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PADRÃO DE RESPOSTA 
RETA FINAL – SIMULADOS 2ª FASE – PROVAS DISCURSIVAS 
PROMOTOR DE JUSTIÇA MP/RS 
 
Ref: 5º Simulado – Grupo Temático I - 28/11/2017 
 
1ª Questão (2,5 pontos) 
 O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 4339, no dia 27 de setembro de 2017, 
por maioria de votos(6 x 5) considerou que o ensino religioso nas escolas pode ter natureza 
confessional, ou seja, vinculado às diversas religiões, tendo ficado vencido o relator, Ministro Luis 
Roberto Barroso. Na ação, a PGR pedia a interpretação conforme a Constituição Federal ao 
dispositivo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (caput e parágrafos 1º e 2º, do artigo 
33, da Lei 9.394/1996) e ao artigo 11, parágrafo 1º do acordo firmado entre o Brasil e a Santa Sé 
(promulgado por meio do Decreto 7.107/2010) para assentar que o ensino religioso nas escolas 
públicas não pode ser vinculado a religião específica e que fosse proibida a admissão de 
professores na qualidade de representantes das confissões religiosas. Sustentava que tal 
disciplina, cuja matrícula é facultativa, deve ser voltada para a história e a doutrina das várias 
religiões, ensinadas sob uma perspectiva laica. 
 O ponto de partida é o art. 210, parágrafo primeiro da Constituição da República: “o ensino 
religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas 
de ensino fundamental”. 
 Segundo o voto do Ministro Ricardo Lewandowski, que acompanhou a maioria, “ è, assim, 
com efeito, na própria diretriz constitucional - segundo a qual o ensino religioso constitui disciplina 
facultativa - que reside a solução para a questão posta em julgamento(...) A facultatividade desse 
ensino esse tipo de ensino constitui, segundo a Corte de Estrasburgo, salvaguarda bastante para o 
respeito ao pluralismo democrático e à liberdade de crença dos alunos e de seus pais quanto ao 
ensino público religioso(...)” 
 
 
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 Na sua tarefa de conformação democrática e redução de complexidade, o legislador 
infraconstitucional regulou a matéria por meio da Lei 9.394, de 20.12.96, que estabelece as 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional(LDB). Ao tratar do ensino fundamental, a LDB previu no 
artigo 33 a oferta de ensino religioso, programado inicialmente sem ônus para os cofres públicos, 
em duas modalidades: a) confessional, conforme opção religiosa do aluno/responsável, a cargo 
das respectivas igrejas/confissões; b) interconfessional, mediante acordo entre as diversas 
modalidades religiosas. 
 Na doutrina, encontra-se posicionamento de que se trata de direito fundamental, não se 
podendo negar ao aluno do ensino fundamental em escola pública o direito ao ensino religioso. 
Consoante tal visão, a garantia do ensino fundamental (art. 208, I, Constituição da República) 
engloba o ensino religioso. Tal visão pode ser encontrada na obra do Promotor de Justiça do Rio 
Grande do Sul Jayme Weingerter Neto (WEINGERTER NETO, Jayme. Liberdade religiosa na 
Constituição; fundamentalismo, pluralismo, crenças, cultos. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 
2007. P.261). 
 Em sentido contrário, a visão da autora Anna Candida da Costa Ferraz (FERRAZ, Anna 
Candida da Cunha. O ensino religioso nas escolas públicas. Revista dos Tribunais. Cadernos de 
Direito Constitucional e ciência política. Ano 5, n o. 20, jul./set. 1997, para quem o Estado não 
pode ser compelido a ministrar o ensino religioso, cabendo-lhe apenas assegurar que, nos horários 
normais, o ensino religioso de qualquer religião possa ser ministrado, desde que solicitado pelo 
aluno. Ministrá-lo caberia às organizações religiosas, para a autora. Em se tratando de disciplina 
facultativa, não pode esta ficar subordinada a qualquer constrangimento. 
 Na linha da decisão do Supremo Tribunal Federal, no sentido da facultatividade do ensino 
religioso, parece ser essa a melhor visão. 
 
