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Juliana de Toledo Romero 1 Criminologia P1 I. Etapa pré-‐científica 1. Período Pré-‐Clássico ⇒ veda, totens, tabus ⇒ castigo desproporcional (vingança ao delito) ⇒ vingança privada (ouro da vítima) ⇒ justiça de talião (proporcionalidade) ⇒ sistema de composição (compra da liberdade) ⇒ vingança divina (juiz – sacerdote) ⇒ vingança pública (crucificação de Cristo) ⇒ livre arbítrio ⇒ confusão crime/pecado ⇒ todos são iguais ⇒ ordálias (provas dolorosas com elementos da natureza – juízo de Deus) ⇒ humanismo – visão antropocêntrica ⇒ final da Idade Média ⇒ iluminismo (prega necessidade de mudança no sistema penal e na administração da justiça) ⇒ razão no lugar da fé ⇒ revolução Francesa ⇒ surge pena de prisão ⇒ JUSNATURALISMO 2. Escola Clássica ⇒ surge baseada no livro de BECCARIA ⇒ Marques de Beccaria – Cesare Bonesano ⇒ pai da criminologia ⇒ escola é primeiro estudo sistematizado do delito ⇒ lei deve prever crimes e penas ⇒ lei deve ser pública ⇒ todos são iguais perante a lei ⇒ contra penas que ultrapassem pessoa do criminoso ⇒ pena tem finalidade política e utilitária ⇒ todos dão parcela de liberdade em depósito público ⇒ gera a solidariedade, valores comuns ⇒ contra a pena de morte e castigos corporais ⇒ vida e integridade física não se encontram na parcela cedida ⇒ Delito: contradição à norma, independe da personalidade do autor e contexto social ⇒ Delinquente: indivíduo normal, igual a todos ⇒ Arbítrio: o delinquente tem Inteligência e vontade, delinque porque quer ⇒ Responsabilidade penal: deriva da responsabilidade moral e esta, do livre arbítrio ⇒ Pena – retributiva (pagamento do mal com o mal, mas sempre proporcional) ⇒ Medida da pena: depende da gravidade material e moral ⇒ Fatores criminógenos: não existem, sejam eles biológicos, físicos ou sociais ⇒ Juiz: aplica a lei ao caso concreto ⇒ Preocupação: legalidade e justiça -‐ CRIME ⇒ Mérito: lutou contra sistemas desumanos (Beccaria) ⇒ Crítica: ignorou fatores criminógenos, assim não forneceu prevenção (Beccaria) Juliana de Toledo Romero 2 ⇒ Método: dedutivo, e partindo de premissas, foi construindo o sistema penal. A conclusão é consequência lógica da premissa. • Componentes da escola clássica: Escola italiana: Cesare Bonesana (Beccaria) Escola inglesa: Jeremy Bentham Escola alemã: Auselm Fuerbach Pelegrino Rossi: pena necessária p/ manter ordem pública Carmignani: pena é necessidade política Pessina: pena é necessária p/ corrigir distúrbio social gerado pelo crime Kant: pena é necessária para restabelecer ordem moral Francesco Carrara: principal nome da E. Clássica, afirma que responsabilidade social deriva da responsabilidade moral e esta, do livre arbítrio Romagnosi: pena é necessária para defesa social, afirmava que sociedade deveria melhorar condições de vida. Admite fatores sociais, aproximando-‐se do Positivismo. 3. Pré-‐Positivismo ⇒ Ciência Penitênciária – denuncia irregularidades nas prisões, propõe estudos sobre crimes e criminosos ⇒ Pesquisadores começam a estudar o criminoso ⇒ Juan Bautista Della Porta – Fisiognomia (ciência que tenta identificar criminoso pelos traços da face) ⇒ Lavater – Frenologia (inclui estudos sobre formato da cabeça e áreas do cérebro para identificar tendências criminosas) ⇒ Lavater: retrato robô (imagem da maldade natural) ⇒ Édito de Valério: “na dúvida entre dois suspeitos, condene-‐se o mais feio” ⇒ rito processual do juiz Moscardi: “ouvidas as testemunhas... olhei a fisionomia e a cabeça do acusado, e o condenei.” ⇒ Gall: para uns, pai da frenologia; para outros, da antropologia. ATAVISMO: reaparição em um descendente de um ascendente remoto que ficou latente de base hereditária ⇒ Darwin: teoria da evolução – restabelecer caráter