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Coordenação Geral Cleyson de Moraes Mello Guilherme Sandoval Góes Coordenação Acadêmica Carlos José de Souza Guimarães João Eduardo de Alves Pereira Patrícia de Vasconcellos Knöller Vanderlei Martins Diálogos Jurídicos na Contemporaneidade Estudos Interdisciplinares em homenagem ao professor José Maria Pinheiro Madeira Participação Especial do Ministro Marco Aurélio Mello (STF) Apresentação Mauro Roberto Gomes de Mattos Autores Editar Juiz de Fora-MG 2015 Adriano Moura da Fonseca Pinto Alexandre Ribeiro da Silva Alfredo Canellas Guilherme da Silva Armenia Cristina Dias Leonardi Bianca Freire Ferreira Bruno Maia Carlos Alberto Lima de Almeida Carolina Loureiro de Alves Pereira Cintia Maria Scheid Cleber Magalhães Cleyson de Moraes Mello Cristiane Binoto Vidal Rodrigues Danielle Riegermann Ramos Damião Déborah de Paula Iennaco de Rezende Elbert Heuseler Eron Dino Leite Pereira Esdras Rabelo dos Santos Fabiana de Almeida Maia Santos Fernando Chaim Guedes Farage Guilherme Sandoval Góes Hamerson Castilho do Nascimento Horácio Monteschio Isabela de Souza Galdino da Costa José Flávio Barroso Madaleno José Maria Pinheiro Madeira Júlia Mara Rodrigues Pimentel Júlia Massadas Julia Wand-Del-Rey Cani Karla Corrêa Freire Larissa Toledo Costa Lorena Campos Vieira Luis Carlos de Araujo Marcia Ignácio da Rosa de Moraes Mello Márcia Sleiman Rodrigues Marco Aurélio Mello Mariana Colucci Goulart Martins Ferreira Mauro Roberto Gomes de Mattos Patrícia de Vasconcellos Knöller Raphael Villela Roberto Ferreira Dantas Rodrigo Caporusso Ruchester Marreiros Barbosa Sergio Leonardo Molisani Monteiro Th alissa Corrêa de Oliveira Vanderlei Martins Wellington Trotta William Albuquerque Filho Conselho Editorial Prof. Dr. Bruno Lacerda (Membro Externo – UFJF – MG) Prof. Dr. Cleyson de Moraes Mello Profa. Dra. Elena de Carvalho Gomes (Membro Externo – UFMG) Profa. Elizabeth Santos Cupello (Membro Externo – AVL) Prof. Mario Pellegrini Cupello (Membro Externo – ICVRP) Profa. Ms. Marcia Ignácio R M Mello (Membro Externo – Colégio Pedro II) Prof. Dr. Nuno M. M. S. Coelho (Membro Externo – USP) Profa. Dra. Núria Belloso Martín (Membro Externo – Univ. Burgos – Espanha) Profa. Especialista Patrícia de Vasconcellos Knöller Profa. Ms. Patrícia Ignácio da Rosa (Membro Externo IBC) Profa. Dra. Th eresa Calvet de Magalhães Prof. Dr. Vanderlei Martins (Membro Externo – UERJ) Coordenação Geral Prof. Dr. Cleyson de Moraes Mello Prof. Dr. Guilherme Sandoval Góes Coordenação Acadêmica Prof. Ms. Carlos José de Souza Guimarães Prof. Dr. João Eduardo de Alves Pereira Profa. Especialista Patrícia de Vasconcellos Knöller Prof. Dr. Vanderlei Martins A editora e os coordenadores desta obra não se responsabilizam por informações e opiniões contidas nos artigos científi cos, que são de inteira responsabilidade dos seus autores. Dados internacionais de catalogação na publicação Diálogos jurídicos na contemporaneidade: estudos em homenagem ao professor José Maria Pinheiro Madeira, Juiz de Fora: Editar Editora Associada Ltda, 2015. 1. Direito – Fundamentos – Brasil. ISBN: 978-85-7851-086-2 Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade, pelo que os fi lhos dos homens se abrigam à sombra das tuas asas. Eles se fartarão da gordura da tua casa, e os farás beber da corrente das tuas delícias; Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz. (Salmos 36: 7-9) José Maria Pinheiro Madeira Procurador do Legislativo (aposentado). Mestre em Direito do Estado, Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, Doutor Honoris Causa em Ciência Política e Administração Pública pela Emíll Brunner University. Doutor em Filosofi a da Administração Pública e Pós-Doutorado em Direito Público pela Cambridge International University (Inglaterra). Pós – Doutorado em Administração Pública pela Emil Brunner World University ( Flórida/USA). Integrou diversas bancas de Concurso Público. Membro Titular da Banca Examinadora do Concurso de Delegado do Rio Janeiro. Membro Integrante da Banca Examinadora de Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, Membro da Banca de Concursos Públicos do DETRAN, do IBAMA e da Agência Nacional de Saúde, de Auditor Fiscal, da Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais (nível Superior), do Estado de Sergipe para o cargo de Advogado, do Estado de Minas Gerais, Cargo Gestor Ambiental, no Concurso Público do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (nível Superior), no Concurso Público, cargo de Procurador , Estado do Espírito Santos, , no Concurso Público da Agência Nacional de Saúde para o Cargo de Atividade Técnica de Suporte – Direito, no Concurso para os cargos de Escrivão e Investigador de Polícia do Estado de Mato Grosso, no Concurso Público da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Estado de Sergipe para o Cargo de Delegado, no Concurso Público da Polícia Rodoviária Federal, no Concurso Público, para o cargo de advogado, no Estado do Espírito Santos, no Concurso Público para o Cargo de Auditor Fiscal, Salvador, Bahia. Membro de diversas associações de cultura jurídica, no Brasil e no Exterior. Professor Emérito da Universidade da Filadélfi a. Professor-palestrante da Escola da Magistratura do Rio de Janeiro – EMERJ. Professor Coordenador de Direito Administrativo da Universidade Estado de Sá. Professor da Fundação Getúlio Vargas. Professor integrante do Corpo Docente do Curso de Pós-Graduação em Direito Administrativo da Universidade Cândido Mendes, da Universidade Gama Filho e da Universidade Federal Fluminense. Membro Titular do Instituto Ibero-Americano de Direito Público. Membro Efetivo do Instituto Internacional de Direito Administrativo. Presidente da Academia Nacional de Juristas e Doutrinadores. É autor dos livros Administração Pública – Tomo I (12ª. edição); Administração Pública – Tomo II (12ª. edição); Servidor Público na Atualidade (9ª. edição); Comentários à Lei de Licitação e Contratos Administrativos Interpretados Pelos Tribunais (2ª. edição); A questão jurídico-social da propriedade e de sua perda pela desapropriação (esgotado); Concurso Público (2ª. Edição), Casos Concretos de Direito Administrativo; Estatuto da Cidade – Lei n° 10.257/01 – Comentários; Comentários à Lei de Improbidade Administrativa (esgotado); Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal (esgotado); Desapropriação, institutos afi ns (esgotado); Exame de Ordem – Segunda Fase – Direito Administrativo (4ª edição). Colaborador das seguintes publicações jurídicas: Revista Pró-Ciência, Revista Ibero-Americana de Direito Público, Revista Forense, Revista Fórum, Revista da EMERJ, ADV Advocacia Dinâmica, e Revista de Informação Legislativa. Coordenação Geral Cleyson de Moraes Mello Professor Adjunto da Faculdade de Direito da UERJ; Doutor em Direito pela UGF-RJ; Mestre em Direito pela UNESA; É professor do Programa de Mestrado em Direito da UNIPAC – Juiz de Fora/MG. É Diretor Adjunto da Faculdade de Direito de Valença – FAA/FDV. Professor Titular da Universidade Estácio de Sá. Professor Adjunto da Unisuam. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Teoria do Direito e Direito Civil, atuando principalmente nos seguintes temas: introdução ao estudo do direito, direito civil, fi losofi a do direito, fundamento do direito, hermenêutica jurídica e fi losófi ca (Heidegger e Gadamer) e Metodologia da Pesquisa; Advogado; Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB; Membro do Instituto de Hermenêutica Jurídica – Porto Alegre/RS. Membro da Academia Valenciana de Letras. Membro do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto. Vice-Presidente da Academia de Ciências Jurídicas de Valença/RJ. Autor e coordenador de diversas obras jurídicas. Guilherme Sandoval Góes Doutor e Mestre em Direito pela Universidadedo Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor de Direito Constitucional e de Direito Internacional Público da Universidade Estácio de Sá (UNESA). Conselheiro Nacional da Cruz Vermelha e Representante da CVB na Comissão Nacional para a Difusão e Implementação do Direito Humanitário no Brasil. Professor de Direito Constitucional, Direito Eleitoral e de Metodologia da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ). Professor Emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Coordenador do Curso de Direito do Campus Tom Jobim (Barra da Tijuca) da Universidade Estácio de Sá (UNESA). Professor Convidado do Programa de Mestrado Profi ssional da Universidade da Força Aérea (UNIFA). Professor Convidado do Programa de Pós-Graduação em Direito da Criança e do Adolescente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) na disciplina Direitos Humanos. Professor e Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direito Público da Universidade Estácio de Sá do campus Tom Jobim (Barra da Tijuca). Professor e Coordenador da Divisão de Geopolítica e Relações Internacionais da Escola Superior de Guerra (ESG). Professor do Curso de Direito Internacional dos Confl itos Armados da ESG/ Comitê Internacional da Cruz Vermelha nos anos de 2010 e 2011. Diplomado pelo Naval War College dos Estados Unidos da América (Newport, Rhode Island). Membro do Conselho Editorial/Científi co da Revista Legis Augustus da UNISUAM-RJ, da Revista da Universidade da Força Aérea e da Revista da Escola Superior de Guerra. É Autor e Organizador de diversas obras acadêmicas sobre Direito Constitucional, Neoconstitucionalismo, Direitos Humanos e Geopolítica com artigos traduzidos para o italiano e espanhol. Coordenadores Acadêmicos Carlos José de Souza Guimarães Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC,1992) e Mestre em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ,1996). É