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defesa do réu na justiça do trabalho

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Defesa do réu na Justiça do Trabalho
INTRODUÇÃO
1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
2. DAS EXCEÇÕES PROCESSUAIS
2.1. Considerações gerais
2.2. Da exceção de incompetência em razão do lugar
2.3. Das exceções de impedimento e da suspeição
3. DA CONTESTAÇÃO
3.1. Considerações gerais
3.2. Defesa indireta processual
3.2.1. Incompetência absoluta
3.2.2. Incapacidade da parte
3.2.3. Coisa julgada
3.2.4. Inépcia da petição inicial
3.2.5. Impugnação do valor da causa
3.3. Da defesa de mérito
3.3.1. Considerações preliminares
3.3.2. Da defesa indireta de mérito
3.3.2.1. Da prescrição e da decadência
3.3.2.2. Da compensação e da retenção
3.3.2.2. Da perempção
3.4. Do conteúdo de mérito
4. RECONVENÇÃO
4.1. Considerações gerais
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Introdução
Este trabalho visa a apresentar algumas particularidades da defesa do réu no processo trabalhista, confrontando-o, sempre que possível, com o diploma civil. Para tanto o tema foi delimitado na defesa do réu (reclamado), no processo de conhecimento - tomando por base os dissídios individuais - e no rito ordinário. Adentrou-se também em aspectos práticos para melhor compreensão do matéria.
A legislação processual trabalhista denomina, genericamente, toda resposta do réu como defesa (art. 847 da CLT). A defesa do réu, latu sensu, é ato de audiência e abrange as exceções, a contestação e a reconvenção, significando o ato processual pelo qual o reclamado não apenas resiste ao mérito da pretensão do reclamante, mas ainda produz defesa processual com as devidas adaptações aos princípios norteadores do processo trabalhista.
Na lei processual trabalhista, faz-se evidente a presença de lacunas. Basta observar a própria Consolidação, que traz insculpido no artigo 769 da CLT norma que remete o intérprete ao direito processual comum sempre que o diploma consolidado for omisso e desde que não haja incompatibilidade, respeitando-se assim este binômio. A incompatibilidade está relacionada com os princípios do processo do trabalho, suas peculiaridades e a impossibilidade material da aplicação de institutos alheios à relação laboral. Quanto ao suprimento da omissão da lei trabalhista, entendida aqui lato sensu, esta deverá ser preenchida pelas normas processuais do Código de Processo Civil[1].
Com base nas premissas apontadas, o presente estudo foi dividido em três tópicos, em conformidade com os modos de defesa que podem ser apresentados pelo réu. O primeiro trata das exceções em sentido estrito, permeando e aclarando as controvérsias sobre a forma de sua oposição na área trabalhista; depois se passa ao exame da contestação (preliminares e mérito); por fim se aborda a reconvenção.
1. Considerações Preliminares
O Código Civil Brasileiro estabelece, em seu art. 75, que a todo direito corresponde uma ação. É dessa forma que a ordem jurídica protege o direito subjetivo do cidadão. Se a todo direito corresponde uma ação, que visa justamente assegurar esse direito, é preciso, em contrapartida, que se estabeleça a plena defesa para aquele que sofre uma ação judicial. A Magna Carta, art. 5º, inciso LV, assegura aos litigantes o direito ao contraditório e a ampla defesa, disponibilizando os meios para que se cumpra esta finalidade, como o princípio do devido processo legal, do juiz natural, entre outros.
A legislação trabalhista está engendrada nesta realidade, embora não enfeixe um capítulo específico referente à defesa do demandado, como na legislação processual civil (art. 297ss.), que é utilizada como fonte subsidiária e sempre norteada pelo art. 769.
A defesa é uma faculdade do réu que, a sua escolha, poderá permanecer inerte, sofrendo as conseqüências da revelia ou poderá responder. Neste caso, terá a faculdade de responder ao reclamante apresentando exceções, argüindo preliminares que suscitem irregularidades no desenvolvimento válido do processo, indicando com isso a não observância de algum requisito relativo à formação da relação processual, ou poderá ensejar a improcedência dos pedidos. No que concerne à defesa de mérito, ser-lhe-á facultado agir de duas formas: indiretamente, quando opõe fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do reclamante (art. 326 do CPC); diretamente, quando ataca o mérito propriamente dito (resiste à pretensão de mérito) ou quando nega os fatos que servem de fundamento ao reclamante ou o direito que ele tenha deduzido destes fatos. Ainda terá, como forma de resposta, o reconhecimento de todos ou de alguns pedidos, sofrendo as conseqüências expressas no art. 467 da CLT. Poderá, por derradeiro, apresentar a reconvenção, por meio da qual o réu contra-ataca à ação do reclamante.
No processo trabalhista cabe, à semelhança da justiça cível (artigo 297 do CPC), as seguintes defesas do réu, as quais serão desenvolvidas nos próximos tópicos:
1- Exceções Processuais
a) Incompetência relativa, em razão do lugar
b) Impedimento e Suspeição
2- Contestação
3- Reconvenção
2. Das Exceções Processuais
2.1. Considerações gerais
A consolidação trata das exceções processuais nos artigos 799 e seguintes, assim redigido:
“Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.
§1º As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa.
§1º Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas de feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final”.
Mister se fazer algumas considerações acerca do citado dispositivo. No parágrafo primeiro, o artigo se refere àsexceções como forma de defesa em sentido amplo[2]. Partindo deste entendimento, a doutrina trabalhista, via de regra, não distingue incompetência absoluta em razão da matéria ou das pessoas, da incompetência relativa. Trata a incompetência absoluta, ora como exceção em sentido amplo[3], ora como preliminares da contestação (art. 301, II do CPC), muito embora a maioria reconheça que as formas de exceção, em sentido estrito (incompetência em razão do lugar, suspeição e impedimento), devam ser opostas, apartadas da peça contestacional e as absolutas postas como preliminares da contestação.
Esta divergência, como se viu, reflete-se em como devem ser opostas estas exceções, já que a CLT, no artigo 799 e seguintes, omitiu-se neste aspecto.
Valentin Carrion[4] assim se manifesta quanto à forma de apresentação das exceções:
“No processo civil, as exceções de incompetência, impedimento e suspeição devem ser oferecidas em separado para serem autuadas e ficarem em apenso aos autos principais (CPC 299); aqui não se processam em separado, posto que apenas são recorríveis quando da sentença final” (sem grifos no original).
Diz o citado doutrinador que nada impede que as exceções sejam opostas na mesma peça contestacional, calcado no entendimento de que, no processo do trabalho, não existe possibilidade de a parte se insurgir de imediato contra decisões interlocutárias[5] (art. 799, § 2o e art. 893, §1º da CLT), só podendo esta ser apreciada pelo Tribunal em preliminar de recurso ordinário. O autor não destaca a diferença basilar entre ambas, visto a exceção de incompetência em razão do lugar ser relativa, devendo ser argüida pela parte (112 do CPC) e não podendo ser conhecida de ofício, e a incompetência em razão da pessoa e da matéria ser absolutas (113 e 301, II do CPC), podendo ser declarada de ofício.
