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propriedades físicas do solo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA 
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS 
 
 
 
 
 
 
 
Propriedades física do solo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dalvan José Reinert 
 e 
José Miguel Reichert 
 
 
 
 
 
 
 
Santa Maria, Maio de 2006 
1 Propriedades físicas do solo 
 
 Os solos minerais são constituídos por uma mistura de partículas sólidas de natureza 
mineral e orgânica, ar e água, formando um sistema trifásico, sólido, gasoso e líquido. As 
partículas da fase sólida variam grandemente em tamanho, forma e composição química e a 
sua combinação nas várias configurações possíveis forma a chamada matriz do solo. 
Considerando o solo como um corpo natural organizado, portanto ocupando dado espaço, a 
recíproca da matriz do solo forma a porosidade dos solos. Outro fator que interfere 
diretamente na porosidade dos solos refere-se à maneira com que as partículas sólidas se 
arranjam na formação dos solos. 
Duas propriedades físicas, hierarquicamente mais importantes, referem-se a textura 
do solo, que é definida pela distribuição de tamanho de partículas, e a estrutura do solo 
definida pelo arranjamento das partículas em agregados. A porosidade do solo, por sua vez, 
é responsável por um conjunto de fenômenos e desenvolve uma série de mecanismos de 
importância na física de solos, tais como retenção e fluxo de água e ar, e, se analisada 
conjuntamente com a matriz do solo, gera um grupo de outras propriedades físicas do solo 
associadas às relações de massa e volume das fases do sistema solo. Não menos importante 
são as propriedades associadas à reação mecânica do solo à aplicação de forças externas. 
A física de solos estuda e define, qualitativa e quantitativamente, as propriedades 
físicas, bem como sua medição, predição e controle, com o objetivo principal de entender 
os mecanismos que governam a funcionalidade dos solos e seu papel na biosfera. A 
importância prática de se entender o comportamento físico do solo está associada ao seu 
uso e manejo apropriado, ou seja, orientar irrigação, drenagem, preparo e conservação de 
solo e água. 
A definição de um solo fisicamente ideal é difícil devido ao tipo e natureza das 
variações físicas dos solos que ocorrem ao longo da profundidade do solo, na superfície da 
paisagem e ao longo do tempo. Um exemplo clássico refere-se ao suprimento de água e ar 
que variam continuamente junto com os ciclos de umedecimento e secagem, que ocorrem 
com a alternância de chuva e estiagem. Um solo é considerado fisicamente ideal para o 
crescimento de plantas quando apresenta boa retenção de água, bom arejamento, bom 
suprimento de calor e pouca resistência ao crescimento radicular. Paralelamente, boa 
estabilidade dos agregados e boa infiltração de água no solo são condições físicas 
importantes para qualidade ambiental dos ecossistemas. 
O conceito de um solo fisicamente ideal é complexo e carece de melhor definição 
quantitativa. No entanto, já há indicação clara de uma série de valores quantitativos de 
indicadores da qualidade física de um solo, seja valores ideais, críticos ou restritivos ao 
crescimento de plantas ou na qualidade ambiental. 
 
1.1 Textura do solo 
 
 A textura do solo é definida pela proporção relativa das classes de tamanho de 
partículas de um solo. A Sociedade Brasileira de Ciência do Solo define quatro classes de 
tamanho de partículas menores do que 2 mm, usadas para a definição da classe de textura 
dos solos: 
Areia grossa – 2 a 0,2 mm ou 2000 a 200 µm 
Areia fina – 0,2 a 0,05 mm ou 200 a 50 µm 
Silte – 0,05 a 0,002 mm ou 50 a 2 µm 
 Argila – menor do que 2 µm 
 Desconsiderando a presença da matéria orgânica e de partículas maiores do que 2 
mm no solo, o total de partículas de um solo é igual ao somatório da proporção de areia, 
silte e argila, de maneira que um solo pode ter de 0 a 100% de areia, de silte e de argila. O 
número possível de arranjamento resultante da combinação das proporções de classes de 
partículas é muito grande, o que impulsionou o desenvolvimento de um sistema de 
classificação gráfico e funcional para definição das classes de textura dos solos. O sistema 
consta da sobreposição de três triângulos isósceles que representam a quantidade de argila, 
silte e areia do solo (Figura 1). 
 A avaliação da textura é feita diretamente no campo e em laboratório. No campo, a 
estimativa é baseada na sensação ao tato ao manusear uma amostra de solo. A areia 
manifesta sensação de aspereza, o silte maciez e a argila maciez e plasticidade e 
pegajosidade quando molhada. No laboratório, a amostra de solo é dispersa numa 
suspensão e, por peneiramento e sedimentação, se determina exatamente a proporção de 
areia, argila e por diferença a de silte. 
10
10
10
20
20
20
30
30
30
40
40
40
5050
50
60
60
60
70
70
70
80
80
80
90
90
90
Silte, %
Ar
gi
la
, %
Areia, %
0102030405060708090100
0 
 
