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CCooggnniiççããoo,, ddeesseennvvoollvviimmeennttoo ee aapprreennddiizzaaggeemm Página 2 | 33 U N Í N T E S E [ Cognição, desenvolvimento e aprendizagem ] Cognição, desenvolvimento e aprendizagem Diretos Autorais reservados à UNÍNTESE Pedro Stieler Coordenação Geral Maria Bernardete Bechler Coordenação Pedagógica Pedro Stieler Texto Vanessa Immich Design Instrucional Rosane Stieler Administrativo-Operacional Maria Denise Uggeri (Pedagógico) Marla Hilgert (Pedagógico) Tatiane da Silva Campos (Acessibilidade) Willian Dourado Teixeira (Tecnologia) Equipe Técnica | Produção 2012 EXPEDIENTE Uníntese | UnínteseVirtual Pedro Stieler Diretor Presidente Mara Regina Escobar Diretora Vice-Presidente Maria Bernardete Bechler Diretora Pedagógica Cristiane da Silva Evangelista Diretora de Administração e Finanças Carmem Regina dos Santos Ferreira Diretora de Marketing Página 3 | 33 [ Cognição, desenvolvimento e aprendizagem ] U N Í N T E S E CCooggnniiççããoo,, ddeesseennvvoollvviimmeennttoo ee aapprreennddiizzaaggeemm:: ccoonncceeiittooss iinnttrroodduuttóórriiooss Pedro Stieler1 O estudo sobre a aprendizagem traz consigo a necessidade de abordar os conceitos de desenvolvimento e de cognição. Temas básicos do cotidiano dos profissionais da educação, que contam, no entanto, com poucos momentos dedicados ao seu aprofundamento, no cenário escolar. Assim, ao conceituarmos desenvolvimento, nos referimos ao conjunto de processos de maturação neurobiológicos do organismo humano e das funções cognitivas que permitem o aprendizado. A maturação, entendida não somente como uma aptidão natural do organismo, mas principalmente como resultado das experiências deste organismo com o meio. 1 Pedagogo, Supervisor e Orientador Educacional, Especialista em Aprendizagens Psico- lógicas na Universidade, Mestre em Educação nas Ciências, Doutorando em Epistemologia e História da Ciência. Qbex Sticky Note Este texto é a parte introdutória da escrita nullnullSTIELER, Pedro. Cognição,desenvolvimento e aprendizagem. Santo Ângelo: UNÍNTESE, 2012. Página 4 | 33 U N Í N T E S E [ Cognição, desenvolvimento e aprendizagem ] Ao conceituarmos cognição, nos referimos a um conjunto de habilidades mentais denominadas funções cognitivas, como a percepção, a atenção, a memória, a linguagem e as funções executivas – responsáveis pelo planejamento de tarefas, resolução de problemas, estratégias para enfrentar desafios. As funções cognitivas ou funções psicológicas superiores são fundamentais para a aprendizagem. A percepção é a função cerebral que permite receber e reconhecer diferentes estímulos sensoriais através dos órgãos dos sentidos, bem como permite organizá-los e dar-lhes significado. A atenção é a capacidade que temos de concentração em um foco, chamada de atenção seletiva, ou a mais de um foco ao mesmo tempo, chamada de atenção dividida, a partir de uma ação, um estímulo que julgamos importante. A memória é a função cerebral que nos dá capacidade de armazenar, guardar informações (a curto ou longo prazo) e lembrá-las, ou seja, resgatá-las quando necessário ou quando fazemos algum tipo de associação. A linguagem é a função cuja capacidade permite a comunicação verbal e não verbal, de forma que a pessoa possa compreender e ser compreendida. As funções executivas se referem às capacidades relacionadas à estruturação do pensamento que permitem à pessoa responder, de forma eficaz, aos estímulos do meio, através da organização e execução de ações complexas. As funções executivas mobilizam habilidades das demais funções e delas dependem para seu desempenho. Segundo Mello (PANTANO & ZORZI, 2009, p. 90-91), diversas habilidades são descritas como funções executivas, dentre elas, a organização e planejamento de uma ação, o comportamento orientado ao alcance de metas, a manutenção da disposição para agir, a verificação e regulação da ação (auto-regulação), a inibição seletiva do comportamento (controle inibitório), a capacidade para mudar o plano de ação diante de mudanças na tarefa (flexibilidade mental), a memória operacional, a atenção seletiva e vigilância, a resolução de problemas, o controle emocional. No entanto, recentemente, foram agrupadas em três eixos principais: mudanças de padrões mentais, atualização e monitoramento