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Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 1 DIREITO PENAL I PARTE GERAL Preparação e Atualização Jurídica Professor Msc. João Batista do Nascimento Filho Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 2 DIREITO PENAL – PARTE GERAL Conceito de Direito Penal: é o ramo do direito público que trata do estudo das normas que ligam o crime a pena, disciplinando as relações jurídicas daí resultantes. Poderíamos defini-lo também como o conjunto de leis que pretende tutelar bens jurídicos, cuja violação denomina-se crime e importa uma coerção jurídica particularmente grave, cuja imposição propõe-se a evitar que o autor cometa novas violações. Função: Segurança jurídica - conjunto de condições externas que criam o sentimento de certeza acerca da disponibilidade de tudo o que se necessita para realizar a coexistência. objetivo: existência e eficácia de regras e organismos de proteção aos direitos do cidadão. subjetivo: sentimento pessoal de proteção. infração penal, ou crime: a mais séria violação da segurança jurídica. Fundamento: Necessidade de proteção de bens jurídicos evitando a infração penal. Conteúdo do Direito Penal: enumera os crime, estabelece as penas, analisa o delinqüente e as situações daí decorrentes. Código Penal: data de 1940 (Decreto-lei 2.848) com uma alteração substancial em 1984 (Lei 7.209) e contém a maioria das lei penais, divide-se em parte geral. (princípios gerais) e parte especial (enumera os crimes). Fontes do Direito Penal: A fonte que produz o direito e o Estado é a fonte material. Única fonte imediata do Direito Penal: A lei, pois não há crime e nem pena sem prévia cominação legal (Princípio da Legalidade) Fontes Mediatas: a) Costumes: regra de conduta de prática geral, constante e uniforme. b) Eqüidade: Correspondência jurídica e ética perfeita da norma às circunstâncias do caso concreto a que é aplicada. c) Princípios Gerais do Direito: São eles a legalidade, a moralidade, a isonomia, etc. d) Analogia: Não pode ser aplicada para prejudicar, só em benefício do acusado (in bonam partem). Ainda temos a doutrina, a jurisprudência e os tratados e convenções, que muito interessam e ajudam na interpretação e aplicação do direito. Finalidade do Direito Penal: Algumas doutrinas se apresentam tentando explicar a finalidade da pena e do direito penal são elas: - teoria absoluta: pune-se porque pecou (punitiva). - teoria utilitária ou relativa:pune-se para que não peque (educativa) - teoria mista: pune-se porque pecou e para que não peque (punitiva / educativa). Interpretação e Aplicação da Lei Penal: - Analogia: É vedado ao juiz a utilização da analogia para punir alguém, porém é permitida a aplicação desta “in bonam partem”. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 1. Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal (CF, art. 5°, XXXIX; CP, art. 1°) “Não há crime sem lei que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal” - "Nullum crimen nulla poena sine praevia lege"(CP - art. 1°). Tal princípio assegura que ninguém seja punido por fato atípico. Típico é o fato que se molda à conduta descrita na lei penal. Daí decorre que o conjunto de normas penais incriminadoras é taxativo e não exemplificativo. Este princípio tem significado político por ser uma garantia constitucional dos direitos do homem. Tal garantia não consiste em se fazer tudo o que se quer, mas tão-somente aquilo permitido por lei. Somente a lei fixa as limitações que destacam a atividade criminosa da atividade legítima. O preceito contido no art. 1° do CP descreve que não há crime sem que, antes de sua prática, haja uma lei Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 3 que lhe faça a descrição como fato punível. Por outro lado, não se pode falar em aplicação de uma pena sem que a lei anterior a contenha. Depreende-se como lícita qualquer conduta que não esteja definida em lei penal incriminadora. São dois os princípios contidos no art.1° do CP: 1° - Princípio da legalidade (ou reserva legal): não há crime sem lei que o defina; não há pena sem cominação legal. 2° - Princípio da anterioridade: não há crime sem lei “anterior” que o defina; não há pena sem “prévia” cominação legal. CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO Como regra, temos que a lei entra em vigor e, até que cesse sua vigência, rege todos os fatos abrangidos por sua destinação. Temos então que tal lei não atinge fatos ocorridos antes ou depois dos limites extremos, ou seja, sua entrada em vigor e sua revogação: não retroage nem tem ultra-atividade. 1. Princípio tempus regit actum. Aquele que rege a aplicação da lei penal no tempo. Tem-se que a lei penal incide sobre fatos ocorridos durante sua vigência. Casos a discutir: 1. um crime é iniciado na vigência de uma lei e é consumado sob a de outra 2. o agente pratica um ato criminoso sob a vigência de uma lei e a sentença condenatória é proferida sob a de outra, que comina pena mais severa ou benéfica em relação à primeira. 3. durante a execução de uma pena, surge lei nova, regulando o mesmo fato e determinando sanção mais benéfica. Como resolver tais conflitos? A regra que resolve a questão é a da irretroatividade da lei penal. É óbvio que, sem lei anterior, não há crime e, portanto, a lei não pode retroagir para alcançar fatos ocorridos antes de sua vigência e considerados lícitos. O princípio da irretroatividade, todavia, vige somente em relação à lei mais severa. São dois os princípios regentes sobre tais conflitos: 1. Princípio da irretroatividade da lei mais severa 2. Princípio da retroatividade da lei mais benigna. Ultratividade: qualidade da lei pela qual tem eficácia mesmo depois de cessada a sua vigência. HIPÓTESES DE CONFLITOS Novatio legis incriminadora: a lei posterior cria um tipo até então inexistente no ordenamento jurídico. Novatio legis in pejus: a lei posterior que, de qualquer modo, cria situação mais rigorosa ou severa para o autor de um tipo já existente. Novatio legis in mellius: a lei posterior atenua a situação jurídica do autor Abolitio criminis: a lei posterior deixa de considerar como fato típico a conduta anteriormente tipificada. 2. Princípio da proibição da analogia “in malam partem” - corolário da legalidade, proíbe a adequação típica “por semelhança” 3. Princípio da anterioridade da lei - Previsto no art.1° da Constituição Federal: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Para que haja crime e se imponha a pena, é preciso que o fato tenha sido cometido depois de a lei entrar em vigor. 4. Princípio da irretroatividade da lei penal mais severa - CF, art. 5°, XL; CP, art. 2° e parágrafo único: a lei posterior mais severa é irretroativa; a posterior mais benéfica é retroativa; a anterior mais benéfica é ultra-ativa. 5. Princípio da fragmentariedade - É fragmentário porque o Direito Penal não protege todos os bens jurídicos de violações, só os mais importantes. E, dentre estes, não os tutela de todasas lesões: intervém somente nos casos de maior gravidade, protegendo um fragmento dos interesses jurídicos. 6. Princípio da intervenção mínima - O Estado só deve intervir, através do Direito Penal, quando os outros ramos do Direito não conseguirem prevenir a Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 4 conduta ilícita. Visa a evitar a definição desnecessária de crimes e a imposição de penas injustas. 7. Princípio da lesividade - O Direito Penal só deve ser aplicado quando a conduta lesiona um bem jurídico, não sendo suficiente que seja imoral ou pecaminosa (vide art. 98, I, CF). 8. Princípio da insignificância - Recomenda que o Direito Penal, pela adequação típica, somente intervenha nos casos de lesão jurídica de certa gravidade, reconhecendo a atipicidade do fato nas hipóteses de perturbações jurídicas mais leves. É ligado aos chamados “crimes de bagatela”. 9. Princípio da culpabilidade - Não há delito sem que o autor tenha a possibilidade exigível de conduzir-se conforme o direito. nullum crimen sine culpa. O juízo de reprovabilidade (culpabilidade), elaborado pelo juiz, recai sobre o sujeito imputável que, podendo agir de maneira diversa, tinha condições de alcançar o conhecimento da ilicitude do fato.O juízo de culpabilidade serve de fundamento e medida da pena. A responsabilidade penal objetiva é repudiada (aplicação da pena sem dolo, culpa e culpabilidade). 10. Princípio da Humanidade - O réu deve ser tratado como pessoa humana, ex vi dos seguintes dispositivos, todos da CF: art. 1°, III, 5°, III, XLVI e LXIV; deve ser observado antes do processo (art. 5°, LXI, LXII, LXIII e LXIV; durante o processo (art. 5°, LIII, LIV, LV, LVI e LVII) e na execução da pena (proibição de penas degradantes, cruéis, de trabalhos forçados, de banimento e da sanção capital - art. 5°, XLVII, XLVIII, XLIX e L). 