 
 1
0 
 
 
 2
0 
 
 
 3
0 
 
 
 4
0 
 
 
 5
0 
 
 
 6
0 
 
 
 7
0 
 
 
 8
0 
 
 
 9
0 
 
 
 1
00 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100Areia
Franco ArenosoAreia Franca
Franco
Argilo
Arenoso
Franco
Franco
Argiloso
Franco
 Argilo
 Siltoso
Franco 
Siltoso
Argila 
Siltosa
Argila
 Muito
Argiloso
Qual a classe textural de um solo com 35% 
de argila, 32% de silte e 33% de areia? A 
isolinha correspondente a 35% de argila 
inicia no ponto correspondente a 35 na escala 
da lateral esquerda do TT e se prolonga 
paralela à base. A do silte inicia no ponto da 
escala à direita e prolonga-se paralelamente à 
lateral esquerda do TT e a da areia inicia no 
ponto da escala da base do TT e prolonga-se 
paralela à lateral direita. A interseção das três 
linhas ocorrerá numa figura geométrica 
dentro do TT que corresponderá a classe 
textural. No exemplo, a interseção das linhas 
tracejadas indicam que a classe textural do 
solo é Franco Argilosa 
Figura 1 – Triângulo textural (TT) com as 13 classes texturais. Ao lado exemplo 
explicativo de como obter a classe textural. 
 
 A natureza e a forma das partículas do solo foram elementos chaves para a 
definição, que é empírica, das classes de tamanho de partículas e, juntamente com a 
experiência prática, da delimitação das classes texturais no TT. Assim, as partículas de 
areia e silte, especialmente nos solos do Brasil, são predominantemente de forma esférica e 
composição mineralógica formada por quartzo, ao passo que as partículas de argila são de 
formato laminar e compostas por minerais de argila (caulinita, ilita, montmorilonita,...) e 
óxidos (de Fe, Al, ..). A classe textural é determinada pela distribuição do tamanho de 
partículas e juntamente com o tipo de argila marcadamente afetam outras propriedades 
físicas como a drenagem e a retenção de água, a aeração e a consistência dos solos. 
 Na tabela 1 são listadas algumas propriedades dos solos influenciadas pelo tamanho 
das partículas dos solos. 
 
Tabela 1 – Relação da textura do solo com algumas propriedades dos solos. 
Solos arenosos Solos argilosos 
Menor porosidade do solo Maior porosidade do solo 
Argila 
Arenosa 
Silte 
Menor micro e maior macroporosidade Maior micro e menor macroporosidade 
Baixa retenção de água Alta retenção de água 
Boa drenagem e aeração Drenagem lenta e pouco arejado (se pouco 
agregados) 
Menor densidade do solo Maior densidade do solo 
Aquece rápido Aquece lentamente 
Resiste à compactação Maior susceptibilidade à compactação 
Baixa CTC Maior CTC 
Mais lixiviávelMenos lixiviável 
Maior erosão Mais resistente à erosão 
Coesão baixa, friável Coesão elevada, firme 
Consistência friável quando úmido Consistência plástica e pegajosa quando 
molhado 
Fácil preparo mecânico Mais resistente ao preparo (pesado) 
Matéria orgânica baixa e rápida 
decomposição 
Matéria orgânica média a alta e menor taxa 
de decomposição 
 
 A classe textural de um solo é uma característica importante de um solo porque 
varia muito pouco ao longo do tempo. A mudança somente ocorrerá se houver mudança da 
composição do solo devido à erosão seletiva e/ou processos de intemperismo, que ocorrem 
em escala de séculos a milênios. Portanto, o uso e o manejo do solo afetam muito pouco a 
textura de um solo, implicando no fato que em nível de propriedade rural, em área com 
classe textural similar, as variações da qualidade física estão associadas à variação de outras 
propriedades físicas. 
 
