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Ap. Juris XXII Processo Penal

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Exame de Ordem 
Processo Penal 
Prof. João Batista 
 
 
 
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Exame de Ordem 
Processo Penal 
Prof. João Batista 
 
 
 
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PROCESSO PENAL PARA A OAB 
AUTOR: JOÃO BATISTA GOMES FILHO 
 
 
1. PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL 
Princípios são valores fundamentais que norteiam a criação, interpretação e 
aplicação das normas processuais penais. 
Para o estudo da disciplina Direito Processual Penal para OAB, o estudo dos 
princípios é de suma importância haja vista que conferirá ao estudante uma maior 
capacidade de interpretação e raciocínio, essenciais para uma eficiente resolução da 
prova. 
1.1. Princípio da presunção de inocência ou da não culpabilidade – Art. 5º, 
inciso LVII, da CF. É o princípio segundo o qual ninguém será considerado culpado 
até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Enquanto não houver uma condenação penal definitiva, o cidadão é considerado 
inocente e deve ser tratado como tal. 
Em decorrência desse princípio tem se que: 
a) O ônus de provar a culpa é da acusação 
b) O acusado não é obrigado a colaborar com a produção dessa prova 
c) Não se admite a majoração da pena com base em inquérito ou ação penal não 
transitados em julgado. 
d) Em regra, o cidadão responderá ao processo penal em liberdade. Toda e 
qualquer prisão de natureza cautelar só será imposta ao cidadão em caráter 
excepcional e desde que haja fundamento suficiente. 
Atenção: O parágrafo único do artigo 20 do Código de Processo Penal, alterado 
pela lei 12.681 de 2012 inovou ao proibir à autoridade policial, nas certidões de 
antecedentes criminais que expedir, de registrar inquéritos policiais em andamento. 
Vejamos: 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do 
fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
 
Exame de Ordem 
Processo Penal 
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 Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a 
autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a 
instauração de inquérito contra os requerentes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, 
de 2012) 
 
1.2. Princípio da ampla defesa – Art. 5º, LV, CF. É o direito conferido ao réu de 
oferecer amplos argumentos em seu favor e de demonstrá-los nos termos da 
legislação processual. 
A ampla defesa pode ser exercida através da defesa técnica e da autodefesa. 
 Defesa técnica: feita por advogado, que deverá intervir em todos os atos do 
processo. A defesa técnica é indisponível, de forma que todos os atos do 
processo deverão ser acompanhados por advogado, além disso, a defesa 
técnica deve ser realizada de forma ampla e consistente. 
Nesse sentido: 
 
Súmula n° 523 do STF: No processo penal, a falta de defesa constitui 
nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prejuízo para 
o réu. 
 Autodefesa: feita pelo acusado, principalmente no momento do seu 
interrogatório. A autodefesa é indispensável por parte do juiz, sendo este 
obrigado a garantir o réu a oportunidade de narrar a sua versão dos fatos. 
Por sua vez, o réu poderá abrir mão deste direito, mesmo porque tem o direito 
constitucional de ficar em silêncio, nos termos do art. 5º, inciso LXIII, CF). 
Atenção: Caso o acusado, em sede de interrogatório, levante alguma tese de defesa 
que não conste nas alegações finais apresentadas pelo defensor, ambas as teses 
deverão ser enfrentadas na sentença, sob pena de nulidade. 
Sobre este assunto, vejamos excelente julgado: 
TJRS: “Todas as teses defensivas levantadas, mesmo em autodefesa, devem ser 
enfrentadas no ato sentencial, sob pena de nulidade” (Ap. 70008337206, 5ª C., rel. 
Amilton Bueno de Carvalho, 03.08.2004, v.u., BoletimAASP 2.423, junho de 2005). 
Posicionamento dos Tribunais Superiores pertinentes à matéria: 
STF - Súmula n° 705: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a 
assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este 
interposta. 
 
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STF - Súmula n° 707: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para 
oferecer contra-razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a 
suprindo a nomeação de defensor dativo. 
STF - Súmula n° 708: É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação 
nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para 
constituir outro. 
STJ - Informativo n° 337. INQÚERITO POLICIAL. AMPLA DEFESA. O inquérito policial é 
um procedimento preparatório que apresenta conteúdo meramente informativo no intuito de 
fornecer elementos para a propositura da ação penal. Contudo, mesmo não havendo ainda 
processo, no curso do inquérito pode haver momentos de violência e coação ilegal, daí se 
deve assegurar a ampla defesa e o contraditório. No caso, a oitiva de testemunhas, bem 
como a quebra do sigilo telefônico, ambos requeridos pelo paciente, não acarretará nenhum 
problema ao inquérito, mas sim fornecerá à autoridade policial melhores elementos para 
suas conclusões. Precedentes citados: HC 36.813-MG, DJ 5/8/2004; HC 44.305-SP, DJ 
4/6/2007, e HC 44.165-RS, DJ 23/4/2007. HC 69.405-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado 
em 23/10/2007. 
 
 
 
VEJA COMO FOI COBRADO EM PROVA: 
(FGV/OAB/2010.2) Ao final da audiência de instrução e julgamento, o advogado do 
réu requer a oitiva de testemunha inicialmente não arrolada na resposta escrita, mas 
referida por outra testemunha ouvida na audiência. O juiz indefere a diligência 
alegando que o número máximo de testemunhas já havia sido atingido e que, além 
disso, a diligência era claramente protelatória, já que a prescrição estava em vias de 
se consumar se não fosse logo prolatada a sentença. A sentença é proferida em 
audiência, condenando-se o réu à pena de 6 anos em regime inicial semiaberto. 
Com base exclusivamente nos fatos acima narrados, assinale a alternativa que 
apresente o que alegaria na apelação o advogado do réu, como pressuposto da 
análise do mérito recursal. 
 
a) A redução da pena ou afixação de um regime de cumprimento de pena mais 
vantajoso. 
b) A anulação da sentença para que outra seja proferida em razão da violação do 
princípio da ampla defesa. 
c)A reinquirição de todas as testemunhas em sede de apelação. 
d)A anulação da sentença para que outra seja proferida em razão da violação do 
princípio da ampla defesa, com a correspondente suspensão do prazo da prescrição 
de modo que o órgão ad quem se sinta confortável para anular a sentença sem 
gerar impunidade no caso concreto. 
 
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Gabarito: letra b. 
Comentário : No presente caso, a sentença deve ser anulada, haja vista que, tendo 
uma testemunha se referido à outra pessoa que possa trazer elementos novos aos 
autos, é direito da defesa produzir aquela prova. 
 
 
1.3. Princípio do contraditório – Deriva do artigo 5º, LV, da CF, segundo o qual: 
“aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes”. 
O fundamento desse princípio é permitir que as partes participem ativamente da 
formação da convicção do julgador. 
O contraditório garante às partes o direito de tomarem conhecimento das provas 
produzidas pela parte contrária, com a devida oportunidade de impugná-las, nos 
termos da legislação processual. 
 
1.4. Princípio da publicidade – Deriva do artigo 5º, LX da CF, segundo o qual a lei 
sópoderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da 
intimidade ou o interesse social o exigirem. 
Art. 93, IX da CF: todos os julgamentos dos órgãos do poder judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, 
se o interesse público o exigir, limitar a presença em determinados atos, às próprias 
partes e a seus advogados, ou somente a estes. 
Segundo o princípio da publicidade geral, os atos processuais são abertos a toda 
comunidade. Permite uma forma de controle externo da atividade judiciária. 
É a regra no processo penal brasileiro. 
Já o princípio da publicidade restrita decorre do contraditório, ou seja; do direito das 
partes de serem informadas acerca dos atos processuais. Neste caso, apenas as 
partes e os procuradores terão acesso aos autos. 
Pode ocorrer apenas em casos excepcionais, entre os quais destacam-se: 
a) Artigo 792, §1º do Código de Processo Penal: 
 
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As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se 
realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do 
secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou 
previamente designados. 
§ 1oSe da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar 
escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o 
tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do 
Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando 
o número de pessoas que possam estar presentes. 
 
b) Nos crimes contra a dignidade sexual, previstos no Título VI da parte especial 
do Código Penal, em clara defesa da intimidade das vítimas, a lei impõe o 
segredo de justiça obrigatório. 
 
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão 
em segredo de justiça. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
 
c) A votação dos quesitos pelos jurados do Tribunal do Júri, a fim de resguardar 
a imparcialidade do julgamento, será sigilosa no que se refere à identificação 
de cada votante, conforme artigos 466 § 1º, 483, §1ª e 487 do CPP, bem 
como artigo 5º, XXXVIII da CF. 
1.5. Princípio da vedação das provas ilícitas – Deriva do artigo 5º, LVI, CF; 
segundo o qual são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. 
A doutrina denomina provas ilícitas em sentido amplo como sendo as provas obtidas 
de forma contrária ao ordenamento jurídico. 
Provas ilícitas em sentido estrito são aquelas obtidas com violação de normas de 
direito material. 
Já as provas ilegítimas são aquelas obtidas com violação de normas de direito 
processual. 
 