2ª Questão (2,5 pontos) 
 
 Acerca da questão, há dois posicionamentos doutrinários. 
1ª corrente: Trata-se de responsabilidade civil regida pelo risco integral – Antonio Herman 
Benjamin, Cavalieri Filho, Carlos Roberto Gonçalves. Esta corrente prevalece na jurisprudência, 
 
 
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inclusive dos Tribunais Superiores, não cabendo a oposição de qualquer excludente de 
responsabilidade. Logo, nem mesmo o caso fortuito ou força maior(CC, 393) poderia ser oposto 
pelo agente poluidor, embora sempre deva haver a comprovação do nexo de causalidade. 
 Nesse sentido, o seguinte voto do Superior Tribunal de Justiça, relatado pelo Ministro Villas 
Boas Cueva(REsp 1602106 / PR, 2ª Seção, j.25.10.2017): 
“RECURSOS ESPECIAIS REPETITIVOS. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO 
OCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS 
EXTRAPATRIMONIAIS. ACIDENTE AMBIENTAL. EXPLOSÃO DO NAVIO VICUÑA. PORTO DE 
PARANAGUÁ. PESCADORES PROFISSIONAIS. PROIBIÇÃO TEMPORÁRIA DE PESCA. 
EMPRESAS ADQUIRENTES DA CARGA TRANSPORTADA. AUSÊNCIA DE 
RESPONSABILIDADE. NEXO DE CAUSALIDADE NÃO CONFIGURADO. 
1. Ação indenizatória ajuizada por pescadora em desfavor apenas das empresas 
adquirentes (destinatárias) da carga que era transportada pelo navio tanque Vicuña no 
momento de sua explosão, em 15/11/2004, no Porto de Paranaguá. Pretensão da autora 
de se ver compensada por danos morais decorrentes da proibição temporária da pesca (2 
meses) determinada em virtude da contaminação ambiental provocada pelo 
acidente. 
2. Acórdão recorrido que concluiu pela procedência do pedido ao fundamento de se 
tratar de hipótese de responsabilidade objetiva, com aplicação da teoria do risco integral, 
na qual o simples risco da atividade desenvolvida pelas demandadas configuraria o nexo 
de causalidade ensejador do dever de indenizar. Indenização fixada no valor de R$ 
5.000,00 (cinco mil reais). 
3. Consoante a jurisprudência pacífica desta Corte, sedimentada inclusive no 
julgamento de recursos submetidos à sistemática dos processos representativos de 
controvérsia (arts. 543-C do CPC/1973 e 1.036 e 1.037 do CPC/2015), "a responsabilidade 
por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de 
causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre 
na unidade do ato" (REsp nº 1.374.284/MG). 
4. Em que pese a responsabilidade por dano ambiental seja objetiva (e lastreada pela 
teoria do risco integral), faz-se imprescindível, para a configuração do dever de 
indenizar, a demonstração da existência de nexo de causalidade apto a vincular o 
resultado lesivo efetivamente verificado ao comportamento (comissivo ou omissivo) 
daquele a quem se repute a condição de agente causador. 
5. No caso, inexiste nexo de causalidade entre os danos ambientais (e morais a eles 
correlatos) resultantes da explosão do navio Vicuña e a conduta das empresas 
adquirentes da carga transportada pela referida embarcação. 6. Não sendo as 
adquirentes da carga responsáveis diretas pelo acidente ocorrido, só haveria falar em 
sua responsabilização – na condição de poluidora indireta - acaso fosse demonstrado: 
(i) o comportamento omissivo de sua parte; (ii) que o risco de explosão na realização do 
transporte marítimo
de produtos químicos adquiridos fosse ínsito às atividades por 
elas desempenhadas ou (iii) que estava ao encargo delas, e não da empresa vendedora, 
a contratação do transporte da carga que lhes seria destinada. 7. Para os fins do art. 1.040 
do CPC/2015, fixa-se a seguinte TESE: As empresas adquirentes da carga transportada 
pelo navio Vicunã no momento de sua explosão, no Porto de Paranaguá/PR, em 
15/11/2004, não respondem pela reparação dos danos alegadamente suportados por 
pescadores da região atingida, haja vista a ausência de nexo causal a ligar tais prejuízos 
(decorrentes da proibição temporária da pesca) à conduta por elas perpetrada (mera 
aquisição pretérita do metanol transportado). 
 
