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OAB FGV – Como passar na 2ª fase – Penal – 8ª Parte – Resposta à Acusação

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jusbrasil.com.br
10 de Abril de 2017
OAB/FGV – Como passar na 2ª fase – Penal – 8ª Parte –
Resposta à Acusação
1. Resposta à acusação e defesa prévia: é preciso ter atenção ao
tema deste tópico, pois a confusão entre defesa prévia e resposta à
acusação pode custar a aprovação. Para a compreensão do assunto, é
preciso entender dois momentos processuais distintos: o oferecimento e o
recebimento da petição inicial. No oferecimento, como a expressão já diz,
a petição inicial (queixa ou denúncia) é oferecida ao juiz por quem detém
legitimidade para fazê­lo – MP ou querelante. Se ausentes as hipóteses do
art. 395 do CPP, o juiz deve receber a petição inicial oferecida, dando
início à ação penal. Antes do recebimento da petição inicial, como ainda
não há ação penal, não é possível falar em absolvição.
Em alguns casos especiais, a lei prevê que o juiz, antes de receber a
petição inicial, deve dar oportunidade para que o acusado se defenda.
Dois exemplos:
1º Na Lei de Drogas (Lei 11.343/06): “Art. 55. Oferecida a denúncia,
o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por
escrito, no prazo de 10 (dez) dias.”. Ou seja, o MP oferece denúncia por
tráfico de drogas contra alguém, e o juiz, antes de receber a denúncia,
notifica o denunciado para que se manifeste a respeito, por meio de
defesa prévia (nomenclatura dada pela própria lei). Como ainda não há
ação penal – o juiz ainda não recebeu a petição inicial ­, o denunciado
não pode pedir absolvição. O seu objetivo na peça é convencer o
magistrado a não receber a inicial, e, para isso, deve demonstrar a
presença de pelo menos alguma das hipóteses do art. 395 do CPP.
2º No CPP: “Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou
queixa em devida forma, o juiz mandará autuá­la e ordenará a notificação
do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias.”.
Na hipótese de crime funcional (CP, arts. 312/326), o juiz, após o
oferecimento da denúncia, mas antes do seu recebimento, deve notificar
o acusado para se manifestar a respeito da acusação. A peça do art. 514 é
denominada “resposta preliminar” pelo STJ (veja a Súmula 330). Assim
como ocorre na defesa prévia da lei de drogas, o objetivo da peça é dar
oportunidade ao acusado para convencer o juiz a não receber a petição
inicial. Não se pode pedir absolvição, pois ainda não há ação penal.
Na resposta à acusação, a história é outra. Prevista no art. 396 do CPP
(art. 406, no rito do júri), é a peça cabível após o recebimento da petição
inicial. O réu é citado para, no prazo de 10 dias, alegar tudo o que
interesse à defesa – pode, até mesmo, pedir absolvição, pois já há ação
penal em trâmite.
Sobre o tema: “Após a reforma legislativa operada pela Lei 11.719/2008, o
momento do recebimento da denúncia se dá, nos termos do artigo 396 do
Código de Processo Penal, após o oferecimento da acusação e antes da
apresentação de resposta à acusação, seguindo­se o juízo de absolvição
sumária do acusado, tal como disposto no artigo 397 do aludido diploma
legal.” (STJ, RHC 54363/PE).
É importante estar atento à nomenclatura das peças. Quando estiver
advogando, adote o nome que quiser. Chame resposta à acusação de
defesa prévia, de defesa escrita ou de qualquer outro nome que desejar.
Mas, para a OAB, a inversão do nome das peças pode custar a sua prova.
Utilize a expressão “resposta à acusação” para a peça dos arts. 396 e 406
do CPP, “defesa prévia”, para aquela do art. 55 da Lei 11.343/06, e
“resposta preliminar” ou “resposta escrita” (expressão da lei) para a peça
do art. 514 do CPP.
2. Resposta à acusação: a resposta à acusação é uma das peças mais
cobradas na segunda fase. Assim como as demais, é fácil elaborá­la –
endereçamento, qualificação, fatos, tese e pedido. Contudo, pode ser
extremamente trabalhosa, caso o enunciado traga muitas teses de defesa.
Veja o seguinte problema:
João, buscando saciar sua fome, subtrai uma coxinha da padaria “Pão da
Manhã”. O fato foi presenciado por Maria e José. O MP o denunciou pela
prática do crime de furto. Citado, João procura um advogado para
defendê­lo.
