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1 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 5 – Sociedade (arts. 981 a 985, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini SOCIEDADE Código Civil – Lei n. 10.406/02 LIVRO II – Do Direito de Empresa TÍTULO II – Da Sociedade (Arts. 981 a 985) CAPÍTULO ÚNICO Disposições Gerais Arts. 981 a 985 Ato constitutivo: dá nascimento à sociedade (contrato). Efeitos da personificação das sociedades: Personalidade jurídica é capacidade jurídico-patrimonial de que gozam os entes coletivos aos quais o direito reconhece ou atribui uma existência dife- rente da das pessoas que a constituem. Funciona como aparato técnico de unificação das relações que, sem ela, seriam múltiplas, como múltiplas são as pessoas individuais que a integram. Os efeitos são equiparados aos da pessoa natural – capacidade de con- tratar, de ter patrimônio, de praticar atos jurídicos em geral (excluídas capaci- dades próprias da pessoa natural, como o casamento, a interdição, etc.), de estar em juízo (art. 12, CPC)... Elementos da sociedade: a) Pluralidade de pessoas (em regra; exceção: EIRELI e S/A subsidiária integral); b) Patrimônio próprio (inicialmente constituído com as contribuições dos sócios; necessário para o exercício da sua atividade); c) Finalidade lucrativa (sócios participam quer nos lucros quer nas per- das; em regra, a partilha será proporcional às contribuições com que ingressaram). Responsabilidade dos sócios nas sociedades: a) Responsabilidade de primeiro grau (para com a sociedade); b) Responsabilidade de segundo grau (por obrigações da sociedade). *Analisar cada sociedade isoladamente. 2 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 5 – Sociedade (arts. 981 a 985, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini Artigo 981 Celebram contrato de sociedade as pessoas que reci- procamente se obrigam a contribuir, com bens ou ser- viços, para o exercício de atividade econômica e a par- tilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. A existência legal da sociedade e demais pessoas jurídicas constantes da Parte Geral do CC começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro e, quando necessário (no caso de atividades bancárias, mineradoras, seguradoras, etc.), com autorização/aprovação do Poder Executivo. Art. 45, CC. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, prece- dida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executi- vo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, conta- do o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Uma sociedade não existe de fato: é uma criação do direito. Quem age por ela, em nome dela, é seu administrador. Ele é ÓRGÃO DA SOCIEDADE, não seu procurador (teoria organicionista). Quando age regularmente em nome dela, não se obriga pessoalmente – quem se obriga é a sociedade. Os sócios da sociedade não são empresários; são investidores, capita- listas. Direitos e obrigações da sociedade não são direitos e obrigações dos só- cios! Há sociedades que são INSTITUÍDAS, e não contratadas. São as soci- edades institucionais (por ESTATUTOS): as sociedades por ações (S/A e sociedade em comandita por ações). Não são contratadas porque os sócios não têm a faculdade de discutir direitos e obrigações; tudo já está definido nos estatutos, aos quais os sócios aderem. 3 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 5 – Sociedade (arts. 981 a 985, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini Obs.: TEORIA GERMÂNICA – as sociedades não nascem nem dos con- tratos nem dos estatutos, mas sim do negócio coletivo/ato coletivo/negócio complexo. É quando os sócios, depois de elaborarem o contrato/estatuto, estão no mesmo desejo: que os negócios gerem lucro. Enquanto o ato constitutivo não for registrado, a sociedade é irregular (em comum/de fato). Local de inscrição do ato constitutivo da sociedade: 1) Sociedade empresária – Registro Público de Empresa Mercantis e Atividades Afins (Junta Comercial do respectivo estado). 2) Sociedade simples – Registro Civil das Pessoas Jurídicas (cartório da respectiva sede). “Celebram contrato de sociedade...”: ou estatuto. Verdadeiro nasci- mento: com o negócio coletivo (teoria germânica). Válido lembrar: Art. 104, CC. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; Incapaz pode ser sócio, desde que não tenha responsabilidade subsidiá- ria, não seja administrador, seja assistido/representado e o capital social esteja devidamente integralizado. Ver art. 974, § 3.º. II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; No caso das sociedades, deve ser objeto determinado. III - forma prescrita ou não defesa em lei. Mas só será regular se for contratada por escrito e com o contrato inscri- to no registro competente. “... as pessoas”: duas ou mais (exceções: EIRELI e subsidiária inte- gral), naturais e/ou jurídicas. “... que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens...”: Não adianta apenas contratar, os sócios devem contribuir com bens (analisados e valorados), com dinheiro... Capital social – soma das entradas de cada sócio, uma cifra que fica fazendo parte dos balanços (é a partir dele que os bancos saberão quanto de empréstimo poderão ceder, p. ex.). Patrimônio – varia conforme o mercado. “... ou serviços,...”: Nenhuma sociedade empresária admite sócio que SÓ contribua com serviços, A NÃO SER A SOCIDADE SIMPLES. “... para o exercício de atividade econômica...”: Correlação com o ca- put do art. 966. Toda sociedade exerce atividade econômica, visando produção de riquezas e de utilidades, com interesse de partilhar os resultados. 