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Vasos sanguineos

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1. Anatomia 
 
 
 Circulação sistêmica: 
 
 Irrigação arterial: 
Do ventrículo esquerdo o sangue oxigenado (sangue arterial) é ejetado para 
a aorta. Esta parte da aorta que emerge do ventrículo esquerdo por trás do 
tronco pulmonar é denominada aorta ascendente. Da raiz da aorta ascendente 
saem as duas artérias coronárias que irrigam o coração. A aorta ascendente 
vira-se para a esquerda, formando o arco da aorta, do qual emergem o tronco 
braquiocefálico, a artéria carótida comum esquerda e a artéria subclávia 
esquerda, nesta ordem. A aorta dirige-se inferiormente formando a aorta 
descendente, que se divide em parte torácica (entre o arco da aorta e o 
diafragma) e parte abdominal (entre o diafragma e as ilíacas comuns). A aorta 
termina se dividindo nas artérias ilíacas comuns esquerda e direita. 
 
O tronco braquiocefálico, que emerge do arco da aorta, que divide na 
artéria carótida comum direita e na artéria subclávia direita. 
As artérias carótidas comuns esquerda e direita se dividem em artérias 
carótidas internas e externas (direitas e esquerdas). A artéria carótida externa 
emite os seguintes ramos: artérias tireóidea superior, lingual, facial, occipital, 
auricular posterior, faríngica ascendente, temporal superficial, maxilar, e 
geralmente não emite ramos para o pescoço. A artéria carótida interna emite os 
seguintes ramos: artérias caroticotimpânica, oftálmica, comunicante posterior, 
coróidea anterior, cerebral anterior e cerebral média; não emite ramos para o 
pescoço e é dividida em 4 partes:cervical, petrosa, cavernosa e cerebral. 
As artérias cerebrais anteriores (ramos da artéria carótida interna) e as 
artérias cerebrais posteriores (ramos da artéria basilar) formam o círculo arterial 
do cérebro (polígono de Willis), do qual se originam as artérias que irrigam a 
maior parte do encéfalo. 
As artérias subclávias direita e esquerda emitem os seguintes ramos: 
a) artérias vertebrais (direita e esquerda): Cada artéria vertebral ascende 
pelos forames transversos das 6 primeiras vértebras cervicais, entra na 
cavidade craniana pelo forame magno, junta-se com a artéria vertebral 
do lado oposto, formando a artéria basilar (que se divide nas 2 artérias 
cerebrais posteriores). 
b) Artéria torácica interna (mamária interna): irriga a parede torácica 
anterior, estruturas mediastinais e o diafragma, através de seus ramos: 
artéria mediastinal, artéria tímica, artéria brônquica, artéria traqueal, 
artéria esternal, artéria perfurante, artéria mamária medial, artéria costal 
lateral, artéria intercostal anterior, artéria pericardiacofrênica, artéria 
musculofrênica e artéria epigástrica superior. 
c) Tronco tireocervical: divide-se em: 
1. artéria tireóidea inferior: irriga a glândula tireóide e estruturas 
adjacentes 
2. artéria cervical transversa (transversa do pescoço): irriga a raiz do 
pescoço e os músculos da escápula 
3. artéria supra-escapular (escapular transversa): irriga as regiões 
clavicular, deltóidea e escapular. 
d) Tronco costocervical: emite os seguintes ramos: 
1. artéria cervical profunda: irriga os músculos profundos do pescoço 
2. artéria intercostal suprema: dá origem às 2 primeiras artérias 
intercostais posteriores (2 primeiros espaços intercostais) 
A partir da borda externa da primeira costela, as artérias subclávias são 
denominadas artérias axilares (direita e esquerda), as quais emitem ramos 
que irrigam a axila, o tórax e o ombro. As artérias axilares continuam como 
artérias braquiais (direita e esquerda), que emitem ramos que irrigam o ombro e 
o braço e, no cotovelo, se dividem em artérias radial e ulnar, as quais correm 
pelo antebraço e emitem ramos que irrigam o antebraço e o cotovelo. A artéria 
radial, ao deixar o antebraço, junta-se com o ramo profundo da artéria ulnar, 
formando o arco palmar profundo, o qual emite ramos metacarpais palmares, 
que se anastomosam com as artérias digitais palmares (ramos do arco palmar 
superficial). A artéria ulnar, ao deixar o antebraço, divide-se em um ramo 
palmar profundo (que se une à artéria radial para formar o arco palmar 
profundo) e no arco palmar superficial, que emite ramos digitais palmares. 
Deste modo ocorre a irrigação da mão e de seus dedos. 
 