Professor da Faculdade de Direito da UERJ e Professor da EMERJ. Desde o ano 2000, é Advogado da União (AGU – Categoria Especial) e Diretor Regional da Escola da Advocacia-Geral da União na 2ª Região (RJ/ES). João Eduardo de Alves Pereira Geógrafo, com o registro 2007131366, CREA-RJ. Licenciado em Geografi a pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1986), Mestre em Geografi a pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992) e Doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002). CREA- RJ. É Professor-Adjunto nas disciplinas Economia Política, Geografi a Política e Economia do Petróleo da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É Professor-conteudista e responsável pela disciplina Geografi a da População Brasileira do Curso de Licenciatura em Geografi a (EAD) do Consórcio CEDERJ-UERJ-UAB. Patrícia de Vasconcellos Knöller Especialista em Direito Público. Professora de Direito Administrativo nos cursos de Graduação e Pós-Graduação da Universidade Estácio de Sá. Professora da EMERJ. Advogada e Parecerista na área do Direito Administrativo. Membro Titular da Academia Nacional de Juristas e Doutrinadores. Vanderlei Martins Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/ UFRJ (1985), Mestrado em Ciências pela COPPE/UFRJ (1991), Doutorado em Ciências pela COPPE/UFRJ (1995), Coordenador Acadêmico do PPDIR/ Faculdade de Direito da UERJ (1996/1999), Coordenador Executivo e Membro do Conselho Editorial do Cadernos de Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito da UERJ (1996/1999), Diretor do Curso de Direito da Universidade Santa Úrsula (1996/1999), Professor Adjunto da UNESA (1999/2008), Professor Titular e Coordenador de Pesquisa da UNIESP/ SUESC (2000/2012), Coordenador de Pesquisa da UNIGRANRIO/Campus Silva Jardim (2000), atualmente Professor Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em Regime de Dedicação Exclusiva. Atua na área de Ciências Sociais Aplicadas. Autores Adriano Moura da Fonseca Pinto Doutorando em Direito pela Universidad de Burgos-Espanha. Advogado. Professor Universitário. Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direito Civil e Processo Civil da Universidade Estácio de Sá-campus Freguesia. Integrante da Coordenação Geral do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá no Rio de Janeiro-RJ. Alexandre Ribeiro da Silva Mestrando em “Hermenêutica e Direitos Fundamentais” pela Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC, Campus de Juiz de Fora e também mestrando no programa “Direito e Inovação”, na linha de pesquisa “Direitos Humanos e Inovação”, na Universidade Federal de Juiz de Fora. Cursa Pós- Graduação lato sensu em “Direito Constitucional Aplicado” no Complexo Educacional Damásio de Jesus. É associado ao Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (CONPEDI). É advogado e professor de literatura e português. Possui Pós-Graduação em Direito Processual pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2011), Graduação em Direito pelo Instituto Vianna Júnior (2009) e Graduação em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2010). Alfredo Canellas Guilherme da Silva Mestre em Direito – UGF/RJ. Bacharel Direito UVA/RJ e Filosofi a UERJ. Professor de Direito Constitucional e Ciência Política – UNESA/RJ; Membro do Grupo de Pesquisas Novas Perspectivas na Jurisdição Constitucional – UNESA/RJ. E-mail: professoralfredo@canellas.com.br. Armenia Cristina Dias Leonardi Professora do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá. Mestranda em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis. Bianca Freire Ferreira Pós-Graduada em direito penal e processo penal pela UNESA. Advogada. Bruno Maia Bacharel em Direito pela UNIPAC – Barbacena; Especialista em Direito Civil pela PUC – Minas; Mestre em Hermenêutica e Direitos Fundamentais pela UNIPAC – Juiz de Fora; Doutor em Ciências Jurídicas pela Universidad del Museo Social Argentino. 12 Carlos Alberto Lima de Almeida Doutor em Política Social PPGPS-UFF. Professor Auxiliar I e Pesquisador integrante do Núcleo de Estudos sobre Direito, Cidadania, Processo e Discurso da Universidade Estácio de Sá – UNESA. E-mail: carlosalberto.limadealmeida@ gmail.com Carolina Loureiro de Alves Pereira Acadêmica do 3º período da Faculdade de Direito da UERJ. Cintia Maria Scheid Mestre em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul/UNISC; Especialista em Direito do Estado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e em Direito Notarial e Registral pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL; MBA pela Escuela Superior de Administración y Dirección de Empresas – ESADE Barcelona, Espanha. Titular do 1º Serviço de Registro Civil das Pessoas Naturais e 5º Tabelionato de Notas de Maringá, Paraná. Cleber Magalhães Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD) da Universidade Federal Fluminense (UFF). Cleyson de Moraes Mello Professor Adjunto da Faculdade de Direito da UERJ; Doutor em Direito pela UGF-RJ; Mestre em Direito pela UNESA; É professor do Programa de Mestrado em Direito da UNIPAC – Juiz de Fora/MG. É Diretor Adjunto da Faculdade de Direito de Valença – FAA/FDV. Professor Titular da Universidade Estácio de Sá. Professor Adjunto da Unisuam. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Teoria do Direito e Direito Civil, atuando principalmente nos seguintes temas: introdução ao estudo do direito, direito civil, fi losofi a do direito, fundamento do direito, hermenêutica jurídica e fi losófi ca (Heidegger e Gadamer) e Metodologia da Pesquisa; Advogado; Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB; Membro do Instituto de Hermenêutica Jurídica – Porto Alegre/RS. Membro da Academia Valenciana de Letras. Membro do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto. Vice-Presidente da Academiade Ciências Jurídicas de Valença-RJ. Autor e coordenador de diversas obras jurídicas. Cristiane Binoto Vidal Rodrigues Mestranda em Direito no curso de Hermenêutica e Direitos Fundamentais da Universidade Antonio Carlos – UNIPAC, possui especialização em Civil e Processo Civil pela Universidade Estácio de Sá, Graduação em direito pela Universidade Estácio de Sá e Graduação em Administração pela Universidade Cândido Mendes (1996). Atualmente é Coordenadora do curso de Direito da UNESA, campus Freguesia, Professora Auxiliar I da Universidade Estácio de Sá além de advogada. 13 Danielle Riegermann Ramos Damião Doutoranda em Função Social do Direito – FADISP (2015). Mestrado em Direito pela Universidade de Marília (2012). Especialização em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Estácio de Sá (2003). Graduação em Direito pela Universidade Estácio de Sá (2002). Autora de obras jurídicas. Atualmente é professora da ESMARN (Escola da Magistratura do Estado do RN) e da Faculdade São Luís. É membro dos conselhos editoriais das revistas “Direito e Liberdade” e da “Atualidades Jurídicas”. Acumula vasta experiência na docência superior (Graduação e Pós-Graduação). Assessora Jurídica da FUNEP – Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão. É advogada e consultora jurídica. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Empresarial, Civil e do Trabalho. Déborah de Paula Iennaco de Rezende Advogada, mestranda no programa de mestrado em Direito “Hermenêutica e Direitos Fundamentais” da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC, na linha de pesquisa “Pessoa, Direito e efetivação dos Direitos Humanos no contexto Social e Político contemporâneo”. Pós-Graduanda em Direito Trabalhista pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – IEC PUC- MG. Graduada no curso de Direito pelo Instituto Vianna Júnior. Elbert Heuseler Advogado. Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais. Mestre em Direito. Curso de Pós-Graduação no Exterior. Pós-Graduado em Estratégia e Relações Internacionais. Especialista em Brasil Contemporâneo pela ESG. Aprovado em 1º lugar no Concurso para Professor Substituto de Direito Administrativo da Faculdade Nacional de Direito – UFRJ. Coordenador e Professor do IBMEC Business Scholl – MBA em Direito Empresarial. Professor de Direito nos Cursos de Graduação e Pós-Graduação da UNESA. Coordenador do Curso de Pós- Graduação em Direito Militar da UNESA. Parecerista em Direito Administrativo e Militar. Autor de Livros e Artigos em Direito Público. Assessor Jurídico do Tribunal Marítimo e da Marinha do Brasil (RM1). Vice-Presidente do Instituto de Pesquisas em Direito Público. www.ipdp-brasil.org Eron Dino Leite Pereira Advogado inscrito na OABMG; Pós-Graduado em Direito e Processo do Trabalho; Pós- Graduado em Direito Previdenciário; Formação em Docência de Ensino Superior; MBA Executivo em Petróleo e Gás; Mestrando em Hermenêutica e Direitos Fundamentais. Esdras Rabelo dos Santos Advogado. Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Licitações e Contratos Administrativos – EAD. Polo Botafogo, Rio de Janeiro/RJ. 14 Fabiana de Almeida Maia Santos Advogada; Mestranda em Direito pelo Programa de Pós-Graduação da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGD/FND/ UFRJ); Especialista em Direito Constitucional pela Universidade Estácio de Sá (UNESA); pesquisadora dos grupos Novas Perspectivas em Jurisdição Constitucional (NP JURIS/UNESA), Observatório da Justiça Brasileira (OJB/ UFRJ) e do Grupo de Pesquisa sobre Epistemologia Aplicada aos Tribunais (GREAT/UFRJ); bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E-mail: fabianamaiaadv@yahoo.com.br. Fernando Chaim Guedes Farage Mestre em Hermenêutica e Direitos Fundamentais pela Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC de Juiz de Fora/MG. Graduado em Direito pelas Faculdades Integradas Vianna Júnior de Juiz de Fora/MG. Advogado. Guilherme Sandoval Góes Doutor e Mestre em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ, Coordenador do Curso de Direito do Campus Tom Jobim da Universidade Estácio de Sá (UNESA), Professor de Direito Constitucional e de Direito Eleitoral da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), Professor Emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), Professor Convidado do Curso de Pós-Graduação do Direito da Criança e do Adolescente da UERJ. Chefe da Divisão de Geopolítica e Relações Internacionais da Escola Superior de Guerra (ESG). Conselheiro Nacional da Cruz Vermelha Brasileira. Hamerson Castilho do Nascimento Mestrando em Hermenêutica e Direitos Fundamentais pela UNIPAC – Juiz de Fora/MG; Pós-Graduado em Direito Civil e Direito Processual Civil pela Universidade Estácio de Sá; Pós-Graduado em Direito do Consumidor e Responsabilidade Civil pela Universidade Estácio de Sá; Bacharel em Direito pela Universidade Estácio de Sá; Professor de Direito do Consumidor, Responsabilidade Civil e História do Direito Brasileiro na Graduação da universidade Estácio de Sá; Advogado atuante inscrito na OAB/RJ. Horácio Monteschio Mestre em Ciências Jurídicas pelo Unicesumar Maringá. Especialista em Direito Público e Direito Processual Civil pelo IBEJ; Direito Tributário pela UFSC; Direito Administrativo pelo Instituto Romeu Felipe Bacellar; Direito contemporâneo pela Escola da Magistratura do Estado do Paraná. Integrante da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Estado do Paraná. Membro do IPRADE – Instituto Paranaense de Direito Eleitoral. Professor das Faculdades OPET em Curitiba, advogado militante. 15 Isabela de Souza Galdino da Costa Advogada e Pós-Graduanda em Direito Constitucional pela UCAM. José Flávio Barroso Madaleno Mestrando em “Hermenêutica e Direitos Fundamentais” pela Universidade Presidente Antônio Carlos; Especialista em Direito Empresarial pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Professor de Direito pela Faculdade Doctum de Manhuaçu e advogado. José Maria Pinheiro Madeira Mestre em Direito do Estado, Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, Doutor Honoris Causa em Ciência Política e Administração Pública pela Emíll Brunner University e Pós-Graduado no Exterior. Pós-Doutorado pela Cambridge International University (Inglaterra). Foi Procurador do Legislativo (aposentado). Integrou diversas bancas de Concurso Público. Membro Titular da Banca Examinadora do Concurso de Delegado do Rio Janeiro. Membro Integrante da Banca Examinadora de Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Membro da Banca do DETRAN, do IBAMA e da Agência Nacional de Saúde. Membro de diversas associações de cultura jurídica, no Brasil e no Exterior. Professor Emérito da Universidade da Filadélfi a. Professor-palestrante da Escola da Magistratura do Rio de Janeiro – EMERJ. Professor Coordenador de Direito Administrativo da Universidade Estado de Sá. Professor da Fundação Getúlio Vargas. Professor integrante do Corpo Docente do Curso de Pós- Graduação em Direito Administrativo da Universidade Cândido Mendes, da Universidade Gama Filho e da Universidade Federal Fluminense. Membro Titular do Instituto Ibero-Americano de Direito Público. Membro Efetivo do Instituto Internacional de Direito Administrativo. Presidente da Academia Nacional de Juristas e Doutrinadores. Júlia Mara Rodrigues Pimentel Mestranda em “Hermenêutica e Direitos Fundamentais” pela Universidade Presidente Antônio Carlos; Especialista em Ciências Penais pelas Faculdades Integradas de Caratinga; Especialista em Direito Público e em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Anhaguera-Uniderp. Advogada e Conselheira da “OAB Mulher” da 54ª Subseção da OAB. Coordenadora do Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade Doctum de Manhuaçu e Professora da Rede Doctum de Ensino. Júlia MassadasAluna de Graduação da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FND/UFRJ); pesquisadora do Grupo de Pesquisa sobre Epistemologia Aplicada aos Tribunais (GREAT/PPGD/UFRJ); e pesquisadora do Centro de Justiça e Sociedade (CJUS) da Fundação Getúlio Vargas (FGV Direito Rio). E-mail: juliamassadas@gmail.com 16 Julia Wand-Del-Rey Cani Professora Substituta de Teoria do Direito da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FND/UFRJ); Mestranda em Direito pelo Programa de Pós-Graduação da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGD/FND/UFRJ); Especialista em Direito Público pela Universidade Católica de Petrópolis (UCP); pesquisadora do grupo de pesquisa Observatório da Justiça Brasileira (OJB/UFRJ); E-mail: juliacani@yahoo.com.br. Karla Corrêa Freire Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e bacharelanda do curso de Direito da Universidade Estácio de Sá (UNESA). Larissa Toledo Costa Mestranda em Hermenêutica e Direitos Fundamentais pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC); Pós-graduada em Direito Econômico e Empresarial pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Lorena Campos Vieira Bacharel em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas Vianna Júnior; Especialista em Direito Público pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Mestranda em Direito da UNIPAC – Juiz de Fora. Luis Carlos de Araujo Procurador de Justiça Aposentado do Estado do Rio de Janeiro; Professor Titular de Processo Civil da Universidade Estácio de Sá desde 1994; Professor de Direito Processual Civil, Direito Empresarial e Técnicas de Sentença da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro de 1985/2005; Diretor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Estácio de Sá de 1995/1999; Diretor de Campus João Uchoa de 1999/2001; Coordenador da Disciplina de Processo Civil de 2001/2009 da Estácio; Coordenador Nacional das Disciplinas de Processo Civil e Direito Empresarial de 2009/2012. Pós-Graduação na Estácio em 2012. Marcia Ignácio da Rosa de Moraes Mello Mestre em Direito. Professora de Processo Civil. Advogada. Márcia Sleiman Rodrigues Doutora em Direito pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Mestre em Direito pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade Estácio de Sá. Graduada em Direito pela Universidade Cândido Mendes. Docente da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora de Avaliação da Universidade Estácio de Sá. 17 Marco Aurélio Mello Ministro do Supremo Tribunal Federal. Mariana Colucci Goulart Martins Ferreira Jornalista e advogada. Possui Graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2010) e Graduação em Direito pelas Faculdades Integradas Vianna Júnior (2013). Atualmente é mestranda no programa “Hermenêutica e Direitos Fundamentais”, na linha de pesquisa “Pessoa, Direito e Efetivação dos Direitos Humanos nos Contextos Social e Político-Contemporâneos”, na Universidade Presidente Antônio Carlos. É também mestranda no programa “Direito e Inovação”, na linha de pesquisa “Direitos Humanos e Inovação”, na Universidade Federal de Juiz de Fora. Cursa Pós-Graduação lato sensu em “Direito Constitucional Aplicado” no Complexo Educacional Damásio de Jesus. É associada ao Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito (CONPEDI). Desenvolve pesquisas nas áreas de Teoria do Direito, Filosofi a do Direito, Direito Constitucional e Teoria da Comunicação (Agenda-Setting Th eory). Mauro Roberto Gomes de Mattos ADVOGADO no Rio de Janeiro/RJ- BRASIL. Autor dos Livros (dentre outros): “O Contrato Administrativo”. 2. ed. Rio de Janeiro: América Jurídica, 2002; “O Limite da Improbidade Administrativa: O Direito dos Administrados dentro da Lei nº 8.429/92”. 5. ed., revista e atualizada. Rio de Janeiro: Forense, 2010; “Lei nº 8.112/90 Interpretada e Comentada : Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos da União”. 6. ed., revista e atualizada. Niterói/RJ: Impetus, 2012; “Tratado de Direito Administrativo Disciplinar”. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010; “Inquérito Civil e Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa: Limites de Instauração”. Rio de Janeiro, Forense, 2014. Vice Presidente do Instituto Ibero-Americano de Direito Público (Capítulo Brasileiro) – IADP; Membro da Sociedade Latino-Americana de Direito do Trabalho e Seguridade Social; Membro do IFA – International Fiscal Association; Conselheiro efetivo da Sociedade Latino-Americana de Direito do Trabalho e Seguridade Social; Co- Coordenador da Revista Ibero-Americana de Direito Público – RIADP (Órgão de Divulgação Ofi cial do IADP); Colaborador permanente de diversas “Revistas de Direito” Brasileiras e Estrangeiras, com artigos doutrinários jurídicos bem como, de “Revistas Eletrônicas de Direito” no Brasil e Exterior; Colaborador de Jornais de grande circulação Brasileiros; Parecerista; Conferencista/Palestrante. Patrícia de Vasconcellos Knöller Especialista em Direito Público. Professora de Direito Administrativo nos cursos de Graduação e Pós-Graduação da Universidade Estácio de Sá. Professora da EMERJ. Advogada e Parecerista na área do Direito Administrativo. Membro Titular da Academia Nacional de Juristas e Doutrinadores. Raphael Villela Mestrando em População, Território e Estatísticas Públicas (ENCE/IBGE); Pós-Graduando em Análise Ambiental e Gestão do Território (ENCE/ IBGE); Geógrafo (UFRJ). Roberto Ferreira Dantas Bacharel em Direito pela UNESA, Pós-Graduando em Direito Civil e Direito Processual Civil pela UNESA. Rodrigo Caporusso Graduado em Direito pela Faculdade São Luís – Jaboticabal. Advogado. Ruchester Marreiros Barbosa Delegado de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Doutorando em Direitos Humanos pela Universidad Nacional Lomas de Zamora, Argentina. Especialista