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1
Relato da experiência vivenciada em Belo Horizonte com as Oficinas de Qualificação da 
Atenção Primária em Saúde 
 
Janete Maria Ferreira1 
Adriana Lúcia Meireles2 
Rosa Marluce Góis de Andrade3 
Max André dos Santos4 
Serafim Barbosa Santos Filho5 
Maria Luiza Fernandes Tostes6 
Fabiano Geraldo Pimenta Júnior 7 
Suzana Maria Moreira Rates 8 
Marcelo Gouvêa Teixeira 9 
 
 
Resumo: 
O objetivo deste artigo é relatar a experiência das oficinas de qualificação da Atenção Primária à 
Saúde em Belo Horizonte. A metodologia é oriunda do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde 
da Secretaria Estadual de Saúde/MG e as atividades pedagógicas são baseadas na metodologia da 
problematização. Participam das oficinas os 10.000 trabalhadores da Atenção Primária de diferentes 
níveis de escolaridade, desde médicos aos porteiros e auxiliares de limpeza, lotados em 147 centros 
de saúde do município. As oficinas são desenvolvidas em 10 módulos temáticos, operacionalizados 
por meio de uma sequência de encontros, em nível municipal, distrital e local. As oficinas apontam 
um novo arranjo institucional em BH, onde a Atenção Primária à Saúde ocupa o lugar central. Toda 
a instituição está se transformando, redirecionando seu olhar para o nível local, onde um novo 
processo de trabalho se inaugura. 
 
Descritores: OFICINAS APS, Atenção Primária à Saúde, centro de saúde, qualificação 
 
 
 
 
 
1 Médica. Mestre em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro. Assessora Técnica do Gabinete da Secretaria Municipal 
de Saúde de Belo Horizonte e Coordenadora Geral das Oficinas de Qualificação à Atenção Primária à Saúde. 
2 Nutricionista. Mestre e doutoranda em Saúde Pública/Epidemiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Tutora das 
Oficinas de Qualificação da Atenção Primária à Saúde. 
3 Assistente Social. Tutora das Oficinas de Qualificação da Atenção Primária à Saúde. Assistente Social. 
4 Médico Sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. 
5 Médico. Mestre em Saúde Pública/Epidemiologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Consultor técnico vinculado ao 
Ministério da Saúde. 
6 Médica. Gerente de Assistência/GEAS da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. Médica. 
7 Agrônomo. Mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz. Secretário Municipal Adjunto de Saúde de Belo Horizonte. 
8 Médica. Secretária Municipal Adjunta de Saúde de Belo Horizonte. Médica pela Universidade Federal de Minas Gerais. 
9 Administrador. Mestre em Administração. Secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte. 
 2
Abstract: 
The paper aim is to report the experience of workshops regarding the qualification of Primary 
Health Care in Belo Horizonte. The methodology comes from the Master Plan for Primary Health 
Care of State Health Department – MG and the educational activities are based on problem 
methodology. Approximately 10,000 workers of different education levels that work in 147 health 
centers participate of workshops (from doctors to the doorman). The workshops are developed in 10 
thematic modules, operationalized through a series of meetings at the municipal, district and local 
levels. The workshops suggest a new institutional arrangement in Belo Horizonte City, where the 
Primary Health Care occupies the central place. All institution is changing, redirecting his gaze to 
the local level, where a new worker process was inaugurated. 
 
