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Pensamento e Linguagem - A perspectiva da Psicologia Cognitiva (David G. Myers) Pensamento • “Enquanto pensamos, formamos conceitos que organizam o mundo, resolvemos problemas, fazemos julgamentos e tomamos decisões eficientemente. • Ao fazermos isso, que estratégias costumamos usar? • Que tendências nos fazem correr o risco de errar? Pensamento • “O pensamento, ou a cognição, refere-se a todas as atividades que estão associadas a processamento, compreensão, recordação e comunicação. • Os psicólogos cognitivos estudam essas atividades mentais, incluindo os meios lógicos [racionais] e, às vezes, ilógicos [irracionais] com os quais criamos conceitos, resolvemos problemas, fazemos julgamentos e tomamos decisões”. Conceitos • “Para pensar sobre os incontáveis eventos, objetos e pessoas em nosso mundo, nós simplificamos as coisas. • Nós formamos conceitos - agrupamentos mentais de objetos, eventos e pessoas semelhantes. • Conceito cadeira: resume uma variedade de itens - uma cadeira alta para criança, uma cadeira reclinável, um conjunto de cadeiras em torno de uma mesa de jantar, uma cadeira de dentista. Conceitos • Imagine a vida sem conceitos. Seria preciso um nome para cada objeto ou ideia. Não poderíamos pedir a uma criança para "jogar a bola", porque não haveria conceito de bola. • Em vez de dizer "Eles estão com fome", teríamos de descrever expressões faciais, intensidades vocais, gestos e palavras. • Tais conceitos bola e fome - fornecem-nos várias informações sem muito esforço cognitivo. Alguém fez isso... Ver o conto “Funes, o memorioso”, de Jorge Luís Borges. Formação de conceitos em animais • Em pombos; Categorias “carros”, “gatos”, “cadeiras” e “flores”; teste com itens novos (Wasserman, 1995). • Depois que macacos aprenderam a classificar gatos e cães, certos neurônios nos lobos frontais de seu cérebro passaram a disparar em resposta a novas imagens que lembravam gatos e cães (Freedman et al., 2001). Formação de conceitos em animais • Conceito de “igualdade” em abelhas: Organização de conceitos em hierarquias • “Os primeiros naturalistas simplificaram e organizaram a enorme complexidade de cerca de 5 milhões de espécies viventes, agrupando-as em duas categorias básicas - os reinos animal e vegetal. • Depois dividiram es as categorias básicas em subcategorias cada vez menores... Protótipos • Protótipos - uma imagem mental ou um exemplo mais refinado que incorpora todos os aspectos que relacionamos a uma categoria (Rosch, 1978). • Quanto mais algo se assemelha ao nosso protótipo de um conceito, mais prontamente nós o reconhecemos como um exemplo desse conceito. • Tanto um pardal quanto um ganso satisfazem nossa definição de pássaro: bípede dotado de asas penas e, que nasce de um ovo. • No entanto, reconhecemos mais rapidamente o pardal como pássaro: seu bico e seu modo de voar lembrar melhor o protótipo de pássaro. Resolução de problemas • Atribui-se à nossa racionalidade a nossa capacidade de formar e usar conceitos. • Outra atribuição é nossa habilidade para resolver problemas e lidar com novas situações. Qual o melhor caminho para evitar um tráfego congestionado? Como responder à crítica de um amigo? Como entrar em casa após perder as chaves? Resolução de problemas • Tentativa e erro: “tentar até acertar”, sem um critério bem definido, sem se seguir alguma regra; • Algoritmo: um procedimento passo a passo que garante uma solução. • Letras ISPLOIOCIAG; Combiná-las para formar outra “palavra”; 907.208 combinações possíveis; • Heurística: algumas regras simples para diminuir o número de soluções possíveis; • “Ao reorganizar as letras de SPLOIOCIAG, podem excluir combinações em que a última letra seja o P, o C ou o G Usando a heurística e depois aplicando o método de tentativa erro, você pode chegar à