Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
30/05/2012 1 Funções não-catalíticas das Proteínas Armazenamento e transporte de O2 Interações imunológicas Algumas considerações... • Ligante: molécula/íon que se liga reversivelmente a uma proteína; – A reversibilidade é importante para que o organismo possa responder à mudanças ambientais e metabólicas; – Um segundo ligante pode interferir na ligação do primeiro ligante, devido à mudança na estrutura tridimensional; Ex: reguladores enzimáticos (ativação/inibição) • As proteínas não são estáticas.... • Flexibilidade: mudanças sutis (respirações) na conformação das proteínas; – Devido à vibrações moleculares e pequenos movimentos de resíduos de aminoácidos (rotação em torno das ligações simples com o Cα); – O desempenho da função das proteínas comumente depende da flexibilidade; • Ajuste induzido: flexibilização de uma proteína para ajustar o sítio de ligação ao ligante, proporcionando maior estabilidade na ligação; • Em proteínas multiméricas: a mudança de conformação em uma subunidade afeta a conformação das outras subunidades; Transporte e armazenamento de oxigênio: importância do grupo prostético heme • O oxigênio não possui alta solubilidade em soluções aquosas (ex: plasma sanguíneo); – A difusão do oxigênio entre os tecidos não ultrapassa distâncias maiores que alguns milímitros; • Metais de transição, especialmente o ferro, possui forte tendência de se ligar ao oxigênio; • O ferro não pode ficar livre, pois, promove a formação de espécies de oxigênio altamente reativas; – O ferro é incorporado em um grupo prostético no interior de proteínas, chamado de grupo “heme”; • Mioglobina: armazena oxigênio nos músculos; • Hemoglobina: transporta oxigênio e gás carbônico através da corrente sanguínea; 30/05/2012 2 - O átomo de ferro possui 6 ligações coordenadas, 4 a átomos de N do grupo planar, e 2 no grupo perpendicular (1 ao N da cadeia lateral de um aminoácido Histidina / 1 ligação aberta, onde pode ligar-se ao O2); - Os átomos de N coordenados, possuem caráter doador de elétrons, ajudando a impedir a oxidação do estado ferroso (Fe2+) em estado férrico (Fe3+), o estado férrico não liga ao oxigênio; Grupo prostético Heme * L. coordenadas: tipo de ligação covalente em que o par de elétrons compartilhado entre dois átomos provém de apenas um dos átomos. - Protoporfirina: estrutura orgânica complexa, em anel; - A esta estrutura liga-se um único átomo de ferro, em estado ferroso (Fe2+); - Cada átomo de N contém uma par de elétrons livres no centro do anel => formação de ligações coordenadas com o Ferro; • O monóxido de carbono (CO) é uma molécula pequena que coordena o ferro do grupo heme com maior afinidade que o O2; – CO liga-se a moléculas do heme 20.000 vezes melhor que o O2, ou seja, sua Kd (constante de dissociação) é 20.000 vezes menor que para oxigênio; – Se o CO liga-se ao grupo heme, exclui o sítio de ligação do O2 asfixia. • Mas... quando o heme está inserido em uma globina, esse número diminui drasticamente; • O que ocasiona esta redução? – O fato de o grupo heme estar dentro de uma proteína... • As globinas adquirem uma conformação tal, que favorece a ligação com o O2 e desfavorece com o CO; MIOGLOBINA HisF8: histidina da hélice F que se liga o grupo heme (histidina proximal); HisE7: histidina da hélice E que fica a uma pequena distância do grupo heme (histidina distal); Quando o O2 se liga ao ferro há uma pequena mudança no ângulo entre a estrutura planar e a histidina proximal (flexão : respiração) • O O2 realiza uma ligação angular com o ferro. Ocorre uma pequena “flexão” do grupo heme, possibilitando uma aproximação do O2 à histidina distal. Resultado: formação de uma ligação de H com a His distal (estabiliza); • O CO tem uma ligação linear com o ferro, sendo forçado a uma leve inclinação na formação da ponte de H, o que enfraquece sua ligação com o grupo heme; • Ou seja, a conformação da proteína atua seletivamente, favorecendo a ligação com o O2 e desfavorecendo com o CO; 30/05/2012 3 Hemácias e Hemoglobina • Os eritrócitos (hemácias) perdem algumas organelas internas em seu processo de maturação; O espaço antes ocupado por tais organelas passa a ser preenchido por moléculas de hemoglobina; • Aproximadamente 34% do peso de uma hemácia é composto por hemoglobina; • Tempo de vida de uma hemácia: 120 dias; Conformação estrutural da hemoglobina • Ocorrem duas principais conformações: – Estado R (relaxado): maior afinidade ao O2 (oxi-hemoglobina); – Estado T (tenso): menor afinidade ao O2 (desoxi-hemoglobina); No estado T a Hb é