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PROCESSO – parte 3 Segundo Elpídio Donizetti PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS (lato sensu) Atribui-se a OSCAR VON BÜLOW (séc. XIX) a IDENTIFICAÇÃO dos pressupostos processuais como CATEGORIA ESPECIAL do processo. Segundo JOSÉ ORLANDO ROCHA DE CARVALHO, “os PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS constituem aquelas exigências que possibilitam o SURGIMENTO de uma RELAÇÃO JURÍDICA VÁLIDA e seu DESENVOLVIMENTO IMUNE A VÍCIO que possa nulificá-la, no todo, ou em parte.” PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS X CONDIÇÕES DA AÇÃO NÃO se confundem. OS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS são elementos necessários para a EXISTÊNCIA e VALIDADE da relação processual, dizem respeito, portanto, ao PROCESSO. CONDIÇÕES DA AÇÃO nada têm a ver com a constituição e o desenvolvimento do processo, até porque, quando são examinadas, o PROCESSO já se instaurou. CONDIÇÕES DA AÇÃO são REQUISITOS que legitimam o autor a pleitear a tutela jurisdicional do Estado. O PROCESSO é instaurado com a simples DISTRIBUIÇÃO da petição inicial. Por isso, num primeiro momento, o JUIZ verifica a EXISTÊNCIA dos PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS. DEPOIS de verificados os PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS, é que o juiz examina as CONDIÇÕES DA AÇÃO. Por tais razões, o exame dos PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS e das CONDIÇÕES DA AÇÃO é questão PRÉVIA e PREJUDICIAL. Antes analisar o mérito, o JUIZ necessariamente deverá verificar se a relação processual INSTAUROU-SE E DESENVOLVEU-SE VALIDAMENTE e se foram PREENCHIDOS TODOS OS REQUISITOS necessários para o legítimo EXERCÍCIO DO DIREITO DE AÇÃO. A FALTA de CONDIÇÃO DA AÇÃO sempre conduz à extinção do processo SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO (art. 267, VI). Quanto aos PRESSUPOSTOS, a consequência da ausência dependerá do pressuposto faltante. PRESSUPOSTOS x REQUISITOS processuais Segundo JOSÉ ORLANDO ROCHA DE CARVALHO, PRESSUPOSTO é “aquilo que VEM ANTES; é o ANTECEDENTE de algo, aquilo que SE SUPÕE EXISTIR para dar existência a alguma coisa”. “REQUISITO, por sua vez, é a CONDIÇÃO que se deve satisfazer para alcançar certo fim; é tudo o que INTEGRA a estrutura de um ato; é a FORMALIDADE necessária”(DONIZETTI). PORTANTO: PRESSUPOSTO só diz respeito ao plano de EXISTÊNCIA JURÍDICA; REQUISITO refere-se ao plano de VALIDADE do direito. DESSA FORMA, não é tecnicamente correto se referir a pressupostos processuais de validade, mas sim a REQUISITOS DE VALIDADE. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS é terminologia que se restringe aos elementos de EXISTÊNCIA da relação processual. Pressupostos Processuais SUBJETIVOS No plano SUBJETIVO, há no PROCESSO quem pede (AUTOR) e contra quem é pedida uma tutela jurisdicional (RÉU), bem como um órgão ao qual é dirigida a pretensão (JUÍZO). Dizem respeito às PESSOAS/AGENTES que deverão estar presentes para que exista o PROCESSO. 1. CAPACIDADE de ser PARTE Para que o PROCESSO exista, é necessária a prévia existência de alguém capaz de pedir o provimento jurisdicional, ou seja, alguém dotado de CAPACIDADE DE SER PARTE. A CAPACIDADE DE SER PARTE nada mais é do que a PERSONALIDADE JUDICIÁRIA, ou seja, a aptidão conferida por lei para ADQUIRIR DIREITOS e CONTRAIR OBRIGAÇÕES. A CAPACIDADE DE SER PARTE é uma NOÇÃO ABSOLUTA: ou se é ou não se é CAPAZ. De um modo geral, a CAPACIDADE DE SER PARTE é conferida às pessoas (NATURAIS e JURÍDICAS), detentoras de PERSONALIDADE JURÍDICA. Com o tempo, esse conceito de CAPACIDADE DE SER PARTE foi se alargando: alguns entes despersonalizados foram contemplados com PERSONALIDADE JUDICIÁRIA: o ESPÓLIO, o CONDOMÍNIO, a MASSA FALIDA e a HERANÇA JACENTE. Essas entidades NÃO são pessoas, mas por meio de uma FICÇÃO LEGAL, lhes foi atribuída a CAPACIDADE DE SER PARTE no processo. A jurisprudência também reconhece PERSONALIDADE JURÍDICA às CÂMARAS MUNICIPAIS, órgãos despersonalizados (apenas para defender direitos institucionais próprios e vinculados à sua independência e funcionamento). Também se reconhece ao NASCITURO a CAPACIDADE DE SER PARTE, ou PERSONALIDADE JUDICIÁRIA (art. 2° do CC). Assim, QUALQUER ENTE ao qual a LEI reconheça o menor resquício de direito substancial terá CAPACIDADE DE SER PARTE. Por isso, também OS TRIBUNAIS que integram o Judiciário são CAPAZES DE SER PARTE. Com a COLETIVIZAÇÃO DOS DIREITOS, ampliou-se sobremaneira o rol dos CAPAZES DE SEREM PARTE. Assim, também se reconhece a CAPACIDADE DE SER PARTE e LEGITIMIDADE AD CAUSAM do MP, da Defensoria Pública e do PROCON, órgãos públicos despersonalizados, para atuarem em juízo na defesa do MEIO AMBIENTE, do PATRIMÔNIO ARTÍSTICO, ESTÉTICO, HISTÓRICO, TURÍSTICO e PAISAGÍSTICO, da ORDEM URBANÍSTICA e ECONÔMICA e ECONOMIA POPULAR, entre outros direitos difusos. Em regra, a PERSONALIDADE JURÍDICA há de ser perquirida tanto com relação ao AUTOR como ao RÉU. OBS. Com o FALECIMENTO, o indivíduo PERDE a aptidão para ser titular de direitos, e seus bens TRANSMITEM-SE, DE IMEDIATO, aos seus herdeiros. 2. Existência de ÓRGÃO INVESTIDO DE JURISDIÇÃO A petição proposta por quem detém capacidade de ser parte é dirigida a um ÓRGÃO, ao qual a CONSTITUIÇÃO ou a LEI outorga o exercício da função jurisdicional. Embora o art. 1° fale que a JURISDIÇÃO é exercida por juízes, o termo correto é JUÍZO, órgão jurisdicional composto, no mínimo, pelo juiz, escrivão e demais auxiliares da justiça. O que se exige é que esteja investido de JURISDIÇÃO, pouco importa a competência do órgão. A COMPETÊNCIA constitui requisito de VALIDADE, e não pressuposto de existência. O PROCESSO e a DECISÃO proferida por juízo incompetente existem, mas são inválidos porque contrários as normas distribuidoras de competência. Pressuposto Processual OBJETIVO É a EXISTÊNCIA de uma DEMANDA, que se consubstancia na apresentação da petição inicial em juízo. Não se questiona, neste momento, a validade ou invalidade da petição inicial, se o ato preenche ou não os requisitos dos arts. 282 e 283. Para que o processo EXISTA, basta que aquele CAPAZ DE SER PARTE apresente uma PETIÇÃO INICIAL a órgão investido de JURISDIÇÃO.
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