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Aulas Direito Processual Penal I

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AULAS – DIREITO PROCESSUAL PENAL I
Aula 1 - 04/08/15
BIBLIOGRAFIA:
Eugênio Pachelli de Oliveira
Fernando da Costa Tourinho Filho (1ª parte da disciplina)
PROVAS: AV1 – 18 de setembro / AV2 – 13 de novembro
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- Causas de extinção da punibilidade: art. 107, CP.
- Características:
Direito Penal:
Inércia: é formalmente em parte geral e especial.
- Ele não apresenta regras diferentes para sua realização, se mantendo no seu aspecto da mais absoluta abstração.
Relação de direito material: é o ilícito penal.
Princípio da legalidade: “nulum crimen sine previa legem”.
Norma penal no tempo: é possível a retroatividade da lei mais benéfica e a ultratividade da lei mais benigna.
Prazo:
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
Ação penal privada e ação penal pública condicionada: prazo decadencial de 6 meses.
- A decadência é um prazo fata e ininterrupto. A punibilidade é definitivamente extinta pela decadência.
Direito Processual Penal: existe para realizar o DP. Seu objeto é o DP.
Dinamismo: “Vibratio”. Está permanentemente em movimento.
Relação processual penal.
- Decorre da relação de direito material, que é o seu objeto.
- Composta de três sujeitos: autor, réu
Princípio da legalidade: significado distinto do Direito Penal, embora possua o mesmo nome legal.
- Também chamado de Princípio da Obrigatoriedade: o agir do Estado.
EX: Nas APPUI basta que a autoridade policial tome conhecimento para que ela tenha a obrigação de agir.
EX: O MP também é regido por este princípio e deve promover a ação penal.
Norma processual penal no tempo: art. 2º, CPP. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, mesmo que prejudicial.
Art. 2o  A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Prazo:
Art. 798.  Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
        § 1o  Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.
- É importante identificar a natureza da norma (de cada artigo de lei). Existe uma terceira categoria de normas chamada normas que produzem efeitos hibridos. É necessário destrinchar a norma.
- Há uma coisa que une o DP ao DPP: a grande preocupação de ambos é igual, porém com um olhar distinto. Os dois estão preocupados com o crime. 
O DP está preocupado com o crime “em tese”, enquanto o DPP está preocupado com o crime-fato, com alguém que efetivamente tenha cometido o crime.
O crime é o mal que está presente na vida de todos os países, variando apenas em instensidade.
- As cartas rogatórias servem para diligências ao decorrer do processo, enquanto a sentença penal estrangeira diz respeito à decisão.
  Art. 781.  As sentenças estrangeiras não serão homologadas, nem as cartas rogatórias cumpridas, se contrárias à ordem pública e aos bons costumes.
- O direito processual penal não convive com presunção de veracidade, pois não existe presunção de culpa, que deve ser provada.
Aula 2 – 07/08/15
1) DEFINIÇÃO
- Tradicional: definia-se o DPP como pricípios e preceitos jurídicos que tinham por finalidade a apuração da infração penal, sua autoria e a inflição de pena.
Infração penal + autoria = pena
- Existem três defeitos, omissões que comprometem esta definição:
Só há um resultado para a infração penal e autoria que é a pena.
- Mas há uma outra consequência que não a pena: a medida de segurança.
O processo penal realmente se ocupa a infração penal e a autoria, mas ele se constitui em algo mais que isso.
- Há também um aspecto estrutural. A organização judiciária penal também é matéria de DPP e a definição não se ocupou disto.
Não há pena sem processo (nula poena sine judicio).
- Na equação o resultado pena foi obtido por um caminho necessariamente através do processo. Mas estamos definindo o DPP, que é mais amplo.
- Falta o inquérito policial. Técnicamente o inquérito precede o processo, sendo considerado um procedimento administrativo. No entanto, o inquérito faz parte do DPP.
Definição (José Frederico Marques): “conjunto de regras e princípios que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal objetivo, a sistematização dos órgãos de jurisdição e respectivos auxiliares, bem como da persecução penal”.
- No Direito Penal objetivo temos pena e medida de segurança.
- A sistematização dos órgãos resolve o problema da organização judiciária.
- O inquérito é trazido para a definição quando, ao seu final, ele engloba a persecução penal. A persecução penal é a atividade desenvolvida pelo Estado à partir do cometimento do crime.
PERSECUÇÃO PENAL
- A atividade de persecução penal é uma só, mas se desdobra em fases. A fase realizada pela polícia é a pré-processual
Polícia Judiciária: é o primeiro órgão a agir
- Atua por intermédio do inquérito policial.
Ministério Público
- Promove a ação penal pública.
2) OBJETO
- Ver primeira aula.
- Como o DPP trabalha o DP é este o seu objeto.
- O crime caracteriza uma relação de direito material. Em razão do cometimento do crime instaura-se uma relação processua penal.
3) FINALIDADE
- O DPP se propõe a definir uma relação jurídica.
- O verbo “definir” é empregado no sentido de solucionar. O DPP pretende dar uma solução a uma relação jurídica.
- Esta relação jurídica é nascida do crime. No exato instante em que acontece uma infração penal, nasce para o Estado um direito chamado pretensão punitiva.
- Mas esta pretensão punitiva imediatamente esbarra no status libertatis do indivíduo.
PRETENSÃO PUNITIVA X STATUS LIBERTATIS
- É necessário sopesar as circunstâncias para saber qual a solução a ser dada.
- Isto é feito através de uma decisão justa, que é aquela fundada em verdade. 
4) PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS (REGENTES)
Verdade
- Durante muitos anos a doutrina do DPP trabalhou com o conceito de verdade real. Este conceito não é mais aceito por ela. Seria uma verdade material. O DPP não poderia se satisfazer com nada menos que a verdade.
- Hoje não se fala mais sobre esta verdade, pois ela não é possível de ser alcançada. Não há a menor chance de se reproduzir em um processo uma verdade real por inteiro com sua multiplicidade de circunstâncias.
- Mas o DPP se preocupa com a verdade (não a real) de maneira distinta dos demais direitos processuais.
EX: se as partes podem transigir um direito no DPC isto pode impedir que a verdade seja alcançada.
- No processua não penal também exista a verdade formal, na qual o juiz aguarda que as partes levem suas provas. Isto não é adequado ao DPP. A verdade formal é construida pela ação ou omissão das partes, por seu talento ou defeito.
- Efetivamente o DPP tem uma maior preocupação com a verdade.
EX: No art. 156 do CPP encontra-se uma regra que se aplica aos processos penais ou não: o ônus da prova é de quem alega. Contudo, o artigo confere ao juiz poderes probatórios, pois o processo penal pretende buscar a verdade. Ele fornece ao juiz instrumentário suficiente para buscar a verdade.
Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
I – O juiz pode produzir provas antes mesmo que haja processo.
EX: ouvir a testemunha antes que ela morra.
Crítica: se o juiz pode produzir uma prova antes mesmo de iniciado o processo ele, de certa forma, estará se despindo da maior de todas as suas virtudes que é a parcialidade.
II – O ponto de maior relevância para o DPP é a verdade.
- A verdade é inalcançável,
mas nem por isto o DPP tem que se afastar dela. 
- Não há presunção de veracidade para o DPP, pois a verdade, a culpa tem que ser provada.
Aula 3 – 11/08/15
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
- Possui um sentido absolutamente diferente do DP.
- No DP na legalidade existe a reserva legal: nulum crimen sine previa legem.
- O DPP é o agir do Estado. Neste contexto pode ser tratado como princípio da obrigatoriedade.
- A regra pra o Direito brasileiro é a APPUI. É nela que se encontra o princípio da obrigatoriedade.
- A polícia judiciária e o MP tem a obrigação de agir, sendo desnecessário provoca-los. Basta que a autoridade tenha conhecimento do acontecimento de um crime de APPU.
- A autoridade é “escrava da lei”.
- Os órgãos de persecução penal (polícia – inquérito e MP – promovendo a ação penal) tem a obrigatoriedade de agir.
- A autoridade, para instaurar o inquérito, precisa tão somente da informação do crime, seja ela qual for.
- Cerne do princípio da legalidade: os órgãos de persecução penal não detem nenhum juízo de oportunidade ou conveniência. Eles não são dotados de poder descricionário, não havendo escolha em agir ou não agir. Devem examinar tão somente o preenchimento dos requisitos da lei.
EX: um prefeito tem poder descricionário, podendo alocar a verba onde achar melhor.
- A polícia judiciária está regida no CPP a partir do art. 4º. 
- No art. 5º encontra-se a consagração do princípio da obrigatoriedade. O verbo é “será”, bem como no art. 4º e 24.
- A polícia judiciária tem o dever de realizar o inquérito e o MP de oferecer denúncia, mas esta regra possui exceções. Em nenhum dos artigos que tratam do inquérito (4º a 23) há estabelecido algo que possa apresentar uma ressalva. 
- O art. 28 diz que o órgão do MP, ao invés de apresentar denúncia, pode requerer o arquivamento. Isto não é uma ressalva. O juiz pode não concordar. Para que o MP opte pelo pedido de arquivamento ele necessita de razões procedentes, portante não possui poder discricionário. Examinadas as razões procedentes nós encontramos a reafirmação do princípio da obrigatoriedade.
As razões procedentes são aquelas legais.
