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O tronco braquiocefálico, que emerge do arco da aorta, que divide na artéria carótida comum direita e na artéria subclávia direita. As artérias carótidas comuns esquerda e direita se dividem em artérias carótidas internas e externas (direitas e esquerdas). A artéria carótida externa emite os seguintes ramos: artérias tireóidea superior, lingual, facial, occipital, auricular posterior, faríngica ascendente, temporal superficial, maxilar, e geralmente não emite ramos para o pescoço. A artéria carótida interna emite os seguintes ramos: artérias caroticotimpânica, oftálmica, comunicante posterior, coróidea anterior, cerebral anterior e cerebral média; não emite ramos para o pescoço e é dividida em 4 partes:cervical, petrosa, cavernosa e cerebral. As artérias cerebrais anteriores (ramos da artéria carótida interna) e as artérias cerebrais posteriores (ramos da artéria basilar) formam o círculo arterial do cérebro (polígono de Willis), do qual se originam as artérias que irrigam a maior parte do encéfalo. As artérias subclávias direita e esquerda emitem os seguintes ramos: a) artérias vertebrais (direita e esquerda): Cada artéria vertebral ascende pelos forames transversos das 6 primeiras vértebras cervicais, entra na cavidade craniana pelo forame magno, junta-se com a artéria vertebral do lado oposto, formando a artéria basilar (que se divide nas 2 artérias cerebrais posteriores). b) Artéria torácica interna (mamária interna): irriga a parede torácica anterior, estruturas mediastinais e o diafragma, através de seus ramos: artéria mediastinal, artéria tímica, artéria brônquica, artéria traqueal, artéria esternal, artéria perfurante, artéria mamária medial, artéria costal lateral, artéria intercostal anterior, artéria pericardiacofrênica, artéria musculofrênica e artéria epigástrica superior. c) Tronco tireocervical: divide-se em: 1. artéria tireóidea inferior: irriga a glândula tireóide e estruturas adjacentes 2. artéria cervical transversa (transversa do pescoço): irriga a raiz do pescoço e os músculos da escápula 3. artéria supra-escapular (escapular transversa): irriga as regiões clavicular, deltóidea e escapular. d) Tronco costocervical: emite os seguintes ramos: 1. artéria cervical profunda: irriga os músculos profundos do pescoço 2. artéria intercostal suprema: dá origem às 2 primeiras artérias intercostais posteriores (2 primeiros espaços intercostais) A partir da borda externa da primeira costela, as artérias subclávias são denominadas artérias axilares (direita e esquerda), as quais emitem ramos que irrigam a axila, o tórax e o ombro. As artérias axilares continuam como artérias braquiais (direita e esquerda), que emitem ramos que irrigam o ombro e o braço e, no cotovelo, se dividem em artérias radial e ulnar, as quais correm pelo antebraço e emitem ramos que irrigam o antebraço e o cotovelo. A artéria radial, ao deixar o antebraço, junta-se com o ramo profundo da artéria ulnar, formando o arco palmar profundo, o qual emite ramos metacarpais palmares, que se anastomosam com as artérias digitais palmares (ramos do arco palmar superficial). A artéria ulnar, ao deixar o antebraço, divide-se em um ramo palmar profundo (que se une à artéria radial para formar o arco palmar profundo) e no arco palmar superficial, que emite ramos digitais palmares. Deste modo ocorre a irrigação da mão e de seus dedos. A parte torácica da aorta descendente emite os seguintes principais ramos: a) nove artérias intercostais posteriores de cada lado: penetram no sulco da costela junto com as veias e os nervos intercostais. b) Artérias esofágicas: irrigam o terço médio do esôfago c) Artérias bronquiais: irrigam os tecidos não respiratórios dos pulmões (como os nervos, as paredes dos vasos pulmonares e uma porção da pleura visceral) os brônquios e a traquéia d) Artérias subcostais: irrigam a parede abdominal posterior superior. A parte abdominal da aorta descendente emite os seguintes ramos: 1) Ramos parietais: A) Pares: a) artérias inferiores (direita e esquerda): irrigam o diafragma e dão origem as artérias supra-renais superiores (direita e esquerda), que irrigam as