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Unidade II ANTROPOLOGIA DA ALIMENTAÇÃO Carmem Lia Nobre Lemos Bibliografia sugerida ▪ MONTANARI, M. Comida como cultura. São Paulo: Senac, 2008. ▪ CARNEIRO, H. Comida e sociedade: uma história da alimentação, Campus Elsevier, 2003. Objetivo da aula ▪ Conhecer o desenvolvimento histórico da alimentação e como a história interfere nos sistemas alimentares e gosto cultural; ▪ Refletir sobre as determinações econômica, tecnológica, ambiental, ecológica que modificam os hábitos alimentares; ▪ Ilustrar a diversidade alimentar segundo as crenças religiosas e tradições dietéticas. Primeiros agrupamentos ▪ Sociedades nômades coletoras; ▪ Há mais de 1 milhão de anos – Homo habilis: caçadores oportunista; ▪ Há 1 milhão de anos – Homo erectus: famílias caçadoras e coletoras, tendência onívora da espécie humana; ▪ Há 500 mil anos: domínio do fogo, novo hábito alimentar com técnicas de assar e defumar; técnicas de conserva como secagem, salga e estocagem; ▪ Há 40 mil anos, período paleolítico, expansão do homem pelo planeta e caça de animais de grande porte. Idade Antiga ▪ Mesolítico: recuo das geleiras, ampliação da diversidade alimentar; ▪ Há 10 mil anos agricultura no Oriente Médio; há 9 mil anos agricultura na Ásia; há 8 mil anos agricultura na América; entre 8 mil e 6 mil anos agricultura na Europa; ▪ Agricultura: necessidade demográfica e econômica devido às mudanças climáticas; ▪ Domesticação de animais para tração, transporte e auxílio na caça; ▪ Novas técnicas: cozimento em utensílios de barro, moagem e umedecimento. Grandes civilizações ▪ A invenção das cidades (Egito, China, Mesopotâmia) só foi possível com o domínio da agricultura; ▪ A partir do cereal base a sociedade se organiza no âmbito político, econômico, cultural e religioso; ▪ O homem começa a modificar a paisagem; ▪ O homem “civil” constrói sua comida artificialmente, e produz instrumentos específicos; ▪ O pão: símbolo do homem civilizado. Minerais ▪ O sal é universal e indispensável na alimentação, serve de condimento e de técnica de conservação; ▪ Evaporado pela ação do sol ou do fogo ou extraído de minas ou superfícies; ▪ Sua importância na alimentação é tão grande que serviu como moeda, de onde nasceu a palavra “salário”; ▪ Junto com a água são os dois minerais básicos da alimentação humana. Vegetais Representam de 75-80% da alimentação básica: MEDITER -RÂNEO ÁSIA AMÉRIC A ÁFRIC A CEREAL Trigo, cevada, centeio, aveia, milhã Arroz, trigo- sarraceno Milho sorgo TUBÉR- CULO Batata mandioc a, batata- doce inham e ARBUSTO , ÁRVORE, GRAMÍNE A Tamareira , oliveira, vinheira Bananeira Cana de açúcar Animais ▪ Europa: criação de caprino, ovino, bovino ▪ Apresentação do animal inteiro; ▪ Inicialmente éramos omofágicos: comíamos a carne crua; ▪ Com a domesticação e criação dos animais surgem novas técnicas de preparo; ▪ Séc. XV: Revolução da conservação da carne por meio da salga; ▪ Restrições católicas, jejuns: ampliação do consumo de peixes, ovos e derivados do leite. Interatividade A agricultura e criação de animais permitiram: a) o crescimento populacional e a construção de cidades; b) a passagem de um estado vegetariano para um carnívoro; c) a restrição de técnicas de cozinha; d) a invenção do pão, símbolo da sociedade civilizada; e) a erradicação da fome no planeta. Resposta A agricultura e criação de animais permitiram: a) o crescimento populacional e a construção de cidades; Modernidade alimentar ▪ A circulação de alimentos entre continentes alterou radicalmente a dieta alimentar no planeta; ▪ Com a expansão da Europa pelos mares o intercâmbio de produtos se intensificou; ▪ Especiarias Asiáticas: pimenta, canela, cravo, noz-moscada; ▪ Plantas Americanas como milho, batata, tomate, amendoim, pimentão, feijão, cacau; ▪ Gêneros tropicais: chás, café e cacau; ▪ Produtos mediterrâneo: uva, trigo e oliva. Interesses econômicos ▪ As colônias europeias se tornaram grandes produtoras de monoculturas para todo o planeta; ▪ Nasce o comércio mundial de açúcar, café, chocolate e chá; ▪ Consequências: tráfico de africanos para trabalharem nas agriculturas americanas que alimentavam a Europa; ▪ Disputa de mercado causa conflitos e guerras entre povos; ▪ Cria-se leis para controlar o cultivo e tráfico de produtos alimentícios. Culinárias tradicionais ▪ Muitos pratos hoje conhecidos como tradicionais de determinada cultura só surgiram após o intercâmbio de alimentos com a América; ▪ O tomate é um produto asteca, mas hoje faz parte da cozinha tradicional italiana; ▪ O milho mexicano, virou polenta na Itália; ▪ A batata, o feijão e o peru americanos foram aos poucos fazendo parte da alimentação mundial; ▪ O churrasco é uma mistura de técnicas europeias e dos indígenas. Alimentos-drogas modernas ▪ Açúcar: Origem indiana, levado para a Europa para consumo das elites em doces, bebida e carne; chega ao Brasil e Caribe como monoculturas; se populariza no século XIX. ▪ Cacau: da cultura asteca, servia como moeda, passa a ser bebida de desjejum no século XVI; ▪ O açúcar passa a ser uma preocupação de saúde pública no século XX, principalmente associado ao diabetes; Alimentos-drogas modernas ▪ Café: saiu da Etiópia para a Arábia e no século XVII para a Europa era utilizado como bebida estimulante oposta ao álcool; ▪ Chá: da China para os países europeus protestantes, considerado como desintoxicante contrasta com a cerveja e o gim e, como o café, era utilizado para manter os trabalhadores atentos; ▪ Junto com o chocolate e açúcar fazem parte do desjejum da maior parte do Ocidente; Alimentos-drogas modernas ▪ Álcool fermentado: cerveja, cidra, vinho, importantes complementos alimentares desde a domesticação de vegetais; ▪ Álcool destilado: aguardente como cachaça, rum, tequila, licores, vodca, uísque, considerado como remédio e fazia parte da alimentação de soldados; ▪ Os destilados de cada país são considerados símbolos nacionais como a cachaça para o Brasil, a tequila para o México, etc. ▪ No século XIX e XX se tornam o principal alvo alimentar associado a problemas de saúde pública. Interatividade A alimentação moderna tem por característica: a) a descoberta do cultivo de vegetais e da criação de animais; b) a divisão regional dos alimentos, sendo cada um típico de sua própria cultura; c) o intercâmbio de produtos e a mudanças radicais nos hábitos alimentares; d) a escassez de alimentos e desenvolvimento da monocultura; e) a abundância e diversificação de alimentos industrializados. Resposta A alimentação moderna tem por característica: c) o intercâmbio de produtos e mudanças radicais nos hábitos alimentares; Sazonalidade ▪ Plantas e animais possuem um ritmo de crescimento e desenvolvimento ao longo das estações; ▪ O homem sempre tentou controlar e dominar esse ritmo para garantir variedade e quantidade de alimentos o ano todo; ▪ Na Bíblia, o Jardim do Éden é uma eterna primavera com alimentos frescos e em abundância; ▪ A ciência e a tecnologia tentam prolongar o tempo de colheita e parar o tempo de putrefação. Diversificação ▪ A multiplicação de espécies cultivadas é uma técnica da horticultura para ter alimentos a serem colhidos o ano todo; ▪ Pomares e hortas são cultivados na tentativa de manter a oferta alimentar; ▪ Umavariedade de cereais tenta compensar o magro rendimento na Idade Média: centeio, aveia, painço, espelta, trigo e cevada; ▪ A diversificação garante recursos para a população local e é uma medida de prudência contra adversidades climáticas. Diversidade alimentar ▪ A agricultura produz de 10 a 20 vezes mais alimentos em uma mesma superfície de cultivo animal; ▪ Ictiófagos: comedores de peixes, Japão; ▪ Vegetarianos: não consomem a carne animal, mas podem comer o leite, Índia; ▪ Carnívoros: comem carne animal de caça ou criação, Chineses; ▪ Indígenas da América do Sul: comem insetos e larvas; ▪ Onívoros: comem uma variedade de alimentos, carnes, vegetais, leite e ovos. Conservação ▪ Os métodos de conservação permitem o consumo para além do ciclo natural; ▪ Armazenamento em ambientes secos conservam cereais e vegetais; ▪ Conserva em compotas é símbolo de ansiedade e de aposta no futuro; ▪ Técnicas: isolamento do ar com argila; desidratação como sol, fumaça ou sal; conserva em vinagre, óleo, mel ou açúcar; ▪ Garante uma maior durabilidade, porém altera o sabor dos alimentos e o gosto da população; t Conservação ▪ A fermentação também é uma técnica de conservação que altera o gosto do alimento, mas possibilita a reversão de um processo natural de putrefação, é dessa técnica que surgem os queijos, outros derivados do leites, presuntos e outros embutidos; ▪ O uso do frio é a única