 
 
VEJA COMO FOI COBRADO EM PROVA: 
 
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(FGV/OAB/2011.2 – adaptada): A respeito da prova no processo penal, assinale C 
(certo) ou E (errado). 
(1) A prova objetiva demonstra a existência/inexistência de um determinado fato ou a 
veracidade/falsidade de uma determinada alegação. Todos os fatos, em sede de 
processo penal, devem ser provados. 
Comentário: Ítem errado, haja vista que existem questões excluídas da atividade 
probatória. Ex: os fatos notórios. 
(2) São consideradas provas ilícitas aquelas obtidas com a violação do direito 
processual. Por outro lado, são consideradas provas ilegítimas as obtidas com a 
violação das regras de direito material. 
Comentário: Ítem errado. Os conceitos estão invertidos. Provas ilícitas são aquelas 
obtidas com violação do direito material, sendo ilegítimas as provas obtidas com 
violação às normas de direito processual. 
(3) A lei processual pátria prevê expressamente a inadmissibilidade da prova ilícita 
por derivação, perfilhando-se à “teoria dos frutos da árvore envenenada” (“fruits of 
poisonous tree”). 
Comentário: O item está correto, nos termos do artigo 157, § 1º do CPP. 
Gabarito: 1) E; 2) E; 3) C 
 
 
 
1.6. Princípio do devido processo legal – Deriva do artigo 5º, Inciso LIV, segundo 
o qual ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal. 
Impõe uma obediência rigorosa ao que está previsto na lei. 
Em sentido formal significa que o processo penal observará rigorosamente as 
formalidades previstas na lei. 
Em sentido material implica que os direitos fundamentais da pessoa serão 
respeitados pelo Estado durante o processo. 
 
 
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1.7. Princípio do in dubio pro reo ou favor rei, prevalência do interesse do réu – 
Deriva do princípio da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF): Somente o juízo 
de certeza pode permitir a condenação. Exemplo: art: 386, VI, do CPP. 
1.8. Princípio da garantia de não auto-incriminação – De acordo com Guilherme 
de Souza Nucci esse princípio resulta da conjugação dos princípios da presunção de 
inocência e da ampla defesa com o direito humano fundamental que o réu tem de 
permanecer calado (todos previstos no art.5º da CF, incisos LVII, LV e LXIII; 
respectivamente). (NUCCI, Guilherme De Souza. Código de Processo Penal 
Comentado. 8ª Ed. RT, São Paulo. 2008). 
1.9. Princípio da necessidade de fundamentação ou motivação – Art. 5º, LXI, 
CF; segundo o qual ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem 
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. 
A doutrina entende que esse direito constitui tanto uma garantia política (pois 
permite certo controle sobre o trabalho do magistrado) quanto uma garantia 
processual (pois favorece a correta interpretação sobre o ato decisório). 
1.10. Princípio do sistema acusatório – Pressupõe uma perfeita divisão entre as 
funções de acusar, defender e julgar. Respeita-se o contraditório e a ampla defesa. 
1.11. Princípio da busca da verdade real – O conjunto de provas deve refletir a 
verdade dos fatos, não podendo o juiz se limitar a presunções de veracidade. 
1.12. Princípio da identidade física do juiz – Em regra; o juiz que presidiu a 
instrução é quem deverá proferir a sentença, conforme previsão do artigo 399, § 2º, 
do CPP (introduzido no sistema processual penal pátrio pela Lei n.° 11.719/08). 
Ocorre que tal artigo não regulamenta os casos em que o juiz, apesar de ter dado 
início à instrução, seja afastado, por motivos legais, da vara em que atua. Neste 
caso, utiliza-se, por analogia, o artigo 132 do Código de Processo Civil. 
Vejamos elucidativa posição do STJ sobre o assunto: 
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM HABEAS 
CORPUS.MAGISTRADA QUE PROFERIU A SENTENÇA DIVERSA DA QUE 
PRESIDIU AINSTRUÇÃO CRIMINAL. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO 
JUIZ MITIGADO.APLICABILIDADE POR ANALOGIA DO ARTIGO 132 DO 
CÓDIGO DE PROCESSOCIVIL. INOCORRÊNCIA DE NULIDADE. AGRAVO 
REGIMENTAL A QUE SE NEGAPROVIMENTO. 
1. O princípio da identidadefísica do juiz,previsto no artigo 399,§ 2º, do CPP, não é 
absoluto, podendoasentençapenalserproferidaporoutrojuiz de direitoquando o 
magistrado que presidiu ainstruçãocriminal foi substituídoregularmentepor força de 
atoadministrativodo Tribunal a que estávinculado. 
 
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2. Segundo a dicçãodoartigo 132 do CPC, aplicávelporanalogiaaoprocessopenal, "o 
juiz,titular ou substituto, que concluir aaudiênciajulgará a lide, salvo se estiver 
convocado, licenciado,afastadoporqualquermotivo, promovido ou aposentado, 
casosem quepassará os autos aoseusucessor. 
3. Na hipótese, a magistrada que promoveua instruçãocriminal foiremovida para a 
9ª Vara FederaldasExecuçõesFiscais de SãoPaulo/SP, por força de Resolução da 
Presidênciado Tribunal RegionalFederal da 3ª Região. No mesmo ato, ocorreu a 
remoção da juíza sentenciante para a 5ª Vara Federal Criminal. 
4. Prejuízonãodemonstrado na situação, ausência de nulidade.Precedentes. 
5. Agravoregimental a que se negaprovimento. 
 
AGRG NO RHC 28690 / SP, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA 
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em 
18/06/2013, DJe 01/07/2013. 
 
 
 
VEJA COMO FOI COBRADO EM PROVA: 
(FGV/OAB/2012.1) Trácio foi denunciado pela prática do delito descrito no artigo 333 
do Código Penal. A peça inaugural foi recebida pelo Juiz Titular da Vara Única da 
Comarca X, que presidiu a Audiência de Instrução e Julgamento. Encerrada a 
instrução do feito, o processo foi concluso ao juiz substituto, que proferiu sentença 
condenatória, tendo em vista que o juiz titular havia sido promovido e estava, nesse 
momento, na 11ª Vara Criminal da Comarca da Capital. De acordo com a Lei 
Processual Penal, assinale a alternativa correta. 
 
 a) A sentença é nula, porque foi prolatada por juiz que não presidiu a instrução do 
feito, em desacordo com o princípio da identidade física do juiz. 
 
 b) A sentença é nula, porque ao juiz substituto é vedada a prolação de decisão 
definitiva ou terminativa. 
 
 c) Não há nulidade na sentença, porque não se faz exigível a identidade física do 
juiz diante das peculiaridades narradas no enunciado. 
 
 d) A sentença é nula, porque viola o princípio do juiznatural. 
 
GABARITO: letra C. 
Comentário: a questão correta é a letra C, tendo em vista o artigo 132 do CPC, 
utilizado pelos tribunais pátrios, por analogia, no caso concreto. 
Porém, entendo que a questão deveria ter sido anulada, haja vista que a banca fez a 
questão fechada, perguntando “de acordo com a Lei Processual Penal”, e, seguindo-
se apenas o CPP, a letra C seria incorreta. 
 
 
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1.13. Princípio da igualdade das partes/Paridade de armas/Par conditio– Art. 5º, 
caput, CF. Às partes devem ser assegurados os mesmos meios de prova. 
1.14. Princípio do livre convencimento motivado ou da livre valoração da prova 
– Previsto no artigo 155 do CPP, impõe certa liberdade ao juiz no que se refere à 
apreciação das provas, ao mesmo tempo em que deve motivar suas decisões. 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as 
restrições estabelecidas na lei civil. 
Não existe taxação das provas, tendo o juiz liberdade para definir o “peso” ou “valor” 
de cada elemento probatório no processo. 
1.15. Princípio do duplo grau de jurisdição– as decisões, em regra, 
poderãoserrevistasporórgãosjurisdicionais de grau superior. Embora esse princípio 
não encontre previsão expressa, a Constituição Federal, ao organizar o Poder 
Judiciário em instâncias, acaba consagrando-o implicitamente. 
Em casos de competência originária do STF, não há duplo grau de jurisdição. 
1.16. Princípio da justa causa – O Estado Democrático de Direito não admite o 
exercício indiscriminado da persecução penal. 
Para o indiciamento ou o recebimento de uma denúncia, deverá haver um lastro 
probatório mínimo, nos termos do art. 395, III, do CPP: 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
(...) 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
Havia entendimento, até certo ponto pacífico, acerca da aplicação do princípio do “in 
dúbio pro societate” no momento do recebimento da denúncia. 
Porém, em recentes julgados, o STJ já decidiu que tal princípio não se enquadra no 
ordenamento jurídico pátrio, haja vista a necessidade de haver justa causa para o 
início de uma ação penal. 
 