supra-renais (direita e esquerda) b) artérias lombares: são 4 ou 5 pares de artérias que se originam da parte posterior da aorta e irrigam a parede abdominal posterior e a cápsula renal c) artérias ilíacas comuns: ramos terminais da aorta abdominal, irrigam a pelve e os membros inferiores B) Ímpares: Artéria sacral mediana: irriga o sacro e o cóccix 2) Ramos viscerais: A) Pares: a) artérias supra-renais médias: irrigam as supra-renais b) artérias renais: A artéria renal direita é freqüentemente mais baixa que a esquerda e passa por trás da veia cava inferior. Dá origem às artérias supra-renais inferiores (que irriga a supra-renal), aos ramos ureterais e termina nos ramos posteriores e anteriores que irrigam os rins (direito e esquerdo) c) artérias gonadais (testiculares ou ováricas): As artérias testiculares irrigam o ureter, os funículo espermáticos e os testículos. As artérias ováricas (ou ovarianas) irrigam o ureter, os ovários e as tubas uterinas, anastomosando-se com os ramos ováricos da artéria uterina. B) Ímpares: a) tronco celíaco: divide-se em: • artérias gástrica esquerda: dá origem a ramos esofágicos e ramos para a curvatura menor do estômago e se anastomosa com a artéria gástrica direita • artéria hepática comum: dá origem a artéria gastroduodenal (que dá origem a artéria supraduodenal e a ramos retroduodenais, irrigando a primeira parte do duodeno, a artéria gastro-omental (ou gastroepiplóica) direita, a qual irriga a porção inferior da curvatura maior do estômago e o omento, e a artéria pancreaticoduodenal superior (ramos anterior e posterior, que irrigam o duodeno e o pâncreas), artéria gástrica direita (que irriga a curvatura menor do estômago) e artéria hepática própria (que se divide em ramos esquerdo e direito, sendo que a artéria cística, que irriga a vesícula biliar, se origina do ramo direito) • artéria lienal (esplênica): dá origem a ramos pancreáticos, ramos esplênicos, a artéria gastroepiplóica (ou gastro-omental) esquerda (a qual emite ramos gástricos para a curvatura maior do estômago e omentais) e a artérias gástricas curtas (que irrigam a parte superior da curvatura maior do estômago). b) artéria mesentérica superior: dá origem a artéria pancreaticoduodenal inferior (ramos anterior e posterior, que irrigam o duodeno e o pâncreas), artérias jejunais, ileais e artérias iliocólica, cólica direita e cólicas médias para o intestino grosso. c) artéria mesentérica inferior: irriga o cólon descendente e o reto, através das artérias cólicaesquerda, sigmóidea e retal superior. As artérias ilíacas comuns direita e esquerda se dividem, em cada membro inferior, em artérias ilíacas interna e externa. A artéria ilíaca interna (hipogástrica) emite ramos parietais e viscerais. Os ramos parietais são: a) artéria iliolombar: irriga os músculos e ossos pélvicos, o 5º segmento lombar e o sacro b) artérias sacrais laterais: originam-se das artérias iliolombares, irrigam as estruturas em torno do cóccix e do sacro e emitem os ramos espinhais, os quais passam pelos forames sacrais pélvicos e irrigam o conteúdo do canal vertebral sacral c) artéria obturatória: irriga os músculos pélvicos e a articulação do quadril. È denominada artéria obturatória acessória quando se origina da artéria epigástrica inferior em vez da artéria ilíaca interna. d) artéria glútea superior: irriga as nádegas e) artéria glútea inferior: irriga as nádegas e o dorso da coxa f) artéria pudenda interna: irriga a genitália externa, o canal anal e o períneo, através dos ramos escrotal posterior ou labial posterior (da vulva), artérias retal inferior, perineal, uretral, artérias do bulbo do pênis ou do vestíbulo da vagina e artéria profunda do pênis ou do clítoris Os ramos viscerais são: a) artéria umbilical: irriga o canal deferente, as vesículas seminais, os testículos, a bexiga urinária eo ureter, através de seus ramos: a artéria deferente e a artéria vesical superior. b) artéria vesical superior: origina-se da artéria umbilical e irriga a parte superior da bexiga, o úraco (ligamento umbilical mediano) e o ureter. c) artéria do ducto deferente (deferencial): origina-se da artéria umbilical e irriga ao ureter, o canal