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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE PEDAGOGIA ELIZABETE PESSOA DOS SANTOS Inclusão dos Surdos no Ensino Regular Maceió 2017 ELIZABETE PESSOA DOS SANTOS Inclusão dos Surdos no Ensino Regular Monografia submetida ao Corpo Docente do Curso de Pedagogia da Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para conclusão da disciplina Pesquisa e Prática em Educação VII (CEL0377/2682267). Professora Orientadora: ROSARIA MARIA DE CASTILHOS SARAIVA Maceió 2017 Inclusão dos Surdos no Ensino Regular ELIZABETE PESSOA DOS SANTOS Monografia submetida ao Corpo Docente do Curso de Pedagogia da Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para conclusão da disciplina Pesquisa e Prática em Educação VII (CEL0377/2682267). Aprovado em ____ de ______________de 2017. NOTA: ____ (_________________) Orientador: ROSARIA MARIA DE CASTILHOS SARAIVA Maceió 2017 A minha família que sempre me apoiou e incentivou principalmente a meus pais por me terem dado a oportunidade de construir minha trajetória profissional AGRADECIMENTO Primeiramente, agradeço a Deus por mais esse feito. À professora ROSARIA MARIA DE CASTILHOS SARAIVA pela sabedoria e determinação com que me orientou durante a realização deste trabalho. Ao meu querido esposo José Weverson da Silva, que me apoiou e me encorajou em toda a trajetória de meus estudos, com paciência e dedicação, pela compreensão, apoio e suporte dado ao longo da minha vida para que tudo que tenho planejado e sonhado possa ser realizado. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................06 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA.............................................................................07 1.2 QUESTÕES NORTEADORAS...........................................................................08 1.3 OBJETIVOS.........................................................................................................09 1.3.1 OBJETIVO GERAL...........................................................................................09 1.3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO.................................................................................09 1.4 JUSTIFICATIVAS.................................................................................................09 1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................09 2. INCLUSÃO COMO BASE PARA EDUCAÇÃO....................................................11 2.1 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA TRABALHAR COM ALUNOS SURDOS E O USO DA LÍNGUA DE SINAIS (LIBRAS).............................................11 2.2 FILOSOFIAS EDUCACIONAIS NA ÁREA DA SURDEZ....................................13 2.3 TECNOLOGIAS INCLUSIVAS PARA SURDOS................................................14 3. PROCESSO DE INCLUSÃO DE SURDOS EM ESCOLAS PÚBLICAS.............15 3.1 A SURDEZ E SUAS POLÍTICAS PÚBLICAS......................................................15 3.2 TIPOS DE DEFICIENCIA AUDITIVA E SUAS CAUSAS....................................17 3.3 A TRAJETÓRIA DE INCLUSÃO DE SURDOS...................................................17 3.4 PAPEL DA FAMÍLIA.............................................................................................18 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................19 REFERÊNCIAS 6 1. INTRODUÇÃO Este trabalho tem por objetivo verificar como ocorre a inclusão dos surdos na educação no ensino regular e se a mesma é preparada para essa forma inclusiva, de maneira a facilitar o processo de ensino aprendizagem entre docentes e alunos. Os movimentos inclusivos ganharam ênfase nos últimos anos em consequência das políticas de direitos sociais e das reivindicações de grupos até então excluídos dos espaços escolares, revigorando a discussão sobre a melhor forma de educar alunos com deficiências e transtornos globais do desenvolvimento. A luta pela ampliação do acesso à escola e pela qualidade da educação especial culminou com a proposta de Educação Inclusiva. A educação especial assume, a cada ano, importância maior, dentro da perspectiva de atender às crescentes exigências de uma sociedade em processo de renovação e de busca incessante da democracia, que só será alcançada quando todas as pessoas, indiscriminadamente, tiverem acesso à informação, ao conhecimento e aos meios necessários para a formação de sua plena cidadania. Atualmente ocorre o processo de inclusão de crianças surdas nas escolas públicas e a atual infraestrutura destas instituições demanda adaptações para o recebimento delas no que se refere à implementação de políticas públicas viáveis em prol