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Vejamos o julgado abaixo, nesse sentido. 
Jurisprudência: 
“In casu, a denúncia foi parcialmente rejeitada pelo juiz singular quanto a alguns 
dos denunciados por crime de roubo circunstanciado e quadrilha, baseando a 
rejeição no fato de a denúncia ter sido amparada em delação posteriormente tida 
por viciada, o que caracteriza a fragilidade das provas e a falta de justa causa. O 
tribunal a quo, em sede recursal, determinou o recebimento da denúncia sob 
o argumento de que, havendo indícios de autoria e materialidade, mesmo na 
dúvida quanto à participação dos corréus deve vigorar o princípio in dubio 
pro societate. A Turma entendeu que tal princípio não possui amparo legal, 
nem decorre da lógica do sistema processual penal brasileiro, pois a sujeição 
ao juízo penal, por si só, já representa um gravame. Assim, é imperioso que 
haja razoável grau de convicção para a submissão do indivíduo aos rigores 
persecutórios, não devendo se iniciar uma ação penal carente de justa causa. 
Nesses termos, a Turma restabeleceu a decisão de primeiro grau. Precedentes 
citados do STF: HC 95.068, DJe 15/5/2009; HC 107.263, DJe 5/9/2011, e HC 
90.094, DJe 6/8/2010; do STJ: HC 147.105-SP, DJe 15/3/2010, e HC 84.579-PI, 
DJe 31/5/2010.” (HC 175.639-AC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado 
em 20/3/2012).grifamos 
 
1.17.Princípio da proporcionalidade – A restrição aos direitos fundamentais deve 
ser feita no estrito limite da lei e desde que essa restrição seja proporcional às 
finalidades do processo. 
Trata-se de princípio decorrente do devido processo legal (item 1.6 supra). 
1.18.Princípio da comunhão de provas – Umas vez produzidas, as provas 
pertencem ao processo, podendo servir para formar a convicção do juiz, 
independentemente de terem sido produzidas por uma ou outra parte. 
 
2. INQUÉRITO POLICIAL 
2.1. Conceito: na lição de Edilson Bonfim Mougenot, o inquérito policial é um 
procedimento administrativo preparatório e inquisitivo, comandado pela autoridade 
policial, e formado por um conjunto de diligências realizadas pela polícia, no 
exercício da função judiciária, voltadas à apuração de uma infração penal e à 
identificação de seus autores. (MOUGENOT BONFIM, Edilson, Curso de processo 
Penal. 4ª Ed., Saraiva, 2009). 
2.2. Finalidades do inquérito policial 
 
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 Finalidade geral: apurar o fato criminoso. 
 Finalidade específica: servir de base para a denúncia ou a queixa. 
 Finalidade garantista: colher elementos para evitar ações penais 
desnecessárias. 
2.3. Natureza jurídica do inquérito policial 
O inquérito policial tem natureza administrativa: 
 é presidido por uma autoridade administrativa 
 seus atos são de natureza discricionária, como os atos administrativos em 
geral 
2.4. Características do inquérito policial 
2.4.1. Instrumentalidade – a finalidade do inquérito policial é possibilitar a reunião 
de elementos de prova acerca de autoria e materialidade de uma infração 
penal. 
2.4.2 Obrigatoriedade – uma vez oferecida a notitia criminis, e havendo 
elementos, estará a autoridade policial obrigada a instaurar o inquérito.Uma vez 
instaurado, o inquérito não poderá ser arquivado pela autoridade policial. 
O papel do delegado consiste em presidir o inquérito, instruí-lo e encaminhá-
lo ao judiciário após o encerramento. O arquivamento do inquérito, conforme 
artigo 28 do CPP, deve ser requerido pelo membro do MinistérioPúblico e, se 
for o caso, determinado pelo juiz. 
Assim, memorize: O delegado jamais arquiva o inquérito policial. 
2.4.3. Caráter meramente informativo – o inquérito policial não constitui, por si só, 
um instrumento punitivo. 
2.4.4. Discricionariedade – a decisão sobre a realização das diligências 
investigatórias é discricionária da autoridade policial que preside o inquérito 
policial. 
 
Vejamos o artigo 14 do CPP: 
 
Art. 14.O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer 
qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
 
 
2.4.5. Forma escrita – tudo aquilo que for realizado verbalmente no inquérito 
deverá ser reduzido a termo. 
 
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Vejamos o artigo 9° do CPP: 
Art.9° Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a 
escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 
 
2.4.6. Sigilo – ao contrário da ação penal, que tem a publicidade como regra, o 
inquérito policial será sigiloso, conforme necessário à elucidação do fato ou 
interesse social. 
Vejamos o artigo 20 do CPP: 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do 
fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
Ocorre que este sigilo jamais será absoluto, uma vez que, apesar de poder a 
autoridade policial restringir o acesso de qualquer pessoa aos autos, deverá, 
sempre, franquear acesso às partes e aos advogados, principalmente em 
relação às diligências já finalizadas e formalmente documentadas. 
É o que prevê a súmula vinculante 14 do STF: 
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos 
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório 
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao 
exercício do direito de defesa. 
Destaca-se que as provas ainda não documentadas e diligências ainda em 
curso são protegidas pela regra do sigilo. Vejamos: 
STF. Informativo 581. Procedimento investigatório e direito de vista: O direito 
assegurado ao indiciado (bem como ao seu defensor) de acesso aos elementos 
constantes em procedimento investigatório que lhe digam respeito e já se 
encontrem documentados nos autos, não abrange, por óbvio, as informações 
concernentes à decretação e à realização das diligências investigatórias, mormente 
as que digam respeito a terceiros eventualmente envolvidos. II. Enunciado da 
súmula vinculante 14 desta Corte. HC 94387. 
2.4.7. Inquisitivo – a natureza inquisitiva do inquérito policial suscita as seguintes 
conclusões: 
 o inquérito policial não segue os ditames do contraditório e da ampla 
defesa; 
 os atos do inquérito policial são presididos pela mesma autoridade, no 
caso, o delegado de polícia. 
 
 
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VEJA COMO FOI COBRADO EM PROVA: 
(FGV/OAB/2012.2) Um Delegado de Polícia determina a instauração de inquérito 
policial para apurar a prática do crime de receptação, supostamente praticado por 
José. 
Com relação ao Inquérito Policial, assinale a afirmativa que não constitui sua 
característica. 
A) Escrito. 
B) Inquisitório. 
C) Indispensável. 
D) Formal. 
Gabarito: letra C 
Comentário: a letra C é a correta, haja vista que o inquérito policial é dispensável, o 
que significa que a denúncia ou a queixa poderão ser oferecidas sem que tenha 
havido inquérito policial, desde que embasadas em outros meios de prova. 
A regra é a seguinte. Nem sempre a denúncia/queixa serão instruídas com autos de 
inquérito policia, mas sempre que o inquérito policial embasar denúncia/queixa, esta 
será instruída com seus autos. 
Vejamos como isto caiu em prova. 
(FGV/OAB/2011.2) Tendo em vista o enunciado da súmula vinculante n. 14 do 
Supremo Tribunal Federal, quanto ao sigilo do inquérito policial, é correto afirmar 
que a autoridade policial poderá negar ao advogado 
(A) a vista dos autos, sempre que entender pertinente. 
(B) a vista dos autos, somente quando o suspeito tiver sido indiciado formalmente. 
(C) do indiciado que esteja atuando com procuração o acesso aos depoimentos 
prestados pelas vítimas, se entender pertinente. 
(D) o acesso aos elementos de prova que ainda não tenham sido documentados no 
procedimento investigatório. 
 
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Gabarito: letra D. 
 
 
 
2.5. Trâmite do inquérito policial 
Em regra, o inquérito policial deve tramitar na mesma comarca que for competente 
para a ação penal. 
A divisão de trabalho das autoridades policiais não se chama jurisdição, mas 
circunscrição, haja vista que jurisdição é instituto exclusivo de autoridades judiciais. 
Vejamos o que dispõe o Código de processo Penal: 
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de 
suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da 
sua autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995) 
Art.22.No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma 
circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos 
inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, 
independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até 
que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua 
presença, noutra circunscrição. 
 
