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- 1 - UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS Reforma do Código de Processo Civil Trabalho de Atividades Práticas Supervisionadas – APS 6º e 7º semestres Turma: DRT7VX68 Noturno Gisely Rosana Pires B4662B – 6 Keith Helena dos Santos C29DEE– 4 Spencer Luiz Silva Pereira de Souza B383FI – 6 Tatiane Brito da Silva T679EE – 0 Vanessa Martins B42AAF – 5 CAMPUS PARAÍSO SÃO PAULO - MAIO DE 2015 - 2 - SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... - 3 - 2. CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO ............................... - 4 - 3. PRINCIPAIS RAZÕES DE UMA REFORMA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ..... - 6 - 3.1. PONTOS DIFERENCIAIS DO NOVO CÓDIGO .......................................................... - 9 - 3.2. RECURSOS. QUAIS AS MUDANÇAS? ..................................................................... - 19 - 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. - 23 - 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... - 25 - - 3 - 1. INTRODUÇÃO Este trabalho apresenta um estudo bibliográfico comparativo sobre o tema central Reforma do Código Processo Civil, com enfoque em especial no que tange ao sistema recursal, e seus desdobramentos. Suas alterações, comparativos, razões de ser, etc. Além da fase histórica e a construção do processo civil no ordenamento jurídico brasileiro, serão verificadas as principais mudanças e o que foi alterado na prática para os operadores do direito em suas atividades, prazos, celeridade dentre outras nuances de importante enfoque para o sistema processual brasileiro. O assunto será abordado de forma simples, singular e direta, visto que se trata de um tema atual as referências utilizadas serão em sua maior parte os meios virtuais, através sites especializados em tais matérias. Tal pesquisa justifica-se por tratar de assunto de imensa relevância no contexto atual para a formação acadêmica e construção de pensamento lógico- jurídico que seguirá conosco ao longo de nossa trajetória acadêmica e profissional. Com tal estudo esperamos mergulhar nas nuances do novo código de processo civil e entender porque a construção de um novo código tem tamanha importância no dia a dia dos operadores de direito, além de verificar a operacionalização de todo sistema processual, como disciplina fundamental na condução dos estudos de direito. - 4 - 2. CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO O código de processo civil nasceu de um conjunto de normas que o legislador compilou matérias relativas ao tema de processo civil, aqueles que fogem das competências diversas desta, como por exemplo, código de processo penal, ritos do processo trabalhista e etc. O primeiro esboço no sentido de se ter um código de processo civil nasceu em 1446 quando o rei Afonso promulgou o primeiro código Português, aí nasciam as Ordenações do Reino e esta primeira foi chamada de Ordenações Afonsinas, daí em diante houve outras ordenações. Após este período inicial foi promulgado o código comercial em 1.850 que trazia em seus artigos o a formalização de artigos voltados para o processamento de causas comerciais, porém analisando historicamente foi o projeto que mais se aproximou em ser o primeiro Código de Processo Civil Brasileiro. Nesta época quem legislava em matéria de processo civil eram os Estados através dos Códigos de processo Estaduais o que na ocasião parecia lógico ao longo dos tempos foi se tornando um fardo e uma desordem generalizada, uma vez que não existia um padrão fixo de conduzir tais assuntos. Verificou-se a importância de existir uma unicidade no papel da justiça em matéria de processo civil então em 1.939 é promulgado um código que mistura leis contemporâneas e leis antiquadas que não serviram como base para o novo modelo brasileiro. Por fim em 1.973 o código de processo civil vigente até hoje foi promulgado através de uma reforma no código de 39. Tal norma conjuga quais as condutas a ser adotadas pelos operadores de direito ao guiar uma demanda judicial na área civil, prazos, formalidades, o Código vigente é divido e composto da seguinte forma: Cinco livros dos quais; Do processo de conhecimento; Do processo de execução; Do processo cautelar; Dos procedimentos especiais e Das disposições