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XX Trabalho Social obra cultural 2

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FACULDADE DE JAGUARIÚNA
	
edgar rosolen penteado
Luciano Malagodi Ciambelli
maria martins ferreira
ANÁLISE DE PRODUÇÃO CULTURAL
Jaguariúna
2016
Alunos: 	Edgar Rosolen Penteado, R.A. 11411431
	Luciano Malagodi Ciambelli, R.A. 11412106
	Maria Martins Ferreira, R.A. 11412331
Curso: 	Graduação em Psicologia – 5°semestre – ano 2016 – Sala B
Título do trabalho: Análise de Produção Cultural
Disciplina: 	Psicologia Comunitária
Professora: 	Me. Luciana Gomes Almeida de Souza
ANÁLISE DE PRODUÇÃO CULTURAL
Jaguariúna
2016
OBJETIVO
Visa o presente trabalho a análise de produção cultural selecionada pelos alunos e respectiva descrição de eventuais relações encontradas na referida obra com o conteúdo da disciplina ministrado em sala de aula, tais como relacionamento entre indivíduos, construção da sociedade da época e seus valores, crenças, preconceitos e ideologias, atitudes individuais, atitudes coletivas, papéis esperados dos cidadãos em sua posição social, adaptação social, crítica às normas vigentes, reação da sociedade às críticas etc., como exigência da disciplina de Psicologia Comunitária. 
SUMÁRIO
PRODUÇÃO CULTURAL
A obra escolhida pelos alunos para a análise e posterior elaboração do presente trabalho foi o longa-metragem “Quanto Vale ou e Por Quilo?”, de produção brasileira, que retrata a história da classe dominante na era colonial, mostra a forma como os negros eram tratados como mercadorias no Brasil Colônia/Império, e a forma como isso é refletido hoje em dia em nossa sociedade, e ao mesmo tempo faz analogia aos costumes e valores que não mudaram tanto até os dias atuais.
Mostra também que o Brasil precisa rever suas políticas sociais, pois a mesma que ilude, promete a população brasileira a garantia de direitos e participação comunitária, se contradiz, torna-se contraditória no momento em que se opõe a tudo o que se propõe.
O Brasil colonial apresentado no filme na época da escravidão ainda se faz muito presente em nosso país, pois o preconceito ainda é muito forte em meio à nossa sociedade. “Quanto Vale Ou É Por Quilo?” não questiona apenas a falência das instituições no país atual, pois, seu discurso analógico coloca o antigo comércio de escravos e a exploração da miséria pelo marketing social como imagens separadas que se articulam em uma montagem para dizer que o que vale é o lucro, não importando se esse é obtido com a venda de um escravo ou através de projetos sociais com orçamento superfaturados.
Na trama, uma ONG implanta um projeto chamado ‘‘Informática na Periferia’’ em uma comunidade carente. A personagem Arminda se encontra muito empenhada diante do projeto e se frustra ao saber que os computadores foram superfaturados e decide denunciar esse ato ilícito, no entanto acaba sendo morta pelo responsável do projeto, a fim de que ela não atrapalhasse seus interesses.
Outra comparação é a forma de negociação dos negros no passado, quando os ricos negociavam a liberdade dos escravos com juros, e atualmente as ONGs sociais, que são terrenos férteis de projetos superfaturados e sem controle. 
O filme ainda demonstra várias intervenções dentro de comunidades pobres, direta ou indiretamente, cuja inserção forçada nas comunidades visa, de uma forma ou de outra, obter lucro revestido de benevolências.
DADOS TÉCNICOS
Título original: Quanto Vale ou é Por Quilo?
Direção: Sérgio Bianchi
Distribuição: Riofilme
Ano de produção: 2005;
Tipo de filme: longa-metragem, com duração de 1h50min;
Lançamento: 20 de maio de 2005.