2.6. Instauração do inquérito policial 
2.6.1. Instauração de ofício 
 
Sempre que tiver notícia de crime de ação penal pública incondicionada, a 
autoridade policial deverá instaurar o inquérito policial de ofício. 
Caso a notícia criminis seja anônima, o inquérito não poderá ser instaurado 
de imediato. 
O STF, na análise do Inquérito 1.957/PR, decidiu que, caso haja delatio 
criminis apócrifa (desacompanhada de quaisquer elementos de prova), a 
polícia deverá primeiro realizar uma investigação preliminar, só baixando 
portaria se encontrar justo motivo. 
 
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Se o crime for de ação publica condicionada ou ação penal privada, será 
obrigatória a anuência ou requerimento da vítima ou, na sua ausência, de seu 
representante legal. 
 
2.6.2.Instauração mediante requisição judicial ou do Ministério Público 
 
Requisição significa ordem, portanto, nestes casos, o delegado de polícia 
será obrigado a instaurar o inquérito policial. 
 
Caso o promotor de justiça da comarca receba notícia crime contra prefeito 
municipal, deverá encaminhá-la ao Procurador Geral de Justiça, que é quem 
tem atribuição para processar prefeitos, conforme artigo 29, X, da CF. 
 
2.6.3. Requerimento do ofendido 
 
O Código de Processo Penal também regulamenta a hipótese de o ofendido 
requerer a abertura de inquérito policial. Nestes casos, somente o delegado 
de policia detém discricionariedade para decidir se instaura ou não tal 
procedimento. 
 
Conforme o artigo 5ª, II, § 2º do CPP, em caso de negativa do delegado, 
caberá recurso ao chefe de polícia. 
 
2.7. Modos de cognição – trata-se do meio através do qual o delegado de 
polícia toma conhecimento da infração penal. 
2.7.1. Cognição espontânea: a autoridade toma conhecimento do crime 
diretamente, pela rotina. Ato discricionário. 
2.7.2. Cognição provocada: a ciência do crime chega ao policial por interposta 
pessoa. Ato discricionário. 
2.7.3. Cogniçãocoercitiva: nas hipóteses de requisição do juiz ou promotor de 
justiça, bem como de prisão em flagrante. Ato vinculado. 
 
2.8. Trancamento do inquérito policial 
 
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A mera existência de um inquérito policial investigando fatos relacionados à 
determinada pessoa já configura um constrangimento. 
No caso, o constrangimento será legal quando houver justa causa, ou seja, um 
mínimo de elementos que justifiquem a instauração de investigação. 
Quando ausentes os elementos mínimos, o constrangimento passa a ser ilegal, o 
que dará ensejo ao pedido de trancamento (extinção) do inquérito policial, a ser 
manejado por via de Habeas Corpus, quando o constrangido for pessoa física, e 
Mandado de Segurança, quando o constrangido for pessoa jurídica. 
 
2.9. Peça inaugural do inquérito policial 
2.9.1. Portaria – é o ato administrativo pelo qual a autoridade policial instaura o 
inquérito policial nos casos de notitia criminis diversa da modalidade 
coercitiva. 
2.9.2. Auto de prisão em flagrante – quando o inquérito policial se iniciar à partir de 
uma prisão em flagrante, o próprio auto de prisão será a peça inaugural do 
inquérito, substituindo a portaria. 
2.9.3. Requisição judicial ou ministerial – será a peça inaugural do inquérito, em 
caso de cognição coercitiva. 
 
2.10. Reprodução simulada dos fatos 
Chamada vulgarmente de “reconstituição do crime”, consiste em uma diligência com 
objetivo de esclarecer os passos do iter criminis (caminho do delito), bem como 
detalhes na execução e participação de demais autores ou partícipes. Está prevista 
no artigo 7º do CPP: 
Art.7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de 
determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada 
dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
 
 
 
VEJA COMO FOI COBRADO EM PROVA: 
 
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(FGV/OAB/2011.1) Acerca das disposições contidas na Lei Processual sobre o 
Inquérito Policial, assinale a alternativa correta. 
(A) Nos crimes de ação privada, a autoridade policial poderá proceder a inquérito a 
requerimento de qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de 
infração penal. 
(B) Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá 
recurso para o tribunal competente. 
(C) Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado 
modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde 
que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
(D) A autoridade policial poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
Gabarito: letra C 
Comentário: A alternativa “A” está errada, diante da necessidade de prévio 
requerimento do ofendido para inicio de inquérito policial em crimes de ação penal 
privada. 
A alternativa “B” está errada, pois o recurso cabível é para o chefe de polícia. 
A alternativa “D” está errada haja vista que não faz parte das atribuições do 
delegado de polícia arquivar autos de inquérito. 
A alternativa “C” está certa, conforme artigo 7º do CPP. 
 
 
 
 
2.11. Indiciamento 
Indiciamento é o ato pelo qual o delegado atribui a alguém a prática de uma infração 
penal, com base em indícios suficientes e convergentes de autoria. 
Após o indiciamento, o indiciado passa a ser o foco principal das investigações. 
A necessidade de fundamentação do ato de indiciamento está explícita no artigo 2º § 
6º da lei 12.830 de 2013. 
 
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2.11.2. Relatório final – deverá conter apenas a narrativa, isenta e objetiva, dos 
fatos apurados. A autoridade policial não deve emitir juízo de valor ou tecer 
considerações acerca da culpabilidade do investigado ou da antijuridicidade da 
conduta. 
2.12. Valor probatório do inquérito judicial 
Em regra, somente será admitido como prova aquilo que possa ser reproduzido em 
juízo sob o crivo do contraditório, ressalvadas as provas cautelares, não-repetíveis e 
antecipadas. 
 
2.13. Providências do Ministério Público 
Após o encerramento, o inquérito policial será direcionado ao Ministério Público, que 
poderá tomar cinco providências diversas: 
 Oferecer denuncia quando houver justa causa. 
 Requerer sua devolução à autoridade judicial, para a realização de novas 
diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Art. 16 Código de 
Processo Penal. 
 Requerer o arquivamento do inquérito. 
 Requerer a permanência dos autos em cartório, à disposição do ofendido ou 
de quem o represente, quando verificar que trata-se de crime de ação penal 
de iniciativa privada. 
 Requerer a remessa dos autos ao juiz competente, nos casos em que 
entender incompetente o juízo perante o qual oficia. 
 
2.14. Prazos para a conclusão do inquérito policial 
 Na polícia civil: prazo de 30 dias em caso de réu solto e de 10 dias em caso 
de réu preso. 
 Na polícia federal: 
 Prazo de 15 dias, prorrogáveis por mais 15, se o réu estiver preso. 
 Se o réu estiver solto, segue a regra geral dos 30 dias. 
 Na lei n° 11.343/2006 (Drogas) 
 Prazo de 30 dias se o réu estiver preso e 90 dias se estiver solto. 
Estes prazos poderão ser duplicados pelo juiz mediante representação da 
autoridade policial, sempre de forma justificada. 
 Inquérito policial militar: prazo de 20 dias em caso de réu preso e de 40 dias 
se solto. 
 
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 Lei n° 1521/51 (crimes contra a economia popular): o prazo será de 10 dias, 
estando o indiciado preso ou solto. 
 
2.14.1. Possibilidade de dilação de prazo e constrangimento ilegal por excesso 
de prazo na duração do inquérito 
Quando o indiciado estiver solto, poderá o delegado de polícia requerer ao 
juiz a dilação do prazo por tempo razoável, a fim de lhe permite concluir as 
investigações. 
O detalhe é que o artigo 10º §3º do CPP só permite tal dilação em caso de 
indiciado solto. 
Quando o indiciado estiver preso, e o delegado necessitar de dilação de 
prazo, o juiz poderá concedê-la, desde que relaxe a prisão do indiciado. 
Havendo a hipótese do inquérito policial se estender por mais tempo do que 
permite a legislação, e o indiciado continuar preso, caberá habeas corpus 
para requerer o relaxamento da prisão. 
Questão curiosa é saber se, em caso de indiciado solto, o excesso de prazo 
na conclusão do inquérito acarreta constrangimento ilegal. 
Em regra, os tribunais entendem que, estando o indiciado solto, não haverá 
constrangimento. 
Porém, excepcionalmente, é possível o trancamento do inquérito policial por 
excesso de prazo, quando este for exorbitante, e não houver justificativa 
razoável para a demora. 
Nesse sentido, vejamos o posicionamento jurisprudencial: 
Ementa: HABEAS CORPUS - ALEGAÇAO DE EXCESSO DE PRAZO PARA O 
TÉRMINO DO INQUÉRITO POLICIAL. INSUBSISTENTES RAZÕES PARA O 
RETARDO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. CARACTERIZAÇAO. Não havendo 
qualquer justificativa para o atraso na remessa do inquérito policial, que viola o 
disposto no artigo 51 da Lei 11.343 /2006, tem cabimento a alegação de excesso 
de prazo que vem a configurar constrangimento ilegal. Informes judiciais que não 
justificam o excesso prazal. Concessão do "habeas corpus". Decisão unânime. (HC 
2010320969/SE: TJ-SE; Rel. Desa: Geni Silveira Schuster, julgado em 28/03/2011, 
Câmara Criminal) 
 
2.15. Arquivamento do inquéritopolicial 
 
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Após receber os autos de inquérito policial, é possível que o membro do parquet, 
conclua pela necessidade de arquivamento do mesmo. Neste caso, o pedido de 
arquivamento seguirá o rito previsto no artigo 28 do Código de Processo Penal: 
 
Art.28 Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, 
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, 
o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do 
inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, 
designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido 
de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. 
Observa-se, assim, que o arquivamento é um ato complexo que envolve duas 
autoridades. 
Se for arquivado pela falta de base para a denúncia, terá natureza rebus sic 
stantibus, ou seja, o inquérito poderá ser retomado se houverem novas provas, 
conforme artigo 18 do Código de Processo Penal: 
Art. 18 Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, 
por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas 
pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
Se o arquivamento ocorrer por outro motivo (por exemplo, por atipicidade do fato), 
poderá ter natureza definitiva. 
 