dessa demanda da sociedade. Santana (2007) aponta que, por meio da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) torna-se possível abordar qualquer conceito, concreto ou abstrato, emocional ou racional, complexo ou simples. A LIBRAS, assim como outras línguas de sinais, é considerada língua, no sentido pleno, por conseguir preencher os pré-requisitos científicos para tal diferentemente das línguas de sinais que possuem elementos linguísticos comuns às línguas orais. São consideradas pelos linguistas como línguas naturais ou como um sistema linguístico legítimo. Este sistema de comunicação possui estrutura gramatical própria. Os sinais são formados por meio da combinação de formas e de movimentos das mãos e de pontos de referência no corpo ou no espaço. A formação de professores para atuar na educação infantil deve ocorrer referencialmente em cursos de nível superior. Simultaneamente, ou posteriormente à licenciatura, o professor deve participar de cursos de metodologia do ensino de línguas (ensino da língua portuguesa nas 7 modalidades oral e escrita); de curso para o aprendizado da língua de sinais em contexto; e de cursos de interpretação da língua de sinais e língua portuguesa. Dessa forma, Poker (2002) em seus estudos constatou que o problema da surdez não se localiza no retardo da linguagem oral em si, mas no que essa privação linguística provoca: impede o sujeito ao seu redor. A educação inclusiva se caracteriza como processo de incluir os portadores de necessidades especiais ou com distúrbios de aprendizagem na rede regular de ensino, em todos os seus graus. Inclusão é o principio fundamental da educação inclusiva, é a valorização da diversidade e da comunidade humana. Cabe salientar ainda que segundo a ONU, alguns fatores ainda interferem na inclusão: ignorância, negligência, superstição e o medo (WERNEK 1997). Estes fatores são mantidos certamente pela desinformação a respeito das deficiências e inclusão. O aluno com necessidade especial auditiva deverá frequentar o sistema regular de ensino, porque é um cidadão com os mesmos direitos de qualquer outro, e precisa de um modelo orientador da Língua Portuguesa, do modelo linguístico nacional, pois para que a escola seja considerada um espaço inclusivo, não pode ser burocrático, apenas cumprir as normas estabelecidas por lei.Para tal, deve ser democrática ajustando seu contexto real e respondendo aos desafios que lhes são apresentados. Para que a inclusão seja efetuada, é necessário que o trabalho não seja executado somente dentro da sala de aula e sim na escola toda; também é necessário maturidade de todo o grupo escolar para que compreendam o aluno e suas dificuldades. A inclusão na perspectiva escolar consiste em uma educação aberta, diversificada e com qualidade reconhecendo as diferenças e necessidades individuais existentes nos alunos, visando proporcionar pleno desenvolvimento social, afetiva e cognitiva dos alunos com deficiência ou sem deficiência. 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA O texto abordará as seguintes questões: surdos e ouvintes, incluídos e excluídos, direitos e legislação, resgate da história a qual o surdo está inserido. Os resultados puderam ser obtidos por meio de uma pesquisa que condiz com a realidade cotidiana desses alunos inseridos na escola e sendo assim observadas 8 suas condições de ensino e que por meio deste, seus direitos sejam garantidos. Que soluções e de que maneira seriam aplicadas as adaptações do ambiente escolar, e como se dá a preparação de professores, funcionários e administradores da escola para receberem essa inclusão de forma agregadora para todos. O interesse pela inclusão de alunos surdos se dá a partir das questões de como se estabelece as adaptações do currículo nas escolas de ensino regular, seguindo as normas de inclusão. Quando o aluno chega à escola é importante se reconhecido como agente responsável por seu percurso escolar, mas é necessária também a participação ativa da escola no contexto de apresentar recursos para facilitação do processo ensino/aprendizagem, o que deve vir acompanhado de muita reflexão em relação às diferentes formas de atuação dos docentes diante de pessoas surdas com suas limitações. Tratando agora do termo bilíngue na inclusão de surdos é importante ressaltar que desta forma é possibilitado ao docente melhor forma de interação com os alunos, a proposta do bilinguismo estabelece essa educação com privilégios distintos de tal maneira: a língua de sinais e a língua da comunidade ouvinte local, sendo esta segunda língua. 