Keywords: Workshop, Primary Health Care, Health Center, qualification 
 
Introdução 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem uma trajetória exitosa em Belo Horizonte (BH). De 
acordo com suas diretrizes, muitos avanços foram obtidos, tais como a integração das unidades em 
uma rede de serviços de saúde e o fortalecimento progressivo da Atenção Primária à Saúde (APS). 
Pode-se dizer que o Plano Macro Estratégico da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) de 
Belo Horizonte, 2009-2012: SUS-BH Cidade Saudável é um dos responsáveis pelo êxito do SUS na 
cidade. Ele aponta a APS como uma das grandes diretrizes dessa gestão e como o eixo estruturador 
de toda a rede de atenção à saúde no município de Belo Horizonte. 
Entendendo que, para haver a consolidação dos princípios e diretrizes do SUS na prática, é 
necessário haver a qualificação das equipes de saúde, no ano de 2009, oficinas oriundas do Plano 
Diretor da Atenção Primária à Saúde (PDAPS) da Secretaria Estadual de Saúde (ESP, 2008; 
MENDES, 2009), passaram a ser realizadas em Belo Horizonte. 
As oficinas estão sendo adaptadas à realidade municipal e são denominadas Oficinas de 
Qualificação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte (OFICINAS APS). 
Nas duas primeiras oficinas, realizadas em 2009, foram abordados os temas: análise da 
atenção primária e redes de atenção á saúde. No ano de 2010 foram realizadas quatro oficinas cujos 
temas foram: a territorialização e uso de dados e informações para o diagnóstico local, distrital e 
municipal; a organização do trabalho para atendimento à demanda espontânea; a organização da 
atenção programada; e a agenda das equipes de saúde e os contratos internos de gestão. 
Para o ano de 2011, estão programadas oficinas sobre abordagem familiar; promoção à saúde; 
apoio farmacêutico e laboratorial; e de vigilância em saúde. 
 3
A realização das oficinas em Belo Horizonte tem se configurado como um espaço de 
aprendizagem e reflexão, capaz de gerar mudanças de comportamento por parte dos profissionais da 
saúde. Deste modo, compreende-se que relatar essa experiência se faz necessário, a fim de que 
outros também possam realizar essa estratégia em sua prática 
 
Objetivos 
 
Relatar a experiência das Oficinas de Qualificação da Atenção Primária à Saúde em Belo 
Horizonte. 
 
Desenvolvimento 
 
 Trata-se de um relato de experiência das Oficinas de Qualificação da Atenção Primária à 
Saúde em Belo Horizonte. Para tanto, será descrito como é a organização da APS na cidade, a 
estrutura organizacional construída para reunir os profissionais necessários e os primeiros 
resultados já identificados nesse processo. 
 
A Organização da Atenção Primária no Município de Belo Horizonte 
 
A gestão municipal de Belo Horizonte optou, nas últimas décadas, pelo fortalecimento da 
APS, por entender que esse era o ponto do sistema capaz de propiciar à população a atenção 
necessária para a solução da maioria dos seus problemas de saúde. A APS é o local privilegiado 
para a criação do vínculo com os usuários do SUS-BH e a longitudinalidade do cuidado prestado. 
As primeiras Equipes de Saúde da Família (ESF) foram implantadas nos Centros de Saúde 
dos nove Distritos Sanitários de Belo Horizonte, no ano de 2002, ficando responsáveis pela 
assistência à saúde das populações de maior risco de adoecer e morrer. Para essas populações, a 
estratégia de saúde da família acabou gerando uma mudança processual por dentro da rede de 
serviços, excluindo, sempre que possível, redes paralelas ou concorrentes (TURCI, 2007). 
 Equipes de Saúde Bucal, também foram inseridas na rede e hoje elas e as ESF atuam no 
espaço dos Centros de Saúde de Belo Horizonte em conjunto com os demais profissionais que 
compõem a APS (clínicos, pediatras, assistentes sociais, equipes de saúde mental, dentre outras). 
Em um movimento crescente, temos hoje na cidade, aproximadamente 10.000 trabalhadores, 
distribuídos nos 147 Centros de Saúde e 536 ESF. 
Esse processo trouxe muitos avanços para o SUS-BH, tais como: o incremento de recursos 
humanos; a mudança da forma de abordagem da população; a diversificação da oferta de ações de 
 4
promoção à saúde e a ampliação do acesso aos serviços. Desta forma, a APS seconfigurou como a 
porta de entrada, não a única, mas a principal do sistema municipal de saúde de Belo Horizonte. 
Por outro lado, é importante relatar que a implantação da ESF em BH desnudou questões 
amplas e delicadas como a violência em todos os seus matizes, a pobreza extrema e outras 
dificuldades da vida familiar. Em muitos casos, o sistema de saúde vem assumindo 
responsabilidades que extrapolam seu campo de atuação, exigindo cada vez mais a articulação com 
o conjunto das políticas sociais e urbanas. 
Além desse, existem hoje muitos outros desafios. A APS como porta de entrada levou as 
equipes, em muitos momentos, a priorizar o atendimento da demanda espontânea em detrimento do 
acompanhamento e seguimento dos usuários e famílias. 
 