regressivo atávico com comportamento de animais e tribos selvagens ⇒ Philippe Pinel: pai da psiquiatria – começa a separar criminosos dos loucos e a catalogar e descrever doenças mentais. ⇒ ESCOLA CARTOGRÁFICA ou grupo de estatísticos morais: Adolphe Quételet – criou leis como a lei térmica ⇒ Começam a afastar o livre arbítrio, isto é, o crime vai deixando de ser uma decisão individual para ser uma atitude desencadeada por certos fatores. ⇒ Crime é fato individual e fenômeno coletivo, regido por leis naturais. ⇒ Existiria taxa esperada de crimes independentemente das variações sociais. Esta afirmação tornou a escola cartográfica passível de críticas (desconsiderou mudanças sociais como guerras, crises). ⇒ Foi verdadeira precursora do positivismo II. Etapa científica 4. Escola Positiva ⇒ caracteriza-‐se pelo Determinismo – o criminoso passa a ser visto como vítima dos fatores que agem sobre ele Juliana de Toledo Romero 3 • Antropologia de Cesare Lombroso: Determinismo biológico Elevou Criminologiaao patamar de ciência; Pai da Criminologia científica; Realizou autópsias e exames: estrutura primitiva no cérebro; Porém não conduziu suas observações com rigor científico, acabou estigmatizando pessoas que não eram criminosas; procurava traços comuns entre eles. Dividiu criminosos em loucos, natos, por ocasião e por paixão. • Sociologia criminal de Enrico Ferri: Determinismo social Se opôs a Lombroso por entender que criminoso nato seria minoria, já que fatores físicos e principalmente sociais determinariam a conduta. Indivíduo fica sujeito a fatores deletérios (nocivos) do meio, contra os quais não teria condições de reagir. Dividiu criminosos em habituais, loucos, natos, por ocasião e por paixão. Dividiu fatores criminológicos em -‐ Antropológicos (condições biológicas, condições psicológicas e caracteres pessoais) -‐ Físicos (estação do ano, temperatura) -‐ Sociais (alcoolismo, desagregação) A conduta criminosa = resultado dos fatores, sociais são os principais Ferri pregava DEFESA SOCIAL a qualquer preço Lei da Saturação criminal: se conhecerem fatores biológicos, físicos e sociais que atuam na sociedade, podem prever tipo e quantidade de delitos • Positivismo Moderado de Rafaele Garófalo: Determinismo psicológico Fatores psicológicos hereditários resultantes de anomalias ou mutações é que determinariam a conduta do criminoso; Delito natural: composto por condutas reprováveis em si mesmas independentemente do local e época Seria possível criar catálogo universal de crimes; Admite pena de morte para criminosos incorrigíveis justificando-‐se através da teoria da evolução natural -‐ À partir da Escola Positiva, a Criminologia passa a ser plurifatorial (vários fatores interferem na conduta criminosa) e multidisciplinar (necessita de conhecimento de outras ciências). ⇒ Delito: fato humano social e fenômeno natural decorrente de causas endógenas e exógenas. Microcriminologia – busca da etiologia da conduta criminosa ⇒ Delinquente: indivíduo anormal e diferente dos demais ⇒ Arbítrio: Não existe pois ser humano é incapaz de fazer escolhas entre extremos, como o bem e o mal ⇒ Responsabilidade penal: Deriva do fato de que o criminoso pertence à sociedade, sendo sujeito de direitos e deveres. ⇒ Pena: forma de defesa social contra o crime que a afetou. ⇒ Medida da pena: Vai depender da periculosidade (perigo potencial) ou temibilidade (perigo que já se manifestou) do criminoso ⇒ Fatores Criminógenos: Endógenos (biológicos e psicológicos), Exógenos (sociais). ⇒ Juiz: adequa a pena a periculosidade do criminoso ⇒ Preocupação: CRIMINOSO ⇒ Método: Indutivo ou científico, o resultado é uma consequência provável da premissa e pode extrapolar o conteúdo da premissa Juliana de Toledo Romero 4 5. Escola