AULA Consciência e Autoconhecimento

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AULA- Texto “Consciência e Autoconhecimento”
(de Rose, Bezerra, & Lazarin, 2012)
Consciência
• O que é a consciência? 
• Qual a sua natureza e como ela surge?
• Podemos estudá-la cientificamente?
• “muitos autores que escrevem sobre o assunto 
questionam se a “consciência” que investigam é 
algo que existe de fato ou se não se trata de uma 
mera ficção ou especulação”. (p.188)
• Dicionário Aurélio: (...) Conhecimento imediato da 
sua própria atividade psíquica ou física; 
• [“eu sei o que estou fazendo, pensando, 
sentindo”]
• [Trânsito: Ruas, semáforos, faixas, movimento de 
carros, motos, ônibus, pedestres, agentes de 
trânsito... 
• “Trânsito” é algo além desses elementos? Ou é 
apenas um nome para descrever a relação entre 
esses elementos?]
• “Além disso, a consciência é geralmente 
considerada, no mínimo, como difícil de ser 
submetida aos métodos de investigação empírica 
de que poderíamos dispor. [Será?]
• Afinal, a ciência trabalha com aquilo que podemos 
observar, manipular e medir...” (p.189)
Consciência
• Por que temos consciência? (...) Por que nossos 
comportamentos não ocorrem “no escuro”? 
• Organismos não humanos têm esse tipo de 
experiência 
• ...se sim, como poderíamos saber disso? 
• e em que ponto da taxonomia os seres vivos 
tornaram-se conscientes? 
Consciência
• Experiência subjetiva tem algum papel 
funcional (ou causal) na determinação da 
conduta 
• ... ou ela é um mero epifenômeno - como a 
sombra que nos segue ou a fumaça emitida pela 
chaminé de uma locomotiva, que apenas 
acompanha nossas ações sem influenciá-las de 
fato? (p.189)
Consciência
• “O que o Behaviorismo Radical tem a dizer 
sobre o assunto? Ao contrário do Behaviorismo 
Metodológico... que aceita o critério de 
intersubjetividade), 
• ...o Behaviorismo Radical não nega que seja 
possível o estudo científico da consciência ou de 
outros fenômenos ditos “mentais” ou “subjetivos” 
porque é apenas a própria pessoa que os tem, 
mas propõe uma reinterpretação dos fenômenos 
psicológicos a partir das descobertas da ciência 
do comportamento”. 
EVENTOS PRIVADOS
• Eventos privados: eventos aos quais apenas a 
própria pessoa tem acesso; pensamentos, 
sentimentos, emoções, lembranças, visualizações, 
• Oposição a eventos públicos: aos quais outras 
pessoas têm acesso; comportamento de andar, 
um ferimento no braço etc.
EVENTOS PRIVADOS
• “Uma pequena parte do universo está encerrada 
dentro da pele de cada um de nós. Não há razão 
pela qual ela deveria ter um status físico 
especial porque ela está dentro dessa fronteira, e 
talvez possamos ter um tratamento completo dela 
pela anatomia e fisiologia 
• (...). Nós a sentimos e em algum sentido 
observamos, e poderia parecer tolo negar essa 
fonte de informação só porque não mais que uma 
pessoa pode fazer contato com seu mundo 
interior. 
• Entretanto, nosso comportamento, ao fazer esse 
contato, precisa ser examinado.” 
EVENTOS PRIVADOS
Sistemas perceptivos internos; conceitos da 
fisiologia;
• Sistema exteroceptivo: relacionado “órgãos dos 
sentidos”; visão, audição, 
• Sistema proprioceptivo: relacionado a respostas 
à estimulação de músculos; 
• Sistema interoceptivo: relacionado a respostas 
de “órgãos internos”; 
EVENTOS PRIVADOS
EVENTOS PRIVADOS 
Surgimento do Comportamento Verbal
• Relação com o conceito de “linguagem”;
• “Com o aparecimento do comportamento verbal, 
... pessoas da comunidade passaram a fazer 
alguns tipos de questões umas às outras que 
requeriam um tipo de responder ao próprio corpo 
diferente daquele que acontece normalmente. 
