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Microsoft Word TCC Transformação Societaria da Sociedade Anonima

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO 
 
Eduardo Henrique Garrido Trindade Carvalho 
 
R.A. 003200500122 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSFORMAÇÃO SOCIETÁRIA DA 
SOCIEDADE ANÔNIMA 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2009 
 
 
 
UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO 
 
Eduardo Henrique Garrido Trindade Carvalho 
 
R.A. 003200500122 
 
 
 
 
TRANSFORMAÇÃO SOCIETÁRIA DA 
SOCIEDADE ANÔNIMA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado á Coordenação do Curso de 
Direito da Universidade São Francisco, 
como requisito parcial para a obtenção do 
Título de Bacharel em Direito, orientado 
pelo Professor Alessandro Rodrigo 
Urbano Sanchez 
 
 
 
São Paulo 
2009 
 
 
 
 
 
C322t Garrido Trindade Carvalho, Eduardo Henrique 
Transformação Societária das Sociedades Anônimas/ 
Eduardo Henrique G.T. Carvalho. – São Paulo: USF, 2009. 
77 p. 
 
Monografia do Curso de Direito – Universidade São 
Francisco, 2009 
Orientador : Alessandro Rodrigo Urbano Sanchez 
 
1. Sociedades Anônima 2. Concentração de empresas 3. 
Transformação Societária 4. Incorporação, Fusão, Cisão I. 
Transformação Societária da Sociedade Anônima II. 
Sanchez, Alessandro Rodrigo Urbano. III. Universidade 
São Francisco. 
 
 
 
Eduardo Henrique Garrido Trindade Carvalho 
R.A. 003200500122 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSFORMAÇÃO SOCIETÁRIA DA 
SOCIEDADE ANÔNIMA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado em __/__/__, na Universidade São 
Francisco, pela banca Examinadora constituída pelos professores: 
 
 
 
______________________________ 
Prof. Me. Alessandro Rodrigo Urbano Sanchez 
USF 
 
_____________________________ 
Prof. Me. Luciano de Almeida Pereira 
USF 
 
______________________________ 
Prof.ª Especialista Vanessa Cristina Moretti 
USF 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha esposa 
Daniela, o melhor presente que Deus me 
deu, companheira de todas as horas, me 
apo iou e incent ivou sempre com muito 
amor e carinho nos momentos bons e 
difíceis, minha melhor amiga e eterno 
amor. Aos meus pais, Railton e Edelvira 
que me ensinaram e educaram da melhor 
forma possível, sempre est iveram ao meu 
lado , auxiliando em tudo que necessite i. 
Por fim, aos meus familiares e amigos 
que puderam compreender e apo iar este 
momento de tão grande importância em 
minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço primeiro a Deus por mais uma benção, 
por me capacitar, me dar muita saúde, força e 
determinação para que pudesse concretizar meus 
sonhos e alcançar meus objetivos, inclusive por 
mais esta nova etapa que se inicia na minha vida. 
Agradeço a minha esposa pelo apoio, dedicação, 
motivação e ajuda nas horas que mais precisei. 
Agradeço aos meus pais, pelo amor, carinho e 
afeto. Agradeço ao meu irmão Ricardo. Agradeço 
também, ao meu orientador Alessandro Rodrigo 
Urbano Sanchez pela oportunidade de discussão, 
orientação e supervisão do presente trabalho, 
sempre presente com muita atenção e dedicação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Se o Senhor não edificar a 
casa, em vão trabalham os que 
a ed ificam...” ( Salmos 127:1 ) . 
 
 
CARVALHO, Eduardo Henrique Garrido Trindade. Transformação Societária das 
Sociedades Anônimas, n.º de págs.77, Curso de Direito, USF, São Paulo, 2009. 
 
 
RESUMO 
 
 
A Transformação da Sociedade Anônima é instituto que no decorrer dos tempos, 
foi se amoldando as necessidades das sociedades. Há muito tempo a Sociedade 
Anônima já era constituída mesmo sem resoluções ou leis que a regulassem. A 
humanidade já havia desenvolvido um tipo de sociedade em que havia divisão do 
capital, nascendo mais tarde os normativos próprios que trariam com clareza as 
disposições legais desde a criação até a formação de toda estrutura e capital da 
sociedade anônima. No Brasil a sociedade anônima evolui e hoje possui regulamento 
própria determinando o modo de criação e distribuição de poderes, além de especificar a 
classificação da sociedade conforme seu objeto e capital social. 
O desenvolvimento da sociedade e a necessidade das empresas se adequarem a novas 
exigências, houve o fenômeno de concentração de empresas, sendo mais tarde regulados 
pela legislação brasileira. O dispositivo regulador da sociedade anônima chegou tarde 
ao Brasil, exatamente em 1940 e sendo revogado de forma parcial em 1976 pela famosa 
Lei da Sociedade Anônima, onde se tem de forma brilhante o marco regulatório das 
companhias abertas e todo regimento de sua estrutura. A transformação é dado por esta 
lei como uma flexibilidade a empresa para cumprir seus objetivos de mercado e atender 
a necessidade da sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Sociedade Anônima, Concentração de empresas, Transformação 
societária, Incorporação, Fusão, Cisão. 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
LSA: LEI DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS................................................................16 
 
CVM: COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS....................................................16 
 
BCB: BANCO CENTRAL DO BRASIL......................................................................18 
 
DNRC: DEPARTAMENTO NACIONAL DO REGISTRO DO COMÉRCIO.............33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO.............................................................................................................12 
 
SEÇÃO 1 A EVOLUÇÃO DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS 
 
1.1 Aspectos Históricos.......................................................................................13 
 
1.2 A Sociedade Anônima no Brasil...................................................................14 
 
1.3 Conceito de Sociedade Anônima..................................................................16 
 
SEÇÃO 2 SOCIEDADE ANÔNIMA – DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
2.1 Classificação das Sociedade Anônimas.....................................................18 
 
2.2 Capital Social...............................................................................................19 
 
2.3 Constituição da sociedade anônima..........................................................19 
 
 2.4 Administração da Companhia...................................................................22 
 
 2.4.1 As Assembléias e os órgãos sociais..............................................22 
 
 2.5 O acionista...................................................................................................25 
 
SEÇÃO 3 CONCENTRAÇÃO DE EMPRESAS 
 
 3.1 Noção de concentração de empresas..............................................27 
 
 3.2 Sociedades coligadas, controladoras e controladas......................28 
 
 3.3 Alienação..........................................................................................30 
 
 3.4 Grupo de Sociedades.......................................................................32 
 
 3.5 Consórcio.........................................................................................34 
 
SEÇÃO 4 TRANSFORMAÇÃO SOCIETÁRIA 
 
 4.1 Conceito.......................................................................................................36 
 
 4.2 Incorporação...............................................................................................394.3 Fusão............................................................................................................41 
 
 4.4 Fusão e Incorporação..................................................................................43 
 
 
4.5 Cisão.............................................................................................................43 
 
 4.6 Direito de credores na Incorporação, Fusão e Cisão...............................46 
 
4.7 Direito de Retirada.....................................................................................47 
 
4.8 Direito dos Debenturistas...........................................................................47 
 
CONCLUSÃO................................................................................................................48 
 
ANEXO A – LEI 9.457, DE 5 DE MAIO DE 1997.......................................................50 
 
ANEXO B – INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 73 DE 28 DE DEZEMBRO DE 1998 
DO DNRC.......................................................................................................................64 
 
ANEXO C – INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 74 DE 28 DE DEZEMBRO DE 1998 
DO DNRC.......................................................................................................................67 
 
ANEXO D – INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 88 DE 02 DE AGOSTO DE 2001 DO 
DNRC..............................................................................................................................70 
 
REFERÊNCIAS.............................................................................................................77 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O presente trabalho propõe abordar o tema relacionado à concentração de empresas, 
onde por meio de obras de grandes juristas, artigos e outros meios de pesquisas, 
traçarem uma rápida visão da sociedade anônima e trazer de forma clara o seu título: 
“Transformação Societária da Sociedade Anônima”. 
Esta obra de forma alguma esgotará o assunto da sociedade anônima e suas 
características, mas dentro do tema proposto, irá elucidar com clareza, o enfoque 
voltada a transformação societária da mesma. O trabalho objetiva auxiliar a temática 
que envolve a concentração e desconcentração de empresas no Brasil, desde a 
formalidade até sua etapa final. Através do auxilio de obras relacionadas com o Direito 
Comercial, o autor não aprofundará no conceito e característica da sociedade anônima, 
mas fará uma breve elucidação a respeito deste grande assunto, para que o título do 
presente trabalho seja mais bem entendido e aproveitado. 
O leitor verá que o autor se preocupou em delimitar as seções de forma que seja sucinta 
e dinâmica, com o objetivo de imprimir fielmente a linha que foi traçada com o tema do 
trabalho. Esperando que chegue ao objetivo proposto, o autor espera que a obra seja 
uma ferramenta não só para acadêmicos do direito, mas para qualquer outra pessoa que 
se interesse pelo assunto. 
 
