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Aprendizagem e desenvolvimento das pessoas com deficiência - apresentação APAE Passo Fundo

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Aprendizagem e desenvolvimento das pessoas com deficiência na perspectiva de Vygotski
Adriane Cenci
APAE, Passo Fundo. Março de 2013.
1 - Alguns pontos importantes para compreender a proposta de Vygotski para a educação das pessoas com deficiência
Relação entre desenvolvimento e aprendizagem
Proposição de Zona de Desenvolvimento Proximal – ZDP
A ideia de internalização 
A constituição das Funções Psicológicas Superiores
Relação entre linguagem e pensamento
Formação de conceitos cotidianos e conceitos científicos 
1.1 - Aprendizagem e Desenvolvimento
Aprendizagem promove desenvolvimento
	“Aprendizado não é desenvolvimento; entretanto, o aprendizado adequadamente organizado resulta e desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas” (VYGOTSKY, 1991, p.101).
1.2 - Zona de desenvolvimento Proximal – ZDP 
Aponta para o potencial de desenvolvimento do indivíduo
Colaboração – cooperação, instrução, mediação
Imitação 
Desenvolvimento real – desenvolvimento potencial
Conceito orientador para pensar a avaliação e a elaboração das atividades de aprendizagem
1.3 - Internalização
Toda as funções aparecem duas vezes no desenvolvimento dos indivíduos: primeiramente no plano social (interpessoal) e depois no plano interno (intrapsíquica).
A partir das relações sociais se constitui o plano interno do pensamento.
1.4 - Funções Psicológicas Superiores
Diferem das Funções Psicológicas Elementares
Tipicamente humanas
As Funções Psicológicas Superiores pressupõem a existência das Funções Psicológicas Elementares, mas estas não são condição suficiente para sua aparição. O desenvolvimento das Funções Psicológicas Superiores depende essencialmente das situações sociais em que o sujeito participa.
São primeiramente relações externas, entre as pessoas.
1.5 - Linguagem e Pensamento
Unidade: significado
Pensamento e linguagem tem linhas individuais de desenvolvimento, mas relacionam-se constantemente. É relação em desenvolvimento.
O pensamento não se expressa na palavras, senão que se realiza nela.
Internalização da linguagem
A palavra é o “microcosmo da consciência humana” (VYGOTSKI, 1993, p.347)
1.6 - Conceitos científicos e conceitos cotidianos 
Instrução formal X experiência/vivência
Tem formação e características opostas, mas mantém estreita relação – o que promove o aperfeiçoamento de ambos
Os conceitos científicos são imprescindíveis para o pleno desenvolvimento mental dos sujeitos – transformam a percepção e compreensão do mundo. 
A importância da escola a partir desse olhar.
2. Defectología
Deficiência primária e Deficiência secundária
Compensação social (não biológica, mas pela cultura)
Educação social
2.1 - Deficiência primária e Deficiência secundária
Biológica X Social
Linha natural X Linha cultural
FPE X FPS
A deficiência primária converte-se em secundária em certas condições sociais.
Onde está localizado o fenômeno da deficiência? Está no corpo do sujeito, em seu tecido cerebral, em seus cromossomos? Ou está localizado nas atitudes dos demais, na forma como encaram o sujeito identificado como deficiente? (GARCIA, 1999)
“Órgãos sociais”
Com a degeneração das relações sociais como fica a constituição (internalização) das Funções Psicológicas Superiores?
Frequentemente, a deficiência implica em dificuldades para que o organismo internalize as influências externas. A sociedade e a cultura está moldada para um tipo “normal”.
2.2 – Compensação social
Vias colaterais (ex: Braille, Língua de Sinais)
O desenvolvimento cultural não está obrigatoriamente ligado a uma ou outra função orgânica (VYGOTSKI, 1997).
Foco na deficiência secundária 
E no desenvolvimento das Funções Psicológicas Superiores
2.3 – Educação social
Coletividade
Crítica ao programa reduzido que se propunha para as pessoas com deficiência – Crítica também à Educação Especial
Educação voltada para as consequências sociais
Onde é impossível o desenvolvimento orgânico, aí está aberta de forma ilimitada a via de desenvolvimento cultural (VYGOTSKI, 1997)
3 - Então:
Se é a aprendizagem que promove o desenvolvimento, não se pode olhar para o sujeito descontextualizado de sua história. A deficiência que se apresentar está diretamente relacionada às experiência de aprendizagem que lhe foram possibilitadas.
Pensar a avaliação e as atividades sempre considerando a ZDP
A internalização e constituição das Funções Superiores pressupõe interação social. O afastamento das experiências sociais produz consequências negativas.
Importância da linguagem – na cultura se desenvolvem meios alternativos para que a pessoa com deficiência não seja privada da linguagem e não tenha prejudicado o desenvolvimento cognitivo.
A aprendizagem de conceitos científicos é fundamental para o desenvolvimento. A escola não pode abrir mão deles considerando que o aluno com deficiência não teria condições de aprende-los.
Vygotski defendia uma escola que fosse para todos, inclusiva.
4 - À guisa de conclusão
	“[...] Fisicamente, a cegueira e a surdez existirão durante muito tempo na terra. O cego seguirá sendo cego e o surdo, surdo, porém deixarão de ser deficientes porque a deficiência é um conceito social, tanto que o defeito é uma sobre-estrutura da cegueira, da surdez, da mudez. A cegueira em si não faz a criança deficiente, não é um defeito, isto é, uma deficiência, uma carência, uma enfermidade. Chega a sê-lo somente em certas condições sociais de existência do cego [...] A educação social vencerá a deficiência. Então, provavelmente, não nos compreenderão quando dissermos de uma criança cega que é deficiente, senão que dirão de uma criança cega é que um cego e de um surdo que é um surdo, e nada mais” (VYGOTSKI, 1997, p. 82)
5 - E mais alguns questionamentos – esses para não concluir
Basta estar na escola para que o desenvolvimento que Vygotski acreditava ser possível se concretize?
As relações sociais vivenciadas na escola regular, por si só cumprem com a proposta de promover aprendizagem e consequente desenvolvimento?
Como a escola especial encara a importância da plena convivência na sociedade? As interações que ocorrem nesse espaço seriam suficientes?
Como fica a aprendizagem de conceitos tanto na escola regular como na escola especial? A ênfase está na convivência ou na aprendizagem?
Referências 
CENCI, Adriane. Deficiência e coletividade: a constituição das Funções Superiores na Defectologia. In: COSTAS, Fabiane Adela Tonetto. Educação, Educação Especial e Inclusão: fundamentos, contextos e práticas. Curitiba. Appris, 2012. p. 87-95
GARCIA, Rosalba M. C. A educação de sujeitos considerados portadores de deficiência: contribuições vygotskianas. In: Ponto de Vista. v.1, n.1, p.42-46, Jul./dez. 1999.
VYGOTSKI, Lev S. A defectologia e o estudo do desenvolvimento e da educação da criança anormal. In: Revista Educação e Pesquisa. Vol.37 nº4. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022011000400012&script=sci_arttext>. Acesso em: 20 jun. 12. São Paulo: Editora Faculdade de Educação da USP, 2011.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
VYGOTSKI, Lev Semenovich. Pensamiento y Lenguaje. Conferencias sobre Psicología. Obras Escogidas II. Madrid: Visor, 1993.
VYGOTSKI, Lev Semenovich. Defectología. Obras Escogidas V. Madrid: Visor, 1997.

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