Buscar

fundamentos Controle de Perdas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

See	discussions,	stats,	and	author	profiles	for	this	publication	at:	https://www.researchgate.net/publication/236883771
FUNDAMENTOS	DA	PREVENÇÃO	E	DO
CONTROLE	DE	PERDAS	E	AS	METODOLOGIAS
PARA	IDENTIFICAÇÃO	DE	RISCOS
Article	·	June	2003
CITATIONS
0
READS
5,369
1	author:
Janduhy	Camilo	Passos
Universidade	Federal	de	Uberlândia	(UFU)
10	PUBLICATIONS			3	CITATIONS			
SEE	PROFILE
All	content	following	this	page	was	uploaded	by	Janduhy	Camilo	Passos	on	02	June	2014.
The	user	has	requested	enhancement	of	the	downloaded	file.
FUNDAMENTOS DA PREVENÇÃO E DO CONTROLE DE PERDAS E AS 
METODOLOGIAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS: 
Uma breve revisão da literatura 
Janduhy Camilo Passos* 
 
1.Evolução das ações prevencionistas 
 
Por estarem inseridas em um ambiente dinâmico e mutável as organizações podem sofrer 
perdas associadas ao seu patrimônio, uma vez que o referido ambiente é permeado de riscos. Assim, 
faz-se necessário à identificação antecipada de todos os fatores que geram ameaças ao patrimônio 
organizacional, considerando que esta ação permite que sejam adotadas medidas preventivas 
visando evitar a ocorrência das possíveis perdas. 
 
Em termos de evolução, porém, observa-se que parte das ações relativas à prevenção de 
perdas foi desenvolvida em virtude da grande incidência de infortúnios do trabalho, pois a 
gravidade e a freqüência das lesões nos trabalhadores, os danos às máquinas e equipamentos, às 
instalações e ao processo produtivo, demandaram uma série de esforços que, de início, tinham como 
objetivo prevenir e controlar tais eventos. 
 
Na verdade, o que se buscava era manter as empresas dentro de um conceito de segurança, 
o qual estava relacionado exclusivamente à prevenção e à eliminação dos riscos que poderiam afetar 
os trabalhadores. Do mesmo modo, todos os estudos e pesquisas realizados giravam em torno das 
lesões que poderiam ser produzidas através dos acidentes de trabalho. Uma empresa segura, então, 
seria aquela onde ocorresse o menor número de acidentes e estes eram enfocados segundo o custo 
que produziam, sem haver a ponderação das diversas perdas patrimoniais que estavam associadas à 
ocorrência desses acidentes. 
 
Carvalho (1984), ao estudar as metodologias propostas para a investigação dos acidentes do 
trabalho e os riscos que os deflagraram, faz um apanhado histórico e relata a existência de quatro 
diferentes modelos, sintetizados no quadro a seguir. Tais métodos não são excludentes permitindo 
que, na prática, eles possam e devam ser utilizados de modo combinado. 
 
De acordo com Santos & Rodrigues (1997), essa primeira divisão das metodologias para 
identificação de riscos é decorrente da escolha do objeto central de análise. Nesse sentido, Denton, 
apud Santos & Rodrigues (1997), afirma que os métodos cujo enfoque recai sobre a segurança nos 
locais de trabalho podem estar centrados no trabalho ou nos empregados, embora existam métodos 
que tentem combinar essas duas propostas. 
 
Os métodos centrados nos empregados postulam que um ambiente seguro pode ser criado e 
mantido pelos mesmos, desde que eles sejam motivados a desempenharem as suas funções com 
segurança. Para isso, algumas técnicas devem ser usadas, como a supervisão geral e o incentivo à 
classe trabalhista. O incentivo pode ser obtido através de maior participação nas decisões relativas à 
segurança; podem ser utilizados também os treinamentos em relações humanas, a associação da 
segurança com emoções agradáveis ou recompensadoras, a melhoria da comunicação interna etc. 
Essas ações visam a motivar os empregados a reconhecerem o seu meio ambiente e as suas reações 
diante deste, com o objetivo de se precaverem e de se conduzirem de forma segura. 
 
