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1 ENERGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Severino Soares Agra Filho1 As necessidades de manutenção da vida têm como imperativo o uso da energia. Ao longo da história da humanidade, constata-se um vertiginoso crescimento do consumo de energia, sobretudo, a partir da revolução industrial. Conforme os dados representados na figura abaixo, a humanidade evoluiu de um consumo de cerca de 2000Kcal/dia (o homem primitivo) para um consumo cerca de 230.000 kcal/dia (o homem tecnológico)2. A continuidade dessa evolução de consumo energético se torna incompatível com recursos finitos disponíveis no planeta. Os dados dessa evolução ressalta a participação crescente das demandas de transporte e atividades de produção industrial e agrícola, refletindo a realidade da estrutura social que caracterizou o século XX. Aliado a essa crescente demanda, existe ainda um agravante para a situação: os problemas ambientais que podem ser ocasionados nas atividades de produção de energia. Os dados disponíveis e reconhecidos pelas autoridades internacionais (ONU - CONVENÇÃO DE MUDANÇA CLIMÁTICA) reconhecem os sérios problemas das condições ambientais decorrentes das principais fontes e/ou sistemas de produção e consumo de energia utilizados, tais como o aumento de gases de efeito estufa, poluição do ar, degradação de ecossistemas aquáticos, entre outros (BRASIL, 1992). As potenciais 1 Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Ambiental/UFBA 2 Goldemberg & Villaneuva. Energia, Meio Ambiente & Desenvolvimento. 2ª edição rev. São Paulo: EDUSP, 2003. 2 consequências ambientais e ações impactantes da produção de energia a partir de alguns fontes energéticas estão resumidas no quadro I abaixo. QUADRO I: potenciais ações impactantes da produção de energia Esse cenário de potenciais alterações ambientais evidencia que os processos de intervenção e/ou de apropriação dos recursos energéticos, para o atendimento das necessidades básicas das atuais e futuras gerações, devem ser priorizados e conduzidos pela incorporação do enfoque da sustentabilidade. Essa perspectiva abrange, simultaneamente, as dimensões sociais, econômicas e ecológicas. Na sua dimensão ecológica, o uso sustentável de energia deve ser regido pelas restrições biofísicas, referenciadas pelos requisitos de utilização do conhecimento disponível, buscando sua compatibilização com os requisitos sociais de equidade, de provimento e acesso universal. Na perspectiva das restrições biofísicas, torna-se fundamental considerar preliminarmente os princípios que emanam das leis da termodinâmica. A primeira lei da termodinâmica estabelece que a energia possa ser transformada de uma forma para outra, mas não criada ou destruída (lei da conservação da energia). A sua mais importante implicação ambiental está em representar uma advertência sobre a finitude das fontes de energia e, desse modo, induzir a uma consideração fundamental, a de que CARVÃO MINERAL MINERAÇÃO Drenagem ácida para os rios Erosão e acidificação do solo Riscos de acidentes Saúde dos trabalhadores Degradação dos assentamentos humanos e de sua infraestrutura LAVAGEM DO CARVÃO Emissões gasosas (NOx, SOx, particulados) Poluentes hídricos Geração de grandes depósitos de rejeitos sólidos Risco de combustão dos rejeitos CONSUMO FINAL Poluição do ar (particulados, SOx, NOx, HC, CO ) Poluição hídrica (sólidos em suspensão, pH) Cinzas alcalinas / borras sólidas PPEETTRRÓÓLLEEOO EE GGÁÁSS NNAATTUURRAALL EXPLORAÇÃO / PRODUÇÃO Frequentes vazamentos Riscos de incêndio e explosão TRANSPORTE Crescentes derrames acidentais no mar e rios Frequentes vazamentos Riscos de incêndio e explosões REFINO Emissões de poluentes do ar (SOx, HC, NOx, MP) Emissão de poluentes hídricos (óleos, fenóis, amônia, etc.) Borras oleosas Elevado consumo de água de refrigeração Riscos de incêndio e explosão CONSUMO FINAL DOS DERIVADOS E DO GÁS NATURAL Poluentes do ar (SOx, HC, NOx, MP, Metais, radionuclídeos) Potencial formação de chuvas ácidas UUSSIINNAASS HHIIDDRROOEELLÉÉTTRRIICCAASS (( GGEERRAAÇÇÃÃOO //PPRROODDUUÇÇÃÃOO)) Ambiente físico Condições climáticas Geologia e geomorfologia Solos e capacidade de uso das terras Recursos hídricos Ambiente biológico Cobertura vegetal Fauna terrestre e alada Fauna aquática AAmmbbiieennttee ssóócciioo--eeccoonnôômmiiccoo Situação demográfica Aspectos sociais e culturais Saúde pública Populações indígenas Núcleos populacionais Infraestrutura regional Reestruturação das atividades econômicas Patrimônio