Sérgio Pinto Martins[6] se contrapõe ao entendimento de Carrion quanto à forma de oposição:
“A exceção pode ser oferecida verbalmente ou por escrito. Se for feita por escrito, deverá ser em peça separada (art. 297 CPC) da contestação, mas apresentada em audiência juntamente com a contestação” (sem grifos no original).
Em que pese o entendimento dos doutrinadores trabalhistas, que divergem quanto à forma de oposição das exceções, torna-se claro neste aspecto que há uma omissão no diploma consolidado a qual enseja a aplicação supletiva do CPC. Diz o CPC,art. 299, que as exceções devem ser apresentadas em peças apartadas, juntamente com a contestação, e que a esta serão apensadas. Tal dispositivo, combinado com o artigo 112 do CPC, responde-nos a questão quanto à forma de oposição.
Wagner Giglio[7] traz um entendimento quanto a esta matéria, que deve ser transcrito:
“No direito processual antigo, compreendia-se como exceção toda e qualquer defesa indireta, isto é, toda alegação que, não contrariando frontalmente fato afirmado na petição inicial, opunha-lhe outro ou outros que excluíam ou impediam produzisse aquele seu efeito normal. Havia exceções de direito material (pagamento, compensação, prescrição, etc.) e de direito processual (ilegitimidade de parte, falta de representação, litispendência, suspeição do juiz, etc.)... O direito processual do trabalho simplificou a matéria, dispondo que são consideradas exceções apenas as alegações que devem ser decididas antes do exame do mérito: as de suspeição (desdobrada pelo Código de Processo Civil de 1973 em suspeição e impedimento) e a de incompetência (CLT, art. 799)”.
José Maria da Rosa Tesheiner[8] cita Biillow, “um dos pais da ciência processual”:
“... demonstrou ele que, no direito romano, não havia exceções processuais. Exceção era sempre substancial, isto é, defesa de mérito indireta. E argumentava: exceção implica ter o excipiente o ônus de alegar e provar o seu fundamento. Absurda, pois, a teoria das exceções processuais (então adotada) que, por coerência, deveria levar a negar-se ao juiz o poder de declarar, de ofício, a falta de pressuposto processual. Em substituição a essa teoria, lançou Biillow a dos pressupostos processuais (Oskar von Biillow, La teoría de Ias excepciones procesales y los presupuestos procesales, trad. da ed. alemã de 1868, Buenos Aires, Europa-América, 1964”.
De toda sorte, tem-se consagrado a apresentação das exceções em sentido estrito (incompetência relativa, suspeição e impedimento), em peça apartada, não sendo este um tratamento rigoroso já que o processo laboral se reveste de certa informalidade, considerando que a defesa do réu poderá ser verbal (847 CLT) e neste caso será reduzida a termo na própria audiência. Já a incompetência em razão da matéria e das pessoas, devem ser apresentadas como preliminares de contestação, conforme se destacará no momento oportuno.
Feitas estas breves considerações, passa-se ao exame das exceções em espécie.
2.2. Da exceção de incompetência em razão do lugar[9]
Humberto Theodoro Júnior [10] conceitua a exceção de incompetência como o “incidente processual destinado a argüição da incompetência relativa do juízo, e de suspeição ou impedimento de juiz (art. 304)”.
Apresentada a exceção de incompetência em audiência, devidamente instruída e indicado o juízo para o qual se declina, o exceto poderá oferecer resposta na própria audiência, se assim desejar, ou abrir-se-á vista dos autos por 24 horas improrrogáveis (art. 800 da CLT) e neste caso a resposta será entregue na secretaria. Neste aspecto se vislumbra, novamente, a diferença entre os procedimentos: enquanto no processo trabalhista tem-se o prazo de 24 horas para manifestação do exceto, no cível este prazo é de dez dias, para ouvir o exceto e o juiz tem igual prazo para proferir decisão (art. 308 do CPC).
O andamento do processo ficará suspenso (art. 799 da CLT) até a decisão. Frise-se que esta decisão poderá ser proferida na mesma audiência, quando não comportar prova e as partes assim o desejarem; ou na primeira audiência ou sessão que se seguir (art. 800 da CLT), caso, por exemplo, necessitar ser instruída.
Segundo o artigo 653, alínea d, a Vara do Trabalho será competente para julgar as exceções de incompetência que lhes forem opostas. Acolhida a exceção de incompetência em razão do lugar, o Juiz remeterá os autos à autoridade competente, com decisão fundamentada. Desta decisão não caberá recurso imediato, por se tratar de decisão interlocutória[11] e porque, no processo trabalhista, visando à celeridade e simplificação processual, não existe recurso contra decisões que ocorrerem no curso do processo – diferentemente do cível em que se pode interpor agravo de instrumento. Reforça este entendimento o artigo 799, §2o da CLT que nos diz que das decisões sobre as exceções não caberá recurso de imediato.
A incompetência em razão do lugar, por se tratar de incompetência relativa, deve ser argüida, sob pena de prorrogação da competência (artigo 114), e o foro onde foi proposta a ação passa a ser competente.
2.3. Das exceções de impedimento e da suspeição
A CLT, no art. 801, trata das causas de impedimento e suspeição do magistrado, quer seja o juiz do trabalho, quer o juiz de direito nas localidades em que atua na jurisdição trabalhista. Esse artigo visa a proteger o princípio da imparcialidade do juiz.
A doutrina entende que a suspeição se refere a motivos de foro íntimo do julgador (subjetivo), elencados nas alíneas a, b, e d do citado artigo (inimizade pessoal, amizade íntima, interesse particular na causa). Já a alínea c, que se refere ao parentesco por consangüinidade ou afinidade até terceiro grau, é motivo de ordem pública (objetivo), sendo causa de impedimento.
O impedimento é mais grave do que a suspeição, visto que o primeiro é insanável, podendo ser levantado a qualquer tempo sem sofrer preclusão e podendo, inclusive, ser motivo de ação rescisória (art. 485, II do CPC); ou seja, uma vez argüida, a sentença será rescindida, mesmo que transitada em julgado. Os atos praticados serão nulos (nulidade absoluta). A suspeição, por sua vez, como o próprio parágrafo único do art. 801 impõe, necessita de provocação da parte, convalidando-se caso esta praticar algum ato que consinta na pessoa do suspeito (Juiz). Passado esse momento sem argüição da parte não há o que se falar em nulidade de seus atos. Ocorreu a aceitação pela inércia (parágrafo único do art. 801). Poderá, no entanto, argüir novamente suspeição, se fundada em motivo superveniente.
As exceções de impedimento e suspeição, que são consideradas pela doutrina como defesa indireta do processo,[12] devem ser argüidas em peças apartadas, consoante já foi gizado.
Apresentada a suspeição, devidamente instruída, o Juiz ou Tribunal marcará audiência de instrução e julgamento no prazo de 48 horas, para a instrução e julgamento da exceção (art. 802 CLT).
Julgada procedente a exceção, será convocado o juiz substituto, para atuar até o final da ação (art. 802, §1o da CLT).
Sendo improcedente, o julgamento será terminativo do incidente, não cabendo de imediato recurso, por se tratar de decisão interlocutória (art. 893, §1º da CLT). Poderá, o vencido, em preliminar do recurso, manifestar sua inconformidade (art. 799, §2o da CLT).