 
 
 
QUADRO 1: Métodos de investigação dos acidentes de trabalho 
MÉTODO CARACTERÍSTICAS 
COMPORTAMENTAL 
 
Utiliza o comportamento humano e suas avaliações giram em torno do 
comportamento individual ou coletivo, possibilitando vários enfoques, dentre os 
Quais destacam-se: a susceptibilidade do indivíduo aos acidentes; e a concepção 
psicodinâmica, para a qual os acidentes podem ser iniciados por razões de 
comportamento. 
EPIDEMIOLÓGICO A ênfase recai sobre a procura das causas dos acidentes e, com esse intuito, são 
percorridos os atos inseguros, as condições inseguras, as falhas humanas etc., 
colhendo-se dados estatísticos quanto à incidência, horário, local etc. Esse método 
sugere múltipla causalidade e age primariamente como elemento de seleção. 
SISTEMAS Para esse modelo o acidente seria causado pela produção anormal do sistema 
homem-máquina e tem as suas causas individuais estudadas dentro do conjunto do 
sistema trabalho, cujos fatores se entrelaçam e se auto-regulam. O sistema 
completo de trabalho seria a execução da operação: indivíduo x material x tarefa x 
ambiente. 
 
INCIDENTES 
CRÍTICOS 
Estuda os quase-acidentes, ou os incidentes considerados críticos, que poderiam 
conduzir a um acidente. Assim, os acidentes são investigados através de uma 
metodologia onde se realizam entrevistas (anônimas) com os indivíduos para a 
formulação de um relatório a ser processado, analisado e discutido nas Comissões 
Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA), afim de que sejam tomadas as 
medidas preventivas necessárias. 
FONTE: adaptado de Carvalho, 1984. 
 
Em relação aos métodos de abordagem centrados no trabalho, Santos & Rodrigues (1997) 
dizem que os mesmos têm como ênfase a correção das deficiências nos locais de trabalho através da 
engenharia. Nesses métodos, é comum o emprego de técnicas como a supervisão severa, incentivos 
materiais, pecuniários ou a concessão de folgas. Também são usados treinamentos visando a 
dotarem os trabalhadores dos conhecimentos necessários para o reconhecimento de riscos de 
acidentes e para a operação correta dos equipamentos. Ainda, são empregados avisos e outras 
formas de comunicação, mostrando e enfatizando os riscos de acidentes de trabalho e as suas 
conseqüências. Conforme os autores citados, essa segunda abordagem tem como objetivo definir a 
forma mais “segura” para se realizar um trabalho. Logo após, os trabalhadores são treinados de 
acordo com definições estabelecidas, e um rígido controle é exercido sobre a obediência às normas 
de segurança. 
 
Quanto a métodos que procurem unir as duas vertentes citadas por Denton, encontra-se o 
MEPHISTO (Metodologia para Estudo e Projetos em Higiene e Segurança do Trabalho). Nessa 
metodologia, o estudo dos riscos é realizado através do levantamento de dados relativos às 
condições ambientais e as suas relações com os meios naturais, sociais e técnicos que envolvem o 
trabalhador e o relacionam com os demais agentes (o empregador e o restante dos funcionários) e 
com os instrumentos de trabalho. As condições de vida do funcionário também são levantadas por 
meio de entrevistas que abordam vários aspectos, inclusive a vida familiar. 
 
Para Santos (1996), esse método permite tirar conclusões, tanto a respeito de como o 
trabalho e as condições de vida podem predispor o funcionário a doenças e acidentes no trabalho, 
como possibilita o diagnóstico dos pontos críticos, em nível de unidade e em nível de seção de 
trabalho, apontando a ordem de prioridades para o encaminhamento da solução dos problemas 
encontrados. Isso, levando em conta a possibilidade de implantação de soluções. 
 
