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Apostila Direito do Consumidor

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1 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
- LEI Nº 10.504, DE 8 DE JULHO DE 2002 
 
Art. 1º É instituído o Dia Nacional do Consumidor, que será comemorado, 
anualmente, no dia 15 de março. 
 
Art. 2º Os órgãos federais, estaduais e municipais de defesa do consumidor 
promoverão festividades, debates, palestras e outros eventos, com vistas a 
difundir os direitos do consumidor. 
 
"O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda produção". 
Adam Smith. 
 
 
Introdução – diferença entre Códigos e Leis 
 
 
a) Código: conjunto de normas estabelecidos por lei; 
 
b) Consolidação: regulamentação unitária de leis pré-existentes 
c) Estatuto: regulamentação unitária de uma categoria de pessoas. 
 
 
1. Histórico 
 
Era da globalização: era do consumismo. 
 
1.1. Direitos de primeira dimensão (liberdades públicas) 
1.2. direitos de segunda dimensão (direitos sociais) 
1.3. direitos de terceira dimensão (direitos difusos) 
1.4. direitos de quarta dimensão (direitos genéticos em formação 
1.5. direitos de quinta dimensão (democracia plena) 
 
- Evolução do conceito de Estado 
 
1.1. Estado 
1.2. Estado de Direito 
1.3. Estado Democrático de Direito 
 2 
1.4. Estado Constitucional de Direito 
 
1.1.1. Evolução da legislação consumerista 
 
1962 - o presidente dos Estados Unidos da América, John F. Kennedy, 
apresentou, em famoso discurso, os quatro direitos básicos do consumidor: o 
direito à segurança, o direito de ser informado, o direito de escolha e o direito de 
ser ouvido, formando assim o que ficou conhecido como A Carta de Direitos do 
Consumidor. 
 
1985 – Resolução ONU 2542/69 OS DIREITOS à satisfação de necessidades 
básica, à efetiva compensação, à educação e ao meio ambiente saudável. 
 
 
1985 – 1987: Congressos Nacionais do MP propugnavam pela instituição das 
promotorias do Consumidor, e também que se erigissem o assunto a nível 
constitucional. 
 
 
1988: A CF foi promulgada em Brasília, 5 de outubro de 1988. 
 
- CF: ART. 5, XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor; 
 
- CF: ART. 170: A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V - 
defesa do consumidor; 
 
- CF, 150: § 5º. A lei determinará medidas para que os consumidores 
sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e 
serviços. 
 
- Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob 
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de 
serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: II - os direitos dos 
usuários; 
 
- ADCT: Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da 
promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor. 
 
 3 
- A Lei nº 8.078, de 11.09.1990, aprovou o Código de Proteção e Defesa 
do Consumidor; Art. 118. Este Código entrará em vigor dentro de 180 (cento e 
oitenta) dias a contar de sua publicação. (esse código é chamado de 
microssistema jurídico) 
 
 
1.1.2 Liberalismo x Estado social (welfare state): neoliberalismo (estado 
capitalista regulamentador / intervencionista) 
 
a) autonomismo, como forma de combate ao absolutismo. Era das 
codificações liberais (individualistas e patrimonialistas) 
 
b) capitalismo regulamentar (neoliberalismo) 
 
 
2. Princípios da ordem econômica 
 
A importância do estudo dos princípios 
 
Celso Antônio BANDEIRA DE MELLO pontifica: 
 
“violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma. A 
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico 
mandamento obrigatório mas a todo o sistema de comandos. É a mais 
grave forma de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, conforme o escalão 
do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, 
subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu 
arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isto porque, com 
ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustém e alui-se toda a estrutura neles 
esforçada”. 
 
Princípios de direito são normas munidas do mais alto grau de abstração, 
que permeiam o sistema jurídico como um todo. São mais do que meras 
regras jurídicas. Encarnam valores fundamentais da sociedade, servem 
como fontes subsidiárias do Direito e conferem critérios de interpretação de 
normas e regras jurídicas em geral. 
 
 
a) soberania nacional (art. 1º., I) 
 4 
 
b) propriedade privada; 
 
Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de 
propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os 
casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional. 
 
Resumo: a) no máximo 50 módulos; b) no máximo 25% para estrangeiros c) no 
máximo, 10% para cada nacionalidade. 
 
c) função social da propriedade 
 
 
d) liberdade de iniciativa econômica (art. 170, par. Único) 
 
d.1. Atuação estatal na economia 
 
d.1.1. Exploração direta (CF, 173) 
d.1.2. monopólios (CF, 177) 
d.1.3. propriedade de minerais (CF, 176, § 1º) 
 
d.2. agente regulador e normativo (CF, 174): agências (teoria dos 
ordenamentos setoriais) 
 
* principalmente no segundo pós-guerra: 
I - pluralização das fontes normativas 
II - descentralização estatal 
 
 
d.3. incentivo e fomento: BNDES, PPPs, extrafiscalidade dos tributos. 
 
 
e) livre concorrência e repressão ao abuso de poder econômico; 
 
STF - 646 - Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que 
impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em 
determinada área. 
 
- Lei antitruste: Lei 8884/94. Previne infrações à ordem econômica: 
 5 
 
- Secretaria de Direito Econômico 
 
- CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE em Autarquia, 
dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica e 
dá outras providências. 
 
Monopólio: exclusividade 
Dumping: venda em país estrangeiro por preço inferior aos artigos 
similares, a fim de retirar a concorrência. 
Truste ou Cartel: grupos que se reúnem com o objetivo de dominar o 
mercado e suprimir a livre concorrência. 
 Dumping social 
 
 
 
f) defesa do meio ambiente; 
 
g) redução das desigualdade 
 
 6 
h) tratamento privilegiado às empresas de pequeno porte constituídas no, e sob 
as leis do Brasil. 
 
 
i) Capital estrangeiro: não há oposição (Art. 172. A lei disciplinará, com base no 
interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os 
reinvestimentos e regulará a remessa de lucros) 
 
j) defesa do consumidor; 
 
2.1. Princípios da ordem civil 
 
a) dignidade da pessoa humana 
 
b) autonomia da vontade limitada pelo razoável 
 
 
 
- autonomia da vontade: ancien regimen; vontade como fonte das obrigações; fato psíquico. 
Individualismo. 
- autonomia privada: fato predominantemente social. Melhor linguajar e voltado para questões 
negociais. 
- autodeterminação: poder de cada indivíduo gerir livremente a sua esfera de interesses, 
orientando sua vida como melhor lhe aprouver. 
- heteronomia: limitações impostas pelo Poder Público à autonomia contratual, em razão de 
interesses públicos. 
 
c) propriedade individual 
 
d) solidariedade social 
 
e) boa-fé objetiva. 
 
 
2. CONCEITO DE CONSUMIDOR: 
 
2.1. Consumidor Propriamente dito: 
 
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa físicaou jurídica que adquire ou utiliza produtos 
ou serviço como destinatário final. 
 7 
 
- Podem-se distinguir as teorias: 
 Teoria Finalista, que analisa caso a caso a identificação do consumidor 
como destinatário final, sem que haja a continuidade da atividade econômica; e 
 
 Teoria Maximalista, que aplica indistintamente o CDC quando da 
aquisição de um produto ou serviço, não importando se haverá uso particular ou 
profissional do bem. 
 
A teoria finalista sofreu uma mutação ao ser minorada a sua 
aplicação, denominada por Cláudia Lima Marques como finalismo 
aprofundado. Esse finalismo aparenta-se mais propício para 
determinar a relação de consumo, na medida em que relativiza e 
analisa a hipótese concreta, desconsiderando a qualidade das 
partes e vislumbrando apenas o contrato firmado, desde que 
presentes a vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica. 
Vejamos o que escreve a autora: 
“É uma interpretação finalista mais aprofundada e madura, que 
deve ser saudada. Em casos difíceis envolvendo pequenas 
empresas que utilizam insumos para a sua produção, mas não em 
sua área de expertise ou com uma utilização mista, principalmente 
na área dos serviços, provada a vulnerabilidade, concluiu-se pela 
destinação final de consumo prevalente”. (2009, p.73). 
Pela relatividade da teoria finalista tem-se autorizado a pessoa 
jurídica ser consumidora quando estiver em posição de 
insuficiência. 
 
 
2.1.1. Elementos: 
 
a) sujeito (pessoa física ou jurídica). José Geraldo Brito Filomeno entende que 
somente as pessoas jurídicas hipossuficientes seriam consumidoras. 
 