gerais e transitórias. O código de processo civil ampara à lide em seus requerimentos a justiça de forma a clarificar e decidir sobre os conflitos observados de forma justa, eficaz e controle dos procedimentos processuais. - 5 - O código serve especificamente para balizar, nortear e organizar os ritos a serem adotados durante a fase processual civil. - 6 - 3. PRINCIPAIS RAZÕES DE UMA REFORMA NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Em 1964 Alfredo Buzaid1 já trazia um texto que se mostra tão atual ao explicar porque se deve promulgar um novo código ao invés de remendar-se o existente: 1. Pouco depois de entrar em vigor o Código de Processo Civil vigente, ampla revisão buscou corrigir-lhe o texto e suprir-lhe as lacunas. O legislador não se contentou, porém, com retocá-lo, julgando necessário disciplinar autônomamente alguns institutos processuais, destacou-os do Código, quebrando-lhe a unicidade. As numerosas leis, promulgadas durante os vinte e três anos da aplicação do Código de Processo Civil, podem classificar-se em quatro grupos. O primeiro abrange aquelas, que lhe alteraram a redação ou o enunciado dos artigos. O segundo contém regras comuns a vários Códigos. O terceiro separa do Código alguns institutos. O quarto diz respeito a algumas ações especiais, que o legislador, por as não incorporar no Código, andam em leis extravagantes.2 Nessa época já era possível observar o qual importante era para o sistema realizar uma mudança no código de processo civil fica claro acima o nosso cenário atual no qual existe uma bagunça generalizada de leis “vagando” no espaço jurídico diluído no sistema processual, não conferindo a unicidade necessária para a correta conduta na resolução das lides. Extraído ainda deste mesmo texto o legislador explica brilhantemente os prós e contras de criar-se um novo sistema ou revisa-lo: 7. Aos estudos iniciais antolharam-se-nos duas soluções: rever o Código vigente ou elaborar um Código nôvo. A primeira tinha a vantagem de não interromper a continuidade legislativa; o plano de trabalho, bem que 1 - Ministro da Justiça durante o governo Emílio Garrastazu Médici 2 - Fonte: docs.google - 7 - compreendendo a quase totalidade dos preceitos legais, cingir-se-ia a manter tudo quanto estava conforme com os enunciados da ciência, emanando o que fôsse necessário, preenchendo lacunas e suprimindo o supérfluo, que retarda o andamento dos feitos. Mas pouco a pouco nos convencemos que era mais difícil corrigir o Código velho que escrever um nôno. a emenda ao Código atual requeria um concêrto de opiniões, precisamente nos pontos em que a fidelidade aos princípios não tolera transigência. E quando a dissenção é insuperável, a tendência é de resolvê-la mediante concessões, que não raro sacrificam a verdade científica a meras razões de oportunidade. O grande mal das reformas é o de transformar o Código em mosaico, comcoloridos diversos que traduzem as mais variadas direções. De diferentes reformas parciais tem experiência o país; mas, como observou Lopes da Costa, uma foram para melhor; mas em outras saiu a emenda pior que o sonêto. Depois de demorada reflexão, verificamos que o problema era muito mais amplo, grave e profundo, atingindo a substância das instituições, a disposição ordenada das matérias e a íntima correlação entre a função do processo civil e a estrutura orgânica do Poder Judiciário. Justamente por isso a nossa tarefa não se limitou à mera revisão. Pareceu-nos indispensável reelaborar o Código em suas linhas fundamentais, dando-lhe um nôvo plano em harmonia com as exigências científicas do progresso contemporâneo e as experiências dos povos cultos. Adotando esta orientação de trabalho, evitamos um código mutilado , moldado por princípios heterogêneos, desconchavado em suas partes fundamentais. Nossa preocupação fundamental foi a de realizar uma obra unitária, quer no plano dos princípios, quer em suas aplicações práticas. Porque se tornou tão necessária a reforma do código civil brasileiro? Bom quanto a esse questionamento as opiniões são praticamente unânimes, pois a maior parte dos doutrinadores diz que tal reforma se faz necessária para aumentar a celeridade e acuracidade no processo. O atual código passou por diversas reformas sem entretanto alterar-se sua essência, pois foram