2.15.1. Arquivamento implícito ou tácito 
 
Ocorre quando o Ministério Público deixa de incluir na denúncia algum fato 
investigado ou algum dos indiciados, sem justificação ou expressa 
manifestação deste procedimento. A idéia do arquivamento implícito parte da 
presunção de que, uma vez havida a omissão do membro do Ministério 
Público, o subseqüente silêncio do juiz configuraria um arquivamento tácito. 
O arquivamento implícito tem duplo aspecto: 
 Aspecto subjetivo: quando a omissão refere-se a um ou mais indiciados; 
 Aspecto objetivo: concernente a fatos investigados não considerados na 
decisão. 
 
 
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Atenção: Essa modalidade não é admitida no direito brasileiro. Os tribunais já 
decidiram que a omissão do Ministério Público em relação à pessoas ou fatos 
não impede que haja aditamento da denúncia, ou mesmo o oferecimento 
posterior de nova exordial acusatória. 
Nesse sentido, vejamos a decisão abaixo: 
Info Nº 605 – Inquérito Policial e Arquivamento Implícito. O sistema processual 
penal brasileiro não prevê a figura do arquivamento implícito de inquérito policial. 
Ao reafirmar esse entendimento, a 1ª Turma denegou habeas corpus em que se 
sustentava a sua ocorrência em razão de o Ministério Público estadual haver 
denunciado o paciente e co-réu, os quais não incluídos em denúncia oferecida 
anteriormente contra terceiros. Alegava a impetração que o paciente, por ter sido 
identificado antes do oferecimento da primeira peça acusatória, deveria dela 
constar. Inicialmente, consignou-se que o Ministério Público esclarecera que não 
incluíra o paciente na primeira denúncia porquanto, ao contrário do que afirmado 
pela defesa, não dispunha de sua identificação, o que impediria a propositura da 
ação penal naquele momento. Em seguida, aduziu-se não importar, de qualquer 
forma, se a identificação do paciente fora obtida antes ou depois da primeira peça, 
pois o pedido de arquivamento deveria ser explícito (CPP, art. 28). Nesse sentido, 
salientou-se que a ocorrência de arquivamento deveria se dar após o requerimento 
expresso do parquet, seguido do deferimento, igualmente explícito, da autoridade 
judicial (CPP, art. 18 e Enunciado 524 da Súmula do STF). Ressaltou-se que a 
ação penal pública incondicionada submeter-se-ia a princípios informadores 
inafastáveis, especialmente o da indisponibilidade, segundo o qual incumbiria, 
obrigatoriamente, ao Ministério Público o oferecimento de denúncia, quando 
presentes indícios de autoria e prova de materialidade do delito. Explicou-se que a 
indisponibilidade da denúncia dever-se-ia ao elevado valor social dos bens 
tutelados por meio do processo penal, ao se mostrar manifesto o interesse da 
coletividade no desencadeamento da persecução sempre que as condições para 
tanto ocorrerem. Ademais, registrou-se que, de acordo com a jurisprudência do 
Supremo, o princípio da indivisibilidade não se aplicaria à ação penal pública. 
Concluiu-se pela higidez da segunda denúncia. Alguns precedentes citados: RHC 
95141/RJ (DJe de 23.10.2009); HC 92445/RJ (DJe de 3.4.2009). HC 104356/RJ, 
rel. Min. Ricardo Lewandowski, 19.10.2010. (HC-104356) 
 
2.15.2. Arquivamento originário 
Diz-se que o arquivamento é originário quando apresentado diretamente pelo 
Procurador Geral, nas ações de competência originária dos tribunais. 
 
2.15.3. Arquivamento indireto 
Ocorre quando o membro do Ministério público entende que o juiz perante o 
qual oficia é incompetente para julgar a causa, e requer a remessa dos autos 
 
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ao juiz competente. Se o juiz discordar, deverá invocar, por analogia, o artigo 
28 do Código de Processo Penal. 
 
3. AÇÃO PENAL 
 
3.1. Conceitos básicos 
O Estado é o detentor do monopólio da jurisdição. 
Jurisdição é o poder-dever do Estado de aplicar o direito ao caso concreto. 
Na esfera penal, a prestação jurisdicional se consubstancia no jus puniendi (direito 
de punir). 
O monopólio da jurisdição por parte do Estado impõe, por consequência lógica, a 
proibição à autotutela e à autocomposição. 
Excepcionalmente esse monopólio é relativizado, como observado na legítima 
defesa e na transação penal. 
Assim, uma vez que o cidadão venha a ser vítima de um crime, não podendo punir 
diretamente o seu agressor, o que poderá fazer é dar início à uma ação penal. 
A ação penal, portanto, consiste no direito de agir, exercido perante juízes e 
tribunais, invocando a prestação jurisdicional que, na esfera criminal, é a existência e 
aplicação da pretensão punitiva do Estado. 
No processo penal brasileiro, temos duas modalidades de ação penal a depender da 
legitimidade para sua propositura: a ação penal pública e a ação penal privada, 
conforme estudaremos a seguir. 
 
 
 
AÇÃO 
PÚBLICA 
 incondicionada 
 condicionada à representação 
 condicionada a requisição ministerial 
PENAL 
 
PRIVADA 
 
 propriamente dita 
 subsidiária da pública 
 
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 personalíssima 
 
 
3.2. Ação penal de iniciativa pública 
A regra no processo penal brasileiro é que a ação penal seja de iniciativa 
pública, o que significa dizer que seu titular é o Ministério Público. 
Essa modalidade de ação penal se divide em: 
 Ação Penal de Iniciativa Pública Incondicionada 
 Ação Penal de Iniciativa Pública Condicionada à representação do Ofendido 
 Ação Penal de Iniciativa Pública Condicionada à Requisição do Ministro da 
Justiça 
 
Atenta-se para o fato de que qualquer que seja o crime, quando praticado em 
detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal 
será pública. 
Da mesma forma que a ação penal, o inquérito policial dependerá de representação 
quando a ação for condicionada, e dependerá da autorização da vítima quando a 
ação penal for privada. 
 
3.2.1. Ação penal de iniciativa pública incondicionada 
3.2.1.1. Conceito:diz- se incondicionada a ação penal de iniciativa pública quando, 
para que o Ministério Público possa iniciá-laou, mesmo, requisitar a 
instauração de inquérito policial, não se exige autorização/requerimento da 
vítima ou de quem a represente. 
3.2.1.2. Princípios da ação penal de iniciativa pública incondicionada 
 Obrigatoriedade – estipula que é indispensável a propositura da ação, 
quando há provas suficientes para tanto e inexistindo obstáculos para a 
atuação do Ministério Público. 
 Oficialidade – materializado no artigo 129, I, da CF, a ação penal será 
procedida por órgão oficial, qual seja, o Ministério Público. 
 
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 Indisponibilidade – é vedado ao Ministério Público desistir da ação penal 
por ele iniciada. 
Atenção: desistir da ação penal é diferente de, ao seu final, pugnar pela 
improcedência do pedido levado a efeito na denúncia. Tal hipótese é 
perfeitamente cabível. 
 Intranscendência – a ação penal somente deve ser proposta em face 
daqueles que praticaram a infração penal, não podendo atingir pessoas 
estranhas ao fato criminoso. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE EM 
AÇÃO PÚBLICA. 
Na ação penal pública, o MP não está obrigado a denunciar todos os envolvidos no fato tido 
por delituoso, não se podendo falar em arquivamento implícito em relação a quem não foi 
denunciado. Isso porque, nessas demandas, não vigora o princípio da indivisibilidade. Assim, 
o Parquet é livre para formar sua convicção incluindo na increpação as pessoas que entenda terem 
praticados ilícitos penais, mediante a constatação de indícios de autoria e materialidade. Ademais, há 
possibilidade de se aditar a denúncia até a sentença. Precedentes citados: REsp 1.255.224-RJ, 
Quinta Turma, DJe 7/3/2014; APn 382-RR, Corte Especial, DJe 5/10/2011; e RHC 15.764-SP, Sexta 
Turma, DJ 6/2/2006. RHC 34.233-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
6/5/2014. 
 