EVENTOS PRIVADOS 
Surgimento do Comportamento Verbal
• Perguntas como “você está com fome?” e “onde 
você vai amanhã?”, “o que vai fazer?” ou “como 
você se sente?”, 
• ... são úteis para as pessoas da comunidade 
porque possibilitam antecipar o comportamento da 
pessoa questionada, ou para se obter 
informações sobre algo que não está diretamente 
acessível (p. ex., suas necessidades ou 
sentimentos...). 
EVENTOS PRIVADOS 
• “As pessoas a quem são feitas essas questões 
são levadas a discriminar seus estados 
internos, pois dessa maneira elas podem 
responder de maneira razoavelmente adequada e 
então ser reforçadas (ou corrigidas) pela 
comunidade de modo contingente”. (p. 190)
• Discriminação de eventos públicos;
• Ex. Aprender nomes de cores, 
• Discriminação de eventos privados;
• Ex. Aprender a dizer que está com fome, com 
dor, que está triste...
• “Aqui, o autor inverte uma tese bastante difundida 
— de que temos conhecimento privilegiado e 
imediato daquilo que ocorre em nossos corpos e 
em nossa consciência”. 
• “De fato, temos um contato bastante íntimo com 
a estimulação privada, que não é diretamente 
acessível às outras pessoas... 
• Mas, se não fosse por intermédio dos membros da 
comunidade verbal em que estamos inseridos, 
certamente seriam muito raras as ocasiões em que 
discriminaríamos nossos próprios estados 
corporais, 
• ...pois é por intermédio da comunidade que nossos 
relatos a respeito de nossos estados corporais
(ou seja, privados) podem ser reforçados de maneira 
contingente”. 
• Esse tipo de autoconhecimento tem, pois, origem 
social — o que também ocorre com a consciência”.
• [Isso não soa familiar?] 
• Vigotski... 
CONSCIÊNCIA E TEORIA DA CÓPIA
• Análise do Comportamento opõe-se à teoria da 
cópia.
• Teoria da Cópia. “quando percebemos o mundo, 
fazemos cópias internas que ficam guardadas e 
que depois podem ser vistas novamente quando 
queremos ver uma coisa percebida anteriormente, 
mas que, por conta das circunstâncias, está 
inacessível para observarmos no momento”. 
• “Essa teoria foi formulada para dar conta não 
somente das imagens lembradas, mas também da 
imaginação e da alucinação, de modo que 
características das cópias que temos podem ser 
recombinadas para formar algo novo”.
CONSCIÊNCIA E TEORIA DA CÓPIA
Críticas à Teoria da Cópia
• Explicar como o mundo é copiado ou 
armazenado nos organismos e como essas 
cópias podem ser recuperadas depois para que 
possamos observá-las... 
• [Como armazenar uma música, uma aroma?]
• Problema do regresso infinito; Ver gera uma 
cópia, o que gera outra cópia; ver essa 2ª. cópia 
gera uma 3ª. cópia, e...
CONSCIÊNCIA E TEORIA DA CÓPIA
Críticas àTeoria da Cópia
• “A posição de Skinner (1974) em favor de uma 
análise operante é que, embora sejamos 
estimulados pelos objetos de nosso ambiente 
próximo, esses não são absorvidos ou 
replicados pelo organismo, mas a estimulação 
passa a controlar o comportamento...”
CONSCIÊNCIA
VER QUE ESTAMOS VENDO...
• “(...) não é a percepção somente — seja essa de 
eventos privados ou públicos — que causa o 
problema da consciência, mas um tipo especial de 
contingência que nos leva a “ver que estamos 
vendo”, o que é o mesmo que ter consciência 
de que vemos.”
• “(...) Não há contingências naturais para esse 
comportamento. Nós aprendemos a ver que 
estamos vendo somente porque uma comunidade 
verbal arranja para que o façamos”.
