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bagatela imprópria

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Bagatela Imprópria – Princípio da (Des)necessidade da pena ou Irrelevância 
Penal do Fato 
Ao contrário do que frequentemente se verifica em sede doutrinária, não se 
pode confundir os conceitos entre os princípios da Desnecessidade da Pena e 
os da Insignificância. 
 
Bagatela Imprópria – Princípio da (Des)necessidade da pena ou 
Irrelevância Penal do Fato 
Ao contrário do que frequentemente se verifica em sede doutrinária, não se 
pode confundir os conceitos entre os princípios da Desnecessidade da Pena e 
os da Insignificância. Enquanto esse envolve aspectos da tipicidade material, o 
primeiro se vincula ao caráter de causa excludente da punição concreta do 
fato, ou seja, de dispensa de pena (em razão de sua desnecessidade, como o 
próprio nome indica, à luz do caso concreto analisado). 
Trata-se, em última análise, da chamada infração bagatelar imprópria. Ao 
contrário da própria, vinculada à insignificância, ela nasce relevante ao Direito 
Penal – porque existe um efetivo desvalor da conduta e do resultado, mas 
depois se verifica que a incidência de qualquer pena no caso concreto 
apresentar-se-ia completamente desconectada e irrelevante. 
Ressalte-se que tais observações não são produtos de invenções incoerentes 
e teses carentes de substratos, mas antes uma apreciação direta do texto legal 
do Código Penal Brasileiro, a partir de uma interpretação consonante com o 
espírito e postulados constitucionais vigentes. Anote-se que o substrato legal 
do reconhecimento dos delitos de bagatela imprópria está plasmado no art. 59 
do CPB: 
Art. 59 – O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, 
à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do 
crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
I – as penas aplicáveis dentre as cominadas; 
II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
III – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV – a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie 
de pena, se cabível. 
 
