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As virtudes esquecidas de um bom debate intelectual

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29/01/2016 As virtudes esquecidas de um bom debate intelectual
https://www.instapaper.com/read/683003646 1/13
As virtudes esquecidas de um bom
debate intelectual
ano-zero.com (http://ano-zero.com/bom-debate-intelectual/) · by Felipe Novaes
“(…) primeiro, os padrões de boa evidência, da crença justificada, 
do conhecimento confiável etc. estejam vinculados à 
cultura ou à comunidades; e, segundo, que a investigação é, 
inevitavelmente, disfarçadamente política. A primeira dessas é 
desalentadoramente cética em sua tendência, e a segunda é 
completamente assustadora: se todas as investigações fossem 
realmente políticas, não haveria qualquer diferença entre 
conhecimento e pesquisa advocatícia, entre 
a investigação e o jogo da retórica.”
~ Susan Haack
29/01/2016 As virtudes esquecidas de um bom debate intelectual
https://www.instapaper.com/read/683003646 2/13
Sempre pensei na universidade como um local para se pensar livremente, para
discutir sobre todo tipo de ideias, inclusive as mais polêmicas. Entretanto, pelo
menos de acordo com o que tenho vivido ultimamente como universitário – e
pelo que leio por aí (http://www.proibidoler.com/quadrinhos/estudante-
protesta-para-que-persepolis-sandman-e-outras-obras-sejam-banidas-de-sua-
universidade/) -, só me resta pensar que sou um dos poucos que ainda
compartilha dessa visão, pois muitos veem a universidade apenas como uma
fábrica de militantes políticos, como um templo onde se aprende o socialmente
correto.
É claro que há um preço a pagar pela liberdade intelectual. É como na
democracia, em que a liberdade implica em, muitas vezes, termos de ouvir e
aguentar ideias bizarras e conservadoras. Quando todos são livres, todos tem de
aturar a liberdade do outro em algum momento, o que nem sempre é agradável.
Entretanto, ser livre intelectualmente não é sair por aí falando o que se quer. Por
exemplo, não posso passar a defender que o elo perdido entre cavalos e
hipopótamos é o unicórnio rosáceo, só porque desejo que assim seja. A liberdade
pressupõe virtudes extintas como bom senso, honestidade intelectual, apoio em
argumentos cuidadosamente construídos e em evidências.
Em suma, não se deve substituir o raciocínio crítico e ponderado, além do poder
da evidência, por ideologia pura e simples.
Citarei um breve comentário familiar e duas tretas emblemáticas e recentes
ocorridas em ambientes universitários, e explicarei como ilustram
fabulosamente a ausência dessas virtudes intelectuais.
A investigação científica nos diz como DEVEMOS agir? Isso é política ou
investigação?
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29/01/2016 As virtudes esquecidas de um bom debate intelectual
https://www.instapaper.com/read/683003646 3/13
(http://ano-zero.com/wp-content/uploads/sites/4/2015/06/agoragrega.jpg)
Ágora – praça pública grega onde as pessoas circulavam e onde debates
filosóficos eram travados publicamente. Bons tempos de busca honesta pelo
conhecimento.
Uma vez estava em casa assistindo a um documentário sobre emoções, e um
famoso psicólogo especialista em expressões faciais e emoções, começou a falar.
Era Paul Ekman (https://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Ekman), cuja pesquisa
ficou popularizada pela série Lie To Me
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Lie_to_Me_(s%C3%A9rie_de_televis%C3%A3o
)).
O entrevistador perguntou o que era melhor, dar vazão à raiva ou não ceder aos
impulsos, não dar vazão a essa emoção. Quando minha mãe ouviu isso,
imediatamente disse: “ah, é claro que não devemos deixar a raiva tomar conta,
não é? Não é o certo!”.
Minha mãe estava certa com relação à moral. É claro que não é bom se deixar
influenciar pela raiva e, digamos, sair chutando móveis e xingando os outros.
Não é socialmente desejável também. Mas a investigação científica não
29/01/2016 As virtudes esquecidas de um bom debate intelectual
https://www.instapaper.com/read/683003646 4/13
questiona nem responde a isso do ponto de vista ético. Como uma investigação
criminal, o objetivo é achar a verdade, não a resposta moralmente correta.
Por acaso, Ekman mostrou estudos que concluíam que não se deixar levar por
essa emoção muitas vezes negativa não era mesmo a melhor opção, pois a cada
vez que cedemos aos seus ditames, nos tornamos ainda mais fracos para
contorná-la. Mas, se as pesquisas acabassem encontrando a resposta contrária,
isso deveria ser relatado também, pois a pesquisa não é uma questão de certo e
errado. Um cientista pode até se posicionar eticamente sobre algum estudo,
sobre se ele deve ser reportado ou não, sobre até mesmo se sua metodologia é
ética, mas isso não tem a ver com a estrutura do método científico em si.
