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AD6-Filosofia e Etica

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS 
PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB 
BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
 
Nome: Juliana Cristina Ribeiro 
Matrícula 17113110247 
Polo: Darcy Ribeiro – Volta Redonda 
 
 
AD6 – Estude: “Filosofando”, cap. 22 (págs. 216 a 232) e responda às questões: 
 
1. Levante as principais ideias do Liberalismo. 
 
Segundo a autora Maria Lucia de Arruda Aranha, no seu livro Filosofando, é costume 
na linguagem comum chamarmos de liberal ao homem generoso, tanto no sentido de não 
controlar gastos, como no sentido de não ser autoritário, além daqueles de profissões liberais, 
que exercem as atividades de médicos, dentistas, advogados, e assim trabalham por conta 
própria. Essa expressão deriva da antiga classificação das artes liberais, designando as 
atividades de homens livres, distintas dos ofícios manuais próprios de escravos. 
No entanto, a autora Maria Lucia deixa claro que tais significados da palavra liberal 
não estão no contexto do sentido do liberalismo, mas sim aqueles que indicam o conjunto de 
ideias éticas, políticas e econômicas da burguesia que se opunha à visão de mundo da nobreza 
feudal, sendo assim, o liberalismo é o nome dado à doutrina que prega a defesa da liberdade 
política e econômica. 
Segundo a autora, os liberais são contrários ao forte controle do estado na economia e 
na vida das pessoas. Em outras palavras, o liberalismo defende a ideia de que o Estado deve 
dar liberdade ao povo, e deve agir apenas se alguém lesar o próximo, no mais, em boa parte 
do tempo, as pessoas são livres para fazer o que quiserem, o que traz a ideia de livre mercado. 
O liberalismo surgiu da concepção de um grupo de pensadores imersos na realidade da 
Europa dos séculos XVII e XVIII, e vigorava ainda a filosofia do absolutismo em 
praticamente todos os governos europeus, pois o rei, como legítimo representante de Deus na 
terra, teria natural primazia sobre todos os assuntos que envolvessem a nação. As ideias 
iluministas vão gradualmente implodir tal sistema de excessiva intervenção do estado, 
 
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auxiliadas pelo espírito empreendedor e autônomo da burguesia, abrindo espaço para outras 
possibilidades na relação entre os homens e o mundo. O burguês, que se lançava ao mundo 
para o comércio e usava-a somente a própria iniciativa para alcançar seus objetivos, destoava 
de todo um período anterior onde os homens colocavam-se subservientes ao pensamento 
religioso. Então, como uma reação natural à ordem anterior de coisas, vários pensadores se 
mobilizavam no esforço de dar sentido àquele mundo que se transformava. Surge um ponto 
fundamental do pensamento liberal quando é concebida a ideia de que o homem tinha toda 
sua individualidade formada antes de perceber sua existência em sociedade. Para o 
liberalismo, o indivíduo estabelecia uma relação entre seus valores próprios e a sociedade. 
Além de construir uma imagem positiva do indivíduo, o liberalismo vai defender a 
ideia de igualdade entre todos. O direito que o homem tem de agir pelo uso da sua própria 
razão, segundo o liberalismo, só poderia garantir-se pela defesa das liberdades. No aspecto 
político, o liberalismo vai demonstrar que um regime monárquico, comandado pelas vontades 
individuais de um rei, não pode colaborar na garantia à liberdade, pois a vontade do rei 
subjuga o interesse social, impedindo os princípios de liberdade e igualdade. 
A autora faz referência ao liberalismo ético, enquanto garantia dos direitos individuais, 
tais como liberdade de pensamento, expressão e religião, o que supõe um estado de direito em 
que seja evitado o arbítrio, as lutas religiosas, as prisões sem culpa formada, à tortura, as 
penas cruéis. 
O liberalismo político constitui-se, sobretudo contra o absolutismo real, buscando nas 
teorias contratualistas as formas de legitimação do poder, não mais fundado no direito divino 
dos reis nem na tradição e herança, mas no consentimento dos cidadãos. A decorrência dessa 
forma de pensar é o aperfeiçoamento das instituições do voto e da representação, a autonomia 
dos poderes e a consequente limitação do poder central. Essas formas do liberalismo mudam 
com o tempo, começando de maneira muito elitista (restrita aos homens de posse) e 
ampliando-se a partir de pressões externas. 
O liberalismo econômico se opôs inicialmente à intervenção do poder do rei nos 
negócios, que se dava por meio de procedimentos típicos da economia mercantilista tais como 
a concessão de monopólios e privilégios. Os primeiros a se insurgirem contra o controle da 
 