A organização das Oficinas de Qualificação da APS em Belo Horizonte 
 
Ao iniciar as OFICINAS APS, as equipes viviam os dilemas da gestão da atenção programada 
e o atendimento da demanda espontânea, da vigilância em saúde e da promoção à saúde, além da 
integração destes com os demais pontos da rede de atenção à saúde no município. 
Além disso, especialmente após a implantação de mais de 500 ESF, percebia-se que o maior 
desafio era disseminar e coletivizar as diretrizes institucionais do processo de trabalho local. Havia 
um problema central que residia na deficiência de padronização de processos. Assim a criatividade 
extraordinária das equipes aproximava-se do voluntarismo e eram gerados processos muitas vezes 
dispares e isolados. 
Belos esforços já haviam sido conduzidos nesse sentido, como a realização do Curso de 
Especialização em Saúde da Família em parceria com a UFMG, em 2003, com a titulação de mais 
de 1.000 médicos e enfermeiros; e a criação do Centro de Educação em Saúde (CES) possibilitando 
diversas capacitações. Além disso, nos últimos anos, uma ampla discussão com os gestores e 
trabalhadores do SUS-BH culminou com duas publicações importantes: o Livro de Resumos do 2º 
Seminário da Atenção Básica do SUS-BH realizado em 2007 (SMSA-BH, 2007) e o livro Avanços 
e Desafios na Organização da Atenção Básica à Saúde em Belo Horizonte (TURCI, 2008). 
Entretanto, essas iniciativas ainda não eram suficientes para recomendar e estruturar a 
organização do processo de trabalho local, que deveria ser um processo homogêneo o suficiente 
para atender a regras e normas gerais para toda a cidade e, ao mesmo tempo, específico o bastante 
para lidar com perfis epidemiológicos tão diversos. 
Para suprir essas, dentre outras, demandas, são criadas as OFICINAS APS que buscam 
associar a qualificação profissional dos profissionais da APS à implementação de diretrizes 
institucionais para o processo de trabalho da Atenção Primária em Belo Horizonte. 
 5
Em Belo Horizonte, o principal desafio para operacionalização das OFICINAS APS é o 
público-alvo: os 10.000 trabalhadores da atenção primária do SUS/BH, de diferentes níveis de 
escolaridade, como médicos, dentistas, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, porteiros 
e auxiliares de limpeza, lotados nos 147 Centros de Saúde. 
Essa dimensão e diversidade obrigou o Grupo de Condução Municipal das OFICINAS APS a 
customizar as oficinas originais do PDAPS, tanto a adaptação da carga horária, quanto a elaboração 
dos textos e referencial teórico. Utilizou-se para construir as atividades pedagógicas das oficinas a 
metodologia da problematização. 
O objetivo principal das OFICINAS APS tem sido a consolidação da atenção primária como 
eixo estruturador da atenção à saúde no município de Belo Horizonte por meio do fortalecimento do 
processo de implantação da Estratégia de Saúde da Família; da capacitação dos trabalhadores 
envolvidos na APS; e da qualificação dos processos de trabalho locais. 
Os objetivos específicos dessas atividades são a implementação de diretrizes institucionais 
que conduzam a uma atenção primária qualificada e resolutiva; o alinhamento dos processos de 
trabalho que permitam o equilíbrio entre promoção, prevenção e atenção, e entre o agudo e o 
crônico no cotidiano das agendas; a implantação de instrumentos de gestão clínica, de diagnóstico 
local, de programação local e municipal, de protocolo de classificação de risco e de contratos 
internos de gestão. 
 