O caso da USP: a briga é sobre política ou sobre
fatos?
(http://ano-zero.com/wp-content/uploads/sites/4/2015/06/jw.jpg)
James Watson, ganhador de um Nobel, hoje condenado ao ostracismo
acadêmico por contas de acusações de racismo. Não sei se houve direito a
defesa.
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https://www.instapaper.com/read/683003646 5/13
Recentemente, na USP
(http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/04/aula-na-usp-sobre-racismo-
e-qi-vira-alvo-de-protesto-de-estudantes-negros.html), um professor britânico,
que ministra aulas sobre a língua inglesa utilizada em publicações científicas,
usou em sala um artigo bem polêmico para fazer seus alunos exercitarem o
idioma.
Era um texto de James Watson (https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Watson),
o co-descobridor da molécula dupla hélice de DNA, que falava sobre uma
possível diferença genética entre as etnias
(http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0306987708002454).
Essas diferenças, segundo o cientista, poderiam implicar em diferentes graus de
inteligência. Vale destacar que, ao que as notícias sobre o caso indicam, o tal
artigo era especulativo, isto é, Watson não se baseava em evidências empíricas.
Um trecho do resumo do artigo, publicado no Medical Hyphotesis:
“The preponderance of evidence demonstrates that in intelligence, brain size, and
other life-history variables, East Asians average a higher IQ and larger brain than
Europeans who average a higher IQ and larger brain than Africans. Further, these
group differences are 50–80% heritable.”
A hipótese parece se basear em dados (e sobre isso não vou me pronunciar, já
que não tive a oportunidade de ler todo o artigo para saber que análises e
evidências usaram) para mostrar superioridade de QI dos orientais frente aos
caucasianos, e destes em relação aos africanos. É polêmico, de fato, e pode-se
questionar como separaram a influência do ambiente da influência genética
sobre o QI dessas populações, assim como o motivo pelo qual o professor usou
logo esse artigo para discutir meramente o inglês instrumental. Deve-se, de fato,
apurar até que ponto o professor estava somente falando de uma tese polêmica
ou praticando racismo. Se a ideia da disciplina sempre foi a discussão do idioma
aplicado à ciência, de qualquer forma, então não haveria obrigatoriedade de
levar para sala de aula esse ou aquele tema.
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Talvez o docente tenha usado um texto polêmico exatamente para estimular a
discussão. A favor dessa ideia, tenho o exemplo dos tediosos temas de clássicas
apostilas de cursos de inglês, que não são lá muito instigantes: viagens, comida,
cores, roupas, hábitos etc; quem diabos se sente motivado a dissertar e dar
opinião sobre esses temas? Assuntos polêmicos e potencialmente ofensivos
geralmente tem esse poder de despertar a vontade de argumentar, ou
simplesmente de esbanjar raiva e indignação – o que também não garante
discussão de qualidade nem necessariamenteé uma estratégia inteligente por
parte do moderador de uma discussão.
Alunos negros, assim, poderiam se sentir ofendidos com o professor ou com
Watson, afinal, era um artigo que, querendo ou não, desqualificava a
inteligência dos afrodescendentes com base em mera especulação (não acredito
que haja mesmo essa diferença de QI, mas o fato é que mesmo se existisse, as
pessoas chiariam, pois o que está em jogo aí não é uma verdade, mas o
entendimento político desses resultados – e é pertinente dizer que algumas
pessoas não entendem a diferença entre investigação científica e defesa
advocatícia).
Assim, pode ser que não houvesse um plano vilanesco por trás dessas aulas, mas
de fato foi um gesto polêmico do professor. O que ele fez foi tão ofensivo e
desatento quanto um cara contando piadas sobre sogras bem num jantar com a
família da namorada.
A diferença entre reportar um resultado e fazer
uma defesa política
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https://www.instapaper.com/read/683003646 7/13
(http://ano-zero.com/wp-
content/uploads/sites/4/2015/06/curvadosino.jpg) 
(http://ano-zero.com/wp-content/uploads/sites/4/2015/06/Curva-
Normal.png)Outro evento ocorreu no anonimato da universidade onde estudo.
Um professor levou dados sobre um livro bem polêmico, The Bell Curve
(https://en.wikipedia.org/wiki/The_Bell_Curve), que reportava diferenças no
quociente de inteligência (QI) entre representantes de várias etnias. A
publicação trata-se também de uma série de capítulos falando sobre as prováveis
influências hereditárias e ambientais no QI, assim como o impacto da
inteligência em diversos aspectos, como personalidade, profissão, posição
socio-econômica, criminalidade etc.