Gênero: Drama
Nacionalidade: Brasileira
Atores: Danton Mello, Leonar Cavalli, Caio Blat, Elson Capri.
DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE
Já nas primeiras reuniões do grupo para definir a obra sobre a qual deveria ser realizado o trabalho, optou-se por sua realização com base em filme, ante a praticidade no acesso, o reduzido tempo para o assistir e a facilidade em fazê-lo de forma independente, posto que os alunos do grupo residem em municípios diversos.
Dessa forma, procurou-se por uma obra que coincidisse com as propostas da disciplina e atendesse aos requisitos do trabalho, ou seja, que apresentasse um contexto histórico e que discriminasse a participação individual e coletiva das personagens, a fim de ser posteriormente analisadas e descritas.
Eleita a obra, entabulou-se prazo para que todos a assistissem já com uma análise crítica, levantando e anotando questões que pudessem vir a compor o trabalho. Nesse momento, nada mais foi utilizado além do DVD da obra escolhida e um reprodutor DVD-player, além de caderno e canetas para anotações. 
Na sequência, e por intermédio de mensagens eletrônicas e encontros pessoais no Campus da Faculdade de Jaguariúna, lugar comum a todos, e numa das residências em Jaguariúna/SP, discutiu-se sobre os pontos levantados e as reflexões que poderiam ser utilizados para a realização do trabalho, tais como dados históricos do local em que se passa a trama e o contexto em que ela ocorre, abarcando informações como suas crenças, seus preconceitos e seus valores; as atitudes das personagens e o relacionamento entre elas, individuais e coletivos, bem como seus comportamentos sociais; a ideologia então propagada e a forma como era feita; dados sobre a formação da sociedade da época e o que se poderia esperar de seus cidadãos em razão dessa formação e composição social; identificação das normas vigentes e da postura da sociedade em relação a ela, entre outras.
Procurou-se efetuar a análise considerando, sobretudo, a época em que se desenrola a trama, fato que exigiu o conhecimento desse contexto, o que foi feito com pesquisas em outras fontes além do DVD, tais como filmes e artigos publicados na internet.
A análise primordial versa sobre as atividades das ONGs em meio às comunidades e, no caso do filme, o lado sombrio de pessoas envolvidas na captação de dinheiro destinados ao terceiro setor, que por vezes acabam desviados de seu destino.
PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Em meio a sentimento de extrema repressão e violência, decorrentes do golpe militar de 1964 no Brasil, profissionais da psicologia se questionavam sobre seu papel na conscientização e organização social, junto à maioria das pessoas.
A partir de 1968, tal questionamento se ampliou dentro das universidades, desenvolvendo-se postura crítica relativamente a esse papel, quanto ao ensino e a academia em si, bem como quanto às práticas adotadas pelos professores, concomitantemente à antipsiquiatria, que abalou conceitos de doença mental.
Paralelamente, nessa mesma ocasião, nos EUA e países latinos surge a expressão “psicologia comunitária”, designando a atuação de psicólogos perante populações carentes, não obstante de cunho assistencial e manipulativo, e ainda, com o emprego de técnicas e procedimentos sem prévia análise crítica.
Também em 1960, com os trabalhos de Paulo Freire, emerge uma preocupação com a educação popular e com a alfabetização de adultos, como instrumentos de conscientização.
A partir desses movimentos, vários profissionais se reuniram para discutir ideias, que resultaram nos encontros de 1981 e 1988 organizados pela Associação Brasileira de Psicologia Social, a fim de trocar experiências sobre temas como saúde mental, ausência de infraestrutura, baixos salários, violência urbana, desgaste físico e psicológico, entre outros.
Assim surge a “Psicologia na Comunidade”, ou “Psicologia do Desenvolvimento Comunitário”, ou Psicologia Comunitária, conceitos introduzidos na década de 1970, que representam o ramo da Psicologia que se ocupa em estudar, entender e intervir nos fenômenos psicossociais, visando o despertar da consciência crítica do indivíduo e contribuir para a formação de sua identidade social e individual (Miranda, 2012).