Os Grupos de Condução das OFICINAS APS 
 
Para que as oficinas sejam realizadas, conta-se com uma estrutura composta por um grupo de 
condução municipal, nove grupos de condução distrital e por um grupo de facilitadores, constituído 
por dois ou mais representantes por centro de saúde. 
O grupo de condução municipal se organiza sob orientação do gabinete da Secretaria 
Municipal de Saúde (SMSA), e conta com a participação das principais gerências da instituição. 
Participam na condução municipal técnicos do nível central que apoiam o processo em cada Distrito 
Sanitário, denominados Apoiadores Institucionais e os Gerentes de Projeto/Tutores vinculados a 
cada Distrito. Ao todo, o grupo conta com aproximadamente 40 integrantes. 
Esse grupo tem como tarefa a coordenação e condução geral das OFICINAS-APS, incluindo a 
customização da metodologia e material didático desenvolvida pelo PDAPS para a realidade da 
APS em Belo Horizonte. 
Para condução das Oficinas em cada um dos Distritos Sanitários, conta-se com um ou dois 
Gerentes de Projetos, conhecido como “Tutores” com dedicação de 20 horas semanais para os 
processos envolvidos nas oficinas e os trabalhos do período de dispersão. Estão envolvidos com as 
 6
oficinas, 14 tutores distritais e dois tutores centrais, que são orientados pelo Grupo de Condução 
Municipal. 
Tem-se em cada Distrito Sanitário um Grupo de Condução Distrital que acompanha a 
implantação das OFICINAS APS nos centros de saúde sob sua responsabilidade. Para isso, a 
coordenação do distrito constituiu um grupo de técnicos e/ou gerentes, além do Apoiador 
Institucional e Tutor, para acompanhamento de todo o processo, com a participação, em média, de 8 
a 10 técnicos. O grupo de condução distrital capacita um grupo maior de “técnicos apoiadores” para 
o processo no nível local. 
O grupo de facilitadores, é composto, no mínimo, por dois representantes por centro de saúde, 
sendo um deles o gerente e um outro trabalhador da unidade, identificado pelo Grupo de Condução 
Distrital e com perfil para a condução de oficinas. 
Os facilitadores dos 147 centros de saúde do município organizam (sob a gestão do grupo de 
condução distrital e participação do técnico apoiador) o plano de desenvolvimento local de cada 
módulo, guiando-se pelo seguinte esquema: divisão do conjunto de trabalhadores em grupos de 
cerca de 25 a 30 pessoas e a montagem de um número de oficinas que sejam necessárias para cobrir 
todos os trabalhadores. A divisão desses grupos deve considerar a adequação de horários tanto para 
os funcionários quanto para não deixar descoberto o atendimento à população. 
Como já apontado anteriormente, o público-alvo das oficinas locais são todos os profissionais 
lotados nos Centros de Saúde. Ou seja, profissionais das equipes de saúde da família, dos Núcleos 
de Apoio à Saúde da Família (NASF) e outros profissionais de apoio à atenção primária, médicos, 
enfermeiros, dentistas, técnicos de enfermagem, técnico de saúde bucal, auxiliar de saúde bucal, 
agente comunitário de saúde, administrativos, profissionais de apoio, zoonoses e de outras áreas. 
A FIG. 1, apresentada a seguir, sintetiza a estrutura de condução das Oficinas em Belo 
Horizonte. 
Figura 1. Estrutura da condução das Oficinas em Belo Horizonte 
 