A filosofia de que os acidentes também poderiam gerar danos à propriedade (acidentes sem 
lesões) foi introduzida por Heinrich, a partir de 1931. Nos estudos que realizou, Heinrich conseguiu 
demonstrar que, para cada acidente com lesão incapacitante, havia 29 acidentes que produziam 
lesões não incapacitantes (leves) e 300 acidentes sem lesões (De Cicco & Fantazzini, 1985). 
 
Durante o período de 1959 a 1966, o engenheiro Frank Bird Jr. empreendeuuma pesquisa 
na qual analisou mais de 90 mil acidentes ocorridos em uma empresa siderúrgica americana, e 
atualizou a relação estabelecida por Heinrich, desenvolvendo a proporção 1:100:500. Ou seja, para 
cada uma lesão incapacitante, existiam 100 lesões não incapacitantes e 500 acidentes com danos à 
propriedade (De Cicco & Fantazzini, 1985). 
 
Os dados obtidos permitiram que Bird desenvolvesse a sua teoria intitulada de “Controle de 
Danos”. Um programa de Controle de Danos é aquele que requer a identificação, registro e 
investigação de todos os acidentes com danos à propriedade, e a determinação do seu custo para a 
empresa. Além disso, todas essas medidas deverão ser seguidas de ações preventivas (De Cicco & 
Fantazzini, 1985). 
 
Ao se implantar um programa de Controle de Danos, um dos primeiros passos a serem 
adotados é a revisão das regras convencionais de segurança, as quais estão voltadas apenas para a 
questão das lesões. Desse modo, as regras devem ser ampliadas com o objetivo de abranger os 
danos à propriedade, e essas alterações devem envolver desde a alta direção da empresa até o corpo 
funcional, pois todos deverão saber que regra foi mudada e qual a razão da mudança. Ainda, é 
importante que qualquer pessoa envolvida no programa compreenda que, para este ser bem-
sucedido, será necessário um período, devidamente planejado, de comunicação e educação, com o 
intuito de mostrar a gravidade de não se informar qualquer acidente com dano à propriedade que 
venha a ocorrer na empresa (De Cicco & Fantazzini, 1985). 
 
 Segundo Tavares (1996) e De Cicco & Fantazzini (1985), Bird ainda ampliou o seu 
referencial de estudo analisando acidentes ocorridos em 297 empresas, as quais representavam 21 
grupos de indústria diferentes, com um total de 1.750.000 operários que trabalharam mais de 3 
bilhões de horas durante o período de exposição. Assim sendo, obteve a seguinte proporção: 
1:10:30:600. Para cada acidente com lesão incapacitante, havia 10 acidentes com lesões leves, 30 
acidentes com danos à propriedade e 600 acidentes sem lesão ou danos visíveis (quase-acidentes). 
Estes dados podem ser melhor compreendidos observando-se a figura 1. 
 
 Prosseguindo o trabalho iniciado por Bird, e partindo do pressuposto de que os acidentes 
que resultam em danos às instalações, aos equipamentos e aos materiais têm as mesmas causas 
básicas daqueles que resultam em lesões, John A. Fletcher, em 1970, propôs o estabelecimento de 
programas de “Controle Total de Perdas”, cujo objetivo maior é reduzir ou eliminar todos os 
acidentes que possam interferir ou paralisar um sistema. De acordo com a proposta de Fletcher, o 
Controle Total de Perdas deve ser concebido de modo que permita a eliminação de todas as fontes 
que possam interromper um processo produtivo, quer elas resultem de lesão, dano à propriedade, 
incêndio, explosão, roubo, vandalismo, sabotagem, poluição da água, do ar, do solo, doença 
ocupacional ou defeito do produto (De Cicco & Fantazzini, 1985). 
 
