”(Almedina, 2016) e “Os Impostos e o Estado de Direito” (Al- medina, 2017, no prelo), além de dezenas de artigos e capítulos de livros em revistas e obras especializadas. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 28 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Tributário MARIA CHRISTINA BARREIROS – QUESTÃO 02 QUESTÃO 02 a) Não. O imposto sobre produtos industrializados deve obediência ao princípio da noventena e, portanto, não poderia ser cobrado no mês subsequente. Art. 150, II, c e parágrafo 1º, da CF. b) Sim. A alteração do prazo de vencimento/recolhimento do tributo por não con- figurar criação ou majoração de tributo não deve obediência aos princípios da an- terioridade e noventena. SV 50 e Súmula 669 STF. CELSO CORREIA – QUESTÕES 03 E 04 QUESTÃO 03 a) Sim, é devido IPI. O STF, revendo orientação anterior, firmou posição no sentido de que o IPI (art. 153, IV) é devido na importação, ainda que para consumo pró- prio. A orientação foi firmada no seguinte julgamento: “IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IMPORTAÇÃO DE BENS PARA USO PRÓPRIO – CONSUMIDOR FINAL. Incide, na importação de bens para uso pró- prio, o Imposto sobre Produtos Industrializados, sendo neutro o fato de tratar-se de consumidor final.” (RE 723651, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Julgamento: 04/02/2016) XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 29 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Tributário b) Sim, é devido ICMS. A EC 33/2001 alterou o artigo 155, inciso IX, alínea “a”, da Constituição para permitir a cobrança de ICMS “sobre a entrada de bem ou mer- cadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade”. Em 2002, a matéria foi regulada pela Lei Complementar n. 114. Vê-se que, no caso, a lei es- tadual é posterior à emenda e à lei complementar e, portanto, válida. No mesmo sentido, o STF firmou a seguinte tese de repercussão geral, no RE 439796, tema 171: “Após a Emenda Constitucional 33/2001, é constitucional a incidência de ICMS sobre operações de importação efetuadas por pessoa, física ou jurídica, que não se dedica habitualmente ao comércio ou à prestação de serviços.” Vale mencionar também a Súmula Vinculante 48 do STF: “Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro.” QUESTÃO 04 a) Sim, correto, porque, embora a Lei n. 8.397/1992, no art. 1º, determine que “o procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a constituição do crédito”, o parágrafo único deste artigo estabelece que “o requerimento da medida cautelar, na hipótese dos incisos V, alínea “b”, e VII, do art. 2º, independe da prévia consti- tuição do crédito tributário.” O art. 2º, V, “b”, prevê como hipóteses de cabimento da medida os casos em que “notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal [...] põe ou tenta pôr seus bens em nome de tercei- ro”. b) Não foi adequado, uma vez que o art. 11 da Lei n. 8.397/1992 prevê prazo de 60 dias contados da constituição definitiva. O artigo mencionado estabelece que “quando a medida cautelar fiscal for concedida em procedimento preparatório, de- verá a Fazenda Pública propor a execução judicial da Dívida Ativa no prazo de ses- senta dias, contados da data em que a exigência se tornar irrecorrível na esfera administrativa.” Portanto, 60 dias, não 90. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 30 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Administrativo PROFESSORA LISIANE BRITO Professora de Direito Administrativo, especialista em preparação para concursos públicos. Pós-graduada em Políticas Públicas e Gestão Go- vernamental pela UNIP. Advogada inscrita na OAB/MG desde 1997. Graduada em direito pela Faculdade de Direito da PUC/MG. Larga experiência como docente, tendo ministrado aulas de Direito Admi- nistrativo nos principais cursos preparatórios do país. Já participou de bancas examinadoras e elaboração de questões para processos seletivos. Atua como advogada e consultora de empresas na área de Licitações e Contratos. DIREITO ADMINISTRATIVO LISIANE BRITO – PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL 1) DEFINIÇÃO DA PEÇA Deverá ser elaborado um RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL, previsto no Art. 105, II, da CF/88. Trata-se de recurso contra acórdão do Tribunal de Justiça do estado Alfa, que denegou a Segurança. O Recurso Ordinário Constitucional só é cabível em caso de decisão denega- tória do Mandado de Segurança, Habeas Corpus, Habeas Data e Mandado de Injunção. Sendo a decisão proferida por Tribunais de Justiça, o Recurso Ordinário será ju- gado pelo STJ. A petição inicial, entretanto, será dirigida ao tribunal que proferiu a decisão (juí- zo a quo), e esse remeterá os autos ao juízo ad quem. Não compete ao Tribu- nal de Justiça fazer qualquer análise dos pressupostos do recurso. Importante: Deverá ser redigida uma folha de rosto, requerendo ao juízo a quo que remeta o recurso à instância superior, para julgamento. Depois será elabo- rado o recurso, endereçado ao STJ, no qual serão tratados os argumentos jurídicos. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 31 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Administrativo Dispositivos legais aplicáveis: CF/88, art. 105, II, “b”; CPC, Art. 1027 PEÇA PROCESSUAL EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRI- BUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ALFA ... (10 LINHAS) ... FELIPE, nacionalidade, estado civil, profissão, RG n., ... e CPF..., residente e do- miciliado na Rua ..., nos autos do Processo n. ..., em que litiga com o estado Alfa, já qualificado no feito, vem por seu advogado infrafirmado, com procuração anexa e endereço profissional na Rua ..., para onde serão encaminhadas as intimações do feito, propor RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL, em face da decisão proferi- da nos autos, requerendo a remessa ao Superior Tribunal de Justiça. Requer, ainda, a juntada da comprovação de pagamento. Nesses termos, pede e espera deferimento. Local, data Advogado OAB n. ( QUEBRA DE PÁGINA) EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA -------- -------- RECORRENTE: FELIPE RECORRIDO: ESTADO ALFA DAS RAZÕES DO RECURSO O Recorrente impetrou Mandado de Segurança objetivando, em síntese, a ga- rantia de seu direito subjetivo de ser nomeado após o transcurso do prazo de vali- dade de concurso público para o provimento de cinco cargos de médicoda Secre- XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 32 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Administrativo taria de Saúde do estado ora recorrido. A Ação foi julgada improcedente pelo Tribunal a quo. DO CABIMENTO É cabível o presente Recurso Ordinário Constitucional, com fulcro no art. 107, II, “a”, do Código de Processo Civil e art. 105, II, “b”, da Constituição Federal, por se tratar de acórdão denegatório do presente Mandado de Segurança. DO MÉRITO Conforme explicitado, o RECORRENTE requereu a proteção a seu direito subje- tivo de nomeação para o cargo de médico da Secretaria de Saúde do ora RECOR- RIDO pelo fato de ter sido aprovado em concurso público, dentro do número de vagas, e ter tido sua nomeação preterida. O ora RECORRIDO nomeou aprovados em novo concurso realizado dentro do prazo improrrogável de concurso anterior, desrespeitando o direito do RECORREN- TE, aprovado dentro do número de vagas, de ser nomeado. O Tribunal a quo dene- gou a segurança, sob a alegação de que não cabe ao Poder Judiciário se imiscuir em matéria de concurso público, por se tratar de atividade sujeita à discricionariedade administrativa, sob pena de violação do princípio da separação de Poderes. Foram opostos embargos de declaração, rejeitados sob justificativa de não ha- ver omissão, contradição ou obscuridade a ser sanada. Ocorre que não procedem as razões de decidir do acórdão ora impugnado, pois não se tratava de decidir sobre as regras do concurso ou matéria submetida à dis- cricionariedade da Banca Examinadora, mas sobre uma violação ao direito líquido e certo do impetrante de ser investido no cargo para o qual fora aprovado dentro do número de vagas previsto no edital do concurso público. Por outro lado, é evidente a inconstitucionalidade decorrente da preterição do XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 33 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Administrativo RECORRENTE, mediante a convocação dos aprovados em concurso posterior, den- tro do prazo de validade do certame anterior, o que veio a violar o previsto no Art. 37, inciso IV, da CRFB/88. O RECORRENTE tem o direito público subjetivo de ser nomeado após o transcur- so do prazo de validade do certame, pois foi aprovado dentro do número de vagas previsto no edital. Não se pode ignorar, ainda, a grave violação do princípio da proteção da con- fiança ou da boa-fé, em decorrência da frustração das legítimas expectativas do RECORRENTE de ser investido no cargo, de acordo com as