A parte torácica da aorta descendente emite os seguintes principais 
ramos: 
a) nove artérias intercostais posteriores de cada lado: penetram no sulco 
da costela junto com as veias e os nervos intercostais. 
b) Artérias esofágicas: irrigam o terço médio do esôfago 
c) Artérias bronquiais: irrigam os tecidos não respiratórios dos pulmões 
(como os nervos, as paredes dos vasos pulmonares e uma porção da 
pleura visceral) os brônquios e a traquéia 
d) Artérias subcostais: irrigam a parede abdominal posterior superior. 
 
A parte abdominal da aorta descendente emite os seguintes ramos: 
1) Ramos parietais: 
A) Pares: 
a) artérias inferiores (direita e esquerda): irrigam o diafragma e dão 
origem as artérias supra-renais superiores (direita e esquerda), 
que irrigam as supra-renais (direita e esquerda) 
b) artérias lombares: são 4 ou 5 pares de artérias que se originam 
da parte posterior da aorta e irrigam a parede abdominal posterior 
e a cápsula renal 
c) artérias ilíacas comuns: ramos terminais da aorta abdominal, 
irrigam a pelve e os membros inferiores 
B) Ímpares: 
Artéria sacral mediana: irriga o sacro e o cóccix 
2) Ramos viscerais: 
A) Pares: 
a) artérias supra-renais médias: irrigam as supra-renais 
b) artérias renais: A artéria renal direita é freqüentemente mais baixa 
que a esquerda e passa por trás da veia cava inferior. Dá origem 
às artérias supra-renais inferiores (que irriga a supra-renal), aos 
ramos ureterais e termina nos ramos posteriores e anteriores que 
irrigam os rins (direito e esquerdo) 
c) artérias gonadais (testiculares ou ováricas): As artérias 
testiculares irrigam o ureter, os funículo espermáticos e os 
testículos. As artérias ováricas (ou ovarianas) irrigam o ureter, os 
ovários e as tubas uterinas, anastomosando-se com os ramos 
ováricos da artéria uterina. 
B) Ímpares: 
a) tronco celíaco: divide-se em: 
• artérias gástrica esquerda: dá origem a ramos esofágicos e ramos 
para a curvatura menor do estômago e se anastomosa com a 
artéria gástrica direita 
• artéria hepática comum: dá origem a artéria gastroduodenal (que 
dá origem a artéria supraduodenal e a ramos retroduodenais, 
irrigando a primeira parte do duodeno, a artéria gastro-omental 
(ou gastroepiplóica) direita, a qual irriga a porção inferior da 
curvatura maior do estômago e o omento, e a artéria 
pancreaticoduodenal superior (ramos anterior e posterior, que 
irrigam o duodeno e o pâncreas), artéria gástrica direita (que irriga 
a curvatura menor do estômago) e artéria hepática própria (que 
se divide em ramos esquerdo e direito, sendo que a artéria 
cística, que irriga a vesícula biliar, se origina do ramo direito) 
• artéria lienal (esplênica): dá origem a ramos pancreáticos, ramos 
esplênicos, a artéria gastroepiplóica (ou gastro-omental) esquerda 
(a qual emite ramos gástricos para a curvatura maior do 
estômago e omentais) e a artérias gástricas curtas (que irrigam a 
parte superior da curvatura maior do estômago). 
b) artéria mesentérica superior: dá origem a artéria 
pancreaticoduodenal inferior (ramos anterior e posterior, que 
irrigam o duodeno e o pâncreas), artérias jejunais, ileais e artérias 
iliocólica, cólica direita e cólicas médias para o intestino grosso. 
c) artéria mesentérica inferior: irriga o cólon descendente e o reto, 
através das artérias cólicaesquerda, sigmóidea e retal superior. 
 
