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Direito Agrário Aula 3

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AULA 3 DIREITO AGRÁRIO 
Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa 
profcarol.vargas@gmail.com 
Direito Agrário: Conceitos. Denominação. Autonomia (aspectos). Justiça agrária. Conteúdo e 
objeto do Direito Agrário. Princípios do Direito Agrário. Importância na atualidade. 
 	
1. DIREITO AGRÁRIO: CONCEITOS E DENOMINAÇÃO 
 
O direito agrário ou rural é formado pelo conjunto de normas que disciplina a vida e o 
desenvolvimento econômico e social da agricultura e daqueles que utilizam a terra para atividades 
produtivas. Trata-se do direito que rege o mundo rural, a proteção da natureza, o cultivo de terras e 
as demais atividades rurais. Mais diretamente, corresponde ao ramo do direito que regula a relação 
do homem com a terra, as atividades rurais, o uso e proveito da terra, a produção de bens, e a 
interferência do Poder Público em todos os setores de atuação do homem com a terra e da 
propriedade rural. 
Levando em consideração a forte proteção do Estado à atividade rural, pode-se 
também definir o direito agrário como conjunto de normas de direito público e de direito privado, 
que visa a disciplinar as relações decorrentes da atividade rural, com base na função social da 
terra, abrangendo o conjunto de princípios doutrinários que permitem o melhor tratamento das leis 
agrárias. 
 
ü Distinção de Direito Agrário e Direito Rural e outros termos utilizados: 
fundamentação na sociologia rural e na etimologia das palavras. 
 
PAULO TORMINN BORGES – “Direito Agrário é o conjunto sistemático de normas jurídicas 
que visam disciplinar as relações do homem com a terra, tendo em vista o progresso social e 
econômico do rurícula e o enriquecimento da comunidade.” 
 
FERNANDO PEREIRA SODERO - “Conjunto de princípios e de normas de direito público e de 
direito privado, que visa a disciplinar as relações emergentes da atividade rural, com base na 
função social da terra.” 
 
OCTÁVIO MELLO ALVARENGA – “Direito Agrário é o ramo da ciência jurídica, composto de 
normas imperativas e supletivas que regem as relações emergentes da atividade do homem sobre a 
terra, observados os princípios de produtividade e justiça social”. 
 
MOTTA MAIA - “... conjunto de disposições reguladoras da atividade agrária...”. 
 
ALCIR GURSEN DE MIRANDA – “ramo jurídico que regula as relações agrárias, observando-se 
a inter-relação homem/terra/produção/sociedade”. 
 
SYLVIA OPITZ E OSWALDO OPITZ – “Direito Agrário é o conjunto de normas jurídicas 
concernentes à economia agrária.” 
 
RAYMUNDO LARANJEIRA – “Direito Agrário é o conjunto de princípios e normas que, 
visando a imprimir função social à terra, regulam relações afeitas à sua pertença e uso, e 
disciplinam a prática das explorações agrárias e da conservação dos recursos naturais.” 
 
AULA 3 DIREITO AGRÁRIO 
Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa 
profcarol.vargas@gmail.com 
PINTO FERREIRA - “um complexo normativo, com princípios gerais próprios e específicos, 
disciplinando relações entre os sujeitos e os bens agrários no exercício da atividade agrária”. 
 
ANTONINO VIVANCO - “o Direito Agrário é a ordem jurídica que rege as relações sociais e 
econômicas, que surgem entre os sujeitos intervenientes na atividade agrária”. 
 
RODOLFO CARRERA - “es la ciencia jurídica que contiene los principios y normas que reglan 
las relaciones emergentes de la actividad agraria a fin de que la tierra sea objeto de una eficiente 
exploración que redunde en una mayor y mejor producción, así como en una más justa 
distribución de la riqueza en beneficio de quien la trabaja y de la comunidad nacional”. 
 