 
 
 
 
14 
 
1 - A EVOLUÇÃO DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS 
1.1 Aspectos Históricos 
Encontram-se registros de características de sociedades anônimas desde a Idade 
Média nas associações navais, sendo formadas por pessoas que desejavam construir e 
explorar o navio, para que este fosse explorado em partes iguais. Os proprietários que 
detinham partes do navio tinham suas responsabilidades limitadas em relação ao valor 
do navio. Os contratos chamados de colonna, já tinham princípios que mais tarde foram 
usados como características para formação das sociedades anônimas. No fim da Idade 
Média, os Estados recebiam empréstimos a juros de grandes capitalistas e estes 
recebiam daquele o direito de cobrar impostos como amortização da dívida. Como 
forma de melhorar a cobrança, os credores se reuniam em associações e cada individuo 
com seu valor constituído do empréstimo fazia sua quota para o capital da sociedade. 
No século XVII algumas sociedades se organizaram com base no princípio da limitação 
de responsabilidade dos participantes, como por exemplo, a Companhia Holandesa das 
Índias Ocidentais, criada em 1602, que com a influência do governo, coletava entre o 
povo o capital. Na Revolução Industrial, no século XIX, o capitalismo em decorrência 
do processo de produção em massa, apropriou-se do sistema no intuito de crescimento e 
ganho de capital que tanto necessitava. As sociedades eram constituídas por carta ou 
patente real, porém logo com sua expansão e inúmeras sociedades, formou-se um 
circulo fechado para debater a libertação desta prerrogativa para sua abertura: o 
privilégio real. 
 
O governo possuía o privilégio de licença na criação destas companhias, 
privilégio que vigorou até a promulgação do Código Francês em 1808, quando estas 
sociedades foram admitidas como sociedades comerciais, não mais representado a 
constituição delas como privilégio do governo, mas sua criação dependendo agora da 
permissão do governo. 
 
O Estado moderno tende a cada vez mais aproximar-se do regime antigo, pois 
vemos sociedades anônimas quase públicas, em que o estado cerca-se de rigor e 
fiscalização tanto na constituição como na manutenção de tal sociedade. Isto se deve a 
15 
 
importância que estas sociedades têm em relação aos interesses do Estado, 
principalmente porque a máquina financeira que movimenta a economia atual é o 
capitalismo. Dada a liberdade em que uma pessoa pode adquirir uma parte da sociedade, 
isto é, uma ação, a poupança privada pode ingressar de maneira cômoda no mundo dos 
negócios, fazendo com que a sociedade anônima seja um instrumento popular do 
capitalismo. 
 
 
1.2 A Sociedade Anônima no Brasil 
 
 
No Brasil a evolução da sociedade anônima ocorreu no mesmo ritmo da que foi 
abordada anteriormente. No Brasil colônia, a sociedade anônima era outorgada por carta 
real. Em 1850, o Código Comercial mencionava em seu artigo 295, que a sociedade 
seria constituída por autorização do governo, dependente de aprovação do corpo 
legislativo e que deveriam ter o tempo de estabelecimento por prazo determinado. 
 
A plena liberdade de constituição das sociedades anônimas foi instituída no 
Brasil pelo Decreto n.º 8.821, de 30 de dezembro de 1882. Mantiveram-se, 
porém, os sistemas anteriores, concomitantemente, pois ainda hoje existem 
sociedades outorgadas ou constituídas pelo poder de império do Estado, 
algumas até com um sócio apenas, que é a União. Outras, como as 
instituições financeiras, companhias de financiamento e companhias de 
seguros, por exemplo, dependem de autorização do governo para funcionar. 
( REQUIÃO, 2007, p. 9 ) 
 
Desde Império, muitas leis disciplinaram as sociedades por ações para 
constituição e funcionamento e as mais importantes são: Decreto nº 434, de 4 de julho 
de 1891, que consolidou as disposições legislativas e regulamentares e que vigeu até 
1940, a Lei n.º 4.728, de 14 de julho de 1965, que disciplinou o mercado de capitais e 
estabeleceu medidas para o seu desenvolvimento, introduzindo modificações para 
aperfeiçoar os institutos das sociedades anônimas, como a sociedades de capital aberto. 
 
Pelo Decreto-Lei nº 2.627, de 26 de setembro de 1940, o governo alterou a 
regulação das sociedades por ações, pois a legislação anterior não mais condizia com a 
necessidade da conjuntura econômica nacional. A partir de 1956, houve um intenso 
desenvolvimento industrial no país, com a entrada de capitais estrangeiros promovidos 
16 
 
pela política econômica, deu-se a fundação de grandes indústrias siderúrgicas, 
petroquímica, automobilísticas e outras modernas que foram instalando-se nos pais. 
 
Para Requião1a política econômica serviu para impulsionar o sistema financeiro 
nacional onde este obteve a sua reconstituição, sendo constituída, sobretudo por 
investidores privados, pretendendo-se que as empresas modernas buscassem o 
financiamento próprio, através de dispersão de ações. 
 
Mais tarde, foi criado o Conselho Monetário Nacional, órgão que instituiu um 
sistema de incentivos fiscais para a democratização do capital, fundado na Resolução nº 
106, do Banco Central do Brasil, que disciplinou a sociedade anônima de capital aberto. 
A nova legislação ocasionou uma forte estruturação dos mecanismos para o incremento 
dos negócios bolsistas, com os títulos mobiliários de emissão das sociedades anônimas 
brasileiras. O Brasil viveu a partir de 1970 um grande movimento de negociação de 
ações, sendo uma verdadeira especulação com os títulos acionários. Especulação esta, 
que serviu para outra reforma na legislação das sociedades anônimas, quando no 
governo de Ernest Geisel propôs reformular a legislação, pois o que vinha ocorrendo é 
que os acionistas minoritários tinham ações que quase sempre não tinha negociabilidade 
e raramente rendiam algum dividendo, mas os papéis dos sócios majoritários valiam 
muito mais e rendiam muito mais. 
 
A Lei nº 6404, de 15 de dezembro de 1976, constitui, entretanto, um diploma 
legal de alta qualidade técnica, que honra a cultura jurídica de nosso país e 
atualmente esta tem sido submetida a intensos testes de eficiência, seja pela 
pesquisa acadêmica, seja pelo exercício prático. (REQUIÃO, 2007, p.20) 
 
Como vimos, no decorrer da história, a sociedade por ações passou por diversas 
transformações. No Brasil ela evolui e hoje temos um vasto campo de legislação e 
jurisprudência, porém vemos que as leis que regem as matérias mercantis são 
momentâneas, primeiro porque as empresas mudam conforme o cenário econômico e 
segundo porque as necessidades das sociedades anônimas em seu campo de atuação 
sofrem verdadeiras e monstruosas transformações, como por exemplo, as falências e 
quebras de gigantescas empresas e má administração das mesmas. A tendência é que o 
mundo que gira em torno das sociedades anônimas é o da globalização, por isso 
 
1 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial.. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 12 
17 
 
trataremos mais a frente de estudar as transformações que estas sociedades podem sofrer 
e a decorrência no campo jurídico destas mudanças. 
 
 
1.3 Conceito de Sociedade Anônima 
 
 
A sociedade anônima, também referida pela expressão “companhia“, é a 
sociedade empresária com capital social dividido em ações, espécie de valor 
mobiliário, na qual os sócios, chamados acionistas, respondem pelas 
obrigações sociais até o limite do preço de emissão das ações que possuem. 
(COELHO, 2006, p.63). 
 
Waldo Fazzio 2 define sociedade anônima, também chamada de companhia, com 
sendo pessoa de direito privado, empresária por força de lei, regida por um estatuto e 
identificada por uma denominação, criada com o intuito de obter ganhos mediante o 
exercício da empresa, utilizando o capital que é dividido em frações transmissíveis, 
composta por sócios de responsabilidade limitada ao pagamento das ações subscritas. 
 
Rubens Requião3 conceituou a sociedade por ações, como as de capital dividido 
em frações, representadas por títulos chamados de ações, sendo elas de duas espécies: 
sociedade anônima e sociedade em comandita por ações. Afirma que a espécie de 
sociedade em comandita por ações encontra-se atualmente em desuso. 
 
Há duas espécies de sociedade anônima: a companhia aberta (também chamada de 
empresa de capital aberto), que capta recursos junto ao público e é fiscalizada pela 
CVM. A companhia fechada (também chamada de empresa de capital fechado), que 
obtém seus recursos dos próprios acionistas. 
 
Em relação à natureza jurídica, a Sociedade Anônima constitui pessoa jurídica de 
direito privado, nos termos do art. 16, II do Código Civil antigo, mesmo que constituída 
com capitais públicos, em todo ou em parte (Sociedade de Economia Mista), e qualquer 
que seja o seu objeto, ela seria sempre mercantil e estaria sendo regida pelas leis do 
comércio, conforme emana o artigo abaixo: 
 
2 FAZZIO JR., Waldo. Manual de Direito Comercial. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 229 
 
3 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial.. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 1 
18 
 
 
Artigo 2º da LSA – “Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim 
lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. 
§ 1º - Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas 
leis e usos do comércio. 
§ 2º - O “estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo.” 
 
