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Apostila de Penal - Parte Geral

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Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho 
 
 
Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho 
joao.nascimento@ssp.am.gov.br 
Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) 
 Página 1 
 
 
DIREITO PENAL I 
 
 
 
PARTE GERAL 
Preparação e Atualização Jurídica 
 
 
 
 
 
 
 
Professor Msc. João Batista do Nascimento Filho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho 
 
 
Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho 
joao.nascimento@ssp.am.gov.br 
Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) 
 Página 2 
 
 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
Conceito de Direito Penal: é o ramo do direito 
público que trata do estudo das normas que ligam o 
crime a pena, disciplinando as relações jurídicas daí 
resultantes. Poderíamos defini-lo também como o 
conjunto de leis que pretende tutelar bens jurídicos, 
cuja violação denomina-se crime e importa uma 
coerção jurídica particularmente grave, cuja 
imposição propõe-se a evitar que o autor cometa 
novas violações. 
 
Função: Segurança jurídica - conjunto de condições 
externas que criam o sentimento de certeza acerca da 
disponibilidade de tudo o que se necessita para 
realizar a coexistência. 
 
 objetivo: existência e eficácia de regras e 
organismos de proteção aos direitos do cidadão. 
 subjetivo: sentimento pessoal de proteção. 
 infração penal, ou crime: a mais séria violação da 
segurança jurídica. 
 
Fundamento: Necessidade de proteção de bens 
jurídicos evitando a infração penal. 
 
Conteúdo do Direito Penal: enumera os crime, 
estabelece as penas, analisa o delinqüente e as 
situações daí decorrentes. 
 
Código Penal: data de 1940 (Decreto-lei 2.848) com 
uma alteração substancial em 1984 (Lei 7.209) e 
contém a maioria das lei penais, divide-se em parte 
geral. 
(princípios gerais) e parte especial (enumera os 
crimes). 
 
Fontes do Direito Penal: A fonte que produz o direito 
e o Estado é a fonte material. 
 
Única fonte imediata do Direito Penal: A lei, pois não 
há crime e nem pena sem prévia cominação legal 
(Princípio da Legalidade) 
 
Fontes Mediatas: 
 
a) Costumes: regra de conduta de prática geral, 
constante e uniforme. 
b) Eqüidade: Correspondência jurídica e ética perfeita 
da norma às circunstâncias do caso concreto a que é 
aplicada. 
c) Princípios Gerais do Direito: São eles a legalidade, a 
moralidade, a isonomia, etc. 
d) Analogia: Não pode ser aplicada para prejudicar, só 
em benefício do acusado (in bonam partem). 
Ainda temos a doutrina, a jurisprudência e os 
tratados e convenções, que muito interessam e 
ajudam na interpretação e aplicação do direito. 
 
Finalidade do Direito Penal: Algumas doutrinas se 
apresentam tentando explicar a finalidade da pena e 
do direito penal são elas: 
- teoria absoluta: pune-se porque pecou (punitiva). 
- teoria utilitária ou relativa:pune-se para que não 
peque (educativa) 
- teoria mista: pune-se porque pecou e para que não 
peque (punitiva / educativa). 
 
Interpretação e Aplicação da Lei Penal: 
- Analogia: É vedado ao juiz a utilização da analogia 
para punir alguém, porém é permitida a aplicação 
desta “in bonam partem”. 
 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
1. Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal (CF, 
art. 5°, XXXIX; CP, art. 1°) 
 
 “Não há crime sem lei que o defina. Não há pena sem 
prévia cominação legal” - "Nullum crimen nulla poena 
sine praevia lege"(CP - art. 1°). Tal princípio assegura 
que ninguém seja punido por fato atípico. Típico é o 
fato que se molda à conduta descrita na lei penal. Daí 
decorre que o conjunto de normas penais 
incriminadoras é taxativo e não exemplificativo. 
 
Este princípio tem significado político por ser uma 
garantia constitucional dos direitos do homem. Tal 
garantia não consiste em se fazer tudo o que se quer, 
mas tão-somente aquilo permitido por lei. Somente a 
lei fixa as limitações que destacam a atividade 
criminosa da atividade legítima. 
 
O preceito contido no art. 1° do CP descreve que não 
há crime sem que, antes de sua prática, haja uma lei 
Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho 
 
 
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que lhe faça a descrição como fato punível. Por outro 
lado, não se pode falar em aplicação de uma pena 
sem que a lei anterior a contenha. Depreende-se 
como lícita qualquer conduta que não esteja definida 
em lei penal incriminadora. 
 
São dois os princípios contidos no art.1° do CP: 
 
1° - Princípio da legalidade (ou reserva legal): não há 
crime sem lei que o defina; não há pena sem 
cominação legal. 
2° - Princípio da anterioridade: não há crime sem lei 
“anterior” que o defina; não há pena sem “prévia” 
cominação legal. 
 
 
CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO 
 
Como regra, temos que a lei entra em vigor e, até que 
cesse sua vigência, rege todos os fatos abrangidos por 
sua destinação. Temos então que tal lei não atinge 
fatos ocorridos antes ou depois dos limites extremos, 
ou seja, sua entrada em vigor e sua revogação: não 
retroage nem tem ultra-atividade. 
 
1. Princípio tempus regit actum. Aquele que rege a 
aplicação da lei penal no tempo. Tem-se que a lei 
penal incide sobre fatos ocorridos durante sua 
vigência. 
 
Casos a discutir: 
 
1. um crime é iniciado na vigência de uma lei e é 
consumado sob a de outra 
2. o agente pratica um ato criminoso sob a vigência 
de uma lei e a sentença condenatória é proferida sob 
a de outra, que comina pena mais severa ou benéfica 
em relação à primeira. 
3. durante a execução de uma pena, surge lei nova, 
regulando o mesmo fato e determinando sanção mais 
benéfica. 
 
Como resolver tais conflitos? 
 
A regra que resolve a questão é a da irretroatividade 
da lei penal. É óbvio que, sem lei anterior, não há 
crime e, portanto, a lei não pode retroagir para 
alcançar fatos ocorridos antes de sua vigência e 
considerados lícitos. 
 
O princípio da irretroatividade, todavia, vige somente 
em relação à lei mais severa. São dois os princípios 
regentes sobre tais conflitos: 
 
1. Princípio da irretroatividade da lei mais severa 
2. Princípio da retroatividade da lei mais benigna. 
 
Ultratividade: qualidade da lei pela qual tem eficácia 
mesmo depois de cessada a sua vigência. 
 
HIPÓTESES DE CONFLITOS 
 
 Novatio legis incriminadora: a lei posterior cria 
um tipo até então inexistente no ordenamento 
jurídico. 
 Novatio legis in pejus: a lei posterior que, de 
qualquer modo, cria situação mais rigorosa ou severa 
para o autor de um tipo já existente. 
 Novatio legis in mellius: a lei posterior atenua a 
situação jurídica do autor 
 Abolitio criminis: a lei posterior deixa de 
considerar como fato típico a conduta anteriormente 
tipificada. 
2. Princípio da proibição da analogia “in malam 
partem” - corolário da legalidade, proíbe a 
adequação típica “por semelhança” 
3. Princípio da anterioridade da lei - Previsto no 
art.1° da Constituição Federal: Não há crime sem lei 
anterior que o defina. Não há pena sem prévia 
cominação legal. Para que haja crime e se imponha a 
pena, é preciso que o fato tenha sido cometido 
depois de a lei entrar em vigor. 
4. Princípio da irretroatividade da lei penal mais 
severa - CF, art. 5°, XL; CP, art. 2° e parágrafo único: a 
lei posterior mais severa é irretroativa; a posterior 
mais benéfica é retroativa; a anterior mais benéfica é 
ultra-ativa. 
5. Princípio da fragmentariedade - É fragmentário 
porque o Direito Penal não protege todos os bens 
jurídicos de violações, só os mais importantes. E, 
dentre estes, não os tutela de todasas lesões: 
intervém somente nos casos de maior gravidade, 
protegendo um fragmento dos interesses jurídicos. 
6. Princípio da intervenção mínima - O Estado só 
deve intervir, através do Direito Penal, quando os 
outros ramos do Direito não conseguirem prevenir a 
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conduta ilícita. Visa a evitar a definição desnecessária 
de crimes e a imposição de penas injustas. 
7. Princípio da lesividade - O Direito Penal só deve 
ser aplicado quando a conduta lesiona um bem 
jurídico, não sendo suficiente que seja imoral ou 
pecaminosa (vide art. 98, I, CF). 
8. Princípio da insignificância - Recomenda que o 
Direito Penal, pela adequação típica, somente 
intervenha nos casos de lesão jurídica de certa 
gravidade, reconhecendo a atipicidade do fato nas 
hipóteses de perturbações jurídicas mais leves. É 
ligado aos chamados “crimes de bagatela”. 
9. Princípio da culpabilidade - Não há delito sem que 
o autor tenha a possibilidade exigível de conduzir-se 
conforme o direito. nullum crimen sine culpa. O juízo 
de reprovabilidade (culpabilidade), elaborado pelo 
juiz, recai sobre o sujeito imputável que, podendo 
agir de maneira diversa, tinha condições de alcançar o 
conhecimento da ilicitude do fato.O juízo de 
culpabilidade serve de fundamento e medida da 
pena. A responsabilidade penal objetiva é repudiada 
(aplicação da pena sem dolo, culpa e culpabilidade). 
10. Princípio da Humanidade - O réu deve ser tratado 
como pessoa humana, ex vi dos seguintes 
dispositivos, todos da CF: art. 1°, III, 5°, III, XLVI e LXIV; 
deve ser observado antes do processo (art. 5°, LXI, 
LXII, LXIII e LXIV; durante o processo (art. 5°, LIII, LIV, 
LV, LVI e LVII) e na execução da pena (proibição de 
penas degradantes, cruéis, de trabalhos forçados, de 
banimento e da sanção capital - art. 5°, XLVII, XLVIII, 
XLIX e L). 
11. Princípio da proporcionalidade da pena - 
Chamado também “princípio da proibição de 
excesso”, determina que a pena não pode ser 
superior ao grau de responsabilidade pela prática do 
fato. A pena deve ser medida pela culpabilidade do 
autor. A culpabilidade é a medida da pena. 
11. Princípio do estado de inocência - conhecido 
também como “princípio da presunção de inocência”, 
está previsto no art. 5°, LVII da CF: “ninguém será 
considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória”. Somente depois de a 
condenação transitar em julgado é que podem ser 
impostas medidas próprias da fase de execução. 
12. Princípio da igualdade - CF, art. 1°, caput: “Todos 
são iguais perante a lei”. 
13. Princípio do “ne bis in idem“ - Ninguém pode ser 
punido duas vezes pelo mesmo fato. Possui duplo 
significado: 1) penal material: ninguém pode sofrer 
duas penas em face do mesmo crime; 2) processual: 
ninguém pode ser processado e julgado duas vezes 
pelo mesmo fato. (vide art. 7°, II, § 1°) 
 
