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HISTORIA Feudalismo

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Feudalismo 
O feudalismo foi o sistema socioeconômico dominante na Idade Média. É derivado de 
feudo: área de direito do senhor sobre as pessoas, coisas e terras. 
Periodização: 
1. Séc. III – VIII – formação do Feudalismo, tem início com as primeiras invasões 
bárbaras; 
2. Séc. VIII – XI – apogeu do Feudalismo; 
3. Séc. XI – XV – decadência. 
O feudalismo ocorreu entre o século V e XV, após a queda do Império Romano e que se 
divide em pequenos reinos, porém esses reinos não foram capazes de solucionar os 
problemas de segurança das pessoas, e no século V a população começa a fazer um êxodo 
urbano, pois a população estava indefesa contra os ataques dos Germanos procurando 
assim se esconder dos ‘‘bárbaros’’. 
A sociedade feudal era formada pela aristocracia proprietária de terras (composta pelo 
alto clero e pela nobreza) e pela massa de camponeses (servos e vilões não proprietários). 
O clero ocupa papel relevante na sociedade feudal. Os sacerdotes destacavam-se como 
servidores de Deus, detentores da cultura e administradores das grandes propriedades da 
Igreja, além de sua marcante ação assistencial aos desvalidos. A Igreja procurava 
legitimar o modo de agir da aristocracia, afirmando que Deus tinha distribuído tarefas 
específicas a cada homem e que, portanto, uns deviam rezar pela salvação de todos (o 
clero), outros deviam lutar para proteger o povo de Deus (a nobreza) e os outros deviam 
alimentar com seu trabalho, aqueles que oravam e guerreavam (os camponeses). 
O sistema feudal tem origem em instituições tanto do mundo romano quanto do 
germânico. A principal unidade econômica de produção era o feudo, que se dividia em 
três partes distintas: a propriedade privada do senhor, chamada manso senhoril, no interior 
da qual se erigia um castelo fortificado, o manso servil, que correspondia à porção de 
terra arrendada aos camponeses em lotes denominados tenências, e ainda o manso 
comunal,constituído por terras coletivas, pastos e bosques, usados tanto pelo senhor 
quanto pelos trabalhadores camponeses presos à terra – os servos. Diante da crise 
econômica e das invasões germânicas, muitos dos grandes senhores romanos 
abandonaram as cidades e foram morar nas suas propriedades no campo. Esses centros 
rurais, conhecidos por vilas romanas, deram origem aos feudos medievais. Muitos 
romanos menos ricos passaram a buscar proteção e trabalho nas terras desses grandes 
senhores. Para poderem utilizar as terras, no entanto, eles eram obrigados a entregar ao 
proprietário parte do que produziam, estava instituído assim, o colonato. Aos poucos, o 
sistema escravista de produção no Império Romano ia sendo substituído pelo sistema 
servil de produção, que iria predominar na Europa feudal. Nascia, então, o regime de 
servidão, onde o trabalhador rural é o servo do grande proprietário. 
No sistema feudal, o rei concedia terras a grandes senhores. Estes, por sua vez, davam 
terras a outros senhores menos poderosos, chamados cavaleiros, que, em troca lutavam a 
seu favor. Quem concedia a terra era um suserano, e quem a recebia era um vassalo. As 
relações entre o suserano e o vassalo eram de obrigações mútuas, estabelecidas através 
de um juramento de fidelidade. Quando um vassalo era investido na posse do feudo pelo 
suserano, jurava prestar-lhe auxílio militar. O suserano, por sua vez, se obrigava a dar 
proteção jurídica e militar ao vassalo. O feudo (terra) era o domínio de um senhor feudal. 
Não se sabe o tamanho médio desses feudos. 
Características Econômicas e Sociais: 
Durante a alta idade média, que transcorreu entre o século V ao século XI, devido, 
principalmente a instabilidade política, fruto das invasões bárbaras, a economia feudal 
caracterizou-se pela auto-suficiência. Isto significa dizer que o feudo buscava produziu 
tudo que era necessário para a manutenção da comunidade. A quase inexistência de 
comércio impedia que houvesse um abastecimento externo ao feudo. 
Assim, as principais atividades econômicas estavam associadas à manutenção das 
pessoas. Merece destaque a produção agrícola e a criação de animais. 
Já na baixa idade média notou-se uma ruptura com as características de subsistência que 
apresentava o feudalismo. Com o fim das invasões e o surgimento de novas técnicas 
agrícolas foi possível a comercialização do excedente de produção. 
O aumento do comércio promoveu o desenvolvimento das cidades medievais. Grande 
parte dessas antigas cidades tinha um núcleo fortificado com muralhas, chamado burgo. 
Com o crescimento da população, o burgo foi alargando seus limites para além das 
muralhas. Os comerciantes e artesãos que viviam em torno dos burgos eram chamados de 
burgueses. 
Aos poucos, o progresso do comércio e das cidades foi tornando a burguesia mais rica e 
poderosa, passando a disputar interesses com a nobreza feudal. Além disso, a expansão 
do comércio também influenciou na mentalidade da população camponesa, contribuindo 
para desorganizar o feudalismo. 
Cansados da exploração feudal, muitos servos ouviam entusiasmados as notícias da 
agitação comercial das cidades. Grande número deles migrava para as cidades em busca 
de melhores condições de vida. As cidades tornaram-se locais seguros para aqueles que 
desejavam romper com a rigidez da sociedade feudal. Por isso, um antigo provérbio 
alemão dizia: O ar da cidade torna o homem livre. 
Os servos que não migraram para as cidades organizaram no campo diversas revoltas 
contra a opressão dos senhores. Em muitos casos, conseguiram aliviar o peso de algumas 
obrigações, como a talha e a corvéia. Isso foi forçando a modificação das antigas relações 
servis. Surgiram, por exemplo, contratos de arrendamento da terra entre camponeses e 
proprietários. Surgiram, também, contratos de salário para pagamento do trabalho dos 
camponeses. 
Lentamente foi surgimento rotas de comércio por toda a Europa, merecendo destaque as 
rotas do sul que eram organizadas pelas cidades italianas de Gênova e Veneza e as rotas 
do norte que se desenvolviam na região de Flandres. 