estabilizada por um grande nº de pares de iônicos nas interfaces αβ; Quando o O2 se liga ao estado T, a conformação da hemoglobina muda para o estado R; Alguns pares iônicos são desfeitos e outros são formados promovendo um deslizamento entre os pares αβ e, uma rotação, estreitando o bolsão (espaço) entre as subunidades β; Na mioglobina Na Hb estado R Na hemoglobina (estado T) Na conformação T da hemoglobina o Ferro não se encontra suficientemente próximo à HisF8 para forma a ligação coordenada com este aminoácido. Isso só ocorre após a ligação com o O2 (conformação R) => porfirina adquire conformação mais planar aproximando o Fe da HisF8; A hemoglobina precisa ter afinidade o suficiente para se ligar ao O2 nos alvéolos pulmonares, mas essa afinidade não pode ser tão grande a ponto de impedir a liberação do O2 nos tecidos... • Isso em parte é resolvido pela pressão de O2, que nos alvéolos é bem maior que nos tecidos; • Outra parte, deve-se à transição entre estado T e R, à medida em que as moléculas de O2 vão sendo ligadas; • A ligação do O2 à subunidades individuais da hemoglobina é capaz de alterar a afinidade de subunidades adjacentes; – Tal propriedade é chamada de “Alosteria” (a ligação de um ligante a um sítio afeta as propriedades de ligação em outro sítio na mesma proteína); A primeira molécula de O2 que interage com a desoxi-Hb (estado T), leva a alterações de conformação (estado R) que são comunicadas às outras subunidades, tornando mais fácil a ligação de O2 aos 3 demais grupos heme da hemoglobina; • Por último, a influência do pH... 30/05/2012 4 • A hemoglobina também transporta H e CO2, provenientes da respiração celular (mitocôndrias nas células dos tecidos); • Ainda nos tecidos, parte do CO2 é hidratado formando bicarbonato e difunde para o sangue, pois, a forma gasosa é pouco solúvel em solução aquosa e bolhas poderiam ser formadas (embolia); • Esta reação reversível catalisada pela enzima anidrase carbônica, resulta também na liberação de H => diminui o pH dos tecidos; Influência dos produtos da respiração celular Trocas O2 / CO2 nos tecidos e pulmões • O CO2 ainda presente nos tecidos na forma gasosa, liga-se a sítios de ligação na Hb diferentes do sítio de ligação do O2 (a reação de ligação do CO2 libera H, diminui do pH no sangue); • Nas hemácias também há a presença da enzima anidrase carbônica, que converte CO2 à bicarbonato e H (diminui pH sanguíneo); – Tal diminuição de pH nos tecidos e no sangue, promove alterações na estrutura tridimensional da Hb, enfraquecendo a ligação com o O2 => liberação de O2 nos tecidos; • O bicarbonato difunde para o plasma e posteriormente para os rins (isso ocorre com cerca de 75% do C liberado pelos tecidos); • Cerca de 25% do C permanece na forma de CO2 ligado à Hb e é transportado até os pulmões para liberação na expiração (por diferença de pressão - difusão simples); • Os H livres na Hb, ligam-se a qualquer um dos aminoácidos da proteína (Hb protonada). Os H que estavam livres, não estão mais => eleva o pH do sangue; • Com a elevação do pH a Hb volta a ter afinidade ao O2 => o O2 que entrou nos alvéolos (inspiração) difunde para as Hb das hemáciase é transportado para os tecidos; e o ciclo continua... A combinação entre os efeitos do pH e da concentração de CO2 sobre a ligação/liberação do O2, chama-se efeito de Bohr. 2,3 bifosfoglicerato (BPG) • Composto presente nas hemácias, formado a partir de um intermediário do metabolismo de carboidratos; • Importante na regulação da oxigenação dos tecidos em casos de mudança de altitude e desenvolvimento fetal; • BPG reduz a afinidade da Hb pelo O2, através de sua ligação a um sítio de ligação diferente do sítio de ligação do O2 ; 30/05/2012 5 Com BPG – maior estabilidade no estado T Menor afinidade ao O2 Sem BPG – maior facilidade em adquirir o estado R Maior afinidade ao O2 O sítio de ligação para BPG fica na cavidade entre as subunidades β, distante dos grupos heme; - A cavidade é revestida por aminoácidos com cargas positivas, os quais interagem com as cargas negativas do BPG; - A ligação de BPG estabiliza o estado T, por isso, diminui a afinidade com o O2; - Na ausência de BPG, a Hb é convertida ao estado R; Oxigenação em relação à altitude • Ao nível do mar: 40% do oxigênio carregado pelo sangue é repassado para os tecidos; • Em grandes altitudes: a diminuição da pressão do O2 faz com que esta porcentagem diminua para 30%; – Após algumas horas, ocorre aumento de BPG => diminui afinidade da Hb pelo O2 => a porcentagem de liberação de O2 é re-estabelecida; • A situação é invertida quando há retorno