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Hipnóticos e Sedativos - Farmacologia

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1 
 
Farmacologia II - Aula 1 - 06.02.2018 - Yala Figueiredo – Medicina XXXI 
Hipnóticos e 
sedativos 
Prof. Gersika Bittencourt 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
São medicamentos capazes de causar depressão do SNC ao reduzir ou inibir sua 
função. Conceitualmente, os sedativos causam uma leve depressão e são usados geralmente 
para acalmar, reduzir a ansiedade – e por isso podem ser considerados ansiolíticos. Já os 
hipnóticos são capazes de induzir sonolência e normalmente são usados para tratar insônia ao 
causar um grau de depressão um pouco maior e, consequentemente, produzir sonolência. 
Normalmente, os fármacos sedativo-hipnóticos mais antigos causam uma maior 
depressão do SNC à medida que se aumenta sua dose. Um exemplo são os 
benzodiazepínicos que em sua a dose baixa causam leve depressão e, à medida que se 
aumenta a dose, se aumenta também o grau da depressão e aí se tornam hipnóticos. Com o 
crescente aumento, eles podem chegar a produzir desde anestesia geral, levar o individuo ao 
coma ou até mesmo óbito. Assim, o grau de depressão do SNC vai depender da sua dose. 
A insônia é a incapacidade de iniciar o sono, de mantê-lo ou sua a baixa qualidade 
(quando o indivíduo se assusta e têm pesadelos no meio do sono). Ela pode ser classificada 
em três tipos, sendo necessária para o tratamento mais adequado: 
 
1. Transitória: sua duração que não ultrapassa três dias. Geralmente é ocasionada por 
um estressor que na maioria das vezes é ambiental ou situacional. Assim, a utilização 
do medicamento não deve ultrapassar o período de três dias, a fim de melhorar a 
qualidade de vida do paciente no outro dia. 
2. Curta duração: dura até três semanas. O agente estressor pode ser pessoal (uma 
patologia, por exemplo) e o tempo de utilização do hipnótico não deve ultrapassar dez 
dias. 
3. Longa duração: ultrapassa três semanas. Aqui, não existe um agente estressor 
conhecido como causador da insônia. Por isso, é necessária uma avalição médica mais 
aprofundada para relamente conhecer sua causa. 
 
Os tratamentos existentes são: 
Aula 1 – Hipnóticos e sedativos 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 2 
1. Etiológico: A primeira coisa que se deve identificar é a causa. O tratamento consiste 
na remoção da causa da insônia. Se causada por uma patologia psiquiátrica, por 
exemplo, usa-se um ansiolítico. Se causada por outras patologias clínicas, por 
exemplo, a dor, usa-se um analgésico. 
2. Higiene do sono: é primordial para se tratar insônia. Existem muitos pacientes que 
tem insônia condicionada, que é quando o paciente condiciona o seu ambiente de 
dormir ao ambiente de trabalho ou normalmente aonde ele faz suas atividades do dia-
a-dia. É muito comum em idosos. Durante o tratamento, faz-se uma “higiene”, 
tentando melhorar a qualidade do sono ao alterar alguns hábitos de vida, por exemplo, 
evitando cafeína antes de dormir ou tirar cochilos vespertinos. Ainda, deve-se evitar 
assistir televisão que alertem o SNC. 
3. Medicamentoso: inicia-se quando os outros tratamentos não têm efeito. Primeiro, 
deve-se saber se a insônia do paciente é de inicio de noite, terço médio ou final da 
noite. 
 Início da noite: o medicamento tem que ter início de ação rápido e meia vida 
de eliminação curta porque o problema não é manter, é iniciar, e isso evita um 
problema chamado sedação inicial. 
 Ansiedade diurna: utiliza-se um medicamento de ação e meia-vida longa que 
ficará mais tempo no organismo e melhorá a ansiedade durante o dia. 
 Final de noite: utiliza-se um hipnótico de meia-vida longa para cobrir a noite 
inteira. A duração de ação tem que ser de intermediária a longa, sabendo que o 
paciente pode ter sedação residual no outro dia (reação adversa) podendo 
prejudicar suas atividades residuais durante o dia. 
 
A seguir, conheceremos as classes medicamentosas de hipnótico-sedativos. 
 