1.2 QUESTÕES NORTEADORAS Tendo como perspectiva os direitos humanos e sua inclusão, garantindo assim seus direitos à educação. Foi analisado formas de inclusão durante a inserção desses alunos na educação. Com o intuito de alcançar o propósito deste trabalho, foram definidas as seguintes questões: Conhecer a história de surdos; Acompanhar a trajetória da educação inclusiva; Verificar como ocorreu a inserção do surdo na educação Promover uma reflexão sociocultural sobre a problemática que envolve a inclusão de alunos surdos; Mostrar que o portador de surdez tem capacidade de se desenvolver de forma igualitária à uma pessoa ouvinte; Como é feita a formação de professores para trabalhar com alunos surdos; O uso da língua de sinais; A tecnologia como ferramenta positiva na Inclusão De Surdos. 9 1.3 OBJETIVOS As questões sobre o tema tiveram seus resultados obtidos por meio de uma pesquisa realizada entre professores do ensino regular que possuem alunos surdos inclusos em sala de aula. 1.3.1 Objetivo Geral Compreender como é feito o processo de inclusão de surdos na escola em seu ensino regular e analisar o papel do professor. 1.3.2 Objetivos Específicos Esta pesquisa procura a partir de análises feitas em livros e artigos apresentar de que forma é realizada a inclusão de alunos portadores de surdez. Podendo desta forma entender de que maneira a escola se adapta à inclusão. 1.4 JUSTIFICATIVA O trabalho focalizou na análise de como é dada a inclusão de surdos e de que forma isto se reflete na prática cotidiana de docentes e escola em geral no ensino regular. Contudo, apesar dos avanços consideráveis referentes à educação em nosso país as leis em vigor ainda não são suficientes para garantir ao indivíduo um aprendizado eficaz no que diz respeito à pessoa surda. É perceptível que uma grande parcela de pessoas portadoras de deficiência auditiva ainda sofre com a exclusão escolar e não têm na prática seus direitos assegurados, onde possam por meio deste desenvolver seu cognitivo e pessoal na sociedade em que vive. Sendo assim, cabe a escola como um todo proporcionar uma educação de qualidade, de forma acolhedora e igualitária. Portanto, a inclusão não deve ser tratada de forma isolada, mas sim com um conjunto de melhorias para professor/aluno, combatendo aos preconceitos ainda existentes no meio social ao qual esses alunos pertencem. 1.5 PROCEDIMENTOS METOLÓGICOS Para obtenção dos resultados cabíveis nessa pesquisa fora realizada um questionário com professores de turmas inclusivas e em seguida com professores de turmas que não possuem alunos portadores dessa deficiência, o intuito foi 10 analisar as dificuldades e soluções as quais eles acreditam que podem fazer a diferença nesse processo de inclusão. De acordo com os relatos de ambos os professores a escola necessita estar sempre buscando por inovações, inclusive tecnológica as quais podem influenciar positivamente no ensino/aprendizagem, contudo nem sempre essas ferramentas são de total acesso até mesmo pela falta de recursos. Os professores que possuem alunos portadores ressaltam que há dificuldade no ensino pela falta de uma especialização na área para trabalhar com essa deficiência em sala de aula, reforçam ainda que pelo fato das famílias desses alunos não participar ativamente desse processo torna-se mais difícil essa interação professor/aluno pela busca de melhor desempenho de aprendizagens e desenvolvimentos do aluno surdo. Em relação à estrutura escolar, é destacada pelos professores que possuem alunos com surdez, a não adaptação e capacitação para melhoria dos resultados de seu trabalho, destaca também a dificuldade em relação a vivencia cotidiana com esse aluno, e com relação ao docente que não tem aluno, existe uma relação de respeito às diferenças no meio social. A partir da observação realizada na sala de aula de um dos professores com alunos deficientes é notório que apesar das carências existentes para melhor prática do ensino aprendizagem, os alunos possuem capacidade cognitiva para aprender de forma qualitativa em respeito as suas necessidades. 11 2 INCLUSÃO COMO BASE PARA EDUCAÇÃO É um processo que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de deficiências, conduta típica ou de altas habilidades, e que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos compatíveis com as necessidades específicas de seu alunado. O processo deve ser integral, fluindo desde a estimulação essencial até os graus superiores de ensino sob o enfoque sistêmico, a educação especial integra o sistema educacional vigente, identificando-se com sua finalidade, que é a deformar cidadãos conscientes e participativos. Segundo Scotti (1999, p.20), “a educação deve ser, por princípio liberal, democrática e não doutrinária. Dentro desta concepção o educando é, acima de tudo, digno de respeito e