O juiz poderá dar-se por suspeito ou impedido, alegando motivos pessoais ou de foro íntimo.
O artigo 653, alínea c, atribui à própria vara do trabalho a competência para processar e julgar as exceções opostas contra seus membros. Até a emenda constitucional nº 24/99, que extinguiu os juízes classistas, tinha-se que, interposta a exceção contra um dos membros, o juiz tido como suspeito participava do próprio julgamento e, se procedente, convocaria seu suplente (art. 802, §1o da CLT) - diferentemente do que ocorre no cível, os autos não eram remetidos ao Tribunal. Após a emenda constitucional, criou-se uma nova situação: nas varas em que atua apenas um juiz togado, considerando que, no processo laboral, não cabe nenhuma espécie de recurso contra decisões interlocutórias, as exceções de impedimento e suspeição deverão ser julgadas por um único membro (juiz do trabalho).
Sérgio Pinto Martins se pronuncia sobre este aspecto:
“Nas localidades em que o juiz atua sozinho na Vara, pois houve término do mandato dos classistas, a competência  será do TRT para julgar a exceção (arts. 313 e 314 do CPC)”.
Por este entendimento, as exceções de suspeição e impedimento devem ser remetidas e julgadas pelo Tribunal. Não se pode descartar também a possibilidade da convocação de outro juiz para julgar essasexceções. Enquanto não for aclarado este ponto pela doutrina e jurisprudência ou ainda pela alteração do dispositivo legal, haverá posições conflitantes quanto à autoridade que irá julgar as exceções de impedimento e suspeição.
Se, no entanto, a exceção for oposta contra o juiz de direito que atua na jurisdição trabalhista residualmente (art. 802, §2o), este será substituído na forma da organização judiciária local. Contudo, o julgamento desta exceção será realizada pelo Tribunal Regional do Trabalho, que é competente para revisar as decisões daquele magistrado em grau de recurso ordinário, recaindo na hipótese do art. 313 do CPC.
Resta ainda salientar que a CLT apenas se referiu ao impedimento do juiz em relação às partes, não citando o envolvimento ou parentesco do juiz em relação aos advogados. A suspeição e o impedimento, da mesma forma que no cível, aplica-se ao órgão do Ministério Público, ao serventuário da justiça, ao perito, ao intérprete (art. 138 do CPC).
3. Da Contestação
3.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
É primordial que a reclamada, além de apresentar a exceção, seja ela em razão de lugar, impedimento ou suspeição, ofereça também a defesa do mérito, seja ela indireta ou direta. Isso porque, na Justiça do Trabalho, consoante já foi gizado, a defesa do réu (as exceções, a contestação e a reconvenção) têm como prazo de apresentação o dia da audiência.
Assim trata do assunto o CPC, art. 300:
“Compete ao réu alegar, na contestação, toda matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir”.
3.2. DEFESA INDIRETA PROCESSUAL[13]
Calmon de Passos[14] ressalta:
A defesa dirigida contra o processo, defesa de conteúdo meramente processual, é chamada defesa indireta. Indireta, porque ela visa a obstar a outorga da tutela jurisdicional pretendida pela autor mediante inutilização do processo, ou seja, o meio, do instrumento de que ele se valeu, sem que se ofereça oportunidade para composição da lide, isto é, sem apreciação do mérito pelo juiz”.
Humberto Theodoro Júnior[15] adota esta posição de Calmon de Passos e subdivide as defesas processuais em peremptórias e dilatórias:
“São peremptórias as que, uma vez acolhidas, levam o processo à extinção, como a de inépcia da inicial, ilegitimidade de parte, litispendência, coisa julgada, perempção, etc. (art. 267). Aqui o vício processual é tão profundo que o inutiliza como instrumento válido para obter a prestação jurisdicional.
São dilatórias as defesas processuais que, mesmo quando acolhidas, não provocam a extinção do processo, mas apenas causam ampliação ou dilação do curso do procedimento.
Assim, quando se alega nulidade da citação, incompetência do juízo, conexão de causas, deficiência de representação da parte ou falta de autorização para a causa, ou ausência de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar (art. 301, nº I,II, VII, VIII e XI), em todos estes casos, a defesa provoca apenas uma paralisação temporária do curso normal do procedimento, enquanto o obstáculo processual não seja removido”.
Neste trabalho não se adentrará ao exame de cada uma das hipóteses arroladas na lei, visto não ser este o objeto em estudo. Contudo, como a finalidade deste trabalho é ressaltar pontos semelhantes ou divergentes entre o processo trabalhista e o processo civil, serão exaltados, apenas, os tópicos que apresentam alguma particularidade para com o assunto em análise.
3.2.1. Incompetência absoluta
A incompetência absoluta do juízo, tratada neste tópico, refere-se à matéria e às pessoas. É entendida pela doutrina[16] como defesa indireta processual dilatória, arrolada no art. 301, II do CPC.
A Constituição Federal, no seu art. 114, estabelece a competência da Justiça Trabalhista. Contudo, não define a competência em razão da matéria, referindo-se apenas aos litígios que ocorram entre trabalhadores e empregadores, o que faz entender que invoca, para definir a competência em razão da matéria, as pessoas por ela tuteladas. Ainda define, no mesmo dispositivo, em relação à matéria, que a justiça especializada tratará  de outras controvérsias da relação de trabalho.
Para Wagner Giglio[17]:
“Em suma: por falta de menção da matéria para a qual se estipula a competência da Justiça do Trabalho, o intérprete se vê constrangido a buscar os limites dessa competência pelas pessoas que intervêm nas demandas trabalhistas”.
Depreende-se do estudo realizado que a Justiça do Trabalho é competente para conciliar e julgar as demandas entre empregado e empregador, compondo as lides relativas à relação de emprego, tendo, via de regra, como norte o trabalho subordinado (dissídios individuais[18]). Apresentando também competência para julgar as lides daqueles que não firmaram contratos de trabalho em sentido estrito, como por exemplo os pequenos empreiteiros, os aprendizes, os avulsos, os temporários, etc., estes em virtude de sua debilidade econômica. Pode-se perceber que o critério de competência material esbarra na figura do trabalhador, definindo aquela em razão desta.
Não há na doutrina qualquer divergência quanto à forma de oposição, tanto a incompetência em razão da matéria, como em razão das pessoas, sendo unânime o entendimento de que estas devem ser apresentadas como preliminar de mérito e o juiz irá conhecê-las na sentença.
Ambas as formas, em que pese a possibilidade de serem argüidas pelas partes, por se tratarem de incompetência absoluta (art. 301, II do CPC e artigo 795, §1o da CLT[19]), devem ser declaradas ex officio,pois ensejam a nulidade dos atos decisórios praticados por magistrado incompetente.
3.2.2. Incapacidade da parte
No direito civil, temos que os menores entre dezesseis e vinte e um anos de idade, para ingressarem com uma ação em juízo, necessitam ser assistidos pelo pai ou responsável, sendo considerados relativamente incapazes. Nas ações trabalhistas, o maior de dezoito anos de idade poderá exercitar plenamente seu direito de ação, sem necessidade de assistência. Os menores de dezoito anos[20], recaem na regra geral, necessitando de assistência, que poderá ser prestada pelos pais ou responsáveis, ou pelo Ministério Público do Trabalho.