resposta” Resolução de problemas • Insight; • “Todos nós podemos lembrar ocasiões nas quais pensamos sobre um problema durante algum tempo... • “Então, de repente, as partes se juntam e percebemos a solução. A tais lampejos súbitos de inspiração nós denominados insight” • Johnny Appleton, de 10 anos; o filhote de melro; a areia... (Ruchlis, 1990). Obstáculos na resolução de problemas • Duas tendências cognitivas – viés de confirmação e fixação - quase sempre desorientam a busca da solução de um problema; VIÉS DE CONFIRMAÇÃO • Tendência a buscar informações que confirmem nossas ideias, nossas opiniões, “ignorando” informações que as contrariam; • “Por exemplo, há probabilidade maior de gerentes comerciais acompanharem as carreiras bem-sucedidas daqueles que um dia eles contrataram do que o progresso daqueles que rejeitaram, levando-os a confirmar as próprias habilidades para contratar funcionários” • [Profecia auto-realizadora; Estudantes com falsos testes de QI] Obstáculos na resolução de problemas VIÉS DE FIXAÇÃO • Disponha os seis palitos de fósforo mostrados na figura abaixo de modo que formem quatro triângulos equiláteros. Obstáculos na resolução de problemas VIÉS DE FIXAÇÃO Obstáculos na resolução de problemas VIÉS DE FIXAÇÃO Obstáculos na resolução de problemas VIÉS DE FIXAÇÃO Obstáculos na resolução de problemas VIÉS DE FIXAÇÃO Obstáculos na resolução de problemas VIÉS DE FIXAÇÃO Obstáculos na resolução de problemas FIXAÇÃO FUNCIONAL • Trata-se de nossa tendência para perceber as funções dos objetos como fixadas e imutáveis. • Uma pessoa pode vasculhar a casa em busca de uma chave de fenda quando uma moedinha teria girado o parafuso. Obstáculos na resolução de problemas FIXAÇÃO FUNCIONAL VIÉS DE FIXAÇÃO • O maior obstáculo para a resolução de problemas é a fixação - a incapacidade de ver um problema a partir de uma perspectiva nova. • Uma vez que representamos o problema incorretamente, é difícil reestruturar o modo como nós o abordamos. • Se as suas tentativas para resolver o problema dos palitos de fósforo forem fixadas em soluções bidimensionais, então a solução tridimensional lhe terá escapado; VIÉS DE FIXAÇÃO • Dada a sequência U-D-T-Q-?-?-?, quais são as três letras finais? • C-S-S; • Dada a sequência J-F-M-A-?-?-?, quais são as três letras finais? • [iniciais de meses do ano] VIÉS DE FIXAÇÃO – Conjunto Mental • Os sucessos do passado podem de fato resolver os problemas do presente. Mas também podem interferir em nossas descobertas de novas soluções. • Essa tendência de repetir as soluções que funcionaram no passado é um tipo de fixação denominado conjunto mental. • Assim como o conjunto perceptivo predispõe nosso modo de perceber, o conjunto mental predispõe nosso modo de pensar. VIÉS DE FIXAÇÃO – Conjunto Mental • Você provavelmente esbarrou com o conjunto mental nos problemas dos jarros com água. • Para o primeiro problema das jarras, é possível que você tenha desenvolvido a seguinte fórmula: VIÉS DE FIXAÇÃO – Conjunto Mental • Mas será que esse conjunto mental fez você perder soluções bem mais simples para os problemas 6 e 7 (ver Figura 10.5)? Tomada de decisão e formação de julgamento • “Tomamos decisões e formamos julgamentos todos os dias "Vale a pena o incômodo de levar um guarda-chuva?". “Será que posso confiar nessa pessoa?", "Devo fazer o arremesso ou passar a bola para o cestinha?" – • ...e raramente paramos ou nos esforçamos para raciocinar de modo sistemático”. Tomada de decisão e formação de julgamento Uso da Heurística • “Os atalhos mentais que denominamosheurísticas quase sempre nos ajudam a tomar decisões razoáveis com base na própria experiência”; • Mas... • Duas heurísticas identificadas pelos psicólogos cognitivistas Tversky e Kahneman (1974)- representatividade e disponibilidade; Tomada de decisão e formação de julgamento Heurística da