BENZODIAZEPÍNICOS 
 
É a classe mais utilizada de medicamentos 
hipnóticos. Cada medicamento desta classe 
possui uma indicação clínica – alguns são 
sedativos e outros hiponóticos e também 
podem também relaxantes musculares ou 
ate mesmo anticonvulsivantes. Isso se 
deve a farmacocinéticas diferentes 
(capacidade de inicio de ação, meia vida 
de eliminação e volume de distribuição 
diferente) e mecanismos de ação que 
podem sofrer pequenas variações. 
 
Os benzodiazepínicos deprimem o SNC ao 
potencializar a ação do GABA, que é um 
neurotransmissor inibitório que se liga ao 
receptor do neurônio ionotrópico (canal 
iônico que passa cloreto), aumentando a 
abertura do canal de cloreto e 
hiperpolarizando o neurônio. Então, o 
benzodiazepínico se liga no receptor de 
GABA, num sitio de ligação diferente 
deste neurotransmissor. Não há 
competição pelo sitio de ligação. Durante 
a ligação, o benzodiazepínico promove 
uma alteração na estrutura do receptor, que 
mudará sua conformação devido à saída de 
uma molécula chamada gabamobulina, 
aumentando, assim, a afinidade pela 
ligação do GABA e por consequencia 
entrando mais cloreto no neurônio, 
deixando-o mais hiperpolarizado. 
Concluimos, de maneira geral, que este é o 
mecanismo de ação desta classe 
medicamentosa. 
 
Porém, existem pequenas diferenças nos 
mecanismos de ação de cada 
benzodiazepínico. Sabe-se que Os 
receptores de GABA são divididos em 
cinco subunidades que possuem subtipos 
dependendo da região do SNC. Por 
exemplo, numa região existe a α1, numa 
outra a α3 e assim vai. Elas não são iguais 
Aula 1 – Hipnóticos e sedativos 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 3 
em todas as regiões e por isso os 
medicamentos se ligarão em subtipos 
específicos. O diazepam, por exemplo, se 
liga na subunidade α1; o clonazepam na 
α2; o midazolam na α3; mas no final 
fazem mesma coisa que é aumentar a 
afinidade da ligação do GABA com seu 
receptor e é por se ligarem em regiões 
diferentes do SNC que alguns 
medicamentos provocam efeitos no sono, 
outros provocam relaxamento muscular 
etc. Ainda, um dos usos clínicos dos 
benzodiazepínicos é causar amnésia 
anterógrada (quando o individuo não se 
lembra de nada o que acontece depois de 
ingerí-lo, semelhante ao “boa noite 
Cinderela”). 
 
O midazolam é o pré-anestésico mais 
utilizado porque ele acalma o paciente, 
induz ao sono, proporciona certo 
relaxamento muscular e amnésia 
anterógrada devido à sua capacidade de se 
ligar numa subunidade do receptor α que é 
capaz de produzir amnésia. Já o 
clonazepam (rivotril) não se liga nesta 
subunidade e, por isso, não produz tal 
efeito. Já o diazepam é o que mais causa 
relaxamento muscular e o lorazepam é o 
mais indicado para idosos. 
 
Vantagens 
 
1. Possuem uma ampla margem de 
segurança; 
2. Têm alto índice terapêutico; 
3. A dose eficaz é distante da dose 
letal; 
4. Têm baixa capacidade de produzir 
dependência e tolerância (pode 
ocorrer, mas o tempo para produzir 
é maior que de outros 
medicamentos que agem no SNC); 
5. Baixa incidência de produzir 
interações medicamentosas; 
6. Baixa incidência de induzir 
enzimas metabólicas; 
7. Não são capazes de induzir as 
enzimas do citocromo p450, 
diminuindo o risco de interação. 
 
Farmacocinética geral 
 
São bem absorvidos pelo TGI por serem 
lipossolúveis e ultrapassarem membranas 
com facilidade - exceção é o clorazepato 
que precisa gerar um metabólito ao entrar 
em contato com o suco gástrico no 
estômago para ser absorvido. 
 