1.1 FONTES DO DIREITO AGRÁRIO 
 
ü Quanto às fontes do Direito Agrário, valem as regas gerais de qualquer ramo do 
Direito. Assim, a grande fonte material (a fonte primeira) e motivadora da elaboração e aplicação 
das normas é a realidade social agrária, englobando a estrutura agrária, as concepções de direito de 
propriedade, as carências sociais, a consciência popular traduzida em reivindicações, etc. 
ü As fontes formais tem como referência principal as leis de conteúdo agrário, sendo 
essas as principais: – CF/88; – Estatuto da Terra; – Lei 8.171/91, Lei 8.629/93, LC. N0 76/93, LC 
nº 93/98 (leis que regulamentam a CF); – MPs, Decretos, Atos do Poder Executivo, como 
Portarias, Instruções Normativas, Normas de Execução, Ordens de Serviço, etc. 
ü Da mesma forma, como ocorre em outros ramos do direito, o D. Agrário também 
se serve de elementos secundários para preencher as lacunas da lei, recorrendo á analogia, aos 
costumes e aos princípios gerais. Os costumes acabam tendo grande importância na fixação do 
conteúdo das relações agrárias. Resta observar que, em qualquer circunstância, a lei, de natureza 
cogente, se sobrepõe aos costumes. 
ü FA doutrina e a jurisprudência também são utilizadas na interpretação das leis, na 
sua atualização diante da dinamicidade dos fatos da realidade social, devendo, porém estar 
direcionadas para o alcance da justiça social e o cumprimento da função social da terra, que são as 
referências centrais dos objetivos do Direito Agrário e do interesse da coletividade. Quanto à 
interpretação da lei, para se chegar a seu alcance e melhor sentido dentro da realidade concreta, 
utilizam-se das formas comuns a outros ramos do Direito: a interpretação gramatical, lógico-
sistemática, histórica e a sociológica. 
 
2. AUTONOMIA (ASPECTOS) 
 
ü A autonomia de determinado ramo do direito é verificada tendo em vista a 
existência de princípios próprios, legislação específica, número considerável de produções 
acadêmicas e doutrinárias e objeto próprio de estudo. No entanto, conforme todo o Direito, 
verifica-se a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. 
ü É importante recordar, a propósito, que a autonomia legislativa do Direito 
Agrário, se deu pela EC n. 10/64, utilizando da terminologia “agrário” que se repetiu na 
atual Carta Magna (art. 22, I) 
ü O art. 22, I da CF/88 atribui a União a competência de legislar privativamente 
sobre o direito agrário. 
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ü Autonomia científica: A autonomia científica de um ramo do direito é identificada 
na existência de objeto específico e próprio de estudo. Este conjunto de requisitos o diferenciará, 
na epistemologia, de outros ramos da ciência jurídica. 
ü Autonomia didática: A autonomia didática se caracteriza pela individualização 
como disciplina específica nos estabelecimentos de ensino superior (graduação, pós-graduação). 
No Brasil se deu com a introdução da disciplina nos currículos superiores, o que se materializou 
com a Resolução n. 3, de 25 de fevereiro de 1972. 
ü A autonomia jurisdicional, por sua vez, se perfaz com a criação de varas 
especializadas no julgamento das causas oriundas de certo ramo do direito. É, portanto, a 
institucionalização de uma justiça especial para atender ao ramo específico. Neste campo, embora 
seja antiga a reivindicação dos agraristas, nosso ordenamento jurídico ainda carece de um passo a 
mais no sentido de estruturar a justiça agrária, com estrutura própria, especializada para as 
questões agrárias. O legislador constituinte limitou-se a inserir, no capitulo referente ao poder 
judiciário, o artigo 126 (na parte referente aos Tribunais e Juízes dos Estados), dispondo que, 
para dirimir conflitos fundiários, “o Tribunal de Justiça designará juízes de entrância especial”, 
com competência exclusiva para questões agrárias.” A Emenda Constitucional n. 45, de 31 de 
dezembro de 2004, ao dispor sobre a reforma do Judiciário, modificou a redação do art. 126 
da Constituição,substituindo a expressão “designará juízes de entrância especial” para 
“proporá a criação de varas especializadas”. A doutrina vê a intervenção como tímido avanço 
na direção da instituição da Justiça Agrária no Brasil. Em 95, foi apresentada proposta de Emenda 
Constitucional n. 47 pelo Senador Romero Jucá, como proposta mais completa de justiça agrária, 
criando uma estrutura integral, com Tribunal Superior, Tribunais Regionais, Juízes e Ministério 
Público especializados 
 
3. CONTEÚDO E OBJETO DO DIREITO AGRÁRIO 
 
ü Teoria da agrariedade (Flávia Trentini) 
ü Concepção além de regulamentar ou disciplinar as relações que emergem do trato 
da terra e as atividades agrárias em geral. 
ü Concepção Latino-Americana que abarca conceitos de ruralidade, sociologia rural, 
pluralismo jurídico (Wolkmer) e toda a construção teórica do buen vivir como acepção política, 
cultural, social, econômica e de maneira holística com o meio ambiente. 
ü Para Octávio Mello Alvarenga, “o objeto do direito agrário resulta de toda ação 
humana orientada no sentido da produção, contando com a participação ativa da natureza, sem 
descurar da conservação das fontes produtivas naturais.” 
 