técnica de conservação que respeita o sabor original do alimento, na Idade Antiga se usava neve e gelo, atualmente se usa geladeiras e freezers; ▪ Os refrigeradores possibilitaram a criação de produtos como o sorvete. Aldeia global ▪ A disputa por espaço é uma prática antiga que mostrava a distinção de poder: o cidadão comum se contenta com que o território local oferece, já a nobreza gosta de ostentar a diversidade alimentar; ▪ As correntes comerciais diminuíram os espaços levando alimentos de uma região para outra; ▪ A industrializações dos transportes permite a criação de uma “aldeia global”, onde todos contribuem para a alimentação de todos. Interatividade Segundo a Bíblia, o Jardim do Éden é uma eterna primavera, com alimentos frescos e em abundância, isso demonstra simbolicamente que o homem: a) quer se comparar a Deus; b) deseja controlar o tempo para garantir uma diversidade e abundância alimentar; c) sabe que somente a primavera é um período de colheita de alimentos; d) sabe que para outras estações é preciso ter estocado e conservado alimentos; e) jamais terá alimentos frescos e em abundância durante todo o ano. Resposta Segundo a Bíblia, o Jardim do Éden é uma eterna primavera, com alimentos frescos e em abundância, isso demonstra simbolicamente que o homem: b) deseja controlar o tempo para garantir uma diversidade e abundância alimentar; As guerras ▪ A guerra é um dos fatores mais importantes na mudança de hábito alimentar, por causar fome e carência, além de criar novos produtos; ▪ Guerras napoleônicas: soldados levavam açúcar de beterraba como fonte de calorias; ▪ Primeira Guerra Mundial: difusão da goma de mascar mexicana; ▪ Segunda Guerra Mundial: difusão da Coca-Cola. Industrialização ▪ A industrialização possibilitou a produção em larga escala e distribuição de alimentos por meio de transportes com tecnologias de conservação; ▪ 1804: conservas em vidros e latas hermeticamente fechadas possibilitou o transporte e armazenamento de alimentos sem contaminação para abastecer as tropas militares; ▪ Conservas em mel, açúcar, sal ou vinagre; ▪ 1876: invenção do navio frigorífero que levava carne da Argentina para a Europa; Popularização dos hábitos ▪ Século XX: geladeiras residenciais, fogão à gás, fornos e microondas; ▪ Produção em abundância, distribuição dos alimentos em mercados e supermercados; ▪ Consequências: contaminação ambiental com embalagens e garrafas plásticas, aditivos químicos, padronização e homogeneização dos gosto, disputas de mercados por interesses econômicos; ▪ Substituição dos carboidratos complexos (grãos integrais) pelos simples (grãos refinados). Mcdonaldização ▪ Empresas como McDonald's e Coca-Cola são marcas associadas a alimentos que estão focadas no crescimento capitalista e não na alimentação; ▪ A alimentação do século XX é gordurosa, supercalórica e cheia de açúcar e produtos altamente manipulados pela indústria; ▪ Os fast-foods se propagam rapidamente pelas grandes cidades e incluem alimentos de várias cozinhas estrangeiras: chinesa, japonesa, italiana, americana, etc. Paradoxos da modernidade ▪ Aumenta a população subnutrida e obesa ▪ Anorexia e bulimia mostram a infelicidade diante de tanta abundância alimentar; ▪ Vegetarianismo cresce com o discurso ético diante da agricultura e da criação de animais; ▪ 2/3 dos grãos produzidos são destinados à alimentação de animais para corte; ▪ A ração e tratamento dos animais causa doenças como gripe aviária e doença da vaca louca; Paradoxos da modernidade ▪ Movimentos a favor do incentivo aos produtores e produtos locais crescem para recuperar as tradições culinárias; ▪ Alimentos transgênicos trazem riscos à biodiversidade e baixam a qualidade nutricional. Interatividade A industrialização possibilitou a produção de alimentos em larga escala e teve como consequência: a) a melhoria da qualidade dos alimentos; b) a diversificação dos gostos e experiências de sabores diferentes; c) o fim da fome e da desnutrição; d) problemas de saúde pública como obesidade, diabetes e gripe aviária; e) a simplificação das dietas urbanas. Resposta A industrialização possibilitou a produção de alimentos em larga escala e teve como consequência: d) problemas de saúde pública como obesidade, diabetes e gripe aviária; ATÉ A PRÓXIMA!
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