Com o rápido crescimento do comércio e do artesanato nos burgos, a concorrência entre 
mercadores e artesãos aumentou bastante. Para regulamentar e proteger as diversas 
atividades surgiram as corporações. Cada uma dessas corporações reunia os membros de 
uma atividade, regulando-lhes a quantidade e a qualidade dos produtos, o regime de 
trabalho e o preço final. Procuravam assim eliminar a concorrência desleal, assegurar 
trabalho para todas as oficinas de uma mesma cidade e impedir que produtos similares de 
outras regiões entrassem no mercado local. Em cada oficina havia apenas três categorias 
de artesãos: mestres, oficiais ou companheiros e aprendizes. 
Sociedade 
A sociedade medieval era dividida em estamentos. Os três principais grupos eram 
nobreza, clero e servos. 
Haviam outros grupos sociais, como os poucos comerciantes existentes na alta idade 
média. Foi somente na baixa idade média que surgiu a burguesia que rompeu com a 
característica da sociedade apresentada acima. 
A sociedade medieval apresentava ausência de ascensão social e quase inexistia 
mobilidade social. Como o clero e a nobreza comandavam a sociedade, era comum o 
clero criar justificativas religiosas para que os servos não contestassem a sociedade. Era 
uma sociedade estamental. 
Na sociedade feudal cada grupo social detinha uma função. O clero cumpria a função da 
salvação da alma de todos, a nobreza deveria proteger a todos e os servos deveriam 
trabalhar para sustentar a todos. Assim se justificava a exploração do servo e a 
necessidade dele seguir os desígnios da Igreja. 
O camponês é servil, a relação de trabalho é servil. Era comum o servo, para obter as 
terras dentro do feudo do senhor feudal ou nobre, jurar fidelidade a esse senhor. Essa 
cerimônia era baseada na relação de suserania e vassalagem realizada entre suserano evassalo. Ao jurar fidelidade um ao outro, o senhor se comprometia a proteger o servo. 
Porém, o servo deveria dar em troca um conjunto de obrigações que passaria para a 
História como obrigações servis. A terra é o maior símbolo de riqueza e poder; 
Relações sociais – verticais ou horizontais: 
• relações sociais de servidão entre o Senhor das terras e o Camponês (servo) – não 
possuidor de terras – o servo deve obrigações ao senhor feudal. É uma relação vertical; 
• relações jurídico-políticas de Vassalagem: é a relação entre dois nobres. É uma relação 
horizontal. Os dois senhores feudais juram fidelidade e trocam benefícios e 
homenagens recíprocas; 
Pirâmide social “de baixo p/ cima”: Laboratores (servos), Belatores Nobreza), Oratores 
(Clero) 
Suserano: nobre que doa a terra; 
Vassalo: nobre que recebe a terra para nela trabalhar; 
Investidura: é um ato solene que através do qual o nobre feudal torna-se suserano ou 
vassalo. 
Obrigações do servo a seu senhor 
Cada feudo compreendia uma ou mais aldeias, as terras cultivadas pelos camponeses, a 
floresta e as pastagens comuns, a terra pertencente à igreja paroquial e a casa senhorial, 
que ficava melhor cultivável. A base do sistema feudal eram as relações servis de 
produção. Os servos viviam em extrema miséria, pois, além de estarem presos à terra por 
força de lei, estavam presos aos senhores, a quem deviam obrigações como: 
• a talha 
• a corvéia 
• a banalidades 
A talha era a obrigação de o servo dar, a seu senhor, uma parte do que produzia. Essa 
parte, em geral, correspondia à metade. 
A corvéia era a obrigação que o servo tinha de trabalhar de graça alguns dias por semana 
no manso senhorial, ou seja, no cultivo das terras reservadas ao senhor. 
As banalidades eram os pagamentos que os servos faziam aos senhores pelo uso da 
destilaria, do forno, do moinho, do celeiro etc. 
Além, disso, uma parte da sua produção era destinada à Igreja. Tudo isso levava a um 
baixíssimo índice de produtividade, pois, além de as técnicas serem rudimentares, os 
servos não tinham a menor motivação para desenvolvê-las porque sabiam que, quanto 
mais produzissem, mais os senhores lhes sugariam. 
Típico feudo 
O fator que mais contribuiu para o declínio do sistema feudal foi o ressurgimento das 
cidades e do comércio. Com o ressurgimento das cidades, os camponeses passaram a 
vender mais produtos e, em troca, conseguir mais dinheiro. Com o dinheiro alguns 
puderam comprar a liberdade. Outros simplesmente fugiram para as cidades em busca 
de melhores condições de vida. 
Características Políticas 
• Poder Político descentralizado nas mãos do Rei e centralizado nas mãos do senhor 
Feudal; 
• Trabalho Servil: os servos trabalhavam em troca de proteção; 
• Estado monárquico feudal (base- relação de subsistência e vassalagem entre a nobreza 
e o Rei); 
• Caráter Ideológico; 
• Igreja Católica (formadora de idéias). 
Modo de Produção: 
Campos abertos: terras de uso comum. Nelas os servos podiam recolher madeira e soltar 
os animais. Nesses campos, que compreendiam bosques e pastos, havia uma posse 
coletiva da terra. 
Reserva senhorial: terras que pertenciam exclusivamente ao senhor feudal. Tudo o que 
fosse produzido na reserva senhorial era de sua propriedade privada. 
Manso servil ou tenência: terras utilizadas pelos servos, das quais eles retiravam seu 
próprio sustento e recursos para cumprir as obrigações feudais. 
Relação de Trabalho: 
Era para legitimar as obrigações servis. 
1. Corvéia: trabalhos gratuitos e obrigatórios realizados pelos servos durante alguns 
dias na semana nas terras do manso senhoril; 
2. Talha: taxa paga pelo servo ao senhor feudal que consistia em metade da produção 
obtida no manso servil; 
3. Banalidade: taxa paga pelo servo pelo uso de determinadas localidades do feudo; 
4. Capitação: taxa que o servo pagava ao senhor feudal por cada membro de sua família 
dentro do feudo; 
5. Dízimo: taxa paga à Igreja Católica pelo fato do servo respeitar a Igreja e ainda 
“comprar um terreno no céu”; 
6. Taxa de casamento: era paga pelo servo ao senhor feudal, quando aquele fosse se 
casar com uma mulher pertencente a outro feudo; 
7. Taxa de nascimento: taxa paga pelo servo, quando o seu filho nasce; 
8. Taxa de justiça: é a taxa que o servo pagava ao senhor feudal para que se fizesse 
justiça dentro do feudo; 
9. Taxa da mão-morta: taxa que o servo pagava ao senhor feudal para ocupar heranças. 
Haviam outras taxas que variavam de região para região. Assim, o servo vivia uma grande 
exploração que permitia o sustento do restante da população. 
