Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Juliana de Toledo Romero 1 CRIMINOLOGIA – P1 – 2O SEMESTRE PARTE 1 – SOCIOLOGIA CRIMINAL o Sociologia Criminal o Biologia Criminal o Psicologia Criminal SOCIOLOGIA CRIMINAL: Teve início com Enrico Ferri. Foram analisados fatores que afetavam individualmente a pessoa. São fatores determinantes do delito: Fatores sociofamiliares; fatores socioambientais; fatores sociopedagógicos; fatores socioeconômicos. Com o tempo, os olhos dos pesquisadores se voltaram para a sociedade. Lacassagne afirmou que a sociedade tem os criminosos que merece. Beker afirmou que a sociedade tem os criminosos que quer ter. Com essas frases, se tornam precursores das modernas teorias sociológicas que encaram a sociedade como criminógena isto é, a forma de funcionamento das instituições e do próprio controle social levariam a criminalidade. São também chamadas teorias macrossociológicas. • Microssociologia: Análise do homem criminoso. Busca as causas do crime no indivíduo. (Escola Positiva) • Macrossociologia: Análise da sociedade e fatores condicionantes. Busca as causas da criminalidade nas estruturas e no controle social. (Teorias sociológicas) Enfoques multifatoriais: identificaram inúmeros fatores para tentar explicar a criminalidade juvenil, entretanto, não conseguiram estabelecer uma hierarquia entre eles; e hoje são utilizados apenas na análise do caso concreto. ESCOLA DE CHICAGO: Marca o início da sociologia norte americana. Começaram a estudar a relação entre o desenvolvimento urbano/industrial desorganizado e a criminalidade. Observaram com estatísticas oficiais que a maioria dos delinquentes vinham de moradias baratas e deterioradas para onde se dirigiam os imigrantes e os grupos minoritários, como por exemplo, negros com baixa condição econômica. Pragmatismo: A cidade de Chicago foi dividida em zonas concêntricas. No centro (zona 1), ficavam as indústrias e os comércios. Ao redor (zona 2 ou zona de transição) era para onde se dirigiam os imigrantes e pessoas pobres. Ela não cria a delinquência, apenas a atrai. Na zona 3 ficavam os trabalhadores que não queriam morar longe do emprego. Na zona 4 estão as pessoas melhor situadas (equivalente a classe média). Na periferia (zona 5), era bairro residencial. A escola de Chicago foi caindo em decadência, mas ganhou outros pesquisadores que falaram que o que importa não é uma zona, mas sim uma determinada rua, um cruzamento e etc que atrai coisas ruins. Joffrey e drNewmann (geógrafos do crime) analisam arquitetura da cidade e os crimes. à Criminoso aguarda local adequado, momento oportuno e vítima propícia. TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS: pequenas desordens levam a pequenos delitos, e a falta de repressão leva a delitos violentos. Tolerância Zero. Rudolph Giuliani – NY. Polícia Comunitária: patrulhamentos a pé, policial morando na comunidade. TEORIAS ESTRUTURAIS FUNCIONALISTAS: Relacionam criminalidade com o quadro de oportunidade de determinado setor. Atribuem o crime ao modo como funcionam as estruturas sociais. As teorias estruturais funcionalistas tem um gancho econômico. à Teoria Da Anomia De Durkheim: ausência de normas e valores relacionada ao fato de que as estruturas sociais não oferecem a todos os meios necessários de atingir os objetivos culturais (qualidade de vida, sucesso – sonho americano). Estas pessoas tendem a delinquir. Assim, crime nasce no cotidiano (normalidade do delito). É normal desobedecer regras, não é normal cometer crimes. TEORIA DA FRUSTRAÇÃO DE MERTON: Conformismo: mantém seus objetivos culturais e se adequa as normas, conformando-‐se com o que consegue. Inovação: também mantém seus objetivos culturais. Porém, renúncia as normas pois quer tudo a qualquer preço. Ritualismo: para fugir da frustração, se conforma com as normas mas renúncia os objetivos culturais pois desistiu de mudar de vida. Conduta