deferente, as vesículas seminais e os testículos. d) artéria vesical inferior: irriga a parte inferior da bexiga, a próstata, as vesículas seminais, o ducto deferente e o ureter inferior e) artéria uterina (artéria de Falópio): é homóloga à artéria do ducto deferente do homem, porém a artéria uterina se origina da artéria ilíaca interna. Emite um ramo ovárico (que se anastomosa coma artéria ovárica), vários ramos para o útero, a artéria vaginal, ramos tubários (para a parte medial da tuba uterina), ramos para o ligamento redondo do útero e para o ligamento do ovário. f) artéria vaginal: Origina-se da artéria uterina e irriga a vagina, a bexiga, o reto e o bulbo do vestíbulo da vagina g) artéria retal média (hemorroidária média): irriga o reto, a próstata, as vesículas seminais e a vagina. A artéria ilíaca externa, abaixo do ligamento inguinal, continua descendo pela coxa como artéria femoral, a qual emite ramos que irrigam a parede abdominal inferior, a genitália externa e o membro inferior. Na fossa poplítea (área atrás do joelho), a artéria femoral é denominada artéria poplítea, a qual emite ramos que irrigam o joelho e, na perna, termina se dividindo na artéria tibial anterior (que emite ramos que irrigam a região anterior da perna e o tornozelo e continua como a artéria dorsal do pé que termina em um ramo plantar profunda, formando o arco plantar) e no tronco tibiofibular, o qual se divide nas artérias tibial posterior (que emite ramos que irrigam a região posterior da perna e o tornozelo e, no pé se divide na artéria plantar medial e na artéria plantar lateral, que forma o arco plantar) e fibular (irriga os músculos profundos da panturrilha e o tornozelo). Do arco plantar saem as artérias metatársicas plantares (que se anastomosam com as artérias metatársicas dorsais, ramos da artéria dorsal do pé, que originam as artérias digitais dorsais) e as artérias digitais plantares, irrigando o pé e seus dedos. Estas artérias se dividem em ramos progressivamente menores até os capilares sistêmicos, que realizam trocas gasosas com os tecidos, ou seja, o oxigênio (O2) dos capilares se difundem para os tecidos e o gás carbônico (CO2) do metabolismo dos tecidos se difunde para o interior dos capilares. Drenagem venosa: Estes capilares sistêmicos, carregando sangue desoxigenado (venoso), unem-se em vênulas e veias. Todas as veias da circulação sistêmica drenam para as veias cavas superior e inferior ou ao seio coronário (como as veias que drenam o coração), desembocando no átrio direito. Nos membros superiores, a drenagem venosa se faz pelos sistemas venosos superficial e profundo. Sistema superficial: As artérias digitais palmares e dorsais e veias profundas formam a rede venosa dorsal da mão. As duas veias mais importantes que sobem deste arco são as veias céfalica e basílica. A veia cefálica origina-se do lado radial da rede venosa dorsal, curva-se anteriormente pela borda lateral do antebraço, atinge a parte anterior do cotovelo e caminha pela parte lateral do braço até desembocar na artéria axilar. A veia basílica origina-se do lado ulnar da rede venosa dorsal, sobe pelo lado medial do antebraço, curva-se anteriormente pela borda medial do antebraço, une-se à veia braquial, formando a veia axilar. A veia mediana do antebraço origina-se na rede venosa palmar, sobe pelo antebraço anterior entre as veias cefálica e basílica e, no cotovelo, se une à veia basílica ou à veia cefálica ou à veia mediana do cotovelo. A veia mediana do cotovelo liga as artérias basílica e cefálica na parte anterior do cotovelo. Sistema profundo: è formado por veias satélites, que acompanham em dupla as artérias. As veias braquiais, originadas das veias radiais e ulnares, são veias profundas que acompanham a artéria braquial, formando a veia axilar ao se juntar com a veia basílica. A veia axilar, na borda externa da primeira costela, continua como veia subclávia, a qual acompanha a artéria subclávia. A veia subclávia (direita e esquerda) junta-se a veia jugular interna (que drena parte da cabeça e do pescoço), formando a veia braquiocefálica (direita e esquerda). As veias braquiocefálicas direita e esquerda se unem para formar a veia