1.2. Estrutura do solo 
 
 A estrutura do solo refere-se ao agrupamento e organização das partículas do solo 
em agregados e relaciona-se com a distribuição das partículas e agregados num volume de 
solo. Considerando que o espaço poroso é de importância similar ao espaço sólido, a 
estrutura do solo pode ser definida também pelo arranjamento de poros pequenos, médios e 
grandes, com conseqüência da organização das partículas e agregados do solo. Esta última 
definição aponta um dos principais e primário efeito da estrutura na qualidade dos solos. 
 A estrutura do solo, conceitualmente, não é um fator de crescimento das plantas ou 
indicativo direto da qualidade ambiental. Porém, está relacionada indiretamente com 
praticamente todos os fatores que agem sobre eles. O suprimento de água, a aeração, a 
disponibilidade de nutrientes, a atividade microbiana e a penetração de raízes, dentre 
outros, são afetados pela estrutura dos solos. 
 De acordo com a organização das partículas e do ambiente de formação muitos tipos 
de agregados estruturais podem se formar. O tipo de agregado presente num solo 
determina o tipo de estrutura do solo. Uma descrição geral desses tipos é apresentada a 
seguir. 
granular e grumosa – agregados arredondados formados predominantemente na superfície 
do solo sob influência marcada da matéria orgânica e atividade microbiológica. Os grumos 
apresentam poros visíveis. A sensação ao manusear o solo é de friabilidade, soltando-se 
facilmente dos agregados vizinhos; 
laminar – os agregados são de formato laminar e formados por influência do material de 
origem ou em horizontes muito compactados; 
prismática e colunar – os agregados formam-se em ambientes mal drenados e em 
horizontes subsuperficiais com pequena influência da matéria orgânica. Normalmente são 
agregados grandes e adensados. Quando o topo dos prismas são arredondados teremos a 
estrutura colunar; 
blocos angulares e subangulares – os agregados têm formato cubóide e formam-se em 
ambientes moderadamente a bem drenados nos subsolos. 
 A variação do tipo de estrutura do solo é bastante usada na classificação de solos e 
variam claramente quando varia o tipo de solo. 
 
 1.2.1 Gênese da estrutura de solo 
Os mecanismos da formação da estrutura dos solos não são bem conhecidos; porém, sabe-
se que inicia com a formação dos solos e que, classicamente, dois fenômenos devem 
ocorrer para haver a formação da estrutura dos solos como temos atualmente nos 
ecossistemas. O primeiro refere-se à aproximação das partículas e o segundo à cimentação 
ou estabilização os agregados. Na aproximação entre as partículas agem os seguintes 
processos e fatores: floculação da argila e cátions trocáveis, desidratação do solo, 
secamento localizado e pressão causados pelas raízes e organismos como minhocas 
(coprólitos) e outros. Na estabilização dos agregados agem: quantidade e tipo de argila, 
forças eletrostáticas (Van der Walls), matéria orgânica (polissacarídeos, ac. húmicos), 
microrganismos pela ação mecânica (hifas de fungos) e produção de compostos orgânicos e 
vegetação pela ação mecânica das raízes e fonte de material orgânico na superfície. 
Um solo bem estruturado apresenta: 
a) poros adequados para a entrada de ar e água no solo; 
b) porosidade adequada para que a água se movimente através do solo, sendo disponível 
para as culturas, assim como permita uma boa drenagem do solo; 
c) porosidade adequada para o crescimento das culturas após a germinação das sementes, 
permitindo que as raízes explorem um maior volume de solo em busca de ar, água e 
nutrientes e; 
d) resistência à erosão pela alta agregação. 
 A perda das condições adequadas e originais definem a degradação das condições 
estruturais e são causadas principalmente por: 
a) preparo intensivo e queima dos resíduos; 
b) tráfego intenso de máquinas com umidade inadequada; 
c) impacto da gota de chuva; 
d) dispersão química dos colóides 
e) inaptidão agrícola 
As conseqüências da degradação são: 
a) propriedades físicas afetadas - densidade e porosidade do solo, estabilidade dos 
agregados, retenção e infiltração água ...; 
b) camadas compactadas subsuperficiais; 
c) resistência do solo à penetração; 
d) erosão – sulcos ou laminar e; 
e) crostas superficiais. 
 
