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5. TGP JURISDIÇÃO

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JURISDIÇÃO
1. Conceito
A jurisdição é uma das funções do Estado, mediante a qual este, quando provocado diante de conflitos em casos concretos, substitui a autoridade das partes para, imparcialmente, fazer valer a autoridade do ordenamento, com justiça, assegurando os resultados práticos nele preconizados. É feita uma pacificação mediante a atuação da vontade do Direito Objetivo que rege o caso em concreto para ser solucionado. 
2. Caracteres Essenciais 
​A doutrina se preocupou em definir caracteres essenciais da jurisdição, de modo a diferenciar os atos legislativos dos atos administrativos diante da divisão dos três poderes do Estado. A Primeira ideia para uma possível distinção foi o critério orgânico que dizia que se o ato era do Poder Legislativo, seria um ato legislativo, se o ato fosse do Poder Executivo, seria um ato administrativo e se o ato fosse do Poder Judiciário, seria um ato jurisdicional. Essa visão se mostrou insuficiente, pois acontece que os poderes têm funções típicas e atípicas. 
Dentre os critérios de distinção adotados pela doutrina tradicional o proposto por Chiovenda foi amplamente aceito, dispondo de duas distinções;
a) Caráter substitutivo: onde a autoridade das partes é substituída pela autoridade do Estado. Dessa forma, o juiz substitui as partes. Nessa relação atua em realiena (diferente da administração, que atua em ressua). Isso é possível pelo monopólio estatal da justiça. 
b) Escopo jurídico de atuação do direito: através do exercício da função jurisdicional o que busca o Estado é fazer com que se atinjam, em cada caso concreto, os objetivos das normas de direito substancial. Em outras palavras, o escopo jurisdicional é fazer valer, no caso concreto, a vontade da lei. 
3. Outras Características da Jurisdição 
Outras definições são apresentadas no livro base, Carmelutti, por exemplo, disse que o que caracteriza o ato do Estado como jurisdicional é a presença de uma Lide (conflito de interesse caracterizado por uma prestação insatisfeita) a ser resolvida. Porém, essa afirmação dividiu a doutrina. Isso porque existe a jurisdição voluntária não necessariamente é caracterizada por uma Lide.
Enrico Allorio apresenta características que determinam que somente a jurisdição é suscetível a se tornar imutável, não podendo ser revista ou modificada. A esse mecanismo dar-se o nome de coisa julgada, que é a qualidade conferida à sentença judicial contra a qual não cabem mais recursos, tornando-a imutável e indiscutível. A coisa julgada pode ser material ou formal;
a) Material: tem a sua definição estabelecida pelo artigo 467 do CPC, o qual estabelece que: “Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário”.
b) Formal: é a impossibilidade de modificação da sentença no mesmo processo, como consequência da preclusão dos recursos. Só tem eficácia dentro do processo em que surgiu e por isso não impede que volte a ser agitado em nova relação processual, princípio da inalterabilidade do julgamento. 
A jurisdição tem duas funções básicas; a cognição, que é o acertamento do direito e a execução que é a prática dos atos materiais de realização do direito, que implica uma invasão na esfera jurídica do obrigado. Subsidiária da cognição e da execução existe a dimensão cautelar. 
4. Princípios Inerentes a Jurisdição 
Investidura: é um ato administrativo complexo, em relação à jurisdição. Significa que ela só deve ser atuada por quem for regularmente investido na autoridade de juiz, segundo normas pré-estabelecidas. 
Aderência ao território: é uma limitação a jurisdição, onde a autoridade é restrita a uma base territorial. Na justiça estatal o território é dividido em comarcas. Na justiça federal é em sessão judiciaria, ou na subsessão judiciaria. Os tribunais superiores tem limitação a uma base territorial nacional. Caso, em um processo, o juiz não tenha jurisdição sobre determinada base territorial ele tem que solicitar a cooperação do juiz que a tenha. Em âmbito nacional é feita por carta precatória e em relação ao estrangeiro é feito por carta rogatória. 
Indelegabilidade: ​o juiz não pode transferir sua função para outro órgão. Ele exerce a jurisdição em nome do Estado e não em nome próprio. É válido destacar que quando o juiz depreca o ato processual, ele solicita pela carta precatória ou rogatória, ele não está delegando, está pedindo cooperação. O direito permite a delegação, dentro do próprio Poder Judiciário, do órgão superior ao órgão inferior, devendo ser feito por carta de ordem. 
Inevitabilidade: a autoridade da decisão jurisdicional se impõe por si mesmo, independente da anuência das partes que estão sujeita a autoridade do estado no processo​.
Inafastabilidade: não se pode afastar do cidadão a possibilidade de buscar a prestação jurisdicional do Estado, segundo a Constituição Federal.  Como exceção a essa regra existe a cláusula compromissória que trata de direitos disponíveis.
Indeclinabilidade (inescusabilidade): determina que nenhum juiz pode se abster de julgar, sendo uma consequência da inafastabilidade. Dessa forma, ainda que não haja lei o juiz é obrigado a emitir uma sentença. Isso porque o ordenamento jurídico não é completo, mas é completável segundo regras que ele mesmo prever para o preenchimento de suas lacunas (analogia, costumes e princípios gerais do direito).
Juiz Natural: volta-se contra o tribunal de exceção, aquele criado após a ocorrência do fato para julgar determinada pessoa. Para isso depende de três elementos: imparcialidade, independência e investidura. 
Inercia: a jurisdição somente poderá ser exercida caso seja provocada pela parte ou pelo interessado.
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