em Direito Penal e Processo Penal. Professor de Processo Penal da EMERJ, Professor de Direito Penal e Processual Penal da Graduação e Pós-Graduação da UNESA/RJ, professor de Penal e Processo Penal da Pós- Graduação da Universidade Cândido Mendes, professor conteundista do site www.atualidadesdodireito.com.br dos professores Luiz Flávio Gomes e Alice Bianchini. Professor concursado da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Autor de diversos artigos jurídicos e científi cos. Membro Titular da Association Internationale de Droit Pénal, Membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, Membro da Law Enforcement Law Enforcement Against Prohibition. Palestrante e Conferencista. email: ruchester.marreiros@gmail.com. Janeiro de 2015. Sergio Leonardo Molisani Monteiro Advogado Especialista e Mestrando; Professor de Direito no IPTAN – São João Del Rei. Th alissa Corrêa de Oliveira Artigo Científi co apresentado pela acadêmica do 8º Período de Direito da Faculdade de Direito de Valença, do Centro de Ensino Superior de Valença, da Fundação Educacional Dom André Arcoverde. Vanderlei Martins Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/ UFRJ (1985), Mestrado em Ciências pela COPPE/UFRJ (1991), Doutorado em Ciências pela COPPE/UFRJ (1995), Coordenador Acadêmico do PPDIR/Faculdade de Direito da UERJ (1996/1999), Coordenador Executivo e Membro do Conselho Editorial do Cadernos de Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito da UERJ (1996/1999), Diretor do Curso de Direito da Universidade Santa Úrsula (1996/1999), Professor Adjunto da UNESA (1999/2008), Professor Titular e Coordenador de Pesquisa da UNIESP/ SUESC (2000/2012), Coordenador de Pesquisa da UNIGRANRIO/ Campus Silva Jardim (2000), atualmente Professor Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade do Estado doRio de Janeiro, em Regime de Dedicação Exclusiva. Atua na área de Ciências Sociais Aplicadas. Wellington Trotta Bacharelado em Direito (UGF) e Filosofi a (UERJ), Mestrado em Ciência Política (UFRJ), Doutorado em Filosofi a (UFRJ) e Pós-Doc em Filosofi a (UFRJ). Atualmente leciona Filosofi a na UNESA, responsável pelo Núcleo de Pesquisa de Ciências Jurídicas e Sociais pela UNESA de Cabo Frio. William Albuquerque Filho Mestrando em Direito, Hermenêuntica e Direitos Fundamentais, Unipac/JF. Orientador: Prof. Pós-Doutor Antônio Pereira Gaio Júnior. Sumário Palavras da Coordenação 25 Cleyson de Moraes Mello, Guilherme Sandoval Góes, Carlos José de Souza Guimarães, João Eduardo de Alves Pereira, Patrícia de Vasconcellos Knöller e Vanderlei Martins Apresentação 27 Mauro Roberto Gomes de Mattos Artigos A Ética nas Funções de Estado 29 Marco Aurélio Mello Fases do Processo Administrativo 39 José Maria Pinheiro Madeira Delação Premiada não serve para fi ns de Admissibilidade de Ação de Improbidade Administrativa 57 Mauro Roberto Gomes de Mattos Direito e Novas Demandas Sociais 69 Vanderlei Martins Esboço sobre o Teórico e o Prático no Pensamento de Kant, Atravessado pela Liberdade 83 Wellington Trotta Direitos Humanos: Pax Americana ou Metaconstitucionalismo? 99 Guilherme Sandoval Góes e Márcia Sleiman Rodrigues O Curso de Direito e a Questão Racial: Racismo e Relações Étnico-raciais a partir de um Estudo Quantitativo com Alunos do Curso de Direito da Universidade Estácio de Sá 113 Carlos Alberto Lima de Almeida O Direito Fundamental à Liberdade de Crença 127 Cleyson de Moraes Mello e Lorena Campos Vieira O Servidor Público Pós-moderno: a Gestão por Competências na Receita Federal do Brasil 141 Cleber Magalhães Processo Administrativo: Leitura à Luz do Sistema Acusatório 153 Elbert Heuseler Cooperação Internacional 167 Luis Carlos de Araujo Considerações Acerca da Natureza da Responsabilidade do Proprietário na Desapropriação Confi scatória do art. 243 da CF 175 Patrícia de Vasconcellos Knöller O Juiz Péricles: a Hermenêutica e o Constitucionalismo Democrático 193 Alfredo Canellas Guilherme da Silva As Políticas Públicas Sociais no Contexto da Globalização: o Caminho para uma Cidadania Deliberativa 207 Cintia Maria Scheid Aplicação da Teoria Objetiva nos Casos de Acidente de Trabalho 223 Danielle Riegermann Ramos Damião e Rodrigo Caporusso Poder Geral de Natureza Administrativo-cautelar pelo Delegado de Polícia e sua Função Inerente ao Sistema Acusatório Garantista 243 Ruchester Marreiros Barbosa A Defesa dos Direitos da Personalidade em Face da Preservação do Direito à Intimidade na Sociedade Contemporânea 267 Horácio Monteschio A Tutela Executiva no CPC/73 e na Lei 13.105/2015: os Devedores Particulares Condenados ao Pagamento Quantia Certa, Fazer e não Fazer e Entregar Coisa Certa 283 Adriano Moura da Fonseca Pinto e Isabela de Souza Galdino da Costa Sustentabilidade e Licitação: uma Perspectiva Conceitual 295 Esdras Rabelo dos Santos e Marcia Ignácio da Rosa de Moraes Mello A (de) ontologia dos Princípios em Robert Alexy 309 Bruno Maia A Legitimidade da Lei 12.318/2010 que versa sobre a Alienação Parental 317 Fernando Chaim Guedes Farage O Reconhecimento do Outro Através de si Mesmo: a Busca de uma Justiça Equitativa sob a Concepção de Martin Heidegger 327 Armenia Cristina Dias Leonardi Pessoa e Dignidade - Direito da Personalidade 341 Eron Dino Leite Pereira O Positivismo Legal de Hans Kelsen versus a Hermenêutica de Martin Heidegger: o Desvelamento do Direito através do Dasein 359 Alexandre Ribeiro da Silva e Mariana Colucci Goulart Martins Ferreira O Ecletismo Constitucional e os Limites Morais do Mercado – o Confronto Entre a Dignidade da Pessoa Humana e a Ideologia do Capital 373 José Flávio Barroso Madaleno O Direito e a Moralidade Política em Ronald Dworkin 389 Júlia Mara Rodrigues Pimentel Discurso Jurídico como Forma de Discurso Prático-moral 403 William Albuquerque Filho A Evolução do Círculo Hermenêutico em Schleiermacher, Heidegger e Gadamer 413 Larissa Toledo Costa Critérios Objetivos para Solução de Eventual Colisão entre Direitos do Empregador e Direitos do Trabalhador 423 Sergio Leonardo Molisani Monteiro A Evolução Jurídica da Proteção do Cônjuge e do Companheiro no Direito Sucessório 437 Roberto Ferreira Dantas Princípios Constitucionais Norteadores do Acesso à Justiça no Brasil 447 Cristiane Binoto Vidal Rodrigues Corte Deliberativa, Fórum do Princípio e Constitucionalismo Democrático: Visões sobre formas de Deliberação da Corte 459 Fabiana de Almeida Maia Santos A Estrutura do Supremo Tribunal Federal e Efi ciência da Justiça Constitucional 473 Julia Wand-Del-Rey Cani Modernização e Efi ciência: os Eternos Desafi os do Setor Portuário Brasileiro 487 Raphael Villela Negociado versus Legislado 499 Déborah de Paula Iennaco de Rezende Justiça Restaurativa e o Combate à Seletividade do Sistema Penal 513 Bianca Freire Ferreira O Conceito de Direitos Humanos e seu Valor Moral 523 Hamerson Castilho do Nascimento Redução da Maioridade Penal no Combate à Criminalidade: Tratamento do Efeito ou da Causa? 533 Th alissa Corrêa de Oliveira Passé, Présent et Future: L’Anniversaire de 70 Ans de l’ONU et les Principaux buts deL’Agenda de Développement d’Après-2015 547 Carolina Loureiro de Alves Pereira Audiências Públicas do Supremo Tribunal Federal: Práxis, Expertise e Democracia 555 Júlia Massadas Provas Eletrônicas em Ações de Danos Morais e Crimes Contra a Honra 569 Karla Corrêa Freire Palavras da Coordenação É com grande satisfação que apresentamos à comunidade jurídica brasileira a obra Diálogos Jurídicos na Contemporaneidade: Estudos Interdisciplinares em Homenagem ao Professor José Maria Pinheiro Madeira. A produção jusfi losófi ca que conforma esta obra coletiva tem como autores renomados juristas nacionais, bem como integrantes dos corpos docente e discente de diversas Instituições de Ensino Superior. A edição desta obra expressa a preocupação dos Coordenadores no sentido de oferecer um espaço para a discussão e o diálogo interdisciplinares, fato que permite ao leitor o contato com diferentes saberes e diferentes posições doutrinárias. Nessa linha, é importante salientar que os artigos agora publicados têm como fi nalidade homenagear o ilustre Professor José Maria Pinheiro Madeira. Convidamos todos à leitura. Rio de Janeiro, julho de 2015. Coordenação Geral Cleyson de Moraes Mello Guilherme Sandoval Góes Coordenação Acadêmica Carlos José de Souza Guimarães João Eduardo de Alves Pereira Patrícia de Vasconcellos Knöller Vanderlei Martins Apresentação Com muita honra fui convidado para fazer parte de um seleto grupo de juristas que se uniram para homenagear, através de seus estudos, na presente obra coletiva, o grande mestre José Maria Pinheiro Madeira. Esta satisfação se soma a oportunidade de poder utilizar da presente apresentação para discorrer sobre a importância acadêmico-doutrinária do professor José Maria Pinheiro Madeira, de quem sou declarado admirador. A admiração que nutro pelo professor Madeira foi adquirida pelos seus Magistrais trabalhos jurídicos, consagrados em livros de leitura obrigatória para os cultores do direito público. O professor Madeira é autor dos seguintes livros: Administração Pública – Tomo I (12ª edição); Administração Pública – Tomo II (12ª edição); Servidor Público na Atualidade (9ª edição); Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos Interpretados pelos Tribunais (2ª edição); A questão jurídico- social da Propriedade e de sua perda pela desapropriação (esgotado); Concurso Público (2ª edição); Casos Concretos de Drieito Administrativo; Estatuto da Cidade – Lei nº 10.257/010– Comentários à Lei de Responsabilidade Fiscal (esgotado); Desapropriação, Institutos afi ns (Esgotado); Exame de Ordem – Segunda Fase – Direito Administrativo (4ª edição). A temática do direito