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Quais as características do conhecimento científico? Saber racional é aquele que obedece a regras, leis, princípios e se contrapõe ao saber ilusório, às emoções e às crenças (logos: discurso compreensível e congruente; ratio : contar, medir, reunir, juntar calcular). Saber lógico e sistemático: porque as ideias formam uma ordem coerente. Verificável e metódico: passível de exame para ter sua pretensão confirmada ou não. Para tanto, segue uma técnica, um procedimento. Ciência é um saber... Racional e objetivo Atém-se aos fatos, mas poderá transcendê-los É analítico e requer exatidão e clareza É comunicável e verificável Depende de investigação metódica Busca e aplica leis É explicativo e pode fazer predições É aberto e útil. Em geral acreditamos que o cientista é alguém especial, possui legitimidade. Na verdade, o cientista ou o pesquisador percorreu um longo caminho de refinamento da inteligência que forneceu as condições para o desenvolvimento de um olhar atento, curioso e empreendedor. Veja agora uma rápida entrevista com um cientista. Vídeo do Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=-ZnYres2cAo A ciência e o método O cientista utiliza um método na apreensão da realidade. A palavra método nos liga à ideia de um conjunto de procedimentos através dos quais é possível conhecer determinada realidade ou desenvolver determinados comportamentos. Através do método podemos descobrir como chegar a um objetivo. É uma forma de pensar para se chegar à natureza de determinado problema para explicá-lo ou apenas estudá-lo. São regras elaboradas por estudiosos. Podemos percebê-lo em nossa vida cotidiana quando decidimos aprender uma língua estrangeira ou tocar um instrumento. O aprendiz pode não perceber inicialmente que o seu mestre utiliza um método para ensinar sua música ou determinada língua. O método nos permite perceber um tema, elaborar uma hipótese, rever o acervo bibliográfico que temos sobre o tema, fazer experimentos, interpretar os resultados obtidos e formular conclusões (OLIVEIRA, 1997). O conhecimento científico trabalha com hipóteses, ou seja, explicações provisórias sobre algum fenômeno que está sendo analisado e que provocou uma interrogação no pensamento do cientista. Trata-se de uma teoria provável que aguarda sua comprovação. Mas para que a hipótese formulada possa ser considerada científica é preciso que seja passível de verificação, ou seja, experimentação. A ciência e a objetividade O conhecimento científico ou conjunto de aquisições intelectuais aspira à objetividade, o que significa dizer que pretende que suas conclusões possam ser verificadas por todos. Alguns estudiosos da ciência entendem que o ponto mais controvertido do pensamento científico não é o método, mas a realidade a ser investigada. Aqui sobressai a seguinte pergunta: será que a realidade e a ideia que temos da realidade coincidem? O que é o real? Há identidade entre o pensamento e o pensado? (DEMO, 2007, p. 70-75). A despeito de acreditarmos que o papel do cientista é estudar, teorizar, não interferir, não influenciar, manter certo rigor e disciplina diante de seu objeto de estudo, seu olhar não é neutro. O pesquisador é um ser social que influencia e é influenciado pela cultura, educação, pelo mundo simbólico, arte e ideologia. Neste caso, é preciso observar que o maior desafio para ciência está na sua relação com o real. O pensamento científico parte de uma realidade construída, concebida. Por isso costuma-se dizer que a ciência é apenas um modo possível de perceber a realidade. Embora o cientista, no âmbito das ciências naturais se distancie de seu objeto, nas ciências sociais faz parte da própria realidade que investiga. É por isso que se pode afirmar que todo conhecimento é um pré-conhecimento, decorre de tradições herdadas, de pontos de partida ligados a visões de mundo. Todo cientista ao fazer ciência oferece um ponto de vista, uma interpretação. Embora não exista isenção total do sujeito pensante em face do objeto, acreditamos que há um dever científico de seguir a objetividade. Como o cientista participa de um mundo da vida, seus enunciados estão repletos de valores que se revelam na escolha do tema e na seletividade da abordagem. O que significa dizer que o estudioso não se interessa por fatos em si, mas “fatos interessantes” e, é por isso que a ciência não investiga qualquer coisa, mas é direcionada a determinados objetos. Aqui percebemos o sentido de objetividade científica. Para Popper (1985, p. 46) o termo objetivo assume o caráter de intersubjetivo, ou seja, um método que viabiliza a comunicabilidade da teoria. Permite que o cientista dialogue com outros, para que seus enunciados possam ser analisados por outros. Trata-se da possibilidade de testar intersubjetivamente os enunciados de uma determinada teoria que se pretende científica. No campo da ciência, a verdade encontra-se relativizada por inúmeras interrogações, refutações e mudanças de paradigma que experimentamos. Todas as transformações que marcaram o progresso da ciência contribuíram para a formação de um olhar mais criterioso em relação às certezas científicas. No sentido popperiano, o objetivo da ciência não deve ser a busca de certezas inabaláveis, mas a construção de hipóteses férteis que ofereçam respostas a algum problema.
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