Com a vigência do Código Civil em 2002 o legislador trouxe em seu artigo 982 a 
alteração da sociedade anônima de mercantil para sociedade empresária. 
 
Artigo 982 – Salvo as exceções expressas considera-se empresária a 
sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário 
sujeito a registro (art. 967 ); e simples, as demais. 
Parágrafo Único. Independente de seu objetivo, considera-se empresária a 
sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. 
 
Segundo Requião4 a sociedade anônima em sua estrutura é mercantil. Seja qual 
for seu objeto, ela é uma sociedade empresária, não aceitando a possibilidade de ter a 
sociedade anônima um objeto misto, civil e comercial. 
 
As principais características da Sociedade Anônima são: divisão de capitais em 
partes iguais, em regra, de valor nominal que se denomina ações; é uma sociedade de 
capitais; responsabilidade do acionista limitada apenas ao preço das ações subscritas ou 
adquiridas; possibilidade de subscrição do capital social mediante apelo ao público; uso 
exclusivo de denominação social ou nome fantasia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial.. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 29 
19 
 
2 – SOCIEDADE ANÔNIMA – DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
 
2.1 Classificação das Sociedades Anônimas 
 
 
O legislador, através da Lei 6.404/76, Lei das Sociedades por Ações, classifica as 
sociedades anônimas em duas espécies: sociedade anônima de capital aberto, que 
consiste em valores mobiliários admitidos à negociação em bolsas de valores ou 
mercado de balcão. A sociedade anônima de capital fechado, que consiste em uma 
companhia em que os títulos mobiliários de sua emissão não são passiveis de 
negociação pública. 
 
Artigo 4° - Para os efeitos desta lei a companhia é aberta ou fechada 
conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à 
negociação no mercado de valores mobiliários. (Lei 6.404/76) 
 
A sociedade anônima tem a faculdade de restringir a negociabilidade de suas 
ações, fazendo com que impeçam o livre acesso de interessados em adquirir parte das 
ações da companhia, tem-se então a sociedade anônima fechada. Este tipo de sociedade 
tem que buscar os recursos junto aos próprios acionistas, diferentemente da sociedade 
anônima aberta, que pode buscar recursos junto ao público, pois dispõe de suas ações 
para venda no mercado. O próprio artigo 4º da referida lei aponta que a companhia 
aberta é aquela que possui os valores mobiliários de sua emissão admitidos à 
negociação no mercado destes bens. Com isso é necessário que a mesma faça o correto 
registro no Banco Central do Brasil, bem como ter a admissão dos valores mobiliários 
para negociação na bolsa de valores, conforme emana a Resolução 436 e 88 do BCB. 
A sociedade anônima somentepode captar os recursos junto aos investidores 
em geral, isto é, ser aberta – mediante prévia autorização do governo, que se 
materializa no registro dela mesma, bem como no dos lançamentos de seus 
valores mobiliários, no órgão governamental próprio, que é a CVM, 
autarquia federal ligada ao Ministério da Fazenda. (COELHO, 2006, p.66) 
 
2.2 Capital Social 
20 
 
Segundo Fábio Ulhoa5 para que uma companhia possa dar inicio à sua atividade 
econômica, é preciso obviamente de um grande aparato de recursos, indispensáveis para 
atingir o objeto desta sociedade. Cabe aos sócios fornecer tais recursos, transferindo o 
seu patrimônio para o da sociedade, recebendo em troca, valor correspondente em ações 
emitidas por esta. 
 
O capital social de uma companhia é a soma da contribuição dos acionistas, 
podendo ser um conjunto de valores representado por dinheiro ou bens 
suscetíveis de avaliação em dinheiro, constituindo o montante inicial da 
sociedade, sendo esse estabelecido em estatuto social, dividido em ações. 
(FAZZIO, 2006, p.261) 
 
Em qualquer tipo de sociedade o capital social deve ser expresso em moeda 
nacional. O estatuto da companhia, por conseguinte estipulará o seu valor que será 
corrigido anualmente. A composição do capital compreende qualquer tipo de bens 
(móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos), desde que sejam passíveis de avaliação 
em dinheiro. 
 
 
2.3 Constituição da sociedade anônima 
 
 
O nascimento da sociedade anônima, isto é, sua constituição se faz pelo estatuto, 
pois é nele que a sociedade anônima se fundamenta para sua criação e regulação no 
tocante a atividade social e objetivo da mesma. Porém pode ocorrer de a sociedade 
anônima se constituir através de escritura pública. Mesmo por estatuto ou por escritura 
pública, para a formação da sociedade anônima é necessário o cumprimento de certa 
seqüência de atos, que resultam e concluem no ato principal que é a constituição da 
sociedade. 
 
Os vários atos que se seguem na formação da sociedade anônima se resultam em 
uma ata de fundação, sendo esta o verdadeiro instrumento contratual de constituição da 
sociedade, sendo o estatuto meramente um complemento do contrato principal onde 
regulará a formação e normas da companhia. 
 
5 COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2003 
21 
 
 
Doria6 em sua obra dividiu a constituição da companhia em três etapas distintas, 
são elas: a) a da fase anterior à constituição; b) a de constituição propriamente dita; c) a 
da fase posterior a constituição. 
 
Importante ressaltar que a LSA em seu artigo 80 traz expresso os requisitos 
preliminares em que toda companhia deverá seguir, seja qual for seu gênero: 
 
Art. 80 – A constituição da companhia depende do cumprimento dos 
seguintes requisitos preliminares: 
I – subscrição, pelo menos de 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se 
divide o capital social fixado no estatuto; 
II – realização, com entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de 
emissão das ações subscritas em dinheiro; 
III – depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento 
bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do 
capital realizado em dinheiro. 
Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para 
as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social. ( Lei 
6.404/76 ) 
 
Conforme artigo acima, o direito brasileiro não admite sociedades unipessoais, 
devendo obrigatoriamente haver no mínimo dois sócios para constituição da companhia. 
A única exceção admitida pela lei ocorre quando a companhia constituída por apenas 
dois sócios e que por circunstâncias diversas, passa ter um só e assim fica por algum 
tempo. 
 
Um ponto interessante na legislação é o fato de que no caso de companhia fechada 
é admitido o número mínimo de duas pessoas físicas ou jurídicas. Porém no caso de 
companhia aberta será admitida no mínimo três acionistas pessoas físicas para 
subscreverem as ações, pois deve haver o conselho de administração, órgão este que 
deve haver pelo menos três acionistas pessoas físicas. 
 
O ato de subscrição é o ato que marca inicialmente a constituição da sociedade 
anônima. Ela pode ser pública; também chamada de sucessiva; ou particular; também 
chamada de simultânea. Em se tratando de pública, ocorre a constituição da companhia 
aberta e decorrente deste ato surge a figura do fundador. Este é o responsável por 
liderar, organizar as fases de constituição e também por viabilizar oportunidade de 
 
6 DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. 12 ed. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 228 
22 
 
negócio em que o mesmo não dispõe ou não desejar empregar recursos necessários a 
determinada companhia. Conforme Coelho7, nesta modalidade de constituição ocorre a 
captação no mercado de capitais de recursos necessários a implementação do negócio. 
A subscrição sucessiva compreende três fases: registro na CVM, colocação das ações e 
assembléia de fundação. 
 
No caso da subscrição particular o procedimento é mais simplificado se 
comparado com a pública. Aqui, não há captação de recursos no mercado de capitais, 
pois os interesses no caso são somente dos fundadores. Assim define Coelho8 quando 
escreve sobre a subscrição simultânea afirmando que se destina à formação de 
sociedade anônima fechada, que não pretende a captação de recursos no mercado de 
capitais, pelo menos no seu início. Neste caso podem ocorrer duas formas: a primeira 
seria por deliberação em assembléia geral e a outra por escritura pública. Se a forma 
preferida for através de assembléia, será então respeitada a forma de convocação das 
assembléias gerias, ou seja, mediante publicação de anúncio com 8 dias de antecedência 
da primeira convocação, e novo anúncio com 5 dias de antecedência da segunda 
convocação. Se for preferida a escritura pública lavrada em cartório de notas deverá ser 
o instrumento assinado por todos os que subscreveram as ações e conterá os elementos 
exigidos conforme parágrafo 2º do artigo 88 da LSA: 
 
§2º - Preferida a escritura pública, será ela assinada por todos os subscritores, 
e conterá: 
a) a qualificação dos subscritores, nos termos do artigo 85; 
b) o estatuto da companhia; 
c) a relação das ações tomadas pelos subscritores e a importância das 
entradas pagas; 
d) a transcrição do recibo do depósito referido no número III do artigo 80; 
e) a transcrição do laudo de avaliação dos peritos, caso tenha havido 
subscrição do capital social em bens (artigo 8º); 
f) a nomeação dos primeiros administradores e, quando for o caso, dos 
fiscais. 
 