do direito à educação de melhor qualidade”. A principal preocupação da educação, dessa forma, deve ser o desenvolvimento integral do homem e a sua preparação para uma vida produtiva na sociedade, fundada no equilíbrio entre os interesses individuais e as regras de vida nos grupos sociais. A Educação Especial obedece aos mesmos princípios da Educação Geral, deve se iniciarno momento em que se identifique atraso ou alterações no desenvolvimento global da criança e continuar ao longo de sua vida, valorizando suas potencialidades e lhe proporcionando todos os meios para desenvolvê-las. 2.1 A Formação de Professores para Trabalhar com Alunos Surdos e o Uso da Língua de Sinais (LIBRAS) Esse assunto tem gerado debates, o atraso da linguagem pode trazer algumas consequências sociais e até mesmo cognitivas, e podendo deixar o aluno surdo defasado em relação à sua aprendizagem. Um fator importante que dificulta à eficácia dessa inclusão se deve ao motivo de que os professores do ensino regular em sua maioria não conhecem a LIBRAS. Todo Projeto Pedagógico de uma escola inclusiva, para ter qualidade, deve ter a língua de sinais, como ponto importante e surdos adultos como interlocutores do processo de aquisição da linguagem. Toda aprendizagem é mediada pela linguagem e será muito melhor sucedida se a língua usada for compartilhada inteiramente em seus usos e funções sociais. 12 O profissional que está atendendo as pessoas portadoras de necessidades especiais no processo de inclusão não está capacitado para atuar com essa clientela, que queira ou não, precisam de técnicas e mecanismos para desenvolver suas habilidades, principalmente se as pessoas apresentarem surdez profunda. Dessa essa forma afirma Glat (1988, p.11): Se não houver uma modificação estrutural no sistema educacional brasileiro, a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais, principalmente os mais prejudicados, nunca será concretizada, logo, a noção de inclusão total não é uma proposta, e sim uma utopia. Infelizmente a escola ainda faz parte de uma sociedade excludente e preconceituosa, sendo assim, faz-se necessário a criação e propostas diferenciadas para facilitar o processo ensino aprendizagem, vale salientar também que é preciso considerar a possibilidade da formação de uma equipe especializada para dar suporte à escola, em especial aos professores para que exerçam suas funções de forma qualitativa e que venha propiciar melhores condições em educação para esses alunos com deficiência. Outro meio é adotar um modelo bilíngue de educação, capacitando a melhoria no desenvolvimento linguístico do surdo. A participação das famílias interfere extremamente nessa qualidade de aprendizagem, a qual proporciona junto às escolas alternativas para fazer com que o aluno surdo ingresse e permaneça no ambiente escolar de forma participativa e prazerosa. De acordo com as políticas de educação, as escolas inclusivas são escolas para todos, o que requer um sistema educacional que reconheça e atenda às diferenças individuais, respeitando as necessidades de qualquer aluno. As línguas de sinais envolvem movimentos que podem parecer sem sentido para muitos, mais que significam a possibilidades de organizar as ideias, estruturar o pensamento e manifestar o significado dos surdos. Pensar sobre a surdez requer penetrar no mundo dos surdos e ouvir as mãos que, com alguns movimentos dizem o que fazer para tornar possível o contato entre os mundos envolvidos. A diversidade enriquece uma sala de aula pelo simples motivo de se aprender com o diferente. 13 Quanto maior a diversidade na sala, não só com relação a várias deficiências, mas a diversidade cultural, de origem, de credo, de gênero, a física, faz a pessoa aprender mais, a conhecer mais o mundo, a perceber que há mais lá fora do que se possa imaginar. A construção do conhecimento em uma sala onde predomina a diversidade será muita mais preciosa. Dessa maneira, será possível sonhar com um mundo sem preconceitos e discriminações para os surdos. Os professores precisam estar conscientes de sua importância e da função que desempenham, no caso de ter um aluno com surdo, na sala. Como se vê, é na relação concreta entre o educando e o professor que se localizam os elementos que possibilitam decisões educacionais mais acertadas, e não somente no aluno ou na escola. Comprometidos com a proposta da inclusão devem acreditar no potencial desses alunos, no seu desempenho para que os mesmos sintam-se úteis na sociedade. O importante é que o professor esteja aberto às inovações, tais como a valorização e o reconhecimento da diversidade do processo de ensino- aprendizagem, sempre buscando estar em contato com novas ideias, ampliando seus conhecimentos além da formação acadêmica, para poder acolher bem os alunos especiais e agir de maneira competente diante das situações que surgirão na sala de aula. (FIGUEREDO, 2002). A atitude do professor é um dos fatores que mais contribui para o sucesso de qualquer medida de integração da criança com deficiência. De fato, como o comprovam as práticas do dia-a-dia nas nossas escolas, não basta determinarem legalmente a integração para que ela aconteça. 