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 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
Dos crimes de Trânsito 
Análise dos Crimes em espécie 
 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
 
 Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 
(um terço) à metade, se o agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, 
de 2014) (Vigência) 
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 
2014) (Vigência) 
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do 
acidente; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de 
passageiros. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 V - (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008) 
 
§ 2o Se o agente conduz veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da 
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência ou participa, em 
via, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de 
perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade 
competente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 
Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou 
a habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído dada pela Lei nº 12.971, de 
2014) (Vigência) 
 
 Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: 
 
 Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou 
a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
 Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das 
hipóteses do § 1o do art. 302. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 
 
 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 2 
 
Alcance do Código de Trânsito Brasileiro (Seara administrativa e penal): 
 
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à 
circulação, rege-se por este Código. 
 
Observemos que o artigo supra nos deixa claro que o alcance do CTB se limita a tão somente a vias 
abertas a circulação, porém cuidemos e vamos fazer uma interpretação mais minuciosa. 
O CTB abrange quase que em sua totalidade a seara administrativa, porém no capítulo XIX este 
mesmo código traz a previsão dos crimes de trânsito e para esse capítulo devemos aplicar o 
conteúdo previsto na parte geral do Código Penal no que tange a territorialidade na abrangência 
dos crimes. 
A interpretação correta que devemos fazer é: Quando se tratar de infrações de trânsito (seara 
administrativa) devemos aplicar, como regra, somente em vias abertas a circulação pública, 
exceto nas hipóteses do parágrafo único do artigo 2° e art. 7° -A ambos do CTB. Já quando 
tratamos de crimes de trânsito a regra é que apliquemos o princípio da territorialidade contido 
no artigo 5° do Código penal, ou seja, a regra é que nos crimes de trânsito a aplicação seja tanto 
em vias públicas como em vias privadas, salvo quando o próprio artigo, por si só, prever o local 
do crime, como contém o artigo 308. 
 
Exceção seara Penal: 
 
 Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou 
competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco 
à incolumidade pública ou privada: (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 
Exceção na seara administrativa 
 
Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as 
passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com 
circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais. 
 Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consideradas vias terrestres as praias 
abertas à circulação pública, as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por 
unidades autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso 
coletivo. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
 
Art. 7o-A. A autoridade portuária ou a entidade concessionária de porto organizado poderá 
celebrar convênios com os órgãos previstos no art. 7o, com a interveniência dos Municípios e 
Estados, juridicamente interessados, para o fim específico de facilitar a autuação por 
descumprimento da legislação de trânsito. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009) 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 3 
 
§ 1o O convênio valerá para toda a área física do porto organizado, inclusive, nas áreas dos 
terminais alfandegados, nas estações de transbordo, nas instalações portuárias públicas de pequeno 
porte e nos respectivos estacionamentos ou vias de trânsito internas. (Incluído pela Lei nº 12.058, 
de 2009) 
 
 
 
Como citado na hipótese acima o crime de “racha” só se aplica em vias públicas, não abrangendo, 
portanto, vias privadas. Então, por exemplo, imagine-se no seu futuro plantão quando através de 
uma denúncia é passado que um grupo de condutores praticam “racha” dentro de um galpão 
particular. Nesse hipótese não há configuração do tipo penal em análise, uma vez que o crime só 
se constitui na via pública. 
Porém imaginemos uma outra situação se no pátio de uma oficina houve um atropelamento e um 
óbito (homicídio culposo)há a figura do crime previsto no artigo 302, uma vez que para 
cometimento desse crime aplicamos o princípio da territorialidade (artigo 5°, CP), ou seja, tanto 
em via pública como em via privada haverá cometimento do crime em análise. 
 
Análise geral dos crimes de trânsito em espécie: 
 
Temos previstos no CTB somente 11 (onze) crimes em espécie abrangendo condutas potencialmente 
perigosas ao cenário viário, vamos nesse capítulo abranger de forma geral suas principais 
características e diferenças: 
 
1°. A maioria dos crimes em espécie são dolosos e não culposos: 
 
Como sabemos só consideraremos crimes culposos aqueles aos quais estão expressamente previstos, 
conforme, parágrafo único, II, artigo 18, CP. Essa simples interpretação trará consequências 
importantes, conforme veremos mais adiante. 
Logo no CTB só há 2 (dois) crimes culposos: o homicídio culposo (art. 302) e a lesão corporal 
culposa (art. 303). 
 
Esses dois crimes citados também possuem outras características próprias como, são os únicos 
crimes que aceitam aumentativos (análise a seguir) e caracterizam-se por serem também os únicos 2 
(dois) crimes de dano do CTB. 
 
Artigo Crimes Penas Abrangência 
da lei 
9099/95 
Ação penal
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 4 
 
302 
Praticar homicídio culposo na 
direção de veículo automotor 
detenção, de dois a quatro 
anos, e suspensão ou 
proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação 
para dirigir veículo 
automotor.
Não 
Pública 
Incondicionada 
303 
Praticar lesão corporal 
culposa na direção de veículo 
automotor 
detenção, de seis meses a 
dois anos e suspensão ou 
proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação 
para dirigir veículo 
automotor
Em regra sim. 
Pública 
condicionada a 
representação 
304, 
305, 
307, 
309, 
310, 
311, 
312 
Diversos detenção, de seis meses a um ano, ou multa Sim 
Pública 
Incondicionada306 
Conduzir veículo automotor 
com capacidade psicomotora 
alterada em razão da 
influência de álcool ou de 
outra substância psicoativa 
que determine dependência 
detenção, de seis meses a 
três anos, multa e 
suspensão ou proibição de 
se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir 
veículo automotor.
Não 
Pública 
Incondicionada 
308 
Participar, na direção de 
veículo automotor, em via 
pública, de corrida, disputa 
ou competição 
automobilística não 
autorizada pela autoridade 
competente, gerando 
situação de risco à 
incolumidade pública ou 
privada: (Redação 
dada pela Lei nº 12.971, de 
2014) 
detenção, de 6 (seis) meses 
a 3 (três) anos, multa e 
suspensão ou proibição de 
se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir 
veículo automotor. 
Não 
Pública 
Incondicionada 
 
Diferença entre Aumentativos e Agravantes Genéricos 
 
Aumentativos  Agravantes genéricas 
	 Com dano potencial para duas ou mais 
pessoas ou com grande risco de grave dano 
patrimonial a terceiros; 
‐	 Utilizando o veículo sem placas, com placas 
falsas ou adulteradas 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 5 
 
Não	possuir	Permissão	para	Dirigir	ou	
Carteira	de	Habilitação;	
Sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira 
de Habilitação 
‐	 Com Permissão para Dirigir ou Carteira de 
Habilitação de categoria diferente da do 
veículo; 
No	exercício	de	sua	profissão	ou	
atividade,	estiver	conduzindo	veículo	de	
transporte	de	passageiros	
Quando a sua profissão ou atividade exigir 
cuidados especiais com o transporte de 
passageiros ou de carga 
‐	 Utilizando veículo em que tenham sido 
adulterados equipamentos ou características 
que afetem a sua segurança ou o seu 
funcionamento de acordo com os limites de 
velocidade prescritos nas especificações do 
fabricante 
Praticá‐lo	em	faixa	de	pedestres	ou	na	
calçada	
Sobre faixa de trânsito temporária ou 
permanentemente destinada a pedestres 
Deixar	de	prestar	socorro,	quando	
possível	fazê‐lo	sem	risco	pessoal,	à	
vítima	do	acidente;	
‐ 
 