Poder Ideológico da Igreja 
A Igreja tinha grande poder ideológico e coercitivo sobre as pessoas da época. Até hoje a 
Igreja possui grande influência cultural. 
A decadência do feudalismo 
O crescimento da população, verificado entre os séculos XI e XIV, foi extraordinário. Os 
nobres aumentaram em número e tornaram-se mais exigentes com relação aos seus 
hábitos de consumo: isso determinava a necessidade de aumentar suas rendas e para 
consegui-lo, aumentou-se grandemente o grau de exploração da massa camponesa. Esta 
super exploração produziu protestos dos servos, consubstanciados em numerosas revoltas 
e fugas para as cidades. A repressão a esses movimentos foi enorme, mas a nobreza e o 
alto clero tiveram razões para temer por sua sobrevivência. 
Paralelamente, importantes alterações do quadro natural provocaram sérias 
consequências. Durante o século XIII ocorrera uma expansão das áreas agrícolas, devido 
ao aproveitamento das áreas de pastagens e à derrubada de florestas. O desmatamento 
provocou alterações climáticas e chuvas torrenciais e contínuas, enquanto o 
aproveitamento da área de pastagens levou a uma diminuição do adubo animal, o que se 
refletirá na baixa produtividade agrícola. Com as péssimas colheitas que se verificaram, 
ocorreu uma alta de preços dos produtos agrícolas. Os europeus passaram a conviver com 
a fome. 
Dificuldades econômicas de toda ordem assolavam a Europa, que passou a conviver com 
um outro problema: o esgotamento das fontes de minérios preciosos, necessários para a 
cunhagem de moedas, levando os reis a constantes desvalorizações da moeda. Isso só 
fazia agravar a crise. 
No plano social, ao lado dos problemas já levantados, importa verificar o crescimento de 
um novo grupo: a burguesia comercial, residente em cidades que tendiam para uma 
expansão cada vez maior, pois passaram a atrair os camponeses e os elementos 
“marginais” da sociedade feudal. 
Politicamente, a crise se traduz pelo fortalecimento da autoridade real, considerado 
necessário pela nobreza, temerosa do alcance das revoltas camponesas. A unificação 
política, ou surgimento dos Estados Nacionais, aparece, desta forma, como uma solução 
política para a nobreza manter sua dominação. 
Finalmente, a crise se manifesta também no plano espiritual—religioso. Tantas desgraças 
afetaram profundamente as mentes dos homens europeus, traduzindo-se em novas 
necessidades espirituais (uma nova concepção do homem e do mundo) e religiosas (a 
igreja Católica não conseguia atingir tão facilmente os fiéis, necessitados de uma teologia 
mais dinâmica). 
Esta crise é o ponto de partida para se compreender o processo de transição do Feudalismo 
ao Capitalismo. Para melhor compreenda-la, selecionamos alguns documentos que 
permitirão um entendimento das questões provocadas pela Peste Negra, no que se refere 
à demografia e às modificações na mentalidade da sociedade européia 
A palavra feudo significa propriedade. O sistema feudal era um sistema social fechado, 
fundamentado na propriedade da terra. 
Os senhores dos coutos (propriedades da Igreja) e das honras (propriedades da Nobreza) 
exerciam autoridade absoluta e só prestavam obediência ao rei. 
O Sistema Feudal 
A Alta Idade Média é o períodoinicial da Idade Média. Começa no século V e termina 
no século XI. Caracteriza-se pela formação do sistema feudal – feudalismo (do século V 
ao IX) e por sua cristalização (do século IX ao XI), isto é, quando o feudalismo esteve 
plenamente estruturado. 
Após o século XI, o sistema feudal entrou em crise e foi substituído pelo sistema 
capitalista, num processo muito lento que só se completaria no século XVIII. 
Origens do sistema feudal 
O feudalismo é um sistema caracterizado pela economia de consumo, trocas naturais, 
sociedade estática e poder político descentralizado. Os fatores que explicam o surgimento 
desse sistema na Europa podem ser divididos em estruturais e conjunturais. 
Os fatores estruturais estão representados pelas instituições econômicas, sociais, políticas 
e culturais dos romanos (Império Romano do Ocidente) e dos povos germânicos que se 
fixaram dentro do Império a partir do século V. 
Os principais elementos romanos que contribuíram para a formação do feudalismo foram: 
a economia agrária e auto-suficiente das vilas romanas; as relações de meação (sendo o 
colonato a mais importante) existentes no campo durante o Baixo Império; o 
distanciamento social entre os proprietários e os trabalhadores (clientes, colonos e 
precários); e o poder político-militar localizado. Todos estes aspectos eram resultado da 
crise econômica e política do Império Romano. 
Os elementos germânicos que entraram na formação do feudalismo foram: a economia 
agropastoril; o regime de trocas naturais; a sociedade, em que os guerreiros se submetiam 
à autoridade de um chefe militar; e o individualismo político. Entre os germanos não 
existia a noção de Estado. Cada chefe possuía autonomia, de tal forma que só em época 
de guerra ou perigo os chefes se submetiam à autoridade suprema de um “rei”. 
Assim sendo, surgiu entre os germanos uma instituição chamada Comitatus. Nessa 
organização (na verdade um bando armado), as relações entre comandante e comandados 
eram diretas e recíprocas, baseadas em juramentos de lealdade e fidelidade. Tais 
características iriam ser mantidas nas relações políticas do feudalismo. 
O processo de integração das estruturas românicas e germânicas foi lento, cobrindo todo 
o período que vai do século V ao IX. Isto porque a forma de integração dependia dos 
fatores conjunturais, relacionados com as invasões que assolaram a Europa do século V 
ao IX, semeando a insegurança, dificultando as comunicações, enfraquecendo o poder 
político e atomizando a sociedade, de forma a ter no feudo sua unidade fundamental. 
As invasões germânicas (séculos V e VI) visaram inicialmente aos centros urbanos do 
Império, a fim de saqueá-los; mas depois tenderam a se fixar nas regiões favoráveis às 
atividades agrárias. Com isso, completaram o êxodo urbano já iniciado no Baixo Império 
Romano e cortaram as comunicações entre as unidades rurais e urbanas, enfraquecendo 
as segundas e forçando as primeiras à auto-suficiência. O poder político, incapaz de conter 
as invasões, viu-se na contingência de transferir as funções de defesa para os proprietários 
rurais. Dessa forma, completava-se a descentralização do poder, o qual iria se tornar 
localizado. 