4. ENSINO DE DIREITO AGRÁRIO NO BRASIL 
O baixo incentivo das faculdades ao ensino da referida disciplina tem como 
consequência o pouco conhecimento gerado e pulverizado no país, seja por meio jurisprudencial 
ou doutrinário. É sabido que o Direito Agrário comporta conceitos interdisciplinares, contudo, 
este é considerado autônomo em relação aos demais ramos do direito, visando ao tratamento do 
vínculo do homem com a terra e suas consequências: 
Direito Agrário é o conjunto sistemático de normas jurídicas que visam disciplinar as 
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relações do homem com a terra, tendo em vista o progresso social e econômico do 
rurícola e o enriquecimento da comunidade. Direito Agrário é o conjunto de princípios e 
de normas, de Direito Público e de Direito Privado, que visa a disciplinar as relações 
emergentes da atividade rural, com base na função social da terra (MARQUES, 2011). 
Pode-se perceber neste momento a amplitude do Direito Agrário e a necessidade de 
(des)construção de paradigmas para o avanço do ensino jurídico no País. Outrossim, não há um 
compêndio de leis específicas a serem aplicados. Sequer há um rol de conteúdos que abranjam tal 
instituto, uma vez que a construção do ensino é dinâmica e comporta diferentes aspectos políticos, 
econômicos e sociais. Logo, os jus-agraristas brasileiros lutam bravamente para delimitar os 
conteúdos que deverão ser elencados a este instituto. Contudo, trata-se de matéria de direito 
interdisciplinar, endógena e exógena ao ordenamento jurídico. Importante, nesse momento, 
esclarecer tais termos. 
Trata-se de direito interdisciplinar de forma endógena, pois nele há institutos de direito 
público tais como a desapropriação de terras pelo não cumprimento da função social prevista na 
Constituição Federal 1988, contratos agrários e relações trabalhistas, ou ainda a segurança cultural 
de grupos étnicos como os quilombolas. Por tais razões, a legislação brasileira converge para a 
estruturação do direito agrário ao agregar os ramos de Direito Constitucional, Ambiental, Cível, 
Penal, Trabalhista e Previdenciário. 
Não obstante, também se trata de um instituto interdisciplinar de forma exógena, 
incisivo a toda forma de sociedade de maneira direta ou indireta. Por meio da Economia, 
Sociologia, História ou Ciência Política, é possível compreender toda a legislação agrária. Neste 
sentido, a relação do homem com a terra é de interesse de toda a sociedade enquanto percursora de 
desenvolvimento econômico e eficácia dos direitos fundamentais: 
[...] o objeto é o que é disciplinado e o conteúdo é o que disciplina; o objeto é o 
normatizado e o conteúdo são normas jurídicas. Mais à frente especifica mais a 
compreensão, textualmente: O conteúdo de D. a., por sua vez, são normas jurídicas que 
regem as relações jurídicas agrárias. Ou melhor, é toda matéria que, direta ou 
indiretamente, seja do interesse do homem do campo e da produção agrária (MIRANDA, 
1989, p. 71). 
Ante o exposto, fica clara a complexidade do ensino, uma vez que não se trata de voz 
uníssona e determinante do que compõe aquela disciplina. Exalta-se, então, o papel primordial da 
docência, que não poderá ser uma simples reprodutora legislativa, tal qual a Escola Tradicional 
apresentada outrora. É necessário que o aluno compreenda a realidade social, econômica e política 
em que está inserido para que possa entender o quadro legislativo em que o Direito Agrário deverá 
ser aplicado. 
Por tais motivos, a peculiaridade desse instituto é uma linha tênue com a fragilidade. 
Imprescindível, portanto, a busca constante de atualização jurídica concomitante com o 
entendimento social em busca de diretrizes jurisprudenciais ou doutrinárias capazes de garantir a 
eficácia de direitos (eficácia material para além da formal). 
O ensino do Direito Agrário, portanto, é interdisciplinar e adequado à metodologia de 
ensino sociocultural, inserindo o aluno no contexto em que se vive. O ensino cartesiano é 
divergente e nocivo à amplitude do Direito Agrário por gerar o empobrecimento intelectual dos 
próprios alunos, condenando-os à simplicidade inapropriada em face da de ciência no fomento de 
suas opiniões. 
 