Ao atingir a corrente sanguínea, os 
benzodiazepínicos se ligamamplamente às 
proteínas plasmáticas (cerca de 70% a 
99% - o diazepam se liga 99%). Porém, 
mesmo se ligando tanto, não existe indício 
de deslocamento do diazepam pelas 
proteínas e consequentemente não existem 
consequências para o paciente. Depois de 
ser distrubuido e ter exercido seu 
mecanismo de ação, eles são 
metabolizados no fígado e dependem de 
enzimas hepáticas porque todos são 
lipossolúveis e precisam se metabolizar 
pra se transformar em hidrossolúveis – a 
maioria é metabolizada pela CYP3A4 e 
pela CYP2C19. Ou seja, se um paciente 
faz uso de um medicamento inibidor 
dessas enzimas, ele inibirá o metabolismo 
do benzodiazepínico que terá aumento da 
sua concentração plasmática e 
potencialização de seu efeito. 
 
Existem alguns medicamentos que, 
durante sua metabolização, geram 
metabolitos ativos que têm meia vida de 
eliminação mais longa do que o fármaco 
propriamente dito. Então, podemos 
classificar benzodiazepínicos entre os de 
ação longa e os de ação curta. 
 
 Ação longa: ao chegar ao fígado, 
serâo metabolizados e gerarão 
metabolitos ativos com duração de 
ação longa. O diazepam deprime o 
SNC e, ao chegar ao figado, gera 
um metabolito ativo que volta ao 
Aula 1 – Hipnóticos e sedativos 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 4 
SNC, exerce a função e gera outro 
metabolito ativo. Ou seja, o 
diazepam gera uma serie de 
metabolitos e por isso tem duração 
longa. Já o flurazepam tem meia 
vida de eliminação curta (2h), 
porém, quando chega ao fígado, 
gera um metabolito que tem um 
mecanismo de ação de 100h. 
Exemplo: clorodiazepóxido, 
diazepam e flurazepam. 
 Ação curta: medicamentos que 
chegam ao fígado e não geram 
metabólitos ativos. Exemplo: 
lorazepam, midazolam e 
triazolam. 
 
 Cuidado ao utilizar os de ação 
longa em pacientes idosos ou com 
problemas hepáticos porque pode ocorrer 
acúmulo plasmático, aumentando o risco 
de reações adversas. 
 
Interações 
 
Embora os benzodiazepínicos não 
induzam enzimas, não significa que não há 
alteração enzimática. Inclusive, uma das 
principais é a utilização com outros 
medicamentos depressores do SNC. 
Barbitúricos, ansiolóticos, anti-
histamínicos podem aumentar o sono, 
assim como os antipsicóticos que também 
deprimem o SNC, potencializando seu 
efeito (interação medicamentosa 
farmacodinânica porque um potencializa o 
outro). 
 
Ainda, o álcool também potencializa a 
ação do GABA porque ele se liga ao 
mesmo receptor do benzodiazepínico. Não 
confunda - ele se liga no mesmo receptor e 
não ao mesmo sitio de ligação, 
aumentando o risco de depressão profunda 
do SNC. Se um paciente estiver sob efeito 
alcoólico e chegar agitado, não é 
recomendável, mas você pode injetar 
midazolam se houver segurança em 
relação à dose. 
Alguns medicamentos como eritromicina, 
claritromicina, ritonavir (anti-HIV), 
itraconazol, suco de pomelo e cimetidina 
(antiácido que bloqueia receptor H2) são 
inibidores de CYP3A4 e, por 
consequencia, causarão potencialização de 
efeito ao inibir o metabolismo dos 
benzodiazepínicos. 
 
Reações adversas 
 
Normalmente, em doses terapêuticas, os 
benzodiazepíticos promovem reações 
adversas leves - principalmente quando o 
paciente não tem nenhuma doença de base 
- ocorrendo quando ele atinge o pico 
plasmático. 
 
Quando a concentração plasmática é 
máxima, o paciente pode apresentar 
algumas reações adversas como: 
 
 Lentidão de pensamento; 
 Sonolência; 
 Dificuldade de realizar algumas 
funções que exigem muita 
concentração (como motoristas); 
 Cefaléia; 
 Alteração do TGI. 
 
Quando há intoxicação por 
benzodiazepínicos, o paciente pode 
apresentar: depressão do sistema 
cardiovascular devido à queda de pressão 
arterial e depressão respiratória, podendo 
vir a óbito. 
 
 Cuidado: quando o paciente tiver 
outras doenças associadas (como DPOC, 
apnéia do sono, asma), pode ocorrer 
graves problemas porque ele já tem doença 
respiratória. 
 