No exemplo, duas teses estão bem claras: o estado de necessidade e o
princípio da insignificância, causas de absolvição sumária, nos termos do
art. 397, I e III. Ademais, como o problema menciona duas testemunhas,
o examinando deve arrolá­las. Fácil, né? Contudo, é possível torná­lo
mais difícil:
João, buscando saciar sua fome, dirige­se a casa de sua mãe e subtrai um
saco de arroz e um de feijão. O fato foi presenciado por Maria e José. Em
inquérito policial, ao ser ouvido, João confessou a prática da conduta,
mas afirmou que, no dia anterior, havia deixado um saco de arroz na casa
de sua mãe, e imaginou que estava, em verdade, apropriando­se do saco
de arroz que o pertence. Ademais, disse ter subtraído o feijão porque sua
mãe lhe deve a quantia de R$ 10,00. O MP o denunciou pela prática do
crime de furto. Citado, João procura um advogado para defendê­lo.
O exemplo é absurdo, mas demonstra o quanto a peça pode se tornar
complexa: 1ª tese: escusa absolutória, do art. 181, I, do CP; 2ª tese: estado
de necessidade (CP, art. 24); 3ª tese: incidência do princípio da
insignificância; 4ª tese: erro de tipo (CP, art. 21); 5ª tese: nulidade no
recebimento da inicial, com fundamento no art. 395, III, do CPP; 6ª tese:
desclassificação do crime de furto (CP, art. 155) para o de exercício
arbitrário das próprias razões (CP, art. 345). Além disso, também devem
ser arroladas as testemunhas Maria e José.
Considerando que o tempo de prova é curto, não me surpreenderia se
alguém dissesse ter gasto duas ou três horas para a elaboração da peça
acima. Ainda bem, a FGV não costuma pedir tantas teses de defesa ao
mesmo tempo. No entanto, caso caia resposta à acusação, esteja
preparado para enfrentar várias teses de defesa.
2.1. Fundamentação: em minha opinião, a resposta à acusação está
prevista no art. 396 do CPP, e não no 396­A – no rito do júri, ela está no
art. 406. No art. 396­A, o CPP descreve o que é possível pedir na peça,
mas não a fundamenta. No entanto, para evitar dor de cabeça,
fundamente a sua resposta nos dois artigos: 396 e 396­A. Caso caia
resposta, acredito que o gabarito aceitará qualquer dos dispositivos
isoladamente. Mas, por segurança, é melhor mencionar ambos.
2.2. Teses: as principais teses estão no art. 397 do CPP, que prevê a
absolvição sumária do acusado. Caso caia resposta na segunda fase,
asseguro: o gabarito pedirá mais de um dos incisos. Exemplo: o
enunciado descreve um caso em que há legítima defesa e prescrição.
Nesta hipótese, você deverá pedir a absolvição do réu com fundamento
no art. 397, I e IV. Caso os dois incisos não sejam mencionados pelo
examinando, a pontuação será parcial.
O art. 397, II: as causas de exclusão da culpabilidade, ou dirimentes,
são as seguintes: a) inimputabilidade; b) ausência de consciência da
ilicitude; c) inexigibilidade de conduta diversa. São exemplos de exclusão
da culpabilidade o erro de proibição (CP, art. 21) e a coação moral
irresistível (CP, art. 22). O art. 397 faz ressalva em relação ao
inimputável, e a razão é a seguinte: caso o réu seja, por exemplo,
esquizofrênico, a ponto de não ter discernimento do que fez, o juiz o
absolverá (absolvição imprópria). No entanto, ele será submetido a
medida de segurança. Para que se conclua pela inimputabilidade, é
necessário o prosseguimento da ação para o julgamento do respectivo
incidente (veja o art. 149 do CPP). Por esse motivo, não é possível
absolvê­lo sumariamente, com imposição de medida de segurança, com
fundamento em inimputabilidade.
O art. 397, III: o art. 397, III, do CPP demonstra claramente como o
legislador não entende de Direito Penal. Contudo, para explicar o porquê
desta afirmação, preciso fazer uma rápida revisão de teoria do crime:na
época do colégio, aprendemos que o corpo humano é composto por a)
cabeça; b) corpo e; c) membros. O crime, para a teoria tripartida (ou
tripartite), é composto por a) fato típico; b) ilicitude e; c) culpabilidade.
