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6. TGP ESPECIES E LIMITES DA JURISDIÇÃO

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ESPECIES E LIMITES DA JURISDIÇÃO
1. Unidade da Jurisdição Estatal
A jurisdição lato sensu coincide com a ideia da heteronomia na solução de conflito: modo de solução cuja autoridade vinculativa é de um terceiro, inclui, assim, uma Jurisdição Ordinária, que seria a Jurisdição Estatal, e uma Jurisdição Extraordinária, que seria a arbitragem. O caráter unitário da Jurisdição diz que a Jurisdição é una, sua divisão em espécies atende apenas a razões didático-pragmáticas para fim do tratamento normativo-jurídico e estruturação dos órgãos do Poder Judiciário. Assim, a jurisdição do Estado, como representação do poder soberano deste, a rigor não comporta divisões ou classificações. Tendo as seguintes espécies:
2. Quanto ao Seu Objeto
​Em todo o processo as atividades jurisdicionais exercidas tem por objeto uma pretensão. Essa pretensão, porém, varia de natureza conforme o direito objetivo material se fundamenta. Há assim, causas penais, civis, comerciais, administrativas, tributárias etc. Dessa forma é analisado o tipo de sanção que o órgão visa atuar. Optou-se em dividir a jurisdição em penal e civil.
a) Penal: atua a jurisdição em matéria penal, pretensões punitivas. Sendo exercida pelo juiz estadual comum, pela justiça militar estadual, pela justiça federal, pela justiça eleitoral etc. 
b) Civil: é determinada por exclusão, atua em matéria não penal. Ex. A jurisdição que a Justiça do Trabalho atua é civil. 
Obs. a Justiça do Trabalho somente exerce “jurisdição civil” e a Justiça Militar somente exerce “jurisdição penal”.
2.1. Relação Entre Jurisdição Penal e Civil 
Na realidade, não é possível isolar completamente, basta lembrar que o ilícito penal não difere em substância do ilícito civil. Sendo diferente apenas a função que os caracteriza. Pode ser que incida sobre o mesmo fato uma norma penal e civil, para a decisão não colidir serão usadas técnicas, como por exemplo, a suspensão do processo penal. Ex. Bigamia. 
Se ocorrer absolvição penal também irá acarretar em extinção de responsabilidade civil. Também existe a possibilidade da prova emprestada. Um mesmo órgão jurisdicional pode exercer cumulativamente jurisdição penal e civil (o juiz eleitoral – crimes eleitorais e pleitos eleitorais; juiz de vara única em determinada comarca).
3. Quanto aos Organismos que Atuam a Jurisdição 
Na organização judiciária, os países, como é o caso do Brasil, organizam os órgãos jurisdicionais em sistemas autônomos entre si​. Intitulados de “justiça” ex. justiça do trabalho, eleitoral. 
a) Comum: não há uma especialidade.
b) Especial: é o destaque em razão da matéria. Em nosso Direito, a especialização da jurisdição se dá em razão da natureza jurídica da relação discutida; por isto, a Justiça do Trabalho – conflitos individuais e coletivos do trabalho; a Justiça Eleitoral – crimes eleitorais e pleitos eleitorais; 
4. Quanto a Posição Hierárquica dos Órgãos 
Essa separação ocorre pois adotamos o princípio da dupla jurisdição. Os órgãos de primeiro grau de jurisdição pertence a chamada primeira instância e os de segundo grau a segunda instância. Em alguns casos, a lei entende que o processo deve ter início já perante os órgãos jurisdicionais superiores em razão de determinadas circunstâncias, como a realidade das pessoas, a natureza do processo etc.​
5. Quanto o Critério de Julgamento 
São os mesmos que se relacionam a arbitragem. O artigo 127 do Código de Processo Civil diz que “o juiz só decidirá por Equidade nos casos previstos em lei”. Portanto, o julgamento pode ser por Direito ou Equidade (adaptação aos elementos do fato concreto na conformidade de um sentimento comum de justiça). Em matéria penal a equidade é mais ampla, em relação a fixação da pena (individualização da pena) ou no caso da pré-exclução da ilicitude. Na lei civil há o exemplo da pensão alimentícia. 
6. Limites da Jurisdição 
6.1. Limitações Internacionais
a) Conveniência/efetividade: limitação de caráter objetivo, onde cada estados soberanos exerce a sua jurisdição dentro do seu próprio território, não há interesse e efetividade em atuação no território do outro.
b) Imunidades: Estados Soberanos (par in parem non habet judicio); Chefes de Estado Estrangeiro (absoluta, penal e civil, para qualquer ato); agentes diplomáticos (absoluta, penal e civil, para qualquer ato e extensiva a seus familiares); agentes consulares (civil e penal somente para os atos da função consular e não extensiva a familiares). O país que credencia esses agentes são chamados de creditantes e o país que envia é o creditado. Sobre isso existe dois tratados, que é a Convenção de Viena de 60 e 61. 
6.2. Limitações Internas
a) A jurisdição não pode atuar a respeito do mérito administrativo, o juiz controla a legalidade, o juízo de conveniência e oportunidade é próprio ao do Poder Executivo. Isso ocorre em nome da separação de poderes. 
b) Em respeito a princípios maiores (ordem pública e bons costumes), não se permite, por exemplo, cobrança de dívida de jogo e apostas, pois o ordenamento corta a ação para esses casos. Ocorre o afastamento de ação (dívida de jogo e aposta no Direito brasileiro)
c) O princípio minimis non curat praetor, segundo o livro básico não é vigente no ordenamento brasileiro, porém alguns autores afirmam sua existência. O princípio diz que o magistrado não deve preocupar-se com as questões insignificantes. Isso não tem a ver com o princípio da bagatela ou da insignificância do Direito Penal, porque essa questão, no âmbito penal, se resolve pela tipificação. Só tipifica o delito a vulneração grave​.

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