Nesse caminhar, curial, pois, indicar que o reconhecimento do princípio da 
desnecessidade da pena ou da irrelevância penal do fato não é extralegal 
(como boa parte da doutrina especializada aponta), mas ao contrário, tem 
amparo expresso no teor do capitulado no dispositivo supratranscrito. 
Para que se reconheça a infração bagatelar imprópria e a consequente 
incidência do postulado da DESNECESSIDADE DA PENA ao caso concreto, o 
magistrado deverá se ater a elementos importantes, tais como os aspectos 
pessoais do agente e do próprio fato em deslinde). Nesse diapasão, é mister 
atentar, dentro outros, ao ínfimo valor da culpabilidade, ausência de 
antecedentes criminais, reparação dos danos ou devolução do objeto (crimes 
patrimoniais), reconhecimento da culpa, colaboração com a justiça, o fato de o 
agente ter sido processado, o fato de ter sido preso ou ter ficado preso por um 
período (…). 
Reconhecendo a importância do instituto e sua viabilidade na prática cotidiana 
na seara criminal, impera-se trazer à baila o escólio do eminente professor 
Luiz Flávio Gomes: 
O fato em apreço amolda-se, claramente, às circunstâncias exigidas para a 
aplicação do princípio da irrelevância penal do fato, que cuida de infração 
bagatelar imprópria (aquela que nasce relevante para o Direito penal – 
porque há desvalor da conduta e desvalor do resultado, mas depois se verifica 
que a incidência de qualquer pena no caso concreto apresenta-se totalmente 
desnecessária). Não se pode confundir o princípio da insignificância com o 
princípio da irrelevância penal do fato: aquele está para a infração bagatelar 
própria assim como este está para a infração bagatelar imprópria. Cada 
princípio tem seu específico âmbito de incidência (cf. L.F.GOMES, Princípio da 
insignificância, RT). O da irrelevância penal do fato está estreitamente coligado 
com o princípio da desnecessidade da pena. Assim, ao “furto” de dez reais 
deve ser aplicado o princípio da insignificância (porque o fato nasce 
irrelevante). Ao “roubo” de dez reais, já que estão em jogo bens jurídicos 
sumamente importantes, como a integridade física, aplica-se o princípio 
da irrelevância penal do fato (se presentes os seus requisitos). 
Para que se reconheça esse último princípio (assim como a desnecessidade ou 
dispensa da pena), há múltiplos fatores a serem analisados (…) É certo que 
não se faz necessária a concorrência de todos esses fatores. Tudo deve ser 
analisado pelo juiz em cada caso concreto e o fundamento jurídico para o 
reconhecimento deste princípio reside no art. 59 do CP, visto que o juiz, no 
momento da aplicação da pena, deve aferir sua suficiência e, antes de tudo, 
sua necessidade (…). 
A dogmática, muitas vezes, consegue andar mais rápida que a (conservadora) 
jurisprudência. No nosso livro Princípio da insignificância (RT) procuramos 
demonstrar a diferença inequívoca entre o princípio da insignificância e o 
princípio da irrelevância penal do fato. O TJMG acertou na absolvição, mas 
deveria ter aplicado o princípio da irrelevância penal do fato (não o da 
insignificância). O STJ, da mesma forma, poderia (em tese) ter reconhecido 
referido princípio. Mas a ele sequer fez referência. A sensação que se tem, 
muitas vezes, é a de que a jurisprudência está anos-luz longe dos avanços 
dogmáticos. E por que? Porque (em geral) continua apegada ao modelo 
formalista do Direito penal, ignorando os avanços do funcionalismo moderado 
de Roxin (1970), que concebe a união entre Direito penal e Política criminal 
(seus princípios devem reger todas as categorias do Direito penal, a começar 
pela tipicidade). Persiste a confusão a que fizemos menção no princípio destes 
comentários. Ainda falta domínio sobre o tema, o que prejudica sua perfeita 
adequação e aplicação no mundo jurídico[1]. 
Exemplos de (interessante) Utilização 
No dia a dia da Defensoria Pública da União, podemos vivenciar uma série de 
casos em que a tese da (des)necessidade da pena ou bagatela imprópria pode 
e deve ser cada vez mais utilizada. Insta trazer como ilustração (destacando 
que se trata de emblemático caso e manifesta posição do Examinador da 
Banca do V Concurso da DPU, Dr. Esdras Carvalho) as situações em que 
a jurisprudência nacional rechaça a aplicação do postulado da bagatela 
própria (insignificância). 
Os crimes de moeda falsa, crimes contra a administração pública em geral, 
contrabando, falsificação de cd´s e dvd´s (lastimavelmente), crimes ambientais 
possuem contra si enorme resistência quanto ao reconhecimento da natureza 
insignificante (atipicidade material) pela jurisprudência das Cortes Superiores, 
ressalvadas pontuais exceções[2]. Impere registrar que a bagatela 
imprópria somente será apreciada caso afastada eventual argumentação 
vinculada à insignificância, já que, logicamente, não há de se questionar se 
uma punição é necessária se a ação é atípica. 
É preciso difundir e, portanto, arguir, de maneira mais frequente a tese da 
desnecessidade da pena, de modo a instigar os Tribunais Superiores a 
apreciá-la e, talvez, superar a resistência argumentativa que insiste aplicar o 
direito penal visando punir condutas irrelevantes, totalmente dissonantes da 
“regra” consagrada no combalido brocardo da ultima ratio. 
Quando deve se dar a alegação da Desnecessidade da Pena? 
Ao contrário do que acontece na bagatela própria (Princípio da Insignificância), 
para que o magistrado aplique o princípio da irrelevância penal do fato (LFG), 
curial se revela a observância do devido processo legal. É dizer, nãose deve 
confundir os momentos e consequências das bagatelas (própria e imprópria). 
Enquanto a primeira pode ensejar a absolvição sumária (art. 397 do CPP) 
antes mesmo da submissão de instrução probatória, a bagatela imprópria 
deve se dar após o regular desenvolvimento do processo criminal, com 
efetiva análise das circunstâncias do fato pelo Poder Judiciário e, ao final, 
a conclusão e reconhecimento pela (des)necessidade da pena, a partir 
das peculiaridades do caso concreto, com arrimo legal no artigo 59 do 
CPB. 
Bagatela Imprópria na Jurisprudência 
Consoante já mencionado e devidamente advertido pelo professor Luiz Flávio 
Gomes, a jurisprudência das Cortes Superiores (ainda) é bastante tímida na 
adoção de teses “despenalizadoras e pró defesa”, como é a da bagatela 
imprópria. Todavia, como um verdadeiro sopro de esperança, é possível 
identificar vez por outra um julgado em que se trabalha e desenvolve a 
desnecessidade da pena. Nesse contexto, vale a pena destacar precedente do 
Superior Tribunal de Justiça em que o referido postulado foi analisado e 
parcialmente reconhecido! Trata-se de tese extremamente minoritária, com 
tímida repercussão na jurisprudência, mas que vejo com excelentes 
perspectivas e ânimo para a sua análise e reconhecimentos cada vez mais 
frequentes! Vide o HC 222.093[3]/MS, 5ª Turma do STJ. 
 