Embora seja possível a existência do ser humano sem membros, não há
crime se ausente qualquer dos elementos que o compõem. Logo, não há
crime quando presente excludente da ilicitude ou da culpabilidade ou
quando atípico o fato. Entretanto, perceba que, nos incisos I e II, o CPP
fala em absolvição sumária quando existentes causas de exclusão da
ilicitude ou da culpabilidade, e, no inciso III, em absolvição quando o fato
narrado não constitui crime. Ora, nos incisos I e II, o fato também não
constitui crime, pois ausentes elementos de sua composição – a ilicitude e
a culpabilidade. Então, quando será utilizado o inciso III? Como há um
inciso para a ilicitude (I) e outro para a culpabilidade (II), o inciso III é a
fundamentação para a absolver o réu quando atípico o fato. Dois
exemplos rápidos de incidência do inciso III: quando o fato narrado é
formalmente atípico (ex.: adultério) ou na hipótese de incidência do
princípio da insignificância (atipicidade material).
O art. 397, IV: o inciso IV é outra mancada do legislador. NUNCA, em
peça alguma, deve ser pedida a absolvição do réu por causa de extinção
da punibilidade (veja o art. 107 do CP). Se, por exemplo, prescrito o
crime, o pedido deve ser o de declaração da extinção da punibilidade pela
prescrição, e não a absolvição. A única exceção: em resposta à acusação,
deve ser pedida a absolvição sumária do acusado, com fundamento no
art. 397, IV.
Pedido de rejeição da inicial: como vimos lá no começo, a resposta à
acusação é a peça cabível após o recebimento da petição inicial. Portanto,
em tese, não seria possível pedir a rejeição da petição inicial, como ocorre
com a defesa prévia da Lei de Drogas. No entanto, veja o seguinte julgado
do STJ, publicado no informativo de n. 522: “O fato de a denúncia já ter
sido recebida não impede o juízo de primeiro grau de, logo após o
oferecimento da resposta do acusado, prevista nos arts. 396 e 396­A do
CPP, reconsiderar a anterior decisão e rejeitar a peça acusatória, ao
constatar a presença de uma das hipóteses elencadas nos incisos do art.
395 do CPP, suscitada pela defesa.”. Portanto, caso o enunciado traga
hipótese de não recebimento da petição inicial, nos termos do art. 395 do
CPP, não deixe de alegá­la em sua resposta à acusação.
Exceções: as exceções estão no art. 95 do CPP: a) suspeição; b)
incompetência; c) litispendência; d) ilegitimidade da parte; e) coisa
julgada. Segundo o art. 396­A, § 1º, as exceções devem ser processadas
em apartado. Portanto, deve o advogado oferecer a resposta e,
separadamente, a petição da exceção. Por esse motivo, não há razão para
alegar, no corpo da resposta à acusação, tese de litispendência, por
exemplo. Na OAB, jamais será pedido para que o examinando elabore as
duas peças em uma mesma prova. Então, como proceder caso o problema
deixe bem claro que se trata de uma resposta, mas também traga teses de
exceção? Elabore a resposta à acusação e, em seu corpo, alegue as teses
que deveriam ser abordadas na petição da exceção. É errado, mas é a
melhor solução. Caso isso ocorra, penso que, em recurso, seja possível
reverter a situação. Mas, como não queremos confusão, faremos dessa
forma, tá?
Nulidades: as nulidades estão no art. 564 do CPP, e podem ser alegadas
em resposta. Ressalto, contudo, que, neste caso, o leitor não pedirá a
absolvição, mas a anulação do ato viciado.
Desclassificação: o STJ tem aceito que o magistrado altere a
classificação do crime no momento do recebimento da denúncia.
Portanto, é possível, em resposta, pedir a desclassificação de um crime
para outro – por exemplo, de homicídio para lesão corporal.
2.3. Competência: a peça deve ser endereçada ao juiz da causa. Fique
atento à competência do júri, pois a fundamentação da peça é diferente –
art. 406 do CPP –, e aos crimes que devem ser julgados pela Justiça
Federal – veja o art. 109 da CF.
2.4. Prazo: o prazo é de 10 dias, contado da citação do réu, e não da
juntada do mandado aos autos. Como se trata de prazo processual, se o
último dia cair em um feriado ou final de semana, deve ser prorrogado
para o primeiro dia útil seguinte. Ademais, deve ser ignorado o primeiro
dia, como em qualquer prazo processual. Exemplo: se citado no dia 20, o
prazo deve ser contado a partir do dia 21, tendo por fim o dia 30. A OAB
costuma pedir para que o examinando informe, ao final da peça, o último
dia de prazo.