As artérias ilíacas comuns direita e esquerda se dividem, em cada 
membro inferior, em artérias ilíacas interna e externa. A artéria ilíaca interna 
(hipogástrica) emite ramos parietais e viscerais. Os ramos parietais são: 
a) artéria iliolombar: irriga os músculos e ossos pélvicos, o 5º segmento 
lombar e o sacro 
b) artérias sacrais laterais: originam-se das artérias iliolombares, irrigam as 
estruturas em torno do cóccix e do sacro e emitem os ramos espinhais, 
os quais passam pelos forames sacrais pélvicos e irrigam o conteúdo do 
canal vertebral sacral 
c) artéria obturatória: irriga os músculos pélvicos e a articulação do quadril. 
È denominada artéria obturatória acessória quando se origina da artéria 
epigástrica inferior em vez da artéria ilíaca interna. 
d) artéria glútea superior: irriga as nádegas 
e) artéria glútea inferior: irriga as nádegas e o dorso da coxa 
f) artéria pudenda interna: irriga a genitália externa, o canal anal e o 
períneo, através dos ramos escrotal posterior ou labial posterior (da 
vulva), artérias retal inferior, perineal, uretral, artérias do bulbo do pênis 
ou do vestíbulo da vagina e artéria profunda do pênis ou do clítoris 
Os ramos viscerais são: 
a) artéria umbilical: irriga o canal deferente, as vesículas seminais, os 
testículos, a bexiga urinária eo ureter, através de seus ramos: a artéria 
deferente e a artéria vesical superior. 
b) artéria vesical superior: origina-se da artéria umbilical e irriga a parte 
superior da bexiga, o úraco (ligamento umbilical mediano) e o ureter. 
c) artéria do ducto deferente (deferencial): origina-se da artéria umbilical e 
irriga ao ureter, o canal deferente, as vesículas seminais e os testículos. 
d) artéria vesical inferior: irriga a parte inferior da bexiga, a próstata, as 
vesículas seminais, o ducto deferente e o ureter inferior 
e) artéria uterina (artéria de Falópio): é homóloga à artéria do ducto 
deferente do homem, porém a artéria uterina se origina da artéria ilíaca 
interna. Emite um ramo ovárico (que se anastomosa coma artéria 
ovárica), vários ramos para o útero, a artéria vaginal, ramos tubários 
(para a parte medial da tuba uterina), ramos para o ligamento redondo 
do útero e para o ligamento do ovário. 
f) artéria vaginal: Origina-se da artéria uterina e irriga a vagina, a bexiga, o 
reto e o bulbo do vestíbulo da vagina 
g) artéria retal média (hemorroidária média): irriga o reto, a próstata, as 
vesículas seminais e a vagina. 
A artéria ilíaca externa, abaixo do ligamento inguinal, continua descendo 
pela coxa como artéria femoral, a qual emite ramos que irrigam a parede 
abdominal inferior, a genitália externa e o membro inferior. Na fossa 
poplítea (área atrás do joelho), a artéria femoral é denominada artéria 
poplítea, a qual emite ramos que irrigam o joelho e, na perna, termina se 
dividindo na artéria tibial anterior (que emite ramos que irrigam a região 
anterior da perna e o tornozelo e continua como a artéria dorsal do pé que 
termina em um ramo plantar profunda, formando o arco plantar) e no tronco 
tibiofibular, o qual se divide nas artérias tibial posterior (que emite ramos 
que irrigam a região posterior da perna e o tornozelo e, no pé se divide na 
artéria plantar medial e na artéria plantar lateral, que forma o arco plantar) e 
fibular (irriga os músculos profundos da panturrilha e o tornozelo). Do arco 
plantar saem as artérias metatársicas plantares (que se anastomosam com 
as artérias metatársicas dorsais, ramos da artéria dorsal do pé, que 
originam as artérias digitais dorsais) e as artérias digitais plantares, 
irrigando o pé e seus dedos. 
 
Estas artérias se dividem em ramos progressivamente menores até os 
capilares sistêmicos, que realizam trocas gasosas com os tecidos, ou seja, o 
oxigênio (O2) dos capilares se difundem para os tecidos e o gás carbônico 
(CO2) do metabolismo dos tecidos se difunde para o interior dos capilares. 
 