Intermediária e teorias ambientais • Escola de Lyou Francesa Composta por médicos, destaque para Lacasagne Criminoso é como micróbio (encontra caldo de cultura) Fatores endógenos seriam predisponentes e o meio social, desencadeante A origem do crime é da própria sociedade – “a sociedade tem os criminosos que merecem” • Escolas Ecléticas Princípios da E. Clássica e E. Positiva Baseiam a pena na responsabilidade moral (clássica) Baseiam a medida de segurança (internamento, manicômio) na periculosidade (positiva) Muitas são adeptas do dualismo penal: aplicar pena como retribuição e medida de segurança como tratamento Livre Arbítrio é relativo: ninguém decide, totalmente livre, é influenciado por fatores) Terza Scuola e Escola de Molburgo • Escolas de movimento de defesa social Defesa social deve se basear em estratégias que atuem sobre o crime de forma individualizada e humanizada • Pensamento psicosociológico de Gabriel Tardy Mimetismo: o crime seria uma indústria que segue regras de mercado e tem um chefe. Começaria como moda, que se transforma em hábito e em costume. Profissional precisa conviver com comparsas para aprender técnicas de crime e imitá-‐los. • Escola do tecnicismo jurídico O direito penal deve se restringir ao direito positivo, ao estudo da lei imposta. Rejeita fatores criminógenos, associação da filosofia e antropologia. Prega retorno do método dedutivo. ♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡ Criminologia – conceito, métodos, técnicas e cifras Conceito: ciência que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social da delinquência que engloba a prevenção do delito e as formas de intervenção. Necessita do conhecimento de outras ciências como antropologia, biologia, psicologia, psiquiatria, sociologia. Mas isso não retira seu caráter de ciência, pois possuimétodo, objeto e finalidade próprios. O conhecimento da Criminologia é sempre provisório, parcial e inexato. Enquanto o direito penal é ciência jurídica normativa e cultural, a criminologia é ciência natural e social. Utiliza técnicas antropológicas (biológicas) e sociológicas. Técnicas quantitativas (estatística) permitem que se cheguem a etiologia do delito e seu desenvolvimento. Técnicas qualitativas estudam o delito em profundidade (observação participante, entrevista). Criminalidade: conjunto de ações ou omissões puníveis num determinado tempo e local. Tranversais: quando se faz medida num determinado momento Longitudinais: efetuam várias medições em épocas diferentes. Juliana de Toledo Romero 5 Estatísticas de informe e autodenúncia e pesquisas de utilização: Objetivam identificar a Cifra Negra, constituída pelos casos que não chegam ao conhecimento da polícia e do judiciário. Ou se chegam, não obtém resposta (o criminoso foge, não é julgado, não cumpre pena). Criminalidade real da Sociedade não está estampada nas estatísticas oficiais. Criminalidade real = Criminalidade Oficial + Cifra Negra. Se a cifra negra cai e a criminalidade sobe, significa provavelmente que melhorou a atuação da polícia e do judiciário, por exemplo. Lei das relações constantes: cifra negra é desnecessária pois ela é constante. Cifra Cinza: Reflete lado obscuro, cinza da polícia. Engloba casos onde as pessoas não têm acesso à certos mecanismos porque a polícia se coloca como mediadora, seja promovendo conciliação das partes e solucionando o conflito, nem chegando a fazer boletim. Às vezes, a solução do conflito está na delegacia. Normalmente, são casos que não produzem sentença condenatória, pois a população aceita essa intermediação. Cifra Amarela: Casos que a população não denuncia porque tem medo de represália. Conjunto de ocorrências policiais praticadas contra a sociedade, na verdade é arbitrariedade da polícia