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DIREITO DOS POVOS ÁGRAFOS (1)

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Docentes: Ana Carolina França Costa, Ana Carolina Ribeiro Venturini, Bruno Belidio da Costa Campos, Francine Cristina Sales Rosa, Heloísa Silveira Campos, Jean Christian Fonseca da Silva, João Marcelo Souza Xavier e Vinicius Reifschneider Coelho.
Disciplina: Filosofia e História do Direito.
Discente: Edgar Solano Sala: 2º CMA Data: 16/10/2017
Direito dos povos ágrafos
Bebendo da fonte do iluminismo, os historiadores do século XIX, ao voltarem seus estudos a análise da história da humanidade em um movimento cosmológico, definiram que era História aquilo que era acompanhado de documentação escrita, depreendendo-se que tudo que antecede esse marco evolutivo não deveria ser considerado na geneologia humana. Dessa forma, estabeleceu-se o termo problemático “Pré-história”, sendo o símbolo conclusivo deste período o advento da escrita.
Ainda que as primeiras reflexões jurídicas estejam associadas ao aparecimento da escrita, é inegável a existência de institutos organizacionais e políticos de sociedades orais, as quais se dedicaram a disciplinar a convivência social principalmente na relação dos particulares com as divindades superlativas. Logo, trata-se da emersão de um direito de povos ágrafos no seio das circunstâncias pré-históricas.
Quanto a sua origem, não é cabível pensar em uma vontade originária uníssona, visto que os povos deste período não estabeleciam um intercâmbio social, nem constituíam laços de proximidade. A bem da verdade, suas interações não se escapavam de um ambiente conflituoso. Dessa forma, a distância imposta inspirou cada povo moldar seu próprio conjunto singular de regras de conduta, sendo esta outra motivação para as guerras consequentes. 
Contudo, o que é possível de apontamento são tendências e semelhanças globalizantes entre todo esse emaranhado de ordenamentos jurídicos.
Com isso, pode-se afirmar que o direito dos povos ágrafos nasce espontaneamente do cunho das relações familiares, derivando das crenças religiosas universalmente admitidas que exerciam domínio sobre as inteligências e as vontades. Além disso, o elemento principal que une os povos ágrafos está sedimentado nos costumes, nas práticas reiteradas e no exercício da autoridade de determinado líder baseado em aspectos religiosos, de normas emanadas de uma religiosidade maior e de regras decoradas e transmitidas diretamente pela via oral, sem preocupação sistemática de organizar destas normas.
Para Goody (1986, p. 37):
[...] existe uma acomodação relativamente próxima entre religião e outros aspectos do sistema social. No que respeita a moralidade e a ética, as noções de bondade e maldade estão mais intimamente ligadas à situação sociais específicas. Tal como se passa de maneira geral com os mitos e as tradições orais, estes valores tendem para se alterar com as mudanças no resto dos sistemas e, portanto, a certo nível, fornecem uma espécie de foral em adaptação constante relativamente à acção social – um esquema normativo e ideológico regulador, homeostático mesmo.
As fontes do direito dos povos ágrafos eram: costumes (transmitidos diretamente de geração em geração) e os precedentes (decorrentes de julgamentos de situações concretas das relações interpessoais). Sobre o primeiro e mais importante, Wolkmer o enxerga como “expressão da legalidade, de forma lenta e espontânea, instrumentalizada pela repetição de atos, usos e práticas. Por ser objeto de respeito e veneração e era assegurado por sanções sobrenaturais, dificilmente o homem primitivo questionava sua validez e sua aplicabilidade” (2006, p. 4-5).
Eles eram transmitidos pelos anciãos e/ou sacerdotes, de geração em geração, já que eram detentores do saber e dos preceitos de um Direito baseado em práticas reiteradas mantidas em sua cultura, seus costumes, suas regras através da oralidade, dos provérbios, narrativas mitológicas e dos aconselhamentos entre gerações.