comum na classe média. Evasão ou fuga do mundo: pessoas que, apesar de viver na sociedade, não fazem parte dela. Houve uma renúncia aos objetivos culturais e as normas. São os alcoólatras, os drogados. Rebelião: indivíduo rejeita normas e objetivos culturais. Ele vai buscar outro tipo de sistema. TEORIAS DE CONSENSO X TEORIAS DE CONFLITO Juliana de Toledo Romero 2 TEORIAS DE CONFLITO: • O que mantém o sistema social é o conflito, que até certo ponto é benéfico, pois gera mudanças. • O conflito não é patológico. • Pressupõem a existência de vários grupos e subgrupos na sociedade, portadores de valores diferentes. • Fazem parte a Teoria do Etiquetamento e as Teorias de Conflito. • O comportamento delitivo e o não delitivo têm a mesma origem, isto é, em normas, mas normas diferentes. • Rechaçam a Escola de Chicago e afrontam as Teorias Estruturais Funcionalistas (Teoria de Consenso). • As teorias que buscam as causas do delito são chamadasetiológicas. ⇒ Teorias de Conflito Cultural: O conflito entre as culturas levaria à crise moral pela impossibilidade de adoção de valores comuns, levando a criminalidade. ⇒ Teorias de Conflito Sociais: Se baseiam na evolução histórica de acordo com as classes dominantes e no fato de que as leis e o direito se conduzem de acordo com estas classes. ♦ Teorias de Conflito Social NÃO MARXISTAS: distribuição desigual de autoridade, comportamento discriminatório da justiça penal. Haveria uma classe subjugada. Pluralidade de grupos disputando o poder sem chegar à monopolização. ♦ Teorias de Conflito Social MARXISTAS: Compõem a Criminologia Crítica, Radical ou Nova Criminologia. Oposição ao positivismo. A criminalidade resultaria da luta entre classes consequente ao modo de produção capitalista. A classe que se sobrepõe exploraria a outra. O delito seria produto da sociedade capitalista. o Postulados da Criminologia Crítica segundo Roldan Barbero: -‐ Relevância do etiquetamento ou estigmatização do infrator; -‐ Criminalidade nas classes baixas; -‐ Atitude empática, de apreço em relação ao desvio; -‐ Abolicionismo penal: eliminação da penas, das prisões e a introdução de outros tipos de punições. Enquanto isso não é possível, deve-‐se acatar o minimalismo penal, ou seja, o direito penal mínimo. É uma mudança utópica pois nem todo comportamento desviado tem origem no conflito. TEORIAS DE CONSENSO: O sistema se mantém baseado em valores comuns a todos. O crime afrontaria esses valores. Fazem parte a Escola de Chicago, Teorias Estruturais Funcionalistas (explicada anteriormente), Teorias Subculturais (continuam sendo etiológicas e epidemiológicas), Teoria da Aprendizagem. ⇒ Teorias Subculturais: • O comportamento delitivo seria uma espécie de rebeldia (delinquência juvenil). • O conflito surgiria quando os jovens da classe baixa se identificassem com a classe média e, ao mesmo tempo, interiorizassem os valores da classe a que pertenciam, sofrendo problemas de adaptação (Estudado por Cohen). • Outros autores entendem que os bandos se formam na classe média refletindo os valores baixos dessa classe (Matza e Sykes). • Para Miller, a subcultura criminal seria um subproduto das próprias classes sociais baixas, dos seus valores e padrões. • Outros autores acreditam que os bandos seriam um fenômeno de todas as classes, pois enquanto alguns jovens têm conduta delitiva, outros estimulam e apoiam. • Surgiram talvez em resposta ao problema das minorias e têm interesse pela origem dos bandos e organizações vinculadas à estratificação social. • Não há desorganização, nem ausência de valores, mas diversos sistemas de valores divergentes em torno dos quais se organizam os grupos desviados. • O delito seria consequência dos valores de cada subcultura, diferentes dos valores oficiais. • As teorias subculturais são criticadas porque não explicam os comportamentos regulares dentro da subcultura, nem os comportamentos delitivos