 A partir de 1972, surge uma nova abordagem na questão de prevenção de perdas. Essa 
abordagem, fundamentada nos trabalhos desenvolvidos por Willie Hammer, foi denominada de 
Engenharia de Segurança de Sistemas e ampliou o escopo da atuação do prevencionismo, pois as 
empresas passaram a ser visualizadas dentro de um enfoque sistêmico (De Cicco & Fantazzini, 
1985). 
 
 Segundo Chiavenato (1999, p. 56), um sistema é caracterizado por ser “um conjunto 
integrado de partes, íntima e dinamicamente relacionadas, que desenvolve uma atividade ou função 
e é destinado a atingir um objetivo específico”. Todo sistema integra um sistema maior, chamado 
supra-sistema, e é formado por sistemas menores ou subsistemas. Esse conceito mostra que as 
empresas podem ser consideradas como um sistema social aberto, visto que interagem com o 
ambiente externo. Nessa interação as empresas recebem insumos (inputs) e os transformam em bens 
e/ou serviços, através das relações intra-organizacionais (ambiente interno), que são ofertados ao 
mercado consumidor (outputs) e dele recebem informações (feedback) que vão influenciar o 
comportamento geral do sistema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acidentes c/ Danos a 
propriedade 
Quas ntes 
 
 
1 1 1
29 100
10
30 
 500 600 
Lesão incapacitante 
Lesões leves 
Lesões graves ou 
incapacitantes 
Lesões leves
Acid. c/ dano 
à propriedade
 
FIGUR
FONTE
 
no pre
antece
empres
causas
conseq
mesmo
evento
definid
para pr
pesqui
New J
“acide
apurad
analisa
ocorre
aciden
300
 Heinr
A 1: Comparação dos estudos realizados por Heinrich e B
: Tavares, 1996. 
Essa visão sistêmica das organizações possibilitou que um
vencionismo, fazendo com que o mesmo passasse a 
ssores á concretização dos acidentes, possibilitando que as
as não fossem mais apenas baseadas em “tentativas e err
 que produziram o acidente. Isso permite evitar a 
üentemente, a ocorrência de inúmeros prejuízos ao patrim
 fica resguardado de situações geradoras de efeitos indes
s ou fatos antecessores são os “quase-acidentes” abord
os como incidentes críticos. Trata-se, portanto, de uma si
ovocar dano, mas que não o manifesta. 
 
A importância do enfoque sobre os incidentes críticos en
sas desenvolvidas sobre os mesmos, como a realizada em
ersey. Suas conclusões mostram que os erros e as co
ntes sem lesão” eram os mesmos que desencadeavam os a
o que os futuros acidentes com lesões e/ou danos mat
ndo-se os quase-acidentes. Deve-se observar, no entanto, 
r várias vezes, antes que as variáveis envolvidas config
te em termos de danos materiais e/ou lesões (De Cicco & F
e acide
Bird
ird 
a outra perspectiva fosse inserida 
contemplar os eventos ou fatos 
 ações preventivas adotadas pelas 
os” ou em avaliações pós-fato das 
formalização dos acidentes e, 
ônio empresarial, uma vez que o 
ejados. Deve-se considerar que os 
ados por Bird, e que agora são 
tuação ou condição com potencial 
contra respaldo nos resultados das 
 uma indústria manufatureira de 
ndições inseguras detectadas nos 
cidentes com lesões. Também foi 
eriais poderiam ser prenunciados 
que os incidentes críticos poderão 
urem as condições que levem ao 
antazzini, 1985). 
 
2. Técnicas para identificação de riscos 
 
 A respeito da identificação de riscos, a Engenharia de Segurança de Sistema condensa 
várias técnicas que, anteriormente, eram dirigidas ao campo aeroespacial, automotivo e para 
indústrias de apoio, mas que também se mostraram úteis nas áreas de estudo dos riscos que 
afetavam as empresas civis, e foram paulatinamente introduzidas ao prevencionismo. Essas 
técnicas, citadas por Tavares (1996) e De Cicco & Fantazzini (1985), são chamadas genericamente 
de técnicas de Análise de Riscos1. 
 