regras previstas no edi- tal do certame de que resultou aprovado. Com efeito, a Administração Pública do estado ora RECORRIDO tem o dever de cumprir o disposto no edital para o qual o RECORRIDO foi aprovado, face aos prin- cípios da vinculação ao instrumento convocatório e da legalidade estrita. Dessa forma, imperativa a reforma da decisão recorrida, pelos fatos e funda- mentos apresentados. DOS PEDIDOS Pelo exposto, requer que seja o presente recurso conhecido e provido, deter- minando a reforma da decisão do Tribunal a quo, para que seja proferida nova de- cisão, concedendo a segurança e determinando a nomeação do RECORRENTE no cargo público para o qual foi aprovado, de acordo com as normas constantes do próprio edital. Requer, ainda, a juntada da comprovação do preparo. Requer, por fim, a condenação do RECORRIDO ao pagamento das custas pro- cessuais e honorários advocatícios. Local, data ADVOGADO OAB n. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 34 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Administrativo QUESTÕES ESCRITAS DISCURSIVAS LISIANE BRITO – QUESTÕES 01, 02, 03 E 04 QUESTÃO 01 ITEM PONTUAÇÃO A) Sim. Em sede de motivação dos atos administrati- vos, a Lei que rege o Processo Administrativo no âmbito da Administração Pública Federal – Lei n. 9.784/1999, em seu artigo 50, § 1º, estabelece que a motivação deverá ser explícita, clara e congruente, podendo con- sistir na declaração de concordância com laudos, rela- tórios e pareceres, que nesse caso passam a ser parte integrante do ato. 0,10/0,10/0,40 B) Sim. Na medida em que a prova testemunhal (depoi- mento de Ana) foi suficiente para que João fosse penali- zado com a demissão. O artigo 174 da Lei n. 8.112/1990, ao tratar da Revi- são do Processo Administrativo disciplinar, dispõe que esse poderá ser revisto a qualquer tempo, desde que surjam fatos novos, não aventados à época, bem como circunstâncias capazes de justificar a inadequação da penalidade. 0,05/0,15/0,45 QUESTÃO 02 ITEM PONTUAÇÃO A) Sim. De acordo com a Lei n. 12.462/2011, que trata do Regime Diferenciado de Contratações, poderá ser adotado esse regime nas contratações de obras e ser- viços de engenharia destinados à construção de presí- dios. É o que dispõe o Art. 1º, inciso VI, da referida Lei. 0,10/0,40 XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 35 de 42www.grancursosonline.com.br Direito Administrativo B) Sim. A Lei n. 12.462/2011, que trata do Regime Diferenciado de Contratações, estabelece, em seu Art. 9º, § 1º, que poderá haver a opção pela “contratação integrada”, na qual a elaboração dos projetos básico e executivo ficam a cargo do contratado. 0,05/0,10/0,10/0,50 QUESTÃO 03 ITEM PONTUAÇÃO A) Sim. De acordo com o disposto na Constituição da República de 1988, em seu Art. 37, XVI, alínea “c”, será lícita a acumulação de dois cargos de profissionais da área de saúde, desde que haja compatibilidade de horá- rios. 0,10/0,10/0,45 B) Não. A decisão contrariou o disposto na Súmula 377 do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual aquele candidato portador de visão monocular tem o direito de concorrer, em concursos públicos, às vagas reservadas aos portadores de deficiência. 0,10/0,50 QUESTÃO 04 ITEM PONTUAÇÃO A) Sim. A responsabilidade civil do Estado, nos termos da Constituição da República de 1988, impõe que res- ponderá por perdas e danos a pessoa jurídica de direito público pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. O caso em tela aponta a omissão do Estado no dever de guarda da integridade física de um detento. Diante dessa situação, ficando comprovado o nexo causal entre o fato administrativo omissivo e o resultado danoso (morte do detento), deverá o Estado responder civilmente, con- forme estabelecido no Art. 37, § 6º, da Constituição federal de 1988. 0,10/0,10/0,45 B) Sim, o Estado deve responder por danos morais causados ao detento mantido sob péssimas condições, pois nesse caso houve omissão do dever de zelar pela integridade física e moral do referido detento. É o que dispõe o Art. 927 do Código Civil Brasileiro, combinado com o Art. 37, § 6º, da Constituição Federal de 1988. 