- O MP está obrigado a oferecer denúncia, desde que presentes os requisitos legais que indiquem o crime.
EX: o fato ali presente não configura crime.
EX: ele recebe o inquérito, examina que o fato está apurado, é criminoso, mas o agente morreu. A morte do agente é uma causa de extinção da punibilidade.
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL
- O fundamento também é o da ausência de discricionariedade, impossibilidade de escolha do promotor de justiça agir de acordo com o seu desejo.
- O princípio da obrigatoriedade precede a denúncia e obriga o agente a oferece-la. O principio da indisponibilidade aplica-se após a denúnicia e diz tão somente ao MP, excluido-se a polícia.
- O MP detem a titularidade da APPU mas não a sua disponibilidade. Após oferecida a denúncia o MP não pode desistir dela.
- A titularidade do MP esta presente no art. 24, CPP, art. 129, I, CR. Neste existe a expressão “privatimamente”.
EX: antes disto o DPP permitia que a ação fosse iniciada por uma portaria do juiz. Quando o juiz baixava esta portaria ela possui um caráter iminentemente acusatório, acumulando duas funções inconciliáveis.
Hoje o MP é o dono da ação penal pública, mas não pode dispor dela.
- Então porque ele não pode dispor? É necessário compreender para que serve a ação penal.
- A ação penal serve para conduzir à juízo uma pretenção punitiva. O direito do Estado surge do cometimente do crime (pretenção punitiva). Esta pretensão punitiva precisa ter o seu mérito examinado pelo Poder Judiciário. É a ação penal que vai levar à juízo a pretensão punitiva. Ela é o único meio que o Estado pode leva-la a juízo.
- Pudesse o MP dispor da ação penal ele, indiretamente, poderia dispor da pretensão punitiva.
- A indisponibilidade em segunda instância é encontrada no art. 576, CPP.
- Há reflexos da indisponibilidade da ação penal no antecedente da ação penal, o inquérito.
EX: chegou a autoridade policial a informação do cometimento de um crime de APPU e ele instaura o inquérito. Instaurado ele não mais pode ser arquivado. Somente o juiz pode determinar o arquivamento de inquérito policial, a requerimento exclusivamente do MP.
- Art. 28, CPP: Caso o MP requeira o arquivamento do inquérito ou quaisquer peça de informação o juiz, na hipótese de não concordar com o pedido, fará remessa do inquérito ao procurador-geral chefe do MP.
Este:
Oferecerá denúncia
- Isto configura o chamado princípio da devolução, que acontece nas hipóteses em que a lei autoriza.
- O procurador pode exercer uma função tipicamente do subordinado.
Designará outro órgão do MP para oferecê-la
Insistirá no pedido de arquivamento.
- O procurador-geral concorda com o pedido do promotor. Neste caso o juiz está obrigado a atender o pedido.
- Na realidade não é um pedido, embora a terminologia seja esta.
- Está dito desta forma por uma razão política. As categorias se organizam em associações. A classe dos magistrados não aceita que alguém “mande” no juiz. Na prática é uma ordem que não diminui em nada a autoridade de quem preside o processo, atendendo tão somente a uma exigência constitucional. Só há ação penal se o MP quiser. O dono da ação penal (MP) tem a última palavra. 
PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE
- Oficialidade porque envolve atividades oficiais, públicas, estatais.
- O ius puniendi pertence ao Estado com exclusividade. Só o Estado tem o direito de punir.
- A ação penal pode ser privada, mas não há justiça privada. Naquela, a iniciativa é particular, mas quem irá julgar é o Estado-juiz.
- O Estado nos ameaça todo o tempo com seu ius puniendi. Nos ameaça editando leis penais, prevendo infrações e sanções penais.
- O Estado tem a obrigação de cumprir a ameaça. O agir do Estado chama-se persecução penal. Esta atividade é estatal, pública e portanto oficial.
- O princípio se dá porque a persecução penal é oficial.
- Para desempenhar atividade de persecução penal pública ele cria os órgãos de persecução penal. O Estado criou dois órgãos de persecução: polícia judiciária e MP.
Contudo não existem duas atividades de persecução penal. A obrigação do Estado em agir tendo em vista o crime é única. É uma atividade de persecução que se desdobra em duas fases.
- Isto atende a uma conveniência procedimental. A primeira fase é a da polícia juduciária, através do inquérito policial. Posteriormente o MP promove a fase processual da persecução, promovendo a ação penal.
- A oficialidade se refere tão somente a ação penal pública, pois na privada não há órgão público para oferecer a ação penal.
- Ao ofendido ou a quem representa-lo caberá intentar ação penal privada.
- Duas regras decorrem do princípio da oficialidade:
Regra da autoritariedade
- Significa dizer que em todo o desenvolver da atividade de persecução penal do Estado haverá a presença de uma autoridade (PJ na 1ª fase – conduzido e presidido e MP na 2ª fase – conduzida pelo promotor de justiça).
Regra da iniciativa ex officio
- Significa dizer que os órgãos de persecução penal agem de ofício, sem a necessidade de provocação, de serem impulsionados.
- Qualquer doutrina dirá que a iniciativa ex officio pertence ao princípio da oficialidade, o que é uma verdade. Contudo percebemos forte presença desta iniciativa no princípio da obrigatoriedade. 
Como basta para a polícia a notícia do crime para agir, esta é uma iniciativa de ofício.
Aula 4 – 14/08/15
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
- O DPP lida com questões absolutamente relevantes do contexto da sociedade. Quer pelas características do DPP, quer pela sistemática utilizada hoje em dia, não há maneira de ser de outra forma.
- A questão da ausência de publicidade é relativa a um outro momento, que é o inquisitivo. Naquela época ele se caracterizava pela mais absoluta ausência de direitos e garantias do particular. Não havia sequer defesa, que era tida como desnecessária. O cidadão era um mero objeto. O culpado era indigno de ser
defendido e o cidadão inocente seria absolvido. Instaurava-se o processo sob o mais absoluto sigilo, que era extendido até mesmo à pessoa do acusado que era alvo de um processo sem saber. O sujeito só tomava consciência do processo no momento da execução, que muitas vezes era pena capital.
- Hoje temos publicidade para o DPP e para o DPC.
Publicidade
- Não é divulgação. É acesso ao ato processual. A oportunidade que tem a comunidade de ter acesso ao ato processual.
- A publicidade existe para que o ato seja fiscalizavel ao olho do povo.
Tipos de publicidade: a depender do maior ou menor acesso ao ato.
Ampla: aquela em que um número ilimitado de pessoas pode ter acesso ao ato processual.
- Todas as pessoas podem assistir. O ato é público. Não há necessidade de pedir licença.
Restrita: existe quando apenas um determinado número de pessoas pode ter acesso ao ato processual.
- Que tipo de publicidade orienta o DPP brasileiro? Art. 792, caput, CPP. 
Art. 792.  As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados.
§ 1o  Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes.
§ 2o  As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de necessidade, poderão realizar-se na residência do juiz, ou em outra casa por ele especialmente designada.
- O caput apenas registra que os atos processuais serão públicos. Daí conclui-se que o caput contempla a publicidade ampla para o DPP. A regra é a da publicidade ampla. Mas abre-se um espaço para contemplar excessões.
- O §1º permite ao juiz limitar o acesso ao ato processual. O legislador está contemplando a publicidade restrita.
PROVA: é possível ao juiz restringir publicidade de ato processual penal? Sim, baseado no §1º. O artigo não fala sobre ação penal privada e estupro. 
São três hipóteses: escândalo, incoveniente grave ou perigo de perturbação a ordem. Independetemente do crime e da ação penal. Contudo existe uma hipótese em que o acesso é mais exposto: o júri. Esta hipótese também se aplica a ele.
Os crimes contra a dignidade sexual eram anteriormente de ação penal privada. Hoje são de ação penal pública condicionada. Eles incorporavam o dispositivo do art. 234-B, CP, que dizia que eles correrão em segredo de justiça.
No júri o julgamento pelos jurados tem sigilo, sendo realizado em sala secreta. Nem um jurado sabe o veredicto do outro. Eles julgam respondendo aos quesitos formulados pelo juíz. Posteriormente o juiz irá realizar a apuração. É tamanha a importância do sigilo no Tribunal do Júri, sobretudo para segurança dos jurados. A reforma de 2004 diz que as vezes, para a manutenção do sigilo, à partir do 4º voto dar-se-á por encerrada a votação.
O art. 20, CPP também traz sigilo. O sigilo no inquérito policial é absoluto? Ele pode se extender à pessoa do advogado?
PROVA: não existem duas linhas de pensamento. Antigamente dizia-se que o sigilo pode se extender à pessoa do advogado. Inquérito não é processo, portanto não há acusação e nem defesa. Não é correto dizer que haja uma linha de pensamento neste sentido. O advogado pode acompanhar o inquérito.
- Todos sabemos que a CR assegura ao acusado o direito à ampla defesa. Na verdade ela é mais que isso: uma injunção constitucional. Todos, queiram ou não, devem ser defendidos.
Defesa ampla é no sentido formal (nos momentos processuais adequados) e substancial (de maneira efetiva). Há o Estatuto dos Advogados que elenca as prerrogativas do advogado, dentre elas, o acesso ao inquérito policial.