promulgadas leis posteriores que tratavam de aparar arestas de difícil solução e que também dificultavam a condução dos processos, com isso - 8 - provou-se que seria muito mais fácil modificar o código ao invés de ficar tecendo remendos em sua estrutura. O atual código passou por ondas de inconformismo e tentativas de mudanças, porém, não se reformando propriamente o código mais criando leis esparsas que legislavam em favor da melhor adequação em matéria processual, e resolver as deficiências que existiam no decorrer do processo. Somado a isso vivemos em um diferente cenário histórico que justifica tal mudança, tivemos inúmeros avanços em diversas áreas, como por exemplo no cenário político, econômico, tecnológico dentre outros, com isto posto fica mais do que claro a real necessidade de tal alteração, leis e procedimentos que faziam todo sentido no passado não configuram mais maneira eficaz de resolver as celeumas entre os indivíduos inseridos neste cenário. Com isso também podemos apontar como intuito do legislador o forte interesse de desburocratizar os trâmites que envolvem o processo, simplificando assim os ritos e fazendo com que tal simplicidade não afete a fluidez no decorrer do processo. Na exposição de motivos redigida para o novo código podemos retirar o trecho acerca da funcionalidade do antigo código realizando um paralelo do real motivo de um novo código atrelados às explicações acima: Não há fórmulas mágicas. O Código vigente, de 1973, operou satisfatoriamente durante duas décadas. A partir dos anos noventa, entretanto, sucessivas reformas, a grande maioria delas lideradas pelos Ministros Athos Gusmão Carneiro e Sálvio de Figueiredo Teixeira, introduziram no Código revogado significativas alterações, com o objetivo de adaptar as normas processuais a mudanças na sociedade e ao funcionamento das instituições. A expressiva maioria dessas alterações, como, por exemplo, em 1.994, a inclusão no sistema do instituto da antecipação de tutela; em 1.995, a alteração do regime do agravo; e, mais recentemente, as leis que alteraram a execução, foram bem recebidas pela comunidade jurídica e geraram resultados positivos, no plano da operatividade do sistema. - 9 - O enfraquecimento da coesão entre as normas processuais foi uma conseqüência natural do método consistente em se incluírem, aos poucos, alterações no CPC, comprometendo a sua forma sistemática. A complexidade resultante desse processo confunde-se, até certo ponto, com essa desorganização, comprometendo a celeridade e gerando questões evitáveis (= pontos que geram polêmica e atraem atenção dos magistrados) que subtraem indevidamente a atenção do operador do direito. [...]O novo Código de Processo Civil tem o potencial de gerar um processo mais célere, mais justo,porque mais rente às necessidades sociais e muito menos complexo. A simplificação do sistema, além de proporcionar-lhe coesão mais visível, permite ao juiz centrar sua atenção, de modo mais intenso, no mérito da causa.3 Após todas as justificativas e devidos esclarecimentos fica claro as reais razões que fizeram os doutrinadores realizarem tal mudança não restando dúvidas de que tal medida deveria ter sido tomada a muito tempo. 3.1. PONTOS DIFERENCIAIS DO NOVO CÓDIGO São diversos os pontos diferenciais que são cruciais e que configuram como verdadeiros diferenciais são inúmeras as opiniões, vamos tentar aqui elencar os principais que merecem ser referenciados. Como primeiro balizamento tomemos a fonte da Agência Senado que expõe os principais pontos do novo CPC: Agilidade Causas repetidas: Ações judiciais com o mesmo objetivo poderão ser julgadas de uma única vez por um tribunal, que mandará aplicar a decisão para todos os casos. O instrumento de resolução de demandas repetitivas 3 Trechos extraídos do documento integral disponível em: www.senado.gov.br/senado/novocpc/pdf/Anteprojeto.pdf - 10 - trará rapidez para milhares de ações iguais contra bancos, concessionárias de serviços públicos (luz e telefonia), Previdência e FGTS. Limites aos recursos: Para evitar que os recursos continuem sendo instrumentos para adiar o fim dos processos, com o propósito de retardar pagamentos ou cumprimento de outras obrigações, o novo CPC extingue alguns desses mecanismos, limita outros e encarece a fase recursal (haverá pagamento