 
 
 
2.4 Administração da Companhia 
 
 
7 COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2003 
8 Id. 
23 
 
 
A sociedade anônima é constituída através de estatuto, o qual está contido um 
desdobramento em órgãos, diretorias, chefias, coordenadorias e outros. Estes 
desdobramentos são necessários para uma melhor distribuição dos poderes. 
 
Os centros de poderes da administração são chamados pela doutrina de órgãos 
sociais e estes são criados de forma democrática. 
 
Conforme Requião9 os órgãos sociais estão constituídos em três categorias: o 
órgão de deliberação, que expressa a vontade da sociedade; o órgão de execução, que 
realiza a vontade social; e o órgão de controle, que fiscaliza a fiel execução da vontade 
social. 
 
Os órgãos societários são divididos em: assembléia geral, conselho de 
administração, diretoria e conselho fiscal. Estes são disciplinados pelalei, não podendo 
a companhia estruturá-los livremente, exceto os demais órgãos. Sendo a sociedade 
anônima desmembrada por esses órgãos, a sociedade será sempre titular de diretos e 
obrigações, pois os órgãos não têm personalidade jurídica, com isso sempre a sociedade 
anônima responderá por todos os atos realizados por seus órgãos societários. 
 
 
2.4.1 As Assembléias e os órgãos sociais 
 
 
A assembléia geral é o órgão deliberativo máximo da estrutura da sociedade 
anônima, ou seja, ela tem o poder de votar, discutir e deliberar sobre qualquer assunto 
de interesse social, como por exemplo, a reforma do estatuto social. As assembléias 
podem ser ordinárias ou extraordinárias, sendo que a primeira realiza-se uma vez por 
ano e a segunda realiza-se a qualquer tempo e tem sua competência irrestrita. Um ponto 
importantíssimo da assembléia é a convocação e o quorum; pois nela tem-se a validade 
das deliberações adotadas; devendo-se este ato ser formal, exceto se estiverem presente 
todos acionistas. Os trabalhos deliberados em assembléia serão lavrados em ata. 
 
 
9 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial.. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 170 
24 
 
O conselho de administração é um órgão deliberativo e fiscalizador da sociedade 
anônima, contendo no mínimo três membros que são eleitos pela assembléia geral. A 
função principal deste órgão é de agilizar o processo decisório. Este órgão pode 
deliberar sobre qualquer matéria de interesse da companhia, exceto os assuntos que 
fazem parte da competência privativa da companhia. A lei não determina o tipo de voto 
a ser adotado pela companhia para votação do conselho, cabendo ao estatuto da 
sociedade dispor a respeito. Existem exceções e uma delas é o voto múltiplo onde são 
atribuídos a cada ação votante tantos votos quantos sejam os cargos do conselho. O 
estatuto deve estabelecer o prazo do mandato dos membros do conselho, porém deve 
respeitar o prazo máximo de 3 anos ( LSA, art. 140, III ). 
 
O órgão executivo da companhia é a diretoria, ouse já, compete a seus membros 
dirigir a empresa e manifestar a vontade da pessoa jurídica no âmbito externo. A 
representação da companhia é de competência privativa da diretoria (LSA, art. 138, § 
1º). A sua composição é composta por no mínimo duas pessoas que são eleitas pelo 
conselho de administração ou assembléia geral. 
 
O conselho fiscal é um órgão de assessoramento da assembléia geral, na votação 
de matérias a respeito das regularidades dos atos de administração da companhia. Um 
ponto importante é que seu funcionamento é facultativo, porém sua existência é 
obrigatória. A atuação deste órgão e de seus membros, está sujeita a limites precisos, 
pois se de um lado ele é mero fiscal, de outro o conselho tem atuação interna, 
exclusivamente interna, ou seja, o destino de seus atos são sempre os outros órgãos 
sociais da companhia. 
 
Conforme Coelho10 o conceito de “administradores“ abrange os membros de dois 
órgãos da estrutura societária: a diretoria e o conselho de administração, os quais são 
definidos como órgãos da administração. Aos administradores existem deveres a serem 
seguidos como a diligência, onde o administrador deve agir como um bom homem de 
negócios. 
 
 
10 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
25 
 
Artigo 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto 
lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as 
exigências do bem público e da função social da empresa. (Lei 6.404/76) 
 
O administrador também deve prestar informações da companhia ao mercado e 
nesta função cumpre ressaltar dois requisitos: de um lado, o pertinente às informações 
para esclarecimento de acionistas; de outro, as comunicações de modificações na 
posição acionária ou de fatos relevantes, cujo destinatário é o mercado. 
 
Os administradores respondem civilmente conforme menciona o artigo 158 da 
LSA, sendo que existem duas hipóteses: uma relacionada aos prejuízos causados por 
sua culpa ou dolo, e a outra pertinente a violação da lei ou do estatuto. A 
responsabilidade pode ser objetiva ou subjetiva. Assim descreve Fabio Ulhoa (2003, p. 
253, Curso de Direto Comercial) “A responsabilidade é subjetiva quando atribuída a 
quem incorre em ilícito; é objetiva quando imputada a quem age de modo inteiramente 
lícito”. 
 
A responsabilidade do administrador de sociedade anônima é subjetiva do 
tipo clássico, tendo em vista duas razões: inexistência de dispositivo legal 
que excepcione a regra geral do artigo 159 do Código Civil de 1916 (art. 927 
do CC/2002); inexistência de fundamento axiológico ou racional para a 
imputação de responsabilidade objetiva. (COELHO, 2003, p. 254) 
 
Desde 2001, a Lei das sociedades por ações contém dispositivo reportando-se ao 
estatuto de cada companhia sobre a participação de empregados na gestão da 
companhia. A nossa Constituição Federal assegura aos trabalhadores, de forma 
excepcional, a participação na direção da empresa. A origem desta matéria vem do 
direito alemão, onde desde 1950, vigoram leis de co-gestão de empresas. No Brasil uma 
lei específica sobre o assunto ainda não foi criada, sendo uma previsão constitucional 
para criação de uma lei ordinária. Ocorre que pode haver uma questão a ser revista: os 
interesses dos acionistas não coincidem sempre com os dos trabalhadores. 
 
 
 
 
 
 
26 
 
2.5 O acionista 
 
 
O acionista propriamente dito é aquela pessoa física ou jurídica que se associa a 
companhia, ou seja, que adquire ações de determinada companhia, tornando-se 
proprietários de parte de frações desta e que na medida em que detém o capital, terá 
direito a votos pertinentes a gestão da empresa. 
 
A pessoa física ou jurídica que dispuser da maioria das ações terá direito ao voto 
nas assembléias, porém este poder controlador é acarretado de deveres que a lei impõe. 
Nas sociedades nem todos os acionistas tem direito a voto, ou seja, há uma dispersão 
das ações na posse de grande número de acionistas por várias regiões, ocasionando em 
um problema de acionistas minoritários. Estes geralmente são desprotegidos em face 
dos acionistas que detêm os votos necessários as deliberações de assembléia, 
controlando assim o poder da economia, sendo chamados de majoritários. 
 
Este controle exercido pelo acionista majoritário tem no artigo 116, parágrafo 
único, o objetivo do poder exercido por este: 
 
Art.116. Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o 
fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e 
tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, 
os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e 
interesses deve lealmente respeitar e atender. (Lei 6.404/76) 
 
Assim como o sócio de uma sociedade, o acionista majoritário tem expresso no 
artigo 117 da LSA as suas responsabilidades por qualquer danos causados por atos 
praticados pelo abuso de poder. Como titular da maioria de votos na assembléia geral, 
ele escolhe os diretores, fixa a remuneração destes, altera o estatuto em muitas partes, 
aprova operações de capitalização, delibera sobre a destinação do resultado. 
 
A lei reconhece a importância de acionistas dos mais variados perfis para o pleno 
desenvolvimento da empresa, e preocupada com o equilíbrio das relações de poder no 
interior da companhia, imputando então a responsabilidade por danos causados com o 
abuso de poder. Apesar do reconhecimento da lei o que vale realmente em toda 
sociedade éa lealdade e a fidelidade do sócio para com ela, pois de nenhuma maneira 
27 
 
pode o sócio valer-se de seus direitos para conquista de vantagens particulares estranhas 
a sociedade ou para causar-lhe danos ou a outros sócios. 
 
A LSA traz em seu artigo 109 os direitos essenciais dos acionistas como: 
participar dos lucros sociais; participar do acervo da companhia nos casos de liquidação, 
fiscalizar a gestão dos negócios sociais; direito de preferência na subscrição de ações; 
retirada da sociedade (direito de recesso). 
 