 
3.2.2. Ação penal de iniciativa pública condicionada à representação 
 
3.2.2.1. Trata-se de ação penal cuja titularidade é do Ministério Público, mas que 
dependerá da representação do ofendido ou de quem o represente para 
que possa propor a denúncia. 
3.2.2.2. Princípios da ação penal de iniciativa pública condicionada à 
representação – segue os mesmos princípios da ação penal de iniciativa 
pública incondicionada. 
3.2.2.3. Representação – consiste na manifestação de vontade por parte da 
vítima ou de quem o represente, autorizando o Ministério Público a 
oferecer a denúncia, bem como à autoridade policial instaurar o inquérito 
policial. 
 
A representação tem forma livre, ou seja, não exige maiores formalidades, 
bastando que haja a manifestação inequívoca de vontade da vítima no 
 
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sentido de querer a investigação do fato e o processamento de seu 
agressor. 
Quanto à natureza jurídica; a representação constitui condição de 
procedibilidade da ação penal. 
Nos termos do artigo 39 do Código de Processo penal, a representação 
pode ser oferecida perante o delegado de polícia, o juiz ou o 
representante do Ministério público. 
3.2.2.4. Prazo para representar – seis meses, contados a partir do dia em que a 
vítima sabe quem é o autor do fato criminoso. É possível que a vítima 
tome conhecimento de que está nessa situação, mas sem ainda saber que 
é o autor das agressões, como em um caso de calúnia por meio de cartas 
anônimas, por exemplo. Sendo assim, o prazo para o oferecimento da 
representação só começa a contar quando a vítima passa a saber quem é 
seu agressor. 
3.2.3. Retratação – retratar significa “voltar atrás”, quanto ao interesse em ver o 
agressor ser processado. É admissível até o oferecimento da denúncia. 
3.2.4. Ação penal pública condicionada à requisição do ministro da justiça 
Em alguns casos, como por exemplo nos crimes contra a honra do presidente da 
República ou de chefe de governo estrangeiro, a lei condiciona a propositura da 
ação penal à prévia requisição do Ministro da Justiça. 
 
Neste caso, apesar de ter a mesma natureza jurídica da representação, não se 
impõe o prazo decadencial de 06 (seis) meses. 
 
3.3. Ação penal de iniciativa privada 
3.3.1. Conceito: é a modalidade de ação penal cuja titularidade passa do Estado 
para o particular, haja vista o interesse é eminentemente privado. Não se 
transfere o direito de punir, mais tão somente o direito de agir. 
3.3.2. Princípios da ação penal de iniciativa privada: 
 Oportunidade – segundo Tourinho Filho, este princípio confere ao titular da 
ação o direito de julgar da conveniência ou inconveniência quanto á 
propositura da ação penal. 
 Disponibilidade – Mesmo depois de proposta a ação penal, o particular 
poderá, valendo-se de determinados institutos, dispor da ação penal por 
 
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ele proposta inicialmente. Por exemplo: perempção – ocorre quando o 
querelante deixa de promover o andamento da ação por mais de 30 dias 
seguidos. 
 Indivisibilidade – materializado no artigo 48 do Código de Processo Penal: 
a queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de 
todos, e o MP velará pela sua indivisibilidade. 
 
3.3.3 Modalidades de ação penal de iniciativa privada 
3.3.3.1. Ação penal privada propriamente dita 
Ocorre nos casos em que a lei penal preferiu que o início da ação penal 
ficasse a cargo do particular. 
No caso de morte ou ausência, o direito de oferecer queixa ou de 
prosseguir na ação penal ficará a cargo do cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão. Código Penal, art.100, § 4°. 
3.3.3.2. Ação penal privada subsidiária da pública – CF, art. 5°, LIX. 
Só cabe exclusivamente em caso de inércia. Caso o MP peça o 
arquivamento do inquérito policial, ou requeira a devolução do inquérito á 
policia civil a fim de efetuarem novas diligências, não caberá ação penal 
privada subsidiária. 
3.3.3.3. Ação penal privada personalíssima 
São aquelas em que somente o ofendido, e mais ninguém, pode propô-
las. Por exemplo: art. 236, do CP – nesses casos não há sucessão por 
morte ou ausência. 
 
 
 
VEJA COMO FOI COBRADO EM PROVA: 
(FGV/OAB/2011.1) Tício está sendo investigado pela prática do delito de roubo 
simples, tipificado no artigo 157, caput, do Código Penal. 
 
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Concluída a investigação, o Delegado Titular da 41ª Delegacia Policial envia os 
autos ao Ministério Público, a fim de que este tome as providências que entender 
cabíveis. 
O Parquet, após a análise dos autos, decide pelo arquivamento do feito, por faltas 
de provas de autoria. A vítima ingressou em juízo com uma ação penal privada 
subsidiária da pública, que foi rejeitada pelo juiz da causa, que, no caso acima, agiu 
: 
(A) erroneamente, tendo em vista a Lei Processual admite a ação privada nos 
crimes de ação pública quando esta não for intentada. 
(B) corretamente, pois a vítima não tem legitimidade para ajuizar ação penal 
privada subsidiária da pública. 
(C) corretamente, já que a Lei Processual não admite a ação penal privada 
subsidiária da pública nos casos em que o Ministério Público não se mantém inerte. 
(D) erroneamente, já que a Lei Processual admite, implicitamente, a ação penal 
privada subsidiária da pública. 
Gabarito: Alternativa “C”. É preciso distinguir inércia do membro do parquet do 
pedido de arquivamento. 
Quando o ministério público se queda inerte, o que significa que este não tomaqualquer providência no prazo legal, surge para a vítima ou seus representantes 
legais o direito de ingressar com uma ação penal privada subsidiária da pública. 
Porém, quando o ministério público requer o arquivamento da ação, por não ter se 
quedado inerte, ausente está o direito de ingresso com queixa-crime supletiva. 
 
 
 
3.3.4. Atuação do Ministério Público na ação penal privada 
 
 Funciona como custos legis, ou seja, fiscal da lei. 
 
 Verifica se o devido processo legal está sendo respeitado 
 
 Se estão sendo resguardados os direitos das partes 
 
 
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 Se foi respeitado o princípio da indivisibilidade 
 
 Analisa se o delito não é caso de ação penal de iniciativa pública 
 
 Analisa a ocorrência de causa extintiva de punibilidade 
 
 Ao final da instrução, o MP se manifesta pela condenação ou absolvição do 
querelado. 
 
3.3.4.1. Possibilidade do promotor aditar a queixa-crime – art. 45, do CPP 
 
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser 
aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos 
subseqüentes do processo. 
“Nos termos do artigo 45 do CPP, a queixa poderá ser aditada pelo ministério 
público, ainda que se trate de ação penal privativa do ofendido, desde que não 
proceda à inclusão de coautor ou partícipe, tampouco inove quanto aos fatos 
descritos” (STJ-HC 85.039/SP) 
 
3.3.5. Causas de extinção da punibilidade aplicáveis à ação penal privada 
 
3.3.5.1. Decadência 
 
 É a perda do direito de ingressar com a ação em face do decurso do 
prazo sem o oferecimento da queixa. 
 
Vejamos como o instituto é disciplinado no Código de Processo Penal: 
 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de 
queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, 
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 
3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento 
da denúncia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 Caso o querelante apresente queixa-crime em juízo incompetente, não 
haverá decadência, haja vista a intenção inequívoca de iniciar a ação 
penal. 
 
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 O prazo decadencial é peremptório, não se prorrogando ou se 
suspendendo por qualquer razão. 
 A instauração de inquérito policial, portanto, não obsta o prosseguimento 
do prazo. 
 Se o último dia do prazo cair em feriado ou fim de semana, ele não se 
estende até o próximo dia útil. 
 Nos crimes permanentes, o prazo começa a contar quando cessa a 
permanência, se a autoria já for conhecida. 
 No crime habitual, a decadência se conta a partir do último ato conhecido 
pelo querelante. 
 O prazo decadencial tem natureza penal, incluindo-se o dia do começo. 
 Comunica-se a todos os autores do delito 
 
3.3.5.2. Perempção 
 
 É a perda do direito de prosseguir na ação penal privada em razão da 
inércia do querelante. 
 Tem natureza de sanção 
 Comunica-se a todos os autores do delito. 
 Não tem aplicabilidade na ação penal privada subsidiária. 
 