administrativo, tão bem exposta nas obras jurídicas do homenageado, tem na atualidade importância fundamental, sendo de todos a preocupação na defesa do patrimônio, tanto do ente público, como do servidor destinatário de direitos e de garantias fundamentais. Essa importância temática, aliada ao alto grau de excelência jurídica do homenageado em seus estudos e obras, faz com que os estudiosos do direito público tenham uma referência segura na busca da solução de seus confl itos ou dúvidas. O professor Madeira, ora homenageado, também colabora com várias publicações, dentre elas: Revista Pró Ciência, Revista Ibero Americana de Direito Público, Revista Forense, Revista da EMERJ, ADV Advocacia Dinâmica e Revista de Informação Legislativa. Não bastasse essa fecunda e consagrada carreira jurídica no campo doutrinário, o professor Madeira contribuiu com os seus préstimos intelectuais como destacado Procurador Legislativo (aposentado), sendo professor Emérito da Universidade da Filadélfi a, professor Palestrante da Escola de Magistratura do Rio de Janeiro, professor Coordenador de Direito Administrativo da Universidade Estácio de Sá, Professor da Fundação Getúlio Vargas, professor do Corpo Docente do Curso de Pós Graduação em Direito Administrativo da Universidade Cândido Mendes, da Universidade Gama Filho e da Universidade Federal Fluminense. Inobstante esse invejável curriculum, o professor Madeira é Mestre em Direito do Estado, Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, Doutor honoris causa em Ciência Política e Administração Pública pela Emil Brunner University, Doutor em Filosofi a da Administração Pública e Pós-Doutorado em Direito Público pela Cambridge Internacional University, Pós Doutorado em Administração Pública pela Emil Brunner Word University, além de integrar, como membro titular, inúmeras bancas examinadoras de Concursos Públicos. Em síntese, o professor José Maria Pinheiro Madeira é um jurista nato, podendo e devendo ser considerado por toda comunidade científi ca acadêmico- jurídica e pelos operadores do Direito, como um grande estudioso e porque não dizer, uma das máximas autoridades nacionais no âmbito do estudo do direito administrativo, em decorrência inclusive, de que, com maestria, produz textos e obras jurídicas que servem de referência para todos os que militam ou estudam a respectiva área do Direito Público. Dessa forma, todas as homenagens feitas ao professor Madeira são minúsculas em face da grandeza da sua obra e de seus ensinamentos. Os presentes estudos não possuem a pretensão de igualar a Obra do mestre homenageado, mas de exteriorizar toda a admiração e apreço que os articulistas participantes sentem pelo nosso Professor Madeira. Rio de Janeiro, 15 de junho de 2015. Mauro Roberto Gomes de Mattos A Ética nas Funções de Estado Marco Aurélio Mello1 No Brasil, quem tem ética parece anormal. (Mário Covas) Será uma boa nova o retorno à ve lha discussão sobre a ética na gestão pública? Os otimistas decerto responderão que sim, vendo a questão como sinal do despertar da consciência cívica nacional ou, mais ainda, como prova viva do amadurecimento político do país. Os mais pessimistas, já descrentes, enxergarão, sem dúvida, os escândalos por trás da notícia, os abusos e desmandos que serviram de mote à volta do assunto às pági nas dos jornais. Qualquer que seja a vertente escolhida, porém, o fato é que, a cada dia, a população parece mais intransigente e vigi lante em relação ao comportamento dos agen tes públicos. Daí a grande repercussão das manchetes em se tratando de desvios de con- duta, sempre ganhando vulto, temerariamente, até um mero indício sobre uma mínima possibilidade de corrupção. Lenta, mas soli damente, vai-se incutindo na sociedade brasi leira a exata noção acerca da importância da transparência nos atos de administração pú blica, do combate efi caz à corrupção, da co brança diária nó tocante à responsabilidade dos agentes públicos. Hoje em dia, não parece se mostra rem sufi cientes, aos olhos do povo, eventuais bons resultados da ação estatal, mensurados no âmbito da efi ciência e efi cácia e estampa dos em relatórios recheados de cifras e índi ces alentadores. Exige-se daqueles que perso nifi cam o Estado postura compatível com o múnus público. Há de se cumprir e respeitar as leis, sim, mas à luz da ética como norte fun damental nas relações interpessoais. As profi cientes palavras do professor Roberto da Matta retratam quase à perfeição esse entendi mento: “Quando falamos em ética, não es tamos simplesmente nos referindo a uma rela ção de efi ciência entre uma agência governa mental e suas tarefas junto ao Estado, mas estamos pondo em cena, pela primeira vez no caso do Brasil, a atitude que deve guiar o que se está fazendo. A ética introduz uma forte e irrevo gável dimensão moral no âmbito da adminis- tração pública. Não se trata mais de multipli car efi ciência e recursos, mas de realizar isso dentro de certos limites e com uma certa atitu de. Se, antigamente, os fi ns justifi cavam os meios – e os fi ns da administração pública brasileira sempre se confundiram com os ob jetivos políticos imediatos e práticos de quem governava –, agora a equação entre meios e fi ns muda de fi gura, pois os agentes devem estar conscientes e preparados para levanta rem objeções a respeito dessa equação. Realmente, a ética sugere que nem todas as combi- nações entre meios e fi ns são moralmente co erentes ou aceitáveis. Ser efi ciente pode levar a uma subversão dos meios relativamente aos fi ns. Ser ético, porém, conduz a um exame permanente entre meios e fi ns.” 1 Ministro do Supremo Tribunal Federal. 30 E o que vem a ser a ética, palavra que, originando-se do grego ethiqué ou ethos e do latim ethica, ethicos, tem a ver com cos tume, uso, caráter, comportamento? Passando ao largo da seara árida das defi nições acadê micas, pode-se assentar, como o fez o profes sor Miguel Reale, revelar-se a Ética como a ciência normativa da conduta, ou como um conjunto de valores e regras de comporta mento, um código de conduta que as coletivi dades – todas – adotam. Na verdade, a preo cupação com a ética como princípio de conduta humana é tão antiga quanto a própria humanidade, já que, de acordo com o antro- pólogo francês Claude Levi-Strauss, a passa gem do reino animal para o humano, isto é, a transição da natureza para a cultura, só acon teceu quando, em face da proibição de inces to, instaurou-se a lei, estabelecendo-se, desse modo, as relações de parentesco, de grupo e, consequentemente, de alianças sobre as quais se soergueu a organização social humana. Portanto, é de se afi rmar que não existe um povo sem um conjunto de regras morais, im prescindíveis para garantir a convivência en tre os homens, cujo trabalho coletivo alicer çou-se na concordância entre os partícipes, garantindo, assim, com o domínio das forças da natureza, a sobrevivência da espécie. Longe estou da pretensão de dis correr sobre o pensamento de Aristóteles – para quem a felicidade, o fi m último da vida, só poderia ser alcançada por meio das virtu des intelectuais e morais ou de endossar a teoria de Th omas Hobbes – que, na obra Leviatã, concluiu ser necessária a presença de um Estado forte para reprimir a inerente mal dade humana. Tampouco defenderei o Con- trato Social de Jean-Jacques Rousseau, se gundo o qual os homens, bons por natureza, corrompem-se pela vida em sociedade, mos trando-se os desvios éticos como consectários naturais dos desajustes sociais. A discussão sobre os desvãos teóricos da ética na história humana demandaria incursões à vasta obra de Kant – que, desprezandoos efeitos, entendeu ser a motivação ética o substrato para se jul gar a moralidade de determinado ato –, ou de Spinoza, cuja tese assenta- se na premissa de que a noção do bem e do mal deve ser delinea da à luz das necessidades e interesses dos ho mens. Cumpriria também lembrar Nietzche, o irrequieto fi lósofo alemão que, numa crítica feroz à moral, sustentou ser bom tudo o que fortifi ca no homem o sentimento e a vontade de potência, e mau tudo o que provém da fra queza, de maneira que a moral seria, então, a arma dos fracos à vista da natural auto-reali zação dos mais fortes. Em contraposição, ca beria aludir às lições de Bertrand Russel, con soante as quais a humanidade imprescinde da organização moral, pelo que os homens só são completos se participam plenamente da vida em comunidade. Claro está que o tema afi gura-se inesgotável. Para não me alongar em dema- sia, valho-me do argumento – cuja simplici dade contrasta com a complexidade da maté ria –, mediante o qual o economista John Powerlson, citado pelo também economista Paulo Paiva, diz da utilidade prática da ética; A Ética nas Funções de Estado 31 “São poucas as pessoas que gostam de lavar pratos mas fazem isso diariamente porque dão um grande valor a ter uma mesa limpa. Nenhuma lei impõe esta tarefa, ne nhum fi scal examina se foi feita, ou não, nenhum relatório é necessário, ninguém é multado ou preso por não fazer. Mas fazemos. (...) Proponho uma cultura econômica na qual nos comportamos moralmente pela mesma razão que lavamos pratos: isso nos dá vanta gens, e as consequências de não fazer seriam penosas pessoalmente, não do ponto de vista legal.” Aí está, de uma forma quase trivial, o valor dos princípios éticos, quando menos na economia individual de cada um de per si e de todos, em última instância. A sociedade brasileira há muito já intuiu a serventia desses valores, pelo que, de uma maneira cada vez mais direta e atenta, vem reclamando dos diri gentes e autoridades uma conduta compatível com o mister de bem servir à coletividade. Como no exemplo acima, o raciocínio é sim ples; a equação, descomplicada: maior trans parência conduz forçosamente ao aumento de credibilidade na gestão de recursos públicos, o que resulta no fortalecimento das institui ções e da economia do país, de modo a permi tir, quem sabe, um “orçamento ético” – nas sempre pertinentes palavras do ex-Governador Cristovam Buarque –, e, assim, a diminui ção das desigualdades sociais, atávica mazela que nos expõe diariamente ao opróbrio do mundo. Mais do que justifi cada, portanto, desponta a necessidade de se fortalecer, apri morar e divulgar amplamente os padrões éti cos que devem reger a prestação do serviço público, com o objetivo tanto de coibir infra ções como de difundir uma mentalidade que, de tão absorvida, torne-se arraigada, um modo de proceder tão usual como a mais roti neira tarefa. O ideal seria a introjeção comple ta desses princípios éticos como uma forma inequívoca de proporcionar benefício comum à nação, tanto quanto todos aceitam ser indis- pensável a obediência às leis de trânsito como única possibilidade de ter-se veículos e pe destres pelas ruas. Não se trata de uma utopia. Mais já foi feito, basta observar ser regra a convivência pacífi ca entre os povos, entre vi zinhos, apesar da diversidade de interesses. A guerra, sim, é a exceção, bem como o desres peito às leis. Daí a avançar-se para a obser vância concreta e corriqueira das normas de conduta não custa muito, mormente no âmbi to restrito da atuação governamental. É ques tão de prioridade e determinação, para a qual inescusável vem a ser o empenho férreo, diligente, diuturno do Estado no intuito de esta belecer e difundir normas e procedimentos simples, claros e de fácil compreensão com vistas a fi rmar um padrão ético de conduta efetivo que vá ao encontro das expectativas da sociedade, atualmente eivada de crescente desconfi ança em relação aos agentes públi cos. A tarefa mostra-se hercúlea e demanda, além de tempo, investimentos maciços em educação – pilar central da cidadania por quanto a ninguém escapa ser árdua a missão de eliminar vícios culturais enraizados, de correntes de práticas administrativas obsole tas e autoritárias, esteadas na abominável tra dição coronelista de se confundir o patrimô nio público com o domínio privado. Marco Aurélio Mello 32 Tão tradicionais quanto espúrias são essas relações na rotina administrativa brasileira. Colho do Professor Tércio Sam paio Ferraz magnífi co trecho sobre a gênese e o jeito da corrupção, a qual, para a maioria, revela-se verdadeiramente “endêmica” no Brasil: “Corrupção tem a ver com perce pções sociais. Estas percepções sociais são, por sua vez, importantes na formação das di mensões éticas da sociedade e, assim, do modo como os atos públicos são avaliados e julgados. Elas podem ser apresentadas na for ma de estereótipos que são facilmente assimi lados pela sociedade e mesmo por estrangei ros que com ela entram em contato. Num país subdesenvolvido não é difícil detectar esses estereótipos. Destaque-se, assim, por exem plo, a importância das relações pessoais na escolha de muitos funcionários públicos. Embora a Constituição do país exija concur sos públicos para habilitação a cargos públi cos, existem milhares de cargos chamados de confi ança, que são preenchidos por indicação pessoal. Estes funcionários tendem a atuar com perspectivas de reciprocidade, fenômeno conhecido como “apadrinhamento”, estabelecendo-se uma relação de amizade e compadrio que pode envolver largos espectros: o amigo do amigo, a recomendação de uma pessoa importante etc. Quando essa relação não é possível, ela tende a ser substituída por redes informais em que o dinheiro conta, isto é, à falta do padrinho ou do amigo, surge a compra direta do favor. Esse pagamento em dinheiro de fa vores é, obviamente, ilegal e antiético. Não obstante, a corrupção não chega a ser percebi da como tal quando o pagamento é de valor pequeno e usual. Aceita-se socialmente como uma espécie de compensação pelos baixos sa lários de funcionário. Neste caso, como no caso das relações por apadrinhamento, uma suspeita de corrupção não teria por base a mo ral, no sentido kantiano, pois não viria de um imperativo categórico puro, mas, talvez, de um sentimento de justiça distributiva violada, em termos aristotélicos, no sentido de que uns teriam vantagens sobre outros, sem obediência às razões de uma igualdade proporcional. Esta percepção, no entanto, vem acompanha da de sentimentos negativos, como a inveja, que desnaturam a reprovação moral da cor rupção.” A preocupação com a conduta ética no serviço público é tão antiga que as Consti tuições brasileiras sempre abrigaram as bali zas norteadoras da administração pública. O Diploma Máximo em vigor explicita detalha damente os princípios que a regem, quais se jam: o da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da efi ciência. Além desses, ressalta a probidade administra tiva, sem a qual o exercício de atividade pú blica resulta em severas punições que inclu em desde a suspensão de direitos políticos até a perda da função pública, com a consequente indisponibilidade de bens e o ressarcimento ao erário. Não se há de esquecer também, como integrante desse caudaloso rol de prin cípios, a exigência de licitação para a aquisi ção de bens e serviços. No plano infraconstitucional, inúmeras leis contribuem para a re gulamentação A Ética nas Funções de Estado 33 e consolidação desse padrão de conduta almejado, ainda que quase todos os preceitos constitucionais reveladores de tais princípios sejam auto-aplicáveis: Lei n° 8.112/90 (sobre o Regime Único do Servidor Público), Lei n° 9.429/92 (concernente à tipi fi cação dos casos de improbidade), Lei n° 9.784/99 (relativa ao processo administrati vo),Lei n° 8.666/93 (acerca dos procedimen tos alusivos às licitações) e, mais recentemen te, o Código de Conduta da Alta Administra ção Federal, aprovado pelo Presidente da Re pública em 21 de agosto de 2001. Vê-se, portanto, que de maneira al guma é por falta de previsão legal que se pa dece dos males ligados à falta de ética no serviço público, entre os quais se destacam: a) enriquecimento ilícito no exer cício da função; b) tráfi co de infl uência; c) utilização indevida de cargo público; d) mau uso de informação privile giada; e) emprego de recursos públicos e servidores em atividades particulares; f ) assessoria ao setor privado; g) recebimento de presentes. Também muitos são os órgãos en carregados de controlar, fi scalizar, capacitar, treinar e punir os agentes públicos para alcan çar esse padrão desejado, a exemplo da Corregedoria Geral da União, Secretaria Federal de Controle, Tribunal de Contas da União, Mi nistério Público Federal, Polícia Federal, co- missões de ética (Decreto n° 1.171 /94), Secre tarias de Gestão e de Recursos Humanos, co missões parlamentares de inquérito, ENAP e ESAF (escolas de governo destinadas ao trei namento e capacitação de servidores), além de toda a estrutura do Judiciário para julgar e punir as transgressões porventura notadas pe- las auditorias, inspeções e fi scalizações reali zadas por órgãos de controle interno e externo para aferir a legalidade, legitimidade e economicidade da gestão dos administradores pú blicos. Entrementes, a peça-chave de toda essa máquina, o verdadeiro botão de partida de todo o sistema chama-se “cidadão”, a quem é dado, inclusive, em verdadeiro reco nhecimento a este poder-dever, o direito de ajuizar a ação popular, com o objetivo de anu lar ato prejudicial ao patrimônio público, bem como de provocar o Ministério Público para a propositura de ação civil pública. Se contamos com os meios legais e a infra-estrutura pertinente, por que tantos problemas de conduta são percebidos no serviço público? Infelizmente, a questão é mais cul tural que de estrutura. Como bem assinalou o Poeta Maior, Carlos Drummond de Andrade, a grande falha da República é suprimir a cor te, mantendo os cortesãos. Ao contrário do que aconteceu na América do Norte, cujos ci dadãos construíram o país, no Brasil nasce mos “feitos” pela Metrópole e por mais de três longos séculos vimo-nos impedidos de “fazermo-nos”. As capitanias hereditárias eram verdadeiras possessões de desmandos e, sem contar com um mínimo degrau de li berdade, Marco Aurélio Mello 34 foi realmente penoso construirmos qualquer anteparo de cidadania. Esbarramos nos comezinhos obstáculos da falta de educa ção formal, da pífi a construção de valores so ciais. Talvez em face mesmo desse início de história, do berço enviesado em que nasceu nossa pátria, o público, paradoxalmente, sem pre nos pareceu pertencer a ninguém, ao invés de ser de todos, e, como tal, nunca mereceu consideração maior. Daí o lixo jogado na rua, a garrafa vazia arremessada do automóvel em trânsito, dada a incorreta percepção, à grande maioria dos brasileiros, de que pouco importa o que não se situa no âmbito da própria mora da. Desafortunadamente, por estas paragens sempre vingou a mentalidade segundo a qual, “se não é meu, não me diz respeito nem de manda de mim cuidado algum”. Assim é que o descaso com a coisa pública vicejou, sobe rano, grassando a inefi ciência, apesar desse tão forte aparato institucional voltado ao con trole e à fi scalização dos atos públicos. Pode-se afi rmar com segurança que ainda hoje grande parte das normas de condu ta são desconhecidas pelos agentes públicos e por isso relegadas a segundo plano, quando não acintosamente descumpridas. Mesmo di ante do esforço de modernização da máquina administrativa, com o precípuo objetivo de al cançar a máxima efi ciência e efi cácia, em atendimento ao afa de se obter urgentes e no tórios resultados, em raras ocasiões houve preocupação com a promoção e divulgação desse almejado padrão de comportamento no tocante aos