 
 1.2.2. Avaliação da estrutura do solo 
A avaliação direta da estrutura do solo é complexa e demanda de modernas 
tecnologias tipo ressonância magnética, tomografia, etc., que ainda são de acesso limitado. 
Porém, diretamente usa-se a descrição morfológica, que é qualitativa, para verificar a 
estrutura do solo quanto ao tipo, tamanho e grau de desenvolvimento dos agregados. Essa 
descrição distingue bem a estrutura quando consideradas grandes diferenças da condição 
estrutural. 
 A avaliação quantitativa mais usada na avaliação da qualidade da condição 
estrutural é de natureza indireta e mede outras propriedades físicas indiretamente 
influenciadas pela estrutura do solo. A avaliação da estabilidade de agregados, densidade 
do solo, porosidades e infiltração e retenção de água, considerando a classe textural, 
indicam o estado atual da estrutura do solo. Esse tipo de avaliação é bastante usado para 
medir-se a evolução da estrutura de um dado solo quando submetido a diferentes sistemas 
de manejo. 
 
1.3. Estabilidade de agregados 
 Expressa a resistência à desagregação que os agregados apresentam quando 
submetidos a forças externas (ação implementos agrícolas e impacto gota chuva) ou forças 
internas (compressão de ar, expansão/contração) que tendem a rompê-los. Mais 
freqüentemente medida contra forças aplicadas pela água, é uma medição que tem estreita 
relação com a habilidade de um solo resistir a erosão. Um dos métodos mais usados para 
medir a estabilidade de agregados aplica forças de desintegração em uma amostra de 
agregados grandes (4 mm) e mede posteriormente a distribuição de tamanho de agregados 
resultantes. O tamanho médio e a proporção de tamanho são usados como índice de 
estabilidade. Na figura 2 vemos que a estabilidade dos agregados é fortemente afetada pelo 
cultivo, demonstrando a perda da estabilidade pelo uso de aração e gradagem para 
instalação da cultura de milho. Com o retorno da não mobilização e aporte de cobertura de 
solo pelo plantio direto, a estabilidade no solo arenoso foi restabelecida após 2 a 3 anos. 
 
Figura 2 - Diâmetro médio de agregados (DMG) de um Argissolo Vermelho em plantio 
direto contínuo e por dois anos ao preparo convencional. 
 
A estabilidade é também fortemente afetada pela matéria orgânica do solo, através 
da quantidade e de sua qualidade e, especialmente, por ser o agente cimentante mais 
dependente do manejo de solo e plantas. 
 