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economia foram os fisiocratas, cujo lema era "laissez-faire, laissez-passer, le monde va de lui-
même" ("deixai fazer, deixai passar, que o mundo anda por si mesmo"). Tais ideias são 
desenvolvidas pelos economistas ingleses Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-
1823). O que se pretendia era a defesa da propriedade privada dos meios de produção e a 
economia de mercado, baseada na livre iniciativa e competição. O Estado mínimo, ou seja, o 
Estado não intervencionista é considerado possível porque o equilíbrio pode ser alcançado 
pela lei da oferta e da procura. 
O pensamento liberal reinou hegemônico ate o início do século XX. As mudanças 
trazidas pelas duas revoluções industriais, a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa de 
1917, e mais tarde, da queda da bolsa de Nova Iorque em 1929, fizeram com que a doutrina 
liberal entrasse em declínio. Mais recentemente, na década de 90, surge o neoliberalismo, 
resgatando boa parte do ideal liberal clássico. 
 
2. Explique porque o indivíduo é o centro das preocupações do Liberalismo. Por 
que se diz que o pensamento liberal é elitista? 
 
De acordo com o texto, os liberais não estão preocupados apenas com a liberdade, mas 
especificamente com a liberdade individual, com as ações e propósitos únicos dos indivíduos. 
A liberdade individual expressa a ideia de que cada pessoa deve ser tratada com dignidade, 
que ninguém tem mais valor que outra pessoa, sendo que essa dignidade é mantida quando as 
pessoas são deixadas livres para escolherem o que querem para as suas próprias vidas. Isso é o 
que faz a liberdade individual importante, todos devem ser tratados como iguais e indivíduos 
livres. Não importa a classe, raça, nacionalidade ou religião, apenas ser indivíduo é o 
suficiente. 
Num outro contexto a autora, descreve o pensamento liberal sendo típico da grande 
minoria, pois mesmo com as mudanças do liberalismo no decorrer dos anos, onde se inicia de 
maneira restrita aos homens de posse e tenta ampliar-se a partir de pressões externas, aos 
demais, ainda assim, este elitismo persiste na raiz do liberalismo, já que a igualdade defendida 
é de natureza “abstrata, geral e puramente formal; não tendoa possibilidade de igualdade real, 
 
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quando só os proprietários têm plena cidadania”, sendo assim, "o empregado doméstico, o 
balconista, o trabalhador, ou mesmo o barbeiro não são membros do Estado, e assim não se 
qualificam para serem cidadãos". O que denota contradição com o indivíduo sendo a 
preocupação do liberalismo. 
 
3. O que é o estado de natureza em Locke e Rousseau? O que é o pacto social? Por 
que Rousseau diz que a soberania é inalienável? 
 