de honorário também nessa etapa, além de multas quando a parte recorrer apenas para atrasar a decisão). Transparência As ações serão julgadas em ordem cronológica de conclusão, ressalvados os atos urgentes e as preferências legais, ficando a lista de processos disponível para consulta pública. Os juízes serão ainda obrigados a detalhar os motivos de suas decisões, não bastando transcrever a legislação que dá suporte à sentença. Menos conflitos As pessoas serão chamadas pela Justiça para participar de audiências prévias para tentar acordo. Para isso, os tribunais serão obrigados a criar centros judiciários de conciliação e mediação, com profissionais especializados. De modo geral, também poderá haver acordo sobre procedimentos do processo, como a definição de calendário ou a contratação de perícia. Ações de família Acordo: o juiz deverá dispor do auxílio de profissionais de outras áreas para facilitar ao máximo a conciliação em processos de divórcio, filiação, guarda de filhos e outros temas de família. A audiência se dividirá em quantas sessões forem necessárias para viabilizar o consenso, sem se afastar as providências para evitar a perda de direitos. Abuso: em casos relacionados a abuso ou alienação parental, a presença de especialista na tomada de depoimento da criança ou incapaz passa a ser obrigatória. Prisão: é mantida a prisão fechada para o devedor de pensão, mas agora com a garantia de que ficará separado dos presos comuns. Garantia para credores Fica mantida a regra atual que permite o bloqueio e penhora antecipada (antes da sentença) de dinheiro, aplicações recursos e outros bens do devedor, para assegurar o pagamento de crédito de terceiros. A novidade é - 11 - que, para garantir a execução da sentença, o juiz poderá determinar a inclusão do nome do devedor em cadastros de inadimplentes. Reflexos nas empresas PersonalidadeJurídica: o novo Código definirá procedimentos para a desconsideração da personalidade jurídica das sociedades, medida que pode ser adotada em casos de abusos e fraudes. Assim, os administradores e sócios respondem com seus bens pelos prejuízos. Hoje os juízes se valem de orientações jurisprudenciais ainda consideradas incompletos. Intervenção: Saiu do texto final, em último momento, regra que atribuía aos juízes poder para determinar a intervenção judicial em empresas, para fazer valer uma sentença com obrigação a cumprir. Conquistas para advogados Honorários: os advogados públicos poderão receber, além do salário, honorários quando obtiverem sucesso nas causas. Lei futura definirá condições e forma de pagamento. Já os advogados liberais, nas ações vencidas contra a Fazenda Pública, agora terão tabela de honorários de acordo com faixas sobre o valor da condenação ou do proveito econômico. Os honorários também serão pagos na fase dos recursos. Descanso anual: Para que os advogados tenham férias e não percam prazos, os processos ficam suspensos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro. Nesse período também não haverá audiências nem julgamentos, sendo mantidas demais atividades exercidas por juízes, membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública, além dos serviços dos auxiliares da Justiça. Participação social Será regulamentada a intervenção do amicus curiae em causas controversas e relevantes, para colaborar com sua experiência na matéria em análise, em defesa de interesse institucional público. Poderá ser uma pessoa, órgão ou entidade que detenha conhecimento ou representatividade na discussão. A participação poderá ser solicitada pelo juiz ou relator ou ser por eles admitida, a partir de pedido das partes ou mesmo de quem deseja se manifestar.4 Além desses tópicos muitos especialistas estão considerando este novo Código, como um código harmonioso com a Constituição Federal e seus 4 Fonte: Agência Senado - 12 - princípios, ou seja, um melhor encaixe jurídico, pois com esse novo código está se propondo agir de acordo com o princípio da duração razoável do processo e sem ferir no entanto os princípios do devido processo legal, do contraditório e ampla defesa. De acordo com os advogados Rogéria Dotti e Sandro Kozikoski em matéria publicada em 17 de março de 2015 no site da OAB do Paraná haverá algumas alterações na prática processual no dia-a-dia: 1. Uniformização dos prazos processuais em 15 dias. A uniformização dos prazos e a contagem em apenas dias úteis certamente vão impor mudanças também nas rotinas dos escritórios. 