É de suma importância observamos que as causas que aumentam os crimes só tem aplicação para os 
crimes de homicídio culposo na direção de veículo automotor e lesão corporal na direção de veículo 
automotor enquanto as formas agravantes são aplicadas em todos os crimes de trânsito. Entretanto, 
não podemos deixar passar despercebido quando a agravante for uma causa elementar do crime ou 
então mesmo for uma das três causas comuns de aumentativo, aplicaremos a específica ou o próprio 
elementar do caput do crime, ou seja, as causas agravantes são subsidiárias as causas de aumento e ao 
próprio elementar do crime. 
 Por exemplo, no crime previsto no artigo 309, Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a 
devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando 
perigo de dano, não irá gerar um caso de agravante genérica, já que o próprio texto contém o 
elementar do tipo, se não teríamos claramente um caso de bis in idem. 
 Assim como em um caso hipotético de homicídio culposo na direção de um veículo automotor 
praticado no exercício de profissão de um condutor de um veículo de transporte de passageiros, 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 6 
 
como o crime em apreço é o homicídio culposo na direção de veículo automotor, logo este terá a 
margem de aplicação dos aumentativos específicos para tal, nessa situação aplicaremos o crime do 
302 (homicídio culposo na direção de veículo autotmotor) com aumentativo (inciso IV), devido ao 
princípio da especificidade. 
 Logo é de fácil percepção que para os crimes de homicídio e lesão corporal os agravantes são 
subsidiários a aplicação dos aumentativos. 
Homicídio culposo de trânsito (art. 302) 
 
 Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
 
 Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 
(um terço) à metade, se o agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, 
de 2014) (Vigência) 
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 
2014) (Vigência) 
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do 
acidente; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de 
passageiros. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 V - (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008) 
 
§ 2o Se o agente conduz veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da 
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência ou participa, em 
via, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de 
perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade 
competente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 
Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou 
a habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído dada pela Lei nº 12.971, de 
2014) (Vigência) 
 
Comentários ao Artigo: 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 7 
 
O crime de homicídio culposo no trânsito é previsto no art. 302 do CTB. Na redação original, o art. 
302 possui apenas o caput e um parágrafo único. 
 
Vale instar que a lei n° 12971/14 renumera o antigo parágrafo único em § 1º e acrescentou um § 2º ao 
art. 302, com a seguinte redação: 
 
Art. 302 (...) 
(...) 
§ 2º Se o agente conduz veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da 
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência ou participa, em 
via, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de 
perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente: 
Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
Porém a inserção dessa qualificadora do § 2° é um grande equívoco e que à época deveria ter sido 
revogado pelo presidente da república. Uma vez que existia uma celeuma entre este dispositivo e o 
contido no § 2° do artigo 308 deste mesmo código, uma vez que tratam da mesma conduta, fato este 
que foi resolvido com a publicação da lei 13281/16 que revogará o § 2° do artigo 302, dentro de 180 
dias a partir da publicação da lei, mantendo somente, portanto, a previsão do artigo 308. Vejamos 
abaixo os principais conflitos trazidos pelo legislador caso fosse mantido ambos os dispositivos, 
começando pela interpretação correto do texto legal: 
 
A redação utilizada pelo dispositivo foi péssima porque se esquece de mencionar novamente o 
resultado morte. No entanto, ao fazermos uma interpretação em conjunto e subordinada ao caput do 
art. 302, podemos concluir que esse § 2º queria dizer é o seguinte: 
 
- Se o agente pratica homicídio culposo na direção de veículo automotor estando com a capacidade 
psicomotora alterada em razão de álcool ou outra droga; ou 
- se o agente pratica homicídio culposo na direção de veículo automotor enquanto participa de 
“racha” ou exibição de perícia em manobra, 
- será punido com reclusão de 2 a 4 anos e suspensão ou proibição de obter a permissão ou 
habilitação para dirigir. 
 
Veja agora quais sãoos problemas gerados pelo equivocado § 2º: 
 
 1º Problema 
Se o agente pratica homicídio culposo na direção de veículo automotor estando com a capacidade 
psicomotora alterada em razão de álcool ou outra droga, ele já é punido pelo caput do art. 302, que 
tem a mesma pena de 2 a 4 anos. 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 8 
 
 
A única diferença existente é que o caput fala que a punição se dá com detenção e esse novo § 2º 
prevê a pena de reclusão. 
 
Na prática, contudo, isso não trará qualquer incremento na punição do condutor homicida. 
 
Segundo o art. 33 do Código Penal, a única diferença entre o crime punido com reclusão em relação 
ao delito apenado com detenção é a fixação do regime inicial de cumprimento de pena: 
 
• Crime punido com reclusão: a pena poderá ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. 
• Crime punido com detenção: a pena poderá ser cumprida em regime semiaberto ou aberto. 
 
Ocorre que essa distinção não trará qualquer efeito prático em relação ao crime de homicídio culposo 
com condutor sob a influência de álcool/droga. Isso porque a pena máxima prevista no § 2º do art. 
302 continua sendo de 4 anos. 
 
Sendo a pena máxima de até 4 anos, o condutor bêbado que atropelar e matar alguém continuará 
sendo, em regra, condenado ao regime inicial aberto, não importando se o crime agora é punido com 
reclusão ou detenção. Isso porque assim determina o art. 33, § 2º, “c”, do CP. A única hipótese de ser 
condenado a outro regime que não o aberto é no caso de ele ser reincidente, o que é bastante raro em 
crimes de trânsito, considerando que é um tipo de criminalidade episódica na vida da pessoa. 
 
Ademais, sendo a pena máxima de 4 anos, na quase totalidade dos casos o réu terá que cumprir uma 
pena restritiva de direitos (art. 44 do CP) e não uma sanção privativa de liberdade. 
 
Logo, nesse ponto, o § 2º foi desnecessário e não trará um aumento na punição do condutor que 
causa homicídio por estar sob a influência de álcool ou outras drogas. Ainda que seja condenado, esse 
agente não cumprirá a pena preso. 
 
 
 2º Problema 
Se o agente pratica homicídio culposo na direção de veículo automotor enquanto participa de 
“racha”, a própria Lei n.° 12.971/2014 previu que ele deveria ser punido na forma do § 2º do art. 
308 do CTB, que tem pena de 5 a 10 anos. 
 
Desse modo, quanto a isso, a Lei n.° 12.971/2014 gera uma antinomia, uma contradição em si: 
 
• § 2º do art. 302 afirma que condutor que participa de “racha” e causa morte de forma culposa 
responde a pena de 2 a 4 anos; 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 9 
 
• § 2º do art. 308 afirma que condutor que participa de “racha” e causa morte de forma culposa 
responde a pena de 5 a 10 anos 
 
Diante dessa perplexidade, o melhor seria que o § 2º do art. 302 fosse revogado durante a vacatio 
legis. 
 
Diante dessa remota possibilidade, quando entrar em vigor o § 2º do art. 302 do CTB, surgirão duas 
interpretações possíveis: 
 
1) Deve-se aplicar a interpretação mais favorável ao réu, de forma que, em caso de homicídio culposo 
na direção de veículo automotor enquanto o condutor participava de “racha”, ele será punido na 
forma do §2º do art. 302 do CTB (pena mais branda) e o § 2º do art. 308 do CTB (pena mais alta) será 
“letra morta”. 
 
2) Considerando que não se pode negar vigência (transformar em “letra morta”) o § 2º do art. 308 do 
CTB e tendo em vista que a interpretação entre os dispositivos de uma mesma lei deve ser sistêmica, 
será possível construir a seguinte distinção: 
• Se o condutor, durante o “racha”, causou a morte de alguém agindo com culpa INCONSCIENTE: 
aplica-se o § 2º do art. 302 do CTB; 
• Se o condutor, durante o “racha”, causou a morte de alguém agindo com culpa CONSCIENTE: 
aplica-se o § 2º do art. 308 do CTB. 
 
Essa segunda interpretação é a que reputo mais razoável e consentânea com a necessidade de resolver 
a aparente antinomia entre os dois dispositivos. 
 