Cabe salientar que o voto é um direito do acionista, porém não é direito essencial, 
afinal o voto é a manifestação da vontade do acionista ou entendimento, em assembléia, 
na fase de tomada de decisão relativa a cada ponto de pauta da sessão, segundo 
Coelho11. O voto é direito, porém este pode ser privado do acionista ou este pode 
possuir com restrições quando, por exemplo, a sociedade suspender o direito de voto em 
assembléia geral ao acionista sempre que este deixar de cumprir com suas obrigações 
impostas por aqueles diplomas ou sempre que for verificado que o acionista está 
utilizando o voto com o fim de causar dano à companhia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 ULHOA, Fábio. Curso de Direito Comercial. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
28 
 
3 – CONCENTRAÇÃO DE EMPRESAS 
 
 
3.1 Noção de concentração de empresas 
 
 
Após a última grande guerra, a economia sofreu uma grande mutação, pois com o 
desenvolvimento das idéias e técnicas dos grandes grupos societários, conseqüência da 
concentração econômica de empresas, houve uma verdadeira revolução no campo do 
direito comercial. Devido à demanda da economia e com o objetivo de atenderem as 
necessidades do desenvolvimento tecnológico dos processos de produção, muitas 
empresas se aglutinaram para não ficarem para trás das exigências impostas pelo 
desenvolvimento. No mundo moderno, grandes empresas multinacionais formam as 
chamadas holdings ou Konzern. 
 
Visto que não há como se frear este fenômeno, muito pelo contrário, na busca da 
adequação da norma a este desenvolvimento econômico na área das empresas, houve a 
preocupação de convocar os juristas para formular um ordenamento jurídico da 
concentração econômica de empresas. 
 
A Alemanha no caso foi a primeira nação a ter um sistema legal disciplinador dos 
grupos econômicos, quando em 1965 na sua Lei da Sociedade Anônima abriu capitulo 
para essa disciplina. 
 
A palavra Konzern vem do direito germânico e significa um agrupamento de 
empresas, juridicamente independentes e economicamente sujeitas a direção única. Já a 
palavra holding é originada do direito norte-americano, que constitui também sociedade 
que administra os negócios ou controla as sociedades a ela sujeitas. 
 
Requião12 descreve em sua obra que o direito brasileiro, inspirado pelo direito 
germânico, adotou dois grupos de concentração de empresas: os grupos de fato e os 
grupos de direito. De forma brilhante ele elucida as diferenças dos grupos adotados. 
 
12 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial.. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 273 
29 
 
 
São grupos de fato as sociedades que mantêm, entre si, laços empresariais 
através de participação acionária, sem necessidade de se organizarem 
juridicamente. Relacionam-se segundo o regime legal de sociedades isoladas, 
sob a forma de coligadas, controladoras e controladas, no sentido de não 
terem necessidade de maior estrutura organizacional. Já os grupos de direito, 
entretanto, importam numa convenção, formalizada no Registro Público de 
Empresas Mercantis, tendo por objeto uma organização composta de 
companhias mas com disciplina própria, sendo reconhecidas pelo direito. São 
por isso grupos de direito. (REQUIÃO, 2007, p.275) 
 
 
3.2 Sociedades Coligadas, Controladoras e Controladas 
 
 
Art. 1.099. Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra 
sociedade participa com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem 
controlá-la (Código Civil, 2002) 
 
As sociedades denominadas grupos de fato são aquelas em que há uma junção de 
sociedades sem a necessidade de exercerem, entre si, um relacionamento mais intenso, 
permanecendo assim isoladas e sem organização jurídica. Neste grupo estão as 
sociedades coligadas que são aqueles que detêm uma participação com 10% (dez por 
cento) ou mais do capital da outra, sem controlá-la. Observa-se que a falta de controle é 
o que caracteriza uma sociedade coligada, não existindo assim qualquer hierarquia sobre 
as mesmas ou até mesmo prevalecer interesses das sociedades participantes. Para que 
exista uma sociedade coligada é necessária a junção entre duas sociedades, não sendo 
aceita, portanto a junção de um empresário individual e uma sociedade. “A falta de 
controle é o que caracteriza a coligação de sociedades. E justamente por isto, as mesmas 
mantêm autonomia administrativa e, como óbvio, personalidade jurídica” (DORIA, 
2003, p. 302) 
 
Art. 1098. É controlada: 
I – a sociedade de cujo capital outra sociedade possua maioria dos votos nas 
deliberações dos quotistas ou da assembléia geral e o poder de eleger a 
maioria dos administradores; 
II – a sociedade cujo controle, referido no inciso antecedente, esteja em poder 
de outra, mediante ações ou quotas possuídas por sociedades ou sociedades 
por esta já controladas. (Código Civil, 2002) 
 
Art. 243, §2º. Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, 
diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que 
lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais 
e o poder de eleger a maioria dos administradores. ( Lei 6.404 de 15/12/1976) 
30 
 
 
A sociedade controladora se caracteriza por seu titular de direitos de sócio “que 
lhe asseguram, de modo permanente, a preponderância” nas deliberações sociais, ou 
seja, o controle pode ocorrer entre sociedades de diferentes tipos, como a sociedade 
limitada, quando evidentemente não se pode falar em acionista ou maioria de votos. 
Neste caso, a palavra preponderância foi a melhor expressão utilizada pelo legislador 
para traduzir a idéia de domínio de uma sociedade sobre a outra, quando nem todas for 
do tipo sociedade anônima. 
 
Outro tipo é a sociedade de simples participação, que ocorre quando uma 
sociedade participar do capital de outra com menos de 10% do volume daquele. 
 
A Lei 6.404/76 em seu artigo 244 veda a participação recíproca entre a companhia 
aberta e suas coligadas ou controladas, com a finalidade de garantir a integralidade do 
capital social. Essa vedação te exceção prevista no artigo 30, §1º, alínea b, quando uma 
sociedade participa do capital de outra com a observância das condições disposto, onde 
se permite a aquisição de suas próprias ações. Doria (2000, p. 303) 13 assim esclarece 
que a participação recíproca se verificar em razão de incorporação, fusão e cisão, ou 
ainda da aquisição, pela companhia, do controle de outra sociedade, deverá essa 
participação ser mencionada nos relatórios e demonstrações financeiras de ambas e 
eliminadas no prazo máximo de um ano. 
 
A Lei da Sociedade por ações descreve em seu artigo 245, a responsabilidade dos 
administradores a fim de evitar o favorecimento de uma sociedade integrante do 
sistema, com burla dos direitos e interesses dos acionistas minoritários e dos credores. 
 
Artigo. 245. Os administradores não podem, em prejuízo da companhia, 
favorecer sociedade coligada, controladora ou controlada, cumprindo-lhes 
zelar para que as operações entre as sociedades, se houver, observem 
condiçõesestritamente comutativas, ou com pagamento compensatório 
adequado; e respondem perante a companhia pelas perdas e danos resultantes 
de atos praticados com infração ao disposto neste artigo. ( Lei 6.404/76) 
 
Se de um lado o artigo 245 citado acima se refere às responsabilidades do 
administrador, o artigo 246 estabelece que a sociedade controladora será obrigada a 
reparar os danos que causar a companhia, por atos praticados com infração ao disposto 
 
13 DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. 12 ed. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 303 
31 
 
nos artigos. 116 e 117 que tratam dos deveres e da responsabilidade do acionista 
controlador. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia 
realizar o seu objetivo e cumprir sua função social, assim determina o parágrafo único 
do artigo 116. O artigo 117 elenca em suas alíneas, as atitudes configuradas como abuso 
de poder pelo acionista controlador, destacando-se para as alíneas d e e onde há 
responsabilidade solidária do mesmo com o administrador e o fiscal. Nos parágrafo 
terceiro do mesmo artigo a lei esclarece que se o acionista controlador exercer o cargo 
de administrador ou fiscal será responsabilizado também pelos deveres dos próprios 
cargos. 
 
O artigo 251 da mesma lei abre exceção as sociedades unipessoais, ou seja, 
constituídas de um único sócio apenas, no caso de subsidiária, sendo chamada de 
subsidiária integral. O único acionista é necessariamente uma sociedade brasileira e 
constituída por escritura pública, sendo a mesma desprendida da sociedade principal, 
que lhe subsidia o capital e a constitui. Porém a lei veda a constituição de subsidiária 
integral na companhia estrangeira para fazer prevalecer o interesse da sociedade 
nacional. A companhia normalmente constituída de ações pode ser convertida em 
subsidiária integral, mediante aquisição, por sociedade brasileira, de todas as suas ações. 
Esta incorporação será submetida à assembléia geral das duas companhias, mediante 
protocolo, como é submetido o processo de incorporação ou fusão. 
 
 
3.3 Alienação 
 
 
O acionista controlador além de participar dos resultados da empresa, como os 
demais acionistas têm o poder de eleger administradores, definir a remuneração deles, 
fixar a orientação última dos negócios, alterar a estrutura jurídica da sociedade, influir 
no planejamento estratégico e dentre outras responsabilidades. O mercado atribui valor 
a essa gama de poderes e sendo assim quem negocia a compra das ações de sustentação 
de controle concorda em pagar um sobrepreço. 
 