 
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA 
 
 Princípio da anterioridade da lei penal - STF: 
"Penal. Habeas corpus. Princípio da anterioridade da 
lei. Desrespeito. Ação penal. Trancamento. O 
princípio do nullun crimen, nulla poena sine praevia 
lege, inscrito no art. 5º, XXXIX da Carta Magna, e no 
art. 1º do Código Penal, consubstancia uma das 
colunas centrais do Direito Penal nos países 
democráticos, não se admitindo qualquer tolerância 
sob o argumento de que o fato imputado ao 
denunciado pode eventualmente ser enquadrado em 
outra regra penal. Se ao réu imputa-se um fato que 
somente em lei posterior veio a ser definido como 
crime, a denúncia não tem vitalidade por ferir o 
princípio da anterioridade, impondo-se o 
trancamento da ação penal. Recurso ordinário 
provido. Habeas corpus concedido" (RHC, 8.171-CE – 
DJU 5-4-1999, P. 153). 
 
 Princípio da irretroatividade da lei mais severa 
quanto a crimes - TJSC: "Princípio da retroatividade 
da Lei Penal. Lei de regência. Não há crime sem lei 
anterior que o defina nem pena sem prévia 
cominação legal. A lei posterior só retroagirá se for 
para beneficiar o réu, descabendo sua aplicação a 
fatos anteriores não típicos a lei de regência de 
então, porque as disposições mais severas da lei nova 
não se aplicam a fatos praticados anteriormente a sua 
vigência" (JCAT 75/530). 
 
 Princípio da legalidade - "O princípio da reserva 
legal não é mero favor que se faz ao réu. Ele existe 
como expressão de uma realidade: é moralmente 
inaceitável apenar-se alguém por uma conduta que 
era lícita ao ensejo de sua prática. Logo, ou bem a 
conduta é punível por isso, que corresponde ao 
previsto na lei, ou não o é" (TACRIM-SP – Ver. – Voto 
vencedor: Adauto Suannes – JUTACRIM 70/26). 
 
 Princípio da culpabilidade - "Em sede de direito 
penal não se admite a incidência da responsabilidade 
objetiva, em consonância com o princípio expresso no 
brocardo latino nullum crimen, nulla poena sine 
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culpa. A ocorrência da morte de um rurícola, 
provocada pelo ataque de uma rês brava que se 
desgarrou de uma boiada conduzida por vaqueiros 
por estrada rural, consubstancia lamentável acidente 
da natureza, sem qualquer repercussão na justiça 
criminal" (STJ - 6ª T. – Relator Vicente Leal – RHC 
8.599 – j. 18.10.1999 - DJU 16.11.1999, p. 228). 
 
 Princípio da lesividade ou da ofensabilidade - "O 
ingresso de mercadorias estrangeiras em quantidade 
ínfima por pessoas excluídas do mercado de trabalho 
que se dedicam ao ΄comércio formiga΄ não tem 
repercussão na seara penal, à míngua de efetiva lesão 
do bem jurídico tutelado, enquadrando-se à hipótese 
no princípio da insignificância" (STJ - 6ª T. – Relator 
Vicente Leal – REsp. 234.275 – j. 14.03.2000 - DJU 
10.04.2000, p. 142). 
 
 Princípio da taxatividade - "Em Direito Penal, o 
princípio da reserva legal exige que os textos legais 
sejam interpretados sem ampliações ou equiparações 
por analogias, salvo quando in bonam partem. Ainda 
vige o aforismo poenalia sunt retringenda, ou seja, 
interpretam-se estritamente as disposições 
cominadoras de pena" (RT 594/355). 
 
 Princípio da insignificância - "A intervenção 
punitiva do Estado só se justifica quando está em 
causa um bem ou um valor social importante. Assim, 
devem-se excluir do sistema penal a chamada 
criminalidade de bagatela e os Rel. César Ribeiro – j. 
28.04.1999 – DJU 04.06.1999, p. 316). 
 
 
 VIGÊNCIA E REVOGAÇÃO DA LEI PENAL 
Salvo a hipótese de lei temporária – art. 3º do CP, a 
lei é editada para vigorar por tempo indeterminado. 
Entretanto, como ocorre em relação a tudo e a todos, 
a lei nasce, vive e morre. 
Chama-se promulgação o ato do Chefe do Executivo 
que declara a existência da lei e ordena a sua 
execução. 
Segue-se a publicação, autêntica certidão de 
nascimento da lei. A publicação não significa 
necessariamente a entrada em vigor. Pode o texto da 
lei expressante especificar a vigência (esta lei entrará 
em vigor na data de sua publicação). Pode, todavia, 
não especificar, verificando-se, então a chamada 
vacância (vacatio legis), que é o período 
compreendido entre a publicação e a entrada em 
vigor. 
A lei termina com a sua revogação, que pode ser 
“expressa” ou “tácita”. Verifica-se a revogação 
expressa quando a lei posterior, em seu próprio 
texto, declara a revogação da anterior. A tácita, 
quando lei posterior disciplina a matéria regulada 
pela anterior. 
LEI PENAL NO TEMPO 
Consoante o princípio “tempus regit actum”, a lei 
penal, viade regra, se aplica aos fatos praticados 
durante a sua vigência, não podendo, em tese, 
alcançar fatos ocorridos anteriormente, nem 
tampouco ser aplicada após a sua revogação. 
Entretanto, por expressa disposição legal, é possível 
ocorrer a “retroatividade” e “ultratitividade”. A 
retroatividade é o fenômeno através do qual a lei 
penal é aplicada a fatos ocorridos anteriormente à 
sua vigência e a ultratividade é a aplicação a fatos 
ocorridos após a sua revogação. 
Dispõe o art. 1º do Código Penal: “Não há crime sem 
lei anterior que o defina. Não há pena sem a prévia 
cominação legal”. Tal dispositivo consagra os 
princípios da reserva legal e anterioridade da lei 
penal. 
 Reserva legal significa que somente a lei elaborada 
na forma prevista na Constituição Federal pode 
determinar o que é crime, e impor a pena cabível. 
Anterioridade da lei penal significa que a conduta 
humana para ser considerada criminosa, tem de 
estar previamente descrita. É indispensável que a 
vigência da lei que define a conduta como delituosa 
seja anterior à própria conduta. 
Os princípios consagrados no art. 1º do Código Penal 
trazem como consequência a irretroatividade: sendo 
as leis editadas para o futuro, as normas que definem 
crimes não podem ter efeito para o passado. 
Também não retroagem as normas que, mesmo sem 
incriminar condutas, prejudicam a situação do 
agente. 
 A regra da irretroatividade se restringe somente às 
normas que incriminam a conduta ou que sejam mais 
severas que a anterior, çois, em se tratando de lei 
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nova mais benigna, que de qualquer modo favoreça o 
agente, vai retroagir para alcançar os fatos praticados 
antes de sua vigência. 
 Em resumo, havendo conflito de leis penais com o 
surgimento de novas normas após a prática do fato 
delituoso, será aplicada sempre a lei mais favorável. 
Isto significa que a lei penal mais benigna tem 
extratividade (possui retroatividade e ultratividade) e, 
ao contrário, a lei mais severa não tem extratividade 
(não é retroativa nem ultrativa). 
 
Critérios para solucionar o conflito de leis penais no 
tempo: 
➔ Novatio legis incriminadora: 
➔ Abolitio criminis 
➔ Novatio legis in pejus 
➔ Novatio legis in mellius 
 
1. Novatio legis incriminadora 
A lei nova que incrimina o fato cometido 
anteriormente à sua regência não se aplica a tal fato 
anterior. 
Exemplo: suponha-se que hoje, o indivíduo pratica 
incesto, relacionando-se sexualmente com sua 
própria filha; posteriormente, sendo a conduta 
criminalizada, a lei nova incriminadora não retroagirá. 
2. Abolitio Criminis 
É a hipótese do Art. 2º do Código Penal: “Ninguém 
será punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando, em virtude dela, a 
execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória”. 
 Causa extintiva de punibilidade (107, III); LEP, 66, 
I. 
 Apaga os efeitos penais, mas não os civis: 
 Ex. 1: reparação de dano. 
 Ex. 2: art. 92 do CP 
Exemplo: suponha-se que o sujeito cometa o crime de 
sedução (Art. 217 CP), e posteriormente a lei deixa de 
considerar a conduta como delituosa. Se ainda não 
tiver sido processado, não o será; se já estiver em 
curso o processo, o mesmo será extinto (ocorrerá a 
extinção da punibilidade – do Art. 107, inc. III, Código 
Penal). Na hipótese de já estar condenado e 
cumprindo pena, deverá ser posto em liberdade, 
também ocorrendo a extinção da punibilidade, 
consoante o dispositivo acima. 
Trata-se de aplicação retroativa da lei penal mais 
benigna. A lei nova posterior é de ser considerada 
mais perfeita do que a anterior, restando, pois, 
demonstrando que não se faz mais presente o 
interesse da sociedade na punição do sujeito. 
3. Novatio legis in pejus: 
A situação é de lei nova mais severa que a anterior 
(lex gravior). A lei nova posterior mantém a mesma 
definição do crime, mas agrava a sua pena. Tal lei 
nova não retroage. 
Exemplo: o Código Penal comina ao furto simples – 
Art. 155 caput do CP, a pena de 01 (um) a 04 (quatro) 
anos de reclusão. Surgindo lei nova mantendo a 
mesma definição, mas agravando a pena para, v.g., 02 
(dois) a 08 (oito) anos de reclusão, a lei nova não 
retroagirá. Só será aplicada para os furtos praticados 
posteriormente ao início da vigência da lei nova. 
4. Novatio legis in mellius: 
A hipótese é de lei nova posterior menos severa que a 
anterior (lex mitior). A lei nova mantém a mesma 
definição do crime, mas diminui as conseqüências 
penais. No caso é de se fazer retroagir a lei posterior 
ao fato cometido antes da sua vigência: 
Exemplo: o sujeito pratica hoje um crime de violação 
de domicílio (Art. 150 do CP), punido com detenção 
de 01 (um) a 03 (três) meses. Posteriormente, lei 
nova mantém a mesma definição, mas diminui a pena 
para 15 dias a 02 meses. 
Deve a lei nova posterior, mais branda que a anterior, 
retroagir para alcançar o fato ocorrido antes da sua 
vigência. 
A lei nova irá retroagir, mesmo em decisão transitada 
em julgado (art. 66, I, LEP e art. 2º do CP). 
 
LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA 
Dispõe do Art 3º do Código Penal que “a lei 
excepcional ou temporária, embora decorrido o 
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias 
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que a determinaram, aplicam-se ao fato praticado 
durante a sua agência”. 
Lei Excepcional: é aquela que é editada para vigorar 
em situações ou condições sociais anormais, sendo 
que o período de sua vigência fica subordinado à 
duração da anormalidade que a motivou. 
Lei Temporária: é aquela que possui o tempo de sua 
vigência determinado no próprio dispositivo. 
 
Importante: Em razão da peculiaridade dessas 
normas, não há que se falar em retroatividade da lei 
posterior mais benigna. Assim, cometido o fato 
delituoso durante a vigência da lei excepcional ou 
temporária, o infrator não se beneficiará da 
retroatividade da lei posterior que seja mais 
favorável. No caso em tela, a lei será ultra-ativa. 
 
Tempo do crime 
Teoria da atividade, também chamada de “teoria da 
ação”: considera-se tempo do crime mo momento em 
que se pratica a ação ou a omissão. (adotada no CPB). 
Teoria do resultado, também conhecida como “teoria 
do efeito”: considera-se tempo do crime o momento 
do resultado, ou possível resultado. 
Teoria da ubiqüidade, também denominada “teoria 
da unidade” ou “teoria mista”, é a conjugação das 
duas teorias anteriores. 
Segundo dispõe o Art. 4º do Código Penal, 
“considera-se praticado o crime no momento da ação 
ou da omissão, ainda que outro seja o momento do 
resultado”. 
É por demais importante a fixação do momento do 
crime para se determinar a aplicação da lei vigente na 
hipótese de sucessões de leis, e para a aferição da 
imputabilidade do agente. 
Relativamente à aferição da imputabilidade, suponha-
se que o sujeito, com 18 (dezoito) anos incompletos 
desfecha tiros na vítima, que só vem falecer após o 
agente ter completado 18 (dezoito) anos. Sendo o 
momento do crime aquele da conduta (ação ou 
omissão), é de se concluir pela irresponsabilidade 
penal do agressor. 
Com relação à lei vigente, suponha-se que o agente 
cometa um crime de estupro no ano de 1989, cuja 
pena é de 03 (três) a 08 (oito) anos de reclusão. O 
processo se arrasta por dois anos. Em 1990, entra em 
vigor nova lei (lei 8.072/90) queaumenta a pena do 
estupro para 06 (seis) a 10 (dez) de reclusão. Ao 
sujeito não deverá ser imposta pena de 06 a 10, mas 
sim de 03 a 08, vez que ao tempo do fato (1989), a lei 
impunha aquela pena. 
Crime permanente: é aquele cujo momento 
consumativo se prolonga no tempo. Ex.: art. 159. se 
entrar em vigor lei mais gravosa enquanto durar a 
conduta esta lei será a utilizada. Súmula nº 711 do 
STF. 
Crime Continuado: é uma ficção jurídica que se 
encontra prevista no art. 71 CP (política criminal). 
Considerar-se-á tempo do crime, todo o período de 
prolongamento de continuidade delitiva. Súmula 711 
STF. 
Crime Habitual: é aquele que se consuma pela prática 
reiterada de atos que, isoladamente são atípicos. Art. 
284 CP. O tempo do crime se configura a partir do 
segundo ato até o último ato (corrente majoritária na 
doutrina). 
Crime cometido em concurso de pessoas: o tempo do 
crime é o momento de cometimento de cada conduta 
isoladamente considerado. 
Lei 8.930 de 7/9/94 – Lei Glória Peres. 
Ex.: se A contrata B para matar C e B só pratica o fato 
algum tempo depois, se nesse período for publicada 
nova lei, tal só valerá para o executor e não para o 
mandante do crime. 
 
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA 
 Abolitio criminis – inadmissibilidade por medida 
provisória - TACRSP: "Impossível aplicar-se a norma 
do art. 2º, caput, do CP – abolitio criminis – se a 
descriminante é uma medida provisória não 
transformada e lei pelo Congresso Nacional, pois o 
Poder Executivo não tem a prerrogativa de 
concretizar disposições penais, o que é atribuição 
privativa do Poder Legislativo" (RJDTACRIM 9/164). 
 
 Abolitio criminis – inadmissibilidade pelo 
costume - STF: "A reiterada tolerância das 
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autoridades não descriminaliza a conduta nem subtrai 
a justa causa para a ação penal” (RT 736/542). TAMG: 
“O 'princípio da legalidade' não admite o direito 
consuetudinário, não podendo, pois, os costumes 
revogarem a lei penal, a qual somente por outra lei 
poderá ser revogada” (RJTAMG 21/414). 
 
 Retroatividade da lei mais benigna - STF: "A lei 
nova benéfica pode ser aplicada tanto 
imediatamente, por ser desdobramento dos direitos e 
garantias fundamentais (CF, art. 5º, § 1º), como 
retroativamente, a ponto de alcançar fatos 
anteriores, desde que se mostre favorável ao agente 
(CF, art. 5º, LV)” (JSTF227/381). 
 
 Retroatividade em vacatio legis - TARS: "A lei 
penal mais benigna, em razão dos princípios inscritos 
no art. 5º, XL e § 1º, da CF, tem aplicação imediata, 
não se sujeitando ao período de vacatio legis” (RT 
667/330). 
 
 aplicação de lei intermediária - TACRSP: "Se entre 
as leis que se sucedem surge uma intermediária mais 
benigna, embora não seja nem a do momento em 
que se praticou o fato nem a daquele em que o 
mesmo foi julgado, essa lei intermediária mais 
benévola deve ser aplicada, ex vi do art. 2º, parágrafo 
único, do CP” (RT 534/364). 
 
 inadmissibilidade de combinação de leis - STF: 
"Os princípios da ultra e da retroatividade da lex 
mitior não autorizam a combinação de duas normas 
que se conflitam no tempo para se extrair uma 
terceira que mais beneficie o réu” (JSTF 174/260). 
 
 Lei excepcional ou temporária. Inexistência de 
abolitio criminis - TACRSP: "Mesmo que revogada, 
não gera abolitio criminis, porque, ainda que 
temporária, guarda eficácia, aplicando-se aos fatos 
praticados durante sua vigência, conforme o art. 3º 
do CP” (RT 666/316. 
 
 Tempo do crime. Competência pelo lugar da ação 
ou omissão - STJ: "O juízo competente para processar 
e julgar o acusado de homicídio é da comarca de 
Aimorés, MG, onde a vítima foi alvejada com tiros de 
revólver que lhe causaram os ferimentos mortais e 
não o Juízo da comarca de Vitória, ES, onde em busca 
de melhor assistência médica, veio a falecer” (RT 
678/379). 
 
 Irretroatividade da lei mais severa no crime 
continuado - STJ: "Tendo o réu praticado três (3) 
crimes em continuação, sendo um (1) na vigência da 
lei nova, mais grave, e os outros dois (2) na vigência 
da lei antiga, mais benigna, aplica-se a pena mais 
grave, acrescida, nos termos do art. 71 do Código 
Penal, da fração da pena da mais benigna, para não 
se violar o princípio de que não há pena sem lei 
prévia” (RHC 3.910-8-PA – DJU de 14-4-1997, p. 
12.799). 
 
 Continuação delitiva na lei nova mais severa: 
aplicação desta - STF: "Tratando-se de crime 
continuado, onde as condutas foram praticadas sob o 
império de duas leis, mesmo sendo mais grave a 
posterior, aplica-se a nova disciplina penal a toda a 
série delitiva, tendo em vista que o delinquente já 
estava advertido da maior gravidade da sanção e 
persistiu na prática da conduta delituosa” (RT 
755/556). 
 