2.5. Obrigatoriedade: a ausência de resposta à acusação é causa de
nulidade do processo. Prova disso é o art. 396­A, § 2º, que assim
determina: “Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado,
citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê­la,
concedendo­lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.”. Esta hipótese acontece
bastante na prática. O réu é citado, não oferece a resposta e o defensor
público a oferece em seu lugar. Evidentemente, a atuação do defensor é
bastante limitada, pois, em regra, ele não tem contato com o réu para a
elaboração de uma boa defesa – a não ser que o réu o procure. Em alguns
estados, os mandados de citação têm exigido que o oficial de justiça
questione o réu a respeito de testemunhas, para que o defensor possa
arrolá­las. Ainda sobre o tema, um interessante julgado do STJ: “Diante
da ausência de previsão legal que ampara pedido de defensor público de
requisição do acusado preso para entrevista com finalidade de formular a
resposta à acusação (Art. 396, Código de Processo Penal ­ CPP), é correto
o indeferimento do pleito pelo magistrado.” (RHC 48873/RJ).
2.6. Citação por edital: caso o réu seja citado por edital, o processo
permanecerá suspenso até que ele compareça em juízo ou constitua
advogado, não devendo o juiz abrir prazo para o oferecimento de resposta
à acusação – veja o art. 366 do CPP.
3. Julgados selecionados:
Resposta preliminar: “1. A jurisprudência desta Corte Superior de
Justiça consolidou­se no sentido de que, sendo o funcionário público
acusado não só da prática de crimes funcionais próprios, mas também de
infrações penais comuns, não tem aplicabilidade o procedimento previsto
nos artigos 513 a 518 do Código de Processo Penal.
2. Consoante se extrai da decisão que recebeu a denúncia, a ação penal
em apreço foi precedida de inquérito policial, circunstância que também
afasta a necessidade de apresentação da defesa prevista no artigo 514 do
Código de Processo Penal, nos termos do enunciado 330 da Súmula deste
Sodalício.” (STJ, HC 255736/PR).
Rejeição da inicial em resposta à acusação: “O recebimento da denúncia
não impede que, após o oferecimento da resposta do acusado (arts. 396 e
396­A do Código de Processo Penal), o Juízo reconsidere a decisão
prolatada e, se for o caso, impeça o prosseguimento da ação penal.” (STJ,
HC 294518/TO).
Recebimento da inicial: “De acordo com o entendimento
jurisprudencial sedimentado nesta Corte de Justiça e no Supremo
Tribunal Federal, o ato judicial que recebe a denúncia, ou seja, aquele a
que se faz referência no art. 396 do Código de Processo Penal, por não
possuir conteúdo decisório, prescinde da motivação elencada no art. 93,
IX, da Constituição da República.” (STJ, RHC 53208/SP).
Manifestação do MP: “Conferir ao Ministério Público a oportunidade
de manifestar­se acerca da reposta à acusação (art. 396 do Código de
Processo Penal, com redação conferida pela Lei n.º 11.719/08) não
constitui nulidade processual, por cuidar­se de mera irregularidade.”
(STJ, RHC 34842/SP).
4. Modelo de resposta à acusação:
Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da... Vara Criminal da Comarca...
Observações: fique atento à competência. Se o processofor de
competência do júri, enderece a peça ao “Juiz de Direito da... Vara do
Júri”. Se competente a JF (CF, art. 109), enderece a peça ao “Juiz Federal
da... Vara Criminal da Justiça Federal da Seção Judiciária...”. Se o
problema não disser qual é a comarca, não a invente. Ademais, o uso de
“Excelentíssimo”, de “Doutor” e de outras formas de tratamento não são
exigidas pela banca. Fica a critério do examinando o estilo de redação a
ser adotado.
RÉU, já qualificado nos autos, vem, por seu advogado, oferecer
RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento no artigo 396 e 396­A do
Código de Processo Penal, pelas razões a seguir expostas:
Observações: não invente informações a respeito do réu. Se o problema
disser que ele se chama “João”, não acrescente um sobrenome ou coisa do
tipo. Como ele já foi qualificado na denúncia, não há razão para qualificá­
lo novamente. Em relação à nomenclatura, alguns manuais falam em
“defesa preliminar”. No entanto, não é o termo adotado pela doutrina em
geral e pelo STJ – não se espante caso a FGV anule a peça de quem
utilizar termo diverso de “resposta à acusação”. Ademais, fique à vontade
para incluir expressões de praxe em peças jurídicas (“muito
respeitosamente”, por exemplo). Por fim, o nome da peça está em letra
maiúscula, o que também não é obrigatório.