32 
 
Requião14 define a natureza jurídica do controle exercida pelo acionista como 
sendo um bem imaterial ou incorpóreo. È verificado então que o controle em si tem um 
valor, que expresso em moeda, não resta dúvida de que ele constitui um bem de 
natureza imaterial. 
 
Art. 254-A. A alienação, direta ou indireta, do controle de companhia aberta 
somente poderá ser contratada sob a condição, suspensiva ou resolutiva, de 
que o adquirente se obrigue a fazer oferta pública de aquisição das ações com 
direito a voto de propriedade dos demais acionistas da companhia, de modo a 
lhes assegurar o preço no mínimo igual a 80% (oitenta por cento) do valor 
pago por ação com direito a voto, integrante do bloco de controle. ( Lei 
6.404/76) 
 
È assegurado pela legislação a saída conjunta dos acionistas da companhia aberta 
titulares de direito de voto. Conforme artigo acima, deve ser cláusula essencial de 
qualquer contrato de alienação do controle (direto ou indireto) da companhia aberta a 
condição, imposta ao adquirente, de realizar oferta pública de aquisição de ações 
endereçadas aos demais acionistas titulares de direito de voto. Não encontra amparo no 
referido artigo a alienação parcial do controle, ou seja, a operação de ingresso de novo 
ou novos acionistas no bloco de controle, desde que continue predominando, no interior 
deste, a orientação do anterior controlador. 
 
A alienação trata-se de transferência de ações integrantes do bloco de controle, de 
ações vinculadas a acordo de acionistas, cessão de direito de subscrição de ações, que 
venham a resultar na alienação do controle acionário da sociedade. (REQUIÃO, 2007, 
p. 289). O artigo 116 da LSA expressa que quem opera a alienação do controle é o 
acionista controlador, que será a pessoa natural ou jurídica ou o grupo de pessoas 
vinculadas por acordo de acionistas, ou que tenha controle comum, com possibilidades 
de serem titulares de direitos de sócios, como os descritos no parágrafo 1º do artigo 
254-A. O mesmo artigo trata apenas da alienação de controle das companhia abertas. 
 
Vale salientar que o artigo 254-A foi incluído pela Lei 10.303/01 revogando assim 
o artigo 254 que dava delegação ao Conselho Monetário Nacional para estabelecer 
normas de regência de oferta pública de aquisição de controle. Tal atribuição passou à 
Comissão de Valores Mobiliários, conforme artigo 254-A, § 3º. A revogação do 
referido artigo representou forte perda para os acionistas minoritários de importante 
 
14 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial.. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 287 
33 
 
elemento de defesa, sendo que os mesmos tinham na oferta pública o tratamento 
igualitário com as ações do grupo de controle. Porém o sistema mostrava certa inibição 
das operações de transferência do controle da companhia, em especial em face do 
programa de privatização de companhias estatais. Com a vigência da Lei 9.547/97 
houve a inclusão do artigo 255 na LSA que trata da alienação da companhia aberta que 
dependa da autorização do governo para funcionar, colocando a mesma sujeita à prévia 
autorização do órgão competente para aprovar a alteração do seu estatuto no caso de 
operação de transferência de seu controle. 
 
 
3.4 Grupo de Sociedades 
 
 
A sociedade controladora e suas controladas podem constituir grupo de 
sociedades por meio de convenção, pela qual se obriguem a combinar 
recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetivos, ou a 
participar de atividades ou empreendimentos comuns. (DORIA, 2000, p. 303) 
 
“O grupo de sociedade é uma forma evoluída de inter-relacionamento de 
sociedades que, mediante aprovação pelas assembléias gerais de uma convenção de 
grupos, dão origem a uma sociedade de sociedades.” (REQUIÃO, 2007, p.296). O 
artigo 265 e seus parágrafos admitem o grupo de sociedades, tendo a mesma mantendo 
a sua personalidade jurídica e patrimônio distintos. 
 
Nesse grupo de sociedades chamado de grupo de direito, pois tem uma definida 
organização através de uma convenção de grupo reduzida e escrita, formalizada no 
Registro Público de Empresas Mercantis, uma delas pode trabalhar para outras, 
combinando recursos e reforços para alcance de seus objetivos. Um cenário atual mostra 
que a tendência é o agrupamento permanente de empresas, através dos chamados 
conglomerados e outras formas de agrupamento empresarial, que permanecem, sem que 
sejam levados à incorporação ou fusão. O professor Requião15 assim define 
conglomerados como sendo o agrupamento de diversas empresas, de diferentes objetos 
sociais, sob a ordenação de um comando, mantendo elas suas personalidades próprias. 
 
 
15REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial.. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 295 
34 
 
A legislação exige que a sociedade controladora ou de comando do grupo deve ser 
sempre brasileira para que haja reconhecimento do grupo, assim como a participação 
recíproca das sociedades do grupo devem obedecer ao disposto do artigo 244.Art. 244. É vedada a participação recíproca entre a companhia e suas 
coligadas ou controladas. 
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica ao caso em que ao menos uma das 
sociedades participa de outra com observância das condições em que a lei 
autoriza a aquisição das próprias ações (artigo 30, § 1º, alínea b). 
§ 2º As ações do capital da controladora, de propriedade da controlada, terão 
suspenso o direito de voto. 
§ 3º O disposto no § 2º do artigo 30, aplica-se à aquisição de ações da 
companhia aberta por suas coligadas e controladas. 
§ 4º No caso do § 1º, a sociedade deverá alienar, dentro de 6 (seis) meses, as 
ações ou quotas que excederem do valor dos lucros ou reservas, sempre que 
esses sofrerem redução. 
§ 5º A participação recíproca, quando ocorrer em virtude de incorporação, 
fusão ou cisão, ou da aquisição, pela companhia, do controle de sociedade, 
deverá ser mencionada nos relatórios e demonstrações financeiras de ambas 
as sociedades, e será eliminada no prazo máximo de 1 (um) ano; no caso de 
coligadas, salvo acordo em contrário, deverão ser alienadas as ações ou 
quotas de aquisição mais recente ou, se da mesma data, que representem 
menor porcentagem do capital social. 
§ 6º A aquisição de ações ou quotas de que resulte participação recíproca 
com violação ao disposto neste artigo importa responsabilidade civil solidária 
dos administradores da sociedade, equiparando-se, para efeitos penais, à 
compra ilegal das próprias ações. (Lei 6.404/76) 
 
O grupo de sociedade não adquire personalidade jurídica, não se constituindo 
numa grande sociedade ou mega sociedade. Por isso mantém depois de constituída a 
forma de grupo, ligando apenas a uma convenção de grupo que lhe dá somente um 
ordenamento geral sem comprometimento da identidade de cada sociedade. 
 
Nos termos do artigo 271, a partir da data de arquivamento no Registro Público de 
Empresas Mercantis da sede da sociedade de comando dos documentos elencados nos 
incisos do mesmo arquivo o grupo é considerado constituído. Do artigo 272 a 274, a lei 
estabelece normas de administração do grupo, admitindo a criação de órgãos de 
deliberação colegiada e cargos de direção geral, bem como também as demonstrações 
financeiras do grupo e as normas sobre os prejuízos resultantes dos atos contrários à 
convenção e do conselho fiscal das filiadas. 
 
Instrução Normativa de n.º 73, de 28/12/1998, do DNRC regulou, no Registro 
Público de Empresas Mercantis, os assentamentos das convenções empresariais 
geradoras dos grupos de sociedade e é uma importante ferramenta que objetivou 
35 
 
uniformizar e disciplinar os atos de constituição, alteração e extinção de grupos de 
sociedades. Importante ressaltar que no artigo 4º da presente instrução expressa que 
para constituição, alteração e extinção do grupo deverão ser arquivado, na Junta 
Comercial da unidade da federação onde se localizar a sede da sociedade de comando. 
Portanto quando as sociedades filiadas tiverem sede em locais diferentes da sociedade 
controladora, as atas de assembléia geral ou as alterações contratuais deverão ser 
arquivadas nos respectivos órgãos de registro de comércio de suas jurisdições. Então 
somente a partir da data de arquivamento da convenção, a sociedade de comando e as 
filiadas passarão a usar a respectiva denominação acrescida da designação do grupo. 
 
 
3.5 Consórcio 
 
 
“Denomina-se consórcio a associação entre sociedades, sob o mesmo controle ou 
não, para execução de determinado empreendimento.” (DORIA, 2000, p. 305). O 
consórcio é uma espécie de sociedade na busca de tão somente um objetivo, formando 
uma modalidade de concentração de empresas. O objetivo do consórcio é concentrar 
empresas ou companhias sob o mesmo controle ou não, para obter finalidade comum ou 
determinado empreendimento, onde geralmente terá um grande vulto ou um custo muito 
elevado, exigindo assim para sua execução conhecimento técnico especializado e 
instrumental técnico de alto padrão. 
 
Através do consórcio podem diversas empresas, associando-se mutuamente, 
assumir atividades e encargos que isoladamente não teriam força econômica e 
financeira, nem capacidade técnica para executar. 
 