 Aplicação da lei mais severa no crime 
permanente - STF: "(...) I. Conflito de leis penais no 
tempo: cuidando-se de crime permanente – qual o 
delito militar de deserção – aplica-se-lhe a lei vigente 
ao tempo em que cessou a permanência, ainda que 
mais severa que a anterior, vigente ao tempo do seu 
início” (JSTF 272/389). 
 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
 O Código Penal Brasileiro, no seu Art. 5º, adota a 
regra da territorialidade, determinando a aplicação 
da Lei Penal em nosso território, independente da 
nacionalidade do autor e da vítima. 
A exceção é ditada pelo próprio Art. 5º, não se 
aplicando a Lei Penal Brasileiro quando dispuser em 
contrário tratado ou convenções internacionais, 
sendo o caso da imunidade diplomática. 
 Convenção de Viena sobre relações 
diplomáticas. Concedendo imunidade penal de 
caráter absoluto aos diplomatas em território 
nacional. Ele deverá ser punido de acordo com a lei 
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de seu país. Os cônsules gozam de prerrogativas 
processuais, mas não possuem imunidade. Serão 
julgados pela lei brasileira, mas terão garantias 
processuais como também as possuem os juízes, 
promotores, defensores e até o advogado. 
Imunidades Parlamentares - Relativamente às 
pessoas, há de se destacar, ainda, as imunidades 
parlamentares, sendo assegurados aos membros do 
Congresso Nacional a ampla liberdade de expressão 
no exercício de suas funções, e a proteção contra 
abusos por parte de membros dos outros poderes. 
Assim é que, aos congressistas é assegurada a 
imunidade absoluta, excluídos da responsabilidade 
penal, civil, disciplinar ou política “ por suas opiniões, 
palavras e votos” – Art. 53 da Constituição Federal. 
A Carta Magna, no § 1º do referido Art. 53, 
estabelece a imunidadem relativa, que consiste na 
impossibilidade de prisão, salvo em flagrante por 
crime inafiançável. 
 
Deputados Estaduais - As imunidades dos membros 
do Congresso Nacional também são estendidas aos 
deputados estaduais, conforme previsão nas 
Constituições dos Estados. Ressalve-se, contudo, que 
as imunidades dos deputados estaduais são válidas 
somente em relação à autoridades judiciárias 
estaduais, não podendo ser invocadas em face do 
Poder Judiciário Federal (nesse sentido, vide a Súmula 
3 do Supremo Tribunal, Federal). 
 
Vereadores - Relativamente aos vereadores, a 
imunidade se restringe à inviolabilidade por suas 
opiniões, palavras e votos, mas apenas quando o 
crime for praticado no exercício do mandato e na 
área circunscricional do Município em que o edil 
exerce seu mandato – Art. 29, inc. V da Constituição 
Federal. 
 
TERRITÓRIO BRASILEIROA expressão “território brasileiro” deve ser 
entendida em seu sentido jurídico, compreendendo 
todo o espaço terrestre, fluvial e marítimo, 
embarcações e aeronaves brasileiras. 
As embarcaçoes e aeronaves brasileiras se dividem 
em: 
 Públicas – aquelas de guerra ou em serviço mIlitar 
ou oficial; 
 Privadas – as mercantes e aquelas de propriedade 
particular; 
Para efeitos penais, o §1º do Art. 5º, do Código Penal 
considera como extensão do território nacional: 
 Os navios e as aeronaves públicas brasileiras, 
onde quer que se encontrem, mesmo em espaço 
aáreo ou marítimo estrangeiro. 
 Os navios e aeronaves particulares brasileiras 
quando em alto mar ou no espaço aéreo 
correspondente. 
Com relação aos navios e aeronaves estrangeiras de 
propriedade privada, somente se aplica a lei penal 
brasileira quanto aos crimes cometidos a bordo 
quando se encontrarem nas condições do parágrafo 
2º, do Art. 5º, do Código Penal. 
 
Extraterritorialidade - O Art. 7º do Código Penal 
enumera as hipóteses de exceção ao princípio da 
territorialidade, vale dizer, algumas hipóteses de 
crimes, embora cometidos fora do território nacional, 
ficam sujeitos à lei brasileira. 
 
A extraterritorialidade se divide em: 
 Incondicionada – são as hipóteses do inciso I, pelo 
“Princípio da Proteção ou Defesa”, alíneas “a”, “b”, e 
“c”, e pelo “Princípio da Justiça Universal” a alínea 
“d”. A expressão “ incondicionada” significa que o 
agente será punido pela lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro. Ex.: 
terrorismo, tortura, tráfico internacional, genocídio. 
 Condicionada - são as hipóteses do inciso II, 
alíneas “a”, “b” e “c” e do parágrafo 3º, ficando a 
aplicação da lei brasileira condicionada a certos 
requisitos ou condições indicadas nas alíneas dos 
parágrafos 2º e 3º. 
 
Lugar do crime - Para a aplicação da regra da 
territorialidade, o Código Penal, em seu Art. 6º, 
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define o lugar do crime, apresentando três teorias a 
respeito: 
 Teoria da atividade, também chamada de “teoria 
da ação”, corresponde à primeira parte do Art. 6º, do 
Código Penal. 
 Teoria do resultado, também conhecida como 
“teoria do efeito”, corresponde à parte 
complementar do mesmo artigo. 
 Teoria da ubiqüidade, também denominada 
“teoria da unidade” ou “teoria mista”, é a conjugação 
das duas teorias anteriores. 
O Art. 6º do Código Penal, adotando a “teoria da 
ubiqüidade”, resolve os chamados “crimes à 
distância”, nos quais a ação ou a omissão se dá num 
país e o resultado ocorre em outro. 
Exemplo de aplicação da “teoria da ubiqüidade”: 
Suponha-se que o sujeito, estando no território 
nacional, remeta pelos correios uma bomba para uma 
pessoa que se encontre no estrangeiro, e, no 
estrangeiro, ocorra o resultado. 
Pelo Art. 6º em exame, em ambas as hipóteses há de 
prevalecer o império da lei penal brasileira, 
sujeitando-se os infratores ao nosso Código Penal. 
 
Classificação dos crimes quanto ao local de 
cometimento e consumação: 
a) crimes de espaço mínimo: são aqueles praticados 
e consumados no mesmo lugar. Ex.: Manaus - 
Manaus. 
b) Crimes de espaço máximo: 
b.1) crimes plurilocais: são os que tocam os 
territórios de duas ou mais comarcas. Ex.: Manaus - 
Itacoatiara. Utilizar o art. 69 e 70 do CPP. 
b.2) crimes à distância: São aqueles que tocam os 
territórios de dois ou mais países. Art. 70, § 1º, CPP. 
 
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA 
 
 Territorialidade. Competência da Justiça Federal 
para crime cometido em embarcações – STJ: 
“Compete à Justiça Federal processar e julgar os 
crimes cometidos a bordo de navios, incluídos os 
praticados contra a segurança do transporte 
marítimo” (JSTJ 32/307). 
 
 Territorialidade. Competência da Justiça Estadual 
para crime cometido em embarcação de pequeno 
porte – STJ: “Compete à Justiça Estadual o processo e 
julgamento de feito que visa à apuração de delito 
cometido em lancha – embarcação de pequeno porte 
que não é abrangida pela regra do art. 109, inc. X, da 
CF, dirigido a embarcações de porte e autonomia 
consideráveis. Precedentes do TRF e STF” (Conflito de 
competência 24.249-ES – DJU de 17-4-2000, p. 41). 
 
 Territorialidade. Competência da Justiça Federal 
para crime cometido em aeronave – STF: “Habeas 
corpus. Penal. Compete à Justiça Federal processar e 
julgar os crimes cometidos a bordo de navios, 
incluídos os praticados contra a segurança do 
transporte marítimo” (JSTJ 32/307). 
 
 Lugar do crime. Ação praticada no território 
nacional – TACRSP: “Tem eficácia a lei nacional 
quando os atos executórios do crime são praticados 
em nosso território e o resultado se produz em país 
estrangeiro” (RT 609/335-6). 
 
 Lugar do crime. Crime praticado em embaixada 
brasileira – STF: “A submissão à jurisdição doméstica, 
do ilícito imputado ao súdito estrangeiro em questão, 
decorre, na espécie, do princípio da territorialidade, 
inscrito no art. 5º do mesmo Código Penal, que 
manda aplicar a lei brasileira ao crime cometido no 
território nacional, vale dizer, no âmbito de validade 
especial do ordenamento positivo do Brasil” (Extr 
579-1 – Rel. Celdo de Melo – DJU de 9-6-1993, p. 
11.448). 
 
 extraterritorialidade incondicionada. Crime 
contra a fé pública da União – TRF da 4ª Região: “Aos 
delitos contra a fé pública da União praticados no 
estrangeiro aplica-se o princípio da 
extraterritorialidade incondicionada, sendo 
irrelevante o local do uso do falso, pois trata-se de 
crime instantâneo que se consuma no momento da 
utilização desse documento” (RT 754/743). 
 
 extraterritorialidade condicionada. Crime 
praticado por brasileiro no exterior – STF: “O 
processo e julgamento de furto praticado por 
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brasileiro no país estrangeiro competem à autoridade 
judiciária nacional, ex vi do disposto no art. 5º, nº II, b 
(art. 7º , II, b, vigente) do Código Penal” (RT 474/382).
 
 
TEORIA DO CRIME 
 
Conceitos de crime 
 
1) Conceito Legal: art. 1º LICP: é crime a infração 
punida com reclusão ou detenção isoladamente ou 
uma dessas penas privativas em cúmulo ou em 
alternatividade com a pena de multa. 
 
 Crime 
Infração Penal 
 Contravenção 
 
2) Conceito Formal: crime é fato proibido pela lei 
penal ao qual se associa uma pena. 
3) Conceito Material: fato que lesiona ou expõe a 
risco de lesão um bem juridicamente tutelado 
(princípio da lesividade ou ofensivilidade). 
4) Analítico: 
4.1) quadripartite = crime é fato típico, antijurídico, 
culpável e punível; 
4.2) tripartite = crime é fato típico, antijurídico, 
culpável; sendo a punibilidade conseqüência jurídica 
do delito. (Maj); 
4.3) bipartite = crime é fato típico, antijurídico. A 
culpabilidade é pressuposto para aplicação da pena 
(Min.); 
Para que uma conduta humana seja considerada 
crime, não basta que se amolde a um tipo 
incriminador. Não basta que encontre uma descrição 
daquela conduta na lei penal considerando-a 
criminosa. 
Suponha-se que, de certa distância, observa-se a 
conduta de “A” efetuando disparos de arma de fogo 
na direção de “B”, vindo a causar-lhe a morte. O fato 
de “A” se amolda de forma precisa no tipo 
incriminador do art. 121 do CPB – matar alguém. 
Entretanto, já no local em que ocorreu o evento,descobre-se que “B” estava armado e era iminente a 
sua agressão em relação a “A”, não tendo este outra 
alternativa que não a de matar aquele em legítima 
defesa. 
Observa-se de início que o fato de “A” é típico, eis 
que se amolda ao tipo incriminador do art. 121 do 
CPB. No entanto, não é antijurídico – não contraria o 
ordenamento jurídico e nem ofende a consciência de 
quem tomar conhecimento do fato, eis que praticado 
em legítima defesa. 
A conduta humana descrita na norma penal 
incriminadora será antijurídica ou ilícita na medida 
em que não for expressamente declarada lícita. 
Assim, o conceito de antijuridicidade ou ilicitude de 
um fato se descobre por exclusão: será antijurídico 
todo fato típico que não for declarado lícito por uma 
das causas de exclusão da antijuridicidade ou da 
ilicitude – art. 23, CP. 
Presente, portanto, uma causa de exclusão o fato 
será típico, mas não antijurídico e, em conseqüência, 
não há se falar em crime, que é o fato típico e 
antijurídico. 
 