3.2.3. Coisa julgada
Insta ressaltar que o instituto da coisa julgada é plenamente aplicável às lides trabalhistas, tendo a CLT, no seu artigo 836, norma que veda aos órgãos do Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas.
Cumpre porém ressaltar que a conciliação trabalhista, efetuada no curso da demanda, tem força de coisa julgada (art. 831, parágrafo único da CLT), ressalvadas as parcelas previdenciárias, que, embora estejam no bojo da conciliação, não podem ser acordadas pelas partes. A Lei 10.035/00, que acrescentou o §3o e 4o no artigo 832 da CLT, exige que as decisões homologatórias indiquem a natureza jurídica das parcelas indenizatórias constantes no acordo, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo recolhimento da contribuição previdenciária, devendo o INSS ser intimado, via postal, dessas decisões.
3.2.4. Inépcia da petição inicial
Uma vez requerida pela reclamada a declaração de inépcia da inicial e a conseqüente extinção do processo, sem julgamento de mérito, com base no art. 301, III e 267 do CPC, por falta de pedido; por falta de causa de pedir; por confusão entre o pedido e a fundamentação, ou ainda por absoluta contradição entre a fundamentação e o pedido, o juiz, reconhecendo a existência deste defeito processual, deve extinguir o processo nos termos do art. 267. Isto porque a CLT, sendo omissa neste aspecto, passa a se utilizar subsidiariamente desse instituto. No entanto, o TRT da 4a Região tem entendimento diverso[21]:
“EMENTA: Inépcia.
O Processo do Trabalho não se reveste do rigorismo civilista, não obstante o Código de Processo Civil tenha aplicação subsidiária quando omissa a CLT.
Em assim sendo a aplicação do art. 295 do Código de Processo Civil deve ser adaptada ao processo trabalhista, observando-se suas peculiaridades características. Nestesentido o ensinamento do festejado professor, Manoel Antônio Teixeira Filho, em sua obra A Sentença no Processo do Trabalho (Ed. LTR, São Paulo, 1994, p. 271): ‘Os Juízes do trabalho devem ser extremamente cautelosos na aplicação deste preceito legal (art. 295 do CPC).
Não queremos com isso dizer que não possam, em nenhuma hipótese, decretar a inépcia da inicial, e, sim, que não devem aplicar, com rigor excessivo, a norma civilista, sob pena de escoriarem o princípio da simplicidade, que informa o procedimento trabalhista’.
Considerando-se que o processo trabalhista encontra-se centrado no princípio da informalidade, admitindo uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio e o respectivo pedido, exigência esta contida no artigo 840, §1º, da CLT, há que se afastar a alegação de inépcia, ainda mais quando possibilitou a contestação de todos os pedidos, inexistindo qualquer prejuízo à defesa, eis que assegurado o contraditório”.
Este entendimento não considera que a inépcia da inicial é vício tão profundo que inutiliza o processo como instrumento viável para obter a prestação jurisdicional.
De outro vértice, tem-se ainda como argumento o fato de que, na justiça do trabalho, é conferido as partes ojus postulandi. Observe-se o que preceitua o art. 791 da CLT: os empregados e empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar suas reclamações até o final[22]. Por força deste dispositivo, os juízes trabalhistas são tolerantes ao examinar os aspectos processuais na peça vestibular. Somados a este fator, tem-se que a CLT, em seu art. 840, §1o da CLT, ao enumerar os requisitos da peça inicial, faz isto com simplicidade, requerendo que conste a autoridade a quem é dirigida, a qualificação das partes e uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
Pelos argumentos aduzidos e tendo-se em vista a aplicação supletiva do CPC, considerando o binômio já gizado (omissão e compatibilidade) o instituto da inépcia será aplicado, ao processo laboral, apenas quando impossibilitar a defesa do reclamado.
3.2.5. Impugnação do valor da causa
Não obstante o valor da causa não se caracterize como espécie de defesa processual, no processo do trabalho, não suspendendo a tramitação do feito, ela se reveste de grande importância nas lides trabalhistas, vez que este valor poderá restringir os meios recursais do reclamado, razão porque será incluído neste tópico.
A CLT, ao enumerar os requisitos da inicial, não se refere, expressamente, ao valor da causa. No rito ordinário, o valor da causa é exigência da Lei 5.584/70 e também pela aplicação subsidiária do CPC, art. 282.
É muito importante o valor atribuído à causa, pois este é que definirá a alçada no processo trabalhista (Lei 5.584/70, art. 2o e 4o). Reclamatórias com valores inferiores a dois salários mínimos não poderão recorrer ao duplo grau de jurisdição, salvo se versarem sobre matéria Constitucional. Este é o chamado rito sumário da Justiça do Trabalho[23] (art. 2o, §3o da Lei 5584/70). Mister também que este valor corresponda àquilo que o reclamante pretende realmente receber do reclamado, atentando para o princípio da lealdade processual e da boa-fé; portanto, deve refletir o real conteúdo econômico dos pedidos e a não intenção do reclamante de restringir os meios recursais postos à disposição do empregador. Se esse valor não puder ser apurado, far-se-á uma estimativa.
Não sendo acolhida a impugnação ao valor da causa, quando argüida em contestação, caberá à reclamada, no oferecimento das razões finais (art. 850 da CLT), insurgir-se, novamente, quanto ao valor da causa e, em não sendo acolhido, será cabível o pedido de revisão, em 48 horas, ao Presidente do TRT, conforme Lei 5.584/70, art. 2o, §1o e 2o, que decidirá sem suspensão do processo.
Ressalte-se que a doutrina não exige que seja oposta em peça apartada (art. 261 do CPC) como no cível e sim como preliminar ou ainda em destaque na peça contestacional.
3.3. DA DEFESA DE MÉRITO
3.3.1. Considerações preliminares
Consoante já se grifou, a defesa de mérito pode ser indireta ou direta. É indireta quando o reclamado alega fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 333, II do CPC). Exemplifica-se com a prescrição ou a decadência. A defesa de mérito poderá ser ainda direta quando o réu resiste a pretensão do reclamante negando os fatos constitutivos do seu direito ou admitindo os fatos e negando as conseqüências jurídicas destes[24].
Esta lição se extrai dos ensinamentos de Emílio Gonçalves[25]:
“Na contestação pode o reclamado reconhecer o fato alegado pelo reclamante, opondo, entretanto, fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito material que o reclamante pretende fazer valer em juízo. É a defesa indireta de mérito, por meio da qual o reclamado não nega o conteúdo dos fatos alegados pelo reclamante, mas apresenta outros fatos, de natureza impeditiva, modificativa ou extintiva do direito alegado pelo reclamante. Tais fatos constituem contra-afirmações do reclamado, que objetivam retirar a eficácia da pretensão do autor, no caso, o reclamante”.
3.3.2. Da defesa indireta de mérito
3.3.2.1. Da prescrição e da decadência
Agnelo Amorim Filho[26] nos ensina que a maioria da doutrina e da jurisprudência  acolhem o entendimento, segundo o qual a causa da prescrição é o interesse público, visando a paz social, para outros, a prescrição é uma espécie de castigo que o estado impõe àquele que por inércia faz perdurar uma demanda, sendo, portanto, negligente com seus interesses.