11. Princípio da proporcionalidade da pena - Chamado também “princípio da proibição de excesso”, determina que a pena não pode ser superior ao grau de responsabilidade pela prática do fato. A pena deve ser medida pela culpabilidade do autor. A culpabilidade é a medida da pena. 11. Princípio do estado de inocência - conhecido também como “princípio da presunção de inocência”, está previsto no art. 5°, LVII da CF: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Somente depois de a condenação transitar em julgado é que podem ser impostas medidas próprias da fase de execução. 12. Princípio da igualdade - CF, art. 1°, caput: “Todos são iguais perante a lei”. 13. Princípio do “ne bis in idem“ - Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. Possui duplo significado: 1) penal material: ninguém pode sofrer duas penas em face do mesmo crime; 2) processual: ninguém pode ser processado e julgado duas vezes pelo mesmo fato. (vide art. 7°, II, § 1°) JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA Princípio da anterioridade da lei penal - STF: "Penal. Habeas corpus. Princípio da anterioridade da lei. Desrespeito. Ação penal. Trancamento. O princípio do nullun crimen, nulla poena sine praevia lege, inscrito no art. 5º, XXXIX da Carta Magna, e no art. 1º do Código Penal, consubstancia uma das colunas centrais do Direito Penal nos países democráticos, não se admitindo qualquer tolerância sob o argumento de que o fato imputado ao denunciado pode eventualmente ser enquadrado em outra regra penal. Se ao réu imputa-se um fato que somente em lei posterior veio a ser definido como crime, a denúncia não tem vitalidade por ferir o princípio da anterioridade, impondo-se o trancamento da ação penal. Recurso ordinário provido. Habeas corpus concedido" (RHC, 8.171-CE – DJU 5-4-1999, P. 153). Princípio da irretroatividade da lei mais severa quanto a crimes - TJSC: "Princípio da retroatividade da Lei Penal. Lei de regência. Não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal. A lei posterior só retroagirá se for para beneficiar o réu, descabendo sua aplicação a fatos anteriores não típicos a lei de regência de então, porque as disposições mais severas da lei nova não se aplicam a fatos praticados anteriormente a sua vigência" (JCAT 75/530). Princípio da legalidade - "O princípio da reserva legal não é mero favor que se faz ao réu. Ele existe como expressão de uma realidade: é moralmente inaceitável apenar-se alguém por uma conduta que era lícita ao ensejo de sua prática. Logo, ou bem a conduta é punível por isso, que corresponde ao previsto na lei, ou não o é" (TACRIM-SP – Ver. – Voto vencedor: Adauto Suannes – JUTACRIM 70/26). Princípio da culpabilidade - "Em sede de direito penal não se admite a incidência da responsabilidade objetiva, em consonância com o princípio expresso no brocardo latino nullum crimen, nulla poena sine Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 5 culpa. A ocorrência da morte de um rurícola, provocada pelo ataque de uma rês brava que se desgarrou de uma boiada conduzida por vaqueiros por estrada rural, consubstancia lamentável acidente da natureza, sem qualquer repercussão na justiça criminal" (STJ - 6ª T. – Relator Vicente Leal – RHC 8.599 – j. 18.10.1999 - DJU 16.11.1999, p. 228). Princípio da lesividade ou da ofensabilidade - "O ingresso de mercadorias estrangeiras em quantidade ínfima por pessoas excluídas do mercado de trabalho que se dedicam ao ΄comércio formiga΄ não tem repercussão na seara penal, à míngua de efetiva lesão do bem jurídico tutelado, enquadrando-se à hipótese no princípio da insignificância" (STJ - 6ª T. – Relator Vicente Leal – REsp. 234.275 – j. 14.03.2000 - DJU 10.04.2000, p. 142). Princípio da taxatividade - "Em Direito Penal, o princípio da reserva legal exige que os textos legais sejam interpretados sem ampliações ou equiparações por analogias, salvo quando in bonam partem. Ainda vige o aforismo poenalia sunt retringenda, ou seja, interpretam-se estritamente as disposições cominadoras de pena" (RT 594/355). Princípio da insignificância - "A intervenção punitiva do Estado só se justifica quando está em causa um bem ou um valor social importante. Assim, devem-se excluir do sistema penal a chamada criminalidade de bagatela e os Rel. César Ribeiro – j. 28.04.1999 – DJU 04.06.1999, p. 316). VIGÊNCIA E REVOGAÇÃO DA LEI PENAL Salvo a hipótese de lei temporária – art. 3º do CP, a lei é editada para vigorar por tempo indeterminado. Entretanto, como ocorre em relação a tudo e a todos, a lei nasce, vive e morre. Chama-se promulgação o ato do Chefe do Executivo que declara a existência da lei e ordena a sua execução. Segue-se a publicação, autêntica certidão de nascimento da lei. A publicação não significa necessariamente a entrada em vigor. Pode o texto da lei expressante especificar a vigência (esta lei entrará em vigor na data de sua publicação). Pode, todavia, não especificar, verificando-se, então a chamada vacância (vacatio legis), que é o período compreendido entre a publicação e a entrada em vigor. A lei termina com a sua revogação, que pode ser “expressa” ou “tácita”. Verifica-se a revogação expressa quando a lei posterior, em seu próprio texto, declara a revogação da anterior. A tácita, quando lei posterior disciplina a matéria regulada pela anterior. LEI PENAL NO TEMPO Consoante o princípio “tempus regit actum”, a lei penal, viade regra, se aplica aos fatos praticados durante a sua vigência, não podendo, em tese, alcançar fatos ocorridos anteriormente, nem tampouco ser aplicada após a sua revogação. Entretanto, por expressa disposição legal, é possível ocorrer a “retroatividade” e “ultratitividade”. A retroatividade é o fenômeno através do qual a lei penal é aplicada a fatos ocorridos anteriormente à sua vigência e a ultratividade é a aplicação a fatos ocorridos após a sua revogação. Dispõe o art. 1º do Código Penal: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem a prévia cominação legal”. Tal dispositivo consagra os princípios da reserva legal e anterioridade da lei penal. Reserva legal significa que somente a lei elaborada na forma prevista na Constituição Federal pode determinar o que é crime, e impor a pena cabível. Anterioridade da lei penal significa que a conduta humana para ser considerada criminosa, tem de estar previamente descrita. É indispensável que a vigência da lei que define a conduta como delituosa seja anterior à própria conduta. Os princípios consagrados no art. 1º do Código Penal trazem como consequência a irretroatividade: sendo as leis editadas para o futuro, as normas que definem crimes não podem ter efeito para o passado. Também não retroagem as normas que, mesmo sem incriminar condutas, prejudicam a situação do agente. A regra da irretroatividade se restringe somente às normas que incriminam a conduta ou que sejam mais severas que a anterior, çois, em se tratando de lei Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 6 nova mais benigna, que de qualquer modo favoreça o agente, vai retroagir para alcançar os fatos praticados antes de sua vigência. Em resumo, havendo conflito de leis penais com o surgimento de novas normas após a prática do fato delituoso, será aplicada sempre a lei mais favorável. Isto significa que a lei penal mais benigna tem extratividade (possui retroatividade e ultratividade) e, ao contrário, a lei mais severa não tem extratividade (não é retroativa nem ultrativa). Critérios para solucionar o conflito de leis penais no tempo: ➔ Novatio legis incriminadora: ➔ Abolitio criminis ➔ Novatio legis in pejus ➔ Novatio legis in mellius 1. Novatio legis incriminadora A lei nova que incrimina o fato cometido anteriormente à sua regência não se aplica a tal fato anterior. Exemplo: suponha-se que hoje, o indivíduo pratica incesto, relacionando-se sexualmente com sua própria filha; posteriormente, sendo a conduta criminalizada, a lei nova incriminadora não retroagirá. 2. Abolitio Criminis É a hipótese do Art. 2º do Código Penal: “Ninguém será punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”. Causa extintiva de punibilidade (107, III); LEP, 66, I. Apaga os efeitos penais, mas não os civis: Ex. 1: reparação de dano. Ex. 2: art. 92 do CP Exemplo: suponha-se que o sujeito cometa o crime de sedução (Art. 217 CP), e posteriormente a lei deixa de considerar a conduta como delituosa. Se ainda não tiver sido processado, não o será; se já estiver em curso o processo, o mesmo será extinto (ocorrerá a extinção da punibilidade – do Art. 107, inc. III, Código Penal). Na hipótese de já estar condenado e cumprindo pena, deverá ser posto em liberdade, também ocorrendo a extinção da punibilidade, consoante o dispositivo acima. Trata-se de aplicação retroativa da lei penal mais benigna. A lei nova posterior é de ser considerada mais perfeita do que a anterior, restando, pois, demonstrando que não se faz mais presente o interesse da sociedade na punição do sujeito. 