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA 
 
 Conceito de culpabilidade – STJ: “A culpabilidade 
(sentido de reprovabilidade) é elemento constitutivo 
da infração (doutrinariamente há quem sustente ser 
pressuposto da pena). Admite intensidade. Crime 
mais grave reclama a sanção mais severa. Também o 
legislador fica vinculado porque a pena é medida 
político-jurídica da resposta ao agente do delito” 
(RSTJ 87/387). 
 
Tipicidade – é a adequação de um fato natural e 
concreto e um tipo incriminador; 
Tipo Legal – é a definição legal de um fato proibido; 
Fato Típico – é o fato concreto que reúne em si todos 
os elementos da definição legal de um fato proibido. 
 
 
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO 
 
 Conceituar fato típico é tarefa complexa, eis que a 
sua noção envolve quatro elementos: 
 
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a. conduta 
b. resultado 
c. causalidade 
d. tipicidade 
 
 Assim, há da se adentrar no exame de cada um 
dos elementos para se estabelecer a exata noção do 
instituto. 
 
Conduta: 
não há crime sem conduta “nullun crimem sine 
conducta”. É a ação ou omissão consciente e dirigida 
a determinada finalidade. 
A conduta que integra o fato típico como um dos seus 
elementos, é aquela do homem, não dos animais 
irracionais. 
A conduta penalmente relevante há de ser aquela 
externa, não se ocupando o Direito Penal com a 
atividade puramente psíquica não externada. 
A voluntariedade é um outro requisito da conduta, 
que pode consistir num movimento corporal (ação) 
ou na abstenção do movimento corporal (omissão). 
Para a teoria finalista da ação, como todo 
comportamento humano tem uma finalidade (um 
querer algo), a conduta é uma atividade final humana 
e não um comportamento simplesmente corporal. O 
propósito da Welzel, ao elaborar o finalismo, foi o de 
trazer todo o elemento psíquico para a ação. 
Para que a ação seja penalmente relevante e se 
apresente como um dos elementos do fato típico, é 
preciso ver o propósito com que foi praticada, isto é, 
necessário se faz verificar se a ação tinha ou não, 
como fim, o objetivo de realizar o fato típico. 
 
Como no finalismo a conduta não é um 
comportamento meramente casual, mas sim uma 
atividade dirigida a um fim, o dolo, que antes 
habitava os domínios da culpabilidade, agora, após a 
reforma de 1984, reside no tipo incriminador, 
apresentando-se como o seu elemento subjetivo. 
 
Resultado: 
 
para que se configure o crime, não basta a conduta; é 
preciso que ocorra o segundo elemento do fato 
típico, resultado. 
Naturalisticamente, conceitua-se resultado como a 
modificação no mundo exterior provocada pelo 
comportamento humano. 
 
 
NEXO CAUSAL – ARTIGO 13 DO CPB 
 
Causa e Resultado: Não há crime sem resultado, diz 
a lei. Resultado é a lesão ou perigo de lesão do bem 
jurídico, protegido pela lei penal. A relação de 
causalidade (nexo causal) liga a conduta ao resultado. 
Nexo de Causalidade: 
 
Possivelmente o mais complexo dos elementos do 
fato típico. É o elo de ligação entre a conduta e o 
resultado. É o liame que autoriza a conclusão de que 
o resultado decorreu daquela determinada conduta. 
 
Para resolver a questão do nexo de causalidade o CP 
em seu art. 13 – 2ª parte, adotou a teoria da 
equivalência das condições - conditio sine qua non – 
condição sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 
Para saber se uma conduta é causa do resultado, 
basta excluí-la mentalmente da série causal. É o 
chamado processo hipotético de Thyrén. Se, excluída 
aquela conduta antecedente, o resultado mesmo 
assim se produziu, conclui-se que tal conduta 
antecedente não é causa. 
 
Damásio de Jesus cria uma hipótese a respeito do 
processo hipotético da eliminação de Thyrén: 
suponha-se que A tenha matado B. A conduta típica 
do homicídio possui uma série de fatos, alguns 
antecedentes, entre os quais podemos sugerir o 
seguinte: 
 
Ante factum e pos factum punível: 
 
1) Produção do revolver pela indústria; 
2) Aquisição da arma pelo comerciante; 
3) Compra do revolver pelo agente; 
4) Refeição tomada pelo homicida; 
5) Emboscada; 
6) Disparo de projeteis na vítima; 
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7) Resultado morte; 
8) Voltar para casa para dormir. 
 
Conclui o mestre: dentro dessa cadeia de fatos, 
excluindo-se os fatos sob os números 1, 2,3,5 e 6, o 
resultado não teria ocorrido. Logo são considerados 
causa. Excluindo-se os fatos sob os números 4 e 8, 
ainda sim o evento teria acontecido. Logo, a refeição 
tomada pelo sujeito e seu retorno para casa não são 
considerados causa. 
 
Adverte Damásio de Jesus que o processo hipotético 
de Thyrén precisa ser bem entendido. O importante e 
fixar que em se excluindo determinado 
acontecimento o resultado não teria ocorrido “como 
ocorreu”; a conduta é causa quando, suprimida 
mentalmente, o evento in concreto não teria 
ocorrido no momento em que ocorreu. 
 
Suponha-se que o agente encontre a vítima 
mortalmente esfaqueada em local absolutamente 
solitário e lhe desfira outros golpes de punhal, 
produzindo-lhe a morte. Prova-se que os últimos 
ferimentos concorreram para o êxito letal. 
Suprimindo-se mentalmente os golpes desferidos 
pelo agente, ainda assim a morte teria ocorrido em 
virtude dos acontecimentos anteriores. Assim, à 
primeira vista, parece que a conduta do sujeito não 
deve ser considerada causa do resultado. Todavia, 
sem ela o evento não teria ocorrido como ocorreu. 
Por isso, deve ser considerada causa. 
 
Tendo o CP adotado a teoria da equivalência dos 
antecedentes, não há sentido estabelecer distinção 
entre causa, concausa, ocasião ou condição. Qualquer 
conduta que, de algum modo, ainda que 
minimamente, tiver contribuído para a eclosão do 
resultado deve ser considerada sua causa. 
 
Nexo normativo: para a existência do fato típico, no 
entanto, não basta apenas a existência de um elo 
físico (nexo causal) entre a ação e o resultado. De 
acordo com interpretação do art. 19 do CPB, é 
imprescindível que o agente tenha concorrido com 
dolo ou culpa (quando admitida), uma vez que sem 
um ou outro não haveria fato típico. Assim, para a 
existência do fato típico são necessários: o nexo 
causal físico, concreto, e o nexo normativo, que 
depende da verificação de dolo ou culpa. 
 
 
Resultado Naturalístico: quando há a modificação 
provocada no mundo exterior pela conduta. Nem 
todo o crime possui resultado naturalístico, uma vez 
quehá infrações penais que não produzem qualquer 
alteração no mundo natural. 
 
Nexo causal nos crimes: o nexo causal só tem 
relevância nos crimes cuja consumação depende do 
resultado naturalístico. 
 
1) crimes omissivos próprios e de mera conduta : 
não há, pois inexiste resultado naturalístico; arts. 135, 
269 e 150 do CPB 
2) crimes formais: o nexo causal não importa para o 
Direito Penal. Art. 158, 159. 
3) Crimes materiais: há, em face da existência de 
resultado naturalístico. Art. 121, 312, 314, 155, 157...; 
4) Crimes omissivos impróprios: a omissão só tem 
relevância causal quando presente o dever jurídico de 
agir. Embora não tenha causado o resultado, o 
omitente, entretanto, será responsabilizado por ele, 
sempre que, no caso concreto, estiver presente o 
dever jurídico de agir. Art. 13, § 2º. 
 
Superveniência causal - O § 1º do art. 13 do CPB atua 
como mecanismo de restrição à aplicação da teoria 
da conditio sine qua non: “ a superveniência de causa 
relativamente independente exclui a imputação 
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos 
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os 
praticou”. 
 
Juntamente com a conduta do agente podem 
concorrer outras condutas, condições ou 
circunstâncias que interfiram no processo causal, que 
também são causas. 
 
A concausa relativamente independente é aquela que 
derivando de um fato de outrem ou de um 
acontecimento estranho, se intercala na cadeia causal 
por este inaugurada. Logo, se a segunda causa não 
for desdobramento da primeira, não teremos o nexo 
de causalidade. Ao contrário sensu, se for um 
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prolongamento da primeira, o sujeito ativo será 
responsabilizado. 
 
Essas causas podem ser classificadas em: 
preexistentes, concomitantes ou supervenientes, 
relativa ou absolutamente independentes em relação 
ao comportamento do sujeito. 
 