4 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 5 – Sociedade (arts. 981 a 985, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini “... e a partilha, entre si, dos resultados.”: Em qualquer sociedade, nenhum sócio pode ser excluído da participação dos lucros e dos prejuízos (art. 1.008). A regra é a participação proporcional às contribuições para a socieda- de, mas pode ser disposto em contrário no contrato (arts. 997, VII, c/c art. 1.007). Atividade voltada para a realização de um ou mais negócios deter- minados – se a sociedade for constituída para a construção de UM prédio, ela foi realizada para apenas um negócio. Artigo 982 Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se em- presária a sociedade por ações; e, simples, a coopera- tiva. Distinção pelo objeto – REGRA: 1) Sociedade empresária – cujo objeto seja exercício próprio de em- presário sujeito à registro (arts. 966 c/c 967). 2) Sociedade simples – as demais. EXCEÇÕES: a) Sociedades por ações (S/A e SC/A) – sempre empresárias. b) Cooperativas – sempre simples. Artigo 983 A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a socieda- 5 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 5 – Sociedade (arts. 981 a 985, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini de simples pode constituir-se de conformidadecom um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à socieda- de em conta de participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da socie- dade segundo determinado tipo. As normas concernentes à sociedade simples constituem a TEORIA GERAL DO DIREITO SOCIETÁRIO: aplicam-se às sociedades empresárias a tudo aquilo que lhes for omisso. As sociedades empresárias estão reguladas nos arts. 1.039 a 1.092 (em nome coletivo, em comandita simples, limitada, anônima, em comandita por ações). A sociedade simples pode constituir-se conforme os tipos de sociedade empresária (em forma de sociedade limitada, p. ex.). Não o fazendo, subordi- na-se a suas próprias regras (arts. 997 a 1.038 – sociedade simples propria- mente dita). A sociedade simples NÃO pode assumir forma de sociedade por ações, pois essas são sempre empresárias (art. 982, parágrafo único)! Ainda que assuma forma de sociedade empresária, a sociedade simples continuará devendo ser inscrita no Registro Civil de Pessoas Jurídicas (respei- tando a forma adotada). Parágrafo único: Sociedades por ações – sempre empresárias. Cooperativas – sempre simples. Sociedade em conta de participação – não é simples nem empresária. Outras atividades – por lei, deverão sempre ser de certo tipo (ex.: ban- cos serão sempre S/A). 6 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 5 – Sociedade (arts. 981 a 985, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini Artigo 984 A sociedade que tenha por objeto o exercício de ativi- dade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de socie- dade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empre- sas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à so- ciedade empresária. Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daque- les tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação. Semelhante ao art. 971. Atividade rural não é atividade empresarial, logo estamos diante de uma possível sociedade simples. Mas ela poderá ser constituída (originária – na Junta Comercial) ou transformada (sendo simples inscrita no RCPJ, requeren- do-se a inscrição no RPEM – transformação: art. 1.115) em um dos tipos de sociedade empresária (menos as sociedades por ações). Artigo 985 A sociedade adquire personalidade jurídica com a ins- crição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150). Sociedade Simples propriamente dita – Registro Civil de Pessoas Ju- rídicas. Sociedade Simples sob forma de empresária – RPCJ. Sociedades empresárias** – Registro Público de Empresas Mercantis. Cooperativa – RPEM (apesar de serem sociedades simples). * EIRELI – RPEM. * Empresário individual – RPEM. 7 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 5 – Sociedade (arts. 981 a 985, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini Art. 1.115, CC. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou qualquer interessado. § 1º Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos respectivos. § 2º Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito a partir da data de sua concessão. § 3º As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos, em caso de omissão ou demora. Arts. 985 e 986 – Existe um prazo para levar o contrato ao registro com- petente. O administrador deverá prosseguir com a inscrição. Na sua omis- são/demora, por qualquer sócio ou interessado (administrador poderá ser pe- nalizado). PRAZO: 30 dias. Esse prazo não é fatal. Se não for obedecido, a sociedade continuará a existir, mas haverá consequências. Hipótese 1 (DENTRO DO PRAZO): 17/4/2012 – contrato foi feito 30 dias para apresentar o contrato (art. 1.151, § 1.º) 17/5/2012 – contrato foi apresentado no registro competente Último dia, mas está dentro do prazo! 1.º/6/2012 – órgão competente se pronuncia – arquivamento. OS EFEITOS DO CONTRATO RETROAGEM À DATA DO DOCUMEN- TO: A SOCIEDADE É REGULAR DESDE 17/4/2012! Hipótese 2 (FORA DO PRAZO): 17/4/2012 – contrato foi feito 17/5/2012 – último dia para apresentar o contrato (30 dias) 22/5/2012 – contrato apresentado (fora do prazo!) 10/6/2012 – ARQUIVAMENTO. O REGISTROS SÓ PRODUZIRÁ EFEITOS A PARTIR DA DATA DE DEFE- RIMENTO DE ARQUIVAMENTO: REGULAR DESDE 10/6/2012. DE 17/4/2012 A 9/6/2012: SOCIEDADE IRREGULAR!
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