REsp 541867 / BA ; RECURSO ESPECIAL 
2003/0066879-3 – Relator Ministro Barros Monteiro 
COMPETÊNCIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. UTILIZAÇÃO DE 
EQUIPAMENTO E DE SERVIÇOS DE CRÉDITO PRESTADO 
 8 
POR EMPRESA ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE 
CRÉDITO. DESTINAÇÃO FINAL INEXISTENTE. 
– A aquisição de bens ou a utilização de serviços, por pessoa 
natural ou jurídica, com o escopo de implementar ou incrementar a 
sua atividade negocial, não se reputa como relação de consumo e, 
sim, como uma atividade de consumo intermediária. 
Recurso especial conhecido e provido para reconhecer a 
incompetência absoluta da Vara Especializada de Defesa do 
Consumidor, para decretar a nulidade dos atos praticados e, por 
conseguinte, para determinar a remessa do feito a uma das Varas 
Cíveis da Comarca. 
Processo 
REsp 86109 / SP ; RECURSO ESPECIAL 
1996/0003388-9 
Relator(a) 
Ministro BARROS MONTEIRO (1089) 
 
 
 Pela relatividade da teoria finalista tem-se autorizado a pessoa 
jurídica ser consumidora quando estiver em posição de insuficiência. 
 
b) aquisição de produtos ou utilização de serviços 
 
c) destinatário final do produto 
 
2.2. Consumidor equiparado: 
 
Art. 2. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, 
ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. 
 
2.2.1. Elementos 
 
a) coletividade de pessoas: grupo, classe, categoria 
b) determináveis ou não 
c) efetividade ou potencialidade da relação de consumo. 
 
 
2.3. Consumidor equiparado por ser vítima do evento 
 
 9 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as 
vítimas do evento. 
 
Ex: Shopping de Osasco; caso TAM 
 
2.4. Consumidor equiparado por exposição à práticas nocivas 
 
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos 
consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele 
previstas. 
 
Basta à exposição às práticas comerciais, ainda que não tenham adquirido 
nenhum produto, para que se considerem consumidores. 
 
3. CONCEITO DE FORNECEDOR: 
 
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades 
de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
 
§ 1º. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
 
§ 2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e 
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
 
3.1. Elementos: 
 
a) pessoa física ou jurídica – médico, engenheiro, advogado, escola 
 
b) nacional ou estrangeira 
 
c) pública (serviços impróprios (concessão e permissão, como água, luz, 
telefone), pois a segurança, a educação, será pela regra do art. 37, par. 6.ou 
privada; 
 
O conceito inclui o serviço público. A relação que o contribuinte tem com o 
Estado é de cidadania e não de consumo, portanto, quem paga tributo não 
é consumidor. Tratando-se, porém, de serviço público individual e 
facultativo, remunerado por tarifa ou preço público, a relação passa a ser de 
 10 
consumo, aplicando-se o Código de Defesa do Consumidor. 
- concessionárias: Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, 
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de 
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, 
seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. 
 
Apelação cível. Responsabilidade civil. Ressarcimento de danos materiais. 
Descargas atmosféricas (raio). Súbitas alterações de tensão elétrica. 
Responsabilidade objetiva da concessionária. Fato do serviço. 1. A 
concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica responde 
objetivamente pelos danos causados ao consumidor, independentemente 
de culpa, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição Federal. Consumidor. 
Comprovada a ocorrência do fato, do prejuízo dele advindo e do nexo 
causal, impõe-se o dever de indenizar. Fato do serviço. (70043318690 RS, 
Relator: Isabel Dias Almeida, Data de Julgamento: 31/08/2011, Quinta 
Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 08/09/2011)” 
 
 
CF Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob 
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de 
serviços públicos. 
 
 
d) regularidade de constituição ou não (entes despersonalizados) 
 
e) comercialização de bens e/ou serviços 
 
 
 
3.2. Elementos dos serviços 
 
a) natureza bancária; 
b) financeira 
c) crédito 
d) securitária 
e) salvo relações trabalhistas. 
 
 
 
 11 
1. CONCEITO DE RELAÇÃO DE CONSUMO 
 
 
Vamos iniciar com o exemplo de Cláudia Lima Marques (2009, p. 68/69) para 
delimitar tal relação. Vejamos: 
“(...) se dois civis, duas vizinhas amigas, contratam (compra e venda de 
uma joia antiga), nenhuma delas é consumidora, pois falta o fornecedor (o 
profissional, o empresário); são dois sujeitos 'iguais', regulados 
exclusivamente pelo Código Civil. Sendo assim, à relação jurídica de 
compra e venda da joia de família aplica-se o Código Civil, a venda é fora 
do mercado de consumo. Se dois comerciantes ou empresários contratam 
(compra e venda de diamantes brutos para lapidação e revenda), o mesmo 
acontece: são dois 'iguais', dois profissionais, no mercado de produção ou 
de distribuição, são dois sujeitos iguais regulados pelo Código Civil (que 
regula as obrigações privadas, empresariais e civis) e pelas leis especiais 
do direito comercial, direito de privilégio dos profissionais, hoje empresários. 
Já o ato de consumo é um ato misto entre dois sujeitos diferentes, um civil e 
um empresário, cada um regulado por uma lei (Código Civil e Código 
Comercial), e a relação do meio e os direitose deveres daí oriundos é que 
é regulada pelo CDC. É direito especial subjetivo e relacional.” 
 
 
a) presença de um consumidor 
b) presença de um fornecedor 
c) habitualidade da mercancia 
d) vulnerabilidade econômica do consumidor 
e) onerosidade (contratos gratuitos estão fora). Salvo estacionamento gratuito, 
manobrista gratuito, curso gratuito com cobrança de material; amostras grátis. 
 
* AASP 2228/1955 – acidente em passarela. Serviço público ao encargo da 
concessionária da rodovia. Aliás, os pedestres são obrigados a utilizá-las. 
 
* A atividade dos investidores do mercado mobiliário (compra e venda de ações na 
bolsa de valores) não é uma relação de consumo, tendo em vista haver lei 
especial que regula o assunto (Lei n. 7.913/89). 
 
* REsp 1308830-RS – provedor gratuito se submete ao CDC. 
 12 
 
Por fim, a jurisprudência tem identificado os casos de aplicação do CDC: 
 
a) às entidades de previdência privada - Súmula 321 STJ; 
b) aos contratos de arrendamento mercantil - Condomínio e 
Concessionária; 
c) aos contratos do sistema financeiro de habitação - Sistema 
Financeiro. 
 
Não se aplica o CDC nos casos de: 
 
 
a) Serviço notarial 
b) Condomínios e condôminos 
c) Locação; 
d) Contratos de crédito educativo; 
e) Benefícios previdenciários. 
 
 
4.1. Bancos 
 
- mútuo não se consome. É insumo. Arnoldo Wald, no seu Lei de Defesa do 
Consumidor, Cadernos IBCB 22, pág. 61/62) 
 
Contrato bancário (segundo NNJ, CDC Comentado, pág. 667): 
a) por ser remunerado; 
b) por ser fornecido de maneira despersonalizada; 
c) por serem vulneráveis os tomadores de tais serviços; 
d) pela habitualidade e profissionalizaçao dos serviços 
 
Decisões interessantes 
 
STJ define que poupança constitui relação de consumo e 
confere legitimidade às associações de consumidores, como 
o Idec, para recuperar as perdas das cadernetas. 
 
Agora está tudo definido. A posse de uma caderneta de poupança 
constitui uma relação de consumo. A decisão é da 2a Seção do 
 13 
Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Com esse 
posicionamento, não há mais dúvidas sobre a legitimidade do Idec 
para ajuizar processos para recuperação das perdas da poupança 
com base no Código de Defesa do Consumidor (CDC). Assim, as 
ações civis públicas do Instituto contra os bancos pelo resgate dos 
valores da poupança/89 poderão retomar seu curso normal – os 
recursos pendentes deverão ser julgados mais depressa. O Idec já 
anuncia que vai iniciar a execução provisória da ação contra a 
Nossa Caixa Nosso Banco. 
 
SÚMULA n. 479 
As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos 
gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados 
por terceiros no âmbito de operações bancárias. Rel. Min. Luis 
Felipe Salomão, em 27/6/2012. 
 
FACTORING. OBTENÇÃO DE CAPITAL DE GIRO. CDC. 
A atividade de factoring não se submete às regras do CDC quando 
não for evidente a situação de vulnerabilidade da pessoa jurídica 
contratante. Isso porque as empresas de factoring não são 
instituições financeiras nos termos do art. 17 da Lei n. 4.595/1964, 
pois os recursos envolvidos não foram captados de terceiros. 
Assim, ausente o trinômio inerente às atividades das instituições 
financeiras: coleta, intermediação e aplicação de recursos. Além 
disso, a empresa contratante não está em situação de 
vulnerabilidade, o que afasta a possibilidade de considerá-la 
consumidora por equiparação (art. 29 do CDC). Por fim, conforme 
a jurisprudência do STJ, a obtenção de capital de giro não está 
submetida às regras do CDC. Precedentes citados: REsp 836.823-
PR, DJe 23/8/2010; AgRg no Ag 1.071.538-SP, DJe 18/2/2009; 
REsp 468.887-MG, DJe 17/5/2010; AgRg no Ag 1.316.667-RO, 
DJe 11/3/2011, e AgRg no REsp 956.201-SP, DJe 24/8/2011. 
REsp 938.979-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 
19/6/2012. 
 