- Para sepultar a história o STF editou a SV14, permitindo o acesso ao ato no inquérito policial.
Art. 20.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
- Está previsto no art. 5º, LV, CR. A Constituição deu ao contraditório um status mais elevado: uma garantia jurídico-política do cidadão. No entanto ele não foi uma criação da Carta Magna.
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
- Vamos encontrar vários dispositivos no CPP que foram criados sob este princípio.
Art. 261.  Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor.
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada.
- O contraditório é um princípio que se instala sobre partes. Se o acusado não possui defensor não haverá contraditório, pois o processo seria “maneta”. 
Art. 263.  Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação.
Parágrafo único.  O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz.
- Caso o acusado não tenha defensor ser-lhe-á nomeado um pelo juíz. Nada obsta que ele constitua um de sua escolha posteriormente. Se o acusado for advogado ele pode realizar a defesa em causa própria.
- O artigo diz que o juiz deve nomear um defensor. Qual é o momento processual próprio para o juiz nomear um defensor para um acusado que não tenha um? Vide art. 261. Nenhum ato processual pode ser realizado sem a presença de um defensor. Não há um momento adequado. Isto será realizado no momento de necessidade, que pode variar.
- Do princípio do contraditório decorrem duas regras:
Regra da igualdade processual
- As partes, do ponto de vista processual, estão em pé da mais absoluta igualdade.
- Elas possuem os mesmos direitos e as mesmas obrigações de ordem processual. Isto se justifica porque a finalidade do DPP é alcançar uma decisão justa, portanto o caminho necessário é justiça de tratamento entre as partes
Regra da liberdade processual
- Diz respeito ao poder que as partes tem de participar de determinadas provas. 
- O termo testemunha de acusação e de defesa está incorreto. Após a reforma de 2008 isto não é mais possível. Em boa técnica a testemunha é indicada ou arrolada, ela não defende e nem acusa, a testemunha é do processo
- A testemunha comparecia em juízo, o juiz qualificava a testemunha, tomava o compromisso em dizer a verdade e ouvia a testemunha. Depois disto ele permitia que as partes formulassem as perguntas, que era a liberdade processual. No entanto havia algo estranho: promotor e advogado poderiam formular perguntas, desde que por intermédio do juiz.
- Após a reforma de 2008 a testemunha comparece, é qualificada, compromissada e a palavra é dada a parte. Esgotada a liberdade por uma parte, passasse à outra. Ao final o juiz pode complementar. A liberdade processual foi amplamente alargada após 2008.
PRINCÍPIO DA INICIATIVA DAS PARTES
- O juiz não age sem ser provocado, impulsionado. Refere-se a não agir de ofício para instauração do processo. No curso da instrução o CPP confere ao juiz poderes probatórios.
EX: art. 209, CPP
Art. 209.  O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.
- Não há jurisdição sem ação. Não haverá processo por iniciativa do juiz. Para os efeitos do DPP a ação que provoca a jurisdição é a ação penal pública (inicia-se por denúncia) ou privada (queixa do ofendido ou seu representante legal). 
- Fundamentalmente o juiz não age de ofício. Mas o art. 26, CPP desmente esta regra, pois o juiz poderia baixar uma portaria dando início à ação penal quando a hipótese é de contravenção
penal. Este artigo não está mais em vigor. Ele perdeu vigência por um fenômeno de Direito Constitucional denominado não recepção. O artigo se mostra incompatível com a ordem constitucional de 88. Conclusão: a ordem constitucional não recepciona o velho dispositivo.
Art. 26.  A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial.
EX: o art. 129, I diz que compete privativamente ao MP promover a APPU. A expressão “privativamente” foi considerada desnecessária e de má técnica legislativa. Na verdade a expressão foi inserida de forma lúcida para fulminar o art. 26. A portaria, por vezes, fazia a denúncia. Era uma peça eminentemente acusatória. No instante em que baixava a portaria o juiz ostentava duas funções incompatíveis e inconciliáveis: acusador e julgador.
A LCP diz que todas as contravenções são APPU, portanto pertencem ao MP. Não faz sentido que o juiz pudesse baixar a portaria.
EX: o art. 34, CPP também perdeu eficária após a modificação do CC/02. Não há mais representante legal do maior de 18 e menor de 21.
*Os princípios foram dados mas não estão esgotados. Ver Tourinho Filho e Nucci.
Aula 5 – 18/08/15
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS
- O tema não é exclusivamente processual. Esta disciplinado no CPP (art. 24 e ss) e no CP (art. 100 e ss).
- Ação penal é o procedimento para levar a juizo a pretensão punitiva do Estado.
- Existem duas limitações ao direito de punir do Estado: reserva legal (previsão legal e respectiva sanção) e devido processo legal.
O Estado pune à partir do caminho que obrigatoriamente deve ser percorrido: o devido processo legal. O que inicia o DPL é justamente a ação penal, que pega a pretensão punitiva e leva a juízo. Ela terá seu mérito analisado, culminando com a condenação ou punição.
CÓDIGO PENAL
Ação pública e de iniciativa privada
        Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.  
        § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça
        § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.  
        § 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.  
        § 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
- É possivel retirar três informações importantes deste artigo:
Classificação das ações
- Critério utilizado pelo legislador: critério subjetivo. No sentido da identificação do seu sujeito ativo, seu titular. 
Regra da ação penal pública
- A ação penal privada é a exceção.
A lei sempre dirá quando um crime for de ação penal privada
- O art. 100 atende a uma regra elementar de hermenêutica jurídica. Toda exceção deve estar expressa em lei. A lei não trata de exceções implicitamente. Como a ação penal privada é uma exceção ela tem que estar expressa em lei.
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Art. 24.  1ª parte) Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, 2ª parte) mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
        § 1o  No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
        § 2o  Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública.
CAPUT
- Refere-se a ação penal pública incondicionada em sua primeira parte.
- A segunda parte do caput consagra a ação penal pública condicionada.
- Alguns autores denominam de ação penal pública plena e ação penal pública semi-pública. Há três restrições com relação a esta denominação alternativa: 1) Apenas um número ínfimo de pessoas utiliza-se desta denominação; 2) A primeira denominação explica melhor uma ação penal que se submeta ou não a determinada condição; 3) À rigor a denominação semi-pública é errônea, pois o art. 100 do CP denominou a ação como pública quando seu titular é o MP. O MP não é meio titular da ação penal pública condicionada.
- Na hipótese de APPUC a lei também deve ser expressa, pois esta é a exceção. Na incondicionada nós temos o silêncio da lei. Não é correto dizer que há uma omissão da lei, pois este é um silêncio deliberado. Sabemos que ela é incondicionada quando a lei não disser nada.
- Para decidir qual será a AP o legislador vai aferir o nível de interre público atingido, o quanto a sociedade foi atingida. Todos os crimes atingem a sociedade, mas existem escalas. 
- Os crimes mais graves são aqueles que mais duramente atingem a sociedade e serão de APPUI.
EX: no CP, na parte dos crimes contra a vida, o código não se refere a nenhum tipo de AP.
EX: o mau do processo muitas vezes aumentará o mau do crime. O estupro muitas vezes irá gerar sequelas duríssimas. Anteriormente ele era de APPR e hoje é de APPUI.
EX: os crimes contra a honra são de APPR.
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AÇÃO PENAL
PÚBLICA
- Quando seu titular for o MP
- Realizada através da denúncia, que é sua peça inaugural.
- É a regra.
CONDICIONADA: 
- Expressamente em lei. Ressalva à regra.
- Representação do ofendido ou requisição do Min. da Justiça.
INCONDICIONADA: regra. Ação penal pública incondicionada.
PRIVADA
- Quando seu titular for o ofendido ou seu representante legal.
- A queixa é peça inaugural de ação penal privada.
EX: não existe queixa em delegacia. 
- Deve estar expressa em lei.
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- O princípio da legalidade diz respeito tão somente a APPUI, pois não há valor algum a manifestação de vontade do particular. O ofendido é vítima mediata, pois a vítima imediata é a sociedade, sendo necessária a obrigatoriedade.
- APPR e APPUC são regidas por um princípio distinto e oposto: princípio da oportunidade ou conveniência. Ele se justifica, pois a APPR é criada como um direito para o particular, dando ao ofendido o direito de promover a AP. Caso lhe seja oportuno ele irá promove-la. Ele decai do direito de queixa se não exerce-la dentro de 6 meses (extinta a punibilidade por decadência.
- Para que o MP ofereça denúncia quando a lei exige (representação ou requisição – condição de procedibilidade: o MP não poderá promover a AP se não atendida a requisição legal) existe uma diferença no critério. No caso da representação do ofendido esta deve ser considerada como uma manifestação de vontade (o ofendido avalia se lhe é oportuno e conveniente). Na hipótese de requisição do Min. da Justiça o critério utilizado por ele será o da conveniência política. 
A política é interpretada em um sentido maior: interesse nacional. Avaliação se interessa ou não ao país que uma AP seja promovida. Procura-se evitar uma repercursão pouco favorável que possa derivar da propositura da ação.
EX: crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do território nacional. Preenchidas algumas exigências legais pode ser que a lei brasileira seja aplicada. A propositura de uma ação penal como esta gera efeitos no Brasil e em outro país. Em tese, isto pode gerar um abalo de convivência entre as nações.