 Drenagem venosa: 
 Estes capilares sistêmicos, carregando sangue desoxigenado (venoso), 
unem-se em vênulas e veias. Todas as veias da circulação sistêmica drenam 
para as veias cavas superior e inferior ou ao seio coronário (como as veias que 
drenam o coração), desembocando no átrio direito. 
Nos membros superiores, a drenagem venosa se faz pelos sistemas 
venosos superficial e profundo. Sistema superficial: As artérias digitais palmares 
e dorsais e veias profundas formam a rede venosa dorsal da mão. As duas 
veias mais importantes que sobem deste arco são as veias céfalica e basílica. A 
veia cefálica origina-se do lado radial da rede venosa dorsal, curva-se 
anteriormente pela borda lateral do antebraço, atinge a parte anterior do 
cotovelo e caminha pela parte lateral do braço até desembocar na artéria axilar. 
A veia basílica origina-se do lado ulnar da rede venosa dorsal, sobe pelo lado 
medial do antebraço, curva-se anteriormente pela borda medial do antebraço, 
une-se à veia braquial, formando a veia axilar. A veia mediana do antebraço 
origina-se na rede venosa palmar, sobe pelo antebraço anterior entre as veias 
cefálica e basílica e, no cotovelo, se une à veia basílica ou à veia cefálica ou à 
veia mediana do cotovelo. A veia mediana do cotovelo liga as artérias basílica e 
cefálica na parte anterior do cotovelo. Sistema profundo: è formado por veias 
satélites, que acompanham em dupla as artérias. As veias braquiais, originadas 
das veias radiais e ulnares, são veias profundas que acompanham a artéria 
braquial, formando a veia axilar ao se juntar com a veia basílica. A veia axilar, 
na borda externa da primeira costela, continua como veia subclávia, a qual 
acompanha a artéria subclávia. A veia subclávia (direita e esquerda) junta-se a 
veia jugular interna (que drena parte da cabeça e do pescoço), formando a veia 
braquiocefálica (direita e esquerda). As veias braquiocefálicas direita e 
esquerda se unem para formar a veia cava superior. 
No membro inferior, a drenagem venosa se faz pelos sistemas venosos 
superficial e profundo. Sistema superficial: As veias digitais formam as veias 
metatársicas dorsais, que desembocam no arco venoso dorsal, o qual se 
comunica com o arco venoso plantar. Do lado medial do arco venoso dorsal, 
ascende a veia safena magna pela região ântero-medial da perna e da coxa e 
termina na veia femural. Do lado lateral do arco venoso dorsal, ascende a veia 
safena parva pela região posterior da perna até desembocar na veia poplítea, 
na região posterior do joelho. As veias perfurantes (ou conectantes) conectam 
as veias superficiais às veias profundas. Sistema profundo: As veias digitais 
plantares juntam-se com a rede venosa plantar para formar as veias 
metatársicas plantares, as quais se unem formando o arco venoso plantar, do 
qual emergem veias plantares laterais e mediais que se unem para formar as 
veias tibiais posteriores, que recebem as veias fibulares e unem-se com as 
veias tibiais anteriores para formar as veias poplíteas, as quais continuam como 
veias femorais, que se tornam as veias ilíacas externas. 
As veias glútea superior e inferior, as veias pudendas internas, a veia dorsal 
profunda do pênis (que drena para o plexo prostático) ou do clítoris (que drena 
para o plexo vesical) acompanham as artérias e, como os plexos venosos retal, 
vesical, prostático, uterino, vaginal e sacral, desembocam na veia ilíaca interna 
(hipogástrica). 
As veias ilíacas externas se unem às veias ilíacas internas para formar as 
veias ilíacas comuns (direita e esquerda), que formam a veia cava inferior, a 
qual ascende à direita da aorta. 
A veia gonadal (testicular e ovárica) direita e a veia supra-renal direita 
desembocam na veia cava inferior. As esquerdas desembocam na veia renal 
esquerda. As veias renais (direita e esquerda) desembocam na veia cava 
inferior. As veias frênicasinferiores direitas desembocam na veia cava inferior e 
as veias cavas inferiores e esquerdas desembocam na supra-renal esquerda, 
na renal esquerda ou na veia cava inferior. As veias hepáticas são várias veias 
que recebem sangue das veias centrais do fígado e que desembocam na veia 
cava inferior. As veias lombares são 4 ou 5 veias de cada lado, que 
acompanham as artérias lombares, drenam a parede posterior do abdome, o 
canal vertebral, a medula espinhal e as meninges, e desembocam na veia cava 
inferior ou na ilíaca comum. Estas veias lombares de cada lado são unidas pela 
veia lombar ascendente (esquerda e direita). A veia lombar ascendente direita 
se une à veia subcostal direita para formar a veia ázigos. A veia lombar 
ascendente esquerda se une à veia subcostal esquerda para formar a veia 
hemiázigos. 
A veia retal (ou hemorroidária) superior (que drena a parte superior do plexo 
retal) e veia cólica esquerda (que acompanha a artéria cólica esquerda) 
desembocam na veia mesentérica inferior. A veia mesentérica inferior 
acompanha a artéria mesentérica inferior e desemboca na veia esplênica 
(lienal). A veia esplênica (lienal) (formada por diversos ramos no hilo do baço) e 
a veia mesentérica superior (acompanha a rtéria mesentérica superior) se unem 
para formar a veia porta, a qual recebe a veia gástrica esquerda (que 
acompanha a artéria gástrica esquerda) e, no hilo hepático, a veia porta divide-
se em ramos direito e esquerdo. O sangue venoso da veia porta (vindo dos 
intestinos) alcança então os sinusóides hepáticos, que drenam para as veias 
hepáticas, as quais desembocam na veia cava inferior. 
 