Efeito paradoxal: quando, ao usar 
benzodiazepínico, o paciente fica agitado 
ao invés de ficar calmo. Isso vai depender 
do paciente e do fármaco porque existem 
medicamentos que são mais suscetíveis ao 
Aula 1 – Hipnóticos e sedativos 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 5 
efeito paradoxal, como por exemplo, o 
flurazepam – indivíduo pode apresentar 
pesadelos a noite (também ocorre com 
idosos). 
 
Antagonista 
 
Em caso de intoxicação ou sedação 
residual causada pelo uso de 
benzodiazepínico, a reversão ocorrerá 
atráves de seu único antagonista, o 
flumazenil. Por exemplo, na pré-anestesia, 
usa-se o benzodiazepínico. O 
procedimento é rápido, mas o 
medicamento é de ação longa; então, usa-
se o antagonista para acelerar a 
recuperação. Ele só é utilizado por via 
endovenosa porque a biodisponilidade por 
via oral é muito baixa e é por isso que na 
maioria das vezes, em pré-anestesias, que 
o fármaco utilizado é o midazolam devido 
à sua ação curta. Deve-se usar injeções 
repetidas de flumazenil, de minutos em 
minutos, ao invés de uma injeção única 
porque ele têm meia-vida de elimição 
muito curta (30 a 60 minutos). 
 
Se o medicamento estiver dentro da dose 
terapêutica, mas o paciente está em 
sedação residual, deve-se fazer injeções 
repetidas de flumazenil até acumular uma 
dose de 1mg. Em caso de superdosagem, 
deve-se usar doses repetidas de até 5mg, 
significando que se o quadro não reverteu, 
o indivíduo deve estar intoxicado por outra 
substancia que não é benzodiazepínico, 
mas que também deprime SNC. 
 
O flumazenil compete com qualquer 
benzodiazepínico, independente do sítio de 
ligação, pela ligação no receptor de 
GABA, bloquando o sítio de ligação e 
impedindo que o benzodiazepínico se ligue 
ali.
 
MEDICAMENTO USO CLÍNICO 
Alprazolam, Oxazepam Transtorno de ansiedade 
Clordiazepóxido Transtorno de ansiedade, abstinência alcoólica, pré-
medicação anestésica. 
Clonazepam Convulsão, tratamento de mania e distúrbios do 
movimento. 
Clorazepato Transtorno de ansiedade, convulsão. 
Diazepam Transtorno de ansiedade, epilepsia, relaxamento 
muscular, pré-medicação anestésica. 
Estazolam, Flurazepam Insônia. 
Lorazepam Transtorno de ansiedade, medicação pré-anestésica. 
Midazolam Medicação pré-anestésica e intra-operatória. 
Tabela 1 - Principais benzodiazepínicos e suas utilizações 
 
NOVAS CLASSES DE 
FÁRMACOS HIPNÓTICOS 
 
Dependendo da dose, antidepressivos 
também podem ser usados como 
hipnóticos ou sedativos. 
Aula 1 – Hipnóticos e sedativos 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 6 
Atualmente, além dos benzodiazepínicos, 
existem novas classes de fármacos 
hipnóticas. Destaque para a classe dos 
compostos Z - porque todos os fármacos 
desta classe se iniciam com a letra Z - 
zolpidem, zopliclone e zaleplone. 
 
Compostos Z 
 
Seu mecanismo de ação é muito parecido 
com os benzodiazepínicos ao se ligar ao 
receptor de GABA e permitindo sua 
hiperpolarização neuronal, eles também 
aumentam o fluxo de cloreto no neurônio. 
Porém, ele não é considerado um 
benzodiazepínico porque suas estruturas 
químicas não são similares, não podendo, 
então, permanecer na mesma classe, 
mesmo tendo o mecanismo de ação 
semelhante. 
 
Outra diferençaé que os compostos Z são 
mais específicos e mais seletivos porque se 
ligam apenas à subunidade α1 do 
neuroreceptor, enquanto os 
benzodiazepínicos se ligam a uma 
quantidade maior de subunidades. É por 
esse motivo que os compostos Z são 
usados apenas com hipnóticos: por se 
ligarem apenas a uma região, não possuem 
são nem relaxantes musculares e nem 
anticonvulsivantes como os 
benzodiazepínicos. 
 