 A primeira delas é a Série de Riscos, surgida a partir da necessidade de se determinar qual 
foi o agente diretamente responsável por um evento, e caracterizando-se como uma técnica de 
identificação que ordena os riscos pela importância ou gravidade destes. Assim, têm-se o risco 
principal (responsável direto pelo dano), os riscos (ou o risco) iniciais que originam a série, e os 
riscos contribuintes. Uma vez obtida a série, cada risco é analisado em termos das possíveis 
inibições que podem ser aplicadas a cada caso. 
 
 A Análise Preliminar de Riscos (APR), por sua vez, consiste em um estudo, durante a 
concepção ou desenvolvimento prematuro de um novo sistema, com a finalidade de determinar os 
riscos que poderão estar presentes em sua fase operacional. Esse procedimento é de suma 
importância, principalmente nos casos em que o sistema a ser concebido não possui semelhança 
com outros existentes. 
 
 Já a Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE) permite analisar como podem falhar os 
componentes de um equipamento ou sistema, estimar as taxas de falhas,determinar os efeitos que 
poderão advir e, conseqüentemente, estabelecer as mudanças necessárias para aumentar a 
probabilidade de que o sistema ou equipamento realmente funcione de maneira satisfatória. 
 
 A Técnicas de Incidentes Críticos (TIC), incluída na abordagem de Carvalho (1984) como 
método, é realizada através de uma amostra aleatória e estratificada de observadores-participantes, 
que são selecionados dos principais departamentos da empresa em análise, com o objetivo de 
garantir uma amostra representativa de operações, inseridas nas diferentes categorias de riscos. É 
operacionalizada através de entrevistas, nas quais o entrevistador interroga os participantes que 
tenham executado serviços específicos dentro de determinados ambientes, pedindo-lhes para 
recordar e descrever erros e condições inseguras que tenham cometido ou observado. Assim, os 
participantes são estimulados a descreverem o maior número possível de incidentes críticos, sem se 
aterem ao fato de que estes resultaram ou não em danos à propriedade, ou lesões. Após essa etapa, 
os incidentes descritos são classificados em categorias de riscos, a partir das quais definem-se as 
áreas problemáticas relativas aos acidentes. Essa identificação permite que sejam delineadas as 
ações prioritárias para a distribuição dos recursos disponíveis, como também a organização de um 
programa de prevenção de acidentes. 
 
 Por último, a Árvore de Análise de Falhas (AAF). Essa é uma técnica de análise que permite 
uma abordagem lógica e sistemática de um evento muito indesejado. Essa técnica pode fornecer a 
probabilidade de ocorrência em estudo e gera os chamados “conjuntos mínimos catastróficos”, que 
são falhas simultâneas, desencadeadoras de catástrofes. A AAF encontra sua melhor aplicação 
 
1 “Análise de risco é o estudo detalhado de um objeto visando identificar perigos e avaliar os riscos 
associados. O objeto pode ser organização, área, sistema, processo, atividade, intervenção”. Cardella (1999, 
p.106). 
 
diante de situações complexas devido à maneira sistemática na qual os vários fatores podem ser 
apresentados. 
 