No âmbito trabalhista encontra-se a base legal da prescrição na CF/88, art. 7º, XXIX[27]. Reza o citado dispositivo:
“Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos, para trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato”.
A prescrição a que se refere o citado dispositivo é a extintiva ou liberatória, que se rege pelo princípio da actio nata – segundo o qual a prescrição fulmina o direito a pretensão e não o direito propriamente dito. Daí entender-se que é preciso que exista uma lesão de direito para que se inicie a contagem do prazo prescricional. Caracterizando-se esta violação, nasce a pretensão jurídica e o direito de ingressar em juízo requerendo a tutela judicial. Assim, a prescrição pressupõe um direito nascido e efetivo, mas que é atingido pela inércia do titular. Esta lesão pode ocorrer no curso da relação trabalhista ou, ao final, com a extinção do contrato de trabalho.
Se a lesão de direito ocorreu com o contrato de trabalho em andamento, a justiça trabalhista tem admitido protesto judicial, a fim de interromper a prescrição e garantir direitos, previsto nos art. 867 e seguintes do CPC, com aplicação subsidiária ao processo laboral. Esse protesto previne os efeitos da prescrição, muito embora não seja contencioso, não havendo defesa nem audiência. Há apenas a distribuição e a notificação do empregador e a devolução do protesto ao reclamante.
No que concerne à extinção do pacto laboral, o prazo qüinqüenal, que visa à revisão dos créditos trabalhistas, é contado da proposição da ação (cinco anos para trás) e essa deverá ser proposta até dois anos da extinção do contrato de trabalho (dois anos para frente). Decorridos esses dois anos, o empregado perde o poder de exigir tais pretensões.
Interessante ressaltar que existem causas impeditivas da prescrição, que obstam a ocorrência desta em virtude de um fato relevante. A menoridade[28] ou a incapacidade absoluta são exemplos de causa impeditiva, inteligência dos artigos 440 da CLT e 5o do Código Civil Brasileiro, respectivamente. A lei impõe ao menor uma assistência para ingressar em juízo. Como essa assistência poderá ser negada, pelo pai ou responsável, a prescrição passa a contar do dia em que o empregadocompletar 18 anos até um dia antes de completar vinte anos, quando passa a intentar ação trabalhista em prazo similar ao de qualquer trabalhador maior, isto é, dois anos.
Ressalte-se que há casos em que a prescrição pode ser suspensa ou interrompida. Na suspensão soma-se o tempo anterior (já transcorrido), ou seja, uma vez iniciada a contagem do prazo prescricional, surge um fato relevante que paralisa a contagem do prazo. Ultrapassado este impedimento, o restante do prazo volta a ser contado. É o caso, por exemplo, da ausência no país para prestação de serviço público para a União, Estados e Municípios, a prestação de serviço militar em tempo de guerra e, mais recentemente, das comissões de conciliação prévia (art. 625-G), em que o prazo prescricional para o ajuizamento da reclamatória fica suspenso a partir da provocação da comissão, recomeçando a fluir, pelo que resta, a partir da tentativa frustrada ou do esgotamento do prazo de 10 dias (625-F) para realização da sessão de tentativa de conciliação.
Na interrupção a contagem recomeça do marco zero, isto é, desconsidera-se o prazo já transcorrido, iniciando-se nova contagem. Tem-se que a interrupção deva ser provocada pela parte. É o caso, por exemplo, do ajuizamento de uma reclamatória trabalhista em que o reclamante não tenha comparecido na primeira audiência e esse aforamento servirá como causa interruptiva da prescrição (súmula - 268 TST), ou ainda a proposição de protesto judicial (art. 844 do CPC).
A prescrição, conforme estatui o CPC, art. 269, IV, tem-se consagrado sua argüição como preliminar, por questões eminentemente práticas. Trata-se também de uma questão de economia processual, pois, sendo aceita essa preliminar, ou seja, estando prescritos os pedidos constantes na inicial, evidentemente o Juiz não terá que analisar os demais itens, extinguindo o processo com julgamento do mérito, conforme previsão legal do art. 269, IV do CPC.
A prescrição é matéria que só pode ser alegada na instância ordinária[29], ou seja, pode ser alegada a qualquer tempo, desde que não atinja a instância extraordinária. Isso porque o adjetivo extraordinário é reservado para os recursos cujo cabimento está adstrito a controvérsias referentes a questões de direito e não de fato, como por exemplo, o recurso de revista e os embargos que são julgados pelo Tribunal Superior do Trabalho.
Destarte, se a reclamada não argüir a prescrição na contestação, poderá fazê-la ainda nas razões finais ou como prefacial do recurso ordinário. Para Mário Ribeiro do Valle[30], caberia a argüição até mesmo em sede de sustentação oral[31]. Contudo, se a reclamada não argüir a prescrição, não pode o Juiz, de ofício pronunciá-la.
Em que pese a súmula 153 do TST ter consagrado o entendimento supra citado, este não se mostra totalmente pacificado. Por força do art. 300 do CPC, aplicado supletivamente ao processo trabalhista, tem-se que, se o réu não argüi a prescrição juntamente com a defesa (em audiência inaugural), este direito torna-se precluso. Esta é uma corrente minoritária que se refere apenas para ilustrar este estudo.
Câmara Leal conceitua decadência como: “queda ou perecimento do direito pelo decurso do prazo fixado ao seu exercício, sem que seu titular o tivesse exercido”.
A decadência no processo laboral, a exemplo da prescrição, é fenômeno que opera a perda de direitos, podendo, no entanto, ser declarada de ofício pelo magistrado. A decadência extingue o direito e é estabelecida em função deste. Assim, o objeto da decadência é o direito diverso da prescrição, pois nesta o objeto é a ação.
Diferentemente do prazo prescricional, o decadencial, via de regra vinculado a direitos de natureza potestativa, começa a fluir desde o aperfeiçoamento do direito atingido, ou seja, desde o seu nascimento. Pressupõe, portanto, que, embora tenha nascido o direito, este não se tornou efetivo pela falta de exercício do autor.
Mister salientar também que, diferentemente da prescrição, a decadência não se suspende ou interrompe. É dependente de prazo legal, daí poder ser conhecida de ofício de magistrado
No processo trabalhista, exemplifica-se com o prazo de 30 dias que tem o empregador para ajuizar o inquérito de apuração de falta grave do empregado estável, a fim de justificar a despedida deste. Também o prazo de dois anos para ingresso da ação rescisória, este por aplicação supletiva do CPC.
3.3.2.2. Da compensação e da retenção
A compensação é um instituto de direito material, sendo argüida como preliminar na peça contestacional, mas ainda como defesa indireta de mérito, ou seja, tem o fim de atingir o resultado concreto da ação Tanto na compensação, como na retenção, quer a reclamada apresentar um obstáculo às pretensões do reclamante. Contudo, não estará a negar os fatos constitutivos do direito do autor ou as conseqüências do fatos articulados.
O art. 767 da CLT dispõe que a compensação deve ser argüida como matéria de defesa[32], logo sujeita-se a preclusão, caso não alegada em audiência.