 Circulação pulmonar: 
 Do ventrículo direito o sangue desoxigenado é ejetado para o tronco 
pulmonar, que se divide nas artérias pulmonares direita (que se dirige para o 
pulmão direito) e esquerda (que se dirige para o pulmão esquerdo). As artérias 
pulmonares são as únicas artérias após o nascimento que carregam sangue 
desoxigenado (sangue venoso). Nos pulmões estas artérias se dividem em 
ramos progressivamente menores até chegarem a capilares que envolvem os 
alvéolos pulmonares. Ocorrem então as trocas gasosas, ou seja, o CO2 (gás 
carbônico) do sangue contido no capilar pulmonar se difunde para o interior do 
alvéolo para ser expirado e o O2 (oxigênio) do interior do alvéolo após a 
inspiração se difunde para o interior do capilar pulmonar. Estes capilares 
carregando sangue oxigenado se unem formando vênulas e veias até as veias 
pulmonares (duas de cada pulmão, num total de quatro), as quais carregam o 
sangue arterial até o átrio esquerdo. As veias pulmonares são as únicas veias 
pós-natais que carregam sangue oxigenado (sangue arterial). 
 
Drenagem linfática: 
 Os capilares linfáticos drenam a linfa de todo o corpo, exceto dos tecidos 
avasculares, do sistema nervoso central e da medula óssea vermelha, para vasos 
linfáticos, onde se localizam linfonodos, que se unem formando os troncos 
linfáticos. Os troncos linfáticos do lado superior direito do corpo drenam a linfa 
para o ducto linfático direito, que desemboca na junção da veia jugular interna 
direita com a veia subclávia direita, juntando a linfa ao sangue venoso. Os troncos 
linfáticos das outras porções do corpo drenam para o ducto torácico, que 
desemboca na junção da veia jugular interna esquerda com a veia subclávia 
esquerda. 
 
2. Músculo liso 
 
1. Histologia: 
 
 As células musculares lisas (não-estriadas) são longas, fusiformes (com 
espessura progressivamente maior em direção ao centro), possuem núcleo único, 
central e alongado, em forma de charuto. Numa das extremidades do núcleo se 
concentram algumas mitocôndrias, os ribossomos, o retículo endoplasmático 
rugoso e o aparelho de Golgi, o qual é pouco desenvolvido. No restante do 
citoplasma predominam filamentos contráteis (finos, de actina e tropomiosina, e 
grossos, de miosina) que se ancoram nas condensações citoplasmáticas (zonas 
de condensação, que correspondem às linhas Z da musculatura estriada) ou se 
ancoram nas condensações da membrana plasmática (placas de fixação). Isto faz 
com que a célula inteira diminua de tamanho durante a contração. Estes 
filamentos contráteis não se organizam em sarcômeros, como na musculatura 
estriada, mas em feixes que cruzam a célula em diversas direções. Além destes 
filamentos contráteis, a célula muscular lisa apresenta filamentos intermediários de 
desmina (associada a vimentina), no músculo liso dos vasos sangüíneos. 
As células musculares lisas não possuem túbulos T e seu retículo 
sarcoplasmático (retículo endoplasmático liso) é muito reduzido. Na membrana 
celular observam-se muitas invaginações ovaladas da membrana plasmática 
circundadas pelo retículo sarcoplasmático tubular, as cavéolas, e vesículas de 
pinocitose próximas a membrana plasmática, às vezes associadas com as 
cavéolas. Isto provavelmente constitui um sistema análogo ao retículo 
sarcoplasmático do músculo esquelético, sendo a cavéola análoga ao túbulo T. 
As células musculares lisas se comunicam através de junções abertas (gap 
junctions) (nexos), como as células musculares estriadas cardíacas, ocorrendo 
rápida propagação do potencial de ação de uma célula para a outra. Entre as 
células musculares lisas há fibras reticulares. 
A célula muscular lisa sintetiza colágeno do tipo III (fibras reticulares), fibras 
elásticas e proteoglicanas. 
 
2. Tipos de músculo liso: 
 
Músculo liso tônico: Estes músculos estão sempre contraídos. Exemplo: 
músculo liso dos esfíncteres, das paredes dos vasos sangüíneos e das vias 
aéreas. 
Músculo liso fásico: Estes músculos se contraem em resposta a potenciais de 
ação que se propagam de uma célula para a outra, exibindo contrações rítmica 
(trato gastrintestinal) ou contrações intermitentes nas atividades fisiológicas 
sob controle voluntário (evacuação, deglutição) 
 
Músculo liso multiunitário: Cada célula não está acoplada ou está pouco 
acoplada às células vizinhas. A contração do músculo liso multiunitário é 
controlada por inervação extrínseca (é muito inervado) ou por hormônios. Está 
presente na íris, na musculatura ciliar e no canal deferente. 
Músculo liso unitário: As células estão ligadas por junções abertas (nexos). É 
espontaneamente ativo (onda lentas), apresenta células marcapasso e é 
controlado pela inervação intrínseca dos plexos (como os plexos submucoso e 
mioentérico na parede do tubo gastrintestinal, também denominados plexos de 
Meissner e Auerbach, respectivamente). Está presente no útero, no ureter, na 
bexiga e no trato gastrintestinal 
Músculo liso vascular: Tem propriedades dos músculos unitário e multiunitário. 
 