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5. JUSTIÇA AGRÁRIA 
ü Acesso à justiça1 e Acepções de Acesso à Justiça 
ü Dos óbices ao acesso jurisdicional: Desigualdade Socioeconômica, Desigualdade 
Sociocultural2, Óbices Políticos3 e Óbices Processuais4 
ü Do acesso à justiça dos trabalhadores rurais 
O homem do campo sofre dupla agressão à sua cidadania quando procura a Justiça - são 
os obstáculos de acesso à Justiça: primeiro é a conhecida dificuldade de acesso à justiça; 
segundo, quando tem acesso, encontra um juiz sem a habilitação jurídica suficiente para 
lidar com as questões agrárias, sem a necessária mentalidade agrarista. (MIRANDA, 
2002, p. 3) 
Outrossim, traz-se à baila: 
As tradicionais limitações ao ingresso na Justiça, jurídicas ou de fato (econômicas, 
sociais) são óbices graves à conseccução dos objetivos processuais, e do ponto-de-vista da 
potencial clientela do Poder Judiciário, constituem para cada qual um fator de decepções 
em face de esperanças frustradas e insatisfações que se perpetuam [...] (DINAMARCO, 
1987, p. 391) 
ü Da vara agrária : A vara agrária deverá dirimir os conflitos entre proprietários e os 
trabalhadores rurais, representados ou não pelos movimentos sociais. Por meio da sua 
instituição buscar-se- á a criação de precedentes decorrentes das sentenças de mérito. A 
serem consolidadas em uma justiça agrária, composta de Tribunais específicos, por meio 
da uniformização jurisprudencial como segurança jurídica. A consolidação jurídica de 
institutos que compõe o direito agrário. E o desenvolvimento de consciência jus-agrarista, 
com enfoque social. Defende assim: 
Não há o que se discutir sobre a necessidade e a excelência da instituição da Justiça 
Agrária no Brasil. Tanto do ponto de vista cientifico, de enriquecimento da matéria agro-
jurídica, como do ponto de vista de melhoria da realidade fática, na qual milhares de 
pessoas precisam dela. (LARANJEIRA, 1984, p. 72) 
ü A mobilização: A mobilização para a criação de varas agrárias não se trata de assunto 
contemporâneo. Em 1850 houve a criação de juiz Territorial pela Lei de Terras do Império 
(Lei n. 601/1850). Posteriormente, em 1922, por meio de lei paulista n. 1.869/1922,houve 																																																								
1 O acesso à justiça pressupõe, como já colocado anteriormente, o conhecimento dos direitos. [...] Em primeiro lugar, 
o esclarecimento de quais são os direitos fundamentais que o indivíduo e a sociedade possuem e quais os instrumentos 
adequados para a sua reivindicação e efetivação. Em segundo lugar, devem criar uma mentalidade de busca dos 
direitos, de educação para a cidadania: o respeito aos direitos passa pela consciência de seu desrespeito levará à 
utilização dos mecanismos estatais de solução dos conflitos. (RODRIGUES, 1994, p. 37-38) 
2 Num primeiro nível está a questão de reconhecer a existência de um direito juridicamente exigível. Essa barreira 
fundamental é especialmente séria para os despossuídos, mas não afeta apenas os pobres. Ela diz respeito a toda a 
população em muitas tipos de conflitos que envolvem direitos. [...] Ademais, as pessoas tem limitados conhecimentos 
a respeito da maneira de ajuizar uma demanda. (CAPPELLETTI, GARTH, 1988, p. 23) 
3 Em resumo, a burocratização do Poder Judiciário, os longos prazos que transcorrem entre o ingresso em juízo e o 
resultado final dos processos e a inadequação de muitas se suas decisões aos valores sociais fazem com que, em 
muitos momentos, haja uma série de questionamentos sobre a sua legitimidade. (grifo nosso) (RODRIGUES, 
1994, p. 47) 
4 É óbvio que a morosidade processual estrangula os direitos fundamentais do cidadão. E o pior é que, algumas vezes, 
a morosidade da justiça é opção dos próprios detentores do poder. [...] O uso arbitrário do poder, sem duvida, caminha 
na razão proporcional inversa da efetividade da tutela jurisdicional. (MARINONI, 1996, p. 33) 	
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a criação de Tribunais Rurais. No ano de 1941, nascem as Comissões de Conciliação e 
julgamento, do Estatuto da Lavoura Canavieira (Decreto-Lei n. 3.855/1941) e em 1963 os 
Conselhos arbitrais do Estatuto do Trabalhador rural (Lei n. 4.214/1963). Com o advento 
do Estatuto da Terra são criadas as Comissões Agrárias. (MIRANDA, 2002, p. 7) 
ü A competência, mobilização e custos 
ü Especialidade: A vara agrária para justiça social e cidadania5 
6. PRINCÍPIOS DO DIREITO 
 