Originalmente o consórcio foi instituído no Brasil tendo em vista a destinação de 
obras, porém pouco a pouco o direito brasileiro apercebeu sua existência após ter ele 
disseminado nos usos empresariais, impondo-se ao legislador outras formas de 
atividades admitidas para o consórcio. A Lei de Sociedades Anônimas acolheu o uso do 
consórcio, disciplinando-o no artigo 278. Na sua organização, admitiu que abrangesse 
não só a companhia como quaisquer outras sociedades sob o mesmo controle ou não. 
 
36 
 
Art. 1º As sociedades, sob o mesmo controle ou não, podem constituir 
consórcio para executar determinado empreendimento. ( Instrução Normativa 
n.º 74 de 28 de dezembro de 1998). 
 
Vê então que o consórcio constitui uma forma especial de concentração. Aquelas 
sociedades comerciais que se reunirem, como sócias, para constituir nova sociedade 
com personalidade jurídica sem respeitar o estabelecido no artigo 278 fará assim uma 
nova sociedade com novo estatuto. Pois como está estabelecido no parágrafo 1º do 
mesmo artigo o consórcio não tem personalidade jurídica e as consorciadas se obrigam 
nas condições previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma por suas 
obrigações, sem presunção de solidariedade. Requião16 assim exemplifica que a falência 
de uma consorciada, assim entendida, não atinge as demais, subsistindo o consórcio 
com as outras contratantes. O crédito da falida, porventura existentes no consórcio, 
serão apurados e pagos na forma prevista no contrato. 
 
A lei exige que a forma contratual do consórcio será mediante contrato aprovado 
pelo órgão de sociedade competente para autorizar a alienação de bens do ativo 
permanente. O artigo 279 e seus incisos estabelecem o que devem constar do 
instrumento de contrato. Salientando que o mesmo artigo ordena que o contrato seja 
arquivado no Registro Público de Empresas Mercantis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial.. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 305 
37 
 
4 – TRANSFORMAÇÃO SOCIETÁRIA 
 
 
4.1 Conceito 
 
 
 Art. 223. A incorporação, fusão ou cisão podem ser operadas entre 
sociedades de tipos iguais ou diferentes e deverão ser deliberadas na forma 
prevista para a alteração dos respectivos estatutos ou contratos sociais. ( Lei 
6.404/76). 
 
O termo transformação societária é devido a modificação na estrutura ou no tipo 
da sociedade. Essa aplicação não é exclusivo das sociedades anônimas, mas é estendido 
a qualquer tipo de sociedade. A transformação era regida somente pela lei 6.404/76 
quando determinava de forma abrangente a modificação, porém com o código civil de 
2002 houve a devida regulamentação das transformações societárias de todas as 
espécies com exceção da sociedade anônima. 
 
“A flexibilidade do direito comercial permite que a sociedade mercantil, 
dotada de certa estrutura jurídica, a modifique para assumir outro tipo, sem 
descontinuidade ou alteração de sua personalidade. Essa é uma das mais 
interessantes conquistas modernas da ciência jurídica”. (REQUIÃO, 2007, p. 
260). 
 
Fabretti (2005) explica que a transformação societária é uma operação jurídica em 
que a empresa muda sua forma de sociedade. Pelo Código Civil temos a transformação 
societária, como exemplo, uma sociedade limitada passando a sociedade por ações ou 
companhia. Essas transformações que são previstos pelos artigos 1.113 a 1.122, corrigiu 
o defeito imposto pela legislação anterior ao regular a transformação,a fusão, a 
incorporação e a cisão das sociedades. Requião17 comenta que por meio da 
transformação da sociedade é possível dar outra tipicidade a sociedade, porém para isso 
é necessário a modificação do ato constitutivo. 
 
Transformação é negócio jurídico de natureza voluntária resultante da 
vontade unânime dos sócios ou acionistas, atual ou anteriormente 
manifestada. (CARVALHOSA, 1998, p. 176) 
 
Art. 1.113. O ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da 
sociedade, e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição 
próprios do tipo em que vai converter-se. (Código Civil, 2002) 
 
17 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial.. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 258 
38 
 
 
Art. 220. A transformação é a operação pela qual a sociedade passa, 
independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro. 
Parágrafo único. A transformação obedecerá aos preceitos que regulam a 
constituição e o registro do tipo a ser adotado pela sociedade. (Lei 6.404/76) 
 
O sentido do parágrafo único do artigo 220 descreve que a transformação importa 
em novo ato constitutivo, isto quer dizer que a personalidade jurídica permanece, mas 
reveste-se não apenas de outra forma, mas também de conteúdo jurídico 
substancialmente diverso quanto às relações internas, dos sócios, e externas, no que 
respeita aos credores, ao Poder Público e ao mercado de capitais. “A transformação, 
com efeito, altera os direitos e obrigações dos sócios entre si e destes, em relação à 
sociedade, com repercussões ou não em seu patrimônio pessoal” (CARVALHOSA, 
1998, p. 177). 
 
O Código Civil determina que a transformação independa de dissolução ou 
liquidação da sociedade, porém a Lei 6.404/76 expressa que a transformação é uma 
operação onde a sociedade passará independentemente de dissolução e liquidação, de 
um tipo para outro, continuando a personalidade jurídica existente, ou seja, a 
personalidade da empresa permanece imutável não surgindo assim nova sociedade. O 
nome porém muitas vezes é necessário alterar devido a exigência do novo tipo social, 
mas deve ser respeitado aos preceitos que regulam a constituição e o registro do tipo a 
ser assumido. 
 
Importante ressaltar que a transformação societária trata-se de negócio voluntário, 
pois objetiva a composição de interesses dos sócios que não mais se adaptam com o tipo 
societário atual ou visa atender aos critérios de conveniência dos sócios na esfera 
contratual, no âmbito interno ou externo de suas relações. 
 
Carvalhosa18 fundamenta o instituto descrevendo que a faculdade legal de 
transformação atende a dois princípios fundamentais, quais sejam, o da liberdade 
contratual e o da segurança jurídica dos sócios quantos às bases do contrato social que 
firmaram. Quanto a este último, é um princípio de natureza plurilateral do contrato de 
sociedade, pois a vontade dos acionistas na escolha do tipo societário não pode ser 
 
18 CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedade Anônimas. 4 vol. São Paulo: Saraiva. 
1998, p.175. 
39 
 
alterada pela vontade majoritária, a não ser que o estatuto ou o contrato social tenha 
previsto tal alteração. Vê-se então que o instituto de transformação encontra-se na 
liberdade contratual e no direito imutável do sócio de manter as bases desse contrato, a 
não ser que previamente tenha manifestado sua concordância em futura alteração dessas 
mesmas bases. 
 
O professor Doria explica a distinção entre transformação pura e constitutiva de 
maneira prática, a seguir: 
 
“A distinção entre transformação pura e constitutiva apresenta importância 
prática, pois, enquanto a primeira, inexistindo dissolução ou liquidação da 
sociedade, não haverá transmissão de bens, na segunda haveria virtual 
dissolução da antiga sociedade”. (Doria, 2000, p. 298). 
 
Há na doutrina uma larga discussão doutrinária no tocante a transformação pura e 
a constitutiva. Enquanto que na transformação pura uma corrente entende que não há 
transmissão de bens e valores de um patrimônio para outro, na constitutiva 
necessariamente haveria transmissão, porque os bens passam de uma pessoa jurídica 
para outra. Por mais que exista tal discussão, as correntes são pacíficas no sentido de 
que não há constituição de nova sociedade, seja na transformação simples, seja na 
constitutiva, mas somente alteração da forma adotada anteriormente. 
 
Tanto o artigo 1.114 do Código Civil quanto o artigo 221 da LSA expressam que 
a transformação exige consentimento unânime dos sócios. O consentimento destes é 
requisito para que a transformação seja levada a efeito, pois com a modificação na 
estrutura do contrato social ocorre a alteração das responsabilidades dos sócios. Existe 
a exceção ao princípio de deliberação por maioria: art. 72 do Decreto-Lei n. 2.627, de 
1940, em vigor. Além disso, o artigo 222 menciona os direitos dos credores, protegendo 
seus créditos de forma integral e com as mesmas garantias que o tipo anterior de 
sociedade oferecia. Carvalhosa19 explica que o fundamento da norma está na segurança 
jurídica das relações contratuais, da pessoa jurídica da sociedade, de que resultam 
créditos a favor de terceiros e interesses do Poder Público. Disposto semelhante 
expressa o artigo 1.115 do Código Civil, adicionando em seu parágrafo único quando 
trata da falência da sociedade e o credor anterior, quando este tem a faculdade de pedir 
 
19 CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. 4 vol. São Paulo: Saraiva, 
1998, p. 196. 
40 
 
que seja assegurada ao seu crédito, a responsabilidade dos sócios nos termos do contrato 
anterior à transformação. 
 
 
4.2 Incorporação 
 
 
Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são 
absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. (Lei 
6.404/76). 
 