 
3. Mecanismo de contração e relaxamento: 
 
A despolarização da membrana da célula muscular lisa abre canais de Ca++ - 
voltagem dependentes da membrana plasmática, ocorrendo influxo de Ca++ e 
aumentando a concentração de cálcio intracelular. Hormônios e 
neurotransmissores liberam cálcio do retículo sarcoplasmático através de 
canais de Ca++ regulados por inositol 1,4,5-trifosfato (IP3). O IP3 é formado do 
inositol bifosfato (PIP2) hidrolisado pela fosfolipase C, que é ativada pela 
proteína G, uma proteína de ligação dos nucleotídeos de guanina, quando um 
neurotransmissor ou um hormônio se liga ao receptor da membrana acoplado 
à proteína G, estimulando-o. O Ca++ intracitoplasmático se liga a calmodulina, 
formando o complexo [4Ca++ - calmodulina], que ativa a miosina quinase Ca++ - 
calmodulina-dependente, a qual fosforila a miosina, permitindo a ligação da 
ponte cruzada fosforilada a actina. A célula muscular lisa não contém 
troponina, como o músculo estriado, e o Ca++ regula a ligação e os ciclos das 
pontes cruzadas. As pontes cruzadas giram até serem desfosforiladas pela 
miosina fosfatase, quando a concentração intracitoplasmática de cálcio diminui 
devido acaptação pela bombas de Ca++ para dentro do retículo 
sarcoplasmático e para fora da célula, e pelo trocador Na-Ca, que coloca 1 íon 
Ca++ para fora da célula em troca de 3 Na+ (para dentro da célula), ocorrendo 
relaxamento da musculatura lisa. 
 
4. Excitabilidade: 
 
Potencial de membrana do músculo liso: O potencial de repouso da membrana 
(diferença de potencial entre o intra e o extracelular) do músculo liso é geralmente 
de –50 a –60 mV, que é quase 30 mV mais negativo do que o do músculo 
esquelético. O potencial de repouso da membrana é gerado principalmente por 
uma permeabilidade diferente par aos íons sódio e potássio, como no músculo 
esquelético, através da bomba eletrogênica de Na+-K+ da membrana que expele 
3 íons Na+ em troca de 2 íons K+, o que remove carga positiva da célula, 
tornando o potencial da membrana mais negativo. 
Tipos de potencial de ação: 
1) potencial de ação “em pico” (spike potential): despolarização fásica que 
ocorre no músculo esquelético e na maioria dos músculos lisos unitários; 
2) potencial de ação com platô: começam como o potencial de ação “em 
pico”, porém apresentam repolarização mais prolongada, o que prolonga o 
período da contração. Ocorre não músculo cardíaco, no músculo liso do 
útero e em alguns tipos de músculo liso vascular; 
3) “ondas lentas” (slow wave potentials): são despolarizações tônicas geradas 
pelas próprias células musculares lisas sem estímulo externo (células 
marcapasso, encontradas principalmente no músculo liso da parede 
intestinal) que não são potenciais de ação, mas quando atingem o limiar de 
despolarização (aproximadamente –35 mV) produzem um potencial de 
ação. 
 
O potencial de ação é gerado principalmente pelo influxo de Ca++ através 
de canais de Ca++ voltagem-dependentes da membrana plasmática. O 
músculo liso possui mais canais de Ca++ voltagem-dependentes que o 
músculo esquelético, mas apresenta poucos canais de sódio voltagem-
dependentes. Por isso o Na+ participa pouco na geração do potencial de ação 
no músculo liso. 
 
3. Histologia: 
 
a) Microcirculação: vasos visíveis com auxílio de microscópio. 
 