Vale ressaltar que, antevendo esses problemas, durante a tramitação do projeto no Senado, o 
excelente Senador Pedro Taques ofereceu emenda suprimindo o referido § 2º do art. 302 (Emenda nº 
01-CCJ), tendo, no entanto, a proposta sido rejeitada. 
Tarefa ingrata é diferenciar a situação de homicídio culposo de trânsito e de homicídio doloso do 
Código Penal quando da ocorrência de dolo eventual e culpa consciente. Até hoje a mais avalizada 
doutrina encontra dificuldades em diferenciá-los e a questão fica relegada ao entendimento do juiz. 
No ensinamento clássico de DAMÁSIO, "no dolo eventual, o agente tolera a produção do resultado, 
o evento lhe é indiferente, tanto faz que ocorra ou não. Ele assume o risco de produzi-lo (CP, art. 18, 
I, parte final). Na culpa consciente, ao contrário, o agente não quer o resultado, não assume o risco 
nem ele lhe é tolerável ou indiferente. O evento lhe é representado (previsto), mas confia em sua não-
produção" (ob. cit, p. 83). A dificuldade do operador do direito será de penetrar na mente do sujeito a 
fim de verificar se este assumiu o risco ou se apenas confiou em sua não ocorrência. Cabe dizer que o 
homicídio culposo absorve quase todos os demais delitos de trânsito, em face do princípio da 
consunção. Havendo duas ou mais vítimas, aplica-se a regra do concurso formal de crimes (art. 70, 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 10 
 
CP). Por fim, a questão da co-autoria nos crimes de trânsito é deveras tormentosa, especialmente em 
matéria de homicídio culposo. Para JOSÉ CARLOS GOBBI PAGLIUCA, "se o crime de trânsito é de 
mão própria e este não pode ser realizado senão exclusivamente pelo próprio possuidor da qualidade 
típica, não se vê como seja possível a co-autoria ou mesmo participação, mesmo em se entendendo 
esta última cabível em delitos culposos em geral, o que já é complicado" (in artigo publicado no 
Boletim IBCCRIM n.º 110). 
 Fazendo menção ao aspecto processual, é importante lembrar aos operadores do direito que não se 
imporá prisão em flagrante ao condutor do veículo que, mesmo após ter praticado homicídio 
culposo, tentar minimizar o ato prestando pronto e integral socorro à vítima (art. 301). Se essa 
situação não ocorrer e desde que presentes as hipóteses taxativas do artigo 302 do estatuto processual 
penal, caberá à autoridade policial a lavratura do auto de prisão em flagrante e posterior fixação de 
fiança ao condutor, nos termos do artigo 322, já que o crime é punido com detenção. Dessa forma, a 
não ser que haja dolo eventual -onde o delito será reclassificado como sendo o do art. 121, do Código 
Penal -, e não ocorrendo as hipóteses do arts. 323 e 324 do CPP que vedam a concessão da fiança, o 
motorista que praticou homicídio culposo na direção de veículo automotor deverá ser solto pelo 
delegado de polícia após a lavratura da peça coercitiva e prestação da fiança. 
Consequências da alteração da lei 13281/16 (Revogação do § 2° do artigo 302). 
Antes Depois 
Celeuma entre o § 2° do artigo 302 e § 2° artigo 
308, ou seja, caso um condutor atropelasse e 
matasse alguém sem intenção de matar teríamos 
que avaliar a culpa. 
Com a revogação do § 2°, artigo 302, do CTB, o 
condutor que pratica racha e em consequência 
de tal conduta atropela e mata alguém sem 
intenção de matar responde pelo § 2°, do artigo 
308, do CTB. 
 
Já o condutor que conduz embriagado e em mata 
alguém sem intenção de matar responderá pelos 
crimes do artigo 302 e 306 na forma de concurso 
material. 
 
Análise da Lesão Corporal Culposa 
 
 Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: 
 
 Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou 
a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 11Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das 
hipóteses do § 1o do art. 302. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 
Trata-se de um Crime Comum, pois pode ser cometido por qualquer que esteja na direção de um 
veículo automotor, seja habilitado ou não. Onde tem como objetivo jurídico a integridade física e 
mental. Vale instar que diferentemente do código penal no Código de trânsito não há diferenciação 
da gravidade das lesões. Um crime culposo, ou seja, quando não se tem a intenção de se obter o 
resultado. Tem como sujeito passivo qualquer pessoa, tanto na via pública como em via privada, já 
que se aplica a regra geral do código penal do local do crime prevista no artigo 5º do Código Penal já 
que se aplica a regra geral do CP para os delitos de trânsito, o teor, é: “Aplica-se a lei brasileira, sem 
prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido em território 
nacional”. Inexiste compensação de culpas, pois a vida é um bem indisponível. Admite 
arrependimento posterior, que está previsto no artigo 16 do CP, a extensão dessa norma provem do 
artigo 89 da lei 9099/95 que alude a suspensão condicional do processo, ação pública condicionada a 
representação como regra, em relação a aplicabilidade da lei 9099/95 e seus institutos, 
mencionaremos melhor no próximo bloco quando tratamos do comentário ao artigo 291, deixarei 
apenas de forma resumida tal conceito a fim de sanar qualquer dúvida surgida, segue abaixo ainda 
uma consideração em relação a contradição da dosimetria da pena entre a lesão com dolo prevista no 
CP e a lesão corporal culposa no CTB: 
 Aspecto criticado e polêmico da incriminação da lesão corporal culposa de trânsito é acerca da 
dosimetria de sua pena in abstracto porque ela acaba ultrapassando a pena da lesão corporal simples 
praticada com dolo prevista no Código Penal. Logo, poderíamos ter a incongruência de que o 
condutor afirme ter praticado a lesão "dolosamente" apenas para submeter a uma pena mais branda. 
A redação do tipo também deixa a desejar, valendo os comentários que fizemos a respeito do crime 
de homicídio. 
 Por fim, a Lei n.º 11.705 modificou o conceito de infração de menor potencial ofensivo, hipótese 
que abarcou o crime do art. 303. Porém com aumentativo, este crime agora tem a previsão de três 
institutos de competência do Juizado Especial Criminal, salvo quando: 
 I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; 
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou 
demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade 
competente; 
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta 
quilômetros por hora). 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 12 
 
 Sob essas circunstâncias o crime de lesão corporal na direção de veículo automotor passa agora a 
ser excluído quase que em toda a sua totalidade dos institutos benéficos da lei 9099/95, excetuando-se 
a suspensão condicional do processo que leva em consideração o tempo mínimo da pena que será de 
seis meses, logo como esse instituto abrange todos aqueles crimes em que a pena mínima não 
ultrapassa um ano, então há a previsibilidade de tal norma da lei de menor potencial ofensivo. 
Aplicação da lei 9099/95 (menor potencial ofensivo) aos crimes de trânsito 
 Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as 
normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, 
bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. 
 § 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 
9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 
11.705, de 2008) 
 I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine 
dependência; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) 
 II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou 
demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade 
competente; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) 
 III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta 
quilômetros por hora). (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) 
 § 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a 
investigação da infração penal. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) 
 Na seara penal a nova legislação promoveu mudanças importantes. Nas disposições gerais dos 
crimes de trânsito foi mantida a redação do “caput” do artigo 291, CTB, que trata da aplicação das 
normas gerais do Código Penal, do Código de Processo Penal e da Lei 9099/95, naquilo que não for 
disposto de modo diverso. Entretanto, o antigo Parágrafo Único desse artigo foi dividido em dois 
novos parágrafos, de maneira a modificar sensivelmente as regras de aplicação de institutos da Lei 
9099/95 aos crimes de trânsito e, consequentemente, os instrumentos processuais de investigação. 
 Alguns crimes de trânsito, por força do “caput” do artigo 291, CTB, já ensejavam plena 
aplicabilidade das regras da Lei 9099/95, tendo em vista a quantidade máxima de pena cominada “in 
abstrato” nos preceitos secundários dos tipos penais, que não ultrapassa dois anos (art. 61, da Lei 
9099/95). Este é o caso dos crimes previstos nos artigos 303, “caput”; 304; 305; 307; 309; 310; 311 e 
312 do CTB. 
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 Página 13 
 