 Independentemente da forma de abordagem do risco, quer este esteja associado ou não à 
questão das perdas restritas aos acidentes do trabalho, a literatura ainda aponta outros meios que 
possibilitam identificá-lo, como as seguintes ações propostas por De Cicco & Fantazzini (1985): 
 1 – Checklist e roteiro: são questionários básicos, repetidamente preenchidos para 
cada seção da unidade produtiva em estudo. Segundo Tavares (1996, p.50) “é ideal como primeira 
abordagem na análise de riscos de qualquer situação, pois permite que sejam revisados inúmeros 
riscos. Também, gera um relatório detalhado que serve como material de treinamento e base de 
revisões futuras”. 
 2 – Inspeção de segurança (ou inspeção de riscos): é a procura de riscos comuns já 
conhecidos de maneira teórica. Esse conhecimento facilita a prevenção de acidentes, pois as 
possíveis soluções já foram estudadas anteriormente e encontram-se registradas. Para obter êxito, as 
inspeções devem envolver todo o corpo funcional com o intuito de gerar comprometimento. 
Também existe a necessidade de se organizar um programa bem definido, onde se estabeleçam, 
entre outros itens, o que será inspecionado, a freqüência da inspeção, seus responsáveis e as 
informações que serão verificadas. Em um nível secundário, encontram-se as inspeções de 
equipamentos, realizadas diariamente pelos funcionários, no início do turno de trabalho. Para isso, 
deve ser elaborada uma ficha de inspeção fácil, com os pontos a serem observados dispostos em 
ordem lógica, e o preenchimento deverá ser feito com uma simples marcação ou visto. 
3 – Fluxogramas: são gráficos que demonstram a seqüência de uma operação ou de 
um processo e podem ser utilizados para identificar perdas potenciais. Inicialmente, elabora-se um 
fluxograma maior, genérico, contendo todas as operações da empresa, desde o fornecimento da 
matéria-prima até a entrega do produto ao consumidor final. Posteriormente, são elaborados 
fluxogramas detalhados de cada uma das operações definidas no início, que tornam possível a 
identificação de futuras perdas. A elaboração dos fluxogramas requer o envolvimento funcional 
para garantir o detalhamento necessário das atividades e assim fornecer maiores condições para se 
identificarem riscos e perdas potenciais. 
4 – Investigação de acidentes: constitui-se em uma verificação de dados relativos 
ao acidente e ao acidentado (comportamento, atividade exercida, tipo de ocupação etc.) com o 
objetivo de se detectarem as causas ou os fatores que desencadearam o fato. Dentro dessa 
perspectiva, as investigações proporcionam a identificação de riscos já conhecidos ou não. 
 
 Outros meios de identificação de riscos também merecem ser considerados, como por 
exemplo, os citados por Cardella (1999) e observados no quadro a seguir: 
 
QUADRO 2: Métodos de identificação de riscos 
TÉCNICA CARACTERÍSTICAS 
What If (E se) consiste em detectar perigos utilizando questionamento aberto promovido pela 
pergunta E se…? O objeto da What If pode ser um sistema, processo, equipamento ou 
evento. Os questionamentos podem ser livres ou sistemáticos. No questionamento 
livre, o objeto é questionado por meio da pergunta E se...? em relação a qualquer 
aspecto que se julgar conveniente ou que vier à cabeça no momento. No sistemático, o 
objeto é focalizado segundo a visão de diversos especialistas. 
Estudo de 
Identificação de 
Perigos e 
Operabilidade 
(Hazop) 
consiste em identificar desvios de variáveis de processo em relação a valores 
estabelecidos como normais. O objeto do Hazop são os sistemas e o foco são os 
desvios das variáveis de processo. Sua operacionalização é feita através da aplicação 
de palavras guias às variáveis do processo. Essas palavras estimulam a criatividade 
para detectar desvios. São elas: nenhum, reverso, mais, menos, componente a mais, 
mudança na composição e outra condição operacional. 
Análise pela Matriz de consiste em observar os elementos do objeto de estudo verificando os perigos que 
Interações podem resultar das interações entre esses elementos. Como objeto de análise 
encontram-se os sistemas, instalações, processos, atividades e intervenções. O foco 
são as interações entre os elementos do objeto. O conjunto das interações possíveis 
contém o subconjunto das interações perigosas. 
Análise pela Árvore 
das Causas (AAC) 
é uma variação da Análise por Árvore de Falhas (AAF). A principal diferença entre 
ambas é que a AAC utiliza fatos (eventos ocorridos) e a AAF, eventos potenciais. 
Análise Comparativa compara o objeto de estudo com padrões estabelecidos em projeto. Seu objeto são os 
sistemas, instalações e processos, em qualquer fase do ciclo de vida, e o foco recai 
sobre os desvios em relação aos padrões. 
FONTE: adaptado de Cardella (1999) 
 