 + Capilares: a parede do capilar é em geral formada por 1-3 células endoteliais, 
apoiadas sobre uma lâmina basal (composta principalmente de colágeno tipo IV) e 
presas umas às outras lateralmente através de zônulas de oclusão, as quais 
apresentam variações na permeabilidade a macromoléculas, sendo as das 
vênulas as mais permeáveis. Os capilares são vasos de trocas de gases, 
nutrientes e metabólitos entre o sangue e os tecidos. Os capilares apresentem 
baixíssima resistência ao fluxo sangüíneo devido a ausência de camada muscular, 
o que diminui muito a espessura da parede em relação a luz do capilar (relação 
parede/luz muito baixa). 
 Pericitos: células de origem mesenquimatosa, encontradas em diversos locais 
ao longo dos capilares e pequenas vênulas, envolvendo parcialmente a parede 
vascular. Estas células são envolvidas por lâmina basal que pode ser contínua 
com a lâmina basal do endotélio e, sendo contráteis, provavelmente influenciam o 
fluxo sanguíneo nos capilares. Após lesões teciduais, os pericitos se proliferam e 
se diferenciam para originar novos vasos sanguíneos e células do tecido 
conjuntivo, participando assim do processo de reparação dos tecidos. 
 Tipos de capilares: 
1) capilares contínuos ou somáticos: ausência de fenestrações; encontrados 
em todos os tipos de músculos, tecido conjuntivo, glândulas axócrinas e no 
tecido nervoso; Exceto no tecido nervoso, as células endoteliais 
apresentam vesículas de pinocitose para o transporte de macromoléculas. 
2) Capilares fenestrados ou viscerais: apresentam orifícios ou fenestras (nas 
células endoteliais) obliteradas por diafragma; a lâmina basal é contínua; 
são encontrados nos órgãos onde ocorrem intensas trocas entre os tecidos 
e o sangue, como nos rins, no intestino e nas glândulas endócrinas. 
3) Capilares fenestrados sem diafragmas: o segmento está separado dos 
tecidos adjacentes na região das fenestras apenas pela lâmina basal, que 
é contínua; encontrado nos glomérulos renais. 
4) Capilares sinusóides: trajeto tortuoso e calibre muito aumentado (o que 
diminui a velocidade do segmento); o endotélio é descontínuo com 
membrana basal parcial ou ausente; muitos poros sem diafragmas; 
presença de macrófagos na parede; encontrados no fígado e em órgãos 
hemacitopoéticos, como medula óssea e baço. 
 
 + Metarteríolas: ramificações de pequeno calibre das arteríolas que 
apresentam uma camada descontínua de músculo liso, que se ramificam em 
capilares, formando uma rede. A contração do músculo liso das metarteríolas 
participa da regulação da circulação capilar, pois nem sempre o tecido precisa que 
toda a rede capilar funcione. 
 + Anastomose arteriovenosa: ligação direta entre artérias e veias, sendo outro 
dispositivo para regular a circulação em determinados tecidos: Quando a parede 
da anastomose se contrai, todo o sangue passa pela rede capilar. Quando ela se 
relaxa, uma parte variável de sangue flui diretamente para a vênula, em vez de 
circular nos capilares. 
 P glomus (plural: glomera): anastomoses complexas na fase palmar dos 
dedos, leito das unhas e orelha; Nos glomera a arteríola se torna tortuosa, perde a 
membrana elástica interna e ganha uma espessa camada muscular lisa, ricamente 
inervada; regula a temperatura e conservação do calor. 
 + Tipos de microcirculação: 
1) arteríola – metarteríola – capilar – vênula e veia : seqüência mais 
freqüentemente encontrada. 
2) Anastomose arteriovenosa 
3) Sistema porta arterial: glomérulo renal 
4) Sistema porta venoso: fígado 
 