Normalmente, os compostos Z são usados 
para induzir o sono. Por terem início de 
ação rápido, eles tratam a insonia de inicio 
de noite (o mais conhecido clinicamente é 
o zolpidem) e são muito utilizados devido 
à seletividade de ação por agir apenas 
como hipnótico e sua tendência de gerar 
menos efeitos colaterais que os 
benzodiazepínicos. Ainda, os 
benzodiazepínicos são fornecidos pelo 
SUS porque os compostos Z são mais 
caros devido à sua especificidade. 
 
Os compostos Z produzem menos efeitos 
colaterais por terem meia vida de 
eliminação mais curta que os 
benzodiazepínicios. Por exemplo, 
zolpidem tem vida plasmática media de 
2h. Então, se você o utiliza no inicio da 
noite, você induzirá o sono rápido com 
menos sedação residual. Ela pode existir, 
mas será menor. O zolpidem e o 
zaleplone (1h) são os que têm menor meia 
vida. Deve-se destacar que se o paciente 
tem facilidade de acordar durante a noite, 
o medicamento pode não cobrir durante a 
noite inteira. Por isso existe o zolpidem 
MR, de liberação controlada. Sua meia 
vida também é de 2h, mas seu adjuvante 
libera zolpidem gradativamente durante 
toda a noite. 
 
O zaleplone tem meia vida ainda mais 
curta, significando uma vantagem clinica 
que é poder ser utilizado tanto para 
induzir, quanto para pacientes que 
acordam a noite. Se o paciente acorda 4h 
da manhã, ele pode tomar o zaleplone até 
4h antes de acordar que ele não terá 
problema de sonolência residual porque 
será eliminado rapidamente. Em resumo, 
existem vários tipos de medicamento com 
indicações diferentes. 
 
O zolpiclone tem uma meia vida mais 
longa (de 5h à 6h) e por isso tem maior 
capacidade de produzir sonolência residual 
no outro dia. Ainda, ele também pode dar 
um gosto metálico, amargo, na boca no 
início do tratamento. É mais indicado para 
casos de insônia de final de noite. 
 
 Deve-se ter cuidado com pacientes 
que possuem problemas hepáticos e idosos 
devido à classe Z ser metabolizada no 
fígado, podendo ocorrer acúmulo do 
medicamento no organismo. Neste caso, 
recomenda-se reduzir a dose do 
medicamento, principalmente do 
zolpiclone porque ele, ao ser 
metabolizado, gera metabolitos ativos. Isso 
é importante porque muitas vezes os 
compostos Z são considerados mais 
Aula 1 – Hipnóticos e sedativos 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 7 
seguros que os benzodiazepínicos – mas 
somente se forem usado com segurança. 
Existem casos de pacientes que tomam 
sem indicação médica e que tiveram 
dificuldade respiratória grave com direito a 
intubada por uso de zolpidem. 
 
Vantagem 
 
Menor tendência a produzir dependência. 
 
Melatonina 
 
Outro novo fármaco hipnótico é a 
melatonina que, na verdade, é um 
hormônio endógeno produzido pela 
grândula pineal para controlar o ciclo 
vigília-sono. Seus receptores são MT1 e 
MT2 que estão no núcleo 
supraquiasmático e, ao se ligar ao receptor 
MT1, ela induz sonolência e quando ela se 
liga ao receptor MT2, ela controla a 
manutenção do sono. Sabe-se que existe o 
ciclo circadiano da melatonina natural e à 
medida que anoitece sua concentração 
aumenta e quando amanhece a 
concentração endógena diminui. 
 
A versão exógena sempre foi 
comercializada, porém é um medicamento 
novo no Brasil - antes da melatonina ser 
industrializada, o paciente poderia 
importá-la, por exemplo. Ela é usada para 
induzir o sono e é encontrada tanto 
manipulada quanto industrializada e sua 
desvantagem é que sua vida de eliminação 
é muito curta (de 30 minutos à 1 hora). 
Sua posologia consiste em um comprimido 
de liberação prolongada de 2mg 1h antes 
de dormir. Seu nome comercial é 
circadina e a indústria farmacêutica 
brasileira produz um análogo a ela, que é 
uma substancia química estruturalmente 
parecida com a melatonina e que se liga 
com grande facildade com os repectores 
MT1 e MT2. 
 
Então, temos a melatonina propriamente 
dita e a ramelteona, um agonista de MT1 
e MT2, que tem uma meia vida de 
eliminação mais longa (1h à 2h) e tanto 
induz sonolência quanto mantém o sono. 
Ele é metabolizado pelo fígado, capaz de 
gerar metabólitos ativos que tem meia vida 
de eliminação de até 2h. Ssua posologia é 
de 8mg 30min antes de dormir. 
 