 Em virtude de ultrapassarem a quantidade máxima de pena em abstrato de dois anos, ficaram 
excluídos da aplicabilidade dos dispositivos da Lei 9099/95 os crimes de homicídio culposo do 
trânsito (art. 302, “caput” e também seu Parágrafo Único, CTB); lesão corporal culposa do trânsito 
com aumento de pena (art. 303, Parágrafo Único, CTB) e embriaguez ao volante (art. 306, CTB) e 
atualmente o crime de “racha” após advento da lei 12971/14. 
 No entanto, de acordo com a redação original do Parágrafo Único, do artigo 291, CTB, permitia-se 
a aplicação dos artigos 74, 76 e 88, da Lei 9099/95, aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa 
(art. 303 e também seu Parágrafo Único, CTB); participação em competição não autorizada (“racha” 
– art. 308, CTB) e embriaguez ao volante (art. 306, CTB), incondicionalmente e independentemente 
do máximo da pena cominada. 
 Contudo este artigo sofreu alterações ao longo do tempo alterando assim a aplicação da lei 9099/95 
aos crimes de trânsito. Para entendermos melhor este artigo é de suma importância o estudo 
histórico das leis que alteraram o CTB e a própria 9099/95. 
 Nesse parágrafo faremos essa análise da mudança da abrangência dos crimes na lei de menor 
potencial ofensivo: Sabemos que a lei 9099 quando surgiu em 1995 abrangia somente os crimes cuja 
pena máxima em abstrato alcançava no máximo um ano, prazo esse que foi aumentado para dois 
anos após advento da lei 10259/01 e com a 11313/06 passa a abranger ainda as contravenções penais. 
 Já as mudanças no CTB também não ficaram para trás. No CTB tivemos diversas alterações que 
atinge essa aplicação, principalmente com o advento da lei 11705/08, que retira de forma expressa do 
rol do artigo 291 a possibilidade da aplicação dos benesses dos artigos 74, 76 e 88 da lei 9099/95 ao 
crime previsto no artigo 306 e 308. Já a lei 12971/14 como altera o tempo máximo da pena em 
abstrato do artigo 308 de dois para três anos impossibilitando assim a aplicação dos institutos 
beneficiadoresda lei 9099/95, que alcançava a pena máxima em abstrato. 
 Em relação ao crime de embriaguez ao volante Concluímos que após advento da lei 11705/08 não 
se pode cogitar de apuração de embriaguez ao volante por intermédio de Termo Circunstanciado, 
aplicação de composição civil de danos e transação penal em audiência preliminar do Jecrim, e nem 
de aplicação do procedimento sumaríssimo da Lei 9099/95 (artigos 77 e seguintes). Também em 
casos de flagrância nada impede a lavratura do respectivo Auto de Prisão em Flagrante, sendo 
possível arbitramento de fiança pela Autoridade Policial, já que não houve alteração da pena 
detentiva (art. 322, CPP). 
 Registre-se também que no caso do artigo 291, § 1º, I, CTB, o crime de embriaguez ao volante 
era absorvido, eis que já previsto como causa de aumento de pena (art. 303, Parágrafo Único c/c 
Parágrafo Único, inciso V, do art. 302, CTB). Agora, porém revogada a causa de aumento de pena da 
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embriaguez pelo artigo 9º da Lei 11.705/08, por se tratar de um crime atualmente de perigo abstrato 
fica claro que antes do crime de dano já estará configurado o crime de embriaguez sendo, portanto, 
crimes autônomos, independentes, sendo elementares distintos respondendo, então, o condutor 
embriagado que por acaso vier a cometer na direção de veículo automotor uma lesão corporal ou um 
homicídio culposo, responderá pelo concurso material dos crimes respectivos cometidos. 
 Na atual conformação a extensão dos institutos dos artigos 74, 76 e 88, da Lei 9099/95 só se opera 
para o crime de lesões corporais culposas com aumentativo (art. 303, Parágrafo Único), já que na 
forma simples este crime é alcançado em sua totalidade. Mas, é preciso ter cuidado: 
I. Quando houver lesão corporal culposa simples (art. 303, “caput”, CTB), não se tratará de extensão apenas 
de certos institutos da Lei 9099/95, por força do § 1º do artigo 291, pois este crime na forma simples 
alcança no máximo 2 anos, então se tratando de um crime que por natureza é de menor potencial ofensivo. 
Assim sendo, é abrangida pela Lei 9099/95 em sua totalidade. Então, para a lesão culposa simples são 
aplicáveis inclusive as disposições que substituem a Prisão em Flagrante e o Inquérito Policial pelo Termo 
Circunstanciado, além dos dispositivos dos artigos 74, 76 e 88 e do procedimento sumaríssimo dos 
Juizados Especiais Criminais. 
 
II.Por outro lado, em se tratando de lesão corporal culposa com aumento de pena (art. 303, Parágrafo Único, 
CTB), tem aplicação a norma extensiva do artigo 291, § 1º, CTB. Isso considerando que havendo aumento 
de pena fatalmente o patamar máximo de 2 anos será superado, podendo alcançar até 3 anos, e, em tese, a 
lesão culposa deixaria de ser abrangida pelos institutos da Lei 9099/95. Porém como existe esta brecha do 
artigo 291, § 1º, a lesão corporal culposa com aumentativo em regra será alcançada por algumas benesses 
da lei de menor potencial ofensivo, que são os artigos 74, 76 e 88 da referida lei. 
 
III. Só a fim de fazer um pequeno comentário em relação à previsibilidade do artigo 88, da lei 9099/95, que 
trata da ação penal, não nos parece necessária a menção legal. Constitui um excesso de zelo pelo legislador, 
o qual acaba sendo bem vindo, pois evita possíveis polêmicas. Como já há a previsão nas “disposições 
finais” da lei 9099/95, em relação à ação relativa às lesões corporais culposas, assim como também as 
dolosas leves serem de caráter pública condicionada à representação, logo se tornou óbvio que em qualquer 
diploma que não traga de maneira diversa este crime seja visto por este prisma sendo, portanto, mais uma 
redundância, porém esta de certa forma até útil. Na verdade, na verdade o que seria necessário, acaso o 
legislador quisesse afastar a necessidade de representação nesse caso de lesão culposa ou em qualquer 
outro, seria a expressa disposição em contrário ao regrado pelo artigo 88 da Lei 9099/95. Por exemplo, se 
fosse criada uma lesão culposa especial em um novo diploma legal, tivesse ela a pena que fosse, no silêncio 
do legislador, a ação penal seria pública condicionada a representação por força do artigo 88 da Lei 
9099/95, norma de caráter geral, que faz referência genérica a “lesões culposas” e não a “lesões culposas 
deste ou daquele artigo ou lei específicos”. 
 
IV.A partir de agora não basta que o caso seja de lesões culposas no trânsito com aumento de pena para que 
se amplie a aplicação dos institutos da Lei 9099/95 ali arrolados. É preciso doravante que o autor do crime 
não o tenha cometido: 
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i. Sob influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; 
ii. Participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou 
demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade 
competente; 
iii. Transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h. 
 
V.Caso haja cometimento do crime de lesão corporal culposa com aumentativo em um desses casos 
supramencionados não se aplica nenhuma benesse da lei 9099/95, exceto como já comentado a suspensão 
condicional do processo, que encontramos, tendo em vista o tempo mínimo da pena não ultrapassar 1 
ano. 
Concluindo, portanto, tudo ora comentado de forma simplória: 
 Quando o crime de lesão corporal for simples, é alcançado pela lei 9099/95 por todas as suas benesses 
tendo em vista a pena máxima atribuída a este crime. 
 