 
“Responsabilidade civil - Fato do serviço - Cobranças e bloqueio indevidos 
de cartão de crédito - Responsabilidade objetiva do fornecedor pelos danos 
decorrentes da má-prestação de serviços (CDC, art. 14), ausentes as 
excludentes elencadas no § 3º daquele dispositivo legal - Estorno de 
valores determinado - Recurso do réu desprovido. DANO MORAL - Fato do 
 14 
serviço - Cobranças e bloqueio indevidos de cartão de crédito, após ciência 
da aquisição fraudulenta de mercadorias por terceiros - Abalo moral 
passível de reparação -Consideração das circunstâncias da causa, da 
capacidade econômica das partes e da finalidade reparatóría e pedagógica 
no arbitramento - Pedido indenizatório procedente - Recursos desprovidos. 
(573731120078260562 SP 0057373-11.2007.8.26.0562, Relator: Melo 
Colombi, Data de Julgamento: 23/02/2011, 14ª Câmara de Direito Privado, 
Data de Publicação: 04/03/2011)” 
 
 
5. PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSUMERISTA 
 
Da Política Nacional de Relações de Consumo 
 
Normas de ordem pública e interesse social: inderrogáveis pela vontade das 
partes, e segundo Motauri Cioccheti de Souza, irrenunciáveis. 
 
Normas de Direito Econômico são de aplicação imediata, incidindo nos 
contratos em curso, notadamente os chamados de trato sucessivo e de execução 
continuada. 
 
 
Princípios consumeristas: O sistema de proteção leva em conta a 
vulnerabilidade e a hipossuficiência do consumidor, conforme arts. 4.º, inc. I e 6.º, 
inc. VIII, respectivamente. O consumidor vulnerável é aquele que não controla a 
linha de produção do que consome, e o hipossuficiente é aquele que reúne 
condições econômicas desfavoráveis. Os arts. 4.º e 6.º completam o art. 2.º em 
uma interpretação sistemática, visto que leva em conta o sistema todo do Código. 
Vulnerável: todos são, e decorre da CF 
Hipossuficientes: alguns são e decorre de comprovação, apurada segundo as 
regras de experiência comum do juiz, podendo redundar na inversão do ônus da 
prova. 
a) vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo (art. 4º. I): 
 
- “o consumidor é o elo mais fraco da economia; e nenhuma corrente pode ser 
mais forte do que seu elo mais fraco.” Henry Ford. 
 
a.1. vulnerabilidade técnica: falta de conhecimento sobre o objeto que está 
adquirindo. Ex: computador; veículo, remédio. 
 15 
 
a.2. Vulnerabilidade jurídica: falta de conhecimento jurídico, contábil ou 
econômico e de seus reflexos nas relações de consumo 
 
a.3. Vulnerabilidade econômica (para alguns hipossuficiência) 
 
a.4. Vulnerabilidade informacional: dados insuficientes sobre o produto ou o 
serviço 
 
a.5. a casuística pode apresentar outras vulnerabilidades. Ex: 
vulnerabilidade ambiental. 
 
- Conseqüências práticas: inversão do ônus da prova; tutelas coletivas 
 
b) proteção governamental (art. 4º., II) 
 
- por iniciativa direta, executiva e legislativa 
- por incentivos à criação e desenvolvimento de associações. Ex: Coordenadoria 
Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor – PROCON (fundação de direito 
público – leis municipais criam convênios), BACEN, Idec, Inmetro, DECON, MP 
- art. 5, CDC 
 
c) princípio da harmonia (art. 4º., III): 
 
- tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente 
- marketing de defesa do consumidor 
- convenções coletivas de consumo: entidades civis de consumidores x 
entidades de fornecedores (associações ou sindicatos) 
 
d) educação de direitos e deveres: cursos (art. 4º., IV), 
 
- Encontro Nacional de Defesa do Consumidor 
- Cartilhas dos procons 
 
e) controle de qualidade: Inmetro, ISO 9000 (NBR 19.000) (art. 4º. V) 
 
f) coibição de abusos (art. 4º., VI). 
 
 
- CADE (Conselho Administrativode Defesa Econômica). 
 
 16 
 
g) melhoria dos serviços públicos (art. 4º., VII) 
 
 
6. DOS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 
 
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: 
 
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas 
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos: 
 
- consumidores e vítimas; 
- arts. 8 a 10. 
- Dever de informar, retirar de circulação e comunicar as autoridades 
 
Art. 8º. Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não 
acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os 
considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, 
obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações 
necessárias e adequadas a seu respeito. 
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar 
as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que 
devam acompanhar o produto. 
 
Ex: medicamentos, fósforos, defensivos agrícolas, bebidas alcoólicas, fumo. 
 
Art. 9º. O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos 
à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a 
respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras 
medidas cabíveis em cada caso concreto. 
 
 
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou 
serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou 
periculosidade à saúde ou segurança. 
§ 1º. O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no 
mercado de consumo, tiver, conhecimento da periculosidade que apresentem, 
deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos 
consumidores, mediante anúncios publicitários. 
 17 
§ 2º. Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão 
veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto 
ou serviço. 
§ 3º. Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou 
serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito. 
 
Trabalho: onde encaixar o consumo de cigarros? Deve ser proibido? Se for 
atuorizado, gera o dever de indenizar? 
 
a) periculosidade inerente: risco intrínseco ligado a sua própria qualidade, 
norma e previsível. Ex: faca de cozinha; arma de fogo; 
 
b) periculosidade adquirida: se tornam perigosos em razão de um defeito 
adquirido. Sua principal caracterísitca é a imprevisibilidade. Ex: liquidificador 
que explode; coca-cola que explode; 
 
* Em regra, somente a periculosidade adquirida é que causa o dever de 
indenizar. Mas vale a casuística 
 
c) Há, ainda, a “periculosidade exagerada” (ex.: produtos radioativos etc.). 
Esses produtos não poderão ser levados ao mercado de consumo (produtos de 
circulação restrita). Quem fornecer um produto de periculosidade exagerada terá 
responsabilidade objetiva. 
 
 
Recall: “Recall se alastra na indústria” Valor Econômico, 03/11/2005, p. B5 (usual 
em carros, recall atinge de cafeteiras a ovos de páscoa): “um consumidor 
insatisfeito passa seu descontentamento para 14 pessoas, enquanto o que está 
satisfeito somente para 06 pessoas.” 
 
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, 
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; 
 
 
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR – Mensalidade Escolar – Distinção 
entre o valor cobrado de calouros e veteranos – Impossibilidade – Lei 
9870/99, art. 1º. (STJ – Resp 674.571-SC) – Boletim Bonis Juris – Maio 
2007, p. 21. 
 
 
 18 
Casal acusa concessionária BMW de racismo contra filho de 7 anos no 
Rio 
Representante da loja se desculpou e disse ter sido um 'mal-entendido'. 
'Aqui não é lugar para você. Saia', teria dito gerente a criança, que é 
negra.1 
 
 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com 
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e 
preço, bem como sobre os riscos que apresentem; 
 
- se trata de uma especificação do inciso anterior 
 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR. VÍCIO DO PRODUTO DECORRENTE DA INCOMPATIBILIDADE 
ENTRE O VEÍCULO ADQUIRIDO E A QUALIDADE DO COMBUSTÍVEL COMERCIALIZADO NO 
BRASIL. 
 
 
O consumidor pode exigir a restituição do valor pago em veículo projetado 
para uso off-road adquirido no mercado nacional na hipótese em que for 
obrigado a retornar à concessionária, recorrentemente por mais de 30 dias, 
para sanar panes decorrentes da incompatibilidade, não informada no 
momento da compra, entre a qualidade do combustível necessário ao adequado 
funcionamento do veículo e a do combustível disponibilizado nos postos 
nacionais, persistindo a obrigação de restituir ainda que o consumidor 
tenha abastecido o veículo com combustível de baixa qualidade recomendado 
para a utilização em meio rural. De início, esclareça-se que, nos termos 
do art. 18 do CDC, “Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade 
que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam 
(...)”. Assim, se o veículo funciona com determinado combustível e é 
vendido no Brasil, deve-se considerar como uso normal o seu abastecimento 
com quaisquer das variedades desse combustível comercializadas em 
território nacional. Se apenas uma dessas variedades se mostrasse 
compatível com o funcionamento adequado do motor, ainda seria possível 
cogitar na não configuração de vício do produto, se o consumidor houvesse 
sido adequadamente informado, no momento da compra, de que o automóvel 
apenas poderia ser abastecido com a variedade específica em questão. 
Acrescente-se que, se apenas determinado combustível vendido fora do País, 
pela sua qualidade superior, é compatível com as especificações do 
fabricante do automóvel, é de se concluir que a utilização de quaisquer 
das variantes de combustível ofertadas no Brasil mostram-se igualmente 
contra-recomendadas. Ademais, há de se ressaltar que, na situação em 
 