Vantagens da ramelteona sobre a 
melatonina propriamente dita 
 
 Possui afinidade de ligação apenas 
para receptores de melatonina, 
sendo incapaz de se ligar a 
receptores colinérgicos, 
adrenérgicos ou histaminérgicos, 
por exemplo. 
 Baixa tendência de produzir efeito 
colateral (geralmente é a própria 
sonolência ou tontura ou cefaleia, 
que são reações adversas 
consideradas comuns para 
medicamentos em geral). 
 
 
Figura 1 - Resumo dos compostos Z 
 
Aula 1 – Hipnóticos e sedativos 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 8 
 
Figura 2 - Resumo de novos hipinóticos 
 
BARBITÚRICOS 
 
Classe antiga de medicamentos que está 
caindo em desuso quando a indicação 
terapêutica é sedação e hipnótico. 
 
Possuem grande capacidade de depressão 
do SNC, muitas vezes até maior que os 
benzodiazepínicos porque, embora o 
principal mecanismo de ação também seja 
a potencialização de ação do GABA, seu 
sitio de ligação é diferente dos 
benzodiazepínicos. Então, se o paciente se 
intoxicar, ela não será revertida por 
flumazenil porque ele apenas bloqueia o 
sitio de ligação dos benzodiazepínicos – 
lembrando que se o paciente for 
intoxicado pelos compostos Z, o 
tratamento será com flumazenil porque 
seu sitio de ação é o mesmo que dos 
benzodiazepínicos (α1). 
 
Outro mecanismo de ação dos barbitúricos 
é bloquear o receptor AMPA, que tem 
como ligante o glutamato, que é um 
neurotransmissor excitatório. O 
medicamento bloqueia essa ligação, 
inibindo a ação do glutamato e, por 
consequencia, a sinapse excitatória do 
glutamato. 
 
Da mesma maneira que os 
benzodiazepínicos, os barbitúricos também 
podem produzir graus de depressão 
variados. Uma dose baixa causa depressão 
leve (sedativa) e, com o seu aumento 
gradativo, pode causar anestesia geral (por 
exemplo, tiopental). Ao contrário dos 
benzodiazepínicos, os barbitúricos causam 
perda de consciencia. 
 
Classificação 
 
De acordo com seu inicio de ação e 
duração: 
 
 Ultrarrápida e ultracurta: por via 
endovenosa, são medicamentos que 
agem em segundos, mas não 
ultrapassam 20min devido à sua 
alta lipossolubilidade e por 
sofrerem redistribuição. Exemplo: 
tiopental. 
 Ação rápida: quando usados por 
via parenteral, iniciam sua ação em 
15 minutos em média, porém sua 
duração de ação é curta, não 
ultrapassando 3 horas. Seu uso 
clínico relaciona-se com a indução 
do sono, mas é mais utilizado é 
pra reduzir e controlar alteração 
psicomotora. 
 Ação intermediária: duração de 
ação de 6h à 12h. Tem duração de 
ação um pouco mais longa, que 
pode ser utilizada para tratar 
paciente que tem insonia de fim denoite. 
 Ação longa: cerca de 24h ou mais, 
são muito utilizados como 
anticonvulsivantes. O mais 
conhecido é o fernobarbital 
(gardenal, usado para epilepsia) 
que é clinicamente mais usado por 
ser via oral. Atualmente, existem 
fármacos mais novos, porém ele 
Aula 1 – Hipnóticos e sedativos 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 9 
ainda ganha devido à Mas pelo 
preço e acessibilidade e por ainda 
ser distribuído pelo SUS, ainda tem 
pacientes com crises convulsivas 
que ainda são tratados com 
fernobarbital. 
 
Reações adversas 
 
 Sonolência; 
 Sedação; 
 Dificuldade ou lentificação dos 
pensamentos; 
 Efeito paradoxal (contrário); 
 Excitabilidade; 
 Hipersensibilidade; 
 Reações alérgicas. 
 
Em caso de sobredosagem, o paciente 
pode vir a óbito com facilidade porque os 
medicamentos diminuem amplitude 
respiratória, podendo ter alterações 
cardiovasculares como hipotensão grave 
(na dosagem terapêutica também ocorre, 
mas é leve) e depressão grave de 
miocárdio. Ainda, pode apresentar oligúria 
e anúria porque são estes medicamentos 
são capazes de induzir liberação de ADH. 
 