I. Dos Fatos
De acordo com a denúncia, no dia 20 de julho de 2015, o denunciado
subtraiu 03 (três) linguiças do “Supermercado Araújo”, conduta
presenciada pelo gerente, Manoel, e por dois caixas, Francisco e José.
Logo após consumi­las, o Sr. Réu foi preso em flagrante por policiais
militares que passavam em frente ao estabelecimento no momento da
conduta.
Na delegacia, ao ser interrogado, afirmou que a subtração ocorreu
porque estava com “muita fome” (fl...), e que “teria morrido” (fl...) caso
não comesse imediatamente.
O Ministério Público, então, ofereceu denúncia em seu desfavor, com
fundamento no artigo 155 do Código Penal.
Observação: não perca tempo com o tópico “dos fatos”, pois não vale
ponto. Limite­se a um resumo do enunciado, com menção ao que
realmente importar para a peça.
II. Do Direito
No entanto, a acusação não merece prosperar, pois falta justa causa,
conforme exposição a seguir:
a) Preliminar
Da nulidade do recebimento da petição inicial: como se vê, o acusado
praticou o fato amparado por causa de exclusão da ilicitude – estado de
necessidade, prevista no artigo 24 do Código Penal ­, visto que a
subtração se deu como última medida para evitar a morte por inanição.
Destarte, a denúncia não poderia ter sido recebida, com fundamento no
artigo 395, III, do Código de Processo Penal.
b) Mérito
Além disso, ainda que recebida a petição inicial, deve ser absolvido
sumariamente o denunciado. Como já exposto, a conduta foi praticada
com amparo em causa de exclusão da ilicitude, sendo imperiosa a
absolvição sumária, com fundamento no artigo 397, I, do Código de
Processo Penal.
Ademais, é inegável que a conduta se deu nos moldes do instituto da
insignificância, causa de atipicidade material da conduta, devendo o
denunciado ser absolvido nos termos do art. 397, III, do Código de
Processo Penal.
Observações: a FGV não exige a divisão em tópicos (preliminar, mérito
etc.). No entanto, acho que a estética da peça fica melhor. Além disso, fica
mais fácil para identificar as teses alegadas, tornando mais fácil a vida do
examinador – e reduzindo a chance de erro na correção. Ao discorrer
sobre as teses, não é preciso transcrever o que diz o dispositivo, bastando
mencioná­lo. Por fim, um alerta já feito em outro “post”: alegue tudo o
que for de interesse da defesa, ainda que pareça absurdo. Omissões em
relação ao gabarito causam perda de pontos, enquanto o excesso não gera
qualquer prejuízo.
III. Do Pedido
Diante do exposto, o réu requer a rejeição da petição inicial, com
fundamento no art. 395, III, do Código de Processo Penal. Caso, no
entanto, Vossa Excelência mantenha o recebimento, requer a absolvição
sumária do réu, com fundamento no art. 397, incisos I e III, do Código
de Processo Penal, em virtude do estado de necessidade e do princípio
da insignificância. Por derradeiro, caso os pedidos não sejam acolhidos,
pede a intimação das testemunhas ao final arroladas.
Observação: o tópico “do pedido” é consequência lógica do tópico
anterior, “do direito”. Antes de elaborar a peça, faça um rascunho do que
deve ser pedido, para que nada seja esquecido. Os pedidos são pontuados
individualmente. Caso um seja esquecido, a respectiva pontuação será
descontada.
Pede deferimento.
Comarca..., data...
Advogado,
OAB/..., n...
Observações: o “pede deferimento” é opcional. Ademais, só mencione a
comarca se o problema disser onde o processo está tramitando, senão,
diga “Comarca...”. Não coloque a sua cidade de prova. Em relação à data,
em resposta à acusação, a FGV costuma pedir que a peça seja datada no
último dia de prazo. Fique atento! Por fim, não invente número de OAB
ou nome para o advogado (ex.: “advogado Fulano”), sob pena de anulação
da prova.
Rol de Testemunhas:
1. Manoel, endereço...
2. Francisco, endereço...
3. José, endereço...
Observação: em resposta, a FGV sempre cobra o rol de testemunhas ao
final da peça. Não se esqueça!
Disponível em: http://leonardocastro2.jusbrasil.com.br/modelos‐pecas/215053156/oab‐fgv‐como‐
passar‐na‐2‐fase‐penal‐8‐parte‐resposta‐a‐acusacao

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