Vejamos como o instituto é disciplinado no Código de Processo Penal: 
 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-
á perempta a ação penal: 
I -quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do 
processo durante 30 dias seguidos; 
 Atenção: na esfera penal, a perempção extingue a punibilidade. 
 No Processo Civil, a perempção só ocorre após a terceira extinção do 
processo sem julgamento do mérito pelo mesmo motivo. 
Art. 60; II-quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não 
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o 
disposto no art. 36; 
 Trata-se de condição de prosseguibilidade da ação penal. 
 
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 Não se aplica à ação penal privada personalíssima. 
Art. 60; III- quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a 
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o 
pedido de condenação nas alegações finais; 
 Na ação penal pública, o juiz pode condenar o réu, mesmo que o MP 
tenha pedido a absolvição. 
IV- quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar 
sucessor. 
VEJA COMO FOI COBRADO EM PROVA: 
(FGV.XIII . 2014.1 ) Questão 65 
 
Em determinada ação penal privada, na qual se apura a prática dos delitos de 
calúnia e difamação, a parte não apresenta, em alegações finais, pedido de 
condenação em relação ao delito de calúnia, fazendo-o tão somente em relação 
ao delito de difamação. 
Com relação ao caso apresentado, assinale a afirmativa correta. 
A) Ocorreu a perempção em relação ao delito de calúnia. 
B) Não ocorreu perempção em relação a nenhum delito. 
C) Ocorreu o perdão tácito em relação ao delito de calúnia. 
D) Não ocorreu perempção, mas, sim, renúncia em relação ao delito de calúnia. 
 
 
3.3.5.3. Renúncia ao direito de queixa 
 
 Ocorre antes do início da ação penal 
 Unilateral 
 Pode ser expressa ou tácita 
 Se feita em relação a um dos autores, a todos se estende (Indivisibilidade) 
 
Vejamos como o instituto é disciplinado no Código de Processo Penal: 
 
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Art.49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos 
autores do crime, a todos se estenderá. 
Art.50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por 
seu representante legal ou procurador com poderes especiais. 
 
3.3.6. Perdão do ofendido 
 
 Ato pelo qual o querelante desiste da ação penal. 
 Ocorre em momento posterior à queixa-crime. 
 É bilateral. 
 Se concedido a um dos querelados, a todos se estende, exceto em relação ao 
que o recusar. 
 Se forem dois os querelantes, o perdão oferecido por um não se estende ao 
outro. 
 Pode ser feito pessoalmente ou por procurador com poderes especiais. 
 Pode ser expresso ou tácito. 
 
 
 
 
4. AÇÃO CIVIL EX DELICTO 
 
4.1 Conceito – É a ação proposta no juízo civil pelo ofendido, seu representante legal ou 
seus herdeiros para obter a reparação do dano provocado pela infração penal. 
(MOUGENOT BONFIM, Edilson, Curso de processo Penal. 4ª Ed. Saraiva, 2009.) 
 
4.2 Sistema de reparação do dano 
O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema da independência entre os juízos 
penal e cível. Isto significa que, as ações deverão ser propostas separadamente, 
tendo os julgadores liberdade para julgar, desvinculados das demais instâncias. 
Ocorre que tal sistema é mitigado por algumas situações, como a possibilidade de o 
juiz criminal, em sentença penal condenatória, determinar o valor mínimo para a 
reparação do dano, tendo a sentença penal condenatória a natureza de título 
executivo judicial (artigo 63 do CPP). 
 
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4.3 Decisões em matéria penal que fazem coisa julgada no âmbito civil 
 Sentença Penal Condenatória definitiva – Por força do artigo 63 do CPP, após 
a sentença penal condenatória com trânsito em julgado, o ofendido, seu 
representante legal ouseus herdeiros estarão legitimados a propor a 
execução da sentença na esfera cível. 
Atenção – Nem todo crime irá gerar o dever de indenizar. É possível que o 
réu seja condenado criminalmente sem que tenha gerado prejuízo para 
alguém. 
 Sentença Penal Absolutória que reconhece a presença de causa excludente 
de ilicitude- Prevista expressamente no artigo 65 do CPP, essa regra proíbe o 
juízo cível de discutir acerca de excludente de ilicitude reconhecida de forma 
definitiva na esfera penal. É a chamada eficácia preclusiva subordinante. 
Ocorre que, não obstante esta regra, é possível, em algumas hipóteses, que 
mesmo tendo havido a ocorrência de excludente de ilicitude, ainda 
permaneça o dever de indenizar, podendo-se citar como exemplo a legítima 
defesa putativa. 
4.4 Legitimidade do Ministério Público para a proposição da ação civil ex 
delicto 
Vejamos o disposto no artigo 68 do CPP: 
 Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 
2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será 
promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público. 
A princípio, a possibilidade garantida ao titular comprovadamente pobre de ser 
representado pelo Ministério Público não suscitaria maiores debates. 
Porém, a Constituição Federal, em seu artigo 134, prevê que a representação do 
cidadão hipossuficiente será feita pela Defensoria Pública. 
Vejamos: 
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do 
Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos 
necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV.) 
Conforme se pode aferir no informativo 346 do STF, a egrégia corte, ao julgar essa 
controvérsia, decidiu que o artigo 68 do CPP é norma constitucional em trânsito para 
a inconstitucionalidade, o que significa dizer que será válido enquanto não forem 
instaladas as defensorias Públicas nos estados. 
 
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5. JURISDIÇÃO 
5.1 Conceito de jurisdição – Jurisdição significa o poder que o estado detém, que 
também é um dever, no sentido de aplicar as regras de direito aos casos concretos 
que são postos à sua apreciação. 
Fala-se que o Estado detém o monopólio da jurisdição, haja vista que só ele tem o 
poder de aplicá-la, vedando, em regra, a autotutela. 
5.2 Características da jurisdição 
 Substitutividade – Vedando a autotutela, o estado substitui as partes, sendo 
ele o responsável pela solução judicial dos conflitos. 
 Definitividade – as decisões judiciais, após o esgotamento das vias recursais, 
passam a ser imutáveis. Excepcionalmente poderão ser revistas via revisão 
criminal. 
 Inércia – O estado, no exercício da função jurisdicional, depende de prévia 
provocação para agir. Em algumas hipóteses, excepcionais, deverá o juiz agir 
sem provocação, como no caso do habeas corpus de ofício. 
 Indivisibilidade – A jurisdição é uma e indivisível. A organização da mesma 
em penal, cível e trabalhista serve apenas para facilitar e sistematizar o 
trabalho. 
5.3 Princípios da jurisdição 
 Juiz natural – Já estudado no capítulo 01. 
 Investidura – Apenas poderão atuar no exercício jurisdicionais os profissionais 
legalmente investido em suas funções. 
 Inércia - Já estudado no item 5.2 
 Indeclinabilidade – Sempre que uma questão for submetida à apreciação do 
poder judiciário, este será obrigado a prolatar uma decisão, seja ou não de 
mérito. 
 Indelegabilidade – O magistrado deverá exercer sua função com 
pessoalidade, não podendo delegar tal atividade. 
5.4 Divisões da Jurisdição 
 Quanto à graduação – os órgãos do poder judiciário são divididos em 
instâncias, conforme o duplo grau de jurisdição. 
 Quanto à matéria – a jurisdição será penal ou civil, a depender da natureza do 
direito sobre o qual incide a controvérsia. 
 
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 Quanto à função – A jurisdição será comum (residual) ou especial (Justiças 
militar, eleitoral e do trabalho). 
 Quanto ao objeto – Divide-se a jurisdição em contenciosa (necessidade de 
solução de controvérsia) ou voluntária (ausência de litígio). 
 
 
6. COMPETÊNCIA EM MATÉRIA PENAL 
 
6.1 Introdução - Embora a jurisdição seja una, ela é distribuída entre diversos 
órgãos. Essa distribuição técnica do poder jurisdicional, a fim de facilitar a 
organização e sistematização do trabalho é a chamada Competência. 
6.2. Competência – É a delimitação do exercício do poder jurisdicional. Fala-se que 
competência é a ‘medida da jurisdição”. 
6.3. Critérios para a fixação de competência: 
A doutrina, para fins didáticos, estabelece a seguinte divisão. 
 Em razão da matéria/natureza da infração – ratione materiae 
 Em razão do cargo ou função do acusado – ratione personae 
 Em razão do local do crime ou da residência do acusado – ratione loci 
6.3.1 Critérios legais: 
Já o Código de Processo Penal estabelece as seguintes distinções: 
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: 
 I - o lugar da infração: 
 II - o domicílio ou residência do réu; 
 III - a natureza da infração; 
 IV - a distribuição; 
 V - a conexão ou continência; 
 VI - a prevenção; 
 VII - a prerrogativa de função. 
 
