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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Disciplina: Ciência Política / AA1 Pólo: VRE – Volta Redonda Nome do aluno: Juliana Cristina Ribeiro Matrícula: 17113110247 Diferentemente, do que muitos pensam, há uma grande discrepância entre as palavras poder e política. É necessário fazer o uso das mesmas corretamente, e para que isso aconteça será imprescindível que desenvolvemos um conhecimento mais sólido e sistemático sobre o assunto. Na sua formulação mais geral e abstrata, o poder faz referência à capacidade que um indivíduo, ou grupo de indivíduos, tem em influenciar o comportamento de outras pessoas. O poder não é algo material, ou seja, não é bem ou um recurso do qual os indivíduos possam se apropriar, normalmente, estes bens ou recursos são utilizados por quem os tem para influenciar o comportamento de outras pessoas. Portanto, poder não se detém, mas se exerce. Poder supõe quatro elementos, sendo eles: sujeito, que poderá ser um indivíduo, um grupo ou uma organização que exerce o poder; objeto, podendo ser um indivíduo, um grupo ou uma organização sobre o qual o poder é exercido; meio, sendo um bem ou um recurso que o sujeito utiliza para exercer poder sobre o objeto; e fim, que é o objetivo ou finalidade com que o poder é exercido pelo sujeito sobre o objeto. Porém, ao passar dos anos, os tipos de poder foram definidos e classificados de acordo com os meios pelos quais é exercido ou de acordo com os fins do seu exercício. Já a palavra política deriva de politikós, do grego, e diz respeito àquilo que é da cidade, da pólis, da sociedade, ou seja, que é de interesse do homem enquanto cidadão. Já na Grécia Antiga, um dos primeiros a tratar da política como uma prática intrínseca aos homens foi Aristóteles. Ao longo do tempo, o termo política deixou de ter o sentido de adjetivo e passou a ser um modo de “saber lidar” com as coisas da cidade, da sociedade. Assim, fazer política pode estar associado às ações de governo e de administração do Estado. Por outro lado, também diria respeito à forma como a sociedade civil se relaciona com o próprio Estado. A tipologia clássica define as formas de poder de acordo com os fins, enquanto a tipologia moderna o define conforme os meios. Aristóteles formulou a tipologia clássica das formas de poder com base no interesse em favor do qual o poder é exercido, considerando apenas três dos quatro elementos – sujeito, objeto e fim – sendo eles: poder paterno, que é exercido no interesse do objeto de seu exercício – o pai sobre o filho no interesse do filho; poder despótico, exercido pelo interesse do sujeito que o exerce – o senhor sobre o escravo no interesse do senhor; e o poder político, no interesse do sujeito e do objeto – exercido pelos governantes sobre os governados no interesse de ambos. Este último, exercendo assim o interesse dos dois agentes envolvidos na relação – sujeito e objeto – e não do lado de um só deles – sujeito ou objeto. Por isso, entre as três formas de poder da tipologia clássica, o poder político é o mais complexo. Para Aristóteles, o poder político deveria ser exercido no interesse de ambos, mas nem todos os governos o exercem dessa forma, sobressaindo o exercer do poder despótico, onde os governantes exercem o poder no seu próprio interesse, tal como o senhor exerce o poder sobre os seus escravos. Como forma de resolver este problema, Aristóteles criou outra tipologia, as da forma de governo, cujo critério de classificação seria o mesmo da tipologia das formas de poder, ou seja, a UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro finalidade do exercício do poder dos governantes sobre os governados, sendo dividida em três categorias: o governo de um só; o governo de poucos; e o governo de muitos. Ainda assim, dentro dessas três formas de governos, Aristóteles subdividiu entre o bom governo e o mau governo. O bom governo é sempre orientado para satisfazer o interesse de todos, sejam eles governantes e governados, podendo ser exercido: por um indivíduo, o rei, no caso da monarquia; por uma minoria, os melhores, no caso da aristocracia; ou pela maioria, no caso da politeia, que significa o governo da pólis. Já o mau governo, ou seja, as formas de governo degeneradas, é sempre orientado para satisfazer o interesse do governante, sendo exercido: por um indivíduo, o tirano, que exerce o poder em seu próprio interesse, em detrimento dos interesses dos governados, mas conhecida como tirania; por uma minoria, no caso os mais ricos, que exercem o poder em seu próprio interesse, em detrimento dos interesses da minoria, os mais pobre, conhecida por oligarquia; ou pela maioria que exerce o poder em seu próprio interesse, em detrimento dos interesses da minoria, no caso da democracia. Não podermos deixar de citar que a tipologia clássica ou aristotélica contribuiu para evolução do pensamento sobre a Ciência Política e para todo o entendimento sobre a política que temos hoje. Podemos ver que nos tempos de Aristóteles o termo democracia tinha um sentido negativo, enquanto atualmente, para nós possui conotação positiva. Já baseado em Weber, o pensador Norberto Bobbio formulou a tipologia moderna das formas de poder, construída a partir dos meios pelo qual o poder é exercido, sendo eles: o poder econômico, que é exercido por todo indivíduo que se utiliza da posse de bens e recursos, necessários ou considerados necessários, numa situação de escassez, para influenciar outras pessoas que não os tem a certo comportamento, que pode ser também a algum tipo de trabalho – um proprietário de terras que exerce poder econômico sobre o trabalhador agrícola sem terra, e nesse caso a terra sendo o produto escasso; o poder ideológico, que tem fundamento sobre a influência que um indivíduo revestido de autoridade pode exercer no comportamento de outro indivíduo através de ideias formuladas, difundidas por certos meios – seja por um líder religioso, político, sindicais e intelectuais ou até mesmo os meios de comunicação, como jornais, revistas, redes de televisão e de rádio – deixando bem claro que o poder ideológico influencia o comportamento dos indivíduas independentemente do uso de coerção física sobre eles ou da sua necessidade material, além de ter grande influência em seu comportamento político e econômico; e o poder político, que é fundamentado na posse dos instrumentos através dos quais se exerce a força física, ou seja, através de armas de qualquer espécie e grau – onde o Estado exerce poder político sobre o indivíduo quando o obriga a: pagar impostos, ou deixando de cumprir esta obrigação, o indivíduo pode ter seus bens apreendidos ou em último caso, ser preso; cumprir as leis, caso contrário, o indivíduo pode ser multado, privado de determinados direitos, preso ou até mesmo ser executado, dependendo da legislação vigente de cada país; matar ou morrer, neste caso, quando há guerra o indivíduo é forçado a conquistar ou defender territórios, arriscando a sua própria vida e exterminando a dos seus adversários. De acordo com Weber, o que diferencia o poder político usado pelo Estado do poder exercido por grupos extremistas é o monopólio do uso legítimo da força física sobre os indivíduos da sociedade.O Estado se diferencia pela legitimidade com que se encontra investido para exercer, exclusivamente e em última instância, a força física sobre todos os indivíduos da sociedade civilizada. Portanto, para que se possa juntamente falar de Estado e de exercício de poder político, certa dose de consentimento dos dominados – governados – do uso da força pelos dominantes – governantes – se faz sempre necessária.
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