Preocupa-se com o psiquismo gerado a partir do ambiente no qual se encontra o sujeito, em razão de suas relações sociais e representações, identidade, nível de consciência relativamente aos grupos a que pertence.
Por comunidade entende-se um
bairro, ou agrupamento de pessoas como colegas de trabalho, de escola, ou qualquer outro conjunto de pessoas onde boa parte da vida cotidiana seja vivenciada. Todavia, para a Psicologia Comunitária, comunidade refere-se a bairros populares, favelas, associações de bairro, movimentos populares em geral, onde, na década de 1960, tiveram emprego técnicas e métodos de psicologia em trabalhos com tais comunidades compostas por pessoas de baixa renda, visando deselitizar a profissão e buscar melhoria nas condições de vida dessa população.
Em geral, trabalhos comunitários surgem do levantamento de carências e necessidades de determinada população, mormente em relação às condições de saúde, educação e saneamento básico, a partir do que, com a utilização de métodos de conscientização, intenta-se que os indivíduos que compõem tal grupo assumam, paulatinamente, o papel de sujeitos de suas próprias histórias, cientes das condições sociopolíticas que os permeiam.
Em outras palavras, busca-se o imbuir de consciência crítica.
Assim, juntos, psicólogos e membros da comunidade, partindo do pressuposto de que o conhecimento se forma na interação social formada no ambiente onde se encontram os indivíduos, buscam informações e discutem ideias para a construção de valores como a ética da solidariedade, direitos humanos fundamentais e melhoria na qualidade de vida da comunidade.
Nos dizeres de Góis (1993, apud Campos, R.H.F, 2015), a Psicologia Comunitária é
“Uma área da psicologia social que estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo de vida do lugar/comunidade; estuda o sistema de relações e representações, identidade, níveis de consciência, dos moradores como sujeitos históricos e comunitários, através de um esforço interdisciplinar que perpassa o desenvolvimento dos grupos e da comunidade. [...] Seu problema central é a transformação do indivíduo em sujeito”
Comunidades verdadeiras são compostas de relações igualitárias entre seus membros, todos com direitos e deveres iguais, de modo que cada um deles é reconhecido em sua singularidade e possui voz e vez, respeitando-se todas as diferenças que existam, havendo estima, bem-querer e amor recíprocos.
Funda-se no ser humano visto em sua totalidade, e não apenas por conta de um ou outro papel assumido e desempenhado na ordem social a que pertença, de modo que a força psicológica da comunidade origina-se de uma motivação profunda e se concretiza com a fusão de vontades individuais, o que se revelaria impossível de acontecer numa mera união de convivência ou formada com elementos de racionalidade.
Disso decorre que o desempenho da atividade da psicologia comunitária exige equipe multi e interdisciplinar, sendo que o contexto requer que seja relativizado o conhecimento científico frente ao popular, já que este se revela importante porta de acesso à saúde mental da população que compõe a comunidade.
Especificamente o psicólogo comunitário, deve prezar pelo surgimento da consciência crítica em cada elemento que compõe a comunidade, saindo de sua clínica e se dirigindo a ela, em visitas domiciliares, realizando entrevistas, conhecendo, identificando e mapeando a realidade local, possibilitando a criação de espaços relacionais que vinculem os indivíduos dessa mesma comunidade, geográfica, simbólica ou temporal, combatendo exclusão de qualquer espécie.
Revela-se uma verdadeira “pesquisa-ação”, que visa à conquista do conhecimento por meio da pesquisa e a transformação dos indivíduos por intermédio da ação. Assim, o pesquisador planeja e elabora hipóteses, pesquisa objetos psicossociais, analisa resultados partindo de uma posição social que não poderia ser outra.