 Absolutamente independente em relação à 
conduta do agente: 
a) preexistentes (1) 
b) concomitantes (2) 
c) supervenientes (3) 
 Relativamente independente em relação à 
conduta do agente: 
a) preexistentes (4) 
b) concomitantes (5) 
c) supervenientes (6) 
 
 
 Exemplos de causas absolutamente 
independentes: 
 
1) A desfecha um tiro em B, que vem a falecer pouco 
depois, não em conseqüência dos ferimentos 
recebidos, mas sim porque antes ingerira veneno; 
2) A fere B no mesmo momento em que este vem a 
falecer exclusivamente por força de um colapso 
cardíaco; 
3) A ministra veneno na alimentação de B que, 
quando está tomando a refeição, vem a falecer em 
conseqüência de um desabamento. 
 
IMPORTANTE: Quando as causas forem 
absolutamente independentes da conduta do agente, 
a questão se resolve no art. 13, caput, do CP, isto é, 
quer sejam preexistentes, concomitantes ou 
supervenientes da vontade do sujeito, o resultado 
não pode ser imputado a si. Assim, responderá pela 
tentativa (quando a hipótese permitir) e não pelo 
crime consumado. 
 
 Exemplos de causas relativamente 
independentes: 
 
4) A golpeia B, hemofílico, que vem a falecer em 
conseqüência dos ferimentos, a par da contribuição 
de sua particular condição fisiológica; 
5) A desfecha um tiro em B, no exato momento em 
que este, em razão da agressão sofre um colapso 
cardíaco, provando que a lesão contribuiu para a 
eclosão do êxito letal. 
6) Num trecho de rua, um ônibus, que o sujeito 
dirige, colide com um poste que sustenta fios 
elétricos, um dos quais, caindo ao chão, atinge um 
passageiro ileso e já fora do veículo, provocando a 
sua morte em conseqüência da forte descarga 
elétrica. 
 
 
Nas duas primeiras hipóteses as causas (hemofilia e 
colapso cardíaco não excluem a linha de 
desdobramento físico desenvolvida, de modo que o 
agente responde pelo resultado morte. Já no último 
caso, o motorista não responde pela morte do 
passageiro, mas somente pelos atos anteriores, se 
tipificados como infração penal, aplicando-se o § 1º, 
do art. 13 do CPB. 
 Se a hipótese for de caso fortuito ou força maior, 
exclue-se a própria conduta, por ausência de dolo ou 
culpa. Não há atuação sobre o nexo causal. 
Causalidade na Omissão - Dispõe o § 2º, do art. 13 
do CP que “a omissão é penalmente relevante 
quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado”. 
Cabe, de início, afastar a idéia de que a omissão possa 
produzir o resultado. Se do nada nada surge, não há 
como se possa perceber causalidade na omissão. 
A causalidade na omissão só pode ser concebida pela 
equiparação. Equipara-se o não evitar ao causar. 
Assim, coloca-se, hipoteticamente, a ação esperada 
do sujeito, e se com ela o resultado seria evitado, 
então se considera que a sua omissão foi causal. 
 
Tipicidade- É a precisa adequação do fato praticado 
com a descrição abstrata e legal. 
De outro modo, tipicidade é a adequação do fato 
humano a um modelo incriminador. 
Ex: o tipo penal do art. 121 do CP tem como 
elementos: matar e alguém. Assim, se o agente 
desfere facadas num cadáver, com o dolo de matar, 
não poderá ser responsabilizado por crime, uma vez 
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que o tipo penal exige que a vítima esteja com vida, 
quando da conduta do autor. 
 
Formas de adequação típica - São dois os modos de 
adequação do fato humano a um modelo 
incriminador: 
1. Adequação típica por subordinação direta ou 
imediata - Ocorre quando o fato se amolda 
diretamente ao tipo incriminador, não havendo 
necessidade do uso de qualquer mecanismo de 
adequação. Vale dizer, o fato realizado pelo sujeito 
encontra um modelo legal que descreve a sua 
conduta: Caio efetua disparos de arma de fogo contra 
Tício, matando-o o fato se amolda de forma direta ou 
imediata no tipo do art. 121 do CPB. 
Para se afirmar que o fato se enquadra de forma 
direta no modelo legal, é necessário não só a 
adequação ao elemento objetivo, mas também ao 
elemento subjetivo (dolo ou culpa). Caio mata Tício, 
com vontade de matar. 
2. Adequação típica por subordinação indireta ou 
mediata - Ocorre quando o fato não se amolda 
diretamente ao tipo incriminador, necessitando se 
fazer uso de uma norma de adequação. Num 
primeiro momento se verifica qee o fato não se 
encontra descrito na Lei Penal, mas a tipicidade se 
materializa através de uma outra norma. 
Exemplo de adequação por subordinação indireta é o 
da tentativa: Caio causa ferimentos em Tício quando 
queria matá-lo. Como a tentativa não vem descrita 
em tipos autônomos, se poderia dizer que o fato é 
atípico – não é lesão corporal e nem homicídio. 
Entretanto, nesta hipótese a conduta de Caio é típica 
por força da norma de adequação por ampliação do 
art. 14, II do CPB. 
O mesmo se aplica nos casos de participação – o art. 
29 do CPB. Suponha-se que Mévia, desejando matar 
seu marido Caio, pede emprestada a arma de fogo de 
Tício, ciente este de que a arma se destina ao 
cometimento de um ilícito. Dias após, Mévia realiza o 
crime. A conduta de Mévia se amolda diretamente 
ao tipo incriminador do art. 121 CPB, matar alguém. A 
conduta de Tício, todavia, não encontra um modelo 
incriminador na lei. Entretanto, Tício também 
responderá por homicídio, eis que sua conduta vai se 
amoldar de forma indireta ou mediata no tipo do art. 
121, através da norma de adequação do art. 29, do 
mesmo código. 
 
ATIPICIDADE -Se tipicidade é adequação do fato 
concreto ao tipo, a atipicidade é o inverso: o fato 
humano nãose adequa a determinado tipo, ou não 
se adequa a tipo algum. 
a) Atipicidade absoluta (ou específica) – ocorre 
quando, analisado o fato que seria típico num 
determinado modelo incriminador, verifica-se que 
nele falta algum elemento (objetivo ou subjetivo), 
fundamental à tipicidade, de modo que sem esse 
elemento não se pode concluir pela tipicidade. 
Exemplo da atipicidade absoluta é a hipótese relativa 
ao delito do art. 316 do CPB. Um dos elementos do 
crime de concussão é a qualidade do agente de 
funcionário público. Retirado esse elemento, essa 
qualidade do sujeito ativo, tem-se a atipicidade 
absoluta, eis que o fato não vai se amoldar em 
qualquer outro tipo incriminador. 
b) Atipicidade relativa – ocorre quando no fato 
concreto verifica-se a ausência de um dos elementos, 
não se amoldando o fato em determinado tipo 
incriminador, mas sim em outro tipo penal. 
Exemplo clássico é a hipótese relativa ao delito de 
peculato, art. 312. O tipo exige que o sujeito ativo 
seja funcionário público. Faltando essa qualidade ao 
agente o fato não se amolda no referido tipo, mas vai 
se enquadrar no tipo do art. 168, do mesmo codex. 
 
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA 
 
 Indispensabilidade do resultado – STJ: “A 
culpabilidade (sentido de reprovabilidade) é 
elemento constitutivo da infração (doutrinariamente 
há quem sustente ser pressuposto da pena). Admite 
intensidade. Crime mais grave reclama a sanção mais 
severa. Também o legislador fica vinculado porque a 
pena é medida político-jurídica da resposta ao agente 
do delito” (RSTJ 87/387). 
 
 Resultado – TJSP: “No regime do Código Penal 
atual, que não distingue entre causa e condição, o 
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resultado é o termo final de uma cadeia de condições 
sucessivas ou concomitantes. Aquele que concorre 
com uma dessas condições, sob a forma de ação ou 
omissão, reputa-se por ter produzido o resultado, 
desde que, sem ele, este não pudesse ocorrer” (RT 
387/82). 
 
 Aplicação do princípio da insignificância em lesão 
corporal – STJ: “Indiscutível a insignificância da lesão 
corporal consequente de acidente de trânsito 
atribuído a culpa da mãe da pequena vítima, cabe 
trancar-se a ação por falta de justas causas. 
Precedentes do tribunal” RSTJ 59/107 e RT 705/381). 
TARS: “Pequenas contusões que não deixam vestígios 
externos no corpo da vítima, decorrentes de 
acidentes automobilísticos, provocando apenas dor 
momentânea, não possuem dignidade penal, 
permanecendo aquém do indispensável para 
justificar uma sanção criminal” (JTAERGS 87/112). 
 
 O princípio da insignificância e a Lei de Tóxicos – 
TJRS: “Somente uma quantidade de maconha 
totalmente inexpressiva, incapaz inclusive de permitir 
o 'prazer de fumar', poderá ter o condão de tornar 
atípica a ação de seu portador. A parcela de maconha 
capaz de possibilitar a confecção de um 'fininho' não 
pode, entretanto, ser tida como penalmente 
irrelevante. Recurso ministerial provido, a fim de ser 
recebida a denúncia” (RJTJERGS 133/44). 
 
 Concausas preexistentes. Não excluem o nexo 
causal – TACRIM-SP: “Não afastou a causalidade o 
fato de ser a vítima portadora do vírus HIV, pois, 
ainda que causa preexistente, não a levou, naquele 
instante, ao óbito. Possivelmente a presença do vírus 
tenha atuado para tornar inócua, ou restringir, 
sobremaneira, o efeito, a ministração de antibiótico, 
mas já as infecções vinham na linha de causação do 
traumatismo” (RJD 28/126). 
 
 Concausas preexistentes. Excluem o nexo causal 
– TJSP: “Se a morte da vítima decorreu das suas 
condições pessoais, pois era cardíaca, circunstância 
ignorada pelo réu, não a tendo atingido os tiros 
desfechados por este, responde ele por tentativa e 
não por homicídio consumado” (RT 405/128). 
 
 Inexistência de nexo causal em suicídio – TJSP: 
“Não se podendo afirmar o nexo de causalidade 
existente entre o suicídio da vítima e o ato da 
autoridade policial determinando o seu recolhimento 
devido ao estado de embriaguez, não há 
responsabilizá-lo por homicídio doloso” (RT 700/322). 
 