3. Novatio legis in pejus: A situação é de lei nova mais severa que a anterior (lex gravior). A lei nova posterior mantém a mesma definição do crime, mas agrava a sua pena. Tal lei nova não retroage. Exemplo: o Código Penal comina ao furto simples – Art. 155 caput do CP, a pena de 01 (um) a 04 (quatro) anos de reclusão. Surgindo lei nova mantendo a mesma definição, mas agravando a pena para, v.g., 02 (dois) a 08 (oito) anos de reclusão, a lei nova não retroagirá. Só será aplicada para os furtos praticados posteriormente ao início da vigência da lei nova. 4. Novatio legis in mellius: A hipótese é de lei nova posterior menos severa que a anterior (lex mitior). A lei nova mantém a mesma definição do crime, mas diminui as conseqüências penais. No caso é de se fazer retroagir a lei posterior ao fato cometido antes da sua vigência: Exemplo: o sujeito pratica hoje um crime de violação de domicílio (Art. 150 do CP), punido com detenção de 01 (um) a 03 (três) meses. Posteriormente, lei nova mantém a mesma definição, mas diminui a pena para 15 dias a 02 meses. Deve a lei nova posterior, mais branda que a anterior, retroagir para alcançar o fato ocorrido antes da sua vigência. A lei nova irá retroagir, mesmo em decisão transitada em julgado (art. 66, I, LEP e art. 2º do CP). LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA Dispõe do Art 3º do Código Penal que “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 7 que a determinaram, aplicam-se ao fato praticado durante a sua agência”. Lei Excepcional: é aquela que é editada para vigorar em situações ou condições sociais anormais, sendo que o período de sua vigência fica subordinado à duração da anormalidade que a motivou. Lei Temporária: é aquela que possui o tempo de sua vigência determinado no próprio dispositivo. Importante: Em razão da peculiaridade dessas normas, não há que se falar em retroatividade da lei posterior mais benigna. Assim, cometido o fato delituoso durante a vigência da lei excepcional ou temporária, o infrator não se beneficiará da retroatividade da lei posterior que seja mais favorável. No caso em tela, a lei será ultra-ativa. Tempo do crime Teoria da atividade, também chamada de “teoria da ação”: considera-se tempo do crime mo momento em que se pratica a ação ou a omissão. (adotada no CPB). Teoria do resultado, também conhecida como “teoria do efeito”: considera-se tempo do crime o momento do resultado, ou possível resultado. Teoria da ubiqüidade, também denominada “teoria da unidade” ou “teoria mista”, é a conjugação das duas teorias anteriores. Segundo dispõe o Art. 4º do Código Penal, “considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. É por demais importante a fixação do momento do crime para se determinar a aplicação da lei vigente na hipótese de sucessões de leis, e para a aferição da imputabilidade do agente. Relativamente à aferição da imputabilidade, suponha- se que o sujeito, com 18 (dezoito) anos incompletos desfecha tiros na vítima, que só vem falecer após o agente ter completado 18 (dezoito) anos. Sendo o momento do crime aquele da conduta (ação ou omissão), é de se concluir pela irresponsabilidade penal do agressor. Com relação à lei vigente, suponha-se que o agente cometa um crime de estupro no ano de 1989, cuja pena é de 03 (três) a 08 (oito) anos de reclusão. O processo se arrasta por dois anos. Em 1990, entra em vigor nova lei (lei 8.072/90) queaumenta a pena do estupro para 06 (seis) a 10 (dez) de reclusão. Ao sujeito não deverá ser imposta pena de 06 a 10, mas sim de 03 a 08, vez que ao tempo do fato (1989), a lei impunha aquela pena. Crime permanente: é aquele cujo momento consumativo se prolonga no tempo. Ex.: art. 159. se entrar em vigor lei mais gravosa enquanto durar a conduta esta lei será a utilizada. Súmula nº 711 do STF. Crime Continuado: é uma ficção jurídica que se encontra prevista no art. 71 CP (política criminal). Considerar-se-á tempo do crime, todo o período de prolongamento de continuidade delitiva. Súmula 711 STF. Crime Habitual: é aquele que se consuma pela prática reiterada de atos que, isoladamente são atípicos. Art. 284 CP. O tempo do crime se configura a partir do segundo ato até o último ato (corrente majoritária na doutrina). Crime cometido em concurso de pessoas: o tempo do crime é o momento de cometimento de cada conduta isoladamente considerado. Lei 8.930 de 7/9/94 – Lei Glória Peres. Ex.: se A contrata B para matar C e B só pratica o fato algum tempo depois, se nesse período for publicada nova lei, tal só valerá para o executor e não para o mandante do crime. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA Abolitio criminis – inadmissibilidade por medida provisória - TACRSP: "Impossível aplicar-se a norma do art. 2º, caput, do CP – abolitio criminis – se a descriminante é uma medida provisória não transformada e lei pelo Congresso Nacional, pois o Poder Executivo não tem a prerrogativa de concretizar disposições penais, o que é atribuição privativa do Poder Legislativo" (RJDTACRIM 9/164). Abolitio criminis – inadmissibilidade pelo costume - STF: "A reiterada tolerância das Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 8 autoridades não descriminaliza a conduta nem subtrai a justa causa para a ação penal” (RT 736/542). TAMG: “O 'princípio da legalidade' não admite o direito consuetudinário, não podendo, pois, os costumes revogarem a lei penal, a qual somente por outra lei poderá ser revogada” (RJTAMG 21/414). Retroatividade da lei mais benigna - STF: "A lei nova benéfica pode ser aplicada tanto imediatamente, por ser desdobramento dos direitos e garantias fundamentais (CF, art. 5º, § 1º), como retroativamente, a ponto de alcançar fatos anteriores, desde que se mostre favorável ao agente (CF, art. 5º, LV)” (JSTF227/381). Retroatividade em vacatio legis - TARS: "A lei penal mais benigna, em razão dos princípios inscritos no art. 5º, XL e § 1º, da CF, tem aplicação imediata, não se sujeitando ao período de vacatio legis” (RT 667/330). aplicação de lei intermediária - TACRSP: "Se entre as leis que se sucedem surge uma intermediária mais benigna, embora não seja nem a do momento em que se praticou o fato nem a daquele em que o mesmo foi julgado, essa lei intermediária mais benévola deve ser aplicada, ex vi do art. 2º, parágrafo único, do CP” (RT 534/364). inadmissibilidade de combinação de leis - STF: "Os princípios da ultra e da retroatividade da lex mitior não autorizam a combinação de duas normas que se conflitam no tempo para se extrair uma terceira que mais beneficie o réu” (JSTF 174/260). Lei excepcional ou temporária. Inexistência de abolitio criminis - TACRSP: "Mesmo que revogada, não gera abolitio criminis, porque, ainda que temporária, guarda eficácia, aplicando-se aos fatos praticados durante sua vigência, conforme o art. 3º do CP” (RT 666/316. Tempo do crime. Competência pelo lugar da ação ou omissão - STJ: "O juízo competente para processar e julgar o acusado de homicídio é da comarca de Aimorés, MG, onde a vítima foi alvejada com tiros de revólver que lhe causaram os ferimentos mortais e não o Juízo da comarca de Vitória, ES, onde em busca de melhor assistência médica, veio a falecer” (RT 678/379). Irretroatividade da lei mais severa no crime continuado - STJ: "Tendo o réu praticado três (3) crimes em continuação, sendo um (1) na vigência da lei nova, mais grave, e os outros dois (2) na vigência da lei antiga, mais benigna, aplica-se a pena mais grave, acrescida, nos termos do art. 71 do Código Penal, da fração da pena da mais benigna, para não se violar o princípio de que não há pena sem lei prévia” (RHC 3.910-8-PA – DJU de 14-4-1997, p. 12.799). Continuação delitiva na lei nova mais severa: aplicação desta - STF: "Tratando-se de crime continuado, onde as condutas foram praticadas sob o império de duas leis, mesmo sendo mais grave a posterior, aplica-se a nova disciplina penal a toda a série delitiva, tendo em vista que o delinquente já estava advertido da maior gravidade da sanção e persistiu na prática da conduta delituosa” (RT 755/556). Aplicação da lei mais severa no crime permanente - STF: "(...) I. Conflito de leis penais no tempo: cuidando-se de crime permanente – qual o delito militar de deserção – aplica-se-lhe a lei vigente ao tempo em que cessou a permanência, ainda que mais severa que a anterior, vigente ao tempo do seu início” (JSTF 272/389). LEI PENAL NO ESPAÇO O Código Penal Brasileiro, no seu Art. 5º, adota a regra da territorialidade, determinando a aplicação da Lei Penal em nosso território, independente da nacionalidade do autor e da vítima. A exceção é ditada pelo próprio Art. 5º, não se aplicando a Lei Penal Brasileiro quando dispuser em contrário tratado ou convenções internacionais, sendo o caso da imunidade diplomática. Convenção de Viena sobre relações diplomáticas. Concedendo imunidade penal de caráter absoluto aos diplomatas em território nacional. Ele deverá ser punido de acordo com a lei Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 9 de seu país. Os cônsules gozam de prerrogativas processuais, mas não possuem imunidade. Serão julgados pela lei brasileira, mas