Sobre os precedentes, o mais experiente da tribo, isto é, aquele com maior memória agrupada desta sociedade, resolvia os problemas e usava das mesmas soluções utilizadas anteriormente, de modo a manter a unidade consuetudinária da sociedade.
Além disso, a transmissão das regras de costume, além de disseminadas diretamente, se dava por explicações temporárias pelo ancião, existindo marcos temporais para reunir a coletividade e reafirmar as regras daquela sociedade.
Sobre isso, Goody (1986, p. 60) nos ensina que:
As sociedades orais fazem geralmente uma proclamação aberta e pública da ocorrência de uma mudança deste tipo – refiro-me a mudanças organizativas e não estruturais. A manifestação pública pode incluir uma procissão, dança, ingestão de cerveja, uma cerimónia ou outra actividade comunal. É claro que comunicação das notícias de semelhante mudança não é de maneira nenhuma a única função dos ritos de passagem; o rito afecta a mudança e a formalidade da tradição é importante por si mesma.
Nas sociedades tribais, não há um Estado subordinando as pessoas às suas regras. Não havendo, cada indivíduo possuía o direito de usufruir de certa legitima defesa, de fazer justiça com as próprias mãos quando fosse lesado diretamente ou quando um parente fosse lesado por outrem, fora isso ninguém poderia se armar contra outro societário.
Dentro da tribo, existiam diferenças entre o sexo, classes e os grupos de idade, diferença em seus privilégios, tratamento, moradias e riquezas. Como consequência, insurgiam conflitos internos que deveriam ser prevenidos ou solucionados. Havia diversos dispositivos para eliminar tais tensões, como os acordos orais ou conciliações. No tocante a política externa, os povos ágrafos possuíam um sistema de exclusão: quem não fazia parte daquela sociedade, seria excluído de seus benefícios e sua proteção.
O Direito Penal dos povos sem escrita pode ser visto como a camada mais antiga da história do Direito, com estabelecimento de regras e sanções respectivas, sendo estas extremamente cruéis para acalmar os ânimos das divindades nos rituais concernentes.
O Direito Penal pode ser dividido em 3 etapas: a vingança divina, a vingança privada e vingança pública. Todas elas tinham caráter extremamente retributivo e não eram proporcionais ao dano. 
No que se refere à vingança divina, o temor religioso pautava as condutas. Era mister não se rebelar ou ir contra os tabus religiosos, porque seria seguido de ira divina contra o violador e contra a própria sociedade, se esta permitisse que ele seguisse na sociedade sem qualquer sanção. Neste período, as sanções eram vistas como forma de agradar a divindade, punir o infrator e demonstrar que a sociedade era ainda ligada a divindade por não permitir que o indivíduo agisse de forma oposta à lei divina. As penas eram físicas, ocorrendo açoites, pena de morte, pena de perda da paz.
No tocante a vingança privada, não era estabelecida entre particulares, mas sim entre grupos sociais, que não se consideravam fruto de uma mesma divindade. Era extremamente cruel e resultava no extermínio de um grupo por outro, incluindo crianças, doentes, idosos e animais.
Por fim, a vingança pública já não era feita com as próprias mãos, mas por um terceiro agente alheio ao grupo, mas em nome dele: “carrasco”. Havia esquartejamento, forca, decapitação, amputações, etc, dentro de um direito costumeiro. 
Referências
BRASIL ESCOLA. Pré-história. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/pre-historia.htm> Acesso em: 14 out. 2017.
WOLKMER, Antonio Carlos. Fundamentos de história do direito. 3 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006. 1-10 p.
GOODY, Jack. A lógica da escrita e a organização da sociedade. 70 ed. São Paulo: Perspectiva do Homem, 1986. 1-37 p.
PASSEI DIRETO. O direito dos povos ágrafos. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/5173210/direito-dos-povos-agrafos-pdf> Acesso em: 9 out. 2017.

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