EX: os crimes contra a honra são de APPR. Alguns crimes contra a honra do Presidente da República são de APPUC à requisição do Min. da Justiça, pois o Presidente não teria tempo para “tomar conta” de todas elas.
- Existem
duas situações distintas em que encontramos o ofendido e seu representante legal. Independentemente da ação penal, sempre simbolizamos a relação processual como um triângulo. 
Na APPR o ofendido é o autor, que está no polo ativo, no exercício de seu direito de queixa, promovendo a ação penal.
Na APPUC à representação do ofendido ou seu representante legal o ofendido não está em lugar nenhum. O autor é o MP. O ofendido está preenchendo a condição de admissibilidade.
- Não se pode confundir queixa com representação. A queixa, como conduz uma pretensão punitiva, é uma peça de acusação. O art. 41 do CPP prevê quatro requisitos para a queixa, sendo exigente:
Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
- Ao tratar da representação não há uma única exigência formal, apenas a redação genérica constante no art. 39, §2º do CPP:
 § 2o  A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria.
- Numa APPU o réu é aquele que cometeu o crime e o ofendido não está presente, pois a vítima imediata é a sociedade, representada pelo MP. A lei não atribui nenhum valor à palavra do particular, o que não quer dizer que ele não tenha interesse no processo como vítima mediata. Para evitar a hipocrisia a lei criou uma figura que permite ao particular participar do processo, não como parte processual, mas como alternativa: assistente do MP. Pode ser assitente do MP as pessoas que estão tratadas no art. 268 do CPP:
Art. 268.  Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31.
- O art. 31 se refere ao ascendente, descendente, cônjuge ou irmão:
Art. 31.  No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
EX: o advogado do assistente não pode ser considerado assistente, apesar da denominação do cartório que o faz para facilitar seu trabalho. Assistente será tão somente aquele previsto no rol legal.
Aula 6 – 21/08/15
FONTES DO DPP
- É um equívoco dizer que a fonte formal seria o único tipo de fonte que nós temos. A fonte formal na verdade é a própria lei no sentido material, mas a norma não se resume a sua letra. A norma tem a lei (sua forma) e sua substância. Toda norma tem um desejo de regular determinada matéria, o que é uma abstração. Interpretar é buscar o desejo da norma. O que ocorre é que muitas vezes há um descompasso entre o que a lei diz e o que ela deseja. Isto se dá porque a lei, ao ser feita, pode ser mal redigida. A fonte substancial é a essência filosófica, o espírito.
FORMAIS: letra da lei; lei material
As fontes formais podem ser:
DIRETAS: são leis que estão elaboradas, vigentes, prontas e acabadas (podem ser implementadas)
Podem ser:
FONTES PROCESSUAIS PENAIS PRINCIPAIS
- Código de Processo Penal
- Constituição da República (é fonte principal de todos os ramos do Direito)
FONTES PROCESSUAIS PENAIS EXTRAVAGANTES
- Lógica: todos ouvimos mencionar a expressão “lei extravagante”. A palavra extravagante pode ter dois sentidos: fora dos padrões normais; vangando fora do que é principal. A legislação processual penal extravagante está orbitando em volta do CPP e da CR.
- Podem ser:
COMPLEMENTARES: o CPP pretendia cuidar de todas as questões de natureza processual penal.
EX: temos o hábito de tratar da matéria de tóxicos em leis complementares mistas, que abordam questões materiais e processuais.
MODIFICATIVAS: são determinadas leis que possuem o objetivo de implementar modificações ao CPP. Não importa o tipo de modificação promovido (alterar redação, alterar ou suprimir dispositivo)
EX: no art. 4º do CPP alterou-se a expressão “jurisdição” por “circunscrição”.
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único.  A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
FONTES ORGÂNICAS PRINCIPAIS
- São aquelas que cuidam de organização.
*Lembrar da definição tradicional de Direito Processual Penal dada na 1ª aula. 
- A organização judiciária penal decorre principalmente das leis de organização judiciárias. A palavra está no plural porque são leis estaduais: cada Estado organiza o seu Poder Judiciário.
FONTES ORGÂNICAS COMPLEMENTARES
- São encontradas nos regimentos internos dos tribunais. 
EX: foro privilegiado. Privilégio é uma técnica de fixação de competências e não um benefício. Magistrados e membros do MP são julgados originariamente no tribunal. 
SUPLETIVAS: vão gerar uma lei, mas ainda não o são.
INDIRETAS: 
- Costumes
EX: art. 781, CPP. Os bons costumes são fonte de normas de ordem pública.
- Jurisprudência: existem autores que não há reconhecem como fonte, pois negam sua força livre e criativa que a caracterizaria como fonte, tendo sua atuação limitada ao texto legal. O limite da decisão judicial é a própria lei, mas ninguem pode negar que é possível sentir toda a força que exerce a jurisprudência no país.
- Princípios: sua importância vai de um extremo ao outro, da criação (como fonte) a aplicação. A grande fonte do DPP está em seus princípios, que inspiram tudo que se cria. Também é através deles que conseguimos raciocinar para os fins de interpretar a norma processual penal.
SECUNDÁRIAS
- Doutrina: sobre a doutrina não vai recair as mesmas críticas feitas à jurisprudência. O doutrinador “especula”, sem a necessidade da aplicação ao caso concreto, portanto permite-se a ele faze-lo de maneira ilimitada.
- Direito histórico: 
EX: a fonte do NCPP é o atual CPP e assim será, histórica e sucessivamente.
- Direito estrangeiro: por vezes buscamos inspiração na legislação alienígena, copiando sua experiência. Analisa-se características semelhantes ao nosso país.
EX: a delação premiada foi buscada na Itália, na operação “Mãos Limpas”.
EX: responsabilidade penal da PJ nos crimes ambientais e econômicas.
SUBSTANCIAIS: desejo da norma; núcleo; essência filosófica.
- Só é possível classificar o que é palpável, a essência não se classifica.
Aulas 7 (25) e 8 (28): pela metade/não vim
Aula 9 – 01/09/15
INTERPRETAÇÃO DA LEI
- O que se busca com a interpretação é identificar o espírito, o desejo da lei. Esta é uma tarefa importante porque muitas vezes há um descompasso entre o que a lei diz e o que ela gostaria de ter dito, entre o desejo e a letra da lei.
- Uma mesma norma jurídica tem forma e essência.
- Lembrar das fontes processuais penais: formais e essenciais. 
- O descompasso ocorre porque diversas vezes a lei se expressa com equívocos redacionais. Em um ramo como o DPP, onde prevalece o interesse público, é extremamente importante o que é efetivamente o objetivo, o desejo da norma.
- Este sentimento de interpretar a lei processual penal nem sempre existiu. Houve uma época em que combatiasse a interpretação, defendedo-se a interpretação literal da lei.
- Esta luta contrária à interpretação da lei era captaniada por Montesquieu e seus discípulos, dentre eles, Beccaria.
- Todos os argumentos técnicos e cientificos vão no sentido de que efetivamente devemos interpretar. 
- O receio que tinha Montesquieau era político. Havia um enorme medo que a interpretação propriciasse ao juiz maior poder.
Este receio era decorrente de um sistema experimental, conhecido como sistema inquisitivo, que tinha como característica dar excessivo poder ao juíz. 
No sistema inquisitivo o juiz era acusador, julgador e suprimia-se a defesa. O inocente seria absolvido e o culpado era indigno de ser defendido. O réu era tratado como um mero objeto.
- Ruindo o sistema inquisitivo também cairam as únicas razões que levaram Montesquieau a ir contra a interpretação.
- Toda palavra possui significado. É possível fazer um paralelo entre a pessoa e a norma jurídica. Temos desejos, espiríto, sentimentos que se revelam através da palavra. Isto também se aplica à norma.
- A palavra é a manifestação solene do espírito. É necessário pegar a letra da lei para consultar seu espírito.
FORMAS DE INTERPRETAR A LEI
INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA
- A mais autêntica forma de se interpretar a lei é quando a própria lei se interpreta.
- Temos para tanto dispositivos denominados conceituais, pois emitem conceitos.
EX: o CP dedica um capítulo aos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral. Estes são crimes próprios, pois exigem uma qualidade especial do seu sujeito ativo. O conceito de funcionário público foi emitido pela própria lei penal, em seu art. 327.
INTERPRETAÇÃO DOUTRINAL
- É a própria doutrina, pois esta, outra coisa não é, senão a interpretação.
- Pode-se analizar sobre os mais variados pontos de vista.
INTERPRETAÇÃO JUDICIAL
- Não é necessariamente uma jurisprudência, pois esta consiste em decisões reiteradas em um mesmo sentido.
- A interpretação judicial é a adequação de um texto legal vigente a um caso concreto.
- Na maioria das vezes ela não se transforma em jurisprudência.
- Entre a interpretação doutrinal e a jurisprudencial pode-se dizer que a primeira é mais ampla que a segunda.
- A interpretação judicial é limitada, pois encontra seus limites na própria lei que ela aplica. A doutrina faz uma interpretação abstrata, sendo possível ao doutrinador ir além da lei, pois não haverá efeito para qualquer pessoa, não sendo aplicada ao caso concreto.
INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL
- Montesquieau buscava a gramaticalidade pura. 
- A interpretação gramatical é a primeira das técnicas de que se socorre o operador do direito, sem prejuízo das demais.