terão garantias processuais como também as possuem os juízes, promotores, defensores e até o advogado. Imunidades Parlamentares - Relativamente às pessoas, há de se destacar, ainda, as imunidades parlamentares, sendo assegurados aos membros do Congresso Nacional a ampla liberdade de expressão no exercício de suas funções, e a proteção contra abusos por parte de membros dos outros poderes. Assim é que, aos congressistas é assegurada a imunidade absoluta, excluídos da responsabilidade penal, civil, disciplinar ou política “ por suas opiniões, palavras e votos” – Art. 53 da Constituição Federal. A Carta Magna, no § 1º do referido Art. 53, estabelece a imunidadem relativa, que consiste na impossibilidade de prisão, salvo em flagrante por crime inafiançável. Deputados Estaduais - As imunidades dos membros do Congresso Nacional também são estendidas aos deputados estaduais, conforme previsão nas Constituições dos Estados. Ressalve-se, contudo, que as imunidades dos deputados estaduais são válidas somente em relação à autoridades judiciárias estaduais, não podendo ser invocadas em face do Poder Judiciário Federal (nesse sentido, vide a Súmula 3 do Supremo Tribunal, Federal). Vereadores - Relativamente aos vereadores, a imunidade se restringe à inviolabilidade por suas opiniões, palavras e votos, mas apenas quando o crime for praticado no exercício do mandato e na área circunscricional do Município em que o edil exerce seu mandato – Art. 29, inc. V da Constituição Federal. TERRITÓRIO BRASILEIROA expressão “território brasileiro” deve ser entendida em seu sentido jurídico, compreendendo todo o espaço terrestre, fluvial e marítimo, embarcações e aeronaves brasileiras. As embarcaçoes e aeronaves brasileiras se dividem em: Públicas – aquelas de guerra ou em serviço mIlitar ou oficial; Privadas – as mercantes e aquelas de propriedade particular; Para efeitos penais, o §1º do Art. 5º, do Código Penal considera como extensão do território nacional: Os navios e as aeronaves públicas brasileiras, onde quer que se encontrem, mesmo em espaço aáreo ou marítimo estrangeiro. Os navios e aeronaves particulares brasileiras quando em alto mar ou no espaço aéreo correspondente. Com relação aos navios e aeronaves estrangeiras de propriedade privada, somente se aplica a lei penal brasileira quanto aos crimes cometidos a bordo quando se encontrarem nas condições do parágrafo 2º, do Art. 5º, do Código Penal. Extraterritorialidade - O Art. 7º do Código Penal enumera as hipóteses de exceção ao princípio da territorialidade, vale dizer, algumas hipóteses de crimes, embora cometidos fora do território nacional, ficam sujeitos à lei brasileira. A extraterritorialidade se divide em: Incondicionada – são as hipóteses do inciso I, pelo “Princípio da Proteção ou Defesa”, alíneas “a”, “b”, e “c”, e pelo “Princípio da Justiça Universal” a alínea “d”. A expressão “ incondicionada” significa que o agente será punido pela lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. Ex.: terrorismo, tortura, tráfico internacional, genocídio. Condicionada - são as hipóteses do inciso II, alíneas “a”, “b” e “c” e do parágrafo 3º, ficando a aplicação da lei brasileira condicionada a certos requisitos ou condições indicadas nas alíneas dos parágrafos 2º e 3º. Lugar do crime - Para a aplicação da regra da territorialidade, o Código Penal, em seu Art. 6º, Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 10 define o lugar do crime, apresentando três teorias a respeito: Teoria da atividade, também chamada de “teoria da ação”, corresponde à primeira parte do Art. 6º, do Código Penal. Teoria do resultado, também conhecida como “teoria do efeito”, corresponde à parte complementar do mesmo artigo. Teoria da ubiqüidade, também denominada “teoria da unidade” ou “teoria mista”, é a conjugação das duas teorias anteriores. O Art. 6º do Código Penal, adotando a “teoria da ubiqüidade”, resolve os chamados “crimes à distância”, nos quais a ação ou a omissão se dá num país e o resultado ocorre em outro. Exemplo de aplicação da “teoria da ubiqüidade”: Suponha-se que o sujeito, estando no território nacional, remeta pelos correios uma bomba para uma pessoa que se encontre no estrangeiro, e, no estrangeiro, ocorra o resultado. Pelo Art. 6º em exame, em ambas as hipóteses há de prevalecer o império da lei penal brasileira, sujeitando-se os infratores ao nosso Código Penal. Classificação dos crimes quanto ao local de cometimento e consumação: a) crimes de espaço mínimo: são aqueles praticados e consumados no mesmo lugar. Ex.: Manaus - Manaus. b) Crimes de espaço máximo: b.1) crimes plurilocais: são os que tocam os territórios de duas ou mais comarcas. Ex.: Manaus - Itacoatiara. Utilizar o art. 69 e 70 do CPP. b.2) crimes à distância: São aqueles que tocam os territórios de dois ou mais países. Art. 70, § 1º, CPP. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA Territorialidade. Competência da Justiça Federal para crime cometido em embarcações – STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes cometidos a bordo de navios, incluídos os praticados contra a segurança do transporte marítimo” (JSTJ 32/307). Territorialidade. Competência da Justiça Estadual para crime cometido em embarcação de pequeno porte – STJ: “Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento de feito que visa à apuração de delito cometido em lancha – embarcação de pequeno porte que não é abrangida pela regra do art. 109, inc. X, da CF, dirigido a embarcações de porte e autonomia consideráveis. Precedentes do TRF e STF” (Conflito de competência 24.249-ES – DJU de 17-4-2000, p. 41). Territorialidade. Competência da Justiça Federal para crime cometido em aeronave – STF: “Habeas corpus. Penal. Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes cometidos a bordo de navios, incluídos os praticados contra a segurança do transporte marítimo” (JSTJ 32/307). Lugar do crime. Ação praticada no território nacional – TACRSP: “Tem eficácia a lei nacional quando os atos executórios do crime são praticados em nosso território e o resultado se produz em país estrangeiro” (RT 609/335-6). Lugar do crime. Crime praticado em embaixada brasileira – STF: “A submissão à jurisdição doméstica, do ilícito imputado ao súdito estrangeiro em questão, decorre, na espécie, do princípio da territorialidade, inscrito no art. 5º do mesmo Código Penal, que manda aplicar a lei brasileira ao crime cometido no território nacional, vale dizer, no âmbito de validade especial do ordenamento positivo do Brasil” (Extr 579-1 – Rel. Celdo de Melo – DJU de 9-6-1993, p. 11.448). extraterritorialidade incondicionada. Crime contra a fé pública da União – TRF da 4ª Região: “Aos delitos contra a fé pública da União praticados no estrangeiro aplica-se o princípio da extraterritorialidade incondicionada, sendo irrelevante o local do uso do falso, pois trata-se de crime instantâneo que se consuma no momento da utilização desse documento” (RT 754/743). extraterritorialidade condicionada. Crime praticado por brasileiro no exterior – STF: “O processo e julgamento de furto praticado por Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 11 brasileiro no país estrangeiro competem à autoridade judiciária nacional, ex vi do disposto no art. 5º, nº II, b (art. 7º , II, b, vigente) do Código Penal” (RT 474/382). TEORIA DO CRIME Conceitos de crime 1) Conceito Legal: art. 1º LICP: é crime a infração punida com reclusão ou detenção isoladamente ou uma dessas penas privativas em cúmulo ou em alternatividade com a pena de multa. Crime Infração Penal Contravenção 2) Conceito Formal: crime é fato proibido pela lei penal ao qual se associa uma pena. 3) Conceito Material: fato que lesiona ou expõe a risco de lesão um bem juridicamente tutelado (princípio da lesividade ou ofensivilidade). 4) Analítico: 4.1) quadripartite = crime é fato típico, antijurídico, culpável e punível; 4.2) tripartite = crime é fato típico, antijurídico, culpável; sendo a punibilidade conseqüência jurídica do delito. (Maj); 4.3) bipartite = crime é fato típico, antijurídico. A culpabilidade é pressuposto para aplicação da pena (Min.); Para que uma conduta humana seja considerada crime, não basta que se amolde a um tipo incriminador. Não basta que encontre uma descrição daquela conduta na lei penal considerando-a criminosa. Suponha-se que, de certa distância, observa-se a conduta de “A” efetuando disparos de arma de fogo na direção de “B”, vindo a causar-lhe a morte. O fato de “A” se amolda de forma precisa no tipo incriminador do art. 121 do CPB – matar alguém. Entretanto, já no local em que ocorreu o evento,descobre-se que “B” estava armado e era iminente a sua agressão em relação a “A”, não tendo este outra alternativa que não a de matar aquele em legítima defesa. Observa-se de início que o fato de “A” é típico, eis que se amolda ao tipo incriminador do art. 121 do CPB. No entanto, não é antijurídico – não contraria o ordenamento jurídico e nem ofende a consciência de quem tomar conhecimento do fato, eis que praticado em legítima defesa. A conduta humana descrita na norma penal incriminadora será antijurídica ou ilícita na medida em que não for expressamente declarada lícita. Assim, o conceito de antijuridicidade ou ilicitude de um fato se descobre por exclusão: será antijurídico todo fato típico que não for declarado lícito por uma das causas de exclusão da antijuridicidade ou da ilicitude – art. 23, CP. Presente, portanto, uma causa de exclusão o fato será típico, mas não antijurídico e, em conseqüência, não há se falar em crime, que é o fato típico e antijurídico. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA Conceito de culpabilidade – STJ: “A culpabilidade (sentido de reprovabilidade) é elemento constitutivo da infração (doutrinariamente há quem sustente ser pressuposto da pena). Admite intensidade. Crime mais grave reclama a sanção mais severa. Também o legislador fica vinculado porque a pena é medida político-jurídica da resposta ao agente do delito” (RSTJ 87/387). Tipicidade – é a adequação de um fato natural e concreto e um tipo incriminador; Tipo Legal – é a definição legal de um fato proibido; Fato Típico – é o fato concreto que reúne em si todos os elementos da definição legal de um fato proibido. ELEMENTOS DO FATO TÍPICO Conceituar fato típico é tarefa complexa, eis que a sua noção envolve quatro elementos: Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 12 a. conduta b. resultado c. causalidade d. tipicidade Assim, há da se adentrar no exame de cada um dos elementos para se estabelecer a exata noção do instituto. Conduta: não há crime sem conduta “nullun crimem sine conducta”. É a ação ou omissão consciente e dirigida a determinada finalidade. A conduta que integra o fato típico como um dos seus elementos, é aquela do homem, não dos animais irracionais. A conduta penalmente relevante há de ser aquela externa, não se ocupando o Direito Penal com a atividade puramente psíquica não externada. A voluntariedade é um outro requisito da conduta, que pode consistir num movimento corporal (ação) ou na abstenção do movimento corporal (omissão). Para a teoria finalista da ação, como todo comportamento humano tem uma finalidade (um querer algo), a conduta é uma atividade final humana e não um comportamento simplesmente corporal. O propósito da Welzel, ao elaborar o finalismo, foi o de trazer todo o elemento psíquico para a ação. Para que a ação seja penalmente relevante e se apresente como um dos elementos do fato típico, é preciso ver o propósito com que foi praticada, isto é, necessário se faz verificar se a ação tinha ou não, como fim, o objetivo de realizar o fato típico. Como no finalismo a conduta não é um comportamento meramente casual, mas sim uma atividade dirigida a um fim, o dolo, que antes habitava os domínios da culpabilidade, agora, após a reforma de 1984, reside no tipo incriminador, apresentando-se como o seu elemento subjetivo. Resultado: para que se configure o crime, não basta a conduta; é preciso que ocorra o segundo elemento do fato típico, resultado. Naturalisticamente, conceitua-se resultado como a modificação no mundo exterior provocada pelo comportamento humano. NEXO CAUSAL – ARTIGO 13 DO CPB Causa e Resultado: Não há crime sem resultado, diz a lei. Resultado é a lesão ou perigo de lesão do bem jurídico, protegido pela lei penal. A relação de causalidade (nexo causal) liga a conduta ao resultado. Nexo de Causalidade: Possivelmente o mais complexo dos elementos do fato típico. É o elo de ligação entre a conduta e o resultado. É o liame que autoriza a conclusão de que o resultado decorreu daquela determinada conduta. Para resolver a questão do nexo de causalidade o CP em seu art. 13 – 2ª parte, adotou a teoria da equivalência das condições - conditio sine qua non – condição sem a qual o resultado não teria ocorrido. Para saber se uma conduta é causa do resultado, basta excluí-la mentalmente da série causal. É o chamado processo hipotético de Thyrén. Se, excluída aquela conduta antecedente, o resultado mesmo assim se produziu, conclui-se que tal conduta antecedente não é causa. Damásio de Jesus cria uma hipótese a respeito do processo hipotético da eliminação de Thyrén: suponha-se que A tenha matado B. A conduta típica do homicídio possui uma série de fatos, alguns antecedentes, entre os quais podemos sugerir o seguinte: Ante factum e pos factum punível: 1) Produção do revolver pela indústria; 2) Aquisição da arma pelo comerciante; 3) Compra do revolver pelo agente; 4) Refeição tomada pelo homicida; 5) Emboscada; 6) Disparo de projeteis na vítima; Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 13 7) Resultado morte; 8) Voltar para casa para dormir. Conclui o mestre: dentro dessa cadeia de fatos, excluindo-se os fatos sob os números 1, 2,3,5 e 6, o resultado não teria ocorrido. Logo são considerados causa. Excluindo-se os fatos sob os números 4 e 8, ainda sim o evento teria acontecido. Logo, a refeição tomada pelo sujeito e seu retorno para casa não são considerados causa. Adverte Damásio de Jesus que o processo hipotético de Thyrén precisa ser bem entendido. O importante e fixar que em se excluindo determinado acontecimento o resultado não teria ocorrido “como ocorreu”; a conduta é causa quando, suprimida mentalmente, o evento in concreto não teria ocorrido no momento em que ocorreu. Suponha-se que o agente encontre a vítima mortalmente esfaqueada em local absolutamente solitário e lhe desfira outros golpes de punhal, produzindo-lhe a morte. Prova-se que os últimos ferimentos concorreram para o êxito letal. Suprimindo-se mentalmente os golpes desferidos pelo agente, ainda assim a morte teria ocorrido em virtude dos acontecimentos anteriores. Assim, à primeira vista, parece que a conduta do sujeito não deve ser considerada causa do resultado. Todavia, sem ela o evento não teria ocorrido como ocorreu. Por isso, deve ser considerada causa. Tendo o CP adotado a teoria da equivalência dos antecedentes, não há sentido estabelecer distinção entre causa, concausa, ocasião ou condição. Qualquer conduta que, de algum modo, ainda que minimamente, tiver contribuído para a eclosão do resultado deve ser considerada sua causa. Nexo normativo: para a existência do fato típico, no entanto, não basta apenas a existência de um elo físico (nexo causal) entre a ação e o resultado. De acordo com interpretação do art. 19 do CPB, é imprescindível que o agente tenha concorrido com dolo ou culpa (quando admitida), uma vez que sem um ou outro não haveria fato típico. Assim, para a existência do fato típico são necessários: o nexo causal físico, concreto, e o nexo normativo, que depende da verificação de dolo ou culpa. Resultado Naturalístico: quando há a modificação provocada no mundo exterior pela conduta. Nem todo o crime possui resultado naturalístico, uma vez quehá infrações penais que não produzem qualquer alteração no mundo natural. Nexo causal nos crimes: o nexo causal só tem relevância nos crimes cuja consumação depende do resultado naturalístico. 1) crimes omissivos próprios e de mera conduta : não há, pois inexiste resultado naturalístico; arts. 135, 269 e 150 do CPB 2) crimes formais: o nexo causal não importa para o Direito Penal. Art. 158, 159. 3) Crimes materiais: há, em face da existência de resultado naturalístico. Art. 121, 312, 314, 155, 157...; 4) Crimes omissivos impróprios: a omissão só tem relevância causal quando presente o dever jurídico de agir. Embora não tenha causado o resultado, o omitente, entretanto, será responsabilizado por ele, sempre que, no caso concreto, estiver presente o dever jurídico de agir. Art. 13, § 2º. Superveniência causal - O § 1º do art. 13 do CPB atua como mecanismo de restrição à aplicação da teoria da conditio sine qua non: “ a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou”. Juntamente com a conduta do agente podem concorrer outras condutas, condições ou circunstâncias que interfiram no processo causal, que também são causas. A concausa relativamente independente é aquela que derivando de um fato de outrem ou de um acontecimento estranho, se intercala na cadeia causal por este inaugurada. Logo, se a segunda causa não for desdobramento da primeira, não teremos o nexo de causalidade. Ao contrário sensu, se for um Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 14 prolongamento da primeira, o sujeito ativo será responsabilizado. Essas causas podem ser classificadas em: preexistentes, concomitantes ou supervenientes, relativa ou absolutamente independentes em relação ao comportamento do sujeito. Absolutamente independente em relação à conduta do agente: a) preexistentes (1) b) concomitantes (2) c) supervenientes (3) Relativamente independente em relação à conduta do agente: a) preexistentes (4) b) concomitantes (5) c) supervenientes (6) Exemplos de causas absolutamente independentes: 1) A desfecha um tiro em B, que vem a falecer pouco depois, não em conseqüência dos ferimentos recebidos, mas sim porque antes ingerira veneno; 2) A fere B no mesmo momento em que este vem a falecer exclusivamente por força de um colapso cardíaco; 3) A ministra veneno na alimentação de B que, quando está tomando a refeição, vem a falecer em conseqüência de um desabamento. IMPORTANTE: Quando as causas forem absolutamente independentes da conduta do agente, a questão se resolve no art. 13, caput, do CP, isto é, quer sejam preexistentes, concomitantes ou supervenientes da vontade do sujeito, o resultado não pode ser imputado a si. Assim, responderá pela tentativa (quando a hipótese permitir) e não pelo crime consumado. Exemplos de causas relativamente independentes: 4) A golpeia B, hemofílico, que vem a falecer em conseqüência dos ferimentos, a par da contribuição de sua particular condição fisiológica; 5) A desfecha um tiro em B, no exato momento em que este, em razão da agressão sofre um colapso cardíaco, provando que a lesão contribuiu para a eclosão do êxito letal. 