1
 http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/01/casal-acusa-concessionaria-bmw-de-racismo-contra-
filho-de-7-anos-no-rio.html 
 19 
análise, o comportamento do consumidor foi absolutamente desinfluente. 
Isso porque a causalidade concorrente não afasta a responsabilidade civil 
do fornecedor diante da inegável existência de vício do produto. Posto 
isso, salienta-se que o art. 18, § 1º, do CDC dispõe que, “Não sendo o 
vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir 
(...) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, 
sem prejuízo de eventuais perdas e danos”. O vício do produto ocorre 
quando o produto não se mostra adequado ao fim a que se destina, 
incompatível com o uso a que se propõe. Nessa conjuntura, não é possível 
afirmar que o veículo, após visitar a oficina pela primeira vez, tenha 
retornado sem vício, pois reincidiu nas panes e sempre pelo mesmo motivo. 
Dessa forma, ainda que o veículo tenha retornado da oficina funcionando e 
que cada ordem de serviço tenha sido cumprida em menos de 30 dias, o vício 
não estava expurgado. A propósito, há de se ressaltar que o veículo em 
questão foi projetado para uso off-road. Portanto, é de se admitir que 
houvesse uma razoável expectativa do consumidor em utilizar, senão 
habitualmente, ao menos eventualmente, a variedade de combustível 
disponível em meio rural.Isso corresponde, afinal, ao uso normal que se 
pode fazer do produto adquirido, dada a sua natureza e finalidade. Assim, 
é de admitir que o consumidor deveria ter sido, pelo menos, informado de 
forma adequada, no momento da compra, que o veículo não poderia ser 
abastecido com combustível recomendado para a utilização em meio rural. 
Essa era uma informação que poderia interferir decisivamente na opção de 
compra do bem e não poderia, por isso, ser omitida, sob pena de ofensa ao 
dever de ampla informação. REsp 1.443.268-DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, 
julgado em 3/6/2014. 
 
 
 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais 
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou 
impostas no fornecimento de produtos e serviços; 
 
- ver-se-á em momento oportuno 
- enganosa: ludibriosa; que mente ou omite: Faculdade que traz um rol de 
professores e é outro. 
 
Stevia e Gold Nutrition são multados por propaganda enganosa 
Fabricantes de adoçante induziam consumidor a pensar que 
produtos eram à base de stevia, quando quantidade da substância 
era mínima - iG São Paulo | 20/11/2012 14:48:41- Atualizada às 
20/11/2012 17:04:06 
 
As empresas Stevia Brasil Indústria Alimentícia e Gold Nutrition 
Indústria e Comércio, fabricantes de adoçantes, foram multadas 
 20 
nesta segunda-feira por publicidade enganosa e ausência de 
informações adequadas sobre a composição dos produtos. O 
processo de investigação, que teve início em 2005, resultou em 
multa total de R$ 325.510 (na soma das multas para as duas 
empresas). 
A multa foi aplicada pela Secretaria Nacional do Consumidor do 
Ministério da Justiça (Senacon/MJ), que considerou que o 
consumidor foi induzido a acreditar que adquiria um produto à base 
de edulcorantes naturais de steviosídeo (stevia), quando a 
quantidade da substância que dava nome ao produto era mínima. 
Além disso, havia ausência de informação sobre a composição do 
produto e a concentração de adoçantes químicos. 
De acordo com o diretor do Departamento de Proteção e Defesa do 
Consumidor do órgão, Amaury Oliva, os produtos Doce Menor Stevia 
Mix e Stevip tinham rótulos que traziam informações do modo 
inadequado. Os produtos continham, além do ingrediente natural 
stevia, outros adoçantes químicos artificiais, como o ciclamato de 
sódio e a sacarina. “Nesse caso, o nome do produto e as 
informações incompletas sobre a composição induziram o 
consumidor ao erro”, explica o diretor, em nota enviada à imprensa. 
“É dever do fornecedor garantir a informação correta e clara sobre as 
características dos produtos que comercializa. A informação 
adequada é fundamental para assegurar ao consumidor o exercício 
pleno da liberdade de escolha”, ressalta o diretor. 
A aplicação da multa levou em consideração os critérios do Código 
de Defesa do Consumidor e a quantidade de produtos 
comercializados por cada empresa. O valor das multas deve ser 
depositado em favor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos do 
Ministério da Justiça e será aplicado em projetos voltados à proteção 
do meio ambiente, patrimônio público e defesa dos consumidores. 
 
 
 
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas; 
 
- Teoria das circunstâncias; ver-se-á em momento oportuno 
 
 
 
 21 
Teoria da Imprevisão CDC 
Fato superveniente Fato superveniente 
Excessiva onerosidade Excessiva onerosidade 
Fato imprevisível e 
extraordinário - inflação 
Nada à respeito 
 
A onerosidade dará ensejo à revisão do contrato, quer quando da gênese do 
mesmo (art. 51, IV) quer por fato superveniente (art. 6., V) 
 
 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos e difusos; 
 
 
Para discussão em classe: 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL. BEBIDA ALCOÓLICA. 
 
Trata-se, na origem, de ação indenizatória por danos morais e 
materiais promovida pelo ora recorrido em desfavor da ora 
recorrente, companhia de bebidas ao fundamento de que, ao 
consumir, por diversos anos, conhecida marca de cachaça, 
tornou-se alcoólatra, circunstância que motivou a degradação de 
sua vida pessoal e profissional, vindo a falecer no curso da 
presente ação. Sustentou, nesse contexto, que a publicidade do 
produto da recorrente violou as disposições do CDC, notadamente 
quanto à correta informação sobre os malefícios decorrentes do 
uso de bebida alcoólica. O juiz antecipou o exame da controvérsia 
e julgou improcedente o pedido. 
Interposto recurso de apelação, o tribunal de origem, por maioria 
de votos, deu-lhe provimento, ao reconhecer cerceamento de 
defesa e, ato contínuo, anulou a sentença, determinando, por 
conseguinte, a produção de prova técnica médica concernente à 
comprovação da dependência química do recorrido. No especial, a 
Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, deu provimento 
ao recurso e entendeu, entre outras questões, que, embora 
notórios os malefícios do consumo excessivo de bebidas 
alcoólicas, tal atividade é exercida dentro da legalidade, 
adaptando-se às recomendações da Lei n. 9.294/1996, que 
modificou a forma de oferecimento ao mercado consumidor 
 22 
de bebidas alcoólicas e não alcoólicas, ao determinar, quanto 
às 
primeiras, a necessidade de ressalva sobre os riscos do 
consumo exagerado do produto. Ademais, aquele que, por 
livre e espontânea vontade, inicia-se no consumo de bebidas 
alcoólicas, propagando tal hábito durante certo período de 
tempo, não pode, doravante, pretender atribuir 
responsabilidade de sua conduta ao fabricante do produto, 
que exerce atividade lícita e regulamentada pelo poder público. 
Assim, decidiu que o tribunal a quo não poderia reconhecer de 
ofício o cerceamento de defesa sem a prévia manifestação da 
parte interessada no recurso de apelação, sendo vencida, nesse 
ponto, a Min. Nancy Andrighi, a qual entendeu que não é possível 
julgar o mérito sem antes cumprir toda a escada processual. 
Precedente citado: REsp 886.347-RS, DJe 8/6/2010. REsp 
1.261.943-SP 
<http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?ti
po=num_p 
ro&valor=REsp%201261943> , Rel. Min. Massami Uyeda, julgado 
em 22/11/2011 
 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da 
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do Juiz, for verossímil a 
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências; 
 
- Prova diabólica (RIPERT, Georges. O regimen democrático e o direito civil 
moderno, p. 331.). 
 
A respeito da probatio diabolica, o jurista português JOÃO CALVÃO DA 
SILVA desenvolveu interessante argumentação para explicar a dificuldade 
de a vítima, por acidente de consumo, provar a culpa pelo produto 
defeituoso que provocou o dano, não só por desconhecer o processo de 
industrialização, bem como pela impossibilidade, pela destruição do produto 
danoso, de "saber o que aconteceu ou como aconteceu". Encerra o capítulo 
informando que foi justamente esse árduo encargo processual que 
encaminhou doutrina e jurisprudência à construção de um modelo de 
aperfeiçoamento do direito probatório, para melhor defesa do consumidor, 
parte débil da relação 
 
- Teoria da aptidão da prova ou carga dinâmica da prova 
 23 
 
Elementos: 
a) somente no processo civil; 
b) critério do juiz; 
c) verossímel a alegação ou hipossuficiente 
d) regras de experiência do juiz. 
 