da informação e inibição de respostas predominantes. A cognição, portanto, é resultado da articulação entre todas estas funções, que só se tornam habilidades mentais à medida em Página 5 | 33 [ Cognição, desenvolvimento e aprendizagem ] U N Í N T E S E que forem desenvolvidas, ou seja, estimuladas e mobilizadas para a aprendizagem, a partir de desafios. Para Wajnsztejn e Alessi, o estudo sobre aprendizagem se constitui como um fator importantíssimo neste processo, pelo fato de que a maioria dos comportamentos humanos são resultados da aprendizagem. Ao nascer, o bebê começa a apresentar comportamentos que chamamos “condutas reflexas”, de caráter involuntário e que surgem em função dos estímulos naturais do meio, possibilitando que ele sobreviva em um novo ambiente, diferente do intrauterino. Com o passar do tempo, com as oportunidades e com os estímulos, essas condutas reflexas dão lugar às “condutas adquiridas”. Esse é o início do processo de aprendizagem, quando o sujeito, ao exercitar seu reflexo, consegue aplicá-lo em situações diversas, como na sucção que inicialmente é reflexo (inato), ao se repetir diversas vezes leva o bebê a sugar seu próprio dedo, num exemplo de transformação de conduta reflexa em adquirida. No entanto, não podemos entender esse exemplo como um fato isolado e sim como resultado de um processo que envolve a maturação do sistema nervoso através do crescimento dos neurônios e das respectivas mudanças que ele provoca para realizar as conexões destas terminações nervosas. (PANTANO & ZORZI, 2009, p.47-48-49). A aprendizagem pode ser entendida, então, como o processo que permite ao ser humano transformar a sua estrutura mental e, assim, possibilitar o entendimento acerca do meio, mudar seu comportamento. Esse processo não acontece de forma isolada, mas como resultado de processos anteriores que envolvem aspectos biológicos, psíquicos (afetivos e emocionais) e sociais (histórico-culturais). Desta forma, aprendizagem pode se referir mais ao processo e, aprendizado ao resultado desse processo. Neste contexto, os conceitos de cognição e aprendizagem são discutidos por diferentes correntes teóricas, no entanto, se caracterizam como processos distintos e ao mesmo tempo interdependentes, os quais permitem ao homem construir seu conhecimento e utilizá-lo para a resolução de situações problema, para sua adaptação ao meio, para sua sobrevivência. Independente da posição teórica a ser adotada na fundamentação do trabalho pedagógico, destacamos, aqui o interacionismo por trazer elementos de extrema importância para o processo de aprendizagem escolar, bem como a neurociência, que, Página 6 | 33 U N Í N T E S E [ Cognição, desenvolvimento e aprendizagem ] aplicada à educação, traz uma nova perspectiva para a aprendizagem. O interacionismo explica o desenvolvimento cognitivoa partir da relação do sujeito com o mundo, considerando os aspectos biológicos, afetivos e sociais. A neurociência por sua vez, explica o desenvolvimento cognitivo a partir dos aspectos neurobiológicos, em que a maturação dos neurônios e seus processos de constituição de redes neurais (com as sinapses) que se formam a partir dos estímulos, tanto os inatos quanto àqueles provenientes de estimulação, denominados estímulos orgânicos e ambientais. Assim, temos em Piaget (1896 - 1980) o precursor do interacionismo, que, com sua teoria denominada epistemologia genética, concebe o desenvolvimento cognitivo como um processo de evolução das estruturas internas a partir de etapas bem estruturadas, chamadas de estágios de desenvolvimento. Na corrente (sócio)interacionista, destaca-se também Vygotsky (1896 - 1934) que teoriza sobre as relações entre o desenvolvimento cognitivo e o aprendizado escolar. Vygotsky entende que o aprendizado, organizado de forma adequada resulta em desenvolvimento cognitivo, desencadeando uma série de processos de desenvolvimento, que, sem o fator aprendizagem escolar não aconteceriam. Desta forma, ele coloca o aprendizado como uma necessidade para o processo de desenvolvimento das funções cognitivas-psicológicas (1978, p.101). Assim, quando tratamos de cognição, de desenvolvimento cognitivo e de aprendizagem, as teorias do interacionismo e da neurociência convergem e se complementam.
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