6) Num trecho de rua, um ônibus, que o sujeito dirige, colide com um poste que sustenta fios elétricos, um dos quais, caindo ao chão, atinge um passageiro ileso e já fora do veículo, provocando a sua morte em conseqüência da forte descarga elétrica. Nas duas primeiras hipóteses as causas (hemofilia e colapso cardíaco não excluem a linha de desdobramento físico desenvolvida, de modo que o agente responde pelo resultado morte. Já no último caso, o motorista não responde pela morte do passageiro, mas somente pelos atos anteriores, se tipificados como infração penal, aplicando-se o § 1º, do art. 13 do CPB. Se a hipótese for de caso fortuito ou força maior, exclue-se a própria conduta, por ausência de dolo ou culpa. Não há atuação sobre o nexo causal. Causalidade na Omissão - Dispõe o § 2º, do art. 13 do CP que “a omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”. Cabe, de início, afastar a idéia de que a omissão possa produzir o resultado. Se do nada nada surge, não há como se possa perceber causalidade na omissão. A causalidade na omissão só pode ser concebida pela equiparação. Equipara-se o não evitar ao causar. Assim, coloca-se, hipoteticamente, a ação esperada do sujeito, e se com ela o resultado seria evitado, então se considera que a sua omissão foi causal. Tipicidade- É a precisa adequação do fato praticado com a descrição abstrata e legal. De outro modo, tipicidade é a adequação do fato humano a um modelo incriminador. Ex: o tipo penal do art. 121 do CP tem como elementos: matar e alguém. Assim, se o agente desfere facadas num cadáver, com o dolo de matar, não poderá ser responsabilizado por crime, uma vez Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 15 que o tipo penal exige que a vítima esteja com vida, quando da conduta do autor. Formas de adequação típica - São dois os modos de adequação do fato humano a um modelo incriminador: 1. Adequação típica por subordinação direta ou imediata - Ocorre quando o fato se amolda diretamente ao tipo incriminador, não havendo necessidade do uso de qualquer mecanismo de adequação. Vale dizer, o fato realizado pelo sujeito encontra um modelo legal que descreve a sua conduta: Caio efetua disparos de arma de fogo contra Tício, matando-o o fato se amolda de forma direta ou imediata no tipo do art. 121 do CPB. Para se afirmar que o fato se enquadra de forma direta no modelo legal, é necessário não só a adequação ao elemento objetivo, mas também ao elemento subjetivo (dolo ou culpa). Caio mata Tício, com vontade de matar. 2. Adequação típica por subordinação indireta ou mediata - Ocorre quando o fato não se amolda diretamente ao tipo incriminador, necessitando se fazer uso de uma norma de adequação. Num primeiro momento se verifica qee o fato não se encontra descrito na Lei Penal, mas a tipicidade se materializa através de uma outra norma. Exemplo de adequação por subordinação indireta é o da tentativa: Caio causa ferimentos em Tício quando queria matá-lo. Como a tentativa não vem descrita em tipos autônomos, se poderia dizer que o fato é atípico – não é lesão corporal e nem homicídio. Entretanto, nesta hipótese a conduta de Caio é típica por força da norma de adequação por ampliação do art. 14, II do CPB. O mesmo se aplica nos casos de participação – o art. 29 do CPB. Suponha-se que Mévia, desejando matar seu marido Caio, pede emprestada a arma de fogo de Tício, ciente este de que a arma se destina ao cometimento de um ilícito. Dias após, Mévia realiza o crime. A conduta de Mévia se amolda diretamente ao tipo incriminador do art. 121 CPB, matar alguém. A conduta de Tício, todavia, não encontra um modelo incriminador na lei. Entretanto, Tício também responderá por homicídio, eis que sua conduta vai se amoldar de forma indireta ou mediata no tipo do art. 121, através da norma de adequação do art. 29, do mesmo código. ATIPICIDADE -Se tipicidade é adequação do fato concreto ao tipo, a atipicidade é o inverso: o fato humano nãose adequa a determinado tipo, ou não se adequa a tipo algum. a) Atipicidade absoluta (ou específica) – ocorre quando, analisado o fato que seria típico num determinado modelo incriminador, verifica-se que nele falta algum elemento (objetivo ou subjetivo), fundamental à tipicidade, de modo que sem esse elemento não se pode concluir pela tipicidade. Exemplo da atipicidade absoluta é a hipótese relativa ao delito do art. 316 do CPB. Um dos elementos do crime de concussão é a qualidade do agente de funcionário público. Retirado esse elemento, essa qualidade do sujeito ativo, tem-se a atipicidade absoluta, eis que o fato não vai se amoldar em qualquer outro tipo incriminador. b) Atipicidade relativa – ocorre quando no fato concreto verifica-se a ausência de um dos elementos, não se amoldando o fato em determinado tipo incriminador, mas sim em outro tipo penal. Exemplo clássico é a hipótese relativa ao delito de peculato, art. 312. O tipo exige que o sujeito ativo seja funcionário público. Faltando essa qualidade ao agente o fato não se amolda no referido tipo, mas vai se enquadrar no tipo do art. 168, do mesmo codex. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA Indispensabilidade do resultado – STJ: “A culpabilidade (sentido de reprovabilidade) é elemento constitutivo da infração (doutrinariamente há quem sustente ser pressuposto da pena). Admite intensidade. Crime mais grave reclama a sanção mais severa. Também o legislador fica vinculado porque a pena é medida político-jurídica da resposta ao agente do delito” (RSTJ 87/387). Resultado – TJSP: “No regime do Código Penal atual, que não distingue entre causa e condição, o Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 16 resultado é o termo final de uma cadeia de condições sucessivas ou concomitantes. Aquele que concorre com uma dessas condições, sob a forma de ação ou omissão, reputa-se por ter produzido o resultado, desde que, sem ele, este não pudesse ocorrer” (RT 387/82). Aplicação do princípio da insignificância em lesão corporal – STJ: “Indiscutível a insignificância da lesão corporal consequente de acidente de trânsito atribuído a culpa da mãe da pequena vítima, cabe trancar-se a ação por falta de justas causas. Precedentes do tribunal” RSTJ 59/107 e RT 705/381). TARS: “Pequenas contusões que não deixam vestígios externos no corpo da vítima, decorrentes de acidentes automobilísticos, provocando apenas dor momentânea, não possuem dignidade penal, permanecendo aquém do indispensável para justificar uma sanção criminal” (JTAERGS 87/112). O princípio da insignificância e a Lei de Tóxicos – TJRS: “Somente uma quantidade de maconha totalmente inexpressiva, incapaz inclusive de permitir o 'prazer de fumar', poderá ter o condão de tornar atípica a ação de seu portador. A parcela de maconha capaz de possibilitar a confecção de um 'fininho' não pode, entretanto, ser tida como penalmente irrelevante. Recurso ministerial provido, a fim de ser recebida a denúncia” (RJTJERGS 133/44). Concausas preexistentes. Não excluem o nexo causal – TACRIM-SP: “Não afastou a causalidade o fato de ser a vítima portadora do vírus HIV, pois, ainda que causa preexistente, não a levou, naquele instante, ao óbito. Possivelmente a presença do vírus tenha atuado para tornar inócua, ou restringir, sobremaneira, o efeito, a ministração de antibiótico, mas já as infecções vinham na linha de causação do traumatismo” (RJD 28/126). Concausas preexistentes. Excluem o nexo causal – TJSP: “Se a morte da vítima decorreu das suas condições pessoais, pois era cardíaca, circunstância ignorada pelo réu, não a tendo atingido os tiros desfechados por este, responde ele por tentativa e não por homicídio consumado” (RT 405/128). Inexistência de nexo causal em suicídio – TJSP: “Não se podendo afirmar o nexo de causalidade existente entre o suicídio da vítima e o ato da autoridade policial determinando o seu recolhimento devido ao estado de embriaguez, não há responsabilizá-lo por homicídio doloso” (RT 