1.4 Densidade do solo (Ds) 
 Expressaa relação entre a quantidade de massa de solo seco por unidade de volume 
do solo. No volume do solo é incluído o volume de sólidos e o de poros do solo. 
Entretanto, havendo modificação do espaço poroso haverá alteração da Ds. O uso principal 
da densidade do solo e como indicador da compactação, assim como medir alterações da 
estrutura e porosidade do solo. 
 Os valores normais para solos arenosos variam de 1,2 a 1,9 g cm-3, enquanto solos 
argilosos apresentam valores mais baixos, de 0,9 a 1.7 g cm-3. Valores de Ds associados ao 
estado de compactação com alta probabilidade de oferecer riscos de restrição ao 
crescimento radicular situam-se em torno de 1,65 g cm-3 para solos arenosos e 1,45 g cm-3 
para solos argilosos. 
 A determinação da Ds é relativamente simples e baseia-se na coleta de uma amostra 
de solos de volume conhecido e com estrutura preservada com técnicas diversas, incluindo 
coleta de solo em cilindros, torrão ou feito diretamente no campo por escavação. Em todos 
necessita-se medir o volume da amostra e quantificar quanto de solo seco tem-se no volume 
coletado. 
 Os fatores que agem na variação das relações massa-volume do solo e na 
pososidade afetam a Ds. 
30
25
20
15
10
5
0
Pr
of
un
di
da
de
, c
m
1,6 1,7 1,8 1,9
Densidade do solo, g cm-3 
Solo: Argissolo Vermelho textura 
superficial franco arenosa; 
Círculos – solo sob plantio direto por 13 
anos; 
Quadrado – plantio direto com duas 
passadas de uma máquina de 10 000 kg; 
Triângulo – plantio direto com quatro 
passadas de uma máquina de 10 000 kg. 
Fonte: Streck et al. 2003 
Figura 3 – Modificação da densidade do solo pela compactação 
 
1.5 Densidade de partículas (Dp) 
 Expressa a relação entre a quantidade de massa de solo seco por unidade de volume 
de sólido do solo; portanto, não inclui a porosidade do solo e não varia com o manejo do 
solo. Depende primariamente da composição química e composição mineralógica do solo. 
Os componentes que predominam em solos minerais apresentam valores de Dp em 
torno de 2,65 g cm-3, exceção quando tem teor de matéria orgânica ou óxidos de Fe e Al 
altos. A matéria orgânica tem densidade específica de 0,9 a 1,3 g cm-3 e sua presença reduz 
a Dp, ao contrário da presença de óxidos que aumenta a Dp. 
 O principal uso da Dp refere-se a cálculos de sedimentação de partículas em meio 
líquido e estimativa da porosidade de uma solo quando se conhece a Ds. 
 
1.6 Porosidade do solo (Pt) 
 O espaço do solo não ocupado por sólidos e ocupado pela água e ar compõem o 
espaço poroso, definido como sendo a proporção entre o volume de poros e o volume total 
de um solo. É inversamente proporcional à Ds e de grande importância direta para o 
crescimento de raízes e movimento de ar, água e solutos no solo. A textura e a estrutura dos 
solos explicam em grande parte o tipo, tamanho, quantidade e continuidade dos poros. 
 Os tipos de poros estão associados à sua forma, que por sua vez tem relação direta 
com sua origem. O tipo de poros mais característico são os de origem biológica, que são 
arredondados e formados por morte e decomposição de raízes ou como resultado da 
atividade de animais ou insetos do solo, como minhocas, térmitas, etc... Outro tipo de poros 
apresenta forma irregular e de fenda formados por vários processos, tipo umedecimento e 
secagem, pressão, etc... Poros arredondados tendem a ser mais contínuos e de direção 
predominante normal a superfície, ao contrário das fendas no solo. 
 A classificação mais usual da porosidade refere-se à sua distribuição de tamanho. A 
mais usual é a classificação da porosidade em duas classes: micro e macroporosidade. A 
microporosidade é uma classe de tamanho de poros que, após ser saturada em água, a retém 
contra a gravidade. Os macroporos, ao contrário, após serem saturados em água não a 
retém, ou são esvaziados pela ação da gravidade. A funcionalidade desses poros fica 
evidente quando se considera que os microporos são os responsáveis pela retenção e 
armazenamento da água no solo e os macroporos responsáveis pela aeração e pela maior 
contribuição na infiltração de água no solo. 
 A determinação da porosidade total (Pt) em laboratório é feita, principalmente, de 
dois modos: 1) saturando-se uma amostra de solo e medindo-se o volume de água contido 
e; 2) por cálculo conhecendo-se a Ds e a Dp (Figura 4) 
 
 
 
 
 
 
 