cava superior. No membro inferior, a drenagem venosa se faz pelos sistemas venosos superficial e profundo. Sistema superficial: As veias digitais formam as veias metatársicas dorsais, que desembocam no arco venoso dorsal, o qual se comunica com o arco venoso plantar. Do lado medial do arco venoso dorsal, ascende a veia safena magna pela região ântero-medial da perna e da coxa e termina na veia femural. Do lado lateral do arco venoso dorsal, ascende a veia safena parva pela região posterior da perna até desembocar na veia poplítea, na região posterior do joelho. As veias perfurantes (ou conectantes) conectam as veias superficiais às veias profundas. Sistema profundo: As veias digitais plantares juntam-se com a rede venosa plantar para formar as veias metatársicas plantares, as quais se unem formando o arco venoso plantar, do qual emergem veias plantares laterais e mediais que se unem para formar as veias tibiais posteriores, que recebem as veias fibulares e unem-se com as veias tibiais anteriores para formar as veias poplíteas, as quais continuam como veias femorais, que se tornam as veias ilíacas externas. As veias glútea superior e inferior, as veias pudendas internas, a veia dorsal profunda do pênis (que drena para o plexo prostático) ou do clítoris (que drena para o plexo vesical) acompanham as artérias e, como os plexos venosos retal, vesical, prostático, uterino, vaginal e sacral, desembocam na veia ilíaca interna (hipogástrica). As veias ilíacas externas se unem às veias ilíacas internas para formar as veias ilíacas comuns (direita e esquerda), que formam a veia cava inferior, a qual ascende à direita da aorta. A veia gonadal (testicular e ovárica) direita e a veia supra-renal direita desembocam na veia cava inferior. As esquerdas desembocam na veia renal esquerda. As veias renais (direita e esquerda) desembocam na veia cava inferior. As veias frênicasinferiores direitas desembocam na veia cava inferior e as veias cavas inferiores e esquerdas desembocam na supra-renal esquerda, na renal esquerda ou na veia cava inferior. As veias hepáticas são várias veias que recebem sangue das veias centrais do fígado e que desembocam na veia cava inferior. As veias lombares são 4 ou 5 veias de cada lado, que acompanham as artérias lombares, drenam a parede posterior do abdome, o canal vertebral, a medula espinhal e as meninges, e desembocam na veia cava inferior ou na ilíaca comum. Estas veias lombares de cada lado são unidas pela veia lombar ascendente (esquerda e direita). A veia lombar ascendente direita se une à veia subcostal direita para formar a veia ázigos. A veia lombar ascendente esquerda se une à veia subcostal esquerda para formar a veia hemiázigos. A veia retal (ou hemorroidária) superior (que drena a parte superior do plexo retal) e veia cólica esquerda (que acompanha a artéria cólica esquerda) desembocam na veia mesentérica inferior. A veia mesentérica inferior acompanha a artéria mesentérica inferior e desemboca na veia esplênica (lienal). A veia esplênica (lienal) (formada por diversos ramos no hilo do baço) e a veia mesentérica superior (acompanha a rtéria mesentérica superior) se unem para formar a veia porta, a qual recebe a veia gástrica esquerda (que acompanha a artéria gástrica esquerda) e, no hilo hepático, a veia porta divide- se em ramos direito e esquerdo. O sangue venoso da veia porta (vindo dos intestinos) alcança então os sinusóides hepáticos, que drenam para as veias hepáticas, as quais desembocam na veia cava inferior. Circulação pulmonar: Do ventrículo direito o sangue desoxigenado é ejetado para o tronco pulmonar, que se divide nas artérias pulmonares direita (que se dirige para o pulmão direito) e esquerda (que se dirige para o pulmão esquerdo). As artérias pulmonares são as únicas artérias após o nascimento que carregam sangue desoxigenado (sangue venoso). Nos pulmões estas artérias se dividem em ramos progressivamente menores até chegarem a capilares que envolvem os alvéolos pulmonares. Ocorrem então as trocas gasosas, ou seja, o CO2 (gás carbônico) do sangue contido no capilar pulmonar se difunde para o interior do alvéolo para ser expirado e o O2 (oxigênio) do