O enunciado 18 do TST, ao referir-se sobre este instituto, diz que só se admite a compensação com débitos do empregado de natureza trabalhista, exigindo homogeneidade na natureza dos créditos a compensar, tal qual no direito civil. No entanto, na justiça trabalhista, não se exige que a liquidez desses créditos[33], como ocorre na esfera cível.
A retenção, diversamente da compensação, não trata propriamente da extinção de um direito. Coloca-se, mais propriamente, como um meio de garantir a satisfação de um crédito que a reclamada entende ter.
A doutrina trabalhista aponta o exemplo clássico da retenção das ferramentas do obreiro, pela alegação de que este causou dano ao patrimônio do empregador[34], dolosa ou culposamente. Se foi culposa, a retenção só será admitida caso houver previsão contratual expressa[35] (art. 462, §1o da CLT).
3.3.2.2. Da perempção
Perempção, no direito processual civil, é tipificada pelo fato e o autor abandonar a causa por mais de trinta dias, não promovendo os atos e diligências que lhe competir, forte no artigo 267, III do CPC, ensejando a extinção do processo sem julgamento do mérito.
Neste caso, a lei processual civil aplica uma penalidade bastante grave ao autor, conforme parágrafo único do artigo 268, ou seja, se por três vezes incorrer no abandono da causa, sua negligência lhe acarretará a impossibilidade de intentar nova ação, pelo mesmo objeto contra o réu. Facultando-lhe, contudo, que formule suas alegações em defesa, se acionado.
No diploma celetista, a penalidade é mais branda. Os artigos 731 e 732 estabelecem que, uma vez apresentada a reclamação verbal ao distribuidor, se o reclamante deixar de comparecer no prazo de cinco dias[36], para reduzi-la a termo, ou, intentada a reclamatória, deixar de comparecer a audiência por duas vezes seguidas, perderá o direito de ação pelo prazo de seis meses. A consolidação não impede, definitivamente, o direito de ação do reclamante, porque, após o decurso desse prazo, se não houver ocorrido a prescrição, ele poderá ingressar com nova ação contra o reclamado.
Assim preleciona Vicente de Paula Maciel Júnior[37]:
“A penalidade do CPC é mais grave que na CLT, porquanto o nosso estatuto processual extingue o direito de ação do autor, somente permitindo que ele formule suas alegações em defesa, caso acionado”.
No entanto, esta posição não é pacífica. Sérgio Pinto Martins[38] diverge, pois entende que
“Os artigos 731 e 732 da CLT não se confundem com a perempção, pois as regras daqueles artigos são temporárias, não definitivas. Há omissão na CLT quanto à perempção, sendo o caso de se aplicar o CPC (art. 769 da CLT)”.
No entanto, a perempção, tal como disposta no diploma civilista, não é aplicada às relações trabalhistas por força da subsidiariedade.
A jurisprudência[39] assim se manifesta:
“O arquivamento de reclamação por três vezes em razão da ausência injustificada do autor à audiência, na forma prevista no art. 844 da CLT, não autoriza a aplicação da penalidade prevista no parágrafo único do art. 268do CPC. A CLT tem regramento específico sobre a matéria (art. 732) e a hipótese não se confunde com aquela prevista no inciso III do art. 267 do CPC. Recurso ordinário a que se dá provimento para afastar a extinção do processo sem julgamento do mérito e determinar o retorno dos autos ao MM. Juízo de origem para regular processamento da ação e apreciação do mérito da demanda”.
3.4. DO CONTEÚDO DE MÉRITO
A contestação tem como fim delimitar o objeto litigioso, que deverá manter-se inalterado no decorrer do processo.
Reza o artigo 841 do diploma trabalhista que, recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefe da secretaria, dentro de 48 horas, remeterá a segunda via da petição ao reclamado. Na Justiça do Trabalho, a citação inicial[40], que é o ato pelo qual o réu toma ciência de que contra ele foi proposta uma ação, podendo se defender caso desejar, vem acompanhada da notificação para comparecimento à audiência e nela é que o reclamado apresentará a sua defesa.
Esta notificação deverá respeitar um prazo mínimo de cinco dias entre a data do recebimento pelo reclamado e a data da audiência. É o chamado quinqüidio legal[41]. Difere da justiça civil, em que o prazo para apresentação da defesa começa a contar da juntada do aviso de recebimento (se este for o meio de citação). No processo laboral, presume-se recebida a notificação quarenta e oito horas depois de sua regular expedição (Súmula 16 do TST).
Destarte, a resposta do réu na Justiça trabalhista, é ato concentrado na audiência, consoante já se frisou, ao contrário da justiça cível em que a defesa do réu é ato cartorial.
A audiência trabalhista é una[42], porém, com a impossibilidade de realizar-se a instrução dos processos em um único dia, consagrou-se sua divisão em audiência inaugural e audiência de prosseguimento ou de instrução. Será, no entanto, na audiência inaugural que o juiz fará a primeira tentativa de conciliação e serão oferecidas a defesa (sentido amplo) e as provas que se pretende produzir.
Desta forma, presentes as partes, a audiência se inicia com a proposta de conciliação aos litigantes[43]. Se inexitosa, serão concedidos vinte minutos para que a reclamada apresente oralmente sua defesa, reduzida a termo; na prática, este procedimento é substituído pela defesa escrita (art. 847 da CLT).
Partindo do princípio de que a contestação delimita o objeto litigioso, todo fato que não for contestado será tido como incontroverso e em tese, dispensa prova. Dessa forma devem-se contestar todos os pedidos feitos pelo reclamante. Os que não forem contestados, serão presumidos como verdadeiros. Este preceito está insculpido no art. 302 do CPC, com aplicação subsidiária ao processo trabalhista.
Na contestação, a reclamada poderá assumir diferentes posturas. Primeiramente, poderá negar os fatos articulados na peça exordial, como constitutivos do direito do autor, por exemplo, que o reclamante não realizava horas-extras; ou admitir a ocorrência dos fatos apresentados, porém atribuindo-lhe outra conseqüência jurídica, isto é, opondo-se quanto às suas conseqüências, v.g. que o reclamante laborava no horário extraordinário, contudo este horário foi pactuado em convenção coletiva de trabalho; ou ainda poderá reconhecer, no todo ou em parte, o direito do autor, v.g. que realmente ele cumpria aquele horário de trabalho, mas que a empresa não tinha meios de quitar este adicional e, neste caso, incidirá o art. 467 da CLT, pois o reclamado estará reconhecendo o pedido do autor. Segundo este dispositivo toda a parcela salarial que não sofrer controvérsia, por meio da contestação, é devida em dobro, se não for paga na audiência inicial.
A contestação deve reportar-se a cada um dos pedidos. Não se admite a chamada contestação genérica, sendo, portanto, a negativa geral ineficaz. Resulta daí que nem mesmo a negativa quanto ao reconhecimento do vínculo empregatício isenta a reclamada de contestar, especificamente, os demais pedidos. Visto que, se reconhecido tal vínculo, seu direito de defesa estaria precluso e os fatos não contestados, conforme já se viu, serão presumidos verdadeiros.