 
 
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2ª corrente: combate o risco integral, que corresponderia a uma presunção de causalidade. Fabio 
Siebenchler de Andrade, Christian Larroumet, Mario Moacyr Porto, Maria Celina Bodin de Moraes, 
Rui Stoco. 
 
3ª Questão (2,5 pontos) 
 
 Segundo Hugo de Brito Machado, “isenção é a exclusão, por lei, de parcela da hipótese de 
incidência, ou suporte fático da norma de tributação, sendo objeto da isenção a parcela que a lei 
retira dos fatos que realizam a hipótese de incidência da tributação. A não incidência, 
diversamente, configura-se em face da própria norma de tributação, sendo objeto da não 
incidência todos os fatos que não estão abrangidos pela própria definição legal da hipótese de 
incidência(...) o imposto de importação, por exemplo, tem como hipótese de incidência a entrada 
de produtos estrangeiros no território nacional(CTN, art. 19). Assim, qualquer fato não 
compreendido nessa hipótese constitui caso de não incidência do tributo. Já a isenção é a retirada 
, por lei, de parte da hipótese de incidência. Alguns produtos cuja entrada no território nacional 
ensejaria a incidência do tributo podem ficar isentos desta, por expressa determinação legal. A 
regra jurídica de isenção não configura uma dispensa legal de tributo devido, mas uma exceção à 
regra jurídica da tributação. E exatamente por constituir uma exceção é que ela deve ser 
interpretada restritivamente (CTN, art. 111). Já a não incidência é tudo o que está fora da hipótese 
de incidência. Não foi abrangido por esta. Resulta da própria regra jurídica de tributação que, 
definindo a hipótese em que o tributo é devido, por exclusão define aquelas em que não o 
é(...)Pode ainda ocorrer que a lei de tributação esteja proibida, por dispositivo da Constituição, de 
incidir sobre certos fatos. Há, neste caso, imunidade. A regra constitucional impede a incidência da 
regra jurídica de tributação. Caracteriza-se, portanto, a imunidade pelo fato de decorrer de regra 
jurídica de categoria superior, vale dizer, de regra jurídica residente na Constituiçao, que impede a 
incidência da lei ordinária de tributação” MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 
13.ed. São Paulo: Malheiros, 1998.p.153-154. 
 Acerca da imunidade, o seguinte acórdão do Supremo Tribunal Federal, relatado pelo 
Min.Dias Tófoli(ARE 1037290 AgR/DF, j.21.8.2017, 2ª t.,) : “Agravo regimental no recurso 
extraordinário com agravo. Tributário. IPTU. Imunidade. Entidade religiosa. Imóveis 
 
 
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temporariamente desocupados. Irrelevância. Utilização nas finalidades essenciais da entidade. 
Ônus da prova. 1. A condição de um imóvel estar temporariamente vago ou sem edificação não é 
suficiente, por si só, para destituir a garantia constitucional da imunidade. Precedentes. 2. A 
presunção de que o imóvel ou as rendas da entidade religiosa estão afetados a suas finalidades 
institucionais milita em favor da entidade. Cabe ao fisco o ônus de elidir a presunção, mediante 
prova em contrário. 3. Agravo regimental não provido, com imposição de multa de 2% (art. 1.021, 
§ 4º, do CPC). Majoração da verba honorária em valor equivalente a 10% (dez por cento) do total 
daquela já fixada (art. 85, §§ 2º, 3º e 11, do CPC), observada a eventual concessão do benefício de 
gratuidade da justiça”. 
 