 7
 
As Oficinas Municipais, Distritais e Locais 
 
Em Belo Horizonte as oficinas foram estruturadas para contemplar três dimensões: Oficinas 
Municipais, Oficinas Distritais e OficinasLocais. 
O desenho de todo o processo de qualificação envolve 10 grandes módulos temáticos. Para 
cada módulo há uma Oficina Municipal com carga horária de 16 horas, para formação dos 
facilitadores/condutores e planificação da realização desses módulos temáticos em uma série de 
oficinas que serão realizadas nos centros de saúde (Oficina Local). 
Os módulos foram programados para acontecer em uma agenda seriada, realizados com 
intervalos regulares, de 60 a 90 dias entre eles. 
As Oficinas Municipais tem como público-alvo aproximadamente 600 participantes, entre 
eles: os grupos de condução municipal e distritais; os gerentes e os técnicos com atuação direta ou 
indireta na APS (coordenadores da assistência, técnicos do planejamento, vigilância à saúde e 
informação, educação permanente e outras áreas afins); os facilitadores de cada centro de saúde. 
Os 600 participantes são divididos em duas turmas de 300 integrantes, compondo turmas 
denominadas como A e B. Nas oficinas municipais, são abordados os principais eixos de discussão 
de cada módulo, o conteúdo conceitual e a sequência pedagógica recomendada para as Oficinas 
Locais. As discussões acontecem ora em uma grande plenária ou painel, ora em 12 grupos de 20 a 
30 pessoas. Esses grupos são identificados por cores e os trabalhos são conduzidos pelos 
“Oficineiros”. 
Atualmente, existem cerca de 24 “Oficineiros” (2 por grupo), que são integrantes do grupo de 
condução municipal. Esse grupo tem como característica principal a capacidade, interesse e a 
experiência de condução de processos pedagógicos. Os “Oficineiros” participam de um período de 
preparação, de no mínimo 24 horas para cada módulo, onde é feita a validação do material 
preparado pelo grupo de condução municipal e os ensaios de cada atividade a ser realizada. Nos 
ensaios, os “Oficineiros” vivenciam as atividades, experimentando os tempos, as discussões mais 
polêmicas e identificando a melhor forma de transmissão do conteúdo. 
Na sequência das Oficinas Municipais acontecem as Oficinas Distritais. Em cada um dos 
nove Distritos Sanitários acontecem encontros de duração média de oito horas, onde o tutor e grupo 
de condução distrital partilham os conteúdos e as discussões ocorridas na Oficina Municipal com os 
técnicos distritais. 
O formato das Oficinas Distritais é bastante variável e tem como objetivos principais: a 
capacitação dos técnicos apoiadores de cada centro de saúde, para acompanhamento das Oficinas 
 8
Locais; a validação do plano de dispersão apontado na Oficina Municipal e; o cronograma e 
organização das Oficinas Locais. 
As Oficinas Locais acontecem no período compreendido entre uma Oficina Municipal e outra, 
como recomenda o PDAP. Cada oficina local é desenvolvida em cerca de 8 horas presenciais 
(concentração), complementadas com horas destinadas a atividades de campo (dispersão). Para cada 
módulo, são realizadas aproximadamente 500 oficinas locais, sendo em média três por centro de 
saúde. Na FIG. 2 é apresentada a sequência das OFICINAS APS de acordo com a estrutura de 
condução. 
Figura 2. Sequência das Oficinas de Qualificação da Atenção Primária à Saúde em Belo Horizonte 
 
Nas Oficinas Locais, o trabalho dos facilitadores é provocar a aprendizagem, se aproximando 
mais à função de um mediador dos processos. Como um processo educativo, são considerados nas 
oficinas os saberes prévios provenientes da formação acadêmica de cada um, os saberes construídos 
na atividade profissional, os saberes construídos coletivamente pelas equipes locais e sua história. 
Assim, os facilitadores devem estar preparados para acolher esses saberes, estimular o grupo a ser 
propositivo e gerar momentos de sistematização, para que todo o esforço não se perca. 
As turmas das Oficinas Locais têm períodos alternados, de modo que nenhuma unidade seja 
fechada durante o período de realização das oficinas. Elas ocorrem preferencialmente, nos dias de 
terça, quarta ou quinta feira, fora do espaço físico do Centro de Saúde (em equipamentos sociais 
próximos ou em salas de reunião específicas). A infra-estrutura e logística para a realização dos 
encontros é compartilhada pelo nível local, distrital e central, sendo, às vezes, mais precária que o 
desejado. 
É importante destacar que, a estratégia de realização das OFICINAS APS foi apresentada, 
discutida e aprovada pelo Conselho Municipal de Saúde, sendo esclarecido o seu papel fundamental 
para à população residente nas áreas de abrangência dos Centros de Saúde quanto à nova forma de 
organização da assistência. 
 9
As Primeiras avaliações e os primeiros resultados das Oficinas APS 
 