Ainda pelo princípio da concentração, aplicado ao direito do trabalho, este é o momento da apresentação das provas (documentos - art. 396 do CPC), salvo as de maior complexidade, como a prova pericial e testemunhal. Este entendimento, porém alcança apenas aqueles documentos considerados imprescindíveis à regular constituição da relação laboral, sub judice. Impõe salientar que aplica-se, subsidiariamente, o art. 397 do CPC concernente a documentos novos, sendo lícito às partes juntá-los a qualquer tempo, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Um último aspecto deve ser frisado. Refere-se ao que dispõe o art. 830 da CLT, o qual impõe que os documentos devem ser apresentados no original ou cópia autenticada. Na prática tanto o reclamante como o reclamado comparecem à audiência portando os originais a fim de suprir tal exigência legal. Contudo, a impugnação somente quanto à forma tem sido mitigada, tendo os tribunais o entendimento de que o conteúdo deve prevalecer sobre a forma.
4. Reconvenção
4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Como se viu, o réu pode apresentar vários meios de defesa, atacando o processo ou o mérito da demanda, porém sempre conservará a posição de réu. A reconvenção, a seu turno, inverte esta posição e o réu (reclamado) passa a ser autor. Isso porque na reconvenção as posições se invertem, consoante nos ensina Ovídio Batista:
“O réu, todavia, pode sair de sua condição de defesa e passar ao ataque, propondo contra o autor uma demanda inversa. A esta ação do réu proposta dentro do processo originário, contra o autor, dá-se o nome de reconvenção”.
A reconvenção é ação autônoma movida pela reclamada contra o reclamante, oferecida simultaneamente com a contestação em peça apartada, no momento da audiência (art. 299 CPC). Neste aspecto, José Augusto[44] desenvolve a tese de que a “reconvenção e a defesa só se identificam em razão da unidade do momento em que podem ser exercidas”.
A citada autonomia encontra limite, porém, no artigo 315 do CPC, ou seja, a conexidade da reconvenção com a ação principal ou com o fundamento da defesa, entendendo-se que a extinção da ação principal não obsta o prosseguimento da reconvenção.
Valentin Carrion[45] cita julgado do TST, RO-AR 90.517/93.7, Armando de Brito, Ac. SDI 3.320/96:
“No processo trabalhista, a reconvenção é a ação do reclamado em face do reclamante promovida no bojo da reclamatória em que está sendo demandado. Não se trata, portanto, de ação acessória, mas sim de ação autônoma, tanto assim que, se houver desistência da reclamatória, a reconvenção correrá normalmente. Deve ser aplicado, dessa feita, o disposto no art. 317 do CPC: a desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção”.
Sendo uma ação do reclamado contra o reclamante deverá observar todos os requisitos que a lei exige para a propositura de uma ação autônoma, tais como os pressupostos processuais. Exige-se também identidade de procedimentos, art. 315, §2o do CPC, isto é, não se admite reconvenção no rito sumário[46].
Pode-se depreender que a reconvenção é um contra-ataque da empresa reclamada, buscando a reparação de algum dano, de alguma perda causada pelo reclamante ainda enquanto empregado.
No direito do trabalho, podemos exemplificar figurando a hipótese em que o empregado, às expensas de seu empregador, cursa uma pós-graduação no exterior, comprometendo-se expressamente que, ao final deste curso, irá manter seu contrato de trabalho por mais três anos. Se o empregado, ao término do curso, extingue seu contrato de trabalho, não cumprindo com o avençado e ainda ingressando em juízo pleiteando verbas rescisórias, o empregador poderá reconvir, exigindo os valores despendidos.
A ação reconvencional, a exemplo da compensação, só abrange obrigações decorrentes do vínculo laboral. Só quea compensação jamais pode ultrapassar o valor do crédito compensado.
Conclusão
Conforme constatado no decorrer deste estudo, a Justiça Trabalhista, no que se refere ao processo laboral, tem algumas particularidades. A mais importante delas, justamente porque enseja posições conflitantes, é a aplicação subsidiária do processo comum.
Esta supletividade, no entanto, encontra limites no próprio diploma consolidado - em seu artigo 769 – o qual nos ensina que somente será possível esta aplicação na omissão da CLT ou se não ocorrer incompatibilidade com os princípios que regem o processo do trabalho. Visa-se com isso preservar a celeridade e a simplicidade nas demandas desta natureza. Por esse motivo, como se viu, é possível, ora utilizar-se as disposições civilistas, ora vislumbrá-las com uma nova roupagem, ou ainda desprezá-las por inaplicáveis.
Este trabalho se centrou em algumas destas peculiariedades e enfocou a defesa do reclamado (réu) no processo de conhecimento, tomando por base os dissídios individuais do rito ordinário.
Para cumprir esta tarefa, foi necessário fazer várias citações e estabelecer um liame entre os doutrinadores trabalhistas e civilistas. Certamente não se esgotou a matéria, mas se angariou alguns subsídios para este confronto.
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[1] Na fase da execução, utiliza-se subsidiariamente a lei 6.830/ 80, referente as execuções fiscais.
[2] Humberto Theodoro Júnior nos ensina que exceção, em sentido amplo, “abrange toda e qualquer defesa que tenda a excluir  da apreciação judicial o pedido do autor, seja no aspecto formal, seja no material.” Theodoro Jr. Humberto. Curso de Direito Processual Civil, 36. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 338.
[3] Sérgio Pinto Martins, ob. cit. p. 261: “A exceção de incompetência pode ser em razão da matéria, do lugar ou das pessoas”. Wagner Giglio, ob.cit. p. 175: “Três podem ser os fundamentos da exceção de incompetência: em razão da matéria discutida, das pessoas ou do lugar”.
[4] Carrion, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 586.
[5] No processo cível da decisão que acolhe ou rejeita a exceção caberá agravo de instrumento, pois trata-se de decisão interlocutória (art. 522 CPC).
[6] MARTINS, Sérgio Pinto.  Direito Processual do Trabalho, 15. ed. São Paulo: Atlas, 2001, p. 257.
[7] GIGLIO, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 173
[8] TESHEINER, José Maria Rosa. Elementos para uma teoria geral do processo. São Paulo: Saraiva, 1993.
[9] A competência em razão do lugar na Justiça do trabalho, nos dissídios individuais, tem como regra geral o disposto no art. 651 da CLT, caput: Local da prestação do serviço. Comporta, porém algumas exceções a regra geral:
a)       §1o agente viajante, comporta duas hipóteses: - Não estando, esse empregado, subordinado a uma filial (agência ou escritório), a competência será o domicílio do empregado. - Se estiver subordinado diretamente a uma filial (agência ou escritório), a competência será o local da filial.
b)       §2o agente/filial no estrangeiro.
c)       §3o empregador com atividades fora do local do contrato: Podendo ocorrer duas hipóteses: - Se a empresa promove atividades fora do local do contrato, o empregado pode ajuizar a reclamatória no local onde ele está prestando serviços. Nessa hipótese, incidirá a regra geral do caput: Ou o reclamante pode ajuizar a demanda no local onde foi celebrado o contrato, desde que tenha alguma atividade da empresa nessa localidade.
[10] THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 36. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001,.p. 338.
[11] Art. 893, §1o da CLT.
[12] Humberto Theodoro Júnior, ob. cit. p. 330.