0,10/0,50 XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 36 de 42www.grancursosonline.com.br Direito do Trabalho PROFESSOR HUGO SOUSA Advogado. Professor de Direito e Processo do Trabalho há mais de 15 anos no DF. Professor de Cursos Preparatórios para Concurso. DIREITO DO TRABALHO HUGO SOUSA – PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Foi prolatada sentença nos autos da ação 9.876, movida por Maria das Graças em face da sociedade empresária Editora Legal Ltda., que tramita perante a 100ª Vara do Trabalho de Goiânia/GO. Na demanda, a reclamante informou ter sido em- pregada da ré de agosto de 2015 a janeiro de 2017, quando pediu demissão. Houve regular contestação e instrução. Na sentença, o juiz julgou improcedente o pedido de dano existencial pela extensa jornada alegadamente cumprida e procedente o pedido de uma hora extra com adicional de 80% pelo intervalo intrajornada violado, uma vez que a sociedade empresária concedia apenas 30 minutose que, a despeito de haver nos autos autorização do Ministério do Trabalho para a redução, isso não seria previsto em lei. Julgou, ainda, improcedente o pedido de horas de prontidão, porque a trabalhadora não permanecia nas instalações da empresa fora do horário de trabalho, e procedente o pedido de reintegração, porque a empregada com- provou documentalmente que, por ocasião da ruptura do contrato, estava grávida. O juiz julgou procedente o pedido de horas de sobreaviso, porque a trabalhadora permanecia com celular da empresa permanentemente ligado, inclusive fora do horário de serviço, e deferiu adicional de insalubridade em grau médio (30% sobre o salário mínimo), porque ficou comprovado por perícia que a autora manuseava produtos químicos na editora para realizar as impressões. O magistrado julgou pro- XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 37 de 42www.grancursosonline.com.br Direito do Trabalho cedente o pedido de recolhimento do INSS do período trabalhado, que não foi feito pelo empregador, conforme comprovado pelo Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), e julgou improcedente o pedido de adicional de transferência, por- que a alteração de local de trabalho não gerou mudança de domicílio da autora. Na sentença, publicada em setembro de 2017, o juiz ainda julgou procedente em parte o pedido de adicional noturno porque comprovado, pelo depoimento do preposto, que a autora trabalhava das 16.00h às 23.00h, motivo pelo qual condenou a ré a pagar o adicional de 25% entre 22.00h e 23.00h. O magistrado também deferiu a integração ao salário do valor do plano dental concedido gratuitamente à recla- mante, com as repercussões daí advindas, ao argumento de que isso não poderia ser confundido com plano de saúde (este sim, que não sofreria integração). Docu- mentos juntados pelas partes: contracheques, cartões de ponto, TRCT, autorização do Ministério do Trabalho para a redução do intervalo e CNIS. Como advogado (a) contratado (a) pela sociedade empresária e considerando que a sentença não pos- sui vícios nem omissões, elabore a peça jurídica em defesa dos interesses dela. Pois bem, a prova possui complexidade mais elevada, a exemplo do que ocor- reu com a primeira fase, tanto pela extensão, como em decorrência das matérias envolvidas. O primeiro ponto é definir a peça processual, que no caso é, sem dúvidas, Re- curso Ordinário, uma vez que se trata de decisão terminativa proferida por juiz singular na fase de conhecimento, nos termos do art. 895 da CLT. O candidato deveria atentar para o juízo competente, 100ª Vara do Trabalho, em relação à petição de apresentação, e para o TRT 18ª Região para a peça em que as razões seriam apresentadas. É aconselhável fazer menção às custas e ao depósito recursal, uma vez que se trata de recurso a ser interposto pela empresa, sendo também necessário fazer menção ao octídio legal. Em seguida, como estratégia, tomar os pontos nos quais XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 38 de 42www.grancursosonline.com.br Direito do Trabalho a empresa foi condenada. São eles: a) Deferimento de 1 hora extra com adicional de 80% em razão da concessão de apenas 30 minutos de intervalo intrajornada, em que pese autorizado pelo MTE, porém, segundo a sentença, sem autorização legal; b) Estabilidade gestante, uma vez que, quando da ruptura do contrato, estava grávida; c) Horas de sobreaviso, pois o empregado permanecia com celular constante- mente ligado mesmo fora do horário de trabalho; d) Insalubridade em grau médio, pois a perícia comprovara que a autora manu- seava produtos químicos, deferiu 30% sobre o salário mínimo (grau médio); e) Recolhimentos previdenciários do período de vínculo; f) Adicional noturno 25% de 22 às 23h; g) Integração do valor do plano odontológico. Fixados os pontos em que a Sociedade