Em primeiro lugar cabe ressaltar que a função social da propriedade rural é a base, o 
princípio fundamental que norteará a aplicação de todos os demais princípios. 
Conforme Benedito Ferreira Marques, são princípios do Direito Agrário: 
 
• O monopólio legislativo da União (art. 22, parágrafo 1º, CF). 
• A utilização da terra se sobrepõe à titulação dominial; 
• A propriedade da terra é garantida, mas condicionada ao 
cumprimento de sua função social. 
• O Direito Agrário é dicotômico, encerrando política de reforma 
(reforma agrária) e política de desenvolvimento (política agrícola). 
• Primazia do interesse coletivo sobre o interesse individual. 
• A reformulação da estrutura fundiária é uma necessidade constante. 
• O fortalecimento do espírito comunitário, através de cooperativas e 
associações. 
• O combate ao latifúndio, ao minifúndio, ao êxodo rural, à 
exploração predatória e aos mercenários da terra. 
• A privatização dos imóveis rurais públicos. 
• A proteção à propriedade familiar, à pequena e média propriedade. 
• O fortalecimento da empresa agrária. 
• A proteção do trabalhador rural. 
• A conservação e a preservação dos recursos naturais e a proteção do 
meio ambiente. 
 
7. IMPORTÂNCIA NA ATUALIDADE 
 
Levando em conta os princípios acima referidos, tendo como elemento a função social 
da terra com os seus desdobramentos, é pacífico que o D. Agrário cresce em importância. A 
própria realidade jurídica agrária, os conflitos agrários de natureza individual e coletiva além das 
necessidades crescentes de produção e produtividade, não deixam dúvidas quanto à importância 
deste ramo do Direito. Além disso, deve ser realçado que a terra é bem de produção, com 
conotação especifica e diferente dos outros meios de produção. Com isso, deve receber enfoque e 																																																								
5 O esforço para criar tribunais e procedimentos especializados para certos tipos de causas socialmente importantes 
não é, evidentemente, novo. Já se percebeu, no passado, que procedimentos especiais e julgadores especialmente 
sensíveis são necessários quando a lei substantiva é relativamente nova e se encontra em rápida evolução. [...] O que 
não é novo no esforço recente, no entanto, é a tentativa, em larga escala, de dar direitos efetivos aos despossuídos 
contra os economicamente poderosos: a pressão, sem precedentes, para confrontar e atacar barreiras reais enfrentadas 
pelos indivíduos. Verificou-se ser necessário mais do que a criação de cortes especializadas; é preciso também cogitar 
de novos enfoques do processo civil. (CAPPELLETTI, GARTH, 1988, p. 94) 	
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tratamento especial, com o entendimento de que a terra deve servir aos interesses de quem lhe 
detém o domínio e, ao mesmo tempo, responder aos interesses e necessidades sociais no que diz 
respeito à produção, produtividade, com qualidade e, por outro lado, garantindo a preservação 
ambiental. Trata-se, portanto, de uma questão não apenas econômica, mas com sentido social mais 
amplo, onde não podem prevalecer a visão privatística e individualista dos direitos sobre os bens.

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