2.2 Filosofias Educacionais na Área da Surdez A educação bilíngue é um desafio da inclusão. Fernandes (2011) define a educação bilíngue como uma proposta educacional que compreende, em sua realização, a utilização de duas línguas na comunicação e no ensino dos Surdos: a língua Brasileira de Sinais (Libras) e a língua portuguesa. A ideia do bilinguismo é possibilitar ao aluno, a se comunicar em libras e também na compreensão da oralidade e escrita. Assim, podendo se comunicar melhor com os ouvintes. Essa é uma maneira que propicia ao surdo, um desenvolvimento da linguagem e cognição. Conforme Zillioto (2007, p. 17), atualmente ‘a surdos têm sido discutida como uma diferença linguística, uma vez que pessoas que apresentam uma perda auditiva significativa se comunicam na modalidade visual-espacial a língua de sinais’. Esse 14 aprendizado pode ser comparado da mesma forma quando um ouvinte vai aprender uma língua estrangeira além de prática, requer metodologia apropriada para o ensino. Segundo Fernandes (2003), para os surdos é bem mais difícil por causa de sua limitação auditiva. O bimodalismo faz a relação dos sinais e da oralidade, assim o surdo consegue fazer essa associação das palavras com os gestos. Educar é transmitir aos filhos os costumes, valores e normas, como forma de um ambiente saudável e acolhedor. Não é preciso que os pais sejam perfeitos, mas devem estar atentos sensíveis e humanos no amor, confiança e estímulos para com o filho especial. 2.3 Tecnologias Inclusivas para Surdos As tecnologias para deficientes auditivos têm como objetivo melhorar e facilitar a qualidade de vida das pessoas com problemas de surdez, que atualmente conseguem ter acesso a diversas facilidades, como os aparelhos auditivos do tipo próteses, telefones especialmente adaptados, os aparelhos de fax e os celulares, com dispositivo de mensagem de texto, relógios e despertador vibratório e entre outras. A educação especial assume, a cada ano, importância maior na perspectiva de atender às crescentes exigências de uma sociedade em processo de renovação e de busca incessante da democracia. Porém, essa só será alcançada quando todas as pessoas, indiscriminadamente, tiverem acesso à informação, ao conhecimento e aos meios necessários para a formação de sua plena cidadania, sejam elas, pessoas com ou sem limitação visual ou auditiva, por exemplo. A partir desse contexto a escola deve inclinar-se não tão somente para as dificuldades do aluno em situação de deficiência, mas para os traços peculiares que marcam as diferenças entre os indivíduos no sentido em que: “As diferenças e as individualidades devem ser reconhecidas como aspectos positivos em todos os indivíduos”. Stainback (2006). 15 3 PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOSEM ESCOLAS PÚBLICAS Abordar a temática da vida dos surdos nos últimos anos não é uma tarefa fácil, pois a visibilidade sobre a clareza da heterogeneidade e da diversidade esteve tão distante da vida dos brasileiros, que se torna muito tímida a tentativa de trabalhar a inclusão dos surdos na escola e na sociedade. Alguns pressupostos da Educação Inclusiva são: A educação inclusiva por serem pessoas especiais necessita de apoio de todas as demais entidades que se interessam em colaborar, tendo uma visão ampla compromissada de assumir responsabilidades de participação das atividades pedagógicas dos alunos. Segundo a Declaração de Salamanca (1994) independente das suas etnias o direito de igualdade é para todos. A questão da inclusão social abre um significado especial no bojo da educação brasileira, com os pressupostos exclusivistas que nos últimos anos estão sendo discutidos por suas características que permeiam a busca de uma sociedade igualitária, nos moldes das reais necessidades de uma clientela, cada vez mais exigente, quanto aos seus direitos e seus potenciais de realizações, que tem por finalidade a busca não apenas se autogerir, como também colocar o sujeito dentro do contexto escolar regular, e,sobretudo, buscar soluções, com a participação de todos em busca de uma educação com qualidade. Com relação à Educação Especial reitera que: A diretriz atual é a da plena integração das pessoas com necessidades especiais em todas as áreas da sociedade. Trata-se, portanto, de duas questões: o direito à educação com uma todas as pessoas e o direito de receber essa educação sempre que possível junto com as demais pessoas nas escolas regulares (Ibid., p.119). 