 Verossimilhança ou plausibilidade: credibilidade que tem a alegação do 
consumidor, o conteúdo de verdadena alegação do consumidor; 
 Hipossuficiência. 
Discussões: 
a) o juiz está obrigado? 
b) O juiz deve decretar a inversão do ônus da prova, ou ela é automática? 
c) A parte deve pedir a inversão do ônus da prova, ou não? 
d) Deve ser usado para critério de julgamento ou de instrução processual? 
 
O que tem prevalecido, hoje, é que a inversão do ônus da prova não é uma regra 
obrigatória, ou seja, é faculdade do juiz. O juiz poderá inverter o ônus da prova, no 
caso concreto, diante de duas circunstâncias: 
O momento da inversão do ônus da prova é tema polêmico ainda não pacificado: 
uma corrente entende que a inversão deve ocorrer na sentença, sendo uma regra 
de decisão e não de procedimento; outra posição entende que é uma regra de 
procedimento, portanto, o juiz deve decidir a inversão até o despacho saneador. 
Na jurisprudência, há decisões nos dois sentidos, não havendo uma posição 
majoritária. 
STJ tende a aceitar como critério de julgamento, e não como critério de instrução. 
Enunciados dos Juizados Especiais Cíveis: ENUNCIADO Nº 53: Deverá constar 
da citação a advertência, em termos claros, da possibilidade de inversão do ônus 
da prova. 
Casuística 
 
CONSUMIDOR – RECONHECIMENTO DE HIPOSSUFICIÊNCIA DO 
CONSUMIDOR – INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO – Artigo 6º, VIII da 
Lei nº 8.078/90 – Inadmissibilidade, porquanto, a inversão pura e simples 
do ônus da prova em relação a todo e qualquer fato juridicamente relevante 
afronta o princípio da isonomia a estabelecer desigualdade entre os 
 24 
litigantes – Autores providos de mecanismos a possibilitar a defesa de seus 
interesses – Recurso não provido. (TJSP – AI 142.674-4 – São Paulo – 7ª 
CDPriv. – Rel. Des. Júlio Vidal – J. 15.03.2000 – v.u.) 
 
RT 794/184: CONSUMIDOR - Prova - Inversão do ônus - Acionamento 
que fica a critério do Magistrado sempre que houver verossimilhança 
na alegação ou quando o consumidor for hipossuficiente - Inteligência 
do art. 6.º, VIII, da Lei 8.078/90. - Ementa Oficial: A regra contida no art. 
6.º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, que cogita da inversão do 
ônus da prova, tem a motivação de igualar as partes que ocupam posições 
não-isonômicas, sendo nitidamente posta a favor do consumidor, cujo 
acionamento fica a critério do Juiz sempre que houver verossimilhança na 
alegação ou quando o consumidor for hipossuficiente, segundo as regras 
ordinárias da experiência, por isso mesmo que exige do Magistrado, 
quando da sua aplicação, uma aguçada sensibilidade quanto à realidade 
mais ampla onde está contido o objeto da prova cuja inversão vai operar-se. 
 
 
OUTROS DIREITOS 
 
Artigo 7: Os direitos previstos neste Código não excluem outros decorrentes de 
tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da 
legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades 
administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do 
direito, analogia, costumes e eqüidade. 
 
- normas exemplificativas e não exaustivas 
 
1. Convenção de Varsóvia sobre tarifamento aéreo. 
 
Convenção de Varsóvia A indenização, em transporte aéreo, está limitada ao valor 
estabelecido na Convenção de Varsóvia, em 250 francos poincaré por quilo da 
mercadoria extraviada" (REsp 40.871/SP, 4.ª T., rel. Min. Dias Trindade, j. 
20.06.1994). 
 
1.1. Pró Convenção: 
 
a) O Tratado não se revoga com a edição de lei ordinária que contrarie norma 
nele contida. 
 25 
b) A lei superveniente, de caráter geral, não afeta as disposições especiais 
contidas em Tratado. 
c) Quanto ao conflito de leis travado pela Convenção de Varsóvia e o Código 
do Consumidor, é torrencial o entendimento da plena aplicabilidade da 
Convenção de Varsóvia às relações jurídicas oriundas de contrato de transporte 
aéreo não revogadas pelo Código do Consumidor que disciplina outras relações 
de consumo. Vale dizer, os dois diplomas coexistem harmonicamente, cada qual 
na sua área de atuação (TJ-RJ - Ac. da 14.ª Câm. Cív. publ. no DJ de 25-2-99 - 
Ap. 5001/98 - Rel. Des. Rudi Loewenkron; in ADCOAS 8174486). 
 
 
1.2. Contra: 
 
a) A própria Constituição defende o consumidor 
b) O fato de a Convenção de Varsóvia revelar, como regra, a indenização 
tarifada por danos materiais não exclui a relativa aos danos morais, que também é 
prevista na CF 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL – TRANSPORTE AÉREO – EXTRAVIO DE 
MERCADORIA – INDENIZAÇÃO TARIFADA – CONVENÇÃO DE VARSÓVIA – 
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – Tratando-se de relação de consumo, 
prevalecem as disposições do Código de Defesa do Consumidor em relação à 
Convenção de Varsóvia. Derrogação dos dispositivos desta que estabelecem a 
limitação da responsabilidade das empresas de transporte aéreo. Recurso 
especial não conhecido. (STJ – RESP 257699 – SP – 4ª T. – Rel. Min. Barros 
Monteiro – DJU 19.03.2001 – p. 00115) 
 
TRANSPORTE AÉREO DE MERCADORIAS – CONVENÇÃO DE VARSÓVIA – 
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – 1. Com o advento do Código de 
Defesa do Consumidor, a indenização pelo extravio de mercadoria não está sob o 
regime tarifado, subordinando-se ao princípio da ampla reparação, configurada a 
relação de consumo. 2. Recurso especial conhecido e provido. (STJ – RESP 
209527 – RJ – 3ª T. – Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito – DJU 05.03.2001 
– p. 00155) 
 
 
 
 26 
8. DA RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO 
 
 
No vício, o problema encontrado no produto ou no serviço frustra o consumidor tão 
somente pelo erro encontrado neles próprios, acarretando o mau ou impossível 
funcionamento. No fato do produto ou do serviço, por outro lado, este “erro” é 
externalizado, saindo do domínio do produto ou serviço para atingir a esfera 
particular do consumidor, causando-lhe um dano material, físico ou moral. 
Sérgio Cavalieri Filho (2011, p. 208) define que: 
 
“A palavra-chave neste ponto é o defeito. Ambos decorrem de um defeito 
do produto ou do serviço só que no fato do produto ou do serviço o defeito é 
tão grave que provoca um acidente que atinge o consumidor, causando-lhe 
dano material ou moral. O defeito compromete a segurança do produto ou 
serviço. Vício, por sua vez, é defeito menos grave, circunscrito ao produto 
ou serviço em si; um defeito que lhe é inerente ou intrínseco, que apenas 
causa o seu mau funcionamento ou não funcionamento”. 
 
 
Vejamos como é fácil identificar quando se lida com o vício e quando é o fato que 
atinge o consumidor, por meio dos seguintes exemplos: 
1. O seu refrigerador parou de gelar 
 
Vício: Foi inserido pouco gás refrigerante no refrigerador de ar, que, por isso, para 
de gelar. 
 
Fato: Ao invés do gás refrigerante normal, foi colocado um gás letal no refrigerador 
de ar, intoxicando as pessoas que ali estavam. 
 
2. Um cosmético que promete eliminar rugas 
 
Vício: Simplesmente não faz qualquer efeito. 
 
Fato: O cosmético que promete eliminar rugas causa dilacerações na pele. 
 
3. Um carro cujo motor esquenta demais 
 
Vício: O motor do carro esquenta demais e para de funcionar. 
 
Fato: O motor do carro esquenta demais e pega fogo. 
 27 
 
4. Serviço de limpeza contratado 
 
Vício: A empresa que deixa partes sujas. 
 
Fato: O mesmo serviço de limpeza usa um produto que causa fortes náuseas nas 
pessoas que ali habitam. 
 
 
Pode-se dizer que o fato é um vício com algo a mais? 
Sim, esse algo a mais seria o dano pessoal. Diz-se também que todo fato por 
origem é um vício, uma vez que para gerar o dano ao consumidor, o produto ou 
serviço tem necessariamente que apresentar uma falha antecessora e causadorado dano. Já a recíproca, obviamente, não é verdadeira. 
 
Responsabilidade 
 
a) Conduta (art. 186 e art. 187, do CC) dolosa ou culposa. 
b) Dano (art. 944) 
c) Nexo causal 
 
Art. 12 - O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o 
importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de 
projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação 
ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes 
ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
 
 
Responsabilidade objetiva x Responsabilidade subjetiva 
 
a) risco de certas atividades; 
 
b) exercício de determinados direitos devem causar o dever de indenizar; 
 
Há que se provar, contudo: 
 
a) dano; 
b) nexo causal 
 
 
 28 
1. 1. Danos 
 
- inclusive dano moral: RT 718/102 
 
DANO MORAL – Indenização – Consumidor que ingere refrigerante 
estragado – Verba devida independentemente de Ter havido ou não 
prejuízo material. 
Sofreu, o autor, sem dúvida, dano moral, consistente na dor psicológica 
de saber Ter ingerido refrigerante estragado, dentro do qual havia um 
batráquio em putrefação, fato notoriamente suficiente para uma grande 
repugnância, o que lhe causou, além do nojo e da humilhação, a 
preocupação com sua saúde, ao ponto de procurar socorro médico. 
 