A vida social sugere organização, que remete à divisão de papeis e trabalho, e ainda em hierarquização das relações sociais, que se traduz em relações de poder. Nesse contexto, a instituição é o espaço organizado socialmente onde se realizam as articulações entre diversos elementos sociais, como econômicos, ideológicos, culturais, políticos, e elementos psicológicos. Daí a razão de o profissional atuar in loco.
É ali que ele vai conhecer as ideologias que se impõem aos elementos que formam aquela comunidade e que acabam por submetê-los às mais variadas formas de dominação.
Ideologia, na cátedra de Campos (2015, p. 74) é:
 “o uso, o emprego de formas simbólicas (significados, sentidos) para criar, sustentar e reproduzir determinados tipos de relações. Ideologia é o que vai dar sentido, significado às coisas. Ideologia nesse sentido, poderá servir para criar e sustentar relações tanto justas, éticas, como também para criar e sustentar relações assimétricas, desiguais, injustas, que chamamos de relações de dominação”. 
Noutras palavras, por meio das ideologias formam-se juízos de valor, discriminações, estereótipos e preconceitos que, quando negativas, criam relações de dominação, que podem tomar forma econômica, política, cultural (na qual se inclui, por exemplo, o racismo, o patriarcalismo e o institucionalismo).
Dois são os principais processos psicossociais que libertarão o indivíduo dessas amarras: a) a consciência, que se refere ao processo de conscientização do indivíduo, por meio do qual será desvelado para ele os processos determinantes de suas condições de vida; e b) cultura, que diz respeito às práticas adotadas por determinados grupos, e também o significado delas para eles.
Deste modo, questões sobre convívio social e diálogo entre grupos com posições socioculturais e histórias diversas passam a exigir atenção especial do psicólogo comunitário para que possa conseguir alcançar seu intento de formar pessoas conscientes, livres, e capazes de, por si só, buscarem melhorias em suas condições de vida.
ANÁLISE DA OBRA 
Já no início do filme, salta aos olhos a relação de poder e de dominação que existia no Brasil, desde o Império, quando os senhores de engenho, brancos, possuíam mais direitos do que escravos alforriados. A cena mostra um bando de capitães-do-mato invadindo propriedades alheias e capturando negros escravos que pertenciam a outras pessoas, no caso, a Joana Maria da Conceição, negra alforriada que reuniu recursos para comprar seu próprio escravo, a fim de ajudá-la em sua pequena propriedade.
Diante dessa afronta, Joana Maria reúne-se com vizinhos e se dirige à casa do mandante do roubo, e acaba por chamá-lo de “branco ladrão”.
Levada ao tribunal, Joana Maria resta condenada por “perturbar a paz social” e por proferir “ofensas morais e raciais” contra o mandante do roubo. Apesar de sua consciência crítica, Joana foi desamparada pelos juízes, a nosso ver por conta dessas relações de poder, vítima de relação assimétrica e injusta.
Atualmente, essas relações podem ser notadas nas articulações existentes entre o terceiro setor e os agentes que financiam suas atividades, porque aquelas precisam dos recursos para poder atuar, e por isso se submetem, e estes últimos ditam as regras que devem ser seguidas pelas primeiras, em troca do financiamento de seus projetos.
Essas situações ideológicas são vivenciadas a todo momento ao longo do filme, em episódios que envolvem várias personagens, a depender da posição que ocupem em relação aos demais, ou seja, do domínio que possa exercer sobre pessoas, justificando assim suas opiniões conforme seus interesses.
A despeito dos discursos verbalizados por seus personagens, o que se vê é uma constante imposição de valores, onde aquele que pode mais, financeiramente, sempre se impõe àqueles que podem menos.
Isso se dá, por exemplo, com Marta Figueiredo, esposa de um empresário que contribui para várias ONGs, por intermédio da empresa Stiner Empreendimentos Assistenciais, porém para “lavagem de dinheiro” e, posteriormente, para obter deduções legais no imposto de renda. Não obstante, Marta faz questão de posar em fotografias, ao lado das crianças “ajudadas”, para fazer propaganda de seus empreendimentos sociais.