Em seguida às invasões germânicas, vieram os muçulmanos (século VIII). Os árabes 
tinham se unificado politicamente depois da união religiosa conseguida por Maomé, 
organizador do islamismo. A religião islâmica, sintetizada no Corão e na Suna, pregava 
a guerra santa aos infiéis, justificava o direito de saquear os infiéis (botim) porque não 
aceitavam o Deus criador dos bens materiais. A elevada pressão demográfica na Arábia 
(havia poligamia), mais os fatores religiosos e econômicos, explicam a fulminante 
conquista empreendida pelos muçulmanos. Conquistaram o Oriente Médio, o Norte da 
África, a Península Ibérica, o Sul da França e as ilhas do Mar Tirreno (Córsega, Sardenha 
e Sicília). Mas a pirataria muçulmana impedia a navegação de barcos cristãos pelo 
Mediterrâneo. Dessa forma, a Europa ficou isolada do Oriente e quase desapareceram o 
comércio, as cidades e a própria economia de mercado, com suas trocas monetárias. 
Completa-se então, na Europa Meridional, o processo de ruralização econômica. 
Quando os muçulmanos completaram sua tomada de posição no sudoeste da Europa, o 
Ocidente europeu começava a sofrer os ataques dos normandos (vikings), procedentes 
da Noruega e da Dinamarca. Os normandos eram ligados às atividades marítimas, 
pescadores e piratas que, por volta do século IX, aterrorizaram as Ilhas Britânicas e a 
França com suas incursões. Não se restringindo aos ataques no litoral, subiam o curso dos 
rios e saqueavam as populações ribeirinhas, pilhando vilas, mosteiros e igrejas, roubando 
o gado e escravizando os cristãos. Dado esse duplo caráter, marítimo e fluvial, de suas 
operações, não havia na Europa força militar adequada para contê-los. As áreas mais 
atingidas foram a Inglaterra e o noroeste da França, onde uma parte dos normandos veio 
a se fixar, dando origem à Normandia. 
Na Europa Oriental, ou, mais precisamente, em terras da Rússia e Ucrânia atuais, os 
normandos da Suécia (conhecidos como varegues) realizaram uma penetração de caráter 
principalmente comercial, pois as populações locais eram demasiado atrasadas para 
oferecer boas perspectivas de pilhagem. Seguindo o curso dos rios que desembocam no 
Mar Negro, os varegues acabaram estabelecendo contatos mercantis com Constantinopla, 
onde trocavam trigo e produtos da Europa Setentrional por artigos manufaturados. 
Ainda no século IX, os magiares (húngaros), procedentes da Ásia Central, invadiram a 
Europa, aumentando a insegurança geral. A situação agravou-se com a chegada 
dos eslavos, vindos das estepes russas. 
No século IX, portanto, definiu-se na Europa um quadro de instabilidade generalizada, o 
qual criaria as condições necessárias para a consolidação das estruturas feudais. 
O modo de produção do sistema feudal 
A economia feudal 
A economia feudal era fechada, sem mercados externos; era também natural, pois as 
trocas comerciais se realizavam in natura. A produção do feudo destinava-se ao consumo 
local, visando à auto-suficiência (economia de subsistência). 
O elemento essencial e definidor do feudalismo eram as obrigações consuetudinárias 
(costumeiras) devidas pelos servos a seus senhores, tanto em produtos como em serviços. 
Os bens eram possuídos privativamente, mas a terra — um bem econômico fundamental 
— poderia ser usufruída por todos (posse coletiva), quando se tratasse de pastagens. 
O regime de trabalho era servil, pois os servos constituíam a mão-de-obra típica do 
sistema. Eles estavam presos à terra que cultivavam, sendo-lhes proibido abandoná-la. 
Mas, embora privados de liberdade, não poderiam ser considerados escravos, pois tinham 
alguns direitos e recebiam proteção de seus senhores. Em troca, deviam-lhes diversas 
obrigações, a saber: 
A corvéia era o trabalho agrícola realizado pelo servo na reserva do senhor (também 
denominada manso senhorial); mas podia igualmente compreender serviços como a 
limpeza dos fossos e dos caminhos, a conservação das instalações do castelo ou ainda 
atividades artesanais. A talha correspondia à entrega da metade do que o servo produzia 
em sua gleba (também chamada de manso servil), a qual era constituída de faixas 
cultivadas descontínuas, intercaladas com as glebas de outros servos. 
As banalidades também eram obrigações em produtos, pagas pelo uso de certas 
instalações pertencentes ao senhor (lagar, forno e moinho). Havia ainda a mão-morta. 
paga pelo servo quando herdava a gleba devido ao falecimento de seu pai. Finalmente, 
o vintém, correspondente a um vigésimo da produção do manso servil, destinava-se à 
manutenção da igreja paroquial. Deve-se notar que todas essas obrigações eram fruto dos 
costumes locais (obrigações consuetudinárias), e por isso variavam de umaregião para 
outra. 
A técnica adotada na agricultura era rudimentar. Somente as terras mais férteis eram 
ocupadas. Adotava-se o sistema de três campos (divisão da gleba em três partes, 
destinadas sucessivamente à forragem, ao plantio de cereais e ao pousio), fazendo-se 
rotação trienal para evitar o esgotamento do solo. 
A sociedade feudal 
A sociedade feudal pode ser definida como estamental, devido a sua imobilidade e ao fato 
de a posição do indivíduo ser determinada pelo nascimento. Os estamentos básicos eram 
dois: senhores e servos. O senhor se caracterizava pela posse legal da terra, pelo poder 
sobre os servos e pela conseqüente autoridade política local; esta última incluía o poder 
militar, jurídico e religioso (no caso dos senhores eclesiásticos). O servo correspondia ao 
pólo social oposto. Era preso à terra e inteiramente subordinado ao senhor (na medida em 
que lhe devia obrigações costumeiras); mas tinha a posse útil da terra e o direito à proteção 
senhorial. 
Afora essas situações sociais básicas, poder-se-iam mencionar algumas outras. 