CONSCIÊNCIA
Dois sentidos para o termo consciência
• 1) Responder de forma diferencial, sob controle 
de estímulos do ambiente; 
Um boxeador que está ‘inconsciente’ não está 
respondendo a estímulos atuais do ambiente. 
CONSCIÊNCIA
Dois sentidos para o termo consciência
• 2) Pessoa “vê que está vendo”; não é apenas o 
objeto visto que controla o comportamento 
subsequente, mas também os estímulos 
produzidos automaticamente pelo ato de ver. 
Assim, a pessoa observa e se observa ao 
mesmo tempo, podendo, então, descrever não 
sóaquilo que vê, mas também o que ela faz e 
como se sente enquanto vê.
CONSCIÊNCIA
Consciência como produto social
• As contingências responsáveis pela aquisição e 
manutenção dos comportamentos requeridos de 
auto-observação e de descrição não estão 
disponíveis no ambiente não social, 
• ...havendo a necessidade de uma comunidade 
verbal que as estabeleça.
AUTO-OBSERVAÇÃO E AUTOCONSCIÊNCIA
• Comportamentos de auto-observação podem 
levar pessoas a discriminarem a si mesmas; – um 
modo de autoconhecimento geralmente chamado 
de “autoconsciência” (self-awareness; 
“consciente de si”)
• Então, podemos não só discriminar nossos corpos 
e nosso comportamento, mas também, mais 
ampliadamente, as consequências que se 
seguem às nossas ações e a relação entre elas 
(i.e., as contingências de reforçamento a que 
estamos submetidos).
AUTO-OBSERVAÇÃO EM OUTRAS ESPÉCIES
Auto-reconhecimento no espelho
• “teste do espelho” (Gallup, 1977, 2002). 
• Critério para constatar a auto-observação em animais, 
Autodiscriminação de estímulos privados
• Lubinski e Thompson (1987 ); Discriminação de 
estímulos privados em pombos; 
• Discos D – S – N ; pentobarbital; cocaína; solução salina
CONSCIÊNCIA
Comportamento Descritivo
• Tato: comportamento verbal sob controle de 
estímulos não-verbais; 
• Autotato: estímulos produzidos pelo próprio 
comportamento do organismo na resposta de auto-
observação podem se tornar discriminativos para 
respostas descritivas (verbais). 
• (comportamento verbal controlado por outro 
comportamento passado, presente ou futuro do 
falante)
• “tatear”= “descrever”= “relatar”
AUTOCONHECIMENTO
• Dizemos que um indivíduo tem autoconhecimento 
quando é capaz de discriminar e descrever
eventos que ocorrem no próprio organismo ou 
relações estabelecidas entre esse organismo e o 
mundo. 
• Estabelecimento do autoconhecimento: 
 Com perguntas que produzem respostas de 
auto-observação e respostas auto-
descritivas (autotatos). 
• A auto-observação pode encoberta (privada) ou 
pública; Inclui observar: 
 as condições em que o comportamento surge, 
 o próprio comportamento
 e suas consequências. 
• O autotato é o relato sob controle daquilo que é 
auto-observado . 
AUTOCONHECIMENTO E PSICOTERAPIA
• “É possível que a comunidade não tenha 
estabelecido as contingências necessárias para 
produzir autoconhecimento. 
• É possível também que práticas coercitivas 
(p.ex., punição) tenham eliminado o 
autoconhecimento em alguns aspectos. 
• Resultado: falta de repertório de 
autoconhecimento, o indivíduo não consegue criar 
autoregras em determinadas situações e, por 
isso, não consegue estabelecer o autocontrole. 
AUTOCONHECIMENTO E PSICOTERAPIA
• “Autoconhecimento habilita o sujeito a analisar 
as relações funcionais dos próprios 
comportamentos e, a partir disso, 
• ...construir autoregras que proporcionem maiores 
efetividade e contato com consequências 
reforçadoras.
• É possível afirmar que um dos principais objetivos 
da psicoterapia é estabelecer um repertório de 
autoconhecimento do cliente.