- Quando nos é colocada uma questão de DPP a primeira coisa a se fazer é a leitura da lei, a interpretação gramatical. Nesta leitura podemos nos deparar com uma lei mal feita.
EX: fontes processuais penais extravagantes modificativas. Art. 4º, CPP. A L9.043 diz “circunscrições”, enquanto o texto original referia-se a “jurisdições”, como se a polícia a tivesse. Durante todo o tempo em que o texto original do artigo vigorou era possível interpreta-lo como “jurisdições”, pois todas as outras vezes que a lei processual penal se referia à polícia ela dizia “circunscrições”.
INTERPRETAÇÃO LÓGICA
- Às vezes a colocação topológica do texto legal nos gera uma dúvida.
EX: o CP, em seu art. 155, dispõe sobre o crime de furto. O caput trata do simples. O §1º cuida da agravante. O §2º é o privilégio. O §4º mostra figuras qualificadas. É possível que alguém que pratique um furto qualificado receba o benefício do privilégio? A lei não queria que o privilégio alcançasse a qualificado, pois a ordem da disposição demonstra ser lógico imagina que o privilégio alcance tão somente o furto simples e o agravado.
Na prática concede-se os benefícios do privilégio à figura qualificada através da construção de um argumento que é o da política criminal: não dar um tratamento tão severo a alguém que cometeu um furto de pequeno valor e é primário.
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA
- Sempre deve ser feita. Jamais devemos interpretar um dispositivo legal de forma isolada, pois a chance de ocorrer em um equívoco é enorme.
- Um dispositivo legal somente faz sentido quando examinado no contexto do sistema em que ele está inserido.
- Dentre os princípios do Direito Processual está o princípio da legalidade ou obrigatoriedade, com o sentido da obrigação de agir. 
O grande cerne da obrigatoriedade é a ausência do juízo de conveniência, devendo ser observados os requisitos da lei que, estando presentes, geram a obrigatoriedade. A força impositiva do verbo “será” consagra este princípio.
Não há reflexão se existem ressalvas.
- O art. 28 do CPP dá ao Parquet a oportunidade de apresentar denúncia ou requerer o arquivamente. Este artigo significa ressalva ao princípio da obrigatoriedade? Não significa ressalva e, bem interpretado, reafirma a obrigatoriedade de agir do MP. Voltando ao art. 24 percebe-se que a obrigatoriedade está adstrita à ausência de conveniência. O art. 28 diz que o membro do MP só pode requerer o arquivamente se houverem razões procedentes, pois caso contrário o juiz não permitira. As razões procedentes a que se refere o artigo são razões legais. Esta exigência significa a reafirmação do princípio da obrigatoriedade.
- O art. 28 afirma que há obrigação de oferecer denúncia, desde que preenchidos os requisitos legais para que a ação seja penal pública incondicionada. Na ausência dos requisitos ele poderá requerer o arquivamente.
EX: o art. 107 do CP extingue a punibilidade caso o agente venha a falecer. Não há sentido em promover a ação neste caso.
INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA (MÉTODO INTERPRETATIVO HISTÓRICO)
- Interpretação e fontes são coisas completamente distintas. Fonte é aquilo que compõe o crime, diz respeito a criação da lei.
EX: uma das fontes do DPP é a histórica, que diz respeito a criação do direito. Tramita no Senado o projeto do NCPP que possui como fonte histórica e sucessivamente o atual CPP.
- O MIH é aquele que busca a história da lei, que nos mostrará as coisas relevantes. 
EX: compreender o objetivo do legislador através da palavra do mesmo.
EX: defesa do meio ambiente e do consumidor. Muitas coisas foram solucionadas buscando-se artigos jurídicos de Antônio Herman Benjamin.
- Também se insere no MIH a exposição de motivos: estão expostas as razões pelas quais aquela lei foi elaborada.
- Outro método é pesquisar as discussões havidas durante a elaboração do projeto nos anais do Congresso Nacional.
- Quando se fala em MIH precisamos ter em mente que isto diz respeito muito mais à história da lei que a história vivida no momento da elaboração da lei.
Aula 10 – 04/09/15 (ESCUTAR)
INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA
- Utilizada quando a lei diz mais do que deveria. O objetivo é restringir o universo da interpretação para adequalo.
EX: Art. 271.  Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598.
- A afirmativa do artigo é genérica.
- “Meios” é a natureza da prova. O CPP dá a prova documental um tratamento de ampla liberalidade. A regra é a liberalidade. 
- As restrições à prova documental são escassas. 
- O assistente do MP pode propor prova documental. A prova testemunhal que ele pode produzir é aquela que ele arrola na denúncia, depois não mais.
- Vide art. 209, CPP. 
- Vide art. 41, CPP.
- Propor prova testemunhal é privativo do MP. O art. 271 foi além do que deveria. Fazemos incidir a interpretação restritiva para retirar da expressão genérica o ato testemunhal.
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
- A lei diz menos do que deveria, sendo necessário expandir o seu universo.
EX: Art. 34.  Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18 (dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.
- Para o exercício de queixa o artigo prevê uma dupla legitimidade. A redação está aquém do desejo da norma. O maior de 18 e menor de 21 tem plena capacidade para exercer o direito de queixa, portanto também poderá exercer a representação.
- Durante décadas o artigo foi interpretado de forma extensiva para garantir ao ofendido o direito de representação.
- Este dispositivo recebeu um impacto, pois não se pode mais falar em dupla legitimidade. O CC/02 considera absolutamente capaz o maior de 18. A figura do representante legal para o maior de 18 anos foi banida.
- O art. não foi revogado por duas razões: 1) O CC não revoga o CPP; 2) Houve perda de eficácia no tocante à dupla legitimidade, pois ele remete a uma figura que não mais
existe.
ANALOGIA
- Para o DPP é um tema extremamente importante, embora não o seja para o DP.
- A analogia não se faz necessária quando a lei “diz mal”. Ela é utilizada quando a lei não diz, quando o código não trata da questão.
- Analogia não é forma de interpretação, pois esta se faz em cima de dispositivos legais. Analogia é forma de integração do diploma legal. 
- O preenchimento da lacuna se dá utilizando um parâmetro, que é o da semelhança.
- É possível extrair que dois são os requisitos para a analogia:
Lacuna
- Inexistência de disposição legal específica aplicável à hipótese em exame.
Semelhança
- A semelhança deve estar nas hipóteses, não na lei.
- Semelhança de essência entre a hipótese em exame e a hipótese para a qual exista previsão legal.
- Onde está a fundamental distinção entre analogia e interpretação extensiva? As duas estão fundadas em uma questão parecida. A diferença consiste no requisito: o requisito número 1 para a analogia é a existência de lei, enquanto é necessário que haja lei para a interpretação extensiva.
- Distinção entre analogia e interpretação analógica: a interpretação analógica é um tipo de interpretação, realizada obrigatoriamente por exigência da lei (não há equívoco redacional algum). Há determinados artigos redigidos com uma técnica legislativa que obrigatoriamente remete à interpretação analógica. Primeira parte específica e posterior parte geral.
EX: art. 61, II, c, CP. O “outro recurso” deve ser análogo, semelhante àqueles que tiveram sua forma especificada.
Aula 10 – 08/09/15
- Existem duas classificações em relação à analogia:
Analogia pode ser (classificação errônea):
Legis: utilização de lei para suprir lacuna.
Iuris: preencher as lacunas do diploma legal utilizando os princípios filosóficos do DPP.
- Equívoco, pois os princípios não são capazes de suprir a lacuna, não fazendo as vezes de lei.
- O legislador se inspira em princípios para elaborar a lei, sendo estes de suma importância. No entanto, não é possível que estes façam as vezes de lei.
- Os princípios devem ser utilizados como um caminho a ser perseguido. Deve-se procurar um dispositivo para suprir a lacuna. O meio para buscar este dispositivo que devem ser os princípios.
- Não há analogia iuris, portanto também não se deve falar em analogia legis.
Analogia pode se dar por:
- Lembrar: analogia não é forma de interpretação, mas sim de integração.
Autointegração: o dispositivo legal é encontrado no próprio CPP.
- O CPP promove a sua própria autointegração.
EX: art. 26. Acontecia, pois ele não foi recepcionado pela CR/88. Hoje a ação penal pública é privativa do MP (denúncia). 
Mas durante 47 anos havia dúvida sobre quais são os requisitos formais de uma portaria? A portaria era a peça inaugural das contravenções penais, portanto representava o mesmo que a denúncia para a APPU e a queixa para a APPR. Aplicaram-se os mesmos requisitos formais da denúncia e da queixa (art. 41, CPP);
 Art. 26.  A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial.
Heterointegração: o dispositivo é encontrado em um outro diploma legal.
- Outro diploma legal solucionará a omissão do CPP.
EX: o juiz presidia um processo penal e se sentia inteiramente constrangido naquele processo devido ao fato de ser amigo íntimo do filho do réu. No CPP não há disposição, mas o CPC permite que o juiz alegue a sua própria suspeição por motivo de foro íntimo, não sendo necessário explicitar o motivo. É possível que o juiz invoque a disposição do CPC para declinar da sua competência.
DAS RELAÇÕES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADE ESTRANGEIRA (arts. 780 e ss.)
- É comum aos países a existência do crime. Onde o homem vive em comunidade o crime é encontrado.