2. Maior flexibilização procedimental. As partes poderão ajustar com a anuência do juiz um procedimento diferenciado para o processo que esteja em curso. Ao invés de se imaginar que o processo segue tão somente pelo impulso oficial, temos a previsão de que os advogados podem agir de forma cooperativa, focando nos interesses peculiares do processo, na maneira como ele irá tramitar. 3. Sucumbência em grau recursal. Hoje, como não há uma sanção maior para aquele que recorre e acaba não tendo êxito em demonstrar as suas razões recursais, o que o novo código procura evitar é que se tenha a recorribilidade tão somente pelo intuito de procrastinar o processo. Isso pode tornar ainda mais onerosa a condenação. Essa questão passa inclusive por um certo planejamento econômico da causa. Deverá se pensar no quanto aquele processo poderá repercutir financeiramente para o cliente. 4. Audiência de conciliação como primeiro ato do processo. Essa novidade permite uma agilidade e facilidade maior na celebração dos acordos. Caso o réu concorde com o pedido do autor, poderá desde logo ser celebrado o acordo, sem a necessidade de apresentar uma contestação. O prazo de defesa só se inicia após a audiência. Além disso, essa primeira audiência será conduzida por um conciliador ou mediador. 5. Tutelas de urgência. Há uma primeira mudança simbólica que é a própria supressão do atual livro 4 do Código de 1973, voltado à regulamentação do processo cautelar. Agora, as tutelas de urgência são agrupadas sob uma rubrica comum para que se tenha uma verdadeira fungibilidade no manuseio dessas ferramentas. Algumas mudanças foram frutos de um simples ajuste da compreensão de certos fenômenos a algo que a jurisprudência já vinha praticando. Mas temos avanços também em relação às tutelas de urgência E isso merecerá uma atenção especial dos - 13 - advogados. 6. Aproveitamento dos recursos. Caso um dos tribunais superiores (STF ou STJ) entender que não é o competente, ao invés de simplesmente não conhecer do recurso (como ocorre na atual sistemática), deverá remetê-lo ao tribunal competente. Isso faz com que o recurso seja aproveitado, privilegiando-se o julgamento de mérito. 7. Recursos aos tribunais superiores independentemente de exame de admissibilidade. O novo CPC determina a remessa dos recursos aos tribunais superiores, dispensando o exame de admissibilidade (que atualmente é feito pelos tribunais estaduais ou regionais). Isso evita um longo tempo de espera. Ou seja, os recursos “sobem” desde logo, sendo a admissibilidade aferida diretamente pelos tribunais superiores. E apenas por eles. Atualmente há um duplo exame de admissibilidade (tribunal local e tribunal superior). 8. Desconsideração de vícios formais dos recursos, privilegiando o julgamento de mérito. Tanto em relação aos tribunais superiores, como em relação aos tribunais estaduais, os vícios meramente formais (guia de preparo incompleta, data de protocolo ilegível, etc.) poderão ser corrigidos. Atualmente, tais vícios levam ao não conhecimento dos recursos.5 Por último podemos citar sinteticamente os pontos anteriores combinados com outros, como por exemplo: • Criação de novos mecanismos para a busca da conciliação entre as partes • Simplificação da defesa do réu • Mudanças na contagem de prazos para as partes • Criação de uma ordem de julgamento dos processos • Redução do número de recursos e unificação dos prazos recursais • Alteração das regras referentes aos honorários advocatícios • Desconsideração da personalidade jurídica da sociedade Tais pontos demonstram o quão importante será essa mudança para condução dos processos. Porém nem tudo é perfeito há também aqueles que defendem que ao se promulgar esse novo diploma legal tantos outras falhas virão a tona pois somente no desdobramentos diários serão vistas . 5 Fonte: OAB PR - 14 - Abaixo quadro extraído de uma matéria publicada em 13 de março de 2015 no site conjur no qual o autor Pedro Lenza pontua os possíveis problemas contidos neste novo diploma. CPC/73 REGRA CPC/73 CPC/2015 REGRA / CORRESPONDÊNCIA / NOVIDADE - CPC/2015 Art. 120 p.