Perseguindo o objetivo das OFICINAS APS, o grupo de condução municipal buscou, desde o 
início, a estruturação de um processo avaliativo para as mesmas, pois entende que tão importante 
quanto realizar as oficinas é acompanhar os investimentos envolvidos na organização/planejamento 
da qualificação, dadas as grandes dimensões de esforços e de “números” envolvidos. 
Deste modo, considera-se ser de alta relevância a articulação de um processo avaliativo com 
uma metodologia que se pressupõe adequada para potencializar os investimentos e monitoramento 
dos resultados. 
Esse processo avaliativo foi construído por um subgrupo de técnicos e gerentes do grupo de 
condução municipal com a finalidade de avaliar os conteúdos e acompanhar se os objetivos 
propostos estão sendo alcançados. Cabe ressaltar que esse processo tem ocorrido de forma 
inseparável de uma avaliação das estratégias de interação com as equipes e trabalhadores no 
processo de formação-aprendizagem. A metodologia de “acompanhamento avaliativo”, cujas 
diretrizes encontram-se demarcadas nos referenciais da avaliação formativa e humanizada 
(SANTOS FILHO, 2009), foram expressas em um documento que sintetiza a articulação de 
abordagens avaliativas para as oficinas APS (SANTOS FILHO, 2010). 
A partir desse documento, foram tomados como referência os princípios da avaliação 
participativa-formativa e foram propostos quatro focos de análise: o planejamento geral e a 
condução do processo como um todo; as oficinas como estratégia de aproximação das equipes para 
pautar/atualizar conceitos operacionais e normalizar instrumentos, fluxos e protocolos; os produtos 
específicos previstos a partir das oficinas; e as repercussões nas práticas profissionais e nas 
respostas aos usuários. 
Para acompanhamento e avaliação do planejamento geral e a condução do processo como um 
todo, primeiro foco da análise, ocorrem reuniões quinzenais do grupo de condução municipal onde 
são feitos levantamentos dos aspectos envolvidos no andamento das oficinas (fatores favoráveis, 
dificuldades e desafios), a socialização das etapas implementadas e os ajustes necessários nas 
agendas institucionais. 
Esse acompanhamento tem como fonte principal as avaliações que são feitas ao final das 
Oficinas Municipais e Locais, consolidadas de um instrumento de avaliação elaborado para esse 
fim, que inicialmente possui quatro categorias (ótimo, bom, regular e deficiente). O formulário é 
preenchido por um grupo de três a quatro participantes e é posteriormente processado pelos tutores 
dos distritos e nível central. 
A seguir são apresentados os resultados das avaliações das duas primeiras oficinas 
municipais: 
 10
- Quanto a programação das oficinas, adequação do conteúdo e carga horária, 88,4% a 
96,6% dos participantes avaliaram como ótimo/bom; 
- Em relação a metodologia, abordagem do conteúdo, recursos didáticos e trabalhos em 
grupo, o percentual ótimo/bom variou entre 94,5% e 95,6%, 
- A atuação dos “Oficineiros/facilitadores”, avaliada pela didática, pontualidade, 
administração e domínio do tempo, foi consideradaótima/boa por 90% a 96,2% dos 
participantes. 
- Em relação à auto-avaliação do participante (pontualidade, conhecimento adquirido, 
interesse pelo curso e atendimento às expectativas), as categorias ótimo/bom variaram 
entre 92,2% e 95,5%. 
 Diante de respostas tão positivas, o grupo de condução entendeu que a opção metodológica 
estava acertada e prosseguiu monitorando o segundo e terceiro focos de análise propostos: as 
oficinas são entendidas como estratégia concreta de aproximação das equipes para compreender as 
diretrizes institucionais, normalizando instrumentos, fluxos e protocolos? Como estão sendo 
construídos os produtos acordados em cada Oficina? 
Buscando essa análise, em maio de 2010, foi realizada uma série de reuniões distritais. Essas 
reuniões contaram com a participação dos grupos de condução distritais, dos gerentes e facilitadores 
dos centros de saúde e utilizaram uma metodologia próxima à uma avaliação qualitativa. A 
principal pergunta apresentada aos grupos era: “As oficinas foram vistas inicialmente como uma 
coisa externa ao cotidiano das equipes, em um formato diferente da metodologia usual. Após 
percorrido mais de um terço do caminho, as Oficinas fazem sentido para os profissionais das 
equipes? O que precisa ainda ser construído?” 
O resultado dessas reuniões permitiu a construção de um rico material de análise para a 
SMSA, que foi estruturado em seis aspectos ou eixos: o momento vivido pela instituição no 
primeiro semestre de 2010; a incorporação dos conteúdos e produtos das oficinas no cotidiano das 
equipes; a logística necessária para a as Oficinas Locais; as estratégias para continuidade do 
processo; os recursos humanos necessários e envolvidos e; a participação da comunidade e controle 
social. As conclusões principais dessa análise apontam que: 
- As oficinas fazem sentido para o SUS-BH, tem sido muito bem recebidas e os profissionais 
estão cientes que se trata de um movimento interessante e sério; 
- Para que a estratégia das Oficinas seja exitosa, em tudo que envolve, torna-se necessária a 
adesão uníssona do nível gerencial da SMSA (Colegiado Gestor); 
- Para que a estratégia das Oficinas seja efetiva, precisa-se de planos de trabalho para os 
principais problemas apontados e para os produtos acordados em cada uma delas. 
 11
Outro aspecto que precisa ser ressaltado é a necessidade que o processo, inaugurado pelos 
encontros locais, seja institucionalizado com todos os atores da SMSA. As OFICINAS APS não 
podem ser entendidas como uma tarefa a mais para as equipes, já tão sobrecarregadas. Os relatos do 
momento vivido pela instituição no primeiro semestre de 2010 foi uma sobrecarga absoluta, pelo 
aumento expressivo dos casos de dengue e a vacinação contra a Influenza H1N1. Essa sobrecarga, 
no entanto, não impediu o avanço do processo de qualificação, mas trouxe para as equipes o desafio 
de conviver com um cotidiano muito extenuante. 
 