- A variável entre eles é a intensidade de crimes. Sendo assim, torna-se necessário criar mecanismos que permitam uma cooperação mútua e recíproca para o “banimento do mal”.
EX: criação do TPI. Os países abrem mão de parte de sua soberania para permitir um julgamento internacional, para que um dia seja possível estabelecer um mínimo ético exigível do mundo inteiro.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
        Art. 780.  Sem prejuízo de convenções ou tratados, aplicar-se-á o disposto neste Título à homologação de sentenças penais estrangeiras e à expedição e ao cumprimento de cartas rogatórias para citações, inquirições e outras diligências necessárias à instrução de processo penal.
1) A lei exige interpretação analógica, através de uma técnica legislativa específica. Diligências de cunho instrutório que sejam semelhantes às citações e inquirições.
EX: art. 61, CP. 
2) Percebe-se que o CPP, no tocante às relações jurisdicionais com autoridades estrangeiro possui um aspecto supletivo/subsidiário: prevalência das convenções e tratados sobre as normas do CPP. O CPP é supletivo/subsidiário devido à amplitude do regramento.
- As convenções e tratados obrigam a mais de um país, são questões de direito internacional mais abrangentes, enquanto o CPP trata de regras de direito interno. É isto que justifica a clara prevalência prevista no artigo. 	
        Art. 781.  As sentenças estrangeiras não serão homologadas, nem as cartas rogatórias cumpridas, se contrárias à ordem pública e aos bons costumes.
- Pode o CPP estabelecer os limites a serem observados para o cumprimento das cartas rogatórias ou homologação das sentenças estrangeiras? Ele pode estacebecer hipóteses para o não cumprimento? Sim. O art. 781 cria critérios de limites: “contrários à ordem pública e aos bons costumes”.
EX: o Brasil recebeu uma carta rogatória. É necessário analisar se não ofendem a ordem pública ou os bons costumes. É uma péssima opção, pois os parâmetros não são claros, sendo impossível definir qualquer um dos dois conceitos claro e pacificamente.
Hélio Tornagui: “ordem pública é a harmoniosa disposição de uma sociedade, por meio de preceitos jurídicos, segundo as idéias nela dominantes acerca dos valores morais e políticos em determinada fase de sua vida.”
- Seriam as idéias dominantes na sociedade.
Magalhães Noronha: “a ordem pública é representada pelo conjunto de normas que, no consenso geral, são tidas como indispensáveis ao interesse do país.”
- Cada qual, a seu modo, no mostra que não existe algo objetivo que possa balizar a ordem pública. O mais próximo que podemos chegar é dizer que: a ordem pública é representada por todas as normas de direito público e mais, àquelas que embora não sejam de direito público, são de interesse público.
EX: no Direito de Família as normas que tratam de casamento são de ordem pública, não de direito público. Há grande interesse da sociedade. Será de ordem pública para um país que aceita o divórcio, mas será contra a ordem pública para um país não divorcista.
- A definição de bons costumes seria ainda mais difícil de ser realizada.
- Lembrar: uma das fontes do DPP são os costumes, que acabam se transformando em leis. Os nossos bons costumes acabam se transformando em lei de de ordem pública.
EX: jamais aceitamos os casamentos incestuosos, seja pelos bons costumes anteriormente ou pelo atual direito público.
EX: jamais aceitamos a poligamia ou a bigamia, seja pelos bons costumes ou pela atual legislação de ordem pública.
        Art. 782.  O trânsito, por via diplomática, dos documentos apresentados constituirá prova bastante de sua autenticidade.
CAPÍTULO II
DAS CARTAS ROGATÓRIAS
        Art. 783.  As cartas rogatórias serão, pelo respectivo juiz, remetidas ao Ministro da Justiça, a fim de ser pedido o seu cumprimento, por via diplomática, às autoridades estrangeiras competentes.
        Art. 784.  As cartas rogatórias emanadas de autoridades estrangeiras competentes não dependem de homologação e serão atendidas se encaminhadas por via diplomática e desde que o crime, segundo a lei brasileira, não exclua a extradição.
        § 1o  As rogatórias, acompanhadas de tradução em língua nacional, feita por tradutor oficial ou juramentado,
serão, após exequatur do presidente do Supremo Tribunal Federal, cumpridas pelo juiz criminal do lugar onde as diligências tenham de efetuar-se, observadas as formalidades prescritas neste Código.
        § 2o  A carta rogatória será pelo presidente do Supremo Tribunal Federal remetida ao presidente do Tribunal de Apelação do Estado, do Distrito Federal, ou do Território, a fim de ser encaminhada ao juiz competente.
        § 3o  Versando sobre crime de ação privada, segundo a lei brasileira, o andamento, após o exequatur, dependerá do interessado, a quem incumbirá o pagamento das despesas.
        § 4o  Ficará sempre na secretaria do Supremo Tribunal Federal cópia da carta rogatória.
        Art. 785.  Concluídas as diligências, a carta rogatória será devolvida ao presidente do Supremo Tribunal Federal, por intermédio do presidente do Tribunal de Apelação, o qual, antes de devolvê-la, mandará completar qualquer diligência ou sanar qualquer nulidade.
        Art. 786.  O despacho que conceder o exequatur marcará, para o cumprimento da diligência, prazo razoável, que poderá ser excedido, havendo justa causa, ficando esta consignada em ofício dirigido ao presidente do Supremo Tribunal Federal, juntamente com a carta rogatória.
- As cartas rogatórias são instrumentos necessários para o cumprimento de diligências para instrução do processo penal.
CAPÍTULO III
DA HOMOLOGAÇÃO DAS SENTENÇAS ESTRANGEIRAS
        Art. 787.  As sentenças estrangeiras deverão ser previamente homologadas pelo Supremo Tribunal Federal para que produzam os efeitos do art. 7o do Código Penal.
        Art. 788.  A sentença penal estrangeira será homologada, quando a aplicação da lei brasileira produzir na espécie as mesmas conseqüências e concorrem os seguintes requisitos:
        I - estar revestida das formalidades externas necessárias, segundo a legislação do país de origem;
        II - haver sido proferida por juiz competente, mediante citação regular, segundo a mesma legislação;
        III - ter passado em julgado;
        IV - estar devidamente autenticada por cônsul brasileiro;
        V - estar acompanhada de tradução, feita por tradutor público.
        Art. 789.  O procurador-geral da República, sempre que tiver conhecimento da existência de sentença penal estrangeira, emanada de Estado que tenha com o Brasil tratado de extradição e que haja imposto medida de segurança pessoal ou pena acessória que deva ser cumprida no Brasil, pedirá ao Ministro da Justiça providências para obtenção de elementos que o habilitem a requerer a homologação da sentença.
        § 1o  A homologação de sentença emanada de autoridade judiciária de Estado, que não tiver tratado de extradição com o Brasil, dependerá de requisição do Ministro da Justiça.
        § 2o  Distribuído o requerimento de homologação, o relator mandará citar o interessado para deduzir embargos, dentro de dez dias, se residir no Distrito Federal, de trinta dias, no caso contrário.
        § 3o  Se nesse prazo o interessado não deduzir os embargos, ser-lhe-á pelo relator nomeado defensor, o qual dentro de dez dias produzirá a defesa.
        § 4o  Os embargos somente poderão fundar-se em dúvida sobre a autenticidade do documento, sobre a inteligência da sentença, ou sobre a falta de qualquer dos requisitos enumerados nos arts. 781 e 788.
        § 5o  Contestados os embargos dentro de dez dias, pelo procurador-geral, irá o processo ao relator e ao revisor, observando-se no seu julgamento o Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
        § 6o  Homologada a sentença, a respectiva carta será remetida ao presidente do Tribunal de Apelação do Distrito Federal, do Estado, ou do Território.
        § 7o  Recebida a carta de sentença, o presidente do Tribunal de Apelação a remeterá ao juiz do lugar de residência do condenado, para a aplicação da medida de segurança ou da pena acessória, observadas as disposições do Título II, Capítulo III, e Título V do Livro IV deste Código.
        Art. 790.  O interessado na execução de sentença penal estrangeira, para a reparação do dano, restituição e outros efeitos civis, poderá requerer ao Supremo Tribunal Federal a sua homologação, observando-se o que a respeito prescreve o Código de Processo Civil.
Aula 11 – 11/09/15
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS
- O raciocínio deve ser feito em cima dos princípios. Mas também deve-se considerar as funções processuais: defender, acusar e julgar.
1) SISTEMA PROCESSUAL ACUSATÓRIO
Distribuição das funções processuais: as funções processuais estão distribuidas nas mãos de pessoas distintas.
- Distribuição e delimitação das funções processuais.
Princípio da iniciativa das partes: o SPA está fundado em uma afirmativa nuclear, consistente no fato de que ninguém será submetido a juízo, senão em virtude de acusação que outrem lhe mova.
- O Estado-juiz não instaura processo de ofício. Não há jurisdição sem ação. A ação que provoca a jurisdição é a ação penal.
- Ninguem será réu, senão em virtude de provocação. Para ter réu é necessário que haja autor.
- O SPA se caracteriza por ser um processo eminentemente de partes, sem as quais o juiz estará impedido de exercer sua jurisdição. Sistema de partes sobre as quais se superpõe um terceiro desinteressado.