Os escravos eram em número reduzido e viriam a desaparecer, fosse porque se 
destinavam aos afazeres domésticos (função pouco relevante em uma população 
rarefeita), fosse por causa da proibição eclesiástica de se escravizarem cristãos. 
Os vilões eram homens livres que trabalhavam no feudo mediante arrendamento, mas 
conservavam o direito de ir embora, se o desejassem descendiam de pequenos 
proprietários que haviam entregado sua terra ao senhor, em troca de proteção. Devem 
ainda ser citados os ministeriais, agentes do senhor feudal encangados de manter a ordem 
no feudo e de cobrar as obrigações devidas pelos servos; em certas regiões, eles eram 
chamados de bailios; em outras, de senescais. 
Os ministeriais representavam uma situação de permeabilidade social porque podiam 
ingressar na pequena nobreza, se o senhor lhes concedesse em benefício uma determinada 
área, como reconhecimento pelos serviços prestados. 
As instituições políticas 
Politicamente, o sistema feudal embasava-se nas relações de suserania e vassalagem. 
Suserano era o rei ou nobre que, em troca de determinados compromissos, concedia a 
outro nobre um benefício — geralmente um feudo, correspondente a uma extensão de 
terra com tamanho variável. 
Foi a insegurança do período que levou reis e nobres a estabelecer relações diretas entre 
si, visando à proteção recíproca. Como os nobres pertenciam a unia aristocracia guerreira 
de ascendência germânica, era importante poder contar com seu apoio. 
Os grandes senhores procuravam ligar-se a outros senhores menores, com o objetivo de 
contar com o maior apoio militar possível. Para isso, existia a subenfeudação, em que 
um senhor concedia parte de seu feudo em beneficio a outro nobre. Isso fazia com que os 
senhores feudais pudessem ser, simultaneamente, vassalos de um senhor e suseranos de 
outros. 
Oficialmente, a autoridade política máxima era o rei, por ser o suserano dos grandes 
senhores e não prestar vassalagem a ninguém. Na realidade, porém, o poder se 
fragmentava entre os senhores feudais, caracterizando uma estrutura política 
descentralizada ou, mais corretamente, localizada. 
Os senhores feudais não constituíam um grupo social uniforme. Devido à existência da 
subenfeudação, formavam ima hierarquia que começava no rei e se ramificava até 
alcançar o mais modesto dos cavaleiros. É portanto possível classificá-los em alta 
nobreza (aqueles que prestavam vassalagem diretamente ao rei) e pequena 
nobreza (aqueles que eram vassalos de outros senhores). Tais relações se estabeleciam 
pela cerimônia de investidura, a qual compreendia três partes: a homenagem, em que 
o vassalo reconhecia a superioridade do suserano; a investidura propriamente dita, 
quando o suserano concedia ao vassalo a posse do feudo; e o juramento de 
fidelidade prestado pelo vassalo, o qual recebia, em contrapartida, a promessa de 
proteção por parte do suserano. 
Eram obrigações do vassalo para com seu suserano: prestar auxílio militar, se convocado; 
hospedar o suserano e sua comitiva, quando de passagem pelo feudo; participar do 
tribunal dos Iguais, presidido pelo suserano, para julgar um senhor acusado de algum 
crime; e ainda contribuir para o dote das filhas e para a cerimônia em que os filhos do 
suserano feriam armados cavaleiros. Reciprocamente, o suserano tinha obrigações para 
com seu vassalo: proporcionar-lhe proteção militar; garanti-lo na posse do feudo dado em 
beneficio; se o vassalo fosse acusado de um crime, assegurar-lhe o direito de ser julgado 
por um tribunal de senhores; exercer a tutoria dos herdeiros menores e proteger a viúva 
do vassalo falecido. 
As instituições religiosas do sistema feudal 
Durante grande parte da Idade Média, a Igreja constituiu a única força realmente 
organizada dentro da Europa. Tendo plena consciência de sua importância, ela exerceu 
uma extraordinária influência ao longo do período. Era a Igreja, por exemplo, que 
teorizava sobre as relações sociais do feudalismo, calcadas em uma rígida hierarquia, 
atribuindo-as à determinação divina. Segundo essa interpretação, Deus dividiu a 
sociedade feudal em três categorias: os que lutam (a nobreza senhorial), o que rezam (o 
clero) e os que trabalham (servos e vilões). 
A partir do século IX, o clero foi expressamente proibido de praticar a usura; para os 
leigos, a proibição veio no século XI. Usura, especificamente, era o comércio do dinheiro, 
ou seja, a cobrança de juros. Mas a Igreja também condenava o lucro como pecaminoso, 
defendendo a prática do justo preço (o comerciante deveria cobrar por uma mercadoria 
apenas o custo da mesma, acrescido do necessário para sua própria manutenção). 
A posição da Igreja ia ao encontro das necessidades sociais do feudalismo, posto que, 
numa economia de subsistência, com freqüentes problemas de escassez, preços altos 
seriam considerados imorais. Além disso, a economia feudal era quase desmonetizada. 
Assim, se alguém necessitasse urgentemente de dinheiro, seria por um motivo multo 
grave; portanto, cometeria um grande pecado quem quisesse aproveitar-se da aflição de 
alguém para cobrar juros. 
Esses ideais foram acatados durante o período de cristalização do feudalismo, entre os 
séculos IX e XI. Entretanto, tão logo começou o Renascimento 
Comercial e Urbano (séculos Xll-XIV), os lucros e a cobrança de juros voltaram a ser 
praticados. Não obstante, a postura oficial da Igreja continuou a ser a defesa do ‘justo 
preço” e a condenação da usura. 
O clero monopolizava a cultura e o ensino do sistema feudal. Os nobres recebiam quase 
sempre uma educação apenas elementar, ministrada nas escolas paroquiais ou nos 
mosteiros. A base do conhecimento estava na Bíblia (principalmente no Novo 
Testamento) e os livros pagãos eram proibidos. Depois do século XI, as universidades 
começaram a organizar um currículo básico, denominado Escola de Artes, que 
compreendia dois graus: o Trivium (Gramática, Dialética e Retórica) e o Quadrivium 
(Aritmética, Geometria, Astronomia e Música). Vinham depois os estudos superiores, na 
maioria das vezes dedicados à Teologia (baseada no pensamento de Santo Agostinho). 
Mas houve universidades que implantaram também cursos de Leis ou de Medicina. 