b) Macrocirculação: vasos com mais de 0,1 mm de diâmetro. 
 + Constituição geral: 
1) Túnica íntima (interna): 
- Células endoteliais 
- Camada subendotelial (tecido conjuntivo frouxo que pode, 
ocasionalmente apresentar células musculares lisas esparsas) 
- Membrana limitante elástica interna (nas artérias): possui fenestrações. 
2) Túnica média: 
 Formada principalmente por fibras musculares lisas, dispostas 
circularmente, com fibras elásticas, fibras reticulares (colágeno tipo III ) e 
proteoglicanas; sendo as próprias células musculares lisas produtoras do 
material extracelular (colágeno, elastina e proteoglicanas) 
 Nas artérias, há também a membrana limitante elástica externa. 
3) Túnica Adventícia: principalmente tecido conjuntivo com fibras colágenas 
(colágeno tipo I) e elásticas. Nos vasos de grande calibre geralmente há 
os vasa vasorum (vasos dos vasos), que são arteríolas, capilares e 
vênulas, que nutrem as túnicas adventícia e média. 
 Nas artérias, os vasa vasorum são menos freqüentes e atingem a 
adventícia e apenas parte da túnica média, enquanto nas veias são mais 
numerosas e atingem toda a camada média, devido à pobreza do sangue 
venoso em oxigênio e nutrientes. 
 Fibras nervosas amielínicas vasomotoras formam uma rede na camada 
adventícia e entre as fibras musculares. 
+ Arteríolas: menores ramos das artérias; túnica intima com camada 
subendotelial muito delgada e sem membrana limitante elástica interna 
(exceto nas arteríolas mais grossas); túnica muscular formada geralmente 
por 1 ou 2 camadas de células musculares lisas, sem membrana limitante 
externa; túnica adventícia pouco desenvolvida. As arteríolas são vasos de 
resistência ao fluxo sanguíneo devido a grande espessura da parede em 
relação à luz do vaso (maior razão parede/luz) e devido ao número limitado 
das arteríolas. Pequenas variações no grau de contração da musculatura lisa 
da túnica média destas arteríolas e os esfíncteres pré-capilares geram 
variações na razão parede/luz, o que varia a resistência local e o fluxo 
sangüíneo para o território irrigado por estes vasos. 
+ Artérias musculares ou de médio calibre:ramos das artérias elásticas; 
túnica íntima com camada subendotelial mais espessa do que nas arteríolas 
e com limitante elástica interna; túnica média podendo ter mais que 40 
camadas de células musculares lisas e com fibras elásticas, reticulares e 
proteoglicanas sintetizadas pelas células musculares lisas; exceto nas 
artérias musculares mais finas, há membrana limitante elástica interna; 
túnica adventícia com tecido conjuntivo rico em fibras colágenas e com 
algumas fibras elásticas e com capilares linfáticos, vasa vasorum e nervos, 
que podem penetrar até a parte externa da túnica média. Como as artérias 
musculares possuem uma túnica média muito espessa em relação ao 
diâmetro da luz, são vasos de baixa resistência ao fluxo sangüíneo (razão 
parede/vaso menor que nas arteríolas) e suas paredes espessas ajudam a 
prevenir o colapso (fechamento)arterial nas regiões que formam ângulos 
agudos, como a articulação do joelho; 
+ Artérias elásticas ou de grande calibre: aorta e seus grandes ramos: 
subclávia, carótida comum, ilíaca e pulmonar; têm cor amarelada devido ao 
acúmulo de elastina na túnica média; túnica íntima muito espessa (com 
grande camada subendotelial) e rica em fibras elásticas; túnica média com 
várias membranas elásticas perfuradas, concêntricas, intercaladas por 
células musculares lisas, fibras colágenas, proteoglicanas e glicoproteínas; 
túnica adventícia pouco desenvolvida. As artérias elásticas têm paredes 
muito distensíveis (porque sua túnica média é rica em elastina), o que 
permite sua expansão para receberem o sangue ejetado (volume de ejeção) 
durante a sístole ventricular e seu recolhimento elástico durante a diástole. O 
colágeno, mais rígido que a elastina, impede a superdistensão das paredes 
arteriais. A razão parede/ vaso é menor que nas artérias musculares; 
+ Vênulas: túnica íntima com delgada camada subendotelial; túnica média 
não existe ou é formada só por poucas células musculares lisas; túnica 
adventícia é a mais espessa camada; 
+ Veias: a maioria é de pequeno ou médio calibre; túnica íntima com 
camada subendotelial delgada ou ausente; túnica média com principalmente 
pequenos feixes de músculo liso entremeados por fibras reticulares e fibras 
elásticas; túnica adventícia formada por colágeno e bastante desenvolvida; 
presença de válvulas (principalmente nas veias de pequeno ou médio 
calibres dos membros superiores e inferiores), que são pares de dobras da 
camada íntima, em forma de semi-lua, formada por tecido conjuntivo com 
fibras elásticas e revestidas por endotélio. As veias são vasos de 
capacitância, pois, devido ao seu grande número e tamanho, contêm 
aproximadamente 2/3 do sangue circulante. Apresentam resistência muito 
baixa ao fluxo sangüíneo devido ao grande diâmetro da luz em relação à 
espessura da parede (camada muscular) (baixa relação parede/ luz). 
 
c) Sistema linfático: 
 Os capilares linfáticos originam-se como finos túbulos em fundo-de-saco e 
apenas com endotélio e lâmina basal incompleta. Estes capilares prendem-se 
firmemente ao tecido conjuntivo adjacente através de miofibrilas, mantendo os 
capilares abertos. Os capilares mais finos vão se juntando, formando vasos 
linfáticos maiores, que terminam em 2 grandes troncos, o ducto torácico e o ducto 
linfático direito. Os vasos linfáticos são parecidos com as veias, porém 
apresentam paredes mais finas, sem separação nítida entre as 3 camadas e 
possuem maior número de válvulas. Os ductos linfáticos também são parecidos 
com as veias, mas possuem um reforço de músculo liso na camada média, além 
de vasa vasorum e nervos.

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