Um gráfico retirado do livro, e comentado em sala de aula, mostrava que os QIs
aumentavam ao longo de décadas, provavelmente devido a uma série de fatores
ambientais (Efeito Flynn
(http://www.scielo.br/pdf/pusf/v18n1/v18n1a06.pdf)), mas mesmo com esse
aumento, o dos negros continuava menor.
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Houve uma longa polêmica, e a indignação era tanta que alguns não ouviram
direito a explicação para esses dados. O docente chegou a explicar que as
bizarras diferenças de QI apontadas foram atribuídas ao nível sócio-educacional
de negros e brancos nos EUA. A maioria dos negros tem menor acesso à
educação, e isso gera um menor desenvolvimento de QI ao longo da vida e das
gerações – é um fator a menos para a ação do Efeito Flynn. Mas o objetivo era
demonstrar que o ambiente é importante para o desenvolvimento da
inteligência, e que, portanto, o governo tem um papel central nisso enquanto
criador de políticas públicas que proteja os cidadãos. Falar sobre QI não é
meramente dizer quem nasce mais ou menos inteligente, isso é uma baita
falácia; há os fatores hereditários, mas elementos como nutrição, estímulos
disponíveis no lar, índices de violência, estímulos intelectuais na infância e
outros elementos, tem um papel importantíssimo a desempenhar e pode
transformar totalmente os caminhos sugeridos pelas predisposições biológicas.
Biologia não é destino, de forma alguma.
De alguma forma, várias pessoas saíram ofendidas dessa aula, e posteriormente
transmitiram sua indignação para alunos que não assistiram a essa aula. Como
todo telefone sem fio, o acontecido já foi editado e o que antes eram dados de
um livro de 1994 já se transformou num empreendimento patrocinado pelo
próprio Hitler, na década de 90 (?), feito por americanos (?).
Contudo, não podemos negar o óbvio dessa situação: por mais polêmica que ela
seja, tivemos pessoas se sentindo ofendidas em sala de aula, e isso deve ser
analisado.
Uma pessoa pode estar errada sobre estar
sofrendo?
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https://www.instapaper.com/read/683003646 9/13
(http://ano-zero.com/wp-content/uploads/sites/4/2015/06/got.jpg)
“Theon está certo em sofrer? Sua dor é mesmo verdadeira?”. Você tem coragem
de contestar isso? Esse questionamento é mesmo coerente?
Se alguém se fere com algo, não viramos as costas e entendemos que seus
motivos são fúteis, nós acolhemos esse sentimento, afinal, ele é legítimo
enquanto tal. Não faz sentido dizer que uma pessoa está errada ou está certa
sobre o que ela está sentindo. A sensação subjetiva do sentimento, enquanto
elemento de primeira pessoa, é transparente à análise. O sujeito em questão
sabe sobre si melhor do que os que estão ao redor. Em princípio, se uma pessoa
diz estar ofendida, ela realmente está.
Apenas uma ressalva cabe, e é nesse ponto que acredito que a discussão deva
entrar: ok, a pessoa está sofrendo, em sua subjetividade ela teve motivos
legítimos para isso; mas o que fez com que ela encarasse determinado evento
como digno de suscitar dor? Quais seus motivos para ter se ofendido?
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https://www.instapaper.com/read/683003646 10/13
Quando questionada, a maioria se restringe a dizer que se uma pessoa se sentiu
ofendida com algo, é porque teve motivos para isso, ponto. E essa defesa tende a
se tornar ainda mais intransigente quando é o sofrimento de alguma minoria
social que está em questão. Em geral, essas pessoas já são oprimidas pelo
próprio modus operandi da sociedade, então é considerado reforço da opressão
negar que essa pessoa tenha motivos legítimos para se ofender
(https://www.youtube.com/watch?v=BWXBcto1Rj8). O que dizem é que ela
tem que estar certa, ponto.
Da forma como penso, se uma pessoa se sente ofendida, uma exposição clara e
meticulosa do que ela está sentindo e do que ocasionou isso faz parte dos passos
necessários para que tais motivações não voltem a ocorrer – ou, se ocorrerem
novamente, que se tenha um bom portfólio de argumentos para dizer “bom, eu
avisei, você está errado por tais motivos e está reincidindo no erro, portanto, tais
medidas são cabíveis”.