 Quando o crime de lesão corporal culposa tiver aumentativo os quais mencionaremos futuramente 
(contidos no parágrafo único do artigo 302), apesar da pena máxima nesses casos ultrapassar dois 
anos, o que em regra não se aplicaria a lei 9099/95. Através da norma extensiva do artigo 291 se 
aplicará alguns institutos da lei de menor potencial ofensivo que são os artigos 74, 76 e 88. 
 Porém quando o crime de lesão corporal culposa com aumentativo for cometido quando estiver 
praticando racha, alcoolizado ou com velocidade acima da máxima em 50 Km/h não se aplica as 
benesses previstas na norma de extensão do artigo 291. 
 Neste tópico vale comentar acerca do disposto no inciso III, do § 1º, do artigo 291, CTB. A 
grande questão nesses episódios será a aferição da velocidade imprimida ao veículo nos casos 
concretos, o que dependerá muito de apurada prova pericial e da disponibilidade de aparelhagens 
adequadas, sendo também aceita a prova testemunhal. Também aqui se vislumbra a possibilidade 
de cometimento de crime autônomo, como, por exemplo, o artigo 311, CTB (velocidade 
inadequada em certos lugares). Novamente e pela mesma razão antes expendida com relação ao 
primeiro caso supramencionado, esse crime será absorvido pelas lesões corporais culposas, já que 
é um crime de perigo concreto. 
 A fim de concretizar minha posição tomada acima, vemos que a intenção do legislador ao criar 
as figuras típicas denominadas crimes de perigo foi evitar que o dano ocorresse. Ocorrendo o 
dano não há mais de se punir a conduta perigosa, mas somente a danosa. Como ratifica 
Guilherme de Souza Nucci: “Os crimes previstos nos artigos 304 a 311 da lei 9.503/97 são de 
perigo, razão pela qual, havendo dano,devem ser por este absorvidos. Não há sentido em se punir 
o perigo, quando o dano consumou-se. Se o agente dirige sem habilitação de maneira a colocar 
em risco a incolumidade pública e a segurança viária, deve ser punido por crime de perigo. No 
entanto, se assim agindo, acaba atropelando e matando alguém, por exemplo, atingiu-se o que se 
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pretendia evitar, ou seja, a perda da vida. O homicídio culposo absorve a direção sem a devida 
habilitação. Nessa ótica: STF: “O crime de lesão corporal culposa,cometido na direção na direção 
de veículo automotor (CTB, art. 303), por motorista desprovido de permissão ou de habilitação 
para dirigir, absorve o delito de falta de habilitação ou permissão tipificado no art. 309 do Código 
de trânsito Brasileiro” (HC 80.303 – MG – 2º T – Rel. Celso de Mello – 26.09.2000 – v.u. – DJ 
10.11.2000, p. 81). 
 Para finalizar é de extrema importância alguns posicionamentos e julgamentos dos tribunais, que 
entendem como dolo eventual quando um condutor embriagado ou praticando racha em alta 
velocidade e em decorrência a isto comete um homicídio na direção de um veículo automotor, logo 
este responderá, não mais pelo CTB e sim pelo Código Penal (artigo 121), como aduz o TJAC: 
“Age com dolo eventual o agente que, após ingerir bebida alcoólica, imprime velocidade 
incompatível com o local, apesar dos reclamos de ocupantes do veículo que chamaram sua atenção 
para o iminente risco de acidente, provocando a morte de duas pessoas e ferimento em outras 
quatro”. 
 
 
 
 
 
Tabela de abrangência da lei 9099/95 aos crimes de trânsito 
 
Artigo Crimes Penas Abrangência da lei 
9099/95 
Ação penal
302 
Praticar homicídio culposo na 
direção de veículo automotor 
detenção, de dois a 
quatro anos, e 
suspensão ou 
proibição de se 
obter a permissão 
ou a habilitação 
para dirigir veículo 
automotor.
Não 
Pública 
Incondicionada 
303 
Praticar lesão corporal 
culposa na direção de veículo 
automotor 
detenção, de seis 
meses a dois anos 
e suspensão ou 
proibição de se 
obter a permissão 
ou a habilitação 
Em regra sim. 
Pública 
condicionada a 
representação 
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para dirigir veículo 
automotor
Lesão corporal 
culposa com 
aumentativo – pena 
pode chegar até 3 
anos 
Apesar de ultrapassar a 
pena máx. em abstrato 
prevista para crimes de 
menor potencial 
ofensivo, com fulcro no 
art. 291, § 1°, CTB, 
estende-se a este crime as 
benesses previstas nos 
art. 74, 76 e 88 da lei 
9099/95. 
Pública 
condicionada a 
representação 
Lesão corporal 
culposa diante das 
3 circunstâncias 
previstas nos inc. I, 
II e III, art. 291, 
CTB. 
Diante dessa hipótese 
não se estende nenhum 
benefício da lei 9099/95. 
Salvo a previsão do art. 
89. 
Pública 
Incondicionada 
304, 
305, 
307, 
309, 
310, 
311, 
312 
Diversos 
detenção, de seis 
meses a um ano, ou 
multa 
Sim 
Pública 
Incondicionada 
306 
Conduzir veículo automotor 
com capacidade psicomotora 
alterada em razão da 
influência de álcool ou de 
outra substância psicoativa 
que determine dependência 
detenção, de seis 
meses a três anos, 
multa e suspensão 
ou proibição de se 
obter a permissão 
ou a habilitação 
para dirigir veículo 
automotor.
Não 
Pública 
Incondicionada 
308 
Participar, na direção de 
veículo automotor, em via 
pública, de corrida, disputa 
ou competição 
automobilística não 
autorizada pela autoridade 
competente, gerando 
situação de risco à 
incolumidade pública ou 
privada: (Redação 
dada pela Lei nº 12.971, de 
2014) 
detenção, de 6 
(seis) meses a 3 
(três) anos, multa e 
suspensão ou 
proibição de se 
obter a permissão 
ou a habilitação 
para dirigir veículo 
automotor. 
Não 
Pública 
Incondicionada 
 
Omissão de Socorro 
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 Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à 
vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da 
autoridade pública: 
 
 Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime 
mais grave. 
 
 Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua 
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com 
ferimentos leves. 
 
De pouquíssima aplicação prática, este artigo acabou caindo em desuso. Isso porque seu 
enunciado típico agrava a pena de homicídio culposo bem como da lesão corporal culposa, não se 
podendo imaginar nenhuma possibilidade de bis in idem. A única hipótese possível de aplicação 
desse crime autônomo é a de um motorista – sem qualquer culpa – atropelar alguém e omitir-se a 
prestar socorro. 
 Vejamos a diferença entre as possíveis omissões de socorro, tanto no CTB, quanto no CP: 
 
I. Condutor não envolvido no acidente, que se omite – Devemos entender como 
condutor não envolvido aquele que está passando pelo local. Imagine que este 
condutor presencie uma cena onde uma pessoa precisasse de socorro, e este se 
omitisse. Será que responderia com fulcro no artigo 304 do CTB? Evidente que não, 
porque o artigo 304 requer condutor envolvido; o condutor responderia com base 
no artigo 135 do código penal. 
 
II. Condutor envolvido, causador do acidente, culposamente, que se omite – Note que 
este condutor praticou, antes da omissão de socorro, um homicídio culposo ou uma 
lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. Pelo exposto, a omissão de 
socorro configura, apenas, uma circunstância aumentativa de pena do delito, não 
subsistindo como crime autônomo. Enfim, na situação exposta o crime cometido ou 
é o 302 ou o 303 do CTB, com aumentativo de pena. 
 
III. Condutor envolvido, não considerado culpado pelo acidente, que se omite – apenas 
nesta situação é que se aplica o artigo 304 do CTB. 
 
Finalmente, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com 
morte instantânea ou com ferimentos leves, incide a aplicação do artigo 304 do CTB. 
 
 
Hipóteses de excludentes 
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Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se 
imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. 
 No caso de prestação de socorro cabal e integral nos crimes de trânsito, claro excluindo os 
casos em que o condutor envolvido não tenha condições físicas ou psíquicas, de prestar imediato 
socorro, ou então, quando sua segurança própria esteja sendo ameaçada, por exemplo, nos casos de 
linchamento, ou ainda quando o seu próprio veículo não tenha condições de prestar socorro. 
Consideradas as exclusões citadas caso haja prestação de socorro não se imporá prisão em flagrante 
bem como não será exigida fiança. 
 
Infrações relacionadas à omissão de socorro 
Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima: 
 
I - de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo; 
II - de adotar providências, podendo fazê-lo, no sentido de evitar perigo para o trânsito no local; 
III - de preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia e da perícia; 
IV - de adotar providências para remover o veículo do local, quando determinadas por policial ou 
agente da autoridade de trânsito; 
V - de identificar-se ao policial e de lhe prestar informações necessárias à confecção do boletim de 
ocorrência: 
 
Infração - gravíssima; 
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir; 
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação. 
 
Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à vítima de acidente de trânsito quando solicitado 
pela autoridade e seus agentes: 
 
Infração - grave; 
Penalidade - multa. 
 
Art. 178. Deixar o condutor, envolvido em acidente sem vítima, de adotar providências para 
remover o veículo do local, quando necessária tal medida para assegurar a segurança e a fluidez do 
trânsito: 
 
Infração - média; 
Penalidade - multa. 
 