único > possibilidade de o relator decidir de plano o conflito de competência havendo jurisprudência dominante do tribunal sobre a questão suscitada. Art. 955 > deixa claro que a jurisprudência dominante é do STF, STJ ou do próprio Tribunal aumenta o poder decisório do relator quando a tese tiver sido firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência. Art. 285-A > improcedência de plano – julgamento de mérito sem a citação do réu se já houver demandas idênticas no juízo. Art. 332 > houve ampliação dos poderes do juiz de primeira instância, permitindo o julgamento de mérito não somente em razão de decisões do juízo, mas também nas hipótese de: I – enunciado de súmula do STF ou do STJ; II – acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursosrepetitivos; III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) ou de assunção de - 15 - CPC/73 REGRA CPC/73 CPC/2015 REGRA / CORRESPONDÊNCIA / NOVIDADE - CPC/2015 competência; IV – enunciado de súmula de TJ sobre direito local. Art. 475 § 3º > inexistência de reexame necessário quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do STF ou em súmula deste tribunal ou do tribunal superior competente. Art. 496, §§ 3º e 4º > dispensa da remessa necessária de acordo com os valores da condenação (novidade). > mantém a ideia de dispensa em razão de decisões do STF e do STJ e inova em relação a entendimento firmado em IRDR ou em assunção de competência. > inova, também, de maneira muito interessante, ao dispensar o reexame quando a sentença estiver fundada em entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. Art. 475-L, § 1º > impugnação à fase executiva no cumprimento de sentença para Art. 552, §§ 12 a 15 > mantém a ideia do CPC/73 (temos algumas críticas, mas para um outro momento!) - 16 - CPC/73 REGRA CPC/73 CPC/2015 REGRA / CORRESPONDÊNCIA / NOVIDADE - CPC/2015 declarar a inexigibilidade do título quando houver declaração de inconstitucionalidade da lei que funda o título. Art. 741 p. único > impugnação na execução contra a Fazenda Pública para declarar a inexigibilidade do título quando houver declaração de inconstitucionalidade da lei que funda o título. Art. 535, §§ 5º a 8º > mantém a ideia do CPC/73 (temos algumas críticas, mas para um outro momento!) Art. 479 > recomendação para a uniformização da jurisprudência. Art. 926 > os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. Art. 481 § 1º > dispensa da cláusula de reserva de plenário no controle difuso. Art. 949 p. único > regra prevista de modo idêntico. Art. 518 § 1º > espécie de súmula impeditiva de recurso, caracterizada como um pressuposto de admissibilidade Art. 1.011, inciso I, c/c Art. 932 inciso IV > a admissibilidade negativa é transferida para o Relator no Tribunal e não mais para o juízo a quo que proferiu a sentença, podendo decidir monocraticamente (no Novo - 17 - CPC/73 REGRA CPC/73 CPC/2015 REGRA / CORRESPONDÊNCIA / NOVIDADE - CPC/2015 negativo do recurso, já que o juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do STJ ou do STF. Código, não há mais juízo de admissibilidade pelo juiz que proferiu a sentença – art. 1.010, § 3.º). > na linha das novidades do CPC/2015, o Relator poderá negar provimento ao recurso que for contrário a súmula do STF ou do STJ; acórdão proferido pelo STF ou STJ em julgamento de recursos repetidos; incidente firmado em IRDR ou assunção de competência. Arts. 543-A, 543-B e 543-C > Análise da repercussão geral no recurso extraordinário. Julgamento por amostragem – processos-modelos tanto no recurso extraordinário como no especial. Arts. 1.035 e 1.036 e seguintes > a regra da repercussão geral foi mantida e melhor disciplinada a técnica do julgamento de recursos extraordinário e especial repetidos. Art. 544 §§ 3º e 4º e Art. 557 caput e § 1º-A > atribuição dada ao relator do agravo de instrumento em recurso especial ou extraordinário para, monocraticamente, com base em Art. 932 IV e V > poderes dados ao relator para negar provimento a recurso ou dar provimento em razão de súmula do STF ou do STJ, acórdão em julgamento de recursos repetidos, entendimento - 18 - CPC/73 REGRA CPC/73 CPC/2015 REGRA / CORRESPONDÊNCIA / NOVIDADE - CPC/2015 jurisprudência do STJ ou do STF, conhecer do agravo e provê-lo ou negar seguimento. Essa previsão está explícita, também, para os recursos em geral (art. 557). firmado em IRDR ou assunção de competência. Art. 555 § 1º > ocorrendo relevante questão de direito, que faça conveniente prevenir ou compor divergência entre câmaras ou turmas do tribunal, poderá o relator propor seja o recurso julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar; reconhecendo o interesse público na assunção de competência, esse órgão colegiado julgará o recurso. Art. 947 > o novo Código criou um capítulo próprio para o que chamou de incidente de assunção de competência – IAC > o art. 947, § 3.