3.1 A SURDEZ E SUAS POLÍTICAS PÚBLICAS: Em alguns momentos, deixarmos de referendar tamanhos valores na literatura e na ciência. Estudiosos que voltados ao ensino, à educação, à família e à vida em sociedade dos surdos não poderiam deixar de serem referenciados. A inclusão de surdos na rede regular de ensino deve possuir como propósito conduzir a criança surda em condições sociais de vincular-se aos ouvintes, mas também, de preservar sua identidade e dignidade. 16 Existe uma mínima parte dos alunos que sofre com a falta de audição parcial ou total, não há recursos suficientes, tampouco estudos pedagógicos que solucionem as dificuldades ou competências comunicativas do aluno surdo, consequentemente esse tem seu aproveitamento insuficiente e, posteriormente prejudica-se nos estudos secundários e acadêmicos, o que provoca sérios transtornos de autoimagem. De acordo com Segala (2009) estar incluído significa sentir-se parte do mundo, compartilhar o mundo do outro, poder adentrar-se nele. Não basta matricular um surdo em uma sala de ouvintes, tampouco matricular um ouvinte em uma sala de surdos. Isso não é inclusão. Ao vislumbrar o processo de inclusão e adaptação de crianças que possuem surdez na rede regular de ensino, é notável observar que os discentes surdos, de forma geral, não possuem seu direito à educação respeitada, pois em consequência da dificuldade de acesso à língua utilizada pela maioria desses alunos, ficam distanciados do processo ensino aprendizagem e mesmo após anos de escolarização, comumente não apresentam domínio mínimo dos conteúdos transmitidos que é necessário ao seu desenvolvimento e a sua adequada inserção social. Os documentos que norteiam as políticas da educação especial e concomitante educação inclusiva são os seguintes: Lei Federal n 7.853, de 24 de Outubro de 1989 –dispõe Política Nacional para a integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Lei n 9.394, de 20 de Dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n 3.298, de 20 Dezembro de 1999 – institui Política Nacional para a integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Lei n 10.172, de 09 de Janeiro de 2001 – Aprova o Plano Nacional de Educação. Resolução CNE n 02, de 11 de Setembro de 2001 – institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Estas leis teoricamente fazem com que sejam respeitados os direitos das pessoas que necessitam de atendimento especializado. A inclusão veio para 17 transformar a educação do nosso país, onde a escola seja para todos, recebendo alunos “normais” ou com algumas necessidades especiais. As pessoas ouvintes muitas vezes confundem essa deficiência com problemas mentais, onde na verdade não é, o surdo vê o mundo apenas com outros olhos, de uma forma visual ele cria seu próprio mundo e vivencia suas experiências. 3.2 Tipos de Deficiência Auditiva e suas Causas A deficiência auditiva é a perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando em graus e níveis. Vejamos a seguir alguns tipos dessas deficiências: Deficiência Auditiva Condutiva: qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna. Pode ser corrigido por meio de tratamento clínico ou cirurgia; Deficiência Auditiva Neurossensorial: quando a possibilidade do som pode se manifestar em qualquer idade; Deficiência Auditiva Mista: quando há alteração na conduta do som até o órgão terminal sensorial e lesão no nervo auditivo, o diagnóstico é feito através de um audiograma; Pré-Natal: a criança adquire a surdez da mãe no período gestacional; Perinatais: a criança fica surda quando há complicações no parto como infecções hospitalares e prematuridade. Algumas causas importantes de surdez de condução são: obstrução por acúmulo de cera ou por objetos introduzidos no canal do ouvido, Perfuração ou outro dano causado no tímpano, Infecção no ouvido médio, Infecção, lesão ou fixação dos pequenos ossinhos (ossículos) dentro do ouvido médio (LINDEN, 2008). A surdez é uma condição que se manifesta com diferentes graus, desde perdas auditivas leves até a surdez profunda. Grande parte dos casos de surdez é transmitida durante a gravidez como consequência do consumo de álcool e drogas, má nutrição da mãe, doenças como diabetes, ou mesmo infecções que surgem durante a gestação como sarampo ou rubéola. 