Também age dessa forma a personagem Noêmia, que antecipa dinheiro a “Tia Mônica” para que esta possa bancar a festa de casamento
de sua sobrinha e, posteriormente, cobra-se, com tom de imposição, que Mônica passe a trabalhar no interior do Estado, longe de casa, a título de “retribuição” da ajuda prestada.
Uma cena curiosa que demonstra a imposição de valores é aquela na qual um cinegrafista é contratado pela empresa de Stiner para filmar uma propaganda assistencial com crianças que representem a sociedade brasileira, exigindo para tanto, 75% de crianças negras, entre outras e, após discussão havida entre o cinegrafista e Lourdes, funcionária da Stiner, o cinegrafista manda seu assistente “pintar” todas as crianças de preto, demonstrando com isso seu total desinteresse pela causa social, e evidenciando que, o que de fato lhe importa, e receber pelos serviços prestados.
O filme sugere que tais relações sempre existiram, e relata o caso de Maria Antônia do Rosário, que comprou a alforria da escrava Lucrécia por 34.000 réis, a pretexto de ela trabalhar para si por um ano, além de restituir-lhe o “investimento” acrescido de juros de 7.5% ao ano. Ou seja, Maria Antônia recebeu o trabalho e o lucro do investimento, pela “caridade” que fez.
Fica evidente na atuação da empresa Stiner Empreendimentos Assistenciais, dos sócios Marco Aurélio Silveira e Ricardo Pedrosa, que têm por função captar recursos junto a órgãos públicos ou empresas privadas e repassá-los às diversas ONGs que atuam junto às comunidades carentes, a relação de dominação que exercem sobre as sociedades “auxiliadas” por eles. 
Em todos os casos em que atua, “desvia” parte do dinheiro envolvido, por meio fraudulentos, em benefício próprio e de alguns empresários e políticos, a exemplo do Vereador Solis, em detrimento das entidades que deveriam assistir, ou, em última análise, da população carente, moradores da comunidade que dependem da assistência prestada pelo terceiro setor.
Nos dizeres de Marco Aurélio, “quem financia solidariedade hoje está preocupado com o retorno”.
Denota-se que a maioria das personagens de destaque do filme em comento está envolvida em discursos ideológicos, com situações que revelam dominação e relações de poder, em relações exacerbadamente assimétricas e injustas, sendo que quase nenhuma dessas personagens possui, ou ao menos exerce, consciência crítica em relação ao seu papel social ou às atividades que vem desempenhando, tendo como móvel de suas ações os benefícios pessoais, que pode ser traduzido em dinheiro.
Quem de fato se importa com o contexto sociocultural é Arminda, representante da ONG que recebeu os computadores doados por intermédio da empresa Stiner, seria talvez a única personagem efetivamente preocupada com os interesses justos e com os fins da entidade à qual pertencia, e pela qual lutava, pois conhecia a fundo as carências e reais necessidades da população da comunidade na qual se achava inserida, uma vez que também vivia naquela comunidade, e por isso pretendia de fato criar espaços relacionais para o desenvolvimento e crescimento dos jovens daquela comunidade, que frequentavam sua instituição.
Ela demonstrou clara consciência crítica em relação à situação como um todo, tanto que se dirigiu à presença de Ricardo, representante da Stiner, para pleitear, em nome das crianças da comunidade, os computadores a que faziam jus, esclarecendo a ele que possuía conhecimento do desvio dos recursos destinados à compra dos equipamentos, evidenciando nessa cena sua capacidade argumentativa, capaz de construir um consenso democrático.
Temeroso, todavia, após as insistências de Arminda e do conteúdo revelado por ela, Ricardo decide encomendar a morte de Arminda.