º, prevê que o acórdão proferido em assunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão de tese, fazendo a previsão de cabimento de reclamação para garantir a observância do referido precedente (art. 988, IV) não há correspondência Art. 927 III, IV e V > os juízes e os tribunais observarão: III – os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e - 19 - CPC/73 REGRA CPC/73 CPC/2015 REGRA / CORRESPONDÊNCIA / NOVIDADE - CPC/2015 em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV – os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V – a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados 6 3.2. RECURSOS. QUAIS AS MUDANÇAS? Em matéria recursal houve muita mudança pelo motivo da celeridade no sentido de extinguir alguns recursos e de modificar recursos existentes vejamos abaixo quadro comparativo quando o novo código era ainda anteprojeto, tal quadro foi publicado na revista SJRJ. Lei n 5.869/73 (CPC) Anteprojeto do Novo CPC PL n 8.046/10 Art. 496. São cabíveis os seguintes recursos: Art. 907. São cabíveis os seguintes recursos: Art. 948. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; I - apelação; I - apelação; II - agravo de instrumento; II - agravo de instrumento; II - agravo de instrumento; III - embargos infringentes; III - agravo de interno; III - agravo interno; IV - embargos de declaração; IV - embargos de declaração; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; V - recurso ordinário; V - recurso ordinário; Vl - recurso especial; Vl - recurso especial; Vl - recurso especial; 6 - Quadro 1 comparativo possíveis problemas de inconstitucionalidade - Fonte site Conjur - 20 - Vll - recurso extraordinário; Vll - recurso extraordinário; Vll - recurso extraordinário; VIII - embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário. VIII - embargos de divergência VIII - agravo de admissão; IX - embargos de divergência 7 Ainda neste comparativo podemos esmiuçar as diferenças no sistema recursal, porém o que configura talvez como uma das principais estrelas são a contagem dos prazos recursais que tiveram uma unificação e os recursos em si, mais uma vez prezando a celeridade processual e correta condução ao atingimento da justiça. Outra diferença expressiva será a preferência a conciliação para a resolução das lides fazendo com que a obtenção da justiça seja mais rápida. Em pesquisas realizadas pode-se realizar um estudo comparativo dos recursos em geral: Apelação CPC/73 X CPC/15 - basicamente não houve mudança. Agravo Retido CPC/73 X CPC/15 - o agravo retido foi extintona nova redação Agravo de Instrumento CPC/73 X CPC/15 - mudança em seu prazo de interposição de 10 para 15 dias. Além disso o novo CPC traz um rol taxativo das possibilidades do Agravo de Instrumento: Art. 929. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias: I - que versarem sobre tutelas de urgência ou da evidência; II - que versarem sobre o mérito da causa; 7 - Quadro 2 comparativo CPC X NCPC X PL 8.046/2010- Fonte site Revista Federal do Rio de Janeiro - 21 - III - proferidas na fase de cumprimento de sentença ou no processo de execução; IV - em outros casos expressamente referidos neste Código ou na lei.8 Agravo Interno CPC/73 X CPC/15 - novo, prazo para interposição cinco dias. Embargos Infringentes CPC/73 X CPC/15 - foi extinto no novo CPC. Embargos de Declaração CPC/73 X CPC/15 - alteração no valor da multa. Recurso Ordinário CPC/73 X CPC/15 - não houve alteração. Recurso Especial CPC/73 X CPC/15 - não houve alteração. Recurso Extraordinário CPC/73 X CPC/15 - não houve alteração. Embargos de divergência em Resp e Re CPC/73 X CPC/15 - interrupção de prazo na interposição de recurso extraordinário e ampliação da aplicabilidade Recurso Adesivo CPC/73 X CPC/15 - a principal alteração que se pretende introduzir no novo