O que deve ser colocado em questão, portanto, não é se há ou não sofrimento,
mas os motivos que levaram a esse sentimento. Pode ser que a ofensa tenha sido
produzida por causa de uma interpretação errada do que foi dito, e o
esclarecimento disso poderia encerrar um problema complexo e desgastante
para todos os envolvidos. Nesse segundo caso acadêmico que cito, penso que há
motivos mais que suficientes para que acusações de racismo sejam consideradas
frutos de algum entendimento deturpado do que foi apresentado.
Na dúvida, escolha a “calma luz solar da mente”
29/01/2016 As virtudes esquecidas de um bom debate intelectual
https://www.instapaper.com/read/683003646 11/13
(http://ano-zero.com/wp-content/uploads/sites/4/2015/06/sucanhack.jpg)
Susan Haack, a filósofa que nos aconselha a usar a racionalidade e a coerência
como a receita para uma boa e honesta investigação,” a calma luz solar da
mente”.
O objetivo desse texto é explicitar as virtudes que estão ausentes no meio
acadêmico, e para isso citei alguns exemplos que demonstram na prática o que é
isso.
Professores e alunos devem ser, acima de tudo, comprometidos com uma
faculdade básica de todo ambiente universitário: a arte de pensar clara e
honestamente. Se um carpinteiro deve ser capaz de manusear bem a madeira,
um intelectual deve ser capaz de manipular bem as ideias, pensar com qualidade
– seja ele um cientista, um filósofo ou um erudito literário.
Isso significa que a preocupação básica deve ser não ideológica ou política, mas
filosófica, nesse sentido mencionado, de argumentar cuidadosamente e de
encontrar evidências para fundamentar o que se alega. Se não existir clareza no
pensamento, a atividade intelectual não poderá ser feitacom qualidade; sem
esses elementos, não só defesas políticas não poderão ser feitas
adequadamente, como tampouco será possível distinguir um debate político de
um debate científico ou filosófico, por exemplo.
29/01/2016 As virtudes esquecidas de um bom debate intelectual
https://www.instapaper.com/read/683003646 12/13
Nesse sentido, ideologias conservadoras e liberais cometem esses tropeções
cada uma em seu próprio nicho, dificultando a militância política e, mais ainda,
o debate. O problema chega ao ponto de argumentos de autoridade – falácias –
serem incentivados e vistos como argumentos legítimos.
Um dos problemas talvez seja a politização desses pontos cruciais: o valor da
evidência e da razão. Há uma frente acadêmica que os deslegitima como sendo
valores criados por homens brancos, portanto, mulheres negras, por exemplo,
devem se basear em uma outra realidade, outra forma de defesa de seus pontos,
nem que essas tais novas formas sejam o sentimento e as palavras de ordem – o
que não é muito diferente dos estereótipos mais clássicos sobre as mulheres, de
que elas são emocionais e que dificilmente são capazes de pensar
racionalmente. Ou seja, para se combater um suposto preconceito, se confirma
outro, mesmo sem perceber.
Presumo que, portanto, um debate regido pela “calma luz solar da mente”, da
razão, seja mais bem proveitoso teoricamente e na prática, em termos de
militância por determinada causa. Fazer o contrário é nada mais do que
reproduzir os tempos de caça às bruxas ou de caça aos comunistas, nos EUA, em
que cada pequena “prova” ambígua era uma evidência incontestável de bruxaria
ou de comunismo.
Nesses e em outros episódios fica claro que há séria confusão na vida intelectual
das universidades. É uma ótima estratégia que a universidade seja um dos
palcos para o desenvolvimento e amadurecimento de militantes sociais, afinal, é
lá que o devido aprimoramento vai possibilitar que esses movimentos tenham
argumentos mais coerentes e sólidos para solapar o preconceito e a
discriminação.
Você pode querer ler também:
29/01/2016 As virtudes esquecidas de um bom debate intelectual
https://www.instapaper.com/read/683003646 13/13
Os valentões da justiça social 
(http://ano-zero.com/os-valentoes/)As 5 leis da estupidez humana (http://ano-
zero.com/leis-da-estupidez-humana/)
escrito por:
(http://ano-zero.com/author/felipe-novaes/)
Já quis ser paleontólogo, biólogo, astrônomo, filósofo e neurocientista, mas
parece ter se encontrado na psicologia evolucionista. Nas horas vagas lê
compulsivamente, escreve textos sobre a vida, o universo e tudo mais, e arruma
um tempinho para o Positrônico Podcast. Contudo, durante todo o tempo
procura se aprimorar na sabedoria e nas artes jedis do aikido.
Acompanhe Felipe Novaes (http://ano-zero.com/author/felipe-
novaes/) pela web:
(https://www.facebook.com/felipec.novaes)
ano-zero.com (http://ano-zero.com/bom-debate-intelectual/) · by Felipe Novaes

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