TRAÇOS MARCANTES:
Princípio do Contraditório
EX: art. 261.
- Em 1988 o contraditório ganhou novo status: status de garantia político-jurídica do cidadão.
Igualdade Processual: as partes (autor e réu) tem os mesmos direitos e deveres processuais.
- Não se cogita qualquer tipo de análise de direito material
EX: gravidade do crime – crime hediondo.
- A finalidade do DPP é uma sentença justa. O caminho para encontra-la deve ser trilhado com justiça. O tratamento mais justo que se possa fornecer às partes é o igualitário.
Princípio da Publicidade: permite que o processo seja fiscalizado ao olho do povo.
- Hoje convivemos com uma “sociedade espiã”.
- Publicidade não é sinônimo de divulgação, é acesso ao ato processual. A depender da quantidade de acesso que se pode ter teremos tipos de publicidade diferentes.
EX: art. 792, caput, CPP. Não estabelece qualquer tipo de restrição a esta publicidade. Acesso permitido a um número ilimitado de pessoas: publicidade ampla, que é a regra geral.
EX: art. 792, §1º, CPP. Limita o acesso ao ato processual: publicidade restrita. É o juiz que restringe a publicidade do ato processual, determinando que o ato se dê a portas fechadas e o número de pessoas que poderão estar presentes.
EX: o sigilo é cabível nos crimes contra a dignidade sexual.
- A publicidade é um traço marcante, porém secundário. Secundário por não ser da essência do sistema acusatório, não sendo indispensável para ele.
EX: sem distribuição, igualdade ou contraditório não é acusatório. Sem publicidade pode ser.
- A principal preocupação do SPA é o direito de defesa, podendo este ser sigiloso sem que se descaracterize o acusatório.
O sistema acusatório foi criado com o objetivo de dar a sociedade o direito de acusar.
- Pretendeu-se tirar da esfera da exclusividade do Estado o direito de acusar.
- Hoje a regra geral é que a acusação se dê por um órgão estatal. Mas o MP possui uma natureza toda especial, atuando em nome da sociedade (órgão estatal, não governamental).
2) SISTEMA PROCESSUAL INQUISITÓRIO (OU INQUISITIVO)
- Em quase tudo difere-se do acusatório. Contudo, há um ponto de convergência entre todos os sistemas processuais: qualquer sistema é criado com o propósito de fazer justiça.
Concentração das funções processuais: uma única pessoa desempenha as três funções – o juiz.
- Gerou dificuldade na interpretação da norma. Montesquieau dizia que o juiz deveria ficar adstrito a literalidade da lei. Seria uma temeridade que ele pudesse optar pelo espírito da lei, interpretando-a. O temor era relacionado ao sistema inquisitivo, pois o juiz acumulava todas as funções.
- Não havia respeito às mínimas garantidas individuais, não podendo o juiz ter ainda mais poder.
- O réu é tratado como mero objeto do processo,
pois não possui direito algum.
- Neste sistema a confissão era a “rainha das provas”: prova suficiente para a condenação. Mas cada vez mais o processo recebe com mais cautela a confissão, sendo necessário que ela esteja harmônica com todo o sistema probatório. Ela só não será recebida com ressalva caso esteja de acordo com as demais provas.
- Admitia-se a tortura para a obtenção da confissão que, por sua vez, era prova suficiente para a condenação.
- O sigilo chegou a um patamar tão elevado que alcançava a tudo e a todos: às vezes só o juíz e seu secretário sabiam da existência do processo. Nem mesmo o acusado sabia que estava sendo processado, em uma época que admitia-se a pena capital. 
TRAÇOS MARCANTES
Concentração das funções processuais
Ausência de contraditório
- Porque este é um princípio que se instala entre partes, não estando estas presentes no sistema, onde há apenas o juíz.
Ausência de igualdade processual
- Não é desigualdade processual. Esta pode se dar quando temos partes que são tratadas com desigualdade.
- Destina-se um tratamento igualitário para as partes, que não estão presentes neste sistema.
Sigilo
- Durante certa época adotou-se o costume denominado “bocas de leão” ou “bocas da verdade”: eram urnas (gavetas) que se destinavam a receber as acusações, muitas vezes anônimas e infundadas. 
Tal fato gerava grande número de erros judiciários.
3) SISTEMA PROCESSUAL MISTO
Une características do sistema inquisitório e do acusatório. Acontece porque o processo caminha através de fases processuais, que se materializam através de atos processuais.
Historicamente o sistema acusatório precedeu o inquisitório, que ruiu durante a Revolução Francesa.
Este sistema se desenvolvia em três fases:
Investigação preliminar a cargo da polícia judiciária (inquisitório)
Instrução preparatória (inquisitório)
Fase de julgamento (acusatório)
- Hoje há discussão sobre qual é o sistema adotado atualmente. O sistema inquisitivo clássico pode ser dispensado.
- Temos uma fase de investigação preliminar, realizada pela polícia judiciária: processo eminentemente inquisitorial.
ESCUTAR
- Não há um único ato processual que possa ser realizado sem contraditório, quanto mais a instrução de um processo.
- Alguns autores afirmam que nosso sistema é acusatório. Mas como explicar o inquérito, que é inquisitorial? Inquérito não é processo, portanto encontra-se foram do sistema processual. É um procedimento pré-processual meramente administrativo. Apesar de conceitualmente correto, esta solução não se dá na essência.
Há fatos que foram apurados de forma inquisitorial no inquérito, mas que encontram-se posteriormente no processo. Não se pode desconhecer a existência de uma fase inquisitorial, mas há uma fase acusatória, quando esta se aplica ao contraditório.
- O sistema acusatório busca distribuir e delimitar: quem acusa só acusa, quem defende só defender. Mas o juiz não julga tão somente. O juiz possui poderes probatórios cada vez maiores.
EX: art. 156, CPP. Há crítica ao inciso I, que permite o juiz produzir provas antes de inciada a ação penal. Imaginemos que exista apenas uma testemunha de determinado crime. Esta testemunha está doente, em iminente risco de morte. O juiz, com o intuito de preservar a prova pode ouvi-la. A crítica é que o juíz que vai em busca de prova, sem sequer a existência de um processo, é um juiz parcial. Mas a crítica não desfaz a lei.
EX: art. 209, CPP.
- O sistema processual brasileiro não se enquadra em nenhum dos três anteriores (opinião do professor). Estamos em um sistema que não é o misto, pois não possui fase preparatória inquisitorial. Também não é um sistema inquisitório.
Aula 12 - 15/09/15
RELAÇÃO PROCESSUAL PENAL
- O CPP, à partir do art. 251, trata do juiz, do MP, do acusado e do defensor.
- Processo vem do latim “procedere”. A análise etimológica da palavra nos da uma primeira impressão sobre o processo: pro (adiante) e cedere (marchar). Caráter dinâmico do processo: marchar adiante.
Este dinamismo nasce da própria característica do DPP. O DPP não pode ser confundido com o DP, embora haja uma proximidade no tocante a atuação. 
- O DP é inerte: descreve uma série enorme de condutas delituosas e suas sanções penais respectivas. Mas o CP não traz nada que diga respeito à sua realização.
- O DPP é dinâmico: movimento.
- Podemos olhar o processo sob dois ângulos:
Externo: o processo é algo único, no sentido de ser um bloco, uma coisa monolítica.
- O processo se manifesta através de vários atos processuais que, embora vários, não são praticados aleatoriamente.
- Há uma observância de ordem que seja lógica e cronológica: momento adequado.
- A somatória dos atos constitui um todo, denominado procedimento.
- Procedimento cumprindo um objetivo único de fazer justiça. Adequar a lei à hipótese de solucionar a relação jurídica surgida do ilícito penal.
Interno: conjunto de direitos e obrigações de ordem processual, que têm sujeitos processuais (juiz, autor e réu). Se manifestam em atos processuais.
- Esta é a chamada relação jurídica processual. (ESCUTAR).
- Para compreender a relação processual as pessoas discutem através de três teorias que tentam explicar a participação dos sujeitos na relação processual.
- Antes de tratarmos das teorias é necessário dizer superficialmente em que consiste uma relação processual, onde teremos:
Direito do autor: o autor tem o direito de deduzir em juízo a sua pretensão.
- Ação pública: denúncia/ Privada: queixa.
- O autor deduz a alegação de que houve um fato delituoso e através de uma relação de causalidade imputa este fato ao réu.
Direito do réu: opor resistência (contrariar) ao direito do autor.
Poder jurisdicional: poder soberano do Estado.
- As partes são encontradas nas extremidades da base no triângulo. No vértice há o Estado-juiz, na posição equidistante das partes.
- Temos três sujeitos processuais e a discussão é exatamente de como se dá a participação destes sujeitos.
- Não é a mesma coisa ser parte e sujeito. Parte é quem deduz algo em juízo ou contra quem este algo é deduzido. O juiz não é parte, pois não deduz nem opõe resistência. O conceito de sujeito é mais alargado: sujeitos processuais são os protagonistas da relação processual. São aquelas pessoas pelas quais perpassa a relação processual, na qualidade de parte ou não.
TEORIAS:
Teoria retilínea
- Os adeptos desta teoria dizem que ela está simbolizada por uma reta.
- Critério utilizado para tentar explicar a relação processual: interesse
- Em uma extremidade da reta é colocado o autor, ficando o réu na outra. O juiz está fora.