CPC é a extinção da hipótese de cabimento deste recurso no caso de embargos infringentes. Disposições gerais do novo código Unificação prazos para 15 dias (exceto embargos de declaração); Via de regra os recursos terão efeito devolutivo; No caso de apelação evitará recurso contra decisão de 1º grau; 8 Fonte - Senado - 22 - Sucumbência recursal, não admissão ou rejeição unanime; Nas ações repetidas possibilidade de unificação de decisões mediante remessa aos tribunais superiores. Após estas comparações fica clara a intenção do legislador no sentido de realmente modificar as atuais práticas processuais. - 23 - 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao observarmos todos os processos que “entopem” as veias do judiciário, a maioria são processos individuais e idênticos, e acabam sendo repetitivos. São acionadas tardiamente, quando os processos idênticos já se encontram aos milhões nos tribunais, fazendo com que assim a Justiça receba a taxatividade através de frases como “A justiça é lenta” mitigando a credibilidade de nosso corpo judiciário desmotivando os cidadãos a buscarem a justiça efetivamente. O novo projeto atua direto nessa problemática, criando um mecanismo capaz de conter, o crescimento de demandas repetitivas, permitindo que uma única decisão seja proferida, válida para a maioria dos casos. Com isso, reduz-se o número de processos e elimina-se a insegurança jurídica de um sistema que hoje permite decisões absolutamente diferentes para casos idênticos. O Código ainda dá tratamento especial aos atuais casos dos tribunais superiores, de forma a garantir tratamento de igualdade a todos os cidadãos. Uma leitura atenta do novo Código de Processo Civil nos permite conclusões bem diferentes daquela que chegaram os críticos. E permite que encontremos esperança para reverter o quadro atual sem a necessidade de investimentos pesados do Estado, cujos recursos podem e devem ser mais bem aproveitados em áreas essenciais como educação, saúde e segurança. Nem sempre despejar dinheiro nos problemas é sinal de solução. No caso em análise, cumpre, antes, racionalizar o uso do processo. Portanto através da pesquisa realizada é possível constatar uma visível melhoria do antigo CPC para o atual. Verifica-se que a intenção dos juristas responsáveis pela elaboração do projeto foi a de organizar as regras do processo civil brasileiro, conferindo maior coesão ao sistema. Com tal estudo pudemos objetivar de forma ampla qual foi o real motivo que justificou tal alteração no panorama jurídico no ramo de direito processual civil, tal reestruturação se fazia necessária. - 24 - Com isso podemos concluir que a ideia é simplificar o sistema processual, para ter celeridade e efetividade, aproveitando o processo de “forma plena”, observando a segurança jurídica. O processo como poderoso instrumento que serve á sociedade, produzirá o seu efeito no seu resultado. - 25 - 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Rev. SJRJ, Rio de Janeiro, v. 19, n. 35, p. 171, dez. 2012. Fontes Virtuais: História do Processo Civil. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_de_Processo_Civil_Brasileiro>, acesso em: 04/2015. Direito processual civil no Mundo e no Brasil. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/11192/historia-da-formacao-da-ciencia-do-direito- processual-civil-no-mundo-e-no-brasil>, acesso em 04/2015. Exposição dos motivos do anteprojeto do Novo CPC. Disponível em <www.senado.gov.br>, acesso em 04/2015. Lei 13.105, 17/03/2015. Disponível em: <www.senado.gov.br>, acesso em 04/2015. Exposição de motivos lei 5.869/73. Disponível em: <https://docs.google.com/file/d/0Bys4rcJiNAtvWDE3dWxHOEJvMHM/preview>, acesso em 04/2015. Principais pontos CPC. Disponível em: <http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/12/18/conheca-os-principais- pontos-do-novo-cpc>, acesso em 05/2015. Alterações novo CPC. Disponível em: <http://www.oabpr.org.br/Noticias.aspx?id=20772>, acesso em 05/2015. Tabelas comparativas novo CPC. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=84033>, acesso em 05/2015 Regras da ABNT para TCC: conheça as principais normas”. 2014. Disponível em: <http://viacarreira.com/regras-da-abnt-para-tcc-conheca-principais-normas>, acesso em: 05/2015.
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