700/322). Relevância penal da omissão – STJ: “Nos crimes comissivos por omissão, o não-impedimento do resultado é equiparado à causação. Só tem relevância penal, pois, a omissão de providência com virtude de impedir o resultado, por quem podia e devia agir nesse sentido, a teor do disposto no art. 13 § 2º, do Código Penal” (RSTJ 30/355-6). Dever de vigilância no pátrio poder – TACRSP: “A conduta da mãe, que deixa seus filhos menores sozinhos em casa para ir à residência de uma vizinha por alguns momentos, não pode ser erigida como negligente se, em decorrência de um acidente doméstico, uma das crianças vem a falecer, vez que não há como se exercer, ininterruptamente, o dever de vigilância, decorrente do pátrio poder, pois qualquer distração pode ensejar resultados lamentáveis, sendo certo que, mesmo que se admita sua culpa por conduta omissiva, seria o caso de aplicar-se o perdão judicial” (RJDTACRIM 28/278). inexistência do dever de agir – TACRSP: “Estando a obra sob cuidados e responsabilidade de engenheiro credenciado e contratado, não há que se falar em obrigação ou dever dos proprietários do imóvel em fiscalizar os trabalhos, dar proteção aos operários ou até mesmo acompanhar os contratos subsequentes elaborados elo engenheiro contratado. Não há, pois, por parte dos proprietários, qualquer culpa por lesões corporais sofridas pelos empregados contratados pelo responsável pela obra” (RT 729/561). SUJEITOS DO DELITO Ativo – é aquele que pratica a conduta descrita na norma penal incriminadora. Só o homem (gênero) pode ser sujeito ativo, porque só ele é capaz de realizar a conduta. Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 17 É de se observar que o sujeito ativo é quem de qualquer forma realiza o crime, seja, portanto, na condição de autor, seja na condição de partícipe. Os fatos típicos podem ser realizados por qualquer pessoa. Existem, todavia, crimes em que a autoria está limitada a determinadas pessoas que apresentam certas qualidades jurídicas ou de fato, ou que se achem em situações especiais. Chama-se comuns (delicta communia), os crimes que podem ser praticados por qualquer pessoa. Denominam-se especiais ou próprios (delicta própria), aqueles crimes que só podem ser praticados por determinadas pessoas. As qualidades e situações relativas ao sujeito ativo nos crimes denominados próprios, podem ser de fato ou jurídica. As qualidades ou situações de fato podem se naturais ou sociais. Como exemplo de qualidade natural, cita- se o delito de auto-aborto (art. 124 CP), que só pode ser praticado por mulher, citando-se também o delito de sedução (art. 217) (revogado do CPB em 2005), que só pode ser praticado por homem. Mulher e homem são qualidades naturais. Como exemplo de situações sociais relativas ao agente tem-se o art. 133 do CP – “autoridade”, e o art. 154 – “ofício ou profissão”. Como exemplo de qualidade jurídica relativamente ao sujeito ativo, cita-re o conceito de funcionário público do art. 327. É de se observar que a qualidade do sujeito ativo exigida pela lei deve estar presente no momento da ação, e o agente deve ter consciência dessa qualidade. É de se destacar, ainda, os crimes de “mão própria”, nos quais somente o sujeito ativo deve realizar a ação típica, não podendo utilizar um terceiro naprática do crime. Exemplo deste delito é o falso testemunho – 342 do CPB. Passivo – é o titular do interesse que sofre a conseqüência lesiva da conduta punível. a) Sujeito passivo formal: é o Estado enquanto titular do direito subjetivo à observância dos preceitos penais. Sujeito passivo material: é o titular do bem jurídico penalmente tutelado que sofre de forma direta a lesão decorrente da prática delituosa. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES Comuns = podem ser praticados por qualquer pessoa; Próprios = exigem do sujeito ativo uma condição particular. Ex.: funcionário público; gestante; Mão própria ou atuação pessoal = aqueles que só podem ser praticados pelo sujeito em pessoa. Não admitem co-autoria, somente participação. Ex.: falso testemunho (art. 342, CPB); Dano = consumam-se com a efetiva lesão do bem jurídico tutelado; Perigo = consumam-se só com a possibilidade de dano. Ex.: omissão de socorro (art. 135, CPB; incêndio (art. 250, CPB); Materiais = aqueles que causam uma modificação no mundo externo (resultado). Ex.: homicídio (art. 121, CPB); Formais ou de consumação antecipada = o tipo descreve um comportamento e o resultado, mas não há necessidade da produção deste para efeito de consumação. Ex.: extorsão mediante seqüestro (art. 159, CPB); Mera conduta: não há resultado, a lei descreve, tão somente, o comportamento do agente. Ex.: violação de domicílio (art. 150, CPB); Comissivos = aqueles praticados através de uma ação (comportamento positivo); Omissivos = aqueles praticados através de uma inação (comportamento negativo); Comissivos por omissão ou omissivos impróprios = aqueles em que o sujeito, mediante uma inação (omissão), permite a produção do resultado. Em regra, a simples omissão não constitui crime. Porém, em determinados casos, aplica-se o disposto no art. 13, § 2º do CPB; Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 18 Conduta mista = fase inicial positiva e omissão na fase final. Ex.: apropriação de coisa achada (art. 169, p.u., II, CPB); Instantâneos = aqueles que se completam em um só momento; não há continuidade temporal; Permanentes = aqueles em que a situação de dano ou de perigo se prolonga no tempo. Ex.: seqüestro (art. 148, CPB); Instantâneos de efeitos permanentes = caracterizam- se pela índole duradoura de suas conseqüências; a permanência dos efeitos independe da vontade do agente. Ex.: furto (art. 155, CPB), homicídio (art. 121, CPB); Habituais = aqueles caracterizados pela reiteração da mesma conduta reprovável, constituindo-se em um estilo ou hábito de vida. Ex.: curandeirismo (art. 284, CPB); Profissionais = quando, no crime habitual, há intenção de lucro; Acessórios = pressupõem a existência de um outro crime. Ex.: receptação (art. 180,CPB), favorecimento pessoal (art. 348, CPB); Simples = constituídos de tipo penal único; Complexos = reunião de dois ou mais tipos penais, constituindo outro, como elementares. Ex.: extorsão mediante seqüestro (art. 150, CPB); um delito integra o outro, funcionando como circunstância qualificadora. Ex.: 157, § 3º, final do CPB – homicídio qualificando o crime de roubo – latrocínio; Condicionados = tem a punibilidade condicionada a um fato exterior e posterior à consumação do crime (condição objetiva de punibilidade). Ex.: casos de extraterritorialidade condicionada (art. 7º, § 2º do CPB); Progressivos = para alcançar-se a produção de um resultado mais grave, passa-se por outro de menor gravidade. Ex.: homicídio (antes do resultado morte há lesões ou lesão à integridade física da vítima); Subsidiários - aqueles que só se aplicam ante a existência de crime mais grave. Ex.: perigo para a vida ou a saúde de outrem (art. 132, CPB); Multitudinários = praticados por multidão em tumulto. Constitui circunstância atenuante (art. 65, III, e, CPB, ou agravante. Art. 62, I); Unissubsistentes = se realizam em um só ato; não se podem fracionar no tempo e não admitem tentativa; Plurissubsistente = aqueles que se perfazem em vários atos; podem ser fracionados no tempo; Exauridos = aqueles que depois de consumados, atingem as últimas conseqüências. Ex.: corrupção passiva (art. 317, CB); Unissubjetivos = praticados por uma só pessoa; Concurso necessário= existem mais de um sujeito ativo. Dividem-se em coletivos (convergência ou plurissubjetivos) e bilaterais ou de encontro; Plurissubjetivos = há concurso de várias pessoas. Ex.: quadrilha ou bando (art. 288, CPB); Bilaterais = exigem o concurso de duas pessoas, mesmo que uma delas não seja culpável. Ex.: bigamia (art. 235, CPB), adultério (art. 240, CPB); Concurso eventual = aqueles que necessitam de uma só pessoa para sua prática, mas, eventualmente, podem ser cometidos por mais de uma. Art. 29, CPB; Continuado = trata-se de concurso de crimes. Art. 71 do CPB; Putativo = o sujeito supõe que sua conduta é criminosa, quando, na verdade, constitui-se em fato atípico; Vagos = aqueles que têm como sujeito passivo entidades desprovidas de personalidade jurídica. Família, coletividade. Ato obsceno (art. 233, CPB); Conteúdo variado ou de ação múltipla = o tipo faz referência a várias modalidades de ação. Ex.: induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (art. 122, CPB); Forma livre = podem ser cometidos por qualquer meio. EX.: homicídio; Forma vinculada = quando a lei, de forma particularizada, descreve a atividade do agente. Ex.: curandeirismo (art. 284, CPB); Transeuntes = aqueles que não deixam vestígios; Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 19 Não-transeuntes = aqueles que deixam vestígios; Atentado ou de empreendimento = aqueles cuja pena aplicada à tentativa é a mesma do delito consumado. Ex.: evasão mediante violência