que se produzem fora dela. • Teoria Geral Da Frustração De Agnew: diferentemente de Merton, Agnew afirma que existem outras fontes de frustração além da econômica, em especial os estados afetivos negativos repetitivos. Juliana de Toledo Romero 3 ⇒ Teorias do Processo Social: • São teorias psicossociológicas baseadas na relação entre o indivíduo e o meio. • Todas as pessoas teriam potencial para delinquir, sendo maiores as chances nas classes sociais baixas em decorrência das carências. • Teorias Da Aprendizagem Social: entendem que a conduta delitiva é algo que se aprende desde as técnicas até a forma de justificação. as condutas lícitas, como as ilícitas, seriam aprendidas no contato com outras pessoas, por processo de comunicação. Assim, o crime seria um comportamento ou hábito adquirido, um tipo de resposta às situações. ♦ Teoria da Associação Diferencial de Sutherland: • Não é Imitação, é aprendizagem. • O primeiro passo para a conduta delitiva seria a associação. Existem grupos e subgrupos em torno de metas e objetivos e pode ser que um desse grupos respalde condutas delitivas. • Não basta pertencer ao grupo que respalde condutas delitivas, deve haver uma convivência íntima do indivíduo com seus familiares ou componentes do grupo. • Crítica a essa teoria: associação não seria a causa, mas a consequência do comportamento delitivo, uma vez que o individuo selecionaria as pessoas que comungassem das mesmas ideias, atitudes e condutas para se relacionar. Outros alegam que varias condutas teriam origem em fatores inconscientes, não sendo aprendidas. ♦ Teoria da Identificação de Glaser: • O indivíduo baseia sua conduta delitiva na conduta delitiva ou não de pessoas reais ou fictícias, como forma de justificação. ♦ Teoria da Neutralização de Sykes e Matza • Entende que o delinquente compartilha dos valores convencionaisda sociedade, baseando-‐se a aprendizagem nas técnicas capazes de neutralizá-‐los e de justificar a sua conduta desviada. • Essas técnicas diminuem o sentimento de culpa e permitem que o infrator crie justificações que diminuam a reação social. • Teorias do Controle: Afirmam que todos são criminosos potenciais, porém o indivíduo não delinque porque é o maior interessado em manter seu comportamento de acordo com padrões sociais, em virtude de um motivo real efetivo lógico para não delinquir, de forma que o delito traria mais desvantagens do que vantagens. A família, a escola, a religião e os amigos teriam importância na socialização dos jovens e na vigilância. ♦ Teoria do enraizamento social de Hirch: o medo de danos irreparáveis em suas relações interpessoais o impedem de delinquir, a não ser que se enfraqueçam os laços que mantém com a sociedade. ♦ Teorias do auto controle (self control): vêm o criminoso como individuo com baixo autocontrole e o delito como aproveitamento de uma oportunidade, ocupando papel secundário. • Teoria do Etiquetamento: • Representa mudança no paradigma da criminologia. • Baseia-‐se no interacionismo simbólico, isto é, a sociedade se conduz por símbolos. • O contrato (controle) social criaria a criminalidade. • O caráter delitivo do autor e de sua conduta dependeria: da definição da sociedade com a qual interage, que lhe atribui tal caráter; da seleção que etiqueta o autor como delinquente. • As instâncias de controle social como polícia e juízes gerariam a criminalidade ao etiquetar o autor como delinquente, decorrendo daí o caráter constitutivo do controle social. • Mesmo pagando sua dívida, o indivíduo que cometeu o crime continua a ser visto como criminoso, afetando a sua personalidade, perpetuando a conduta delitiva. • O etiquetamento não se interessa pela causa do primeiro delito, mas pela criminalidade secundária que ocorre à partir dela. • As chances ou riscos de etiquetamento não dependeriam tanto da conduta realizada, mas da posição do autor na pirâmide social.
Compartilhar