interior do alvéolo após a inspiração se difunde para o interior do capilar pulmonar. Estes capilares carregando sangue oxigenado se unem formando vênulas e veias até as veias pulmonares (duas de cada pulmão, num total de quatro), as quais carregam o sangue arterial até o átrio esquerdo. As veias pulmonares são as únicas veias pós-natais que carregam sangue oxigenado (sangue arterial). Drenagem linfática: Os capilares linfáticos drenam a linfa de todo o corpo, exceto dos tecidos avasculares, do sistema nervoso central e da medula óssea vermelha, para vasos linfáticos, onde se localizam linfonodos, que se unem formando os troncos linfáticos. Os troncos linfáticos do lado superior direito do corpo drenam a linfa para o ducto linfático direito, que desemboca na junção da veia jugular interna direita com a veia subclávia direita, juntando a linfa ao sangue venoso. Os troncos linfáticos das outras porções do corpo drenam para o ducto torácico, que desemboca na junção da veia jugular interna esquerda com a veia subclávia esquerda. 2. Músculo liso 1. Histologia: As células musculares lisas (não-estriadas) são longas, fusiformes (com espessura progressivamente maior em direção ao centro), possuem núcleo único, central e alongado, em forma de charuto. Numa das extremidades do núcleo se concentram algumas mitocôndrias, os ribossomos, o retículo endoplasmático rugoso e o aparelho de Golgi, o qual é pouco desenvolvido. No restante do citoplasma predominam filamentos contráteis (finos, de actina e tropomiosina, e grossos, de miosina) que se ancoram nas condensações citoplasmáticas (zonas de condensação, que correspondem às linhas Z da musculatura estriada) ou se ancoram nas condensações da membrana plasmática (placas de fixação). Isto faz com que a célula inteira diminua de tamanho durante a contração. Estes filamentos contráteis não se organizam em sarcômeros, como na musculatura estriada, mas em feixes que cruzam a célula em diversas direções. Além destes filamentos contráteis, a célula muscular lisa apresenta filamentos intermediários de desmina (associada a vimentina), no músculo liso dos vasos sangüíneos. As células musculares lisas não possuem túbulos T e seu retículo sarcoplasmático (retículo endoplasmático liso) é muito reduzido. Na membrana celular observam-se muitas invaginações ovaladas da membrana plasmática circundadas pelo retículo sarcoplasmático tubular, as cavéolas, e vesículas de pinocitose próximas a membrana plasmática, às vezes associadas com as cavéolas. Isto provavelmente constitui um sistema análogo ao retículo sarcoplasmático do músculo esquelético, sendo a cavéola análoga ao túbulo T. As células musculares lisas se comunicam através de junções abertas (gap junctions) (nexos), como as células musculares estriadas cardíacas, ocorrendo rápida propagação do potencial de ação de uma célula para a outra. Entre as células musculares lisas há fibras reticulares. A célula muscular lisa sintetiza colágeno do tipo III (fibras reticulares), fibras elásticas e proteoglicanas. 2. Tipos de músculo liso: Músculo liso tônico: Estes músculos estão sempre contraídos. Exemplo: músculo liso dos esfíncteres, das paredes dos vasos sangüíneos e das vias aéreas. Músculo liso fásico: Estes músculos se contraem em resposta a potenciais de ação que se propagam de uma célula para a outra, exibindo contrações rítmica (trato gastrintestinal) ou contrações intermitentes nas atividades fisiológicas sob controle voluntário (evacuação, deglutição) Músculo liso multiunitário: Cada célula não está acoplada ou está pouco acoplada às células vizinhas. A contração do músculo liso multiunitário é controlada por inervação extrínseca (é muito inervado) ou por hormônios. Está presente na íris, na musculatura ciliar e no canal deferente. Músculo liso unitário: As células estão ligadas por junções abertas (nexos). É espontaneamente ativo (onda lentas), apresenta células marcapasso e é controlado pela inervação intrínseca dos plexos (como os plexos submucoso e mioentérico na parede do tubo gastrintestinal, também denominados plexos de Meissner e Auerbach, respectivamente). Está presente no útero, no ureter, na bexiga e no trato gastrintestinal Músculo liso vascular: Tem propriedades dos músculos unitário e multiunitário. 