Fuga do local (art. 305) 
 
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 Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal 
ou civil que lhe possa ser atribuída: 
 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
Ao tentar punir criminalmente alguém somente pelo fato de não fazer prova contra si mesmo, o 
artigo 305 é de flagrante inconstitucionalidade. O dispositivo também viola frontalmente o art. 8.º, II, 
g, do Pacto de São José: ninguém tem o dever de auto-incriminar-se. Além disso, há outro aspecto a 
ser considerado. A obrigação de sujeitar-se ao processo (penal ou civil) é puramente moral. Dessa 
forma, poderia o legislador transformar em crime uma obrigação moral? Até o momento, o 
dispositivo foi de pouquíssima aplicação prática, caindo em absoluto desuso em função das 
controvérsias que suscitou. Porém apesar de toda celeuma jurídica nossos tribunais pátrios entendem 
que esse dispositivo não viola este princípio. 
 Apesar de toda a discussão em relação a inconstitucionalidade ou não do artigo em comento, como 
vimos, comentá-lo-ei visando apenas a forma de aplicabilidade do mesmo, vejamos: É comum o 
artigo supracitado ser confundido com o artigo 304, omissão de socorro, porém é bem simplório 
desmistificar esta confusão, o artigo 305 poderá ser aplicado de forma autônoma sim, por exemplo, 
quando um condutor envolvido em um acidente com vítima preste socorro deixando a vítima no 
hospital, porém ao chegar no local evade-se sem identificar-se para fugir da responsabilidade penal. 
 E ainda nos casos de não haver vitima e o condutor evadir-se para fugir da responsabilidade civil 
também caíra no crime autônomo do artigo 305. 
 O crime em apreço não será compatível com o crime previsto no artigo 304. 
Embriaguez ao volante – Estudo a parte penal e administrativa. 
 
Parte penal 
 Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da 
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação 
dada pela Lei nº 12.760, de 2012) 
 
 Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 
2012) 
 
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior 
a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) 
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 Página 21 
 
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade 
psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) 
 
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou 
toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito 
admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 
2014) (Vigência) 
 
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos 
para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 
12.971, de 2014) (Vigência) 
 
Parte administrativa 
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que 
determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) 
 
 Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) 
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses. (Redação 
dada pela Lei nº 12.760, de 2012) 
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, 
observado o disposto no § 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de 
Trânsito Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) 
 
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período 
de até 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) 
 
Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o 
condutor às penalidades previstas no art. 165. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) 
 
Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens de tolerância quando a infração for apurada 
por meio de aparelho de medição, observada a legislação metrológica. (Redação dada pela Lei 
nº 12.760, de 2012) 
 
Recusa Administrativa 
 
Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de 
fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento 
que, por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar 
influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência. (Redação 
dada pela Lei nº 12.760, de 2012) 
 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 22 
 
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) 
 
§ 2o A infração prevista no art. 165 também poderá ser caracterizada mediante imagem, vídeo, 
constatação de sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade 
psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito admitidas. (Redação dada 
pela Lei nº 12.760, de 2012) 
 
§ 3o Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165 deste 
Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput 
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) 
 
“Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que 
permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa, na forma estabelecida pelo 
art. 277 (redação dada pela lei 13281/16, entrará em vigor em 4 de novembro de 2016). 
 
Infração - gravíssima; 
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses; 
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, 
observado o disposto no § 4º do art. 270. 
 
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período 
de até 12 (doze) meses.” 
 
 
 
 O crime de embriaguez trata-se, atualmente, de um crime de perigo abstrato, tendo em vista 
que o legislador retirou do texto a necessidade de gerar perigo de dano, bastando, atualmente, para 
configuração do crime apenas a ingestão de álcool e futura constatação através de meios legais ou até 
mesmo por prova testemunhal do agente da autoridade de trânsito, como vamos comentar mais 
adiante. 
 
 É importante perceber que a questão do motorista sob efeito de álcool tem distinto 
tratamento no âmbito administrativo e no penal. Na seara administrativa o legislador é mais 
rigoroso. Impõe a “tolerância zero” (descontando a margem de erro admitido pelo legislador), 
dispondo que qualquer concentração de álcool enseja a infração ao artigo 165, CTB pelo motorista 
(vide art. 276, CTB e art. 1º do Decreto 6488/08). 
 Já no campo penal somente configura crime a conduta daquele que dirige sob efeito de álcool, mas 
com a concentração de 6 dg/l de sangue ou mais (equivalente a 0,3 mg/l ar alveolar expelido pelos 
pulmões). 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 23 
 
 É notório o conhecimento de que ninguém pode ser compelido a produzir prova contra si mesmo. 
Assim sendo, os exames e testes sobreditos só serão realizados se o suspeito decidir livremente 
colaborar. Então, caso o condutor se recuse a realizar o exame oferecido pelo agente da autoridade de 
trânsito será lavrado auto de infração de trânsitoproveniente da recusa (atualmente baseado no § 3° 
do artigo 277, do CTB) devido a diversos questionamentos jurídicos em relação à equiparação da 
recusa a uma infração administrativa que não está prevista geograficamente no rol de infrações de 
trânsito (capítulo XV) o legislador retificou tal dispositivo com o advento da lei 13281/16 criando um 
instituto próprio para o condutor que se recusa a realizar o exame (“artigo 165 – A”, transcrito 
acima). 
Não podia deixar fazer alguns comentários inerentes a este capítulo muito combalido na sociedade 
em nosso cotidiano, atualmente, com o advento da lei 12971/14 resolveu-se uma celeuma que os 
agentes da autoridade de trânsito enfrentavam. Os condutores que se negavam a realizar o exame, 
por maior sinal de embriaguez que apresentassem, o máximo que o agente poderia fazer era a 
lavratura do AIT e seus consectários (aplicação das medidas administrativas), o que tornava quase 
um crime sem aplicabilidade (inócuo). Porém, com a lei supramencionada houve a previsão (§ 2° do 
artigo 306) de mesmo na recusa do condutor que se apresenta embriagado ser dado à ordem de 
prisão em flagrante por meio de prova testemunhal do próprio agente, além de ainda prever outros 
meios (vale instar que não há hierarquia entre as provas e deve-se dar o direito a contraprova). 
Alterações feitas pela lei 12971/14 
 
A alteração quanto a este crime foi muito singela e teve por objetivo corrigir a omissão do art. 306, § 
2º que não previa expressamente a possibilidade de ser feito exame toxicológico no condutor do 
veículo. 
 
Desse modo, se houvesse suspeita de a pessoa estar dirigindo sob efeito de álcool, o dispositivo dizia 
ser possível a realização de teste de alcoolemia. No entanto, por um descuido do legislador, se 
existissem indícios de o condutor ter consumido alguma droga ilícita (cocaína, maconha, êxtase etc.), 
não havia previsão de lhe ser aplicado o teste toxicológico. 
 
REDAÇÃO COM A NOVA LEI REDAÇÃO ANTERIOR 
Art. 306. Conduzir veículo automotor 
com capacidade psicomotora alterada em 
razão da influência de álcool ou de outra 
substância psicoativa que determine 
dependência: Penas - detenção, 
de seis meses a três anos, multa e 
Art. 306. Conduzir veículo automotor 
com capacidade psicomotora alterada em 
razão da influência de álcool ou de outra 
substância psicoativa que determine 
dependência: Penas - detenção, 
de seis meses a três anos, multa e 
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suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir 
veículo automotor. 
suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir 
veículo automotor. 
§ 2º A verificação do disposto neste artigo 
poderá ser obtida mediante teste de 
alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, 
perícia, vídeo, prova testemunhal ou 
outros meios de prova em direito 
admitidos, observado o direito à 
contraprova. 
§ 2º A verificação do disposto neste artigo 
poderá ser obtida mediante teste de 
alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, 
prova testemunhal ou outros meios de 
prova em direito admitidos, observado o 
direito à contraprova. 
§ 3º O Contran disporá sobre a 
equivalência entre os distintos testes de 
alcoolemia ou toxicológicospara efeito de 
caracterização do crime tipificado neste 
artigo. 
§ 3º O Contran disporá sobre a 
equivalência entre os distintos testes de 
alcoolemia para efeito de caracterização do 
crime tipificado neste artigo. 
 