cultural, histórico, arqueológico e paisagístico 3 as demandas de energia devem ser circunscritas aos recursos energéticos disponíveis. Dessa consideração decorre o requisito básico do uso de fontes de energia renováveis e de alternativas que exijam o mínimo de requerimento energético. O panorama do consumo mundial representado na figura abaixo informa sobre a composição da matriz de oferta de energia num período de vinte e nove anos (1973- 2002). Conforme os dados indicam, percebe-se uma matriz com a predominância de fontes não renováveis de energia e se evidencia que nenhuma alteração significativa se constata no período em questão. Os dados sobre a estrutura de participação dos consumidores representados na figura abaixo revelam as distintas situações da realidade mundial de oferta de energia. Conforme os referidos dados indicam, o Brasil está numa posição favorável no contexto mundial, que se encontra em condição desfavorável diante da significativa dependência de recursos energéticos não renováveis. 1973 Energias Renováveis 13,2% Gás 14,8% Carvão Mineral 13,6% Petróleo 47,1% Outros 1,7% Eletricidade 9,6% 4 548 10 6 tep 2002 Energias Renováveis 14,1% Outros 3,5% Carvão Mineral 7,1% Petróleo 43,0% Gás 16,2% Eletricidade 16,1% 7 095 10 6 tep PPAANNOORRAAMMAA MMUUNNDDIIAALL (BEN 2006) Oferta Interna de Energia: Estrutura de Participação das Fontes Renováveis e Não Renováveis (Brasil, OECD e Mundo - 2004 e 2005) 86,9% 13,1%6,1% 44,5% 93,9% 55,5% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Brasil (2005) OECD (2004) Mundo (2004) Fontes Renováveis Fontes Não Renováveis 4 A segunda lei termodinâmica determina que os processos que envolvem transformações de energia não ocorrerão espontaneamente, a menos que haja uma degradação de energia de uma forma organizada para uma forma não organizada (a entropia tende a aumentar). Essa determinação nos remete à importância da prudência ecológica na escolha de alternativas das fontes energia e as correspondentes cadeias de produção, levando em consideração duas medidas fundamentais: a) buscar alternativas que exijam o mínimo de etapas de transformação possível, visando evitar perdas de energia não aproveitável para o ambiente e o mínimo de intervenções ambientais; b) a adoção de sistemas de produção e consumo ecoeficiente. A cadeia de transformação representada na figura abaixo indica as diversas etapas de produção a que se tem recorrido para se viabilizar o atendimento das demandas sociais de energia. A segunda lei nos adverte sobre as perdas inexoráveis que cada etapa da cadeia ocasiona. Nesses termos, sua aplicação sugere e orienta a priorização das fontes de consumo que exijam uma cadeia de transformação mais curta edas opções de consumo a partir da produção primária. Essa prioridade deve ser acompanhada de adoção de tecnologias ecoeficientes em cada etapa da cadeia de transformação. CADEIA DE TRANSFORMAÇÃO (La Rovere, 1990) Na perspectiva de incorporar a dimensão social, o efetivo provimento e acesso social são fundamentais as determinações dos direitos humanos de acesso aos recursos energéticos bem como o respeito ao bem comum, sobretudo, ao direito às condições globais do ambiente e soberania da sociedade. Nesse sentido, se mostram sugestivos e PROSPECÇÃO DE FONTES ENERGÉTICAS PRODUÇÃO DE PRODUÇÃO PRIMÁRIA CENTRO DE TRANSFORMAÇÃO PRODUÇÃO DE ENERGIA SECUNDÁRIA ENERGIA ÚTIL PARA A PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS EQUIPAMENTOS DE CONSUMO 5 apropriados os princípios básicos propostos pelo GT ENERGIA (2006) do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS): à O princípio da visão de um futuro sustentável, associado a um novo modelo de sociedade; à O princípio da justiça social, visando ao acesso democrático e com equidade; à O princípio do interesse social, enfatizando a inclusão social; à O princípio da autonomia, visando contribuir para a autonomia energética das comunidades, para a utilização de tecnologias apropriadas e para a promoção da descentralização da geração de energia; à O princípio da avaliação prévia dos projetos, visando à incorporação de medidas de prevenção dos impactos ambientais; à O princípio de economia ecológica, tendo-se como pressuposto que o sistema econômico é um subsistema do sistema ambiental e, portanto, as intervenções de produção de energia devem considerar as limitações ecológicas (MORET et al., 2006). A relação da economia com a demanda de energia tem sido também um dos aspectos importante para se avaliar as condições de sustentabilidade. Essa relação será determinada pelas necessidades energéticas e as tecnologias associadas ao estilo de desenvolvimento adotado3. Conforme se observa no gráfico4 abaixo sobre a taxa de crescimento do PIB e do consumo de energia no Brasil, constata-se uma forte vinculação do crescimento econômico ao crescimento do uso de energia. 