quadros públicos, de modo a, coe rentemente, incluir a questão ética como ins trumento da gestão governamental. Cuida-se, aqui, de um modo padronizado de lidar com a coisa pública, em relação ao qual o servidor, além de consciente da importância da ativida de que desenvolve, saiba naturalmente de suas limitações, quer morais, quer adminis trativas. Acima de tudo, os agentes políticos, os agentes públicos hão de estar conscientiza dos de que são servidores, impondo-se a constante prestação de contas aos contribuin tes. Aqui, abro um parêntese para externar perplexidade com o conhecimento de que é mais fácil um advogado avistar-se em audiên cia com um juiz da Suprema Corte do que, às vezes, com o da Comarca ou o do Tribunal de cassação. A óptica é sob todos os títulos con denável. O vocacionado para o ofício, para a sublime missão de julgar, deve atender, ouvir e refl etir sobre o que exposto pelos profi ssionais indispensáveis à feitura da almejada Jus tiça. E essa a postura devida; é essa a postura imprescindível ao cumprimento do dever de bem servir; é essa a postura própria à preser vação da grandeza do Judiciário. Prosseguin do, digo-lhes que a falha parece haver residi do no próprio sistema institucional. Do contrário, por que pareceria auto- incriminadora qualquer consulta de um agente sobre determinado procedimento? Ademais, diante do lento, inefi caz e burocrático processo investigativo sobre desvios funcionais, risível sempre se afi gurou, à maioria, a possibilidade de uma punição severa. Rompido o substrato ético, o estra go, mostra-se irremediável. Os efeitos da cor rupção se propagam nas mais diversas áreas, atingindo amplamente a imagem interna e ex terna da administração pública. A grosso modo, pode-se apontar as consequências mais aparentes desse autêntico malefício social como sendo: A Ética nas Funções de Estado 35 a) aumento dos custos de operação; b) majoração do endividamento externo e interno do país; c) maior difi culdade na captação de recursos para investimento; d) diminuição da qualidade e alcan ce das ações do governo; e) redução da produtividade do se tor público; f ) desvio de recursos destinados a áreas sociais para setores ligados a construção e infra-estrutura (esfera mais propícia ao favorecimento indevido); g) por conseguinte, agravamento da desigualdade social, com acentuação dos sa crifícios impostos à população mais carente; h) descrédito no funcionamento e efi cácia das instituições e serviços públicos; i) diminuição da auto-estima da po pulação; j) visível perturbação no moral da nação; k) deterioração do nível de confi an ça na economia brasileira, desestimulando a vinda de capital produtivo estrangeiro e in centivando a fuga de capitais; l) prejuízo à formação dos valores na camada mais jovem da população, dada a divulgação de péssimos exemplos do que de veria ser a elite intelectual e moral brasileira. Só recentemente, em meio à suces são de escândalos a envolver altos dirigentes, acompanhados incansavelmente por uma im prensa cada vez mais independente e ágil, e com a inegável mobilização da sociedade bra sileira, o assunto reaparece como prato do dia, bastando uma rápida olhada nas eleições des te ano para se constatar que não vingam mais, por aqui, atitudes consideradas pouco éticas, como o louvor ao oportunismo que, anos atrás, deu margem até a um anúncio publicitá rio com o qual se divulgou a esperteza como um jeito de se dar bem na vida. Quem não se lembra da infelizmente famosa “lei do Ger son”? Como otimista que sou por convic ção e natureza, enxergo no horizonte tempos alvissareiros. Senão, que dizer da Comissão de Ética Pública, cujos resultados já se entre mostram, apesar da tenra idade do órgão? Importantíssimo e digno de aplausos pare ce-nos o mencionado Código deConduta da Alta Administração Federal, aprovado “com o intuito de angariar a confi ança da sociedade na conduta dos agentes públicos, a partir do exemplo dado pelos ocupantes dos mais altos cargos comissionados do Executivo Federal: ministros, secretários nacionais, presidentes, e diretores de autarquias, fundações, empre sas públicas, agências reguladoras e socieda des de economia mista – pouco mais de 700 pessoas”. O próprio Presidente da República recomendou aos dirigentes das entidades e ór gãos do Executivo Federal para que, dentro de suas atribuições e no âmbito de suas com petências, empenhassem-se a fi m de aprimo rar o sistema. Esse Código toma claro o dever de esses servidores revelarem seus interesses particulares que venham a confl itar com o exercício da função pública. Delineia também os limites de atividades profi ssionais e de ges tão patrimonial e fi nanceira. Abrange itens como aceitação de favores, desde transporte, hospedagem, até presentes que possam com prometer a lisura da conduta. A um só tempo, o Código também serve de anteparo a denún cias infundadas, possibilitando aos acusados mais uma fonte de defesa. Marco Aurélio Mello 36 A propósito do desafi o que essa Comissão vem enfrentando dia após dia, vale a pena transcrever as “lições aprendidas da experiência da CEP”, na laboriosa pena do Dr. João Geraldo Piquet Carneiro, Presidente da Comissão: a) Normas não têm o condão de al terar hábitos e condutas, se não estão respal dadas na exigência social e em uma estrutura de administração adequada. b) Quem não tem norma efetiva de conduta não tem um referencial ético objeti vo. Mas um código de ética não deve ser visto como servindo apenas para “quem não tem ética”. Provavelmente, o inverso é mais ver dadeiro. c) A efetividade das normas está diretamente associada ao seu conhecimento e compreensão e ao apoio político e engaja mento das lideranças formais e informais. d) Fazer gestão da ética é funda mentalmente desenvolver ações direcionadas para a compreensão das normas de conduta e disseminação de conhecimento sobre como aplicá-las para resolver dilemas éticos. e) Um grande desafi o da gestão éti ca é balancear adequadamente ações preven tivas e ações repressivas. Disso tudo defl ui que, em se alme jando um Estado eticamente forte, faz-se mis ter um mecanismo efi caz para dizer aos agen tes públicos das suas inerentes responsabili dades e, assim, alcançar resultados visíveis, ou seja, fomentar uma atmosfera capaz de fa zer transparecer a conduta ética como padrão. Parece ser acertada a busca pela consolidação de uma cultura na qual se efetue efi caz e roti neiramente a prevenção contra a corrupção. Para tanto, a vigilância do cidadão comum é de fundamental importância, tornando-se an tídoto contra abusos de poder. Nesse processo de assepsia cultural, não se afi gura mera coin cidência que a transparência caminha pari passn com o desenvolvimento da cidadania. É evidente que, quanto mais democracia, quanto maior a liberdade de imprensa e de opinião, mais contundente o compromisso dos agentes públicos com a ética. O resultado disso tudo será um Estado efi ciente na promo ção do bem-estar social, bem distante daquilo de que falava Montesquieu, ao advertir: “quando num governo popular as leis não mais são executadas, e como isso só pode ser consequência da corrupção da república, o Estado já está perdido”. Há quem aponte a necessidade de medidas práticas de grande repercussão. A propósito, soube, recentemente, por meio de uma notícia veiculada no site da Revista Con sultor Jurídico, que, na China, exatamente há um ano, de acordo com uma nova norma, “o juiz que praticar o mau exercício da jurisdição em nome do Estado poderá receber um convi te para renunciar ao cargo”. Se, porventura, o magistrado não assumir o erro, então a instân cia superior pedir- lhe-á o posto. Ainda conso ante o informe, foi o Presidente da Suprema Corte do Povo, Xiao Yang, quem pediu a aprovação das normas, ao argumento de que “a confi ança pública no Judiciário e o respeito às suas autoridades é proporcional à atuação de seus membros. Devemos atuar com vigor em relação aos nossos juízes para restabelecer a autoridade judicial no país”. A Ética nas Funções de Estado 37 Deste outro lado do hemisfério, so mos mais parcimoniosos. De minha parte, de fendo, sim: a) a diminuição da burocracia como método efi caz para aumentar a transpa- rência, eliminando-se os indesejáveis “inter postos canais”, a famosa zona cinzenta na qual difi cilmente o interesse público disso cia-se do privado. Atualmente, há inúmeras formas de se alcançar esse desiderato, já que, modernizada a máquina administrativa, é de se esperar maior efi ciência no controle dos atos públicos. Basta lembrar da informatiza ção e de instrumentos como a Internet, de grande aceitação e rapidamente assimilada pela população brasileira; b) uma equação mais ajustada, mais realista, entre a responsabilidade exigida pe los cargos e as remunerações percebidas pe los agentes. Se é certo, como afi rmava Ma chado de Assis, que a ocasião faz o furto, pois o ladrão já nasce feito, há de se concordar que determinadas circunstâncias funcionam como autênticos chamarizes, incentivando o desvio de conduta, mormente numa época de apelo fácil ao consumismo desenfreado e mitigação de valores morais. Com salários compatíveis, menor o risco da corrupção. Ninguém haverá de expor um bem precioso como um bom em prego, principalmente nessa quadra de vacas magras, se a possibilidade de ganho ou impu nidade não se sobrepuser, com vantagens, a uma eventual perda, sobretudo se grande a sanção; c) a capacitação profi ssional de agentes como condição sine qua non para uma boa administração, no mais amplo senti do. Parece ser consenso que os holofotes de vem estar voltados, a par do aprimoramento técnico, à formação humanística dos servidores, o que envolve, necessariamente, a lapida ção de valores éticos e