 
Sociedade Feudal 
 
A sociedade feudal era composta por dois estamentos (dois grupos sociais com status 
fixo): os senhores feudais e os servos. 
Os servos, constituídos pela maior parte da população camponesa – presos a terra e 
sofrendo intensa exploração. Eram obrigados a prestar serviços ao senhor e a pagar-lhe 
diversos tributos em troca da permissão de uso da terra e de proteção militar. 
Embora a vida dos camponeses fosse miserável, a palavra escravo é imprópria. 
Veja agora como o poeta franco Benoît de Saint-Maure, um dos poucos literatos 
medievais a preocupar-se com o destino das classes servis, descrevea triste situação desse 
grupo: “São eles que fazem viver os outros, os quais alimentam e sustentam; eles próprios 
sofrem os maiores tormentos: neves, chuvas e tempestades. 
Miseráveis e famintos, cavoucam a terra com suas mãos. Levam uma vida rude, sofrendo 
e mendigando. E sem essa raça de homens, não imagino verdadeiramente como os outros 
poderiam viver”. 
A seguir as principais obrigações servis : 
• Corvéia : trabalho gratuito nas terras do senhor em alguns dias da semana. 
• Talha : porcentagem da produção das tenências. 
• Banalidade : tributo cobrado pelo uso de instrumentos ou bens do senhor, como o 
moinho, o forno, o celeiro, as pontes. 
• Capitação: imposto pago por cada membro da família servil (por cabeça) 
• Tostão de Pedro: imposto pago à igreja, utilizado para a manutenção da capela local. 
Economia e propriedade 
O modo de produção feudal próprio do Ocidente europeu, tinha por base a economia 
agrária, amonetária, não-comercial, auto-suficiente. A propriedade feudal, pertencia a 
uma camada privilegiada, composta pelos senhores feudais, altos dignitários da Igreja (o 
clero) e longínquos descendentes dos chefes tribais germânicos. 
A principal unidade econômica de produção era o feudo, que se dividia em três partes 
distintas: a propriedade privada do senhor chamada, manso senhorial ou domínio, no 
interior da qual se eregia um castelo fortificado; o manso servil, que correspondia à porção 
de terras arrendadas aos camponeses e era dividido em lotes denominados tenências; e 
ainda o manso comunal, constituído por terras coletivas – pastos e bosques – , usadas 
tanto pelo senhor quanto pelos servos. 
Devido ao catáter expropriador do sistema feudal o servo não se sentia estimulado a 
aumentar a produção com inovações tecnológicas – porém não para si, mas para o senhor. 
Por isso, o desenvolvimento técnico foi irrelevante, limitando a produtividade. 
A principal técnica adotada foi a agricultura dos três campos que evitava o esgotamento 
do solo, mantendo a fertilidade da terra. 
Características da Sociedade Feudal 
A sociedade feudal foi regida pela terra e por uma economia natural, na qual nem o 
trabalho nem seus produtos eram bens. O produtor imediato, o Camponês, estava unido 
ao solo por uma específica relação social, cultivavam e ocupavam a terra, mas não eram 
seus proprietários. 
Quando o Feudalismo consolidou-se como uma forma de sociedade, essa força foi 
legitimada pela instituição da Servidão, que tem como definição legal: Gleba ou ligados 
a terra, neste contexto os servos juridicamente tinham mobilidade restrita. As 
propriedades agrícolas eram controladas privadamente por os senhores feudais, que 
extraiam um excedente de produção dos camponeses através de uma relação político-
legal de coação. 
Esta coação não-econômica significa que não há negociações de mercado entre os 
senhores feudais e os camponeses que são obrigados a pagar renda por causa da força 
superior exercida pelo senhor da terra. A relação entre estes toma a forma de serviços que 
são pagos em espécie ou obrigações exercidas tanto na terra do senhor como nas faixas 
pequenas de arrendamentos cultivadas pelo próprio camponês 
Papel importante no estudo da Sociedade Feudal é o da Igreja que na Antiguidade estava 
sempre ligada ao Estado Imperial, e a ela subordinada, agora se tornava uma instituição 
eminentemente autônoma dentro desta sociedade. Seu domínio sobre as crenças e valores 
era imenso, mas sua organização eclesiástica era diferente do de qualquer nobreza ou 
monarquia secular. No feudalismo ocidental a Igreja podia defender seus próprios 
interesses particulares, se necessário, a partir de um reduto territorial e pela força armada. 
Bispos e Abades eram eles próprios grandes senhores feudais. 
Definindo a Sociedade Feudal em termos mais amplos do que simplesmente o econômico, 
as dimensões políticas e ideológicas não devem ser negligenciadas. O poder em geral era 
exercido através da jurisdição, que era política, a ponto de se poder dizer que os meios 
pelos quais os senhores arrancavam o excedente dos camponeses serem mais políticos 
que econômico. 
Segundo essa visão orgânica da sociedade, a partir de uma divisão tríplice da sociedade 
entre Clero, a nobreza e o camponês, o que refletia a visão ideológica de uma sociedade 
de ordem criada divinamente e dividida entro os que rezam (o clero), os que lutam (a 
nobreza) e os que trabalham (os camponeses), doutrina instituída pelo clero e caso se 
afastasse dela seria um crime não só contra a ordem social, mas também contra Deus. 
Esta doutrina social foi aceita e vigente até o século XVII, quando foi destruída pelas 
várias doutrinas do individualismo burguês produzidas naquele século. É bem verdade 
que outras classes sociais tiveram que ser acomodadas além das três ordens originais com 
o desenvolvimento da urbanização, mas a mensagem de harmonia e de imobilidade 
sociais continuou a mesma. 
Transformações na Sociedade Feudal 
 
Muitas vezes as mudanças acontecem de forma que nem notamos em especial na 
sociedade, e na maioria dos casos não notamos as forças destas mudanças. Foi o que 
aconteceu com a sociedade feudal, que aos poucos foram surgindo pequenas novidades 
na estrutura de sua economia. Mas as pessoas que viveram estas novidades não 
imaginavam que estas acabariam contribuindo para as transformações econômicas que 
levariam séculos para serem notadas. 
O feudalismo europeu apresenta, portanto, fases bem diversas entre o século IX, quando 
os pequenos agricultores são obrigados a se proteger dos inimigos junto aos castelos, e o 
século XIII, quando o mundo feudal conhece seu apogeu, para declinar a seguir. A 
passagem do século X ao XI foi um momento de mudanças na Europa Feudal. Com o fim 
das invasões bárbaras, o mundo medieval conheceu um período de paz, segurança e 
desenvolvimento. 