Vol Sólidos
35.0
Macroporos
27.1
Microporos
37.9
 
Ms = massa de sólidos; Vt = volume total 
Vs = volume de sólidos; Vp = volume de poros 
Va = volume de água retido à –6 kPa 
Ds = Ms/Vt; Dp = Ms/Vs 
Pt % = (1-Ds/Dp) 100 
Microporosidade % = 100 Va/Vt 
Macroporosidade = Pt – microporosidade 
Vol Sólidos
42.1
Macroporos
17.2
Microporos
40.7
 
Vol Sólidos
47.0
Macroporos
12.8
Microporos
40.2
 
 
 Figura 4 – Porosidades de um Latossolo argiloso (0 a 10 cm de profundidade) do planalto 
Riograndense 
 
A separação da porosidade total em micro e macroporos é feita em laboratório, 
drenando-se a água dos macroporos usando uma sucção leve (-6kPa) em mesa de tensão ou 
coluna de areia e medindo-se o volume de água que permanece na amostra, que é igual ao 
volume de microporos. Conhecendo-se a Pt, calcula-se a macroporosidade por diferença. 
Usando-se equação fundamental da capilaridade, o tamanho equivalente de poro à sucção 
de 6 kPa é de 50 µm, sendo então o tamanho aproximado ao limite entre micro e 
macroporos. 
 Em solos arenosos há predominância de macroporos, enquanto em solos argilosos a 
tendência é predominar microporos. Nesse aspecto, a origem do tamanho de poros 
relaciona-se ao tamanho de partículas e são considerados de natureza textural ou porosidade 
textural. Quando as partículas se organizam em agregados, há a criação de poros no solo, 
geralmente poros grandes entre agregados, sendo considerados porosidade estrutural. Esta 
4 anos de 
cultivo 
Solo de 
mato 
50 anos de 
cultivo 
última é especialmente importante em solos argilosos onde os macroporos são formados 
como conseqüência da estruturação. 
 Em solos argilosos bem estruturados como muitos latossolos do Planalto 
Riograndense temos porosidade textural dentro dos agregados e estrutural entre agregados, 
e nesses solos a macroporosidade é uma boa indicadora da condição estrutural ou física do 
solo. A aeração dos solos refere-se à habilidade de um solo atender a demanda respiratório 
da vida biológica do solo. Para isso, há necessidade de contínua troca de oxigênio e CO2 
entre a atmosfera e o solo e, para que isso ocorra, é de grande importância a presença de 
macroporos. Normalmente, considera-se que o espaço aéreo de 10 % de macroporos é 
suficiente para arejar o solo e satisfazer a demanda respiratório no solo. 
 
1.7 Consistência do solo 
 Descreve a resistência do solo em diferentes umidades contra pressão ou forças de 
manipulação, ou refere-se à sensação de dureza, à facilidade de quebra ou à plasticidade e 
pegajosidade de um solo em diferentes umidades ao ser manipulado pelas mãos. Sua 
descrição morfológica é feita em três classes de umidade, seco, úmido e molhado, 
manifestando, respectivamente, dureza, friabilidade e plasticidade e pegajosidade. 
 A variação da consistência com a umidade do solo é devido à influência da umidade 
nas forças de adesão e coesão, como é demonstrado na figura 5. 
Fo
rç
as
Coesão
Adesão
Seco Úmido Molhado Saturado 
Figura 5– Variação de forças associadas à consistência com a variação da umidade do solo. 
 
 O preparo e o tráfego do solo têm relação estreita com a consistência, pois afeta a 
resistência do solo e, por conseguinte, sua compressibilidade,compactabilidade, capacidade 
suporte e especialmente orientar manejo de solo em umidades ótimas de uso, exigindo 
menor esforço para tração ou compactando menos por unidade de carga aplicada. 
 A consistência do varia muito de solo para solo e depende, especialmente, dos 
seguintes fatores: textura, mineralogia, teor de matéria orgânica e da agregação do solo. 
A mineralogia tem efeito marcante na consistência e na resposta do solo à mecanização. 
Solos com o tipo de argilomineral 2:1 expansivas, como ocorre em solos escuros da 
fronteira oeste do RS, são muito plásticos e pegajosos quando úmidos e muito duros 
quando secos. A faixa de friabilidade, onde a umidade do solo é boa para manejo do solo é 
muito pequena, exigindo maquinária mais potente e em maior número para trabalhar o solo. 
O contrário se observa nos solos argilosos bem estruturados do Planalto Riograndense, 
onde a mineralogia indica presença predominante de caulinita (argilomineral 1:1) 
imprimindo ao solo ampla faixa de friabilidade, facilitando o manejo. 
 A resistência do solo tem estreita relação também com o estado de compactação do 
solo e é freqüentemente usada para avaliar manejo de solos, visto que as raízes ao 
crescerem, o fazem em espaços já existentes no solo ou têm que vencer a resistência para 
abrir espaço ao seu crescimento. Quando a resistência do solo é maior que a pressão 
celular, as raízes crescem na direção de menor resistência e mudam sua distribuição, 
apresentando deformação do sistema radicular. 
 