3. Mecanismo de contração e relaxamento: A despolarização da membrana da célula muscular lisa abre canais de Ca++ - voltagem dependentes da membrana plasmática, ocorrendo influxo de Ca++ e aumentando a concentração de cálcio intracelular. Hormônios e neurotransmissores liberam cálcio do retículo sarcoplasmático através de canais de Ca++ regulados por inositol 1,4,5-trifosfato (IP3). O IP3 é formado do inositol bifosfato (PIP2) hidrolisado pela fosfolipase C, que é ativada pela proteína G, uma proteína de ligação dos nucleotídeos de guanina, quando um neurotransmissor ou um hormônio se liga ao receptor da membrana acoplado à proteína G, estimulando-o. O Ca++ intracitoplasmático se liga a calmodulina, formando o complexo [4Ca++ - calmodulina], que ativa a miosina quinase Ca++ - calmodulina-dependente, a qual fosforila a miosina, permitindo a ligação da ponte cruzada fosforilada a actina. A célula muscular lisa não contém troponina, como o músculo estriado, e o Ca++ regula a ligação e os ciclos das pontes cruzadas. As pontes cruzadas giram até serem desfosforiladas pela miosina fosfatase, quando a concentração intracitoplasmática de cálcio diminui devido acaptação pela bombas de Ca++ para dentro do retículo sarcoplasmático e para fora da célula, e pelo trocador Na-Ca, que coloca 1 íon Ca++ para fora da célula em troca de 3 Na+ (para dentro da célula), ocorrendo relaxamento da musculatura lisa. 4. Excitabilidade: Potencial de membrana do músculo liso: O potencial de repouso da membrana (diferença de potencial entre o intra e o extracelular) do músculo liso é geralmente de –50 a –60 mV, que é quase 30 mV mais negativo do que o do músculo esquelético. O potencial de repouso da membrana é gerado principalmente por uma permeabilidade diferente par aos íons sódio e potássio, como no músculo esquelético, através da bomba eletrogênica de Na+-K+ da membrana que expele 3 íons Na+ em troca de 2 íons K+, o que remove carga positiva da célula, tornando o potencial da membrana mais negativo. Tipos de potencial de ação: 1) potencial de ação “em pico” (spike potential): despolarização fásica que ocorre no músculo esquelético e na maioria dos músculos lisos unitários; 2) potencial de ação com platô: começam como o potencial de ação “em pico”, porém apresentam repolarização mais prolongada, o que prolonga o período da contração. Ocorre não músculo cardíaco, no músculo liso do útero e em alguns tipos de músculo liso vascular; 3) “ondas lentas” (slow wave potentials): são despolarizações tônicas geradas pelas próprias células musculares lisas sem estímulo externo (células marcapasso, encontradas principalmente no músculo liso da parede intestinal) que não são potenciais de ação, mas quando atingem o limiar de despolarização (aproximadamente –35 mV) produzem um potencial de ação. O potencial de ação é gerado principalmente pelo influxo de Ca++ através de canais de Ca++ voltagem-dependentes da membrana plasmática. O músculo liso possui mais canais de Ca++ voltagem-dependentes que o músculo esquelético, mas apresenta poucos canais de sódio voltagem- dependentes. Por isso o Na+ participa pouco na geração do potencial de ação no músculo liso. 3. Histologia: a) Microcirculação: vasos visíveis com auxílio de microscópio. + Capilares: a parede do capilar é em geral formada por 1-3 células endoteliais, apoiadas sobre uma lâmina basal (composta principalmente de colágeno tipo IV) e presas umas às outras lateralmente através de zônulas de oclusão, as quais apresentam variações na permeabilidade a macromoléculas, sendo as das vênulas as mais permeáveis. Os capilares são vasos de trocas de gases, nutrientes e metabólitos entre o sangue e os tecidos. Os capilares apresentem baixíssima resistência ao fluxo sangüíneo devido a ausência de camada muscular, o que diminui muito a espessura da parede em relação a luz do capilar (relação parede/luz muito baixa). Pericitos: células de origem mesenquimatosa, encontradas em diversos locais ao longo dos capilares e pequenas vênulas, envolvendo parcialmente a parede vascular. Estas células são envolvidas