contra o cidadão. Esta cifra está estampada nas denúncias contra policiais feitas na corregedoria e nos noticiários que mostram os abusos da polícia. Cifra Dourada: engloba crimes de colarinho branco, cujos autores não são punidos em virtude de poder social e econômico. Engloba crimes ambientais, contra o patrimônio, contra a previdência social, etc. Difere de crimes de colarinho azul (crimes de rua) que englobam furtos, roubos, homicídios, praticados pelas classes baixas. Método da Criminologia Duas características: Empirismo e Interdisciplinaridade Empirismo: método preferencial da Criminologia é o empírico (ou científico ou indutivo), baseado na análise, observação e indução. É empírico pois: o Seu objeto é real e pode ser medido (crime/criminoso/vítima/controle social). o Hipóteses levantadas baseiam-‐se nos fatos o Conclusões são tiradas desses mesmos fatos e não dependem de opinião subjetiva o A criminologia parte da observação da realidade para tirar dela a informação diretamente Interdisciplinaridade: a partir da Escola Positiva, a Criminologia passou a acatar conhecimentos das várias ciências que necessitava. Com o tempo, passou a confrontar esses conhecimentos, integrando-‐os. A integração permite sanar erros e incoerências. Objetos da Criminologia Crime (delito) o Normalidade do delito: sempre alguém irá descumprir regras o É necessário pois quando o Estado reprime, mostra seu cuidado com os cidadão e mantém coesão social. o É útil pois promove mudanças o Funcional pois tem função econômica indireta (gera empregos) o Comportamento humano e problema social e comunitário o Crime ocorreu na comunidade e deve nela encontrar sua solução Juliana de Toledo Romero 6 Criminoso o Escola Clássica: indivíduo normal o Escola Positiva: indivíduo anormal o Escola Correcionalista (Espanha): inválido que necessita cuidados do Estado. o Marx: criminoso é a vítima, a culpa é da sociedade o ATUALMENTE: ser complexo, biopsicossocial, tem qualidades e defeitos, pode ser normal ou doente mental Classificação de Hilário Veiga de Carvalho: baseia-‐se nos fatores mesológicos (do meio) ou biológicos (constituição do indivíduo). ü Mesocriminoso puro (só o meio) ü Mesocriminoso preponderante (dois fatores, predomínio do meio) ü Mesobiocriminoso (dois fatores em total equilíbrio) ü Biocriminoso preponderante (dois fatores, predomínio do biológico) ü Biocriminoso puro (só o biológico) Classificação de Cândido Motta ü Criminoso ocasional Não tem tendência biológica. Sucumbe apelos do meio, principalmente se estiver em dificuldades. Se for pego, confessa e pretende não mais delinquir. Se o fizer, pode se tornar criminoso habitual. Mesocriminoso puro. ü Criminoso impetuoso Não ocorre premeditação, atua devidofalha momentânea de senso crítico. Arrepende-‐se em seguir. Individuos honestos que valorizam a honra a ponto de matar. Esta é sua tendência biológica. Mesocriminoso preponderante. ü Criminoso habitual Crime é sua profissão. Incorrigíveis. Mesobiocriminosos, pois em geral procedem de meio pobre. ü Fronteiriço criminoso Entre normalidade mental e doença mental, existe fronteira de limites imprecisos onde se situam estes indivíduos. Praticam qualquer tipo de crime e têm como característica a ausência de arrependimento, a não ser que algo saia errado para ele. Carga hereditária biológica é marcante, mas necessitam ou buscam motivo no meio. Biocriminoso preponderante. ü Louco criminoso Não necessita de qualquer estímulo do meio. Tudo nasce da sua mente. Pode ser crime premeditado ou não. Ameaça vítima. Não se arrepende e não foge do local, pois acredita ter cometido legítima defesa, em decorrência das vozes que escuta lhe dando comando. Biocriminoso puro.
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