 
2. Melhor produto 
 
Art. 12, Parágrafo primeiro: § 1º. O produto é defeituoso quando não oferece a 
segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I - sua apresentação; 
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi colocado em circulação. 
§ 2º. O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor 
qualidade ter sido colocado no mercado. 
 
"Lançamento de dois modelos de automóveis em um mesmo ano. 
Procedimento usual. Ausência de qualquer vedação legal. 
Propaganda enganosa não comprovada. Indenização por danos 
morais ou patrimonais ou substituição do veículo pelo mais 
moderno. Improcedência dos pedidos. Honorários advocatícios. 
Imposição a quem sofreu a maior parte da sucumbência. 1. 
Segundo o art. 12, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor, ‘o 
produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor 
qualidade ter sido colocado no mercado’. Assim, o fato de ter sido 
feito o lançamento de dois modelos de automóveis em um mesmo 
ano é plenamente aceitável, sendo essa uma prática usual para 
atrair novos consumidores e para adaptar o novo veículo aos 
avanços tecnológicos. Desse modo, a não comunicação da 
revendora, no momento da venda do veículo, de que será feito o 
lançamento de nova versão do veículo, ainda no mesmo ano, não 
significa propaganda enganosa nem qualquer ofensa ao Código 
 29 
de Defesa do Consumidor, mormente quando o novo lançameto 
vem sendo anunciado por revistas especializadas. Por 
conseqüência, o consumidor que adquire um veículo em um ano e 
no mesmo ano vê o lançamento de sua nova versão, não tem o 
direito de exigir da revendedora a substituição do veículo, pelo 
mais moderno, e muito menos indenização por danos morais ou 
patrimoniais, sobretudo quando o automóvel adquirido não 
apresenta qualquer defeito que o torne impróprio ou inadequado 
para o uso a que se destina. 2. A parte que decai de maior parte 
do pedido deve suportar o pagamento de honorários advocatícios, 
que devem ser arbitrados em valor razoável, tendo em vista a 
complexidade da causa e o trabalho desenvolvido pelo patrono da 
parte vencedora." (TJDF – AC 2001 01 1 035821-3 – 5ª T.Cív – 
Rel. Des. Roberval Casemiro Belinati – DJU 11.03.2004 – p. 48) 
JCDC.12 JCDC.12.2 
 
 
3. Tipos de defeitos 
 
a) de concepção; 
 
Ato ilícito – Abertura de conta corrente, por estelionatário, com o uso de 
documentos falsos – Devolução de 33 cheques emitidos pelo falsário, 
gerando a restrição do nome do autor no "sci", na associação comercial e 
em cartório de protesto – Culpa do banco configurada pois deveria usar 
todos os meios necessários para coibir tal prática, dando treinamento 
especial a seus empregados – Hipótese, ademais, em que os bancos 
vendem seus produtos exercendo típica atividade de risco – 
Responsabilidade do banco objetiva à luz do Código de Defesa do 
Consumidor, artigos 12 a 14, 18 a 20, 21, 23 e 24 – Ação indenizatória 
procedente – Recursos principal e adesivo improvidos. Dano moral – 
Responsabilidade civil – Ocorrência – Hipótese em que a emissão dos 
cheques por falsário e a devolução deles por insuficiência de fundos 
acarretaram a restrição do nome do autor no "sci", na associação comercial 
e em cartório de protesto – Suficiência da prova do fato que gerou a dor, o 
sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam – Fixação em R$ 31.946, 00 
que corresponde a soma equivalente ao dobro da soma dos cheques 
devolvidos – Recursos improvidos (o principal e o adesivo), com 
observação. (1º TACSP – AP 0852446-5 – São Paulo – 5ª C. – Rel. Juiz 
Álvaro Torres Júnior – J. 22.10.2003) JCDC.12 JCDC.14 JCDC.18 JCDC.20 
JCDC.21 JCDC.23 JCDC.24 
 30 
 
b) de produção; 
 
Prestação de serviços – Fornecimento de concreto para construção civil – 
Art. 12, caput e § 3º, do CDC – Incontroverso que os danos suportados pelo 
autor resultaram da baixa resistência do concreto utilizado para a 
construção da segunda laje – Demonstrado que o evento danoso ocorreu 
por culpa exclusiva de terceiro, preposto do autor – Prova produzida que 
revelou que o pedreiro contratado pelo autor determinou a adição de oitenta 
litros de água ao concreto – Circunstância que ocasionou a modificação das 
características do concreto e a perda de sua resistência – Evidenciado que 
a ré obedeceu às regras expedidas pela abtn – Fornecedor que se incumbiu 
de seu ônus probatório, não podendo ser responsabilizado pelos danos 
experimentados pelo autor – Apelo desprovido. (1º TACSP – AP-Sum 
1168799-5 – Jaboticabal – 4ª C. – Rel. Juiz José Marcos Marrone – J. 
08.10.2003) JCDC.12 JCDC.12.3 
 
c) de informação: informação inadequada ou insuficiente. 
 
Incumbe ao fabricante de produto de uso reconhecidamente perigoso 
informar ao consumidor, com a clareza necessária, sobre a forma adequada 
de sua utilização, conforme disposto no artigo 12 do CDC. – Será devida a 
indenização, independentemente da existência de culpa do fabricante, se a 
falha em tal processo de informação, reconhecidamente, acabou 
possibilitando o uso indevido do produto, com sérios prejuízos morais e 
materiais ao consumidor. – O dano moral prescinde de demonstração, já 
que decorre do próprio fato ofensivo. A perda de quantidade considerável 
de cabelos, acrescida de erupções na pele, acarreta à vítima grande 
apreensão e angústia. (recurso provido. (TAMG – AP 0408338-9 – (81453) 
– Muriaé – 2ª C.Cív. – Rel. Juiz Pereira da Silva – J. 09.03.2004) JCDC.12 
 
d) de serviços: laqueadura de trompas – gravidez indesejada 
 
4. De quem é a responsabilidade? 
 
A responsabilidade pelo fato do produto ou serviço é objetiva e solidária: 
 
Objetiva, porque independe da demonstração de culpa (imprudência, 
imperícia ou negligência) do responsável. Basta, portanto, a demonstração de 
que houve um dano, e o nexo causal entre este e o defeito no produto ou 
serviço que o gerou. Assim, a simples colocação no mercado de determinado 
 31 
produto, ou prestação de serviço, ao consumidor, já é suficiente para ensejar a 
responsabilização. 
 
Solidária, uma vez que havendo mais de um responsávelpela colocação do 
produto, ou serviço, defeituoso à disposição dos consumidores, todos podem 
ser demandados, e a responsabilidade de um não exclui a do outro. 
 
 
- Art. 12: x Art. 18: Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que 
os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes 
diminuam o valor 
 
a) Fornecedor real: O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro; 
 
b) Fornecedor presumido: o importador 
 
c) Fornecedor aparente: aquele que somente põe seu nome ou marca no produto 
final. Ex: Franquias; art. 25, § 1º. Havendo mais de um responsável pela causação 
do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas 
Seções 
 
d) Fornecedor de peças ou componentes: Art. 25, § 2º. Sendo o dano causado 
por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis 
solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a 
incorporação. 
 
RECURSO REPETITIVO. SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL. 
AJUIZAMENTO DIRETO EXCLUSIVAMENTE CONTRA A 
SEGURADORA. 
A Seção firmou o entendimento de que descabe ação do terceiro 
prejudicado ajuizada, direta e exclusivamente, em face da seguradora do 
apontado causador do dano, porque, no seguro de responsabilidade civil 
facultativo, a obrigação da seguradora de ressarcir os danos sofridos por 
terceiros pressupõe a responsabilidade civil do segurado, a qual, de regra, 
não poderá ser reconhecida em demanda na qual este não interveio, sob 
pena de vulneração do devido processo legal e da ampla defesa. Esse 
posicionamento fundamenta-se no fato de o seguro de responsabilidade 
civil facultativa ter por finalidade neutralizar a obrigação do segurado em 
indenizar danos causados a terceiros nos limites dos valores contratados, 
 32 
após a obrigatória verificação da responsabilidade civil do segurado no 
sinistro. Em outras palavras, a obrigação da seguradora está sujeita à 
condição suspensiva que não se implementa pelo simples fato de ter 
ocorrido o sinistro, mas somente pela verificação da eventual obrigação civil 
do segurado. Isso porque o seguro de responsabilidade civil facultativo não 
é espécie de estipulação a favor de terceiro alheio ao negócio, ou seja, 
quem sofre o prejuízo não é beneficiário do negócio, mas sim o causador 
do dano. Acrescente-se, ainda, que o ajuizamento direto exclusivamente 
contra a seguradora ofende os princípios do contraditório e da ampla 
defesa, pois a ré não teria como defender-se dos fatos expostos na inicial, 
especialmente da descrição do sinistro. Essa situação inviabiliza, também, 
a verificação de fato extintivo da cobertura securitária; pois, a depender das 
circunstâncias em que o segurado se envolveu no sinistro (embriaguez 
voluntária ou prática de ato doloso pelo segurado, por exemplo), poderia a 
seguradora eximir-se da obrigação contratualmente assumida. REsp 
962.230-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/2/2012. < 
 
 
4.1. Responsabilidade do comerciante 
 
O comerciante somente será responsabilidade subsidiariamente ou em via 
secundária, cabendo-lhe direito de regresso: Exceções do artigo 13: 
 
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, 
quando: 
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser 
identificados; 
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, 
construtor ou importador; 
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá 
exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua 
participação na causação do evento danoso. 
 