contra a pessoa (art. 352, CPB). CRIME CONSUMADO E CRIME TENTADO – art. 14, I e II do CPB Iter criminis Iter é o caminho percorrido pelo agente na obtenção da meta perseguida. Se o agente, ao iniciar o percurso do iter criminis, não alcançar sua meta, diz-se que o crime foi tentado, ou seja, não ocorreu a consumação. Se o agente, passanto pela fase de cognição, preparar, executar o ato e alcançar seu objetivo, diz- se que o crime foi consumado. Dependendo do tipo penal, pode ocorrer, após a consumação, o exaurimento do crime, como no caso do crime de corrupção passiva (CP, art. 317), em que o agente consuma o delito ao solicitar a vantagem indevida e o exaure, se ocorrer o recebimento de tal vantagem. Importante salientar que a fase preparatória, impunível como regra, pode levar à sanção do agente, desde que a mesma se constitua, de per si, em ilícito penal. Tome-se como exemplo o caso do agente que, momentos antes de abater a vítima a tiros, é interceptado por agentes policiais que tomaram conhecimento do plano de homicídio. Preso antes mesmo de sacar sua arma de fogo, não responderá por tentativa de homicídio, uma vez que não iniciou a execução do crime, mas será responsabilizado por porte ilegal de arma. FASES DO CRIME 1ª – Cogitação (cognição) 2ª – Preparação 3ª – Execução 4ª – Consumação * Exaurimento. Consumação nos Diversos Tipos de Crimes Crimes materiais – ocorre com o resultado; Crimes formais – é dispensável o resultado naturalístico; Crimes de mera conduta – se dá com o atuardo agente; Crimes permanentes – se protrai no tempo dependentemente da vontade do agente; Crimes complexos – quando ocorrer a consumação de todos os delitos componentes; Crimes habituais – se verifica quando ocorrer a reiteração do ato definido como crime; Crimes culposos – surge somente com o resultado; Crimes omissivos próprios – ocorre no momento e no local em que o sujeito devia agir, mas não o fez; Crimes omissivos impróprios – se dá com o resultado, e não com a simples inércia do sujeito. Inadmissibilidade da tentativa - Inicia o parágrafo único do art. 14 com a expressão “salvo disposição em contrário”, significando dizer que, em certas infrações, a tentativa já configura a consumação do delito, como, por exemplo, o crime previsto no art. 352. Também não admitem a tentativa os crimes ditos unissubsistentes (aqueles que se praticam num só ato), isto porque não se pode fracionar o processo de execução – ex.: injúria verbal – art. 140. Tentativa perfeita: quando a fase de execução é integralmente realizada pelo agente, mas o resultado não se verifica por circunstâncias alheias à sua vontade, diz-se que há tentativa perfeita ou crime falho. Tentativa imperfeita: quando o processo executório é interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente, fala-se em tentativa imperfeita ou tentativa propriamente dita; Crime impossível (quase-crime) – art. 17 CPB - Não se trata de causa de isenção de pena, mas de causa geradora de atipicidade, pois não se concebe queira o tipo incriminador descrever como crime uma ação impossível de se realizar. Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 20 Ineficácia absoluta do meio – o meio empregado ou o instrumento utilizado para execução jamais o levarão à consumação. Ex.: palito de dente para matar adulto. Se relativa a ineficácia, levará a tentativa. Ex.: palito de dente na moleira de um recém nascido. Impropriedade absoluta do objeto material – A pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta é absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo. Ex.: matar cadáver. Se relativa a impropriedade, responde por tentativa. Ex.: pivete enfia a mão no bolso errado para pegar dinheiro, não logrando êxito, vez que o objeto material está no outro bolso. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA Consumação em crime formal – STF: “Concussão. Crime de natureza formal. Consuma-se pela simples exigência da vantagem indevida” (RTJ 71/651). TJPS: “A concussão é delito eminentemente formal: consuma-se com o simples fato da exigência da indébita vantagem” (RT 483/287). Crime exaurido – STF: “A efetiva obtenção da vantagem econômica, que motivou a ação delituosa do agente, constitui mero exaurimento do crime de extorsão. A natureza do delito de extorsão dispensa, para efeito de configuração do seu momento consumativo, a ilícita obtenção, pelo agente ou por terceira pessoa, da vantagem patrimonial indevida. Precedentes jurisprudenciais. Magistério da doutrina” (DJU de 23-4-1993, p. 6.919). Cogitação, ato preparatório e ato de execução– STJ: “Calúnia. Cogitação que não se transformou em ato. É atípico e penalmente irrelevante o plano com escopo de caluniar alguém, abortado ainda em fase de execução” (EJSTJ 32/23). TJSP: “Ato executivo (ou de tentativa) é o que ataca efetiva ou imediatamente o bem jurídico. Ato preparatório é o que possibilita, mas não é ainda, sob o prisma objetivo, o ataque ao bem jurídico. A mera cogitatio não basta para configurar o conatus” (RT 605/287). TJPS: ”Se os atos praticados pelo agente foram meramente preparatórios, não chegaram à iniciativa da execução do crime que lhe é atribuído, são atípicos e, portanto, insusceptíveis de sanção penal” (RT 464/325). Inexistência de atos de execução – TACRSP: “Inocorre crime de furto, por atipicidade de conduta, quando a ação do agente não ultrapassa a preparação, uma vez que não teve tempo de praticar o primeiro ato idôneo do início da execução, sendo certo que nem a cogitação do delito nem os atos preparatórios são puníveis, a teor do art. 14, II, do CP” (RJTACRIM 53/107). Necessidade de atos inequívocos (dolo) – TJSP: “A tentativa de morte exige para o seu reconhecimento atos inequívocos da intenção homicida do agente. Não basta, para configurá-la, o disparo de arma de fogo e a ocorrência de lesões corporais no ofendido, principalmente quando o réu não foi impedido de prosseguir na agressão e dela desistiu” (RT 458/344). Redução da pena pelo iter criminis percorrido – STF: “A fixação do percentual incidente no caso concreto, tendo em vista causa de diminuição da pena – tentativa – não se faz aleatoriamente. Há de ser levado em conta o iter criminis, ou seja, os atos que chegaram a ser praticados pelo agente” (HC 69.342-3 – DJU de 21-8-1992, p. 12.784). STJ: “A diminuição referente à tentativa deve guardar compatibilidade do iter criminis” (RSTJ 123/422). Distinção entre crime impossível e tentativa – TACRSP: “No crime impossível, enquanto se desenrola a ação do agente, ela não sofre interferência alheia, ao passo que, na tentativa, quase sempre a ação é interrompida por injução externa. Nesta, também, o resultado delituoso é sempre possível, porque os meios empregados são, por sua natureza, idôneos, e o objeto contra o qual dirigiu sua conduta é 'um bem jurídico suscetível de sofrer lesão ou perigo de lesão', ao passo que, naquele, o emprego de meios ineficazes ou o ataque a objetos impróprios, isto é, a bens jurídicos que não comportam ofensa ou perigo de ofensa, inviabiliza o resultado delituoso” (RJDTACRIM 8/100). Crime impossível no homicídio – STF: “Constitui crime impossível a tentativa de homicídio cometida Direito Penal Parte Especial - Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho Prof. MSc. João Batista do Nascimento Filho joao.nascimento@ssp.am.gov.br Blog: Fala aí, Professor! (falaaiprofessor.com.br) Página 21 com revólver descarregado” (RT 568/329). TJSP: “Estando o revólver empunhado pelo réu desmuniciado, com todas as balas já deflagradas, absolutamente ineficaz o seu uso para a prática do homicídio. Tem-se, na espécie, pois, autêntica tentativa impossível” (RT 514/336). Crime impossível no homicídio. Não caracterização – TJSP: “Não há falar em crime impossível, sob o argumento de ter o agente desfechado vários golpes de faca na vítima quando esta já estava morta, pelas facadas desferidas pelos seus comparsas. O certo é que descabe separar as investidas para saber qual dos golpes produziu a morte, devendo ser reconhecido, in casu, a qualificadora, por meio cruel” (RT 817/551). Crime impossível no estupro – TJSC: “Tendo a vítima declarado que o crime de estupro só não se consumou porque o réu não 'teve potência', ou seja, não houve ereção, resta enquadrada a conduta do art. 17 do Código Penal, crime impossível por absoluta ineficácia do meio, isentando-o, assim, de pena” (JCAT 101/466). CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO (art. 18, I e II, CPB) Crime Doloso DOLO é a vontade de concretizar as características objetivas do tipo; constitui elemento subjetivo do tipo (implícito). Elementos do dolo: presentes os requisitos da consciência e da vontade, o dolo possui os seguintes elementos: a) consciência da conduta e do resultado; b) consciência da relação causal objetiva entre a conduta e o resultado; c) vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. O dolo caracteriza-se
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