Segundo a autora Maria Lucia, o estado de natureza em Locke parte da concepção 
individualista, pela qual os homens isolados no estado de natureza se uniram mediante 
contrato social para constituir a sociedade civil. Portanto, apenas o pacto torna legítimo o 
poder do Estado. Para Locke, no estado natural cada um é juiz em causa própria; portanto, os 
riscos das paixões e da parcialidade são muito grandes e podem desestabilizar as relações 
entre os homens. Por isso, visando a segurança e a tranquilidade necessárias ao gozo da 
propriedade, as pessoas consentem em instituir o corpo político. 
Segundo a autora, o ponto crucial do pensamento de Locke é que os direitos naturais 
dos homens não desaparecem em consequência desse consentimento, mas subsistem para 
limitar o poder do soberano, justificando em última instância, o direito à insurreição: o poder 
é um trust, um depósito confiado aos governantes, trata-se de uma relação de confiança e, se 
estes não visarem o bem público é permitido aos governados retirá-lo e confiá-lo a outrem. 
Assim como Locke, Rousseau procura resolver a questão da legitimidade do poder 
fundado no contrato social. No entanto, sua posição é, num aspecto, inovadora, na medida em 
que distingue os conceitos de soberano e governo, atribuindo ao povo à soberania inalienável. 
No Discurso sobre a origem da desigualdade Rousseau cria a hipótese dos homens em 
estado de natureza, vivendo sadios, bons e felizes enquanto cuidam de sua própria 
sobrevivência, até o momento em que é criada a propriedade e uns passam a trabalhar para 
outros, gerando escravidão e miséria. 
Rousseau parece demonstrar extrema nostalgia do estado feliz em que vive o bom 
selvagem, quando é introduzida a desigualdade entre os homens, a diferenciação entre o rico e 
 
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o pobre, o poderoso e o fraco, o senhor e o escravo e a predominância da lei do mais forte. O 
homem que surge da desigualdade é corrompido pelo poder e esmagado pela violência. Trata-
se de um falso contrato, esse que coloca os homens sob grilhões. Há que se considerar a 
possibilidade de outro contrato verdadeiro e legítimo, pelo qual o povo esteja reunido sob uma 
só vontade. 
O contrato social, para ser legítimo, deve se originar do consentimento 
necessariamente unânime. Cada associado se aliena totalmente, ou seja, abdica sem reserva de 
todos os seus direitos em favor da comunidade. Mas, como todos abdicam igualmente, na 
verdade cada um nada perde, pois "este ato de associação produz, em lugar da pessoa 
particular de cada contratante, um corpo moral e coletivo composto de tantos membros 
quantos são os votos da assembleia e que, por esse mesmo ato, ganha sua unidade, seu eu 
comum, sua vida e sua vontade". Em outras palavras, pelo pacto social o homem abdica de 
sua liberdade, mas sendo ele próprio parte integrante e ativa do todo social, ao obedecer à lei, 
obedece a si mesmo e, portanto, é livre: "A obediência à lei que se estatuiu a si mesma é 
liberdade". Isso significa que, para Rousseau, o contrato não faz o povo perder a soberania, 
pois não é criado um Estado separado dele mesmo. 
De acordo com o texto, Rousseau diz que a soberania é inalienável, pois mesmo 
quando cada associado se aliena totalmente em favor da comunidade, nada perde de fato, pois, 
enquanto povo incorporado, mantém a soberania, ou seja, soberano é, o corpo coletivo que 
expressa, através da lei, a vontade geral. A soberania do povo manifesta pelo legislativo, é 
inalienável, ou seja, não pode ser representada. A democracia rousseauísta considera que toda 
lei não ratificada pelo povo em pessoa é nula. Por isso, o ato pelo qual o governo é instituído 
pelo povo não submete este àquele. Ao contrário, não há um "superior", já que os depositários 
do poder não são senhores do povo, mas seus oficiais, podendo ser eleitos ou destituídos 
conforme a conveniência. Os magistrados que constituem o governo estão subordinados ao 
poder de decisão do soberano e apenas executam as leis, devendo haver inclusive boa 
rotatividade na ocupação dos cargos. Rousseau preconiza, portanto, a democracia direta ou 
participativa, mantida por meio de assembleias frequentes de todos os cidadãos. 
 
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Segundo a autora, enquanto soberano, o povo é ativo e considerado cidadão. Mas há 
também uma soberania passiva, assumida pelo povo enquanto súdito. Então, o mesmo 
homem, enquanto faz a lei, é um cidadão, e enquanto a ela obedece e se submete, é um súdito. 
Além de inalienável, a soberania é também indivisível, pois não se podem tomar os poderes 
separadamente.

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