[1] GOMES, Luiz Flávio. SOUSA, Áurea Maria Ferraz de. Roubo, insignificância 
e princípio da irrelevância penal do fato. Disponível em https://www.lfg.com.br. 
[2] STF, HC 83.526/CE – Emblemático caso em que o Supremo reconheceu a 
atipicidade material da conduta de moeda falsa em razão da Insignificância, 
rompendo (no caso concreto) com a conservadora tese da inviabilidade de 
aplicação da bagatela própria aos crimes contra a fé pública e administração 
pública. 
[3] PENAL. HABEAS CORPUS. CÁRCERE PRIVADO. VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA. PRINCÍPIO DA BAGATELA IMPRÓPRIA. IRRELEVÂNCIA 
PENAL DO FATO. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. AUSÊNCIA 
DE REQUISITOS SUBJETIVOS POSITIVOS. MAUS ANTECEDENTES. 
RECONHECIMENTO DA DESNECESSIDADE DA PENA. IMPOSSIBILIDADE. 
ORDEM DENEGADA. 
1. O reconhecimento do princípio da bagatela imprópria permite que o 
julgador, mesmo diante de um fato típico, deixe de aplicar a pena em 
razão desta ter se tornado desnecessária, diante da verificação de 
determinados requisitos. 
2.No vertente caso, o Tribunal a quo reconheceu a incidência do princípio da 
bagatela imprópria quanto ao crime de lesão corporal, tendo em vista que este 
se processa mediante ação penal pública condicionada.(…). IV. Ademais, o 
paciente não reúne requisitos subjetivos positivos, pois foi condenado 
anteriormente por outros delitos igualmente graves, o que não permite o 
reconhecimento da desnecessidade da pena. V. Ordem denegada, nos termos 
do voto do Relator. (HC 222.093/MS, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA 
TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 14/08/2012). 
 
INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA NÃO EXCLUI CULPABILIDADE 
 
A culpabilidade é formada por: 
1- Imputabilidade. 
2- Exigibilidade de conduta diversa. 
3- Potencial consciência da ilicitude. 
 
Para uma determinada CAUSA excluir a culpabilidade ela deve excluir um 
desses elementos, sendo que a infração bagatelar imprópria não atinge 
nenhum deles. Ou seja, não é causa de INimputabilidade, não é causa de 
INExgibilidade de conduta diversa e não é causa de AUSÊNCIA de potencial 
consciência de ilicitude. 
 
A infração bagatelar imprópria é causa de AUSÊNCIA DE NECESSIDADE DE 
PENA, ou seja, o crime é TÍPICO, ILÍCITO e CULPÁVEL, mas a pena é 
desnecessária. Significa que ela atua no PRECEITO SECUNDÁRIO do tipo 
penal, e não no PRECEITO PRIMÁRIO, como ocorre com a infração gabatelar 
própria. 
Causas que excluem a imputabilidade: 
1- Menoridade 
 
2- Deficiência mental 
3- Embriaguez involuntária completa 
Causas que excluem a exigibilidade de conduta diversa: 
1- Coação moral irresistível 
2- Obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal. 
Causas que excluem a potencial consciência da ilicitude: 
1- Erro de proibição escusável 
Portanto, é patente que a infração bagatelar imprópria não é causa de exclusão 
de nenhum desses elementos. 
a bagatela imprópria deve se dar após o regular desenvolvimento do 
processo criminal, com efetiva análise das circunstâncias do fato pelo 
Poder Judiciário e, AO FINAL, A CONCLUSÃO E RECONHECIMENTO 
PELA (DES)NECESSIDADE DA PENA, A PARTIR DAS PECULIARIDADES 
DO CASO CONCRETO, COM ARRIMO LEGAL NO ARTIGO 59 DO CP.

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