Definindo de maneira etimológica, incorporação significa ação ou feito de 
incorporar, juntar num só corpo, unir, adicionar. O elemento essencial desta modalidade 
é a dissolução de uma ou mais sociedades e a permanência de outra sociedade. Rubens 
Requião (2007, p. 262) acrescenta que a incorporação é a operação em que uma ou mais 
sociedade, mesmo de tipos iguais ou diferentes, são absorvidas por outra, que lhes 
sucede em todos os direitos e obrigações. Não é este instituto exclusivo a sociedades 
anônimas, pois conforme legislação alcança os mais variados tipos de sociedades sendo 
regulada pelo Código Civil em seus artigos 1.116 a 1.118. 
 
No Brasil a incorporação de sociedades foi ganhar espaço a partir da década de 
60, assim o governo passou a estimular esta operação abrindo mão de benefício de 
ordem fiscal, ocorrendo a absorção de pequenas e médias por grandes empresas. Sendo 
um fenômeno do capitalismo, a incorporação tem várias causas determinantes, como 
por exemplo a concorrência entre empresas ou companhias que exploram o mesmo 
ramo de indústria ou de comércio ou o objetivo de possibilitar um monopólio de fato na 
distribuição ou colocação de certos produtos. 
 
Na incorporação não há o surgimento de sociedade nova, pois a incorporadora 
absorve outra ou outras sociedades que se extinguem, ou seja, nasce a companhia 
incorporadora e morrem as incorporadas. O negócio de incorporação consubstancia ato 
constitutivo e ao mesmo tempo desconstitutivo. È constitutivo quando pela agregação 
de patrimônios de duas sociedades em uma só. Será desconstitutivo pelo 
desaparecimento da pessoa jurídica da incorporada, tendo como efeito o 
41 
 
desaparecimento da personalidade jurídicadessa sociedade, com a absorção de seu 
patrimônio pela outra. 
 
Assim caracteriza-se a incorporação, conforme Fazzio20: pela versão global do 
patrimônio (todos os direitos e obrigações); pela participação dos acionistas ou sócios 
das incorporadas na sociedade incorporadora; pela extinção da sociedade incorporadora, 
absorvida pela incorporadora. Não constitui esta operação de compra e venda, nem 
alienação sui generis, pois a transferência do patrimônio de uma para outra sociedade 
dá-se a título de pagamento das ações subscritas pela incorporadora a favor de seus 
sócios. 
 
Art. 227. § 1º A assembléia-geral da companhia incorporadora, se aprovar o 
protocolo da operação, deverá autorizar o aumento de capital a ser subscrito e 
realizado pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, e 
nomear os peritos que o avaliarão. 
§ 2º A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar o protocolo da 
operação, autorizará seus administradores a praticarem os atos necessários à 
incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora. 
§ 3º Aprovados pela assembléia-geral da incorporadora o laudo de avaliação 
e a incorporação, extingue-se a incorporada, competindo à primeira promover 
o arquivamento e a publicação dos atos da incorporação. (Lei 6.404/76). 
 
A operação é precedida de convocação e deliberação da sociedade incorporadora 
na forma prevista para a alteração dos respectivos estatutos ou contratos sociais e 
posterior protocolo aprovado pela assembléia geral da incorporadora, onde autoriza-se o 
aumento de capital a ser subscrito e realizado pela incorporadora. Em princípio, serão 
três as assembléias gerais: duas da incorporadora e uma da que houver de ser 
incorporada. Assim elucida Doria21 quando escreveu que a natureza jurídica do 
protocolo pode ser qualificada como a de um pré-contrato, dele resultando uma 
obrigação de fazer, qual a de submetê-lo, os que o tenham firmado, à apreciação da 
assembléia geral. Mediante a esse protocolo, a sociedade incorporada deve aprovar e 
autorizar seus administradores a praticarem os atos necessários à incorporação e a 
subscrição do aumento de capital da incorporadora. O protocolo deve conter os 
requisitos previstos no artigo 224 da LSA, porém no caso de alguma sociedade 
incorporada resolver alterar o conteúdo do protocolo, todas as outras sociedades 
incorporadas devem concordar com as modificações introduzidas no protocolo para que 
 
20 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 313 
21 DORIA, Dylson. Curso de Direito Comercial. 12 ed. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 298 
42 
 
haja a incorporação. O protocolo assim, como afirma Doria22, não passa de simples 
projeto sem maiores efeitos que os de obrigar os administradores a levá-lo a exame das 
assembléias. 
 
O artigo 226 da LSA expressa que a incorporação, fusão e cisão só poderão ser 
efetuadas se o valor do patrimônio a ser vertido para a formação do capital social da 
sociedade incorporadora for igual ao montante do capital a realizar. Importante destaque 
escreve Fazzio23 que no caso da incorporação da sociedade anônima, a avaliação dos 
patrimônios da controladora e da controlada também poderá ter por base outro critério 
aceito pela CVM, mas deverá ser levada a efeito por empresa especializada. A 
incorporação também não prejudicará os credores das sociedades incorporadoras e das 
incorporadas. 
 
 
4.3 Fusão 
 
 
Art. 228. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades 
para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e 
obrigações. (Lei 6.404/76). 
 
A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades, de tipos 
iguais ou diferentes, para formar sociedade nova que lhes sucederá em todos 
os direitos e obrigações. Se na incorporação a sociedade incorporada se 
extingue, por ser absorvida pela outra, que permanece, na fusão, as duas ou 
mais sociedades, todas elas objeto da operação, se extinguem. (REQUIÃO, 
2005, p. 261). 
 
A fusão é de forma simultânea, um modo de extinção e forma de constituição, 
pois como determina o artigo 228 da LSA, ocorre a união de sociedades com o objetivo 
de formar sociedade nova. 
 
Fazzio24 cita em sua obra comentário de Hélio da Silva Nunes onde explica que na 
fusão ocorre o efeito-extintivo-associativo, como sendo uma forma especial de 
concentração de empresas, ou seja, a fusão prescinde de dissolução e liquidação. A 
 
22Idem/ Id. 
23 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 313 
24 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2006, p.313 
43 
 
sociedade fusionada passa diretamente para extinção, sem entrar em liquidação, porém 
não ocorre a partilha do patrimônio. Carvalhosa25 escreve que a fusão constitui negócio 
plurilateral que tem como finalidade jurídica a integração de patrimônios societários em 
uma nova sociedade. 
 
Art. 228. § 1º A assembléia-geral de cada companhia, se aprovar o protocolo 
de fusão, deverá nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das 
demais sociedades. 
§ 2º Apresentados os laudos, os administradores convocarão os sócios ou 
acionistas das sociedades para uma assembléia-geral, que deles tomará 
conhecimento e resolverá sobre a constituição definitiva da nova sociedade, 
vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio 
líquido da sociedade de que fazem parte. 
§ 3º Constituída a nova companhia, incumbirá aos primeiros administradores 
promover o arquivamento e a publicação dos atos da fusão. (Lei 4.404/76). 
 
De semelhante modo da incorporação, a assembléia geral de cada companhia, se 
aprovar o protocolo de fusão deverá nomear os peritos que avaliarão os patrimônios 
líquidos das sociedades em processo de fusão. “A assembléia geral é constituída dos 
sócios e acionistas de todas as sociedades em fusão” (REQUIÃO, 2005, p.261). Na 
assembléia é tomado o conhecimento e resolvido sobre a constituição definitiva da 
sociedade, isto depois de serem apresentados os laudos. 
 
Na fusão difere da dissolução, pois nesta última os sócios, ao receberem haveres 
da sociedade liquidante, tornam-se responsáveis pelos vícios dessa mesma liquidação. 
Já na fusão, a nova sociedade sucede as sociedades fundidas em todos os direitos, 
obrigações e responsabilidades dos negócios em curso, os quais se mantêm íntegros 
quanto ao direito material que representam. A nova sociedade que emerge da fusão será 
responsável pelas obrigações contraídas pelas sociedades que foram extintas, não 
implicando assim prejuízos de terceiros. 
 
Conforme parágrafo 3º do artigo 228 da LSA cabe aos primeiros administradores 
o arquivamento e a publicação dos atos de fusão e bem como a legalização da nova 
sociedade. 
 
 
25 CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas. 4 vol. São Paulo: Saraiva, 
1998, p. 274. 
44 
 
O efeito fundamental da fusão é a absoluta autonomia da nova sociedade com 
respeito à estrutura das sociedades extintas. Cabe ressaltar que a fusão não deve ser 
confundida com os grupos de empresas ou sociedades coligadas, quer tomem a forma 
do holding ou do cartel, em que cada sociedade mantém sua autonomia jurídica, 
conquanto ligadas por interesses econômicos. 
 
 
4.4 Fusão e Incorporação 
 
 
Embora idêntica a fusão e a incorporação, pois visam a concentração empresarial, 
a estrutura jurídica de uma e de outra é bem diferente. Na doutrina há duas correntes, a 
primeira que considera a incorporação como uma espécie de fusão

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