Caso interessante: Revista de Direito Internacional e Econômico, 8/153 – 
STJ : Direito do consumidor – filmadora adquirida no exterior – Deferito 
da mercadoria – Responsabilidade da Empresa nacionl da mesma marca 
(Panasonic) – Economia globalizada – Propaganda – Proteção ao 
consumidor – Peculiaridades da espécie – situações a ponderar nos casos 
 33 
concretos – Nulidade do acórdão estadual rejeitada, porque suficientemente 
fundamentado – recurso conhecido e provido no mérito, por maioria. 
 
 
5. Não existe responsabilidade integral 
 
Art. 12, § 3º. O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será 
responsabilizado quando provar: 
I - que não colocou o produto no mercado; 
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste (inversão 
do ônus da prova); 
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (segundo José Geraldo Brito 
Filomeno, no caso de culpa concorrente, não haveria exclusão, pois a lei 
somente fala em culpa exclusiva) 
Além destas, há: 
 
“O hospital responde pelos danos materiais e morais decorrentes de 
infecção hospitalar, se não prova, de maneira clara e convincente, a 
ocorrência de caso fortuito.” 
 
Microsoft não é responsável por conteúdo de e-mails transmitidos por seus 
usuários 
 
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que 
a Microsoft não deve ser responsabilizada pela veiculação de 
mensagens consideradas ofensivas à moral de usuário, e que a 
impossibilidade de identificação do remetente da mensagem não 
configura defeito na prestação do serviço de correio eletrônico 
denominado Hotmail. A sentença julgou o pedido improcedente, 
entendendo que não houve falha no serviço prestado pela Microsoft, 
sendo a culpa exclusiva do usuário do correio eletrônico. Os pedidos 
da medida cautelar foram julgados procedentes, com a ressalva de 
que todas as determinações judiciais foram, na medida do possível, 
atendidas pela Microsoft. 
No STJ, a ministra Nancy Andrighi, relatora do caso, destacou que a 
fiscalização prévia, pelo provedor de correio eletrônico, do conteúdo 
das mensagens enviadas por cada usuário não é atividade intrínseca 
ao serviço prestado, de modo que não se pode reputar defeituoso o 
site que não examina e filtra os dados e imagens encaminhados. 
<http://www.editoramagister.com/doc_53634_LEI_N_10406_DE_10_D
E_JANEIRO_DE_20 
 
 
 
 34 
6. Fornecedor de serviços: (O art. 12 é trata de produtos) 
 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de 
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos 
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou 
inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
 
Ex: advocacia, engenheiros, arquiteturas, dentistas, médicos. 
- defeito de serviço de guarda e estacionamento de veículo; 
- defeito de serviço de telefonia ou energia elétrica; 
- defeito de serviço de segurança. 
 
“Tratamento realizado por clínica odontológica comprometimento dos dois 
dentes incisivos superiores e exposição das raízes – nexo de causalidade 
configurado - responsabilidade objetiva - fato do serviço inteligência do 
caput do art. 14 do CDC – recurso desprovido. (9188394282006826 SP 
9188394-28.2006.8.26.0000, Relator: Milton Carvalho, Data de Julgamento: 
31/08/2011, 7ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 
05/09/2011)” 
 
 
O contrato de transporte constitui obrigação de resultado. Não basta que o 
transportador leve o transportado ao destino contratado. É necessário que o 
faça nos termos avençados (dia, horário, local de embarque e 
desembarque, acomodações, aeronave etc.). - O Protocolo Adicional nº 3, 
sem vigência no direito internacional, não se aplica no direito interno. A 
indenização deve ser fixada em moeda nacional (Decreto 97.505/89). (STJ 
– RESP 151401 – SP –3ª T. – Rel. Min. Humberto Gomes de Barros – DJU 
01.07.2004 – p. 00188) JCDC.6 JCDC.6.VI JCDC.14 
 
Prestação de serviços - Energia elétrica - Ocorrência de descarga elétrica 
de grande potência, durante fortes chuvas - Comprovação satisfatória - 
Fenômeno atmosférico caracterizado, evidenciado o dano no aparelho - 
Responsabilidade objetiva da concessionária de serviço público - 
Indenizatória procedente (art. 14 do CDC) - Descaracterização de caso 
fortuito e força maior - Recurso improvido. (1º TACSP – Ap 1217436-6 – 
São Paulo – 5ª C. – Rel. Juiz Carlos Luiz Bianco – J. 19.05.2004) JCDC.14 
 
7. Responsabilidade objetiva e causas excludentes. 
 
 35 
Art. 14. § 2º. O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas 
técnicas. 
 
8. Excludentes de responsabilidade 
 
Art. 14, § 3º. O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando 
provar: 
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
- O código não fala da hipótese de se provar que não prestou o serviço, mas é 
evidente que existe. O mesmo se diga em relação ao caso fortuito: 
 
9. Serviços Públicos 
 
- PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO 
 
10. Profissionais liberais 
 
Art. 14, § 4º. A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada 
mediante a verificação de culpa. 
 
- são contratos negociados e não de adesão 
 
- responsabilidade de meio x responsabilidade de fim 
 
 
 Médico não deverá indenizar paciente que continua obesa após cirurgia 
bariátrica 
 
 
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A 6ª Câmara Cível do TJRS negou provimento à apelação de uma mulher que passou 
por cirurgia bariátrica em hospital na cidade de Ijuí. A autora da ação alegava erro 
médico e pedia indenização por danos morais e materiais. Citou complicações 
decorrentes do procedimento e disse não ter obtido o resultado esperado. 
 
Os magistrados da 6ª Câmara Cível concluíram que não houve comprovação de erro 
médico. O profissional se compromete com os meios e não com o resultado, avaliaram. 
Em 1º grau, a indenização já havia sido negada. 
 
O caso 
 
Após realizar cirurgia bariátrica para redução de estômago, uma mulher ajuizou ação 
de indenização por danos morais e materiais contra o médico e o hospital responsáveis 
 36 
pelo procedimento. A autora da ação informou que a intervenção cirúrgica ocorreu em 
agosto de 2003 no Hospital de Caridade de Ijuí. Disse ter sentido muita dor na manhã 
seguinte ao fato e alegou que o médico réu, mesmo avisado, não foi examiná-la. 
 
Transcorridos dois dias, o clínico teria constatado a necessidade de realizar nova 
intervenção. Após a realização da segunda cirurgia, a mulher permaneceu entubada e 
internada na UTI, em coma, respirando com a ajuda de aparelhos. Acrescentou, por 
fim, que teve alta no mês de setembro. Ainda assim, ficou acamada por dois meses 
utilizando fraldas. Alegou que só conseguiu retomar suas atividades e sete meses 
depois da primeira cirurgia. 
 
A autora informou também que desenvolveu uma hérnia no estômago. Disse que o réu 
se negou a removê-la e que outro profissional realizou tal procedimento. Argumentou 
que houve negligência, imprudência e imperícia no atendimento, sendo a cirurgia 
realizada sem os cuidados necessários e que no pós-operatório não foram observadas 
as cautelas imprescindíveis para o êxito da cirurgia. Apontou, também, a 
responsabilidade do hospital. 
 
A Associação Hospital de Caridade Ijuí contestou a autora e disse que os serviços e 
instalações do hospital não influenciaram nem alteraram o resultado final. A instituição 
informou que o médico estava autorizado a utilizar as dependências hospitalares, mas 
que não se responsabilizava por atos danosos praticados pelo clínico. O hospital 
afirmou ainda que as complicações pós-operatórias ocorreram em função do excesso 
de peso da autora e que não houve erro. O procedimento realizado é obrigação de 
meio e não de resultado, disse. 
 