à baixa altitude; • Pessoas com problemas relacionados à deficiência respiratória ou circulatória, normalmente produzem uma quantidade maior de BPG; Hemoglobina αϒ (fetal) • A Hbαϒ (HbF) possui uma afinidade muito menor ao BPG, logo... possui maior afinidade ao O2 em comparação com a Hbαβ (HbA); • Ao chegar na placenta, um ambiente pobre em O2, a Hb materna libera o gás que rapidamente é ligado à Hb fetal; Sistema Imunológico • Todos os vertebrados possuem um sistema imunológico capaz de distinguir o “próprio” do “não- próprio” e, destruir o que é identificado como “não- próprio”; • A resposta imunológica é constituída por um conjunto de interações, complexas e coordenadas, entre diversas classes de proteínas e outras moléculas, além de tipos celulares; • Na resposta imunológica, um sistema bioquímico altamente sensível e específico é construído com base na interação entre ligantes e proteínas; 30/05/2012 6 SistemaS ImunológicoS • Sistema humoral (humor = fluido): dirigido contra infecções extracelulares; • Sistema celular: dirigido para infecções que ocorrem no interior de células (contra protozoários, helmintos e tecidos transplantados também); – Anticorpos ou Imunoglobulinas : proteínas com função imunológica; – Leucócitos: células com função imunológica; Leucócitos • São originados na medula-óssea; • De maneira geral: percorrem a corrente sanguínea, reconhecem possíveis invasores, produzem anticorpos que se ligam aos agentes estranhos (sinalizam a infecção => destruição); Em geral, há pouca quantidade de leucócitos, eles proliferam rapidamente quando há infecção. Tc : libera perforina (forma poros na MP da célula-alvo, descontrole de entrada e saída de substâncias); Também induz apoptose (morte celular programada); Imunoglobulinas (Ig) • Constituem até 30% do total de proteínas do plasma; • Produzidas pelos linfócitos B; • Ligam-se aos invasores e os marcam para serem destruídos; • Os seres humanos são capazes de produzir mais de 108 anticorpos com diferentes especificidades de ligação; Antígenos • Toda molécula ou patógeno capaz de induzir uma resposta imunológica é denominado de antígeno; – Cápsula viral, parede celular bacteriana, toxina, uma molécula qualquer... • O sítio de ligação onde o antígeno é ligado ao anticorpo ou a um receptor de um leucócito, é chamado de determinante antigênico ou epítopo. – Um antígeno complexo pode ter diferentes determinantes antigênicos, ou seja, pode interagir com diferentes anticorpos; 30/05/2012 7 PRINCIPAIS ANTÍGENOS PRINCIPAIS RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS BACTÉRIAS EXTRACELULARES - Fagocitose (macrófagos); - Anticorpos (linfócitos B) - Ativação do sistema complemento; - Neutralização de toxinas liberadas pelas bactérias; BACTÉRIAS INTRACELULARES (capacidade de sobreviver dentro dos macrófagos) - Sistema MHC II (células T e macrófagos); VÍRUS (parasitas intracelulares – qualquer célula) - Sistema MHC I e II (células T e B, macrófagos); MHC – Complexo de Histocompatibilidade • As propriedades de ligação aos receptores das células T são extremamente complexas; • Tais receptores não reconhecem antígenos livres, apenas os que estão ligados à proteínas específicas da superfície celular (MHC); • MHC: são proteínas transmembrana que se ligam à fragmentos de peptídeos de proteínas (ex: peptídeos provenientes da digestão de vírus ou de componentes da própria célula) e os expõe na superfície celular; • Tais fragmentos ligados às proteínas MHC constituem os antígenos que os linfócitos T reconhecem como “não-próprio’; • Há duas classes de proteínas MHC... 30/05/2012 8 MHC classe I • Acredita-se que são encontradas em todas as células dos vertebrados; • Ligam-se à fragmentos de peptídeos resultantes da digestão de proteínas que ocorrem ao acaso dentro das células (inclusive que são provenientes da própria célula); • Cada linfócito Tc possui receptores específicos para o complexo MHC I-peptídeo (assim qualquer complexo MHC I seria atacado, inclusive de células normais); • Durante o processo de maturação (no timo), os linfócitos T são selecionados, havendo eliminação daqueles que reconheceriam os peptídeos próprios ligados à MHC I e manutenção daqueles que reconhecem peptídeos estranhos associados às proteínas MHC I; • Isso leva à destruição especialmente de células infectadas por vírus, além de constituir em um fator de rejeição em casos de transplante de órgãos; As células T que foram selecionadas para maturação no timo, reconhecem apenas as proteínas MHC com peptídeos “não-próprios”. Interações moleculares na superfície celular • Quando