Resumo 
 
 
Fiscalização 
(oferecimento de 
teste de embriaguez)
Realização do teste 
(consideremos que 
todos exames foram 
feitos por meio do 
etilômetro).
Se na realização do exame 
constatar (valor considerado)  um 
resultado maior ou igual a 0,01 
mg/l de ar  até 0,30 mg/l de ar 
(excluindo esse valor) ‐ haverá 
caracterização da infração 
administrativa somente.
Se o resultado obtido for maior 
ou igual a 0,30 mg/l de ar além 
da infração administrativa 
haverá ainda a configuração do 
tipo penal previsto no artigo 306 
do CTB.
Recusa
(Obs: Não há uma
hierarquia entre os
testes e nem obrigação
de oferecimento de
determinado exame*
basta que haja recusa
de algum para
configurar a infração
por recusa)
Atualmente, com o advento da 
lei 13281/16 temos a criação da 
infração administrativa própria 
para recusa prevista no artigo 
165‐A do CTB, além de  caso 
haja sinais notórios de 
embriaguez,a caracterização 
também da figura penal do 
artigo 306, além da infração de 
trânsito.
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 25 
 
  
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 26 
 
Exames previstos na legislação vigente: 
 
Art. 3º A confirmação da alteração da capacidade psicomotora em razão da influência de álcool ou 
de outra substância psicoativa que determine dependência dar-se-á por meio de, pelo menos, um 
dos seguintes procedimentos a serem realizados no condutor de veículo automotor: 
 
I – exame de sangue; 
II – exames realizados por laboratórios especializados, indicados pelo órgão ou entidade de trânsito 
competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de consumo de outras substâncias psicoativas que 
determinem dependência; 
III – teste em aparelho destinado à medição do teor alcoólico no ar alveolar (etilômetro); 
IV – verificação dos sinais que indiquem a alteração da capacidade psicomotora do condutor. 
 
§ 1º Além do disposto nos incisos deste artigo, também poderão ser utilizados prova testemunhal, 
imagem, vídeo ou qualquer outro meio de prova em direito admitido. 
 
§ 2º Nos procedimentos de fiscalização deve-se priorizar a utilização do teste com etilômetro. 
 
§ 3° Se o condutor apresentar sinais de alteração da capacidade psicomotora na forma do art. 5º ou 
haja comprovação dessa situação por meio do teste de etilômetro e houver encaminhamento do 
condutor para a realização do exame de sangue ou exame clínico, não será necessário aguardar o 
resultado desses exames para fins de autuação administrativa. 
 
Suspensão Judicial do Direito de Dirigir 
	
 Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir 
veículo automotor imposta com fundamento neste Código: 
 
 Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico 
prazo de suspensão ou de proibição. 
 
 Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo 
estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. 
 
 Na verdade este artigo traz contradições entre os diversos autores ligados a área de trânsito, 
uns consideram que a suspensão punível com o crime previsto acima será tanto de caráter 
administrativo como também de caráter judicial, porém terei de discordar dessa posição e trarei os 
aspectos pelos quais discordo. 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 27 
 
 Primeiro que o CTB é bem claro em prever que quando um condutor sob penalidade de 
suspensão administrativa do direito de dirigir conduzir qualquer veículo será cassado, uma vez que 
essa penalidade é a perda do direito de dirigir. 
 Ainda me apoio sob o artigo 309, que declara como crime o condutor não habilitado ou com 
o direito de dirigir cassado, não fazendo referência ao condutor que dirige suspenso e este crime só 
será punido quando gerar perigo de dano, ou seja, um crime de perigo concreto. Logo seria no 
mínimo ilógico tratar como um crime de perigo abstrato dirigir suspenso administrativamente é 
obvio que se houvesse uma escala nas penalidades do CTB a cassação é pior que a suspensão, então 
fica claro dentro de reservas do próprio CTB que é incoerente punir sob pena de delito um condutor 
que dirigir suspensoadministrativamente punindo apenas com a cassação como prevê o próprio 
artigo 263, I. 
 Sanado então, a possível contradição existente no delito supracitado, vejamos, portanto, o 
tipo objetivo do crime acima: 
O condutor que dirige sob a pena de suspensão do direito de dirigir imposta judicialmente, que 
pode ser imposta isoladamente através dos crimes previstos no artigo 302, 303, 306, 308 ou ainda 
quando reincidente na pratica de qualquer crime de trânsito com fulcro no artigo 296, que inclusive 
foi alterado pela lei 11.705 ou ainda de maneira cautelar quando afetar a sociedade de maneira brutal 
com base no artigo 294. 
E para finalizar será punido aquele que deixa de entregar no prazo de 48 horas o documento de 
habilitação após transito em julgado em sentença penal condenatória, ou seja, crime só punido após 
intimação como previsto na súmula 710 do STF: “No processo penal, contam-se os prazos da data da 
intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem. 
 
 
 
Hipóteses de suspensão Judicial: 
 
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo 
automotor pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras penalidades. (Redação dada 
pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 
 Percebemos que a lei 12971/14 modifica a redação original retirando de forma expressa a 
possibilidade da suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir 
veículo automotor poder ser imposta de forma principal 
 Vale instar ainda que em relação a este artigo é importante, você, caro leitor, entender que 
esta suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor é 
de caráter judicial, imposta por transgressão a seara penal, aplicada pela autoridade judiciária, 
quando: 
 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 28 
 
 Aplicada de forma isolada, quando, o condutor transgredir os artigos 302, 303, 306, 307 
que terá nova imposição, em igual período e 308. 
 Quando reincidente na pratica de delito de trânsito: 
 
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a 
penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo 
das demais sanções penais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) 
 
 De forma cautelar pela autoridade judiciária, a requerimento do Ministério Público ou 
ainda mediante representação da autoridade policial para garantir a ordem pública, 
vejamos abaixo: 
 
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia 
da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério 
Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a 
suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua 
obtenção. 
 
 Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que 
indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito 
suspensivo. 
 
Duração da penalidade judicial de suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação e o prazo para consumação da entrega 
 
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para 
dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos. 
 
 § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à 
autoridade judiciária, em quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de 
Habilitação. 
 § 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para 
dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, 
estiver recolhido a estabelecimento prisional. 
 
 Este artigo estabelece o prazo de fixação da penalidade de suspensão ou de proibição de se 
obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, que terá a duração de dois meses a 
cinco anos. 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 29 
 
 O § 1º traz o prazo de entrega da permissão ou da CNH após o transito em julgado, o qual a 
não entrega no prazo estabelecido incide no crime previsto do artigo 307, no qual comentaremos 
mais adiante. 
 O § 2º nos mostra que diferentemente da suspensão de caráter administrativo a suspensão 
judicial só será aplicada após cumprida a condenação penal. 
 A fim de sanarmos todas as dúvidas referentes às suspensões de caráter administrativo e a 
suspensão de caráter judicial vejamos suas principais diferenças: 
 
	 Suspensão	Administrativa	 Suspensão	Judicial	
Prazo	 De um mês a vinte e quatro meses quando reincidente  De dois meses a cinco anos 
Competência	para	
aplicação	 Autoridade de trânsito  Autoridade Judiciária 
Obrigação	de	
cumprimento	anterior	de	
condenação	penal	
Não  Sim 
Punição	pela	não	entrega	
do	documento	de	
habilitação	
Imposição da penalidade  Crime da não entrega da habilitação (art. 307 do CTB) 
Condições	para	voltar	a	
dirigir	 Curso de Reciclagem 
Submissão a novos exames e 
também um curso de 
reciclagem. 
 
 
Da participação em corridas, disputas ou competições automobilísticas. 
 
 Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou 
competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco 
à incolumidade pública ou privada: (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 30 
 
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Redação dada pela Lei nº 12.971, 
de 2014) (Vigência) 
 
§ 1° Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as 
circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, 
a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas 
previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 
§ 2° Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que 
o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de 
reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste 
artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) 
 Este crime é um crime de perigo em concreto, uma vez que é necessário a geração de perigo de 
dano (atualmente trazida pelo termo “situação de risco”) e para caracterização deste crime far-se-á 
necessário mais de um agente, ou seja, podendo ser plurissubjetivo ou bilateral, dependendo do 
número de participantes, sendo, então, um crime de concurso necessário. 
 Outro confronto existe quando mencionamos o crime previsto no artigo 34 da lei de contravenção 
penal – “Direção perigosa de veículo na via pública” - é de suma importância destacarmos que esta 
contravenção só se aplicará a vias marítimas ou aéreas, uma vez que quando tratamos dos crimes de 
trânsito em vias terrestres este dispositivo se encontra derrogado com o advento do CTB (lei 9.503), 
aplicando, portanto, os crimes específicos, já que estes existem, são eles os delitos dos artigos 306, 308 
e 311. 
 Para finalizarmos e ficar bem claro vejamos os elementos necessários para a configuração deste 
crime em comento: 
 Estar na direção de veículo automotor. 
 Local do crime: apenas em via pública; 
 Estar com aintenção de confronto, um desafio em que os participantes se empenham em vencer. Para 
efeito penal, disputar, correr e competir significam a mesma coisa, ou seja, ato ou efeito de disputar, 
competir, competir ou correr ou, em outras palavras, trata-se de uma competição em velocidade; 
 Concurso de agentes; 
 Não autorização da autoridade competente; 
 Gerar perigo de dano qualquer um dos bens jurídicos tutelados no artigo acima= crime perigo 
concreto. 
 