por lâmina basal que pode ser contínua com a lâmina basal do endotélio e, sendo contráteis, provavelmente influenciam o fluxo sanguíneo nos capilares. Após lesões teciduais, os pericitos se proliferam e se diferenciam para originar novos vasos sanguíneos e células do tecido conjuntivo, participando assim do processo de reparação dos tecidos. Tipos de capilares: 1) capilares contínuos ou somáticos: ausência de fenestrações; encontrados em todos os tipos de músculos, tecido conjuntivo, glândulas axócrinas e no tecido nervoso; Exceto no tecido nervoso, as células endoteliais apresentam vesículas de pinocitose para o transporte de macromoléculas. 2) Capilares fenestrados ou viscerais: apresentam orifícios ou fenestras (nas células endoteliais) obliteradas por diafragma; a lâmina basal é contínua; são encontrados nos órgãos onde ocorrem intensas trocas entre os tecidos e o sangue, como nos rins, no intestino e nas glândulas endócrinas. 3) Capilares fenestrados sem diafragmas: o segmento está separado dos tecidos adjacentes na região das fenestras apenas pela lâmina basal, que é contínua; encontrado nos glomérulos renais. 4) Capilares sinusóides: trajeto tortuoso e calibre muito aumentado (o que diminui a velocidade do segmento); o endotélio é descontínuo com membrana basal parcial ou ausente; muitos poros sem diafragmas; presença de macrófagos na parede; encontrados no fígado e em órgãos hemacitopoéticos, como medula óssea e baço. + Metarteríolas: ramificações de pequeno calibre das arteríolas que apresentam uma camada descontínua de músculo liso, que se ramificam em capilares, formando uma rede. A contração do músculo liso das metarteríolas participa da regulação da circulação capilar, pois nem sempre o tecido precisa que toda a rede capilar funcione. + Anastomose arteriovenosa: ligação direta entre artérias e veias, sendo outro dispositivo para regular a circulação em determinados tecidos: Quando a parede da anastomose se contrai, todo o sangue passa pela rede capilar. Quando ela se relaxa, uma parte variável de sangue flui diretamente para a vênula, em vez de circular nos capilares. P glomus (plural: glomera): anastomoses complexas na fase palmar dos dedos, leito das unhas e orelha; Nos glomera a arteríola se torna tortuosa, perde a membrana elástica interna e ganha uma espessa camada muscular lisa, ricamente inervada; regula a temperatura e conservação do calor. + Tipos de microcirculação: 1) arteríola – metarteríola – capilar – vênula e veia : seqüência mais freqüentemente encontrada. 2) Anastomose arteriovenosa 3) Sistema porta arterial: glomérulo renal 4) Sistema porta venoso: fígado b) Macrocirculação: vasos com mais de 0,1 mm de diâmetro. + Constituição geral: 1) Túnica íntima (interna): - Células endoteliais - Camada subendotelial (tecido conjuntivo frouxo que pode, ocasionalmente apresentar células musculares lisas esparsas) - Membrana limitante elástica interna (nas artérias): possui fenestrações. 2) Túnica média: Formada principalmente por fibras musculares lisas, dispostas circularmente, com fibras elásticas, fibras reticulares (colágeno tipo III ) e proteoglicanas; sendo as próprias células musculares lisas produtoras do material extracelular (colágeno, elastina e proteoglicanas) Nas artérias, há também a membrana limitante elástica externa. 3) Túnica Adventícia: principalmente tecido conjuntivo com fibras colágenas (colágeno tipo I) e elásticas. Nos vasos de grande calibre geralmente há os vasa vasorum (vasos dos vasos), que são arteríolas, capilares e vênulas, que nutrem as túnicas adventícia e média. Nas artérias, os vasa vasorum são menos freqüentes e atingem a adventícia e apenas parte da túnica média, enquanto nas veias são mais numerosas e atingem toda a camada média, devido à pobreza do sangue venoso em oxigênio e nutrientes. Fibras nervosas amielínicas vasomotoras formam uma rede na camada adventícia e entre as fibras musculares. + Arteríolas: menores ramos das artérias; túnica intima com camada subendotelial muito delgada e sem membrana limitante elástica interna (exceto nas arteríolas mais grossas); túnica muscular formada geralmente por 1 ou 2 camadas de células musculares