3.3 Trajetória da Inclusão de Surdos 18 Na antiguidade acreditava-se que as pessoas deficientes não podiam ser educadas, eram consideradas aberrações. No Século XVI que se começa a considerar a possibilidade do surdo aprender, nas tentativas iniciais além da atenção dada à fala, a língua escrita também desempenhava papel fundamental. Professores utilizavam alfabetos digitais inventados por eles mesmos, no entanto essa ferramenta era privilégio apenas para surdos ricos. 3.4 Papel da Família O papel da família é fundamental no processo de inclusão, pois é de suma importância que ela prepare o seu filho para conviver fora do seio familiar e faça o acompanhamento no desempenho do ensino/aprendizagem. A família constitui o primeiro universo de relações sociais da criança. Porquanto, é no seio familiar que a criança pode encontrar um ambiente favorável de crescimento e desenvolvimento ou um ambiente desfavorável, que na verdade gera dificuldades. Assim a criança Surda pode ser melhor se ela encontrar na sua família apoio e um ambiente favorável. A família desempenha um papel preponderante no processo de inclusão de alunos surdo, porque consideram que a família deve preparar os filhos para a inclusão. A família tem um papel importante e fundamental no trabalho fonoaudiólogo. Ela oferece á criança surda situação do dia a dia para a estimulação, seja por meio oral ou de sinais, além do mais é necessário que se trabalhe com o envolvimento de toda a família no processode estimulação para que todos possam sentir-se capazes de ajudar e se responsabilizarem pela educação da criança surda, que por sua vez deve ser vista em sua totalidade dentro do contexto familiar. A ajuda aos pais, quando qualificada e oportuna, poderá ter efeito significativo se for realizada nos primeiros anos de vida da criança, período crítico de seu desenvolvimento. Segundo Ackerman (1986, p 38) [“...] família é a unidade de desenvolvimento e experiência, realização e fracasso, saúde e enfermidade”, portanto a família deve ser uma presença constante, não para superproteger, mas para servir de apoio moral, afetivo, enfim, é a estrutura do ser humano, em seu desenvolvimento. 19 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A deficiência auditiva é, certamente, um assunto de máxima relevância e de interesse de toda a sociedade, seja em ambiente escolar ou não, já que trata-se de um tema que envolve o ser humano em sua cognição e adaptação social. As pessoas com deficiência auditiva têm o direito e devem ser inseridas normalmente na sociedade. Parece haver concordância geral deque as crianças com surdez, que possuem pais ouvintes, superam-se mais quando o diagnóstico é feito o mais cedo possível e quando há tempo de ajudar a família na aceitação do limite auditivo da criança e no desenvolvimento de sua linguagem. A ajuda aos pais e professores deve incluir informações (repetidas frequentemente: o quanto for necessário); oportunidade de fazer perguntas; apoio nas crises emocionais, por ocasião do diagnóstico; aquisição do aparelho auditivo e instruções com relação a seu uso e manutenção; conselhos sobre a educação infantil; ajuda na interpretação do significado da surdez para os parentes e experiência junto a diferentes surdos (adultos e crianças). Entretanto, o governo infelizmente não disponibiliza verbas satisfatórias para as escolas poderem comprar materiais adequados para trabalhar com esses alunos que necessitam de um aprendizado diferenciado. Para melhorar a vida escolar não apenas do aluno que é surdo, mas para os próprios professores, seria viável que todos os professores da rede de ensino fizessem uma capacitação, e aprendessem pelo menos o básico da língua, claro que não acabaria todos os problemas encontrados na sala de aula, mas já iria minimizar bastante. Ainda, há muito a se fazer não apenas em relação à inclusão, mas em todo âmbito escolar, para todos os alunos que frequentam uma escola a fim de ter um aprendizado de qualidade, para prestar um vestibular e passar, dando continuidade à vida acadêmica. São poucos os alunos surdos que conseguem chegar a uma faculdade, e quando chegam muitas vezes não conseguem concluir por falta de profissionais especializados que o ajude em suas atividades que são bem mais difíceis, enquanto universitário. 20 REFERENCIAS GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. SILVA, Aline Maira da. Educação especial e inclusão escolar: historia e fundamentos. SANTOS, M. P. dos. Educação especial: A família e o movimento pela inclusão. Brasília: 1999 OLDFELD, Márcia. A criança Surda: Linguagem e Cognição numa perspectiva sócio-interacionista. DIOGO, José M.L. Parceria escola-família: A comunidade de uma educação. ALMEIDA, Elizabeth Oliveira Crepaldi. Leitura e Surdez: um Estudo com Adultos não Oralizados. Rio de Janeiro: Revinter, 2000
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