É curioso notar que, quem desempenhou o papel de matador de aluguel para acabar com a vida de Arminda, é “Candinho”, personagem que se casou com a sobrinha de “Tia Mônica”, que por sua vez trabalhava na ONG de dona Noêmia, que lhe emprestou dinheiro para bancar o casamento de Candinho e sua sobrinha.
Candinho é comparado pelo autor da obra aos antigos capitães-do-mato, que, embora alguns deles também fossem negros, saíam pelo mundo para capturar negros fugitivos e restituí-los aos seus senhores, em troca de dinheiro, para “assim poder criar seus filhos”.
Assim como Arminda, Candinho também era morador da comunidade. Mônica sempre discutiu com ele para que arrumasse um emprego fixo, com horário e salários certos. Todavia, quando ele trouxe dinheiro para casa, ela não se importou com a ocupação que ele estivesse desempenhando, não exercendo nenhuma consciência crítica em relação a tais fatos.
Merece destaque também a conduta de Lourdes, funcionária da empresa Stiner Empreendimentos Assistenciais, que somente tomou consciência crítica em relação à atuação dessa empresa a partir do momento em que fora demitida dela (isso talvez por vingança), e resolveu entregar documentos esclarecedores das falcatruas à Arminda, além de lhe esclarecer verbalmente vários esquemas de atuação da Stiner.
O filme, enfim, tece ácida crítica relação às pessoas, empresas e órgãos públicos que articulam para beneficiar entidades do terceiro setor, que de fato trabalham com pessoas carentes, crianças, mendigos, idosos, excluídos digital, porquanto elas se utilizam de belos discursos eloquentes e de todo um aparato estrutural, mas que, por outro lado, gastam grande parte do dinheiro captado para bancar suas próprias estruturas, além dos desvios cometidos no processo de transferência de recursos, que chegam ao cúmulo de não sobrar dinheiro para entregar às entidades que deveriam ser as reais beneficiárias desses aportes. 
Não obstante, esses agentes comparecem às premiações a fim de receber prêmios pelo desempenho de suas atividades e para “sair bem na foto”, intencionando demonstrar sua contribuição social perante a comunidade.
CONCLUSÃO
No longa metragem mostrou que mesmo no dias de hoje as pessoas ainda são vistas como um objeto de posse e ou um obstáculo à ser colocado de lado afim de benefícios próprios. 
Em prol da sociedade a Psicologia a partir de 1964 foi construindo uma ideia “comunitária “ afim de estudar , intender e intervir no despertar da consciência crítica do indivíduo e contribuir para a formação de sua identidade social e individual.
Portanto a “Psicologia comunitária “ tem como objetivo ajudar tanto de forma pessoal quanto social, a partir do ambiente onde está inserido , assim espera -se que futuramente cada sujeito incluso na sociedade brasileira possa ter uma consciência crítica em cada elemento que compõem a sua comunidade .
Com essa consciência crítica já formada ou em construção, o sujeito está muito mais capaz de exigir seus direitos , conhecer as várias ideologias que se impõem aos elementos formadores daquela comunidade que o submete a diversas formas de dominação dentre elas a exploração trabalhista .
BIBLIOGRAFIA
CAMPOS, R.H de F et al. Psicologia Social Comunitária: da solidariedade à autonomia. 20º edição. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2015.
MIRANDA, A.B.S.M. Uma Reflexão sobre a Psicologia Social Comunitária. 2012. Disponível em https://psicologado.com/atuacao/psicologia-comunitaria/uma-reflexao-sobre-a-psicologia-social-comunitaria. Acesso em 22/03/2016
Quanto Vale ou e Por Quilo?. Youtube. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=fZhaZdCqrHg. Acesso em 20/03/2016
SOUZA, F. de. O Que é Psicologia Comunitária. 2011. Disponível em: http://www.psicologiamsn.com/2011/10/o-que-e-psicologia-comunitaria.html. Acesso em 22/03/2016.

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