- Para os defensores desta teoria o juiz não participa da relação processual, pois é possível saber qual é o interesse do autor no processo com precisão. O autor deduziu sua pretensão, expondo-a na peça inaugural, seja ela a denúncia ou a queixa. Ele pretende para o réu a aplicação de uma pena.
O réu quer opor a resistência, portanto é possível com a mesma clareza saber do seu interesse.
- O juiz não se interessa pelo processo, pois o juiz que se interesse, seja pelo interesse do autor ou do réu, será um juiz imparcial. O juiz não pode se interessar, estando fora da relação processual
Teoria trilateral (triangular)
- A crítica feita à teoria retilínea não consiste em discutir se o juiz tem interesse no processo, pois esta afirmativa tem certa lógica, na medida em que o juiz não pode se vincular ao interesse das partes.
O critério do interesse não tem importância, pois a tarefa que estamos enfrentando é saber a dinâmica da relação processual, como ela se movimenta e desenvolve. 
- Para saber a dinâmica da relação processual o critério utilizado é examinar como se da o desenvolver, o caminhar. A questão subjetiva do interesse, do desejo, do propósito não tem a menor importância.
- Necessário saber como os sujeitos se relacionam. Há uma relação processual entre autor-juiz e juiz-autor, bem como entre réu-juiz e juiz-réu, entre autor-réu e réu-autor.
Teoria bilateral (angular)
- Em alguns pontos se
aproxima da teoria trilateral. O primeiro ponto de convergência é o critério utilizado: o interesse não têm importância, bastando examinar o caminhar (desenvover).
- Há uma relação processual direta entre autor-juiz e juiz-autor, entre réu-juiz e juiz-réu.
- Contudo é encontrado um resultado diferente, pois não é considerada uma relação processual direta entre as partes.
- A teoria retilínea não procede, por duas razões:
O critério utilizado não pesa absolutamente nada, não afeta a dinâmica da relação processual. O conteúdo subjetivo não modifica o aspecto objetivo do transcorrer da relação processual
Fosse este o critério, não é verdadeira a conclusão de que o juiz não tem interesse no processo. O juiz não se interessa pelo interesse da parte, mas isto não significa que ele não tenha interesse pelo processo. Seu interesse é que este processo alcance a sua real finalidade: que o processo possa alcançar uma decisão justa. (ESCUTAR)
- O DPP pretende solucionar a pretensão punitiva X status libertatis através de uma decisão justa.
- Ao juiz são concedidos poderes para que o juiz possa agir (EX: poderes probatórios). Um juiz sem interesse no processo fica inerte. Mas o juiz precisa agir (não é zelar) para que o processo atinja sua finalidade.
- O art. 251 do CPP nos permite extrair duas tarefas que o juiz possui. O interesse é possível de extrair da dicção deste artigo:
Prover a regularidade do processo: prover não é zelar, é um agir.
Manter a ordem nos respectivos atos.
- A teoria que melhor explica a participação dos sujeitos da relação processual é a angular ou bilateral, porque efetivamente não há uma relação direta entre as partes. A relação que existe entre autor e réu é uma relação ângular, oblíqua, e não direta.
- Quando o autor promove a ação ele está formulando uma pretensão contra o réu, mas ele não diz isto ele, pois se dirige ao juiz. O réu, ao se defender, também dirige-se ao juiz.
O juiz manda citar o réu. Citado, ele fará uma defesa, opondo resistência à pretensão do autor. Contudo, a defesa dirige-se ao juiz. A relação sempre se dá através do juiz.
*A L9.099 (JESP) é deixada de lado.
- Vamos encontrar três características da relação processual penal:
Autônoma: porque independe da relação de direito material posta em juízo.
- Também é uma projeção do que ocorre com os ramos do Direito. A RPP é uma relação de DPP, enquanto a relação de direito material é uma matéria de DP.
- A relação de direito material posta em juízo é a infração penal. Os ramos do direito que contentam cada uma destas relações são autônomos.
- Contudo, o DPP e o DP estão ligados no atuar. O DPP foi criado com seu dinamismo visando solucionar um DP que é inerte.
- A relação de direito material é o crime, portanto é um fato pretérito, já acontecido, definitivo. Posteriormente surgirá a RPP, quando, com a união de esforços, os três sujeitos da RPP começam a trabalhar o direito material.
- Não é possível conceber que tenha sido instaurada uma RPP a não ser para trabalhar uma relação de direito material.
Complexa: relaciona-se com a multiplicidade dos atos.
- Embora complexa ela é, ao mesmo tempo, unitária e multiforme. Tendo em vista o lançar de olhos de ângulos diferentes. O examinar sob o ângulo externo mostra unitária (tarefa de fazer justiça). Sob o ângulo interno é possível ver a multiplicidade dos direitos e obrigações de ordem processual que os sujeitos processuais possuem e se manifestam em inúmeros atos processuais.
Progressiva: refere-se ao dinamismo (progredir)
- Uma RPP está permanentemente viva, caminhando permanentemente.
- No dia em que a RPP deixar de se movimentar ela estará finda. Viva estará sempre em movimento.
- Desde o primeiro ato que lhe dá vida (citação), os demais nada mais são que um desdobramento.
25/09/15
SUJEITOS DA RELAÇÃO PROCESSUAL PENAL: O JUIZ
- Não vamos examinar o ato que o juiz pratica, pois é questão de procedimento, que diz respeito ao DPP II. Iremos extrair os poderes que o código confere ao juiz para que possa desempenhar suas funções.
ART 251: artigo mão. De forma genérica trata das funções do juiz em duas categorias
Art. 251.  Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.
Prover à regularidade do processo: funções de ordem processual do juiz
- O verbo “prover” significa que se deva desenvolver uma conduta positiva, agir efetivamente para alcançar a regularidade do processo.
- A regularidade a que se refere o artigo é uma regularidade formal e substancial. Formal é aquela que diz respeito ao procedimento. Substancial significa que o juiz tem que agir para que o processo alcance a sua finalidade: uma decisão justa.
- No processo penal o juiz não é inerte, ele age, busca.
Manter a ordem no curso dos respectivos atos: funções de ordem administrativa do juiz.
- Todos os três sujeitos do processo tem funções de ordem processual, mas apenas o juiz tem funções de ordem administrativa, pois é ele quem preside o processo e deve tomar as medidas para a manutenção da ordem.
Podendo, para tal fim, requisitar a força pública: o juiz pratica atos de polícia.
- Para os fins de manutenção da ordem administrativa e processual.
- Vide art. 794
- O CPP confere sete tipos de poderes ao juiz:
Probatórios: quem detém o poder probatório na essência é a parte. Há uma regra de direito processual elementar de que o ônus da prova é de quem alega.
- Vide art. 156, CPP: é facultado ao juiz, é conferido, autorizado, permitido ao juiz poderes probatórios.
- O juiz possui tais poderes tendo em vista o compromisso com a verdade, não havendo outra explicação.
- A reforma de 2008 alargou os poderes probatórios do juiz. O próprio art. 156 tem a letra dada pela reforma.
- O primeiro inciso permite que o juiz produza provas antes mesmo do início da ação penal e sem saber se ela será iniciada (o autor da ação penal é quem o faz).
EX: a única testemunha está doente.
- A crítica em relação a este inciso diz respeito à imparcialidade do juiz.
- O segundo inciso permite ao juiz, no curso da instrução ou antes de proferir sentença, determinar a realização de diligências para dirimir dúvidas sobre ponto relevante.
- Não há nada no DPP mais relevante que a verdade. No momento em que as partes estão produzindo suas provas ele pode determinar de ofício. Mesmo passada a instrução ele pode produzir provas antes da sentença.
EX: art. 209, CPP. Diz que o juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir testemunhas além daquelas indicadas pelas partes (testemunha do juízo).
Disciplina
- Diz respeito claramente às funções de ordem administrativa do juiz. Para a manutenção da ordem o código confere ao juiz poderes de disciplina.
- Um dos princípios regentes do DPP é a publicidade, que se mede pelo acesso ao ato. Mas a publicidade pode ser restringida pelo juiz no exercício dos seus poderes de disciplina.
Vide art. 792, §1º.
Nomeação
- O juiz pode nomear o perito, o curador especial, o defensor. 
EX: vamo imaginar que um jovem menor foi vítima de crime de APPR. Quem a promove é o seu representante legal (art. 30). Caso o menor não tenha representante a lei criou a figura do curador especial.
EX: o art. 261 dispõe que ninguem será processado ou julgado sem defesa.
Decisório
- Questão mais ampla do que aparenta. São vários de natureza decisória.
EX: decretar uma prisão preventiva ou revoga-la, decretar a extinção da punibilidade
* O pedido de liberdade provisória na verdade é de liberdade definitiva, sendo a prisão provisória.
Coerção
- Pode determinar que algo se realize coercitivamente.
EX: a testemunha arrolada e intimada para prestar depoimento tem obrigação de comparecer. Caso não o faça o juiz manda conduzir (condução coercitiva – art. 218, CPP)
- A vítima, sempre que for possível, deve ser ouvida. Ela também pode ser conduzida coercitivamente (art. 201, §1º, CPP)
- Obviamente o réu também pode ser conduzido coercitivamente (art. 260, CPP)
Relativos à economia

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