morais; d) uma maior efi cácia na aplicação das leis, o que inclui, talvez – e avento com a possibilidade a título de sugestão –, a aprova ção de um código de conduta, à guisa do que foi feito para a alta administração federal, a ser aplicado à luz dos princípios da nossa Lei Orgânica da Magistratura Nacional. Não que a Loman, já vetusta, não nos sirva mais. A questão deve ser vista pelo prisma da agilida de, abrangência e explicitude das normas, de modo a ajustar antigos comportamentos e ob soletas práticas à modernidade e velocidade que comandam os dias atuais. A efetividade das normas está hoje prejudicada pela omis são do Legislativo no exame do Projeto de Lei encaminhado, em 1992, pelo Supremo, visan do, inclusive, à criação do Conselho Nacional de Administração de Justiça; Por derradeiro, para sacudir o últi mo resíduo de descrença dos derrotistas, aponto a campanha presidencial deste ano como a mais iluminada vitrine de que em cur so está o processo de aperfeiçoamento ético por que passa toda a sociedade brasileira. Vi vemos, sim, uma época em que desponta o va lor “solidariedade” entre a nossa gente, a in cluir também o empresariado nacional, haja vista o notável crescimento do chamado “Ter ceiro Setor”, formado por entidades privadas que se unem ao Estado com o objetivo de al cançar um país melhor e mais justo. Essa consciência cidadã das elites pátrias vem da tardia constatação de Marco Aurélio Mello 38 que os problemas soci ais não são da responsabilidade exclusiva do Estado, mas incubem à sociedade, de modo a se conseguir mais facilmente “o bem de todos e a felicidade geral da nação”, como profeti zou D. Pedro I. Iniludivelmente, tal resultado diz com a prevalência da atitude, do ato ético, o qual, nas sábias palavras de Sua Santidade o Dalai Lama, vem a ser, exatamente, “aquele que não prejudica a experiência ou a expectativa de felicidade das outras pessoas”. Oxalá assim seja, a fi m de que, num futuro bem pró ximo, o jeitinho brasileiro perca de vez a co notação pejorativa para ganhar somente as texturas da alegria e criatividade da gente mo rena daqui. A Ética nas Funções de Estado Fases do Processo Administrativo José Maria Pinheiro Madeira Considerações iniciais Surgido com o Estado de Direito, que promoveu uma profunda transformação nas ideias políticas absolutistas dos monarcas, doravante impondo ao Estado o império da lei, o Direito Administrativo sobreveio ao mundo jurídico justamente para proteger os direitos fundamentais dos cidadãos e defender os interesses da coletividade, ainda que somente a partir do fi nal do século XIX. É ele, pois, sub-ramo do moderno direito público, que regula a conduta do Estado-Administração, disciplinado a ação dos governantes, detentores do exercício do poder estatal, que deve seguir padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé, subordinando-os ao princípio da legalidade (art. 37 da CF), preceito consagrado na proposição “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei” (art. 5o, II, da CF). Em outros termos, todos os agentes públicos, independentemente de sua função administrativa e/ou posição hierárquica, só podem fazer aquilo que a lei expressamente determina, e mesmo assim como e quando ela autoriza. Perante o direito positivo brasileiro, portanto, todas as atividades administrativas, discricionárias ou vinculadas, encontram-se atreladas a normas e princípios fi xados em lei, sejam estes contemplados de forma explícita ou implícita na ordem jurídica. Sendo assim, qualquer ação estatal praticada sem o devido calço legal, ou que exceda ao âmbito demarcado pela lei, é antijurídica, expondo- se à anulação e seu autor responder a processo, civil, penal e administrativo, conforme o caso, por extrapolar os limites de sua competência legal. Visando manter o império da legalidade e da justiça, além de garantir os níveis de moralidade e efi ciência de seus atos, a Administração Pública se utiliza, então, do processo, instrumento formal mais conhecido na prática jurisdicional – eis que as autoridades administrativas não desempenham tal função –, mas que a própria Constituição Federal o reconhece, em vários de seus dispositivos (arts. 5o, LV e LXXII, “b”; 37, XXI; 41, § 1o, II), como legítimo à função administrativa, na medida em que tal instituto, precipuamente, tem por fi nalidade específi ca o registro, ordenado e cronológico, de todos os atos da Administração, desde os mais simples, como a formalização das rotinas administrativas, aos mais complexos, como a outorga de direitos a terceiros, a compatibilização dos interesses público e privado, o controle da conduta de seus agentes, assim como do comportamento dos administrados, além de buscar solucionar, através dele, as controvérsias de natureza administrativa, que tanto podem envolver os administrados como os próprios servidores. Esse breve artigo limita-se, porém, a enfocar apenas o processo administrativo com objeto punitivo interno, ou seja, o processo administrativo disciplinar, o 40 qual visa apurar condutas irregulares ou ilegais cometidas por agentes públicos, no exercício de suas atribuições, e que, se comprovadas, ensejam a aplicação de penalidades aos seus verdadeiros autores. Para revisar suas fases, que é o objetivo precípuo desse trabalho, além de se lançar mão da Lei nº 8.112/90, que instituiu o Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União, das autarquias e das fundações públicas federais, busca-se também observar a Lei nº 9.784/99, porquanto lei subsidiária que regula os processos administrativos em geral, nela se encontrando não só as regras básicas a serem adotadas nos expedientes internos da Administração Pública, direta e indireta, mas também normas que representam princípios de observância constante, nos Estados de Direito, seja qual for o objeto do processo administrativo, preceitos dentre os quais se destacam, por exemplo: o da legalidade objetiva, o da ofi cialidade, o do informalismo e o da garantia de defesa.1 O processo disciplinar e suas fases Antes de se adentrar no mérito proposto desse trabalho, convém lembrar que, diante das inúmeras tarefas a cargo da Administração Pública na busca do cumprimento de sua função básica, que é promover o bem comum da população, o ordenamento jurídico brasileiro atribui aos agentes administrativos, conforme o cargo, emprego ou função ao qual foram investidos, determinados poderes, reconhecidos como verdadeiros instrumentos à concretização dos fi ns colimados pelo Estado, mas que devem ser empregados segundo as normas legais, a moral da instituição, a fi nalidade do ato e as exigências do interesse público. Dentre essas atribuições ou poderes-deveres conferidos à autoridade administrativa, um aqui se destaca: o de comandar os servidores de seu quadro de pessoal, que a ela devem obediência, vale dizer, cabendo-lhes executar suas tarefas em conformidade com as diretrizes fi xadas por seu superior hierárquico, salvo as manifestamente ilegais (art. 116, IV, da Lei nº 8.112/90). Resultante desse sistema hierárquico, então, decorre o poder-dever de a autoridade disciplinar seus comandados, fi scalizando as atividades por eles desempenhadas e acompanhando sua conduta com relação ao cumprimento de seus deveres e obrigações, os quais devem estar de acordo com as normas legais e regulamentares. É obrigação da autoridade administrativa, portanto, quando lhe chega ao conhecimento a ocorrência de alguma irregularidade praticada por servidor, no exercício de sua função pública, seja por denúncia ou representação, instaurar imediatamente uma investigação, através de sindicância ou de processo administrativo disciplinar (art. 143, da Lei nº 8.112/90), tendo como fi nalidade apurar a materialidade dos fatos e sua autoria, de fato, e, caso reste comprovada 1 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 28. ed., atual. por Eurico de Andrade Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel Burle Filho. São Paulo: Malheiros Editores, 2003, p. 658. Fases do Processo Administrativo 41 a inobservância ou desobediência às normas estabelecidas em lei, impor ao responsável, por consequência, a penalidade correspondente ao ilícito cometido. Insta observar, entretanto, que é ato discricionário da autoridade optar pela instauração de sindicância ou de processo administrativo disciplinar. Isto porque, se as provas existentes forem indiretas, inconsistentes, ou seja, baseadas em meras suspeitas, conjecturas, indícios, etc., estas serão consideradas insufi cientes e inoportunas para justifi car a instauração de um processo disciplinar, sendo então mais prudente, neste caso, a autoridade promover uma investigação sumária, através do procedimento da sindicância, objetivando um aprofundamento maior dos fatos, cotejando-os com a verdade real, além de identifi car seu verdadeiro autor. Por essa razão é que o ato discricionário que determina a instauração do processo disciplinar deve conter os fatos e os fundamentos jurídicos da motivação que foi determinante à iniciação da investigação disciplinar2, pois na falta de prova direta que comprove a prática da infração disciplinar investigada, a autoridade determinará o arquivamento do feito, acatando o relatório fi nal da comissão sindicante, assim evitando uma acusação formal, que poderá ser injusta, certamente abalando moralmente o servidor, ferindo-lhe direitos constitucionais, como a inviolabilidade de sua intimidade, de sua vida privada (e funcional), de sua honra e de sua imagem (art. 5o, X, da CF). De qualquer modo, ao imputar-se a prática de uma infração disciplinar a um determinado agente público, é-lhe assegurada a ampla defesa, eis que a Administração
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