[13] Este trabalho irá se utilizar da classificação apresentada por Humberto Theodoro Júnior (ob. cit. p. 330 e 331). Reconhece, no entanto, a existência de classificação diferenciada, que admite defesa processual direta e indireta. Será defesa processual direta (relativa ao processo, visando sua anulação): falta de pressupostos processuais, condições da ação e dos impedimentos processuais e defesa indireta processual (apresentação de exceções processuais): falta ou nulidade da citação, incompetência relativa do juízo, falta de capacidade processual, etc.
[14] CALMON DE PASSOS, José Joaquim. Comentários ao Código de Processo Civil, vol. III, 8. ed. São Paulo: Forense, 1998, p. 244.
[15] Ob. cit. p. 330 e 331.
[16] Humberto Theodoro Júnior. ob. cit. p. 330 e 331.
[17] GIGLIO, Wagner D. Direito Processual do Trabalho, 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 39.
[18] Embora não seja objeto deste trabalho, cita-se a competência da justiça trabalhista para conciliar dissídios coletivos entre categoria profissional e categoria econômica.
[19] O texto legal se utiliza do vocábulo incompetência de foro, a doutrina e a jurisprudência já pacificaram este entendimento tendo este o significado de incompetência quanto a matéria.
[20] A EC nº 20 de 15/12/98 alterou o inciso XXXIII, art. 7º da CF, permanecendo a seguinte redação: “proibição do trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”. A CLT art. 402 e seguintes trata da proteção do trabalho do menor.
[21] Processo n º 00276.402/96-0 (RO): Juiz Relator João Ghislene Filho, acórdão publicado em 09/10/2000.
[22] Algumas vozes se levantaram após a publicação da Cartade 1988, forte no art. 133, que estabelecia que o advogado era indispensável a administração da justiça. Tal exegese não vingou e prevalece o dispositivo 791 com total aplicação no processo laboral.
[23] Com a introdução do rito sumaríssimo na justiça do trabalho, entendem alguns tratadistas que este rito sumário foi revogado implicitamente. “A nova lei revoga implicitamente, por incompatibilidade, portanto, pelo menos no que concerne ao novo sumaríssimo, o artigo 2o da Lei de n º 5.584 de 26.06.70, que, também, havia criado uma espécie de procedimento sumaríssimo para os dissídios individuais cujo valor da causa não excedesse a duas vezes o salário mínimo”. Organização AMATRA. Sumaríssimo Trabalhista 1 ano. Porto Alegre: HS, 2001.
[24] José Carlos Barbosa Moreira faz a mesma distinção entre defesa de mérito direta e indireta utilizada pela doutrina trabalhista (Barbosa Moreira, José Carlos. O Novo Processo Civil Brasileiro, 20. ed.).
[25] GONÇALVES, Emílio. Manual de Prática Processual Trabalhista, 2. ed. São Paulo: LTR, 1989, p. 89.
[26] Amorim Filho, Agnelo. Revista de Direito Processual Civil. Critério Científico para distinguir a prescrição da decadência e para identificar as ações imprescritíveis. São Paulo,(3):95-132, jan/jun.1961
[27] Até 1988 vigia o art. 11 da CLT e a prescrição, quanto ao exame dos créditos trabalhistas, era de dois anos; essa prescrição foi alterada com o advento da CF/88, passando seu prazo para cinco anos.
[28] Art. 440 da CLT - “Contra os menores de 18 anos não corre nenhum prazo de prescrição”.
[29] Enunciado 153 do TST: “Prescrição – oportunidade de sua argüição. Não se conhece de prescrição não argüida na instância ordinária (ex-Prejulgado nº 27)”.
[30] BARROS, Alice Monteiro de Barros. Compêndio de Direito Processual do Trabalho. São Paulo: LTR, 1998, p. 249.
[31] Este posicionamento é divergente. Segundo AC.SBDI 1 2.195/96 – Proc. No. TST – RR 81.674/93.2. “Ementa: rescrição – argüição da tribuna. – A prescrição pode ser argüida até o momento processual apropriado que é o recurso ordinário (inteligência do enunciado 153 TST). O art. 354 do CPC estabelece o procedimento de julgamento do recurso na sessão do Tribunal, designada para esse fim, prevendo que a sustentação oral deve se referir às razões dos recursos interpostos pelas partes de onde se infere que podem os respectivos procuradores no debate oral argumentar sobre matérias impugnadas no apelo. Desta forma, não há permissivo para deduzir novas matérias da tribuna, em sustentação oral, sob pena de se admitir a suplementação do recurso ordinário interposto em desrespeito ao princípio do contraditório. Embargos conhecidos e providos”.
[32] Súmula 48 do TST.
[33] Valentin Carrion, ob.cit. p. 557, assim se manifesta: “Compensam-se dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis (CC, art. 1010). Seria letra morta o art. 767, caso se exigisse aquele requisito do direito civil no processo trabalhista; é que mesmo os direitos pleiteados pelo empregado na Justiça do Trabalho habitualmente só se tornam líquidos após a sentença”.
[34] MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT, 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001, p. 732.
[35] Isso ocorre porque o direito do trabalho tem como postulado o princípio da intangibilidade salarial. Este princípio enaltece a natureza alimentar do salário
[36] Art. 786 da CLT.
[37] BARROS, Alice Monteiro, ob.cit. p. 524.
[38] MATINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT, p. 720.
[39] TRT 2a R., RO 02920368499, Ac. 02950137932, Rel. Leny Pereira Sant’Anna, DOESP 27.04.95, p. 52.
[40] A notificação na lide trabalhista não precisa ser pessoal, é entregue pelo correio ou realizada por oficial de justiça no endereço do reclamado, tem-se por perfeita, não vigorando o disposto no art. 215, caput.
[41] Em se tratando da União, Estados e Municípios o prazo mínimo para a audiência será de 20 dias (Dec.-Lei 779/69) e a citação será de conformidade com o art. 12, I e II do CPC.
[42] Pelo princípio da concentração os atos processuais todos os atos devem ser realizados na mesma audiência, art. 849 da CLT e 300 do CPC.
[43] Artigo 846 da CLT.
[44] PINTO, José Augusto Rodrigues Pinto, Processo Trabalhista de Conhecimento, 4. ed. São Paulo: LTR, 1998, p. 297.
[45] CARRION, Valentin, ob. cit. p. 648.
[46] No rito sumaríssimo, admite-se pedido contraposto (CPC, art. 278, §1o e lei 9.099/95, art. 31). Não estando pacificado a questão relativa a reconvenção. Observe-se trecho do julgado TRT 2o R. – Proc. 20000375882 – Ac. No 20000411862 RO – 6a T. – Rel. Juiz Rafael Edson Pugliese Ribeiro – 15.08.2000 – DOESP 25.08.2000 – “...Sr. Juiz Relator esclareceu que o processo deveria prosseguir pelo rito sumaríssimo, pois a ocorrência de reconvenção não afasta a aplicação da Lei 9.957/2000. A turma pela unanimidade de votos decidiu pelo prosseguimento do processo pelo rito sumaríssimo”.
GUASPARI, Mariângela de Oliveira. Defesa do réu na Justiça do Trabalho. Revista Páginas de Direito, Porto Alegre, ano 1, nº 39, 15 de julho de 2001. Disponível em: http://www.tex.pro.br/home/artigos/159-artigos-jul-2001/6280-defesa-do-reu-na-justica-do-trabalho

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