1.8 Relações solo-água 
 A água é necessária para cada se vivo e influencia de maneira direta ou indireta os 
principais fenômenos e mecanismos que ocorrem nos solos. O intemperismo, os processos 
de formação, atividade biológica, crescimento de plantas, assim como, poluição do lençol 
freático recebem impacto direto do regime hídrico dos solos. 
 A água chega no solo através da chuva, infiltra, preenche a capacidade de 
armazenamento no solo, é conduzida pelo solo para camadas mais profundas e alimenta o 
lençol freático e aqüíferos. A fração que não penetra no solo, escoa alimentando 
diretamente lagos, rios e oceano. A fração armazenada é em parte disponível para as 
plantas, sendo absorvida e transpirada ao mesmo tempo e evapora diretamente do solo para 
a atmosfera. As relações solo-água apresentadas neste texto estão associadas aos principais 
processos que regem o ciclo da água na agricultura. 
 
1.8.1 Retenção da água no solo 
 A água na forma líquida apresenta uma série de propriedades de fundamental 
importância em seu comportamento no solo. A polaridade, pontes de hidrogênio e tensão 
superficial da água fazem com que a água em sistemas porosos atinja estado de menor 
energia livre e seja retida contra a gravidade, especialmente por capilaridade e também por 
adsorção. 
A equação fundamental da capilaridade estabelece que a força de retenção da água é 
inversamente proporcional ao diâmetro do capilar multiplicado por uma constante derivada 
das condições locais (gravidade local, Dp, temperatura). Se considerarmos o sistema poroso 
do solo como um sistema capilar e com determinada área superficial entenderemos que a 
água é retida no solo devido aos dois mecanismos: capilaridade e adsorção. A força capilar 
explica a ascensão da água em vasos ou no campo, de baixo para cima contra a gravidade e 
lateralmente quando a água é adicionada num ponto e aumenta a medida que o tamanho de 
poro diminui. A medida que o solo seca diminui o volume de água retido até que a lâmina 
de água fica restrita ‘a superfície das partículas, retida por efeito eletrostático ou por 
adesão. Nestes dois processos de retenção, o maior volume de água e o mais disponível é 
retido por efeito capilar e o volume menor e fortemente retido no solo é retido por 
adsroção. 
A textura e a estrutura do solo que definem a área superficial e a arquitetura do 
sistema poroso são os principais fatores associados ao armazenamento e disponibilidade da 
água nos solos, assim como, com a habilidade dos solos de deixar passar água na sua matriz 
para camadas profundas do perfil do solo e da camada terrestre. 
A quantidade de água retida por unidade de massa de sólido é definida como 
umidade gravimétrica (Ug) e por unidade de volume do solo (Vt) é definida como umidade 
volumétrica (Uv ou θ). Ambas podem ser expressas em termos unitários ou percentuais. A 
medida da umidade é importante e de fácil execução, porém para a medição da Uv 
necessita-se de coletar amostra com volume conhecido e estrutura preservada. Como a 
umidade do solo é muito variável, o comum é medir-se a Ds e determinar a Ug, 
transformando-a em Uv multiplicando-se pela Ds como segue: Uv = Ug x Ds. 
Assim como a chuva, a quantidade de água armazenada em um solo é comumente 
apresentada em termos de lâmina de água retida. Um solo que apresenta Uv=0,3 cm3 cm-3 
de 0 a 50 cm de profundidade possui retida um lâmina de 150 mm de água armazenada, 
calculada como segue: 
Armazenamento, mm=Uv . espessura da camada = 0,3 cm3 cm-3 . 50 cm = 15 cm = 150 mm 
Se considerarmos um hectare de área haverá 1 500 000 litros de água armazenado, 
calculado como segue: 
Armazenamento, litros ha-1 até 50 cm = 0,15 m . 10 000 m2 = 1 500 m3 = 1 500 000 
 