lisas, sem membrana limitante externa; túnica adventícia pouco desenvolvida. As arteríolas são vasos de resistência ao fluxo sanguíneo devido a grande espessura da parede em relação à luz do vaso (maior razão parede/luz) e devido ao número limitado das arteríolas. Pequenas variações no grau de contração da musculatura lisa da túnica média destas arteríolas e os esfíncteres pré-capilares geram variações na razão parede/luz, o que varia a resistência local e o fluxo sangüíneo para o território irrigado por estes vasos. + Artérias musculares ou de médio calibre:ramos das artérias elásticas; túnica íntima com camada subendotelial mais espessa do que nas arteríolas e com limitante elástica interna; túnica média podendo ter mais que 40 camadas de células musculares lisas e com fibras elásticas, reticulares e proteoglicanas sintetizadas pelas células musculares lisas; exceto nas artérias musculares mais finas, há membrana limitante elástica interna; túnica adventícia com tecido conjuntivo rico em fibras colágenas e com algumas fibras elásticas e com capilares linfáticos, vasa vasorum e nervos, que podem penetrar até a parte externa da túnica média. Como as artérias musculares possuem uma túnica média muito espessa em relação ao diâmetro da luz, são vasos de baixa resistência ao fluxo sangüíneo (razão parede/vaso menor que nas arteríolas) e suas paredes espessas ajudam a prevenir o colapso (fechamento)arterial nas regiões que formam ângulos agudos, como a articulação do joelho; + Artérias elásticas ou de grande calibre: aorta e seus grandes ramos: subclávia, carótida comum, ilíaca e pulmonar; têm cor amarelada devido ao acúmulo de elastina na túnica média; túnica íntima muito espessa (com grande camada subendotelial) e rica em fibras elásticas; túnica média com várias membranas elásticas perfuradas, concêntricas, intercaladas por células musculares lisas, fibras colágenas, proteoglicanas e glicoproteínas; túnica adventícia pouco desenvolvida. As artérias elásticas têm paredes muito distensíveis (porque sua túnica média é rica em elastina), o que permite sua expansão para receberem o sangue ejetado (volume de ejeção) durante a sístole ventricular e seu recolhimento elástico durante a diástole. O colágeno, mais rígido que a elastina, impede a superdistensão das paredes arteriais. A razão parede/ vaso é menor que nas artérias musculares; + Vênulas: túnica íntima com delgada camada subendotelial; túnica média não existe ou é formada só por poucas células musculares lisas; túnica adventícia é a mais espessa camada; + Veias: a maioria é de pequeno ou médio calibre; túnica íntima com camada subendotelial delgada ou ausente; túnica média com principalmente pequenos feixes de músculo liso entremeados por fibras reticulares e fibras elásticas; túnica adventícia formada por colágeno e bastante desenvolvida; presença de válvulas (principalmente nas veias de pequeno ou médio calibres dos membros superiores e inferiores), que são pares de dobras da camada íntima, em forma de semi-lua, formada por tecido conjuntivo com fibras elásticas e revestidas por endotélio. As veias são vasos de capacitância, pois, devido ao seu grande número e tamanho, contêm aproximadamente 2/3 do sangue circulante. Apresentam resistência muito baixa ao fluxo sangüíneo devido ao grande diâmetro da luz em relação à espessura da parede (camada muscular) (baixa relação parede/ luz). c) Sistema linfático: Os capilares linfáticos originam-se como finos túbulos em fundo-de-saco e apenas com endotélio e lâmina basal incompleta. Estes capilares prendem-se firmemente ao tecido conjuntivo adjacente através de miofibrilas, mantendo os capilares abertos. Os capilares mais finos vão se juntando, formando vasos linfáticos maiores, que terminam em 2 grandes troncos, o ducto torácico e o ducto linfático direito. Os vasos linfáticos são parecidos com as veias, porém apresentam paredes mais finas, sem separação nítida entre as 3 camadas e possuem maior número de válvulas. Os ductos linfáticos também são parecidos com as veias, mas possuem um reforço de músculo liso na camada média, além de vasa vasorum e nervos.
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