Alterações feitas pela 12971/14 
 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 31 
 
O art. 308 do CTB tipifica o crime de participar de corrida em via pública, sem autorização da 
autoridade competente. Trata-se da conduta mais conhecida popularmente como “racha” ou “pega”. 
 
No caput do art. 308, houve duas modificações: 
 
1ª) A expressão “desde que resulte dano potencial à incolumidade pública ou privada” foi substituída 
por “gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada”. 
 
O art. 308 do CTB é um crime de perigo. Logo, realmente é mais adequado falar em “situação de 
risco” (perigo) do que em dano potencial. 
 
Para a corrente majoritária, o art. 308 é crime de perigo concreto, de forma que, para que se 
configure, é necessária a demonstração da potencialidade lesiva (STJ 5ª Turma. REsp 585.345/PB, 
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/12/2003) (STJ 1ª Turma. HC 101.698, Rel. Min. Luiz Fux, 
julgado em 18/10/2011). A alteração legislativa, a meu ver, não altera essa conclusão. Em outras 
palavras, o “racha” continua sendo um crime de perigo concreto. 
 
Sobre esse ponto, vale mencionar que, durante o processo legislativo, o Sen. Pedro Taques ofereceu 
emenda sugerindo nova redação ao art. 308 com o intuito de deixar claro que se tratava de crime de 
perigo abstrato. No entanto, tal Emenda n.� 02-CCJ foi também rejeitada, o que se reforça a 
conclusão de que a natureza do delito persiste sendo de crime de perigo concreto até mesmo por 
opção do legislador. 
 
2ª) A pena máxima prevista passou de 2 anos para 3 anos. 
Com isso, o delito deixa de ser crime de menor potencial ofensivo. 
 
 Se o agente, com a corrida, causar LESÃO CORPORAL de natureza grave: 
 
A Lei n.° 12.971/2014 acrescenta, nos §§ 1º e 2º, duas qualificadoras ao art. 308. Esses dois novos 
parágrafos podem ser classificados como sendo crimes qualificados pelo resultado, na modalidade 
preterdolosa. A participação no racha é punido a título de dolo e o resultado agravador (lesão grave 
ou morte), como culpa. 
 
Veja o que diz o novel § 1º do art. 308: 
§ 1º Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as 
circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de 
produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo 
das outras penas previstas neste artigo. 
 
Diante dessa inserção, quando a Lei entrar em vigor, o juiz deverá analisar as seguintes 
possibilidades: 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 32 
 
 
1) Se o agente queria causar a lesão corporal (agiu com dolo direto quanto ao resultado): deverá 
responder pelo delito do art. 308, caput, do CTB em concurso formal com o art. 129, §§ 1º ou 2º, do 
CP. 
 
Ex: o condutor percebeu que seu inimigo estava assistindo ao “racha” na calçada e joga o veículo 
contra ele com a intenção de lhe causar lesões corporais. 
 
2) Se o agente assumiu o risco de causar a lesão corporal (agiu com dolo eventual quanto ao resultado): 
deverá responder pelo delito do art. 308, caput, do CTB em concurso formal com o art. 129, §§ 1º ou 
2º, do CP. 
 
Ex: o condutor percebe que há muitos expectadores próximos à pista, mas mesmo assim resolve fazer 
a curva fechada, sem se importar caso alguém seja atingido. Em seu íntimo, tanto faz se alguém for 
atropelado. 
 
3) O agente não queria nem assumiu o risco de causar a lesão corporal de natureza grave, mas apesar 
disso atuou de forma negligente, imprudente ou imperita (agiu com culpa): deverá responder pelo 
delito do art. 308, § 1º do CTB. 
 
Ex: o condutor percebe que há muitos expectadores próximos à pista, mas mesmo assim resolve fazer 
a curva fechada, confiando sinceramente nas suas habilidades e que poderia concluir a manobra sem 
atingir ninguém. 
 
 
Se o agente, com a corrida, causar MORTE: 
 
Confira agora o § 2º do art. 308: 
 
§ 2º Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem 
que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de 
liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas 
neste artigo. 
 
Quando a Lei entrar em vigor, o juiz poderá se deparar com as seguintes hipóteses: 
1) Se o agente queria causar a morte (agiu com dolo direto quanto ao resultado): deverá responder pelo 
delito do art. 308, caput, do CTB em concurso formal com o art. 121 do CP. 
Ex: o condutor percebeu que seu inimigo estava assistindo ao “racha” na calçada e joga o veículo 
contra ele. 
 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 33 
 
2) Se o agente assumiu o risco de causar a morte (agiu com dolo eventual quanto ao resultado): deverá 
responder pelo delito do art. 308, caput, do CTB em concurso formal com o art. 121 do CP. 
Ex: o condutor percebe que há muitos expectadores próximos à pista, mesmo assim resolve fazer a 
curva fechada, sem se importar caso alguém seja atingido. Em seu íntimo, tanto faz se alguém for 
atropelado. 
 
3) Se o agente não queria nem assumiu o risco de causar a morte, mas apesar disso atuou de forma 
negligente, imprudente ou imperita (agiu com culpa CONSCIENTE): deverá responder pelo delito do 
art. 308, § 2º do CTB (ou pelo art. 302, § 2º, a depender da interpretação que seja dada pelos 
Tribunais). 
Ex: o condutor percebe que há muitos expectadores próximos à pista, mas mesmo assim resolve fazer 
a curva fechada, confiando sinceramente nas suas habilidades e que poderia concluir a manobra sem 
atingir ninguém. 
 
Vale instar que o STF tem o entendimento prevalente de que o condutor que participa de “racha” em 
via movimentada e causa a morte de um pedestre age com dolo eventual. Logo, ele responde por 
homicídio doloso (art. 121, caput, do CP, cuja pena varia de 6 a 20 anos). Veja um precedente nesse 
sentido: 
(...) O art. 308 do CTB é crime doloso de perigo concreto que, se concretizado em lesão corporal ou 
homicídio, progride para os crimes dos artigos 129 ou 121, em sua forma dolosa, porquanto seria um 
contra-senso transmudar um delito doloso em culposo, em razão do advento de um resultado mais 
grave. Doutrina de José Marcos Marrone (Delitos de Trânsito Brasileiro: Lei n. 9.503/97. São Paulo: 
Atlas, 1998, p. 76). 
19. É cediço na Corte que, em se tratando de homicídio praticado na direção de veículo automotor 
em decorrência do chamado “racha”, a conduta configura homicídio doloso. Precedentes: HC 
91159/MG, rel. Min. Ellen Gracie, 2ª Turma, DJ de 24/10/2008; HC 71800/RS, rel. Min. Celso de 
Mello, 1ªTurma, DJ de 3/5/1996. 
20. A conclusão externada nas instâncias originárias no sentido de que o paciente participava de 
“pega” ou “racha”, empregando alta velocidade, momento em que veio a colher a vítima em 
motocicleta, impõe reconhecer a presença do elemento volitivo, vale dizer, do dolo eventual no caso 
concreto. (...) 
STF. 1ª Turma. HC 101698, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/10/2011. 
 
 
 
 
 
Compare as redações: 
 
REDAÇÃO COM A NOVA LEI REDAÇÃO ANTERIOR 
 Crimes de Trânsito – Ronaldo Bandeira 
 
 Página 34 
 
Art. 308. Participar, na direção de veículo 
automotor, em via pública, de corrida, 
disputa ou competição automobilística não 
autorizada pela autoridade 
competente, gerando situação de risco à 
incolumidade pública ou privada:

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