Interação medicamentosa 
 
Os barbitúricos são capazes de alterar o 
metabolismo de outros medicamentos ou 
substâncias, sendo considerado um 
inibidor enzimático. O fenobarbital, por 
exemplo, induz enzimas do citocromo 
p450 - inclusive isoenzimas que 
metabolizam medicamentos 
anticoncepcionais (CYP3A4). Além disso, 
quando o gardenal é utilizado de forma 
crônica, ele induz a produção de 
substâncias endógenas, acarretando uma 
maior fixação e absorção de cálcio nos 
ossos devido ao aumento de metabolismo 
da vitamina D, vitamina K (problema de 
coagulação) e aumenta o metabolismo de 
hormônios esteroides, possbilitando que o 
paciente desenvolva distúrbios hormonais 
(endócrinos). 
 
Intoxicação 
 
Seja acidental ou voluntária, durante uma 
intoxicação, deve-se manter o paciente 
ventilado, especialmente porque o 
barbitúrico produz depressão respiratória. 
Por não possuir um antagonista, pode-se 
forçar a excreção do fármaco ao 
alcalinizar a urina porque o barbitúrico 
tem carecterística ácida ou forçar a 
diurese do paciente somente se o paciente 
tiver pressão normalizada, função renal e 
cardíaca preservadas e se o paciente 
estiver hidratado. Caso contrário, pode-se 
forçar a eliminação do medicamento por 
hemodiálise. (colocar gráfico) 
 
A Figura 3 mostra a diferença de 
segurança entre os benzodiazepínicos e os 
barbitúricos. Ressalta-se que ambos agem 
no mesmo receptor, realizando 
praticamente a mesma função e que à 
medida que se aumenta a sua dose, 
aumenta-se o grau de depressão do SNC. 
Porém, se eu utilizo 5mg de um 
benzodiazepínico, ele causará, no máximo, 
uma hipnose, quanto que a mesma 
quantidade de um barbitúrico ele já está 
chegando num grau anestésico e por aí vai. 
Isso mostra que a margem de segurança 
dos barbitúricos em relação aos 
benzodiazepínicos é muito maior e é por 
isso que a primeira classe está caindo 
em desuso. 
 
ANSIOLÍTICO 
 
Do mesmo modo que os compostos Z e a 
melatonina são apenas fármacos 
hipnóticos, existem aqueles que são apenas 
sedativos. Os mais consideráveis, no 
momento, são: 
 
Buspirona 
 
Aula 1 – Hipnóticos e sedativos 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 
10 
Fármaco que controla os níveis de 
serotonina no SNC. É um agonista 
parcial dos receptores serotoninérgicos, 
ou seja, ele se liga no receptor e não 
provoca 100% do efeito. Quando a 
serotonina estiver baixa, a buspirona 
aumentará seus níveis e, quando ela estiver 
alta, ela evitará a ligação do exceço de 
SRH, bloqueando seu receptor. Ele nivela 
e controla os níveis de serotonina, 
diminuindo a ansiedade. Não causa 
depressão do SNC porque na maioria das 
vezes, os problemas relacionados à 
ansiedade são ocasionados por uma falta 
de regulação dos níveis séricos de 
serotonina. 
 
 Em casos de crise de ansiedade, 
deve-se utilizar um benzodiazepínico 
porque a buspiona é utilizada para 
controlar ansiedade e evitar a crise porque 
ela tem um inicio de ação muito lenta, 
podendo levar até duas semanas para 
começar a fazer efeito. Ainda, durante 
tratamentos prolongados, ela também é 
preferível porque tem menos efeito 
colateral e não causa prejuizo cognitivo e 
psicomotor porque não é hipnótica (não 
altera o SNC). 
 
Beta-bloqueadores 
 
Também podem ser usados 
perifericamente como ansiolíticos, sem 
causar depressão do SNC. Só tratam os 
sintomas da ansiedade como taquicardia, 
tremores, sudorese, boca-seca (ex: 
proponolol). 
 
 Não recomendado para paciente 
asmático e que já tem hipotensão por se 
tratar de um beta-bloqueador não-seletivo. 
 
Figura 3 - Comparação entre barbitúricos e benzodiazepínicos

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