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6.4. Delimitação da competência em razão da matéria 
Para identificar a competência para julgar determinado fato, é preciso definir, em um 
primeiro momento, o juízo competente conforme a natureza da infração. 
A CF criou justiças especializadas para determinadas matérias, sendo o restante 
julgado pela justiça comum (caráter residual). 
6.4.1. Justiça Eleitoral (artigos 118 a 121 da CF) – Julga infrações de 
natureza eleitoral e as infrações conexas. 
A competência da justiça eleitoral ficou a cargo do Código Eleitoral, por força 
do artigo 121 da Constituição federal. 
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos 
tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais. 
A competência criminal da Justiça Eleitoral engloba os crimes eleitorais, 
sendo estes os previstos no Código Eleitoral e os que a lei expressamente 
defina como tal. 
Atenção – A motivação política ou mesmo eleitoral não é suficiente para 
definir a competência da Justiça Especial de que estamos tratando. Da 
mesma forma, a existência de campanha eleitoral é irrelevante, pois, de per 
si, não é suficiente para caracterizar os crimes eleitorais à falta de tipificação 
legal no Código Eleitoral ou em leis eleitorais extravagantes. (BRASILEIRO, 
Renato. Competência Criminal. Ed. Juspodivm) 
 
Composição da Justiça eleitoral - Juízes eleitorais (juízes estaduais 
designados pelo TRE), tribunais regionais eleitorais e Tribunal Superior 
Eleitoral. 
Havendo conexão entre crimes eleitorais e crimes de competência da justiça 
estadual, a justiça especial os julgará. Vejamos o artigo 35, II, do Código 
eleitoral: 
 
 Art. 35. Compete aos juizes: 
... 
 II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, 
ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais; 
Havendo conexão entre crime eleitoral e crime de competência da justiça 
federal, entendemos que também haverá união de processo e julgamento 
 
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perante a justiça eleitoral, apesar de haverprecedente do STJ em sentido 
diverso. 
Havendo conexão entre crime eleitoral e crime militar, haverá a cisão dos 
processos. 
 
 
Observações: 
a) Os crimes eleitorais são apurados pela Polícia Federal; 
b) Ofensas cometidas contra juízes, promotores e servidores da Justiça 
Eleitoral serão de competência da justiça Federal; 
c) No crime eleitoral, caso o promotor requeira o arquivamento e o juiz 
discorde, o inquérito será remetido do Procurador Regional Eleitoral. 
d) É perfeitamente admissível ação penal privada subsidiária da pública em 
crimes eleitorais. 
Vejamos: 
“Recurso especial. Crime eleitoral. Ação penal privada subsidiária. Garantia constitucional. 
Art. 5º, LIX, da Constituição Federal. Cabimento no âmbito da Justiça Eleitoral. Arts. 29 do 
Código de Processo Penal e 364 do Código Eleitoral. Ofensa. 1. A ação penal privada 
subsidiária à ação penal pública foi elevada à condição de garantia constitucional, prevista no 
art. 5º, LIX, da Constituição Federal, constituindo cláusula pétrea. 2. Na medida em que a 
própria Carta Magna não estabeleceu nenhuma restrição quanto à aplicação da ação penal 
privada subsidiária, nos processos relativos aos delitos previstos na legislação especial, deve 
ser ela admitida nas ações em que se apuram crimes eleitorais. 3. A queixa-crime em ação 
penal privada subsidiária somente pode ser aceita caso o representante do Ministério Público 
não tenha oferecido denúncia, requerido diligências ou solicitado o arquivamento de inquérito 
policial, no prazo legal. 4. Tem-se incabível a ação supletiva na hipótese em que o 
representante do Ministério Público postulou providência ao juiz, razão pela qual não se pode 
concluir pela sua inércia. [...]”(Ac. de 14.8.2003, no RESPE nº 21295, rel. Min. Fernando 
Neves.) 
 
 
 
 Justiça Militar (art. 124 CF) – Julga os crimes militares previstos no 
artigo 9º do Código Penal Militar. 
 
Casuística referente à justiça militar: 
 
 Crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil – Será 
de competência da Justiça Comum, especificamente do Tribunal do 
Júri, conforme artigo 9º parágrafo único do Código Penal Militar. 
 Crime de abuso de autoridade praticado por militar – 
Neste caso, ainda que o militar pratique tal crime no exercício de suas 
funções, será competente a justiça comum. 
 
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Nesse sentido a súmula 172 do STJ - Compete a justiça comum processar e 
julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em 
serviço. 
 Acidente de trânsito envolvendo viatura militar – será de 
competência da justiça comum, exceto se autor e vítima forem 
militares. Nesse sentido a súmula 06 do STJ: Compete a justiça 
comum processar e julgar delito decorrente de acidente de transito 
envolvendo viatura da policia militar, salvo se autor e vítima forem 
policiais militares em situação de atividade. 
 Crime praticado por civil contra instituições militares estaduais – 
Será de competência da justiça comum, conforme súmula 53 do STJ: 
Súmula 53 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar civil 
acusado de prática de crime contra instituições militares estaduais. 
 
Atenção: a justiça do trabalho não tem competência em matéria penal. 
6.5 Da Justiça Comum Federal e Estadual 
6.5.1 Justiça Federal - Sua competência é delimitada no artigo 109, IV, da CF, e 
julgará: 
 Crimes Políticos – São aqueles previstos na Lei de Segurança Nacional (lei 
7170/83) 
 Infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da 
união, suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções. 
Quanto a este ponto, importante destacar a importância dos enunciados de 
súmulas do STJ de nº 38, 42 e 147. 
Súmula 38 do STJ: “Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da 
Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em 
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.” 
Súmula 42 do STJ: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as 
causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados 
em seu detrimento.” 
Súmula 147 do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes 
praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício 
da função.” 
 crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando iniciada a 
execução no País, o resultado devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente 
 
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Exemplo: Tráfico internacional de drogas, por força da convenção de Viena e artigo 
70 da Lei 11343/2006. 
 
 Casos de grave violação de direitos humanos, se houver necessidade de 
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
internacionais sobre direitos humanos de que o Brasil faça parte. Previsto no 
artigo 109, § 5º da CF. 
Neste caso, se o procedimento se iniciar na justiça estadual, cabe ao Procurador 
Geral da República pleitear o deslocamento de competência 
 Crimes contra a organização do trabalho - Não basta que o crime esteja 
inserido neste título para que a competência seja da justiça federal, devendo, 
para isto, haver violação aos direitos dos trabalhadores coletivamente 
considerados. 
 os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o 
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente 
sujeitos a outra jurisdição; 
 os mandados de segurança contra ato de autoridade federal, excetuados os 
casos de competência dos tribunais federais; 
 Crimes contra o sistema financeiro ou a ordem econômica, quando 
determinados em lei. 
 Crime cometido a bordo de navios ou aeronaves ressalvada a competência 
da Justiça Militar 
 Crimes de ingresso e permanência irregular de estrangeiro – Trata-se dos 
crimes previstos no estatuto do estrangeiro (lei 6815/80). 
6.5.2 Justiça Estadual – Sua competência é definida pelo artigo 125 da CF. 
Podemos dizer que a justiça estadual terá competência residual, ou seja, caso o 
crime em questão não seja de competência das justiças especializadas ou da justiça 
comum federal, será de competência estadual, por exclusão. 
Detalhes: 
 Crimes dolosos contra a vida. Competência do Tribunal do Júri - O Júri 
poderá ser estadual ou federal, a depender do caso concreto. Ex: em caso de 
homicídio a bordo de aeronave, o crime será julgado pelo tribunal do júri da 
Justiça Federal. 
 Juizados Especiais Criminais - Competentes para crimes de menor potencial 
ofensivo. Também podem ser federais ou estaduais. 
 
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6.6. Delimitação da competência em razão do cargo ou função do acusado. 
É o chamado foro privilegiado por prerrogativa de função. 
Em razão da relevância do papel desempenhado por determinadas autoridades, a 
CF e algumas constituições estaduais determinam que tais autoridades sejam 
julgadas, originariamente, pelos tribunais. 
A CF delimita essa competência: 
 STF (Art. 102) – Julga originariamente, nos crimes comuns – 
 Presidente da República 
 Vice-presidente da República 
 Deputados Federais 
 Senadores da república 
 Ministros do próprio supremo 
 Procurador Geral da República 
 Ministros de Estado 
 Comandantes da marinha/exército/aeronáutica 
 Membros dos tribunais Superiores 
 Membros dos tribunais de contas da União 
 Chefes de missão diplomática de caráter permanente

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