 
 
3. Considerações finais 
 
 A devida proteção do patrimônio organizacional está condicionada ao conhecimento ou 
identificação prévia de todos os elementos e fatores que tornam possível o acontecimento de perdas. 
Sob esse enfoque, é necessário que o profissional encarregado da gestão dos riscos organizacionais 
utilize os vários recursos disponíveis com o objetivo de evitar a materialização dos riscos e, por 
extensão, a ocorrência das perdas. 
 
 Entre os recursos citados está conhecimento das ações prevencionistas cujo fundamento 
está alicerçado nas várias metodologias que possibilitam a identificação de riscos. No entanto, como 
afirmam De Cicco & Fantazzini (1985), não existe um método ótimo que permita uma total 
identificação. Na prática, deve-se utilizar a combinação dos vários métodos existentes, para a 
abrangência do maior número de informações possíveis sobre os riscos. Assim sendo, éindispensável que o gestor conheça e operacionalize as várias técnicas disponíveis visando a correta 
aplicação das mesmas no âmbito organizacional. Isto conforme as características possuídas pela 
empresa e as variáveis que intervém sobre a mesma como: tamanho das instalações físicas, sistema 
de produção utilizado, bens/ou serviços ofertado ao mercado, número de funcionários, relação com 
o meio que a cerca (clientes, fornecedores, órgãos governamentais etc.) etc. 
 
 Assim sendo, entender a existência e a possibilidade de materialização dos riscos que 
ameaçam as organizações é considerar sempre a possibilidade da ocorrência de perdas. Contudo, 
esse entendimento não deve levar o gestor ao “esquecimento” ou a negligência relativa às perdas, 
pois mesmos que nem todas elas sejam igualmente sérias (no sentido do tamanho do prejuízo sobre 
o patrimônio organizacional), é necessário que as organizações busquem entender como elas são 
produzidas ou geradas com o intuito de evitar aquelas cuja repercussão possam acarretar prejuízos 
maiores ou até mesmo comprometer a sobrevivência da organização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
CARDELLA, Benedito. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes - uma abordagem 
holística: segurança integrada à missão organizacional com produtividade, qualidade, preservação 
ambiental e desenvolvimento das pessoas. São Paulo: Atlas, 1999. 
 
CARVALHO, Alberto Mibielli de. Métodos de investigação dos acidentes do trabalho. Revista 
Brasileira de Saúde Ocupacional e Segurança. v.12, p.65-68. São Paulo: FUNDACENTRO, jul/set, 
1984. 
 
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 
 
DE CICCO, Francesco; FANTAZINNI, Mário Luiz. Técnicas modernas de gerência de riscos. 
São Paulo: IBGR, 1985. 
 
TAVARES, José da Cunha. Noções de prevenção e controle de perdas em segurança do 
trabalho. São Paulo: Ed. Senac, 1996. 
 
SANTOS, Cidália de Lourdes de Moura. Avaliação de uma metodologia para identificação de 
riscos de acidentes para a equipe médica. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 1996. 
(Dissertação, Mestrado em Engenharia de Produção). 
 
SANTOS, C.L.M; RODRIGUES, C.L.P. Metodologias para a identificação de riscos: uma 
avaliação preliminar. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 1997, 
Gramado. Anais... Porto Alegre: UFRGS, 1997. 
 
View publication statsView publication stats

Continue navegando