Empresária ficou sucumbente, o próprio comando já indicou o caminho a percorrer, devendo ser lembrado que o texto da lei a reger a situação é anterior à Lei n. 13467/2017. Em relação ao item “a”, o adicional deferido está incorreto, valendo o limite legal, uma vez que não houve menção a norma especial a deferir 80%, art. 71, parágrafo 4º. No particular divirjo da fundamentação no art. 7º, XVI, da CF/88, pois o intervalo não concedido não tem natureza jurídica de horas extras, por isso a fundamentação quanto ao percentual é o parágrafo 4º do art. 71 da CLT. Por ou- tro lado, o parágrafo terceiro permite a fixação em 30min, valendo salientar que o juiz só não deferiu por falta de previsão legal, presumindo-se, pois, que os outros elementos estariam presentes, vale, portanto, a impugnação. Quanto ao item “b”, a empregada pediu demissão, e não houve pedido de nuli- dade a respeito do pleito da empregada, logo não há que se falar em estabilidade XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 39 de 42www.grancursosonline.com.br Direito do Trabalho (art. 10, II, b, do ADCT) ante o pedido de demissão que não foi anulado. Seguindo, o item “c” merece impugnação, pois não basta portar celular. É ne- cessário que haja limitação na liberdade de locomoção do empregado, e não foi esse o fundamento da sentença, que se assentou apenas no uso do celular. Incide na hipótese a súmula 428, I, do TST, ou seja, é a possibilidade de ingerência, pelo empregador, do período de descanso do empregado que gera o direito ao adicional, o que não pode ser presumido somente pelo uso do celular. No item “d”, somente é possível impugnar o adicional, pois não há elementos para combater a perícia. Grau médio 20%, conforme art. 192 da CLT. Os recolhimentos previdenciários não são de competência da JT, conforme Sú- mula 368 do TST e Vinculante 53 do STF. Por derradeiro, o adicional noturno é de 20%, art. 73 da CLT, e o plano odontoló- gico não possui natureza salarial, conforme art. 458, parágrafo 2º, IV, da CLT – no mesmo inciso, inclusive, trata-se tanto do plano de saúde como do odontológico, a matéria aqui é salário in natura. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 40 de 42www.grancursosonline.com.br Direito do Trabalho QUESTÕES ESCRITAS DISCURSIVAS ROGÉRIO DIAS – QUESTÕES 01 E 02 QUESTÃO 01 Um supermercado contratou, por escrito, uma empresa de reformas e construções para ampliar o refeitório no qual os seus funcionários se alimentam, para, assim, dar-lhes maior conforto e segurança. A obra demorou dois meses. Tempos depois, em agosto de 2017, o supermercado recebeu a citação para uma demanda, pois um dos pedreiros que trabalhou na obra em questão postulou o pagamento de ho- ras extras da empresa de reformas, com responsabilidade subsidiária do supermer- cado. Diante dessa situação e considerando que você foi contratado (a) para zelar pelos interesses do supermercado em juízo, responda às indagações a seguir. a) Informe que tese jurídica você defenderia em favor do seu cliente para tentar evitar a condenação. Com base no entendimento do TST, por meio da OJ n. 191 da SDI-1 do TST e levan- do em consideração que não se trata de uma construtora ou incorporadora, não há que se falar em condenação, haja vista a ausência de previsão legal para a respon- sabilização do dono da obra. b) Se, na ação, houvesse também pedido de recolhimento do INSS do período tra- balhado na obra, que preliminar você, por cautela, suscitaria? Seria suscitada a incompetência absoluta, pois a Justiça do Trabalho não tem com- petência para julgar o referido pedido. No que tange às contribuições previdenci- árias, com base no entendimento da súmula vinculante 53 do STF, a competência PROFESSOR ROGÉRIO DIAS Advogado. Mestre em Ciência Política. Área de concentração em Di- reitos Humanos,Cidadania e Violência pelo Centro Universitário UNIEURO. Especialista em Direito do Trabalho e Processual do Traba- lho pela Universidade Gama Filho. Especialista em Direito Público pela Universidade Católica de Brasília. Graduado em Direito pelo Centro Universitário IESB. Professor do Centro Universitário UniCEUB das disciplinas Direito do Trabalho e Processual do Trabalho. Professor da Universidade Católica de Brasília das disciplinas de Direito do Traba- lho e Processo do Trabalho. Professor em cursos preparatórios para concursos públicos e da OAB. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 41 de 42www.grancursosonline.com.br Direito do Trabalho da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da con- denação constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados, bem como no entendimento do TST por meio da súmula 368, I.T. QUESTÃO 02 Lino foi empregado da sociedade empresária Calçados de Borracha Ltda. por qua- tro anos, atuando internamente como empacotador e, depois, como auxiliar de máquinas. Trabalhava de segunda-feira a sábado, das 6h às 12h, com pausa de 15 minutos. Após ter sido dispensado por alegação de justa causa, Lino ajuizou recla- mação trabalhista requerendo o pagamento de adicional de periculosidade, pois se deslocava para a empresa e dela retornava de motocicleta, conforme fotografias que juntou aos autos, tendo comprovado, documentalmente, ser proprietário de uma motocicleta e ter autorização escrita da empresa para estacioná-la no pátio da ré. Lino ainda informou que a empresa custeava 40% da mensalidade do curso supletivo que ele frequentava, conforme recibos que juntou, requerendo, então, a integração desse valor ao seu salário como utilidade, com pagamento dos reflexos devidos. Diante da situação retratada, como advogado(a) contratado(a) para de- fender a sociedade empresária, responda às indagações a seguir. a) Em relação ao pedido de adicional de periculosidade, que tese você advogaria? Justifique. No caso em tela, trata-se de empacotador e posteriormente de auxiliar de má- quinas, e não de motociclista, para que haja o pagamento do referido adicional. Conforme o artigo 193, parágrafo 4°, da CLT, somente aqueles que exercem suas funções utilizando-se de motocicletas terão direito ao adicional de periculosidade. b) Em relação ao pedido de integração dos 40% da mensalidade do curso supleti- vo, que tese você advogaria? Justifique. Não será considerada como salário educação, em estabelecimento de ensino pró- prio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático concedidos pelo empregador, conforme previsto no artigo 458, parágrafo 2°, inciso II, da CLT. XXIV EXAME DE ORDEM – COMENTÁRIOS SOBRE A PROVA DA 2ª FASE 42 de 42www.grancursosonline.com.br Direito do Trabalho LEANDRO ALENCAR – QUESTÕES 03 E 04 QUESTÃO 03 • O aluno deveria se lembrar da preliminar de coisa julgada, prevista no art. 337, VII, do CPC. Ademais, seria interessante mencionar a OJ n. 132 da SDI- -II do TST, que dispõe no sentido de que o acordo homologado judicialmente, em que o empregado dá plena e ampla quitação, sem ressalva, alcança as parcelas objeto da inicial, bem como todas as demais parcelas referentes ao contrato de trabalho extinto, de modo que a propositura de nova reclamação trabalhista violaria a coisa julgada. • O aluno deveria responder que o segundo processo movido por Sebastiana seria extinto sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, V, do CPC. QUESTÃO 04 • O aluno deveria responder que não seria possível a interposição de Recurso Ordinário, tendo em vista que, nos termos do art. 831, p. único, da CLT, o termo de conciliação lavrado valerá como decisão irrecorrível. • O aluno deveria responder novamente o cabimento da preliminar de coisa julgada, utilizando como fundamentação o art. 337, VII, do CPC e a OJ n. 132 da SDI-II do TST. PROFESSOR LEANDRO ALENCAR Graduado em Direito, especialista em Direito e Processo do Trabalho pelo Instituto Brasiliense de Direito Público – IDP, com atualização em Direito e Processo do Trabalho em cursos livres; professor do curso Prática Trabalhista, pesquisador em diversos temas do Direito do Trabalho, inclusive trabalho infantil, discriminação no ambiente de trabalho e precarização da relação empregatícia. Direito Civil Anelise Muniz - Peça prático-profissional Raquel Bueno - Questões 01 e 02 Roberta Queiroz - Questões 03 e 04 Direito Penal Cristiane Damasceno - Peça Prático-Profissional FLÁVIO DAHER - Questões 03 e 04 CRISTINA TUBINO - Questões 01 e 02 Direito Constitucional Aragonê Fernandes - Peça Prático-Profissional aragonê fernandes - Questões 01, 02, 03 e 04 Direito Tributário Maria Christina Barreiros - Peça Prático-Profissional Celso Correia - Questões 03 e 04 Maria Christina Barreiros - Questão 02 Celso Correia - Questão 01 Direito Administrativo lisiane brito - PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL LISIANE BRITO - Questões 01, 02, 03 E 04 Direito do Trabalho HUGO SOUSA - Peça Prático-Profissional LEANDRO ALENCAR - Questões 03 e 04 ROGÉRIO DIAS - Questões 01 e 02
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