4ª Questão (2,5 pontos) 
 
Para a professora Jane Reis Gonçalves Pereira, “a concepção de que os direitos fundamentais 
incidem diretamente nas relações privadas é uma consequência natural e lógica da adoção de um 
modelo hermenêutico comprometido com o caráter normativo da Constituição. Isso não significa 
dizer, como é evidente, que os direitos fundamentais devam incidir de forma absoluta e 
incondicionada nas relações entre particulares. Esse é um aspecto importante a ser destacado, na 
medida em que as diversas criticas à tese da eficácia imediata costumam recorrer ao argumento 
ad absurdum, apontando os riscos e incongruências de uma incidência irrestrita dos direitos 
fundamentais nos negócios privados. Esse tipo de argumento é falso porque pretende atribuir à 
teoria da eficácia direta uma visão dos direitos que não é admitida nem mesmo quando se trata da 
aplicação destes em face do Estado(...) Em um esforço inicial de aproximação ao debate – e tendo 
por referência a produção dogmática e jurisprudencial antes referida – é possível esboçar alguns 
critérios que devem informar as ponderações que envolvam a aplicação de direitos fundamentais 
em relações privadas(....)As seguintes pautas argumentativas podem ser invocadas para justificar a 
incidência ou não de direitos fundamentais nas relações privadas: 1- Se a ação violadora do direito 
puder ser indiretamente imputada ao Estado, os direitos fundamentais, em tese, devem ser 
aplicados. Assim, as ações de concessionárias de serviços públicos bem como as dos atores 
privados que ajam com suporte estatal devem observar os direitos fundamentais. Esse ponto não 
costuma suscitar maiores debates e é razoavelmente aceito em doutrina; 
 
 
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2- As pessoas privadas que se encontram em posição de supremacia devem ter suas ações 
limitadas pelos direitos fundamentais. Quanto mais intenso o poder da organização privada maior 
peso terá o direito fundamental que porventura venha a ser violado por suas ações; 3- Quanto 
mais próxima à esfera privada revelar-se uma relação jurídica, menor a possibilidade de um direito 
fundamental vir a prevalecer sobre a autonomia privada. Traduzindo essa ideia em exemplos, não 
há como cogitar de que os pais sejam obrigados a dar a seus filhos presentes de Natal 
semelhantes – ou que lhes devam oferecer mesadas idênticas, ou mesmo castigar-lhes de forma 
equivalente – em obediência ao comando da igualdade. Mas uma resposta diferente deveria ser 
dada à seguinte questão hipotética: poderia uma escola privada estabelecer que os meninos 
teriam prioridade sobre as meninas no preenchimento de vagas dos cursos de verão? É a inserção 
social da escola – e consequentemente – sua aproximação da esfera publica, que determina a 
possibilidade de exigir desta respeito ao príncipio da não-discriminação; 4-Por fim, um outro ponto 
a ser considerado na determinação da incidência dos direitos fundamentais nas relações entre 
particulares é a necessidade de preservar a pluralidade no âmbito social. A incidência dos direitos 
fundamentais nas relações entre particulares não pode conduzir a uma homogeinização da 
comunidade, ou seja, é preciso preservar a identidade e as
peculiaridades dos diversos agentes 
sociais(...)Pode uma escola islâmica – que siga todos os costumes e ritos da referida religião – ser 
compelida a aceitar matrícula de alunos e alunas não-muçulmanos e, ainda, a aceitar seus 
hábitos(como, por exemplo, admitir que as meninas não usem véu?) Pode uma associação judia 
ser compelida a aceitar um membro de convicções notoriamente anti-semitas? Em tais casos, a 
aplicação do comando constitucional da igualdade importaria no próprio aniquilamento da própria 
essência dessas entidades, já que esvaziaria sua razão de ser, que é precisamente a preservação 
de determinado valor ou convicção”( PEREIRA, Jane Reis Gonçalves. Apontamentos sobre a 
aplicação das normas de direito fundamental nas relações jurídicas entre particulares. In: 
BARROSO, Luis Roberto(org.)A nova interpretação constitucional. 2.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 
2006. p.187-190).

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