3 GOLDEMBERG, J.; JOHANSSON, T.B. REDDY, A. K. N; WILLIAMS, R.H. Energia para o Desenvolvimento. São Paulo: T.A.Queiroz, 1988. 4 Patusco, J. A. M. Energia e Socioeconomia Brasil. In: MME. slides/apresentações.www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=1432&pageId=150 43. Acesso em: 24 abr. 2009. 1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 ENERGIA SOCIAL PIB NOVO ENERGIA ENERGOS INCLUI CICLO OTTO; GLP RESIDENCIAL; ELETRICIDADE RESIDENCIAL E COMERCIAL; CIMENTO; QUEROSENE AVIAÇÃO E OUTRAS INDÚSTRIAS INCLUI AÇO, FERRROLIGAS, ALUMÍNIO, ALUMINA, MINERAÇÃO&PELOTIZAÇÃO, AÇÚCAR, ÁLCOOL, 600 400 800 200 6 A perspectiva da sustentabilidade se configura, então, a partir de determinadas condicionalidades que são exigidas para o uso de energia e que exprimem uma correlação objetiva com os princípios e fundamentos estabelecidos para a gestão desse recurso. Essas condicionalidades pressupõem exigências ou requisitos considerados uma referência orientadora para balizar futuras intervenções de uso de energia como também para as medidas de superação dos problemas ambientais existentes. As condicionalidades ou requisitos ambientais requeridos para sustentabilidade do uso de energia devem considerar como determinação primordial a utilização de alternativas sustentáveis de produção e consumo de energia, ou seja, alternativas que compatibilizem as demandas sociais com as finitas disponibilidades e as restrições ambientais. Os princípios e dimensões da sustentabilidade acima abordados sugerem como requisitos ou condicionalidades balizadoras do uso sustentável de energia: a) Equidade no acesso e uso da energia – Considera a necessidade de garantir para toda a população o acesso à energia e os benefícios sociais do seu uso como forma de contribuição para a melhoria do nível de qualidade de vida da população. b) Priorização de energias renováveis – Refere-se à contribuição das energias renováveis na matriz energética, como elemento fundamental para a sustentabilidade; c) Redução de danos ambientais na produção, distribuição e no uso - Avalia se a produção e o consumo de energia têm ocorrido com menor impacto negativo sobre o ambiente natural e socioeconômico; d) Autonomia do suprimento de energia – Considera a disponibilidade de energia em relação às demandas; e) Ecoeficiência na produção e consumo – Refere-se ao uso de alternativas de tecnologias ecoeficientes de produção, transmissão e uso final de energia. Assume que o menor consumo de energia com maior desenvolvimento econômico e social é um caminho para a sustentabilidade. A viabilização desses requisitos e condicionalidades requer um conjunto de medidas técnicas e político-institucionais capazes de promover a superação das insustentabilidades das pressões ambientais existentes e a determinação das condições de sustentabilidade para as novas intervenções previstas. Para tanto, de acordo a WWF- Brasil (2006) se torna indispensável empreender um cenário capaz de propiciar tecnologias e práticas orientadas para a redução de impactos ambientais causados pelo setor, de conflitos sociais causados por novas plantas geradoras de energia, dos gastos de eletricidade dos consumidores, da necessidade de expansão de capacidade instalada 7 de tecnologias convencionais e para a promoção de maior eficiência energética, do aumento da oferta de energia de maneira descentralizada, de maior participação de fontes renováveis e da preservação ambiental. Essas preocupações estão consignadas na Agenda 21 Brasileira (MMA, 2000) na temática de gestão dos recursos naturais. Para a implementação dessas ações, a referida Agenda, adotando as recomendações de especialistas (SACHS, 1986; AIE/COPPE, 1986), preconiza políticas regidas pelos seguintes princípios e requisitos: a) A dissociação entre as taxas de crescimento econômico e as taxas de crescimento do consumo de energia; b) A reversão do perfil do consumo de energia do parque produtivo, mediante alternativas de baixos requerimentos energéticos; c) A substituição dos combustíveis fósseis por outras fontes renováveis e menos poluentes, tais como a energia hidráulica, a biomassa e a energia solar; d) A redução dos impactos ambientais advindos da produção de