 Relevância penal da omissão – STJ: “Nos crimes 
comissivos por omissão, o não-impedimento do 
resultado é equiparado à causação. Só tem relevância 
penal, pois, a omissão de providência com virtude de 
impedir o resultado, por quem podia e devia agir 
nesse sentido, a teor do disposto no art. 13 § 2º, do 
Código Penal” (RSTJ 30/355-6). 
 
 Dever de vigilância no pátrio poder – TACRSP: “A 
conduta da mãe, que deixa seus filhos menores 
sozinhos em casa para ir à residência de uma vizinha 
por alguns momentos, não pode ser erigida como 
negligente se, em decorrência de um acidente 
doméstico, uma das crianças vem a falecer, vez que 
não há como se exercer, ininterruptamente, o dever 
de vigilância, decorrente do pátrio poder, pois 
qualquer distração pode ensejar resultados 
lamentáveis, sendo certo que, mesmo que se admita 
sua culpa por conduta omissiva, seria o caso de 
aplicar-se o perdão judicial” (RJDTACRIM 28/278). 
 
 inexistência do dever de agir – TACRSP: “Estando 
a obra sob cuidados e responsabilidade de 
engenheiro credenciado e contratado, não há que se 
falar em obrigação ou dever dos proprietários do 
imóvel em fiscalizar os trabalhos, dar proteção aos 
operários ou até mesmo acompanhar os contratos 
subsequentes elaborados elo engenheiro contratado. 
Não há, pois, por parte dos proprietários, qualquer 
culpa por lesões corporais sofridas pelos empregados 
contratados pelo responsável pela obra” (RT 
729/561). 
 
 
SUJEITOS DO DELITO 
Ativo – é aquele que pratica a conduta descrita na 
norma penal incriminadora. Só o homem (gênero) 
pode ser sujeito ativo, porque só ele é capaz de 
realizar a conduta. 
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É de se observar que o sujeito ativo é quem de 
qualquer forma realiza o crime, seja, portanto, na 
condição de autor, seja na condição de partícipe. 
Os fatos típicos podem ser realizados por qualquer 
pessoa. Existem, todavia, crimes em que a autoria 
está limitada a determinadas pessoas que 
apresentam certas qualidades jurídicas ou de fato, ou 
que se achem em situações especiais. Chama-se 
comuns (delicta communia), os crimes que podem ser 
praticados por qualquer pessoa. Denominam-se 
especiais ou próprios (delicta própria), aqueles crimes 
que só podem ser praticados por determinadas 
pessoas. 
As qualidades e situações relativas ao sujeito ativo 
nos crimes denominados próprios, podem ser de fato 
ou jurídica. 
As qualidades ou situações de fato podem se naturais 
ou sociais. Como exemplo de qualidade natural, cita-
se o delito de auto-aborto (art. 124 CP), que só pode 
ser praticado por mulher, citando-se também o delito 
de sedução (art. 217) (revogado do CPB em 2005), 
que só pode ser praticado por homem. Mulher e 
homem são qualidades naturais. Como exemplo de 
situações sociais relativas ao agente tem-se o art. 133 
do CP – “autoridade”, e o art. 154 – “ofício ou 
profissão”. 
Como exemplo de qualidade jurídica relativamente 
ao sujeito ativo, cita-re o conceito de funcionário 
público do art. 327. 
É de se observar que a qualidade do sujeito ativo 
exigida pela lei deve estar presente no momento da 
ação, e o agente deve ter consciência dessa 
qualidade. 
É de se destacar, ainda, os crimes de “mão própria”, 
nos quais somente o sujeito ativo deve realizar a ação 
típica, não podendo utilizar um terceiro naprática do 
crime. Exemplo deste delito é o falso testemunho – 
342 do CPB. 
 
Passivo – é o titular do interesse que sofre a 
conseqüência lesiva da conduta punível. 
a) Sujeito passivo formal: é o Estado enquanto titular 
do direito subjetivo à observância dos preceitos 
penais. 
Sujeito passivo material: é o titular do bem jurídico 
penalmente tutelado que sofre de forma direta a 
lesão decorrente da prática delituosa. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES 
 
Comuns = podem ser praticados por qualquer pessoa; 
Próprios = exigem do sujeito ativo uma condição 
particular. Ex.: funcionário público; gestante; 
Mão própria ou atuação pessoal = aqueles que só 
podem ser praticados pelo sujeito em pessoa. Não 
admitem co-autoria, somente participação. Ex.: falso 
testemunho (art. 342, CPB); 
Dano = consumam-se com a efetiva lesão do bem 
jurídico tutelado; 
Perigo = consumam-se só com a possibilidade de 
dano. Ex.: omissão de socorro (art. 135, CPB; incêndio 
(art. 250, CPB); 
Materiais = aqueles que causam uma modificação no 
mundo externo (resultado). Ex.: homicídio (art. 121, 
CPB); 
Formais ou de consumação antecipada = o tipo 
descreve um comportamento e o resultado, mas não 
há necessidade da produção deste para efeito de 
consumação. Ex.: extorsão mediante seqüestro (art. 
159, CPB); 
Mera conduta: não há resultado, a lei descreve, tão 
somente, o comportamento do agente. Ex.: violação 
de domicílio (art. 150, CPB); 
Comissivos = aqueles praticados através de uma ação 
(comportamento positivo); 
Omissivos = aqueles praticados através de uma 
inação (comportamento negativo); 
Comissivos por omissão ou omissivos impróprios = 
aqueles em que o sujeito, mediante uma inação 
(omissão), permite a produção do resultado. Em 
regra, a simples omissão não constitui crime. Porém, 
em determinados casos, aplica-se o disposto no art. 
13, § 2º do CPB; 
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Conduta mista = fase inicial positiva e omissão na 
fase final. Ex.: apropriação de coisa achada (art. 169, 
p.u., II, CPB); 
Instantâneos = aqueles que se completam em um só 
momento; não há continuidade temporal; 
Permanentes = aqueles em que a situação de dano 
ou de perigo se prolonga no tempo. Ex.: seqüestro 
(art. 148, CPB); 
Instantâneos de efeitos permanentes = caracterizam-
se pela índole duradoura de suas conseqüências; a 
permanência dos efeitos independe da vontade do 
agente. Ex.: furto (art. 155, CPB), homicídio (art. 121, 
CPB); 
Habituais = aqueles caracterizados pela reiteração da 
mesma conduta reprovável, constituindo-se em um 
estilo ou hábito de vida. Ex.: curandeirismo (art. 284, 
CPB); 
Profissionais = quando, no crime habitual, há 
intenção de lucro; 
Acessórios = pressupõem a existência de um outro 
crime. Ex.: receptação (art. 180,CPB), favorecimento 
pessoal (art. 348, CPB); 
Simples = constituídos de tipo penal único; 
Complexos = reunião de dois ou mais tipos penais, 
constituindo outro, como elementares. Ex.: extorsão 
mediante seqüestro (art. 150, CPB); um delito integra 
o outro, funcionando como circunstância 
qualificadora. Ex.: 157, § 3º, final do CPB – homicídio 
qualificando o crime de roubo – latrocínio; 
Condicionados = tem a punibilidade condicionada a 
um fato exterior e posterior à consumação do crime 
(condição objetiva de punibilidade). Ex.: casos de 
extraterritorialidade condicionada (art. 7º, § 2º do 
CPB); 
Progressivos = para alcançar-se a produção de um 
resultado mais grave, passa-se por outro de menor 
gravidade. Ex.: homicídio (antes do resultado morte 
há lesões ou lesão à integridade física da vítima); 
Subsidiários - aqueles que só se aplicam ante a 
existência de crime mais grave. Ex.: perigo para a vida 
ou a saúde de outrem (art. 132, CPB); 
Multitudinários = praticados por multidão em 
tumulto. Constitui circunstância atenuante (art. 65, 
III, e, CPB, ou agravante. Art. 62, I); 
Unissubsistentes = se realizam em um só ato; não se 
podem fracionar no tempo e não admitem tentativa; 
Plurissubsistente = aqueles que se perfazem em 
vários atos; podem ser fracionados no tempo; 
Exauridos = aqueles que depois de consumados, 
atingem as últimas conseqüências. Ex.: corrupção 
passiva (art. 317, CB); 
Unissubjetivos = praticados por uma só pessoa; 
Concurso necessário= existem mais de um sujeito 
ativo. Dividem-se em coletivos (convergência ou 
plurissubjetivos) e bilaterais ou de encontro; 
Plurissubjetivos = há concurso de várias pessoas. Ex.: 
quadrilha ou bando (art. 288, CPB); 
Bilaterais = exigem o concurso de duas pessoas, 
mesmo que uma delas não seja culpável. Ex.: bigamia 
(art. 235, CPB), adultério (art. 240, CPB); 
Concurso eventual = aqueles que necessitam de uma 
só pessoa para sua prática, mas, eventualmente, 
podem ser cometidos por mais de uma. Art. 29, CPB; 
Continuado = trata-se de concurso de crimes. Art. 71 
do CPB; 
Putativo = o sujeito supõe que sua conduta é 
criminosa, quando, na verdade, constitui-se em fato 
atípico; 
Vagos = aqueles que têm como sujeito passivo 
entidades desprovidas de personalidade jurídica. 
Família, coletividade. Ato obsceno (art. 233, CPB); 
Conteúdo variado ou de ação múltipla = o tipo faz 
referência a várias modalidades de ação. Ex.: 
induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (art. 
122, CPB); 
Forma livre = podem ser cometidos por qualquer 
meio. EX.: homicídio; 
Forma vinculada = quando a lei, de forma 
particularizada, descreve a atividade do agente. Ex.: 
curandeirismo (art. 284, CPB); 
Transeuntes = aqueles que não deixam vestígios; 
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Não-transeuntes = aqueles que deixam vestígios; 
Atentado ou de empreendimento = aqueles cuja 
pena aplicada à tentativa é a mesma do delito 
consumado. Ex.: evasão mediante violência contra a 
pessoa (art. 352, CPB). 
 