O primeiro dado importante refletindo esse novo momento foi o aumento da população. 
O crescimento demográfico foi ocasionado pelo fim das guerras contra os bárbaros e pelo 
recuo das epidemias, gerando uma queda da mortalidade. Além disso, ocorreu uma 
suavização do clima, proporcionando mais terras férteis e colheitas abundantes. Veja na 
tabela abaixo como a população da Europa ocidental foi crescendo significativamente no 
período: 
Crescimento Populacional da europa Ocidental 
ANO POPULAÇÃO 
1050 46 milhões 
1150 50 milhões 
1200 61 milhões 
1300 73 milhões 
Esse crescimento implicou maior demanda de alimentos estimulando o aperfeiçoamento 
das técnicas agrícolas para aumentar a produção. Assim, o arado de madeira foi 
substituído pela charrua (arado de ferro), facilitando o trabalho de aragem; atrelagem dos 
animais foi aperfeiçoada, permitindo o uso do cavalo na tração; os animais passaram a 
ser ferrados; os moinhos foram melhorados; e o sistema trienal se estendeu por toda a 
Europa, proporcionando melhor qualidade e maior quantidade de produtos agrícolas. O 
aperfeiçoamento do artesanato de roupas e objetos pessoais, armas e armaduras 
asseguravam maior conforto e capacidade militar. 
Havia séculos que os camponeses seguiam a mesma rotina de plantação. No começo dos 
trabalhos, os servos semeavam uma extensão de terra do feudo. A planta crescia e um 
belo dia era colhido. E assim fazia ano a pós ano, geração após geração. Era a tradição 
que era muito respeitada na Idade Média, como já viemos discutindo. O problema era 
que, aos poucos, a terra ia se esgotando, perdendo sua fertilidade. A semente plantada se 
tornava uma planta cada vez mais fraca e por conseqüência produzindo sementes para o 
próximo plantio cada vez menores. 
Até o século IX, os camponeses dividiam a terra a ser plantada em duas partes. Enquanto 
plantavam numa das partes, a outra descansava para recuperar a fertilidade. Com esse 
sistema, metade das terras cultiváveis ficava sem uso. Como novo sistema, de três 
campos, plantava-se em dois campos, um, com trigo; outro, com cevada; e o terceiro, 
forragens para os animais. As forragens são espécies vegetais que têm a capacidade de 
recuperar a fertilidade do solo para o plantio de cereais no ano seguinte. Com isso a área 
plantada e, conseqüentemente, a produção aumentaram. Haveria a colheita de dois cereais 
por ano em vez de apenas um. 
O principal cereal consumido na Europa era o trigo. Mas, para ser consumido, ele precisa 
ser transformado em farinha. Isso dava muito trabalho para os camponeses, pois era feito 
manualmente. O uso de moinhos movidos a água diminuiu o esforço para se obter farinha. 
Lá pelo século XIII foi introduzido o moinho movido a vento. A máquina e a energia dos 
ventos e da água começavam a substituir a energia humana no trabalho. Os camponeses 
tiveram, assim, mais tempo e energia para se dedicar a outras tarefas, que não as 
essencialmente agrícolas. 
Os efeitos da maior produção de alimentos logo se fizeram sentir. Comendo melhor, as 
pessoas passaram a viver mais. As doenças já não as pegariam com tanta facilidade. Com 
o aumento da população, muitas áreas não aproveitadas para a agricultura passaram a ser 
plantadas. Dessa maneira, a produção crescia, não somente por causa das técnicas 
agrícolas, mas também pelo aumento da área plantada. 
Com tudo isso, muitos feudos começaram a produzir mais que o necessário. Com estes 
excedentes, era possível vender e com o dinheiro, comprar outras coisas que vinham das 
regiões vizinhas. 
Com isso começam a surgir às feiras medievais, estas eram os locais onde os comerciantes 
faziam seus negócios. Algumas destas feiras se tornaram tão importantes que deram 
origem às cidades. Nas cidades viviam a maioria dos artesãos e comerciantes. A cidade e 
o campo foram aprimorando suas atividades econômicas. Ficando da seguinte forma: o 
campo aprimorando sua agricultura e criação de animais, já as cidades se concentrando 
no artesanato e no comércio. E os nobres ficaram com a parte que era a força motriz da 
época: consumir, principalmente as mercadorias vendidas pelos comerciantes e artesãos. 
No entanto, esse inegável desenvolvimento técnico foi limitado, não atendendo ao 
crescimento da população e, portanto, do consumo. Inicialmente novas terras foram 
ocupadas e desbravadas. Além disso, ocorreu um fenômeno histórico novo para a Idade 
Média, o êxodo rural, ou seja, parcelas consideráveis das populações rurais dirigiram-se 
para as cidades. 
É importante notarmos que muitas das invenções tecnológicas avançadas para a época, 
eram de autoria de pessoas simples do povo, servos e artesãos, a maioria analfabeta. Do 
que podemos concluir que a inteligência e a criatividade não são qualidades exclusivas 
de pessoas que estudaram muito ou que são ricas. 
Crise do Feudalismo 
 
A partir do século Xl, o feudalismo entrou em crise e começou a sofrer transformações. 
De um modo geral, as mudanças do sistema ocorreram no sentido de sua abertura, mas 
em algumas regiões da Europa Oriental houve tendência ao fechamento. Abertura, no 
caso, significava iniciar a transição para o sistema capitalista. Fechamento significaria o 
enrijecimento da condição servil. 
Essas tendências dependiam de duas condições principais: maior ou menor 
disponibilidade de terras cultiváveis e maior ou menor desenvolvimento das atividades 
comerciais. Se não houvesse mais terras para arar, não haveria como aumentar as 
obrigações servis; seria preciso mudar as relações de trabalho, para torná-las mais 
produtivas. Entretanto, se existissem no feudo terras ainda não utilizadas e disponíveis 
para cultivo, o senhor tenderia a aumentar as obrigações dos servos, expandindo as áreas 
plantadas e forçando-os a trabalhar nelas. 
Um maior desenvolvimento das atividades comerciais também conduziria à abertura, uma 
vez que o aumento do consumo direcionaria a produção do feudo para o mercado urbano. 