a presença de um antígeno é detectada, as poucas células T e B precisam proliferar rapidamente e seletivamente; • Exemplo: infecção viral – Uma vez que estejam dentro das células, as moléculas virais são inacessíveis ao sistema imunológico humoral; – Proteínas MHC I (qualquer célula) podem expor peptídeos provenientes das proteínas virais na superfície celular => reconhecimento pelas células Tc; – Proteínas MHC II presentes em macrófagos que ingeriram partículas virais, também podem expô-los => reconhecimento por células TH e estímulo da proliferação das células de defesa (e todo o processo conseqüente); 30/05/2012 9 CD8: co-receptor (intensifica as interações de ligação entre receptores de células Tc e MHC); CD4: mesma função em TH; Células TH secretam interleucinas, que são reconhecidas pelas células Tc e B, as quais respondem apresentando proliferação celular; *Estas interleucinas são específicas, induzem a proliferação apenas de células T e B que possuem receptores para elas => seleção clonal; Células Tc destroem as células-alvo (porfirinas e apoptose); Células B secretam anticorpos solúveis que se ligam aos antígenos no meio humoral (proteínas complemento, as quais danificam cápsulas virais e paredes bacterianas); MHC classe II • Ocorre na superfície de células especializadas em captar antígenos estranhos, os macrófagos e os linfócitos B; • Esta classe não se liga à peptídeos derivados da digestão intracelular, mas à peptídeos derivados de proteínas externas ingeridas pelas células; • São então reconhecidas pelos linfócitos T (Tc e TH); – TH: estimula aprodução de citocininas, as quais estimulam a proliferação das células Tc; – Tc: atuam na destruição dos macrófagos infectados; Memória Imunológica • Uma vez esgotado o antígeno (agente infeccioso), a maioria das células imunológicas ativas morrem por apoptose; • Algumas células B e T amadurecem e se tornam residentes permanentes no sangue; – Como elas já passaram pela seleção clonal (possuem os receptores específicos para as interleucinas ativadas pelos antígenos), caso estes antígenos voltem a ocorrer no organismo, o desencadeamento da resposta imunológica será mais rápido. 30/05/2012 10 Classes de Imunoglobulinas • Cada classe possui particularidades em relação à estrutura tridimensional da proteína, bem como, em relação à função; • IgM: primeiro anticorpo liberado pelas células B (importante nos estágios iniciais de resposta imunológica primária); • IgG: é a mais abundante no plasma sangüíneo – Principal anticorpo de resposta imunológica secundária (a partir de células B de memória); – Ativa proteínas complemento e macrófagos; • IgA: encontradas em secreções (lágrimas, leite, saliva, etc); • IgD: presentes nos linfócitos B; • IgE: relacionada com respostas anti-alérgicas; – Ativa liberação de histaminas (dilatação e aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, facilitando a chegada das células e proteínas imunológicas no local da inflamação). Especificidade antígeno-anticorpo • A especificidade é determinada pelos aminoácidos presentes no domínio variável da cadeia da imunoglobulina; • Complementariedade: – Forma, grupos com cargas, apolaridade... – Manutenção do complexo antígeno-anticorpo por várias interações fracas; • Mudanças na conformação facilitam, por ex, a ligação de co- receptores => ajuste induzido; Representação da cadeia de IgG 30/05/2012 11 Testes sorológicos • Devido à grande especificidade, os anticorpos são ótimos reagentes analíticos; • Para a realização de alguns testes sorológicos é importante haverem preparações de anticorpos; • Preparações Monoclonais de anticorpos: – Através de culturas de células (linfócitos B) é possível obter inúmeros anticorpos idênticos; • A seguir: alguns princípios empregados em testes sorológicos (e não todos os detalhes dos procedimentos) ... Coluna cromatográfica de afinidade • Um anticorpo selecionado é acoplado covalentemente a uma resina; • A amostra é adicionada à coluna; • Se houver o antígeno procurado, ele se ligará ao anticorpo presente na coluna; • A coluna é lavada com uma solução: o antígeno fica retido na coluna e as demais proteínas são eluídas; • Esta técnica é bastante usada para purificação de proteínas em geral; Teste ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay) Immunoblot • As proteínas são isoladas em gel através de eletroforese; • São transferidas para uma membrana de nitrocelulose; • A membrana passa por um processo de submissão aos anticorpos (semelhante ao teste ELISA); • Revela-se coloração na proteína de interesse; 30/05/2012 12
Compartilhar