O médico também contestou. Citou o histórico clínico da autora e afirmou que todas as 
providências foram tomadas, sendo prestado todo o atendimento médico possível com 
controle de pós-operatório. Disse que a hérnia surge com frequência em 
procedimentos bariátricos, não configurando erro. Informou também que a paciente foi 
avisada sobre os riscos envolvidos. 
 
Após audiência, concordaram em excluir o Hospital de Caridade Ijuí da ação. Além 
disso, foram apresentadas provas orais e periciais. Quatro testemunhas foram ouvidas. 
 
Em 1º grau, a Juíza Gabriela Dantas Bobsin, da 1ª Vara Cível da Comarca de São Luiz 
Gonzaga, julgou improcedente a ação. Condenou a autora ao pagamento das custas 
processuais e de honorários ao procurador do réu, fixados em R$ 1.500,00. A mulher 
apelou. Disse que continua sofrendo de obesidade e alegou ter sofrido diversas 
complicações em razão de erro no procedimento. Alegou que a cirurgia deixou 
cicatrizes desfigurando sua barriga e que necessita de tratamento psicológico. 
 
Recurso 
 
O Juiz convocado ao TJ Sylvio José Costa da Silva Tavares, relator do processo, 
manteve a sentença. Citando a julgadora de 1º grau, reafirmou que a obrigação 
médica é de meio e não de resultado. A culpa médica supõe uma falta de diligência ou 
de prudência em relação ao que era esperado de um bom profissional. O médico não 
se compromete a curar, mas a prestar seus serviços de acordo com as regras e os 
métodos da profissão 
 
Cabia à autora comprovar que o serviço prestado pelo médico foi culposamente mal 
prestado, avaliou o magistrado. Nesse sentido, a perícia técnica demonstrou que as 
 37 
complicações decorreram do próprio procedimento, e não da conduta do profissional. 
 
Embora a triste situação vivenciada pela autora, não há como atribuir o resultado à 
conduta do médico demandado, pois não houve inaptidão médica. Ainda, não se pode 
ignorar que o procedimento realizado pelo demandado - cirurgia bariátrica - é de alta 
complexidade e de alto risco, afirmou o relator em seu voto. 
 
Os Desembargadores Luís Augusto Coelho Braga e Ney Wiedemann Neto votaram com 
o relator. 
 
Apelação Cível nº 70038218137 
 
 
- pelo MPF/2002, admite inversão do ônus da prova. 
 
Ruy Rosado de Aguiar Jr.: “A Lei 8.078/90 (CDC), no seu art. 14, § 4º, 
manteve a regra de que "a responsabilidade pessoal dos profissionais 
liberais será apurada mediante a verificação da culpa". Esse mesmo ônus 
que existe na relação contratual, tratando-se de obrigação de meio, também 
existe na responsabilidade extracontratual, cabendo igualmente ao lesado a 
prova dos pressupostos enumerados no art. 186 do CC, que também se 
refere à culpa nas suas modalidades de imprudência, negligência e 
imperícia.” 
 
Não se admite a culpa virtual, princípio segundo o qual, "diante de certas 
circunstâncias, estabelece-se, não que o demandado tenha cometido tal 
culpa, mas que não possa senão tê-la cometido" (PENNEAU, La 
responsabilité médicale, pág. 80). 
 
- Segundo Nelson Henrique Calandra, a inversão do ônus da prova 
somente cabe na responsabilidade objetiva. Neste sentido: 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO – PROCESSUAL CIVIL – INVERSÃO DO 
ÔNUS DA PROVA DE OFÍCIO – Ação de indenização por danos morais, 
materiais e estéticos - Erro médico - Relação de consumo - Aplicação do 
CDC- hipossuficiência técnica reconhecida - Fundamentação suficiente - 
Preenchimento dos requisitos legais - Artigo 6º, VIII, do CDC - Ausência de 
violação do art. 33, do CPC - Responsabilidade subjetiva do profissional 
liberal que não afasta a regra de inversãodo ônus probandi - Artigo 14, § 
4º, do CDC - Decisão mantida - Recurso desprovido. (TAPR – AI 0278135-5 
– (233298) – Curitiba – 18ª C.Cív. – Rel. Juiz Luiz Lopes – DJPR 
01.04.2005) 
 
 38 
TJSP admite a inversão em casos de responsabilidade subjetiva 
 
 
10.1. Estética plástica – 700.000 cirurgias no Brasil por ano. 
 
Cirurgia plástica estética: obrigação de resultado. 
 
Cirurgia plástica restauradora: obrigação de meio. 
 
10.2. Responsabilidade do anestesista 
 
Obrigação de resultado. O anestesista não pode abandonar a sala cirúrgica. 
 
10.3. Responsabilidade do hospital e do plano de saúde 
 
Responsabilidade objetiva, podendo se voltar contra o funcionário em caso 
de sua culpa. 
 
 Inclusive por infecção hospitalar. 
 
 Os planos de saúde possuem responsabilidade objetiva. 
 
10.4. Processos por erro médico 
 
 
EUA: 2,9% a 3,7% das internações tem eventos adversos. São 44.000 a 
98.000 mortes/anos. 
 
Entre 2004 e 2005 forma 30.195 indenizações. 
 
Dano moral por morte no Brasil tem media de R$ 200.000,00. 
 
CREMESP: 1995 – 1509 denúncias (57.147 médicos) 
 2005 – 3660 denúncias (86.200 médicos). 
 
Aumentou cerca de 50% o número de médicos, mas 150% o número de 
denúncias. 
 
60% dos casos são de negligência, imprudência e imperícia. 
 
 39 
A idade predominante do médico denunciado é entre 35 a 45 anos (33,58%). 
Depois os de até 35 anos (21,77%). 
 
Obstetrícia (assistência ao parto e hemorragia gestacional) são os maiores casos, 
seguidos pela ginecologia, pediatria e ortopedia. 
 
 
10.5. Quebra do sigilo profissional 
 
10.6. Pós operatório e corpo estranho 
 
10.7. Seguro médico 
 
 
 
DA RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO 
 
1. Produtos defeituosos: 
 
a) defeito de qualidade: ar que não gela, freio que não funciona; 
 
b) defeito de quantidade: 
 
2. Vícios de Qualidade 
 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis 
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os 
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes 
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com 
as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou 
mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua 
natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. 
 
3. Responsáveis: 
 
- todos, inclusive os comerciante 
 
- Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por 
inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade. 
 
 40 
- Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, 
exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas Seções 
anteriores. 
 
4. Possibilidade de colocação no mercado de produtos defeituosos 
 
a) informação à respeito 
b) abatimento do preço; 
c) não os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam. EX: 
ar-condicionado que não gela; livro em branco 
 
 
5. Disciplina das sanções 
 
Art. 18, § 1º. Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias pode o 
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições 
de uso; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos (restitutio in integrum) 
III - o abatimento proporcional do preço (ação quanti minoris) 
 
Electa una via non datur regressus ad alterum 
 
6. Alteração do prazo de 30 dias 
 
- O prazo para sanar o vício é de 30 dias. 
 
Art. 18, § 2º. Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do 
prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a 7 (sete) 
nem superior a 180 (cento e oitenta) dias. Nos contratos de adesão, a 
cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de 
manifestação expressa do consumidor. 
 
7. Dispensa da prévia reclamação 
 
Art. 18, § 3º. O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 
1º deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição 
das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do 
produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. 
 
 41 
8. Vício de quantidade: 
 
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de 
quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes 
de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes 
do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, 
podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
 
8.1. Prerrogativas: idem do artigo 18, mais 
 
Art. 19 
I - o abatimento proporcional do preço; 
II - complementação do peso ou medida 
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem 
os aludidos vícios; 
 
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos. 
 
9. Fornecedor de serviços: 
 
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que 
os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como 
por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da 
oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: 
 
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos; 
 
III - o abatimento proporcional do preço. 
 
§ 1º. A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros 
devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor. 
 
10. Necessidade de refazimento com produtos adequados, novos e 
originais. 
 
 42 
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação 
de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de 
empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que 
mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes 
últimos, autorização em contrário do consumidor. 
 
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, 
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são 
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos 
essenciais, contínuos. – Comentar caso da via Oeste 
 
A DISCIPLINA DAS GARANTIAS NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: 
 
Art. 4: Política nacional tem por objetivo a garantia do consumidor dos produtos e 
serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e 
desempenho. 
 
1. Direito de reclamação – garantia legal (decadência): 
 
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação 
caduca em: 
I - 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não 
duráveis; 
II - 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto 
duráveis. 
 
1.1.Vício aparente: 
Ex: 
a) produto farmacêutico visivelmente deteriorado 
b) produto alimentício visivelmente deteriorado, ou violado 
 
§ 1º. Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do 
produto ou do término da execução dos serviços 
 
1.2.Vício Oculto (vício redibitório): 
Ex: 
a) defeito elétrico 
b) defeito mecânico 
 
 43 
Art. 26 - § 3º. Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no 
momento

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