Já um comércio pouco desenvolvido manteria a economia do feudo estagnada e não 
provocaria mudança das relações servis. Em resumo, a combinação de pré-capitalismo 
desenvolvido com pouca disponibilidade de terras levaria à abertura, e a combinação 
contrária, ao fechamento. 
A Peste Negra aprofundou a crise do feudalismo 
Na Europa Ocidental, predominou a tendência à abertura. Os senhores feudais, 
necessitando de moedas devido às novas condições econômicas, mudaram as obrigações 
em produtos para pagamentos em espécie (isto é, monetários). Mas, com o passar do 
tempo, as obrigações monetárias fixas perderam parte de seu valor, devido à inflação 
provocada pelo aumento do dinheiro em circulação e pela redução do teor de ouro de 
certas moedas. 
A ruptura das relações servis deu-se de forma variada: o senhor vendeu a liberdade 
ao servo, expulsou-o da propriedade ou o servo fugiu. A terra cultivada pelo servo passou 
então para um trabalhador livre, dentro de uma relação não mais costumeira e sim 
contratual (arrendamento ou meação). Em consciência, o número de servos na Europa 
Ocidental diminuiu drasticamente, chegando em alguns lugares a desaparecer. Entretanto, 
houve países em que a servidão sobreviveu até ao século XVIII (França, por exemplo). 
Na Rússia, os servos só foram libertados em 1861. 
As crises da Baixa Idade Média 
Durante o século XlV o crescimento econômico da Europa sofreu uma crise de retração. 
Várias foram as razões para que ela ocorresse. 
O acentuado crescimento demográfico exigia mais alimentos do que o sistema 
feudal conseguia produzir. Os preços dos gêneros eram altos e a maioria das pessoas vivia 
mal nutrida. Os organismos debilitados eram presa fácil das mais diversas doenças. 
Para piorar o quadro, entre 1317 e 1385 a Europa sofreu crises climáticas cíclicas, 
provocando secas que reduziram as colheitas e agravaram a situação de fome. 
A população urbana vivia em grande promiscuidade, dentro dos muros que circundavam 
as cidades. Ruas, estreitas, casas amontoadas e dejetos escorrendo pelas ruas eram focos 
de infecção e contágio. Esse panorama complicou-se dramaticamente em 1348, com a 
chegada de um vírus vindo da Ásia, trazido por um navio procedente de Constantinopla 
e que aportara em Marselha. 
Transmitida pela pulga que se hospedava no rato cinzento — uma espécie até então 
desconhecida dos europeus — a doença disseminou-se pelo continente, fazendo dezenas 
de milhares de vítimas. Foi essa a tristemente célebre Peste Negra (uma forma de peste 
bubônica), que matou cerca de um quarto da população europeia. A densidade 
demográfica foi alterada, os mercados se retraíram, e com eles o desenvolvimento do 
capitalismo. 
• Saiba mais sobre a Peste Negra. 
No final do século XIV, começou a recuperação. A primeira metade do século XV foi 
marcada por um notável surto econômico, o qual iria gerar uma nova crise — desta vez, 
uma crise de desenvolvimento. Como no século anterior a população européia 
diminuíra, os produtos artesanais e agrícolas não encontravam um mercado consumidor 
compatível. Além disso, o comércio estava sendo prejudicado pela redução do meio 
circulante (dinheiro em circulação), visto que a Europa estava sofrendo uma drenagem de 
suas moedas, utilizadas para pagar os produtos importados do Oriente. 
A solução para essa nova crise seria a abertura de mercados extra-europeus, consumidores 
e fornecedores; esse processo implicaria necessariamente o estabelecimento de novas 
rotas marítimas. 
A crise de desenvolvimento do século XV explica portanto a Expansão Marítimo-
Comercial Européia, da qual resultaria a consolidação do capitalismo comercial e a 
desintegração do feudalismo — embora resquícios feudais sobrevivessem ao longo da 
Idade Moderna. 
 
Transição do Feudalismo ao Capitalismo 
 
Os primeiros indícios do pré-capitalismo começaram a despontar já no século XII. 
O capitalismo é um sistema baseado nas relações de trabalhoassalariadas, no espírito de 
lucro, na função reprodutiva do capital, na busca de uma organização racional para os 
negócios, na produção voltada ara o mercado e na economia monetária. 
Os primórdios do pré-capitalismo estão ligados à crise o sistema feudal, provocada pelo 
crescimento demográfico a Europa e pela conseqüente inadequação da produção ao 
consumo. A nova situação econômica e social que se criou deu origem ao Renascimento 
Comercial e Urbano. E é claro que este acelerou a decadência do feudalismo, na medida 
em que se tornou um importante elemento do capitalismo nascente. 
Concomitantemente, a marginalização social resultante ia crise feudal (pessoas que se 
viram obrigadas a sair dos feudos, por necessidade ou porque foram expulsas) 
proporcionou os contingentes necessários à expansão da Europa cristã: Guerra de 
Reconquista contra os mouros, na Península Ibérica; Cruzadas, no Oriente Próximo; e 
avanço alemão no litoral sul do Mar Báltico, tendo como ponta-de-lança a ordem religiosa 
e militar dos Cavaleiros Teutônicos. 
A convivência de dois sistemas acarretou problemas, principalmente se considerarmos o 
dinamismo de um e a estagnação do outro. Tal contradição produziu as crises de retração 
(século XIV) e de desenvolvimento (século XV) do comércio europeu, cujas raízes se 
encontram no choque entre feudalismo e capitalismo e em fatores conjunturais, como as 
secas e a Peste Negra. 
A crise do século XIV provocou uma retração econômica, devido ao encolhimento dos 
mercados europeus. Já a crise do século XV teve fatores diametralmente opostos e levaria 
à expansão do comércio, graças aos Grandes Descobrimentos. 
Com o fim da Idade Média e a Expansão Marítima dos Tempos Modernos, o comércio 
adquiriu dimensão mundial e o capitalismo entrou em sua primeira etapa real: 
o capitalismo comercial ou mercantil, voltado para a acumulação de capitais no setor 
da circulação de mercadorias. Ora, como existe um consenso teórico de que o sistema 
capitalista deve apresentar maior lucratividade no setor da produção, o capitalismo 
comercial é considerado apenas uma fase de acumulação primitiva de capitais. Dentro 
desse enfoque, o verdadeiro capitalismo somente se consolidaria a partir do século XVIII, 
com o advento da Revolução Industrial.

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