 
CRIME CONSUMADO E CRIME TENTADO – art. 14, I e 
II do CPB 
 
Iter criminis 
 
 Iter é o caminho percorrido pelo agente na 
obtenção da meta perseguida. Se o agente, ao iniciar 
o percurso do iter criminis, não alcançar sua meta, 
diz-se que o crime foi tentado, ou seja, não ocorreu a 
consumação. 
 Se o agente, passanto pela fase de cognição, 
preparar, executar o ato e alcançar seu objetivo, diz-
se que o crime foi consumado. Dependendo do tipo 
penal, pode ocorrer, após a consumação, o 
exaurimento do crime, como no caso do crime de 
corrupção passiva (CP, art. 317), em que o agente 
consuma o delito ao solicitar a vantagem indevida e o 
exaure, se ocorrer o recebimento de tal vantagem. 
 Importante salientar que a fase preparatória, 
impunível como regra, pode levar à sanção do 
agente, desde que a mesma se constitua, de per si, 
em ilícito penal. Tome-se como exemplo o caso do 
agente que, momentos antes de abater a vítima a 
tiros, é interceptado por agentes policiais que 
tomaram conhecimento do plano de homicídio. Preso 
antes mesmo de sacar sua arma de fogo, não 
responderá por tentativa de homicídio, uma vez que 
não iniciou a execução do crime, mas será 
responsabilizado por porte ilegal de arma. 
FASES DO CRIME 
1ª – Cogitação (cognição) 
2ª – Preparação 
3ª – Execução 
4ª – Consumação 
* Exaurimento. 
 
Consumação nos Diversos Tipos de Crimes 
 Crimes materiais – ocorre com o resultado; 
 Crimes formais – é dispensável o resultado 
naturalístico; 
 Crimes de mera conduta – se dá com o atuardo 
agente; 
 Crimes permanentes – se protrai no tempo 
dependentemente da vontade do agente; 
 Crimes complexos – quando ocorrer a 
consumação de todos os delitos componentes; 
 Crimes habituais – se verifica quando ocorrer a 
reiteração do ato definido como crime; 
 Crimes culposos – surge somente com o 
resultado; 
 Crimes omissivos próprios – ocorre no momento 
e no local em que o sujeito devia agir, mas não o fez; 
 Crimes omissivos impróprios – se dá com o 
resultado, e não com a simples inércia do sujeito. 
 
Inadmissibilidade da tentativa - Inicia o parágrafo 
único do art. 14 com a expressão “salvo disposição 
em contrário”, significando dizer que, em certas 
infrações, a tentativa já configura a consumação do 
delito, como, por exemplo, o crime previsto no art. 
352. 
Também não admitem a tentativa os crimes ditos 
unissubsistentes (aqueles que se praticam num só 
ato), isto porque não se pode fracionar o processo de 
execução – ex.: injúria verbal – art. 140. 
 
 Tentativa perfeita: quando a fase de execução 
é integralmente realizada pelo agente, mas o 
resultado não se verifica por circunstâncias alheias à 
sua vontade, diz-se que há tentativa perfeita ou 
crime falho. 
 
 Tentativa imperfeita: quando o processo 
executório é interrompido por circunstâncias alheias 
à vontade do agente, fala-se em tentativa imperfeita 
ou tentativa propriamente dita; 
 
Crime impossível (quase-crime) – art. 17 CPB - Não se 
trata de causa de isenção de pena, mas de causa 
geradora de atipicidade, pois não se concebe queira o 
tipo incriminador descrever como crime uma ação 
impossível de se realizar. 
 
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 Ineficácia absoluta do meio – o meio empregado 
ou o instrumento utilizado para execução jamais o 
levarão à consumação. Ex.: palito de dente para 
matar adulto. Se relativa a ineficácia, levará a 
tentativa. Ex.: palito de dente na moleira de um 
recém nascido. 
 
 Impropriedade absoluta do objeto material – A 
pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta é 
absolutamente inidônea para a produção de algum 
resultado lesivo. Ex.: matar cadáver. Se relativa a 
impropriedade, responde por tentativa. Ex.: pivete 
enfia a mão no bolso errado para pegar dinheiro, não 
logrando êxito, vez que o objeto material está no 
outro bolso. 
 
 
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA 
 
 Consumação em crime formal – STF: “Concussão. 
Crime de natureza formal. Consuma-se pela simples 
exigência da vantagem indevida” (RTJ 71/651). TJPS: 
“A concussão é delito eminentemente formal: 
consuma-se com o simples fato da exigência da 
indébita vantagem” (RT 483/287). 
 
 Crime exaurido – STF: “A efetiva obtenção da 
vantagem econômica, que motivou a ação delituosa 
do agente, constitui mero exaurimento do crime de 
extorsão. A natureza do delito de extorsão dispensa, 
para efeito de configuração do seu momento 
consumativo, a ilícita obtenção, pelo agente ou por 
terceira pessoa, da vantagem patrimonial indevida. 
Precedentes jurisprudenciais. Magistério da doutrina” 
(DJU de 23-4-1993, p. 6.919). 
 
 Cogitação, ato preparatório e ato de execução– 
STJ: “Calúnia. Cogitação que não se transformou em 
ato. É atípico e penalmente irrelevante o plano com 
escopo de caluniar alguém, abortado ainda em fase 
de execução” (EJSTJ 32/23). TJSP: “Ato executivo (ou 
de tentativa) é o que ataca efetiva ou imediatamente 
o bem jurídico. Ato preparatório é o que possibilita, 
mas não é ainda, sob o prisma objetivo, o ataque ao 
bem jurídico. A mera cogitatio não basta para 
configurar o conatus” (RT 605/287). TJPS: ”Se os 
atos praticados pelo agente foram meramente 
preparatórios, não chegaram à iniciativa da execução 
do crime que lhe é atribuído, são atípicos e, portanto, 
insusceptíveis de sanção penal” (RT 464/325). 
 
 Inexistência de atos de execução – TACRSP: 
“Inocorre crime de furto, por atipicidade de conduta, 
quando a ação do agente não ultrapassa a 
preparação, uma vez que não teve tempo de praticar 
o primeiro ato idôneo do início da execução, sendo 
certo que nem a cogitação do delito nem os atos 
preparatórios são puníveis, a teor do art. 14, II, do 
CP” (RJTACRIM 53/107). 
 
 Necessidade de atos inequívocos (dolo) – TJSP: 
“A tentativa de morte exige para o seu 
reconhecimento atos inequívocos da intenção 
homicida do agente. Não basta, para configurá-la, o 
disparo de arma de fogo e a ocorrência de lesões 
corporais no ofendido, principalmente quando o réu 
não foi impedido de prosseguir na agressão e dela 
desistiu” (RT 458/344). 
 
 Redução da pena pelo iter criminis percorrido – 
STF: “A fixação do percentual incidente no caso 
concreto, tendo em vista causa de diminuição da 
pena – tentativa – não se faz aleatoriamente. Há de 
ser levado em conta o iter criminis, ou seja, os atos 
que chegaram a ser praticados pelo agente” (HC 
69.342-3 – DJU de 21-8-1992, p. 12.784). STJ: “A 
diminuição referente à tentativa deve guardar 
compatibilidade do iter criminis” (RSTJ 123/422). 
 
 Distinção entre crime impossível e tentativa – 
TACRSP: “No crime impossível, enquanto se 
desenrola a ação do agente, ela não sofre 
interferência alheia, ao passo que, na tentativa, quase 
sempre a ação é interrompida por injução externa. 
Nesta, também, o resultado delituoso é sempre 
possível, porque os meios empregados são, por sua 
natureza, idôneos, e o objeto contra o qual dirigiu sua 
conduta é 'um bem jurídico suscetível de sofrer lesão 
ou perigo de lesão', ao passo que, naquele, o 
emprego de meios ineficazes ou o ataque a objetos 
impróprios, isto é, a bens jurídicos que não 
comportam ofensa ou perigo de ofensa, inviabiliza o 
resultado delituoso” (RJDTACRIM 8/100). 
 
 Crime impossível no homicídio – STF: “Constitui 
crime impossível a tentativa de homicídio cometida 
Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho 
 
 
Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho 
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com revólver descarregado” (RT 568/329). TJSP: 
“Estando o revólver empunhado pelo réu 
desmuniciado, com todas as balas já deflagradas, 
absolutamente ineficaz o seu uso para a prática do 
homicídio. Tem-se, na espécie, pois, autêntica 
tentativa impossível” (RT 514/336). 
 
 Crime impossível no homicídio. Não 
caracterização – TJSP: “Não há falar em crime 
impossível, sob o argumento de ter o agente 
desfechado vários golpes de faca na vítima quando 
esta já estava morta, pelas facadas desferidas pelos 
seus comparsas. O certo é que descabe separar as 
investidas para saber qual dos golpes produziu a 
morte, devendo ser reconhecido, in casu, a 
qualificadora, por meio cruel” (RT 817/551). 
 
 Crime impossível no estupro – TJSC: “Tendo a 
vítima declarado que o crime de estupro só não se 
consumou porque o réu não 'teve potência', ou seja, 
não houve ereção, resta enquadrada a conduta do 
art. 17 do Código Penal, crime impossível por 
absoluta ineficácia do meio, isentando-o, assim, de 
pena” (JCAT 101/466). 
 
 
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO (art. 18, I e II, 
CPB) 
 
Crime Doloso 
 
DOLO é a vontade de concretizar as características 
objetivas do tipo; constitui elemento subjetivo do 
tipo (implícito). 
 
Elementos do dolo: presentes os requisitos da 
consciência e da vontade, o dolo possui os seguintes 
elementos: 
 
a) consciência da conduta e do resultado; 
b) consciência da relação causal objetiva entre a 
conduta e o resultado; 
c) vontade de realizar a conduta e produzir o 
resultado. 
 
O dolo caracteriza-se

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