 A quantidade de água retida é um importante parâmetro do solo, porém não informa 
sua disponibilidade ou a sua força de retenção. O movimento de massas na natureza se dá 
de pontos de energia livre mais altos para pontos de energia mais baixa, e como no solo o 
movimento de água é pequena a energia considerada é a potencial. Modernamente, no solo 
estipulou-se medir o quanto de trabalho deve ser realizado numa quantidade de água para se 
deslocar de um dado estado ao estado de referência. Três forças definem o total da energia 
livre da água: 1) osmótica; 2) gravitacional e; 3) forças originadas pela matriz do solo. No 
solo as concentrações de sais tendem a se igualar por difusão, sendo a diferença de energia 
devido a forças osmóticas, predominantes no domínio solo-raiz, influindo pouco no 
movimento e retenção da água. Na gravidade a energia potencial toma conotação de energia 
de posição dentro do campo gravitacional, importante na definição do movimento de água e 
deve ser computado para equacionamento de fluxo de água no solo. As forças originadas 
pela matriz do solo, através dos fenômenos de adsorção e capilaridade, são as responsáveis 
pelo potencial matricial, antigamente chamado de potencial capilar. 
 O total de energia por unidade de volume de água é definido como sendo o 
potencial total expresso em termos de pressão (kPa, bar, cm de coluna de Hg ou água). O 
principal componente do potencial total em solos não saturados é o potencial matricial, 
responsável pela retenção de água contra a ação da gravidade e por isso ter sinal negativo e 
chamado de tensão da água no solo. Pela equação da capilaridade temos que, quanto menor 
o tamanho dos poros maior a força capilar e maior tem que ser a força para extrair a água 
de dentro deste capilares. Deste modo um solo saturado ao secar os poros maiores são 
esvaziados primeiro e a medida que a umidade do solo vai reduzindo, a energia livre é 
menor e a água vai ficando mais fortemente retida. Assim na mesma posição gravitacional 
e no mesmo solo ou horizonte a água de desloca de pontos mais úmidos para mais secos, no 
entanto, quando a posição gravitacional não é a mesma não necessariamente a água se 
move de pontos mais úmidos para mais secos. 
 Em laboratório constrói-se curvas relacionando umidade do solo e potencial 
matricial denominado-as de curva de retenção de água no solo ou curva característica de 
água no solo (Figura 6). No campo a medição do potencial matricialé feita por um 
equipamento chamado de tensiômetro. 
 
Figura 6 – Modelo conceitual de uma curva de retenção de água no solo 
 
 Um solo saturado apresenta toda sua porosidade cheia de água, que após drenado 
em condições naturais, os macroporos são drenados e os microporos ficam preenchidos 
com água. Neste estado o movimento descendente é pequeno e tradicionalmente considera-
se que o solo apresenta a sua máxima capacidade de armazenamento de água contra a 
gravidade e considera-se a umidade deste estado como sendo a capacidade de campo (CC). 
O potencial matricial da água no solo encontra-se na faixa de -10 a -33 kPa, dependendo da 
textura e estruturação do solo. Ao contrário, a umidade onde as plantas murcham 
permanentemente é chamada de ponto de murcha permanente (PMP) e apresenta potencial 
matricial em torno de –1500 kPa. A diferença de umidade entre a CC e PMP nos indica a 
faixa de água disponível de um solo, que pode ser dada em termos percentuais ou em 
lâmina de água. Esta última é uma excelente indicadora da habilidade de um solo reter água 
a ser utilizada pelas plantas. A textura, matéria orgânica e a agregação são os principais 
fatores que afetam a disponibilidade de água para as plantas.

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