Considerações finais 
 
A proposta das OFICINAS APS é que esse caminho de qualificação se constitua como uma 
nova organização dos processos de trabalho de toda a instituição, justamente para diminuir a dureza 
do cotidiano dos trabalhadores. 
Para isso, uma série de encontros gerenciais estão sendo conduzidos, com a participação do 
Colegiado Gestor e gerentes da SMSA, visando a construção de uma abordagem estratégica e de 
planos de trabalho necessários para: a incorporação dos produtos das oficinas no cotidiano das 
equipes; a efetivação do apoio metodológico - apoiadores aos distritos e aos centros de saúde; o 
apoio logístico, tão necessário e solicitado, para as Oficinas Locais (lanche, recursos multimídia, 
transporte, dentre outros); e a abordagem da participação da comunidade e controle social. 
As OFICINAS APS apontam um novo arranjo institucional para a SMSA, onde a APS ocupa, 
de fato, o lugar central. Toda a instituição está se transformando, redirecionando seu olhar para o 
nível local, onde um novo processo de trabalho se inaugura. 
 
Referências: 
ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Implantação do Plano 
Diretor da Atenção Primária à Saúde: Redes de Atenção à Saúde. Belo Horizonte, 2008: ESP-MG. 
117 p. 
 
MENDES, Eugênio Vilaça. As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte, 2009: ESP-MG. 848 p. 
 
SANTOS FILHO, Serafim B. Avaliação e Humanização em Saúde: aproximações metodológicas. 
Porto Alegre, 2009: Editora Unijuí. 271p. 
 
 12
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE BELO HORIZONTE. 2º Seminário da Atenção 
Básica do SUS-BH, Avanços, Perspectivas e desafios do novo modelo em Belo Horizonte. Belo 
Horizonte, 2007: Secretaria Municipal de Saúde. 246 p. 
 
______. SUS-BH: Cidade Saudável Plano Macro-estratégico Secretaria Municipal de Saúde Belo 
Horizonte 2009-2012. Belo Horizonte, 2009: Mimeo. 33p. 
 
TURCI, Maria Aparecida. (Org). Avanços e desafios na organização da Atenção Básica à Saúde 
em Belo Horizonte. Belo Horizonte, 2008: HMP Comunicação. 340 p.

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