representatividade • Um homem magro, de baixa estatura e que gosta de ler poesia; alguém pede para você adivinhar se essa pessoa se tornou professor de literatura clássica em uma universidade da Ivy League ou um caminhoneiro; • Qual seria seu palpite? (Adaptado de Nisbett & Ross, 1980.) Tomada de decisão e formação de julgamento Heurística da disponibilidade • Opera quando baseamos nossos julgamentos na disponibilidade de informações em nossa memória. • Quanto mais rápido uma pessoa puder lembrar um exemplo de algum evento, mais ela esperará que o evento volte a ocorrer (Macleod &Campbell, 1992). • Julgalmento social: lembrança de eventos isolados afeta julgamento mais que estatísticas (p.ex. abusos contra previdência social); Tomada de decisão e formação de julgamento Excesso de confiança • Tendência de superestimar a exatidão de nossos conhecimentos e julgamentos. • Em tarefas diversas, as pessoas superestimam qual é, foi, ou será seu desempenho (Metcalfe, 1998). • Resulta de: “ansiedade para confirmar nossas crenças”, tendência a atenuar nossos erros Tomada de decisão e formação de julgamento Excesso de confiança • Dunning et al. (1990); • Entrevista inicial; interesses acadêmicos, passatempos favoritos, aspirações, signo astrológico, ou que considerassem importante; • 2ª. Entrevista- estudantes tentavam prever as respostas para 20 perguntas; • Confiança do estudante: 75%; acertos: 63% • Confiança do estudante (com colega de quarto): 78%; acertos: 68% Tomada de decisão e formação de julgamento Excesso de confiança Explicação “adaptativa”: • As pessoas que erram por excesso de confiança vivem mais felizes, acham mais tranquilo tomar decisões difíceis e parecem dignas de crédito (Baumeister, 1989; Taylor, 1989). Tomada de decisão e formação de julgamento Enquadramento de Decisões • Um teste adicional de racionalidade: verificar se duas formas diferentes da mesma questão, logicamente equivalentes, irão produzir a mesma resposta. • Dizer 10% das pessoas morrem enquanto passam por determinada cirurgia. OU 90% das pessoas sobrevivem. • Risco é percebido como maior no 1º. caso (por paciente e médicos) (McNeil et alii, 1988; Marteau 1989; Rothman & Salovey, 1997). Tomada de decisão e formação de julgamento Enquadramento de Decisões • Os consumidores respondem mais positivamente à carne moída descrita como "75% de carne magra" em vez de "25% de gordura" (Levin & Gaeth, 1988; Sandord et alii, 2002). Tomada de decisão e formação de julgamento Viés da Crença • Usamos a lógica ao raciocinar, mas aceitamos mais facilmente conclusões que estejam de acordo com nossas opiniões. Viés da Crença • Premissa 1: Alguns comunistas são golfistas. • Premissa 2: Todos os golfistas são marxistas. • Conclusão: Alguns comunistas são marxistas. Quase todo mundo reconhece corretamente que a conclusão segue logicamente as premissas (Oakhill et al., 1989) Viés da Crença • Premissa 1: Alguns comunistas são golfistas. • Premissa 2: Todos os golfistas são capitalistas. • Conclusão: Alguns comunistas são capitalistas. Muitas pessoas tiveram dificuldade para reconhecer que a conclusão é lógica (Oakhill et al., 1989) Viés da Crença • Premissa 1: Democratas apoiam o discurso livre. • Premissa 2: Ditadores não são democratas. • Conclusão: Ditadores não apoiam o discurso livre. “Se essa conclusão parece lógica, você está experimentando o viés da crença- a tendência de a crença distorcer a lógica” (Oakhill et al., 1990) Uma distribuição possível Perseverança da Crença • Tendência em persistirmos em nossas crenças mesmo diante de evidência contrária; • Outra fonte de irracionalidade... • Lord et al., (1979); • dois grupos com opiniões opostas sobre pena de morte; • dois estudos fictícios, um evidência a favor, outro, contra; • Discordâncias aumentaram;
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