todas as formas de energia. Nesses termos, urge a adoção de ações e medidas profundas nos padrões de produção e consumo de energia que propiciem a reversão desse processo em curto prazo. Nessa perspectiva, as seguintes linhas de ações estratégicas são propostas por Sachs (1986): 1. Eliminação do desperdício 2. Ecoeficiência nos sistemas existentes 3. Tecnologias mais limpas 4. Reestruturação do sistema de produção e consumo 5. Sistemas alternativos de atendimento de necessidades de energia 6. Mudança na estrutura da demanda social (mudança de valores) A efetivação dessas ações deverá demandar a promoção de políticas públicas capazes de engendrar dois estágios de reformulação na matriz energética. O primeiro estágio, envolvendo as três primeiras ações, requer medidas de ajustes no sistema produtivo e de maior conscientização dos consumidores. O segundo estágio, que envolve as demais ações, somente se efetivará com medidas profundas na estrutura produtiva e, por sua vez, maior engajamento da sociedade na viabilização no seu estilo de vida e na adoçãode valores antagônicos aos do consumismo, que predominam nos dias atuais. 8 A situação brasileira A situação do Brasil, em termos de evolução de consumo de energia apresenta uma evolução de 104 para 195,91 milhões de TEP no período de 1980 a 20055. Nesse período se constata, conforme dados constantes da tabela abaixo, a despeito do declínio da participação do petróleo e na crescente participação da hidroeletricidade, que persiste a relevância das fontes não renováveis na matriz energética brasileira. Cabe salientar que essa situação se deve ao significativo crescimento da participação do gás natural e no declínio da participação de biomassa. Nesse contexto, apesar da importante parcela dos renováveis, observa-se sua estabilidade na evolução do consumo da matriz energética brasileira. Conforme alguns dados conservadores sobre a potencialidade brasileira indicados no Quadro II revelam, o Brasil dispõe de significativo potencial de energia renovável. Essa significativa disponibilidade energia renovável no Brasil torna promissora a possibilidade de se lograr melhores condições de sustentabilidade na matriz energética brasileira. QUADRO II: POTENCIAL DE ENERGIA RENOVÁVEL NO BRASIL o PCHs..................................... 9.794 MW * o POTENCIAL EÓLICO................. 143.000 MW ** o BAGAÇO DE CANA................... 3.852 MW *** * Inventariado ** excluindo off-shore *** potencial inexplorado apenas para o bagaço de cana, não incluindo ponta e palha Fonte: TOLMASQUIM (2004)6 5 Balanço Energético Nacional (BEN), 2007. 6 TOLMASQUIM, M. T. Alternativas energéticas sustentáveis no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumará; COPPE; CENERGIA, 2004. (p. 16). FONTE % 1980 1990 2000 2005 GÁS NATURAL 0,8 2,4 4.1 6,8 PETRÓLEO 50,8 44,9 49,0 42,7 HIDROELETRICIDADE 10,1 14,7 16,6 16,5 BIOMASSA 33,1 31,9 32,3 28,1 Outras 5,1 7,1 8,1 5,9 EVOLUÇÃO / PERFIL DO CONSUMO DO BRASIL (BEN, 2007) 9 No Estado da Bahia, conforme indica o Balanço Energético 2007, a demanda de energia evoluiu de cerca de oito milhões toneladas, equivalente de petróleo (8.030 X 10³ TEP), em 1980, para nove milhões (9.767 x 10³ TEP) em 2006. Nesse período, constata- se que, a despeito do aumento significativo da participação de energia hidroelétrica, a participação da energia renovável declinou de 55,4% para 37,9%. Essa evolução desfavorável se deve ao crescimento significativo da participação do petróleo e do gás natural, bem como do declínio da participação da biomassa na matriz energética baiana. Diante desses dados constata-se que no requisito de participação de energia renovável a evolução da matriz energética da Bahia se revela mais desfavorável que a matriz energética brasileira Os dados preliminares indicam as potencialidades de geração de 14.500 MW de energia eólica7 e 2500 MW a partir de Biodiesel8. Nesse sentido, as possibilidades de participação de fontes renováveis na matriz energética são bastante promissoras em curto e médio prazo. 7 COELBA. Atlas do Potencial Eólico do Estado da Bahia. 2007 8 BAHIA. Bahiabio - Pprograma de Bioenergia. Salvador, Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária. Novembro de 2007. FONTE % 1980 1990 2000 2003 2006 GÁS NATURAL 4,1 6,4 13,4 12,7 11,1 DERIVADOS/PETRÓLEO 39,8 45,3 45,1 46,9 50,1 HIDROELETRICIDADE 7,7 12,2 16,3 17,1 18,1 BIOMASSA 47,7 34,9